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A sociedade analisada por <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong><br />
Essa ideia, eu não garanto que seja certa, mas pelo<br />
menos me agrada muito. Então, também apraz muito a<br />
ideia de uma coleção de homens feita desde Adão até os<br />
que viverão no fim do mundo, e que forma uma coleção<br />
como seria uma de pérolas ou de brilhantes. Então, chegamos<br />
mais uma vez ao infinito, porque há tantas coleções<br />
que, por sua vez, nos conduzem à noção de uma coleção<br />
de coleções, que nos perdemos diante da infinitude<br />
de Deus.<br />
Essa ideia de coleção é um dado que devemos introduzir<br />
nessa temática da sociedade orgânica.<br />
Hegemonia de espírito<br />
Reprodução<br />
Colonização espanhola no México<br />
Biblioteca do Congresso, Washington, EUA<br />
Reprodução<br />
Fórum romano após uma audiência<br />
(Coleção particular)<br />
Agora, voltando ao tema do regionalismo 1 , notamos<br />
que ele se diferencia das sociedades amorfas. A massa,<br />
por exemplo, em contraposição ao povo, é uma sociedade<br />
amorfa.<br />
A região constitui-se de partes com seu morfismo próprio,<br />
dentro de um todo que, com isso, adquire ele mesmo<br />
um morfismo peculiar.<br />
Ora, este morfismo tende a se irradiar. Essa irradiação<br />
universal é ou não legítima?<br />
Por exemplo, a irradiação que a Espanha teve no século<br />
XVI não é o oposto do regionalismo? Uma irradiação<br />
não é um fenômeno de colonialismo cultural? Até<br />
que ponto é legítimo uma região, um país ou uma cultura<br />
procurar extravasar além de seus limites?<br />
Em outros termos: pode-se conceber uma região que<br />
tenha o desejo de que a sua língua e os seus costumes<br />
regionais conquistem, pelo próprio esplendor, o restante<br />
do país? Será que, por seu prestígio cultural e sua irradiação,<br />
um país tem o direito de exercer uma hegemonia<br />
de espírito sobre todo o mundo, como a França, por<br />
exemplo?<br />
Por vezes, o imperialismo cultural pode ser muito<br />
mais inebriante do que o imperialismo militar, econômico<br />
ou outro qualquer.<br />
Um exemplo: a língua grega e a latina<br />
Tomemos como exemplo a Grécia e Roma.<br />
Atenas, Esparta, cujos nomes assumem uma sonoridade<br />
fabulosa para certos espíritos, eram cidades<br />
secundárias do Império Romano, ao mesmo tempo<br />
em que a Grécia era colônia de Roma. Ora, foi-<br />
-se tornando hábito de toda pessoa fina falar grego.<br />
Pela exalação, à maneira da que poderia ter<br />
uma flor esmagada por uma pata de elefante e<br />
que, colada no chão, deitasse seus melhores perfumes,<br />
a Grécia moribunda encheu com seus aromas<br />
o Império Romano.<br />
A meu ver, essa irradiação é legítima sempre<br />
que não viesse matar a outra cultura.<br />
Se os gregos quisessem a morte da língua latina<br />
para que o grego prevalecesse, seria uma coisa<br />
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