única espécie de camarão marinho cultiva<strong>do</strong> <strong>no</strong><strong>Brasil</strong>, sen<strong>do</strong> cultivada em 14 esta<strong>do</strong>s, sobretu<strong>do</strong>na Região <strong>Nordeste</strong> (Tavares e Men<strong>do</strong>nça Jr.,2004; Ferreira et al., 2008).Em comparação com camarões nativos, ocultivo <strong>do</strong> camarão-branco é mais produtivo(Ferreira et al., 2008). Algumas característicasbiológicas <strong>do</strong> camarão-branco determinam seubom desempenho e sua alta produtividade emsistema de cultivo, tais como rusticidade, rápi<strong>do</strong>crescimento e alta tolerância a diferentescondições ambientais (Santos, 2009). Essascaracterísticas, entretanto, também conferemalta capacidade de invasão à espécie.No seu hábitat natural, o camarão-brancoocorre desde águas rasas até 72 m deprofundidade, sen<strong>do</strong> os adultos encontra<strong>do</strong>s emambiente marinho e os jovens, em ambienteestuari<strong>no</strong> (Holthuis, 1980). As evidências de queo camarão-branco está se estabelecen<strong>do</strong> emáguas estuarinas e costeiras <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> sãocrescentes (Ferreira et al., 2008).Santos e Coelho (2002) concluíram que ocamarão-branco está completan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o seuciclo biológico em ambiente natural <strong>no</strong> litoral <strong>do</strong>Rio Grande <strong>do</strong> Norte. Nesse estu<strong>do</strong>, a espécie nãosó foi coletada em diferentes fases de vida, comochegou a representar 70% <strong>do</strong> total de camarõespeneídeos captura<strong>do</strong>s. Também foi possívelestabelecer uma relação entre a abundância <strong>do</strong>camarão-branco <strong>no</strong> ambiente natural e osescapes de espécimes <strong>do</strong>s viveiros <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> dechuva (Santos e Coelho, 2002). Para se ter umaideia, <strong>no</strong> complexo lagunar Papari-Guaraíras, <strong>no</strong>Rio Grande <strong>do</strong> Norte, onde havia entre 400 e 500viveiros de camarão, a produção média porca<strong>no</strong>a de pesca<strong>do</strong>r era de 20 kg de camarão porsemana, mas, <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> chuvoso de junho de2002, quan<strong>do</strong> os escapes foram mais frequentes,a produção subiu para 60 kg por semana, <strong>do</strong>squais 70% era de camarão-branco (Santos eCoelho, 2002).Ainda são poucas as evidências de problemasambientais associa<strong>do</strong>s à introdução de camarõesexóticos (Moss et al., 2001). Um possível impactoda introdução <strong>do</strong> camarão-branco é adisseminação de <strong>do</strong>enças para populações decrustáceos nativos (Ferreira et al., 2008), umavez que a espécie pode ser vetora de vírus quecausam sérias <strong>do</strong>enças em crustáceos. Doençascomo essas eliminaram, em 1995, 95% <strong>do</strong>sestoques de camarão-branco <strong>no</strong> sul <strong>do</strong> Texas(Tavares e Men<strong>do</strong>nça Jr., 2004). Caso o camarãobrancose estabeleça e prolifere <strong>no</strong> ambientenatural, serão espera<strong>do</strong>s também impactos comoa alteração da estrutura da comunidade nativa ea redução da biodiversidade nativa (Moss et al.,2001).Os viveiros de cultivo parecem ser asprincipais fontes dissemina<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> camarãobrancopara o ambiente natural (Santos eCoelho, 2002), uma vez que esses viveirosapresentam estrutura física frágil que permiteescapes em perío<strong>do</strong>s de cheia. Por isso, Santos eCoelho (2002) recomendam que a estruturafísica <strong>do</strong>s viveiros seja constantementemonitorada pelo Ibama ou por órgão ambientalestadual, como uma forma de prevenirintroduções acidentais.Outra recomendação é o investimento naprodução de camarões nativos <strong>no</strong> <strong>Nordeste</strong>,como o camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis eF. brasiliensis), que apresenta grande potencialpara cultivo, maior valor de merca<strong>do</strong> que ocamarão-branco e serve como uma opção quedará maior segurança ao setor produtivo (Souza45
et al., 2009). Estu<strong>do</strong>s sobre produção decamarão-rosa já estão em andamento <strong>no</strong><strong>Nordeste</strong> e devem ser incentiva<strong>do</strong>s para criaralternativas reais ao camarão-branco (Souza etal., 2009). Novos estu<strong>do</strong>s são necessários paragerar a base técnica para a produção <strong>do</strong>scamarões alternativos em grande escala.Vale destacar que, de maneira geral, o cultivode camarão tem desperta<strong>do</strong> grande preocupaçãoem escala mundial quanto a outros impactosambientais negativos, como a destruição demanguezais e a poluição de águas estuarinascom efluentes <strong>do</strong>s viveiros (Moss et al., 2001;Naylor et al., 2000; Páez-Osuna, 2001). Essesimpactos têm estimula<strong>do</strong> a a<strong>do</strong>ção peloscarcinicultores de medidas mitiga<strong>do</strong>ras (Boyd,2003; Hopkins et al., 1995), o que deve serfomenta<strong>do</strong> e cobra<strong>do</strong> pelos órgãos defiscalização <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Guias de melhores práticaspara a carcinicultura já existem e estão sen<strong>do</strong>utiliza<strong>do</strong>s por organizações certifica<strong>do</strong>ras eagências de fiscalização ambiental em diversospaíses (Boyd, 2003; vejawww.aquaculturecertification.org; veja tambémBoas Práticas de Manejo (BPMs) emwww.embrapa.br).Caracol-gigante-africa<strong>no</strong> – Achatina fulicaO caracol-gigante-africa<strong>no</strong> (Achatina fulica) é,como seu <strong>no</strong>me indica, nativo da África. Suadistribuição vem se expandin<strong>do</strong> desde o séculoXIX, graças a interesses huma<strong>no</strong>s. Atualmente,ocorre em pelo me<strong>no</strong>s 43 países distribuí<strong>do</strong>s empraticamente to<strong>do</strong>s os continentes (Gisd, 2009)por causa de introduções voluntárias. Achatinafulica tem si<strong>do</strong> considera<strong>do</strong> o caracol terrestremais introduzi<strong>do</strong>, com maior amplitude deinvasão e a principal praga entre os caracóis(Raut e Barker, 2002). Além disso, é considera<strong>do</strong>uma das 100 piores espécies invasoras <strong>do</strong>mun<strong>do</strong> (Lowe et al., 2000).No <strong>Brasil</strong>, o caracol-gigante-africa<strong>no</strong> foiintroduzi<strong>do</strong> <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1988, <strong>no</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>Paraná, quan<strong>do</strong> alguns espécimes foramcompra<strong>do</strong>s em uma feira de agricultura (Teles eFontes, 2002 apud Thiengo et al., 2007). Emborasem a devida licença para importação e cultivo,algumas pessoas rapidamente se organizaramem cooperativas e passaram a produzir ocaracol-gigante-africa<strong>no</strong> em instalações <strong>no</strong>squintais de casa, com o interesse de vendê-locomo alimento análogo ao escargot verdadeiro(Helix pomatia e H. aspersa) (Thiengo et al.,2007). No entanto, o empreendimento parece tersi<strong>do</strong> mal planeja<strong>do</strong> <strong>do</strong> ponto de vista econômicoe <strong>do</strong>s hábitos de consumo <strong>do</strong>s brasileiros,resultan<strong>do</strong> em fracasso nas vendas. Semmerca<strong>do</strong>, milhões de caracóis foram soltos emdiversos ambientes e esta<strong>do</strong>s, o que causourápida invasão em to<strong>do</strong> o País. Atualmente, ocaracol-gigante-africa<strong>no</strong> já ocorre em pelome<strong>no</strong>s 23 <strong>do</strong>s 26 esta<strong>do</strong>s brasileiros (Thiengo etal., 2007). No Esta<strong>do</strong> de Alagoas, por exemplo, ainvasão <strong>do</strong> caracol-gigante-africa<strong>no</strong> preocupa aSecretaria de Esta<strong>do</strong> da Saúde, que publicou aNota Técnica nº 01/2007 (disponível emhttp://portal.saude.al.gov.br/suvisa/<strong>no</strong>de/256,acessa<strong>do</strong> em 14 de maio de 2009) informan<strong>do</strong>sobre a proliferação <strong>do</strong> caracol, as possíveis<strong>do</strong>enças transmitidas e formas de controle. Alémdisso, a <strong>no</strong>ta informa que técnicos dessasecretaria estão visitan<strong>do</strong> alguns municípios como objetivo de identificar a ocorrência da espéciee orientar a população sobre sua captura e suaeliminação.Longe de seus inimigos naturais, o caracolgigante-africa<strong>no</strong>tem aumenta<strong>do</strong> sua população46
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