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Revista Dr Plinio 208

Julho 2015

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A sociedade analisada por <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong><br />

Essa ideia, eu não garanto que seja certa, mas pelo<br />

menos me agrada muito. Então, também apraz muito a<br />

ideia de uma coleção de homens feita desde Adão até os<br />

que viverão no fim do mundo, e que forma uma coleção<br />

como seria uma de pérolas ou de brilhantes. Então, chegamos<br />

mais uma vez ao infinito, porque há tantas coleções<br />

que, por sua vez, nos conduzem à noção de uma coleção<br />

de coleções, que nos perdemos diante da infinitude<br />

de Deus.<br />

Essa ideia de coleção é um dado que devemos introduzir<br />

nessa temática da sociedade orgânica.<br />

Hegemonia de espírito<br />

Reprodução<br />

Colonização espanhola no México<br />

Biblioteca do Congresso, Washington, EUA<br />

Reprodução<br />

Fórum romano após uma audiência<br />

(Coleção particular)<br />

Agora, voltando ao tema do regionalismo 1 , notamos<br />

que ele se diferencia das sociedades amorfas. A massa,<br />

por exemplo, em contraposição ao povo, é uma sociedade<br />

amorfa.<br />

A região constitui-se de partes com seu morfismo próprio,<br />

dentro de um todo que, com isso, adquire ele mesmo<br />

um morfismo peculiar.<br />

Ora, este morfismo tende a se irradiar. Essa irradiação<br />

universal é ou não legítima?<br />

Por exemplo, a irradiação que a Espanha teve no século<br />

XVI não é o oposto do regionalismo? Uma irradiação<br />

não é um fenômeno de colonialismo cultural? Até<br />

que ponto é legítimo uma região, um país ou uma cultura<br />

procurar extravasar além de seus limites?<br />

Em outros termos: pode-se conceber uma região que<br />

tenha o desejo de que a sua língua e os seus costumes<br />

regionais conquistem, pelo próprio esplendor, o restante<br />

do país? Será que, por seu prestígio cultural e sua irradiação,<br />

um país tem o direito de exercer uma hegemonia<br />

de espírito sobre todo o mundo, como a França, por<br />

exemplo?<br />

Por vezes, o imperialismo cultural pode ser muito<br />

mais inebriante do que o imperialismo militar, econômico<br />

ou outro qualquer.<br />

Um exemplo: a língua grega e a latina<br />

Tomemos como exemplo a Grécia e Roma.<br />

Atenas, Esparta, cujos nomes assumem uma sonoridade<br />

fabulosa para certos espíritos, eram cidades<br />

secundárias do Império Romano, ao mesmo tempo<br />

em que a Grécia era colônia de Roma. Ora, foi-<br />

-se tornando hábito de toda pessoa fina falar grego.<br />

Pela exalação, à maneira da que poderia ter<br />

uma flor esmagada por uma pata de elefante e<br />

que, colada no chão, deitasse seus melhores perfumes,<br />

a Grécia moribunda encheu com seus aromas<br />

o Império Romano.<br />

A meu ver, essa irradiação é legítima sempre<br />

que não viesse matar a outra cultura.<br />

Se os gregos quisessem a morte da língua latina<br />

para que o grego prevalecesse, seria uma coisa<br />

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