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Revista Dr Plinio 208

Julho 2015

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Quem tem o espírito formado assim, ama todas as hierarquias,<br />

independentemente do problema de saber onde<br />

é que o “euzinho” fica colocado nessa escala hierárquica.<br />

Em toda essa multivariedade de sacralidades, e depois<br />

nas simples transcendências, vejo melhor a Deus. É<br />

um conjunto onde o Criador se faz ver melhor do que no<br />

próprio firmamento, estrelas, etc., que apenas repetem<br />

isso a seu modo. Exclui, portanto, uma porção de formas<br />

pagãs de superioridade, que não são transcendentais.<br />

Poderíamos, ainda, relacionar a grandeza com a transcendência<br />

e a sacralidade.<br />

Toda transcendência é uma grandeza que se afirma diante<br />

de outra grandeza menor, e uma grandeza menor que reverencia<br />

uma grandeza maior. Mas não cabe nada que não seja<br />

grandeza dentro disso. Porque, nessa perspectiva, o indivíduo<br />

mais insignificante é grande; e a sociedade católica é uma sociedade<br />

de grandes. É uma coisa lindíssima, de uma elevação<br />

extraordinária, diferente do conceito pagão de plebe.<br />

A grandeza não é senão um dos aspectos da sacralidade,<br />

vista enquanto dotada do esplendor e do poder próprio a<br />

produzir enlevo e fazer-se respeitar pelo temor. Assim como<br />

em Deus há aquilo que impõe temor reverencial, é admirável<br />

ver a majestade ou a grandeza capaz de impor medo.<br />

Preparando o Grand Retour<br />

Cabe aqui uma consideração sobre o papel dos protótipos<br />

e arquétipos nesta temática.<br />

“Proto” é primeiro; protótipo é o “tipo primeiro”,<br />

portanto, o tipo mais alto. Mas é o tipo mais alto de algo<br />

que não toca no gênero superior e não está iluminado<br />

por ele. O protótipo não transcendeu, enquanto que o<br />

arquétipo transcende.<br />

Vejam o efeito curioso do fato de estarmos num mundo<br />

feito para ser uma terra de exílio, em comparação<br />

com o Paraíso Terrestre.<br />

Segundo essa teoria, deveria haver também entre os<br />

animais aqueles que constituíssem arquétipos do próprio<br />

gênero, tendo algo pelo qual fossem superiores. Nesse<br />

ponto, o imitar a voz humana e falar, ainda que sem entender,<br />

seria uma das características mais “arquetipizantes”<br />

do gênero animal.<br />

O leão rugindo não emprega nenhuma palavra humana,<br />

mas tem algo parecido com a cólera do homem. De<br />

maneira que quando se quer dizer que um homem teve<br />

uma manifestação de cólera magnífica, poder-se-ia afirmar:<br />

“Rugiu como um leão!”<br />

Então, o leão é mais bonito na sua cólera do que o homem,<br />

a ponto de se poder dizer que o homem rugiu como<br />

leão. Mas, na realidade e absolutamente falando, a cólera do<br />

homem é mais bela do que a do leão, porque é uma cólera intelectiva,<br />

racional, volitiva; a do leão é apenas instintiva.<br />

Como as cóleras de Nosso Senhor teriam sido incomparavelmente<br />

mais bonitas do que o rugido de um leão!<br />

Ou então a indignação dos profetas. Elias, eu acho que<br />

era um leão!<br />

O Criador deu ao canário a possibilidade de cantar,<br />

mas a de falar concedeu ao papagaio. Porém o papagaio<br />

é caricato. Suponho que isso seja assim para o homem<br />

cair em certas realidades neste vale de lágrimas. Por<br />

exemplo, quando se quer dizer que uma pessoa falou de<br />

modo ininteligível ou quando alguém repete o que outro<br />

disse, sem entender, diz-se que “papagaiou”.<br />

Cada arara é um escrínio de pedras preciosas! Fala<br />

também, mas só para dizer idiotices… O rosto da arara<br />

é feio: uma carnatura com aquela espécie de círculo<br />

preto, uma coisa medonha! Mas o resto é de uma beleza<br />

da qual não se sabe o que dizer. A considerar apenas<br />

a penugem, hesito um pouco entre o pavão e a arara, por<br />

causa do esplendor das cores da arara.<br />

Enfim, vai alta a Lua no solar da sacralidade… Creio<br />

que se pudéssemos dar passos significativos no estudo desses<br />

assuntos, estaríamos preparando o Grand Retour 1 . v<br />

(Extraído de conferência de 26/4/1989)<br />

1) Do francês: Grande retorno. No início da década de 1940,<br />

houve na França extraordinário incremento do espírito religioso,<br />

quando das peregrinações de quatro imagens de Nossa<br />

Senhora de Boulogne. Tal movimento espiritual foi denominado<br />

de “grand retour” para indicar o imenso retorno daquele<br />

país a seu antigo e autêntico fervor, então esmaecido.<br />

Ao tomar conhecimento desses fatos, <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> começou a<br />

empregar a expressão no sentido não só de “grande retorno”,<br />

mas de uma torrente avassaladora de graças que, através<br />

da Virgem Santíssima, Deus concederá ao mundo para a<br />

implantação do Reino de Maria.<br />

Leoboudv (CC 3.0)<br />

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