tornan<strong>do</strong>-o, dessa forma, indisponível para asespécies nativas (Gisp, 2005). Além disso, essaespécie ameaça negativamente a biodiversidadelocal pela exclusão da vegetação nativa (Gisp,2005). Recentemente, foi demonstra<strong>do</strong> queáreas de Caatinga na Paraíba invadidas pelaalgaroba são mais pobres em espécies arbóreas earbustivas nativas (Pega<strong>do</strong> et al., 2006) e têmme<strong>no</strong>r abundância de indivíduos na regeneraçãodesses <strong>do</strong>is grupos (Andrade et al., 2008) <strong>do</strong> queem áreas onde a espécie não está presente. Emoutro estu<strong>do</strong>, Nascimento (2008) verificou que apresença de algaroba aumenta a mortalidade daMimosa tenuiflora, Erythrina velutina,Caesalpinia microphylla e Caesalpinia férrea —espécies nativas da Caatinga — em experimentosde competição simulada. Assim, observa-se que apresença dessa espécie pode comprometer asobrevivência e a regeneração das espéciesnativas <strong>no</strong> ecossistema.Vale ressaltar que, na África <strong>do</strong> Sul, aalgaroba é a espécie exótica invasora queapresenta a segunda maior taxa de consumo deágua, sempre apresentan<strong>do</strong> preferência porambientes ripários e levan<strong>do</strong> ao rebaixamento<strong>do</strong> lençol freático e ao esgotamento de cursos deágua. Estima-se que as espécies <strong>do</strong> gêneroconsumam, <strong>no</strong> país, 191 milhões de metroscúbicos de água por a<strong>no</strong>, consideran<strong>do</strong> umaárea invadida de um 1,8 milhão de hectares(Versveld et al., 1998).Leucena – Leucaena leucocephalaA leucena é uma espécie arbórea, nativa <strong>do</strong>México e da América Central, que teve seucultivo fortemente promovi<strong>do</strong> por organizaçõesinternacionais devi<strong>do</strong> à sua utilidade como fontede forragem e lenha (Gisp, 2005). Nominadaárvore milagrosa <strong>no</strong>s primeiros a<strong>no</strong>s <strong>do</strong> seucultivo global, essa espécie — de crescimentorápi<strong>do</strong>, fixa<strong>do</strong>ra de nitrogênio e bastantetolerante à seca — foi vista como fontealternativa de alimentação para animais decriação, principalmente em locais onde essesrecursos são escassos (Gisp, 2005).Como consequência, a espécie apresenta-sedistribuída na maior parte das regiões tropicaise subtropicais <strong>do</strong> planeta. Atualmente, estáamplamente disseminada na América <strong>do</strong> Sul,onde foi introduzida na maioria <strong>do</strong>s países. No<strong>Brasil</strong>, é encontrada em quase to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s,sen<strong>do</strong> bastante frequente nas regiões Sul eSudeste e, principalmente, na Região <strong>Nordeste</strong>,onde é encontrada em áreas de Caatinga. Suapresença <strong>no</strong> Arquipélago de Fernan<strong>do</strong> deNoronha é considerada particularmenteproblemática, pois está em processo de<strong>do</strong>minância de grande parte <strong>do</strong> ambienteA algaroba é bastante valorizada em muitasregiões da América <strong>do</strong> Sul, razão pela qual aerradicação dessa espécie invasora não é umaopção. Uma possível solução para o conflito deinteresses econômicos ou ecológicos em tor<strong>no</strong>da algaroba é o seu controle populacional e omanejo através de plantações agroflorestais(Gisp, 2005).69
terrestre (Gisp, 2005). Segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s da BaseNacional sobre <strong>Espécies</strong> <strong>Exóticas</strong> <strong>Invasoras</strong>, há124 ocorrências de leucena na Região <strong>Nordeste</strong>.Essa espécie invasora pode formaraglomera<strong>do</strong>s mo<strong>no</strong>específicos, substituin<strong>do</strong> avegetação natural, o que dificulta a circulação dafauna nativa e expõe o solo à erosão. Essaespécie compõe a lista das 100 espéciesinvasoras mais agressivas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> (ISSG, s/d).A leucena é comumente encontrada ao longo demargens de ro<strong>do</strong>vias, em áreas degradadas,agrícolas e de pastagens, além de serfrequentemente observada invadin<strong>do</strong> bordas deflorestas e margens de rios (Instituto Hórus,2009). A <strong>do</strong>minância exercida também impede aregeneração natural da vegetação nativa, como éo caso da Floresta Nacional de Pacotuba, situada<strong>no</strong> município de Cachoeiro de Itapemirim,Espírito Santo, onde sua presença prejudica odesenvolvimento <strong>do</strong> plantio realiza<strong>do</strong> para arecuperação da área (Xavier e More<strong>no</strong>, 2008).A espécie pode também ter impactosnegativos sobre animais não ruminantes queconsomem as folhas e sementes, uma vez que oalto teor <strong>do</strong> ami<strong>no</strong>áci<strong>do</strong> mimosina presentenessas estruturas, quan<strong>do</strong> consumidas emgrandes quantidades, pode provocar problemasà saúde <strong>do</strong>s animais (Instituto Hórus, 2009).GramíneasO histórico de introdução das espécies degramíneas oriundas das savanas <strong>do</strong> continenteafrica<strong>no</strong> é bastante antigo e teve como principalmotivação o cultivo para produção de forragempara o ga<strong>do</strong> (Cox et al., 1988). Um númeroconsiderável de gramíneas foi introduzi<strong>do</strong>intencionalmente em várias localidades <strong>do</strong>mun<strong>do</strong>, especialmente nas regiões semiáridas eáridas das Américas <strong>do</strong> Norte e <strong>do</strong> Sul (Williamse Baruch, 2000). Nessas regiões, essas espéciestêm facilmente escapa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s cultivos ecoloniza<strong>do</strong> áreas seminaturais e naturais comrápida taxa de expansão, causan<strong>do</strong> prejuízosecológicos que comprometem a estabilidade <strong>do</strong>secossistemas (Williams e Baruch, 2000).Em muitos casos, a introdução intencional deespécies exóticas representa importantesbenefícios para a eco<strong>no</strong>mia local e regional dasáreas onde foram introduzidas, e, na maioriadesses casos, os atributos que fazem com queelas tragam benefícios econômicos são osmesmos que as tornam invasoras (Arraiga et al.,2004). Dessa forma, <strong>no</strong>vas introduções podemsignificar recursos econômicos imediatos para aregião, mas, posteriormente, podem acarretarsérios da<strong>no</strong>s ecológicos ao hábitat (Sakai et al.,2001), o que também pode comprometer diretae indiretamente os benefícios econômicostrazi<strong>do</strong>s (Lonsdale, 1994).Na América <strong>do</strong> Sul, a região semiárida <strong>do</strong><strong>Nordeste</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> foi alvo de um grandenúmero de introduções intencionais degramíneas (Cox et al., 1998). Devi<strong>do</strong> àscondições ambientais, foram introduzidas naregião espécies de fácil estabelecimento,resistentes à seca e com alta produtividade(Williams e Baruch, 2000), tais como Cenchrusciliaris (capim-búfalo), Melinis minutiflora(capim-gordura) e, mais recentemente,Andropogon gayanus (capim-andropogon),Pennisetum purpureum (capim-elefante),Digitaria eriantha (capim-pangola) e váriasespécies <strong>do</strong> gênero Urochloa — em sua maioriaconhecidas como braquiárias (Bogdan, 1977;Williams et al., 1995). Atualmente, todas essasespécies são consideradas invasoras emdiferentes formações vegetais <strong>do</strong> <strong>Nordeste</strong>brasileiro, sen<strong>do</strong> comumente responsáveis por70
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