Revista Penha | junho 2016
O que acontece, quem são as pessoas que marcam a Freguesia e ainda algumas curiosidades sobre a Penha de França. Uma revista editada pela Junta de Freguesia da Penha de França.
O que acontece, quem são as pessoas que marcam a Freguesia e ainda algumas curiosidades sobre a Penha de França.
Uma revista editada pela Junta de Freguesia da Penha de França.
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
um local<br />
de convívio<br />
e de afetos.<br />
Há outros projetos que<br />
queiram mencionar?<br />
HP Uma educadora de uma creche<br />
da Misericórdia vem todas as<br />
semanas com um grupinho de<br />
meninos à biblioteca. Como os<br />
pais estavam arredados destas<br />
lides, ela trazia sempre um deles.<br />
Havia muitas mães que não sabiam<br />
uma palavra de português. Assim,<br />
lançámos um projeto de português<br />
para estrangeiros e tivemos uma<br />
grande adesão. Inicialmente<br />
estavam previstas quatro sessões<br />
para apenas um nível, mas acabámos<br />
por fazer 10 sessões, em dois níveis.<br />
Este projeto vai regressar a partir<br />
de setembro/outubro.<br />
É fácil identificar um<br />
utilizador-tipo desta<br />
biblioteca?<br />
HP Não. Temos estudantes<br />
que aproveitam a excelente<br />
luminosidade do espaço, idosos<br />
que nos enchem a zona da entrada<br />
após o almoço, para conversar, ler<br />
jornais e beber um café, levar um<br />
livro de vez em quando... Aliás, a<br />
máquina do café é um chamariz:<br />
pessoas que trabalham aqui à volta,<br />
funcionárias<br />
Como se sentem em relação<br />
ao vosso trabalho e a esta<br />
Biblioteca em particular?<br />
HP Sou uma felizarda porque faço<br />
o que gosto. E o que gosto mais é<br />
lidar com o público. Damos muito<br />
e recebemos muito todos os dias,<br />
tanto que não é possível medir.<br />
Somos cinco pessoas a trabalhar<br />
aqui, duas delas com redução de<br />
horário, uma equipa que gosto<br />
muito de liderar; só é possível<br />
desenvolvermos todos estes<br />
projetos graças ao empenho destes<br />
profissionais que para mim são um<br />
orgulho. Espero continuar com este<br />
trabalho ao longo da minha vida.<br />
AA Tem sido uma experiência muito<br />
enriquecedora, particularmente aqui<br />
na <strong>Penha</strong> de França. Não trabalho<br />
só nesta biblioteca, mas tenho uma<br />
ligação especial a ela. Este projeto<br />
das ‘Vidas e Memórias’ é muito<br />
especial para mim.<br />
E sonhos para concretizar<br />
neste espaço?<br />
HP Responder melhor às<br />
necessidades das famílias, crianças<br />
e jovens. Sentimos que para isso<br />
precisamos de um espaço maior.<br />
Temos pedidos das famílias e não<br />
temos conseguido dar-lhes resposta.<br />
Numa parceria com o Conservatório<br />
de Música de Sintra, tivemos<br />
sessões de música para bebés<br />
completamente esgotadas. Temos<br />
aulas de yoga para famílias e vemos<br />
o espaço pouco acolhedor para<br />
esse tipo de atividades. As crianças<br />
devem poder sentir-se em casa<br />
na biblioteca!<br />
espaço da Freguesia (ou das duas<br />
antigas freguesias que se juntaram)<br />
e a criação de um local de convívio<br />
e de afetos. Penso que isso foi<br />
conseguido. A parte que me deixa<br />
mais orgulhosa é precisamente este<br />
segundo objetivo. Notamos que<br />
fidelizámos este público que agora<br />
vem todos os dias a este espaço.<br />
Temos utentes com quase 90 anos.<br />
Como funciona?<br />
AA Divulgámos o projeto e fizemos<br />
uma parceria com o Centro Social<br />
Paroquial de Nossa Senhora da<br />
<strong>Penha</strong> de França, outras pessoas<br />
vieram espontaneamente. Fizemos<br />
sessões semanais de grupo, as<br />
nossas ‘Oficinas Comunitárias da<br />
Memória’. Cada sessão dedicada<br />
a um tema, com uma apresentação<br />
muito baseada na fotografia.<br />
Tivemos uma sessão sobre o Cine<br />
Oriente, um espaço muito querido<br />
desta Freguesia, por exemplo.<br />
Mal projetámos uma fotografia<br />
do Cine Oriente as memórias<br />
começaram a surgir... As sessões<br />
terminam sempre com chá e<br />
bolachas, que fazem prolongar a<br />
conversa para lá do tempo previsto.<br />
Que outros temas foram<br />
abordados?<br />
AA Tivemos uma sessão sobre<br />
o Bairro da Curraleira: recolhemos<br />
muitas memórias de locais, de<br />
tradições, de quem eram aqueles<br />
homens e mulheres, de como<br />
trabalhavam… Tivemos outra sobre<br />
‘a mulher da fava rica’. É um tema<br />
sobre o qual se criaram alguns<br />
mitos e acabámos por ficar muito<br />
surpreendidos com a realidade. Uma<br />
das nossas senhoras é neta de uma<br />
vendedora de fava rica. Contou‐nos<br />
que a avó cozinhava de noite e se<br />
levantava de madrugada para<br />
ir vender pelas ruas. Estamos<br />
a recolher história oral.<br />
Acaba por ser terapêutico…<br />
AA Sem dúvida, as pessoas tiveram<br />
aqui catarses. Percebem que podem<br />
falar à vontade, sentem que as<br />
queremos ouvir, que queremos<br />
saber as suas histórias, sentem-se<br />
aqui muito bem.<br />
HP …e sentem que este espaço<br />
é delas, que é uma das coisas<br />
que queríamos.<br />
Como é que este material<br />
pode ser consultado?<br />
AA Estamos a produzir vídeos<br />
a partir das sessões e de entrevistas<br />
individuais, que vão ficar disponíveis<br />
no site das BLX. Também<br />
lançaremos alguns conteúdos no<br />
Youtube. Mas ainda estamos numa<br />
fase inicial. Esta é a biblioteca dos<br />
projetos-piloto.<br />
10 11