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REVISTA SERVICO GEOLOGICO

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Hidrologia e GestÃo Territorial<br />

A CONDICIONANTE GEOLÓGICA COMO FATOR DETERMINANTE À<br />

PREDISPOSIÇÃO A DESLIZAMENTOS: ESTUDO COMPARATIVO DO<br />

MAPEAMENTO DE SETORIZAÇÃO DE RISCO NAS CIDADES DA BAHIA<br />

Hidrologia e GestÃo Territorial<br />

COMPARAÇÃO E ANÁLISE DOS PROCESSOS DEFLAGRADORES<br />

DE MOVIMENTOS DE MASSA NA REGIÃO DE BAIXO<br />

GUANDU – ESPÍRITO SANTO, BRASIL<br />

Autor: Dias, R. P.1 1<br />

1 CPRM – Serviço Geológico do Brasil<br />

Autores: Antonelli, T. 1 ; Pinho, D. 1 ; Dos-Santos, L. F. 1 ; Lazaretti, A. F. 1 ; Salviano, M. F. 1<br />

1 CPRM - Serviço Geológico do Brasil<br />

A CPRM tem efetuado o Mapeamento de Setorização de Riscos como parte de uma estratégia do Governo Federal para<br />

a redução de perdas humanas e materiais, relacionadas a desastres naturais. O programa teve inicio em 2011 como Ação Emergencial<br />

para Delimitação de Áreas de Alto e Muito Alto Risco a Enchentes e Movimentos de Massa. Atualmente deixou de ser<br />

emergencial. Trabalhos estão sendo elaborados com o objetivo de unificar as diferentes metodologias de mapeamento entre<br />

os órgãos nacionais, somando também experiências internacionais (Projeto GIDES). O Mapeamento de Setorização de Riscos<br />

efetuado pela CPRM é realizado em escala grande - superior<br />

a 1:25000 e mapas de detalhe. Contudo os trabalhos preliminares<br />

de fotointerpretação e planialtimetria são dificultados<br />

pela falta de bases cartográficas em escalas compatíveis.<br />

A intersecção de imagens orbitais e planialtimétricas com mapas<br />

geológicos fica prejudicada pela dificuldade de encontrar<br />

produtos em escala superior a 1:100000 e muitas vezes obtém-se<br />

apenas mapas geológicos ao milionésimo, sem uma<br />

definição exata da litologia. Ao executar mapeamentos em<br />

áreas urbanizadas a avaliação do substrato geológico é difícil<br />

e por vezes impossível. Não obstante é comum deparar com<br />

afloramentos na sede do município ou adjacências (cortes de<br />

estradas; rochas aflorantes; leitos de rios; etc.). Nos municípios<br />

levantados foi possível a identificação geológica e associá-la<br />

ao grau de risco ou a predisposição a deslizamentos. Distintos<br />

substratos derivam feições geomorfológicas características.<br />

Praia do Espelho - Trancoso BA<br />

Foram constatados problemas similares em distintas cidades<br />

da Bahia quando o substrato é o mesmo, exemplo: Formação<br />

Barreiras. Outros municípios cujo substrato é composto por rochas granitóides as respostas são semelhantes.<br />

No segundo caso trata-se de mantos de intemperismo. Nos métodos de cálculo de estabilidade de talude normalmente<br />

se considera o corpo como uma massa isotrópica e sem limites laterais ou de profundidade, como exemplo o Método de Bishop.<br />

Com isso obtêm-se parâmetros do tipo: Tensão cisalhante, coeficiente de atrito, limites de liquidez, plasticidade, etc. A construção<br />

de uma escala litológica seria útil à interpretação na etapa pré-campo e norteadora dos trabalhos de mapeamento. Na<br />

experiência de mapeamento na Bahia poderíamos listar as rochas (isótropas) da menor para a maior predisposição ao deslizamento:<br />

Alteração de Diabásio; Alteração de Granitóides; Sedimentos Terciários (Grupo Barreiras) e Sedimentos Recentes (Dunas<br />

Eólicas). Um corpo rochoso invariavelmente possui descontinuidades e por elas ocorre a deflagração dos movimentos. Rochas<br />

encontradas nos levantamentos de campo com descontinuidades (anisotrópicas) são: Rochas Básicas Fraturadas; Rochas Ácidas<br />

Fraturadas; Gnaisses Migmatíticos; Milonitos; Sedimentos Empastilhados (Grupo ilhas) e Conglomerados.<br />

O Grau de Risco é avaliado em: Muito Alto (R4); Alto (R3); Médio (R2) e Baixo (R1). Muitas vezes há dificuldade em definir<br />

o grau de risco quando os limites são tênues, como entre R2 e R3 e entre R3 e R4. Quando os parâmetros de avaliação do<br />

risco se mostrarem insuficientes para uma afirmação segura do grau de risco de uma encosta, a intersecção dos parâmetros<br />

litológicos e estruturais, notadamente observáveis, podem dirimir dúvidas na definição do grau de risco.<br />

No mês de dezembro de 2013, devido a formação de uma ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul), chuvas volumosas<br />

atingiram grande parte do sudeste brasileiro, em especial os estados de Minas Gerais e do Espírito Santo. Durante este<br />

período, apenas no estado do Espírito Santo, foram registradas 24 mortes como resultado de movimentos de massa provocados<br />

pelas chuvas. No município capixaba de Baixo Guandu, localizado na região do vale do rio Doce, no oeste do estado, ocorreram<br />

inúmeras movimentações de massa, muitas delas atingindo moradias e causando severos danos sociais e econômicos à população.<br />

Foram feitas análises com cruzamentos de algumas condicionantes naturais para tentar definir os principais agentes deflagradores<br />

dos deslizamentos de terra na região, bem como a geometria e características dos eventos observados.<br />

A vetorização das cicatrizes de deslizamentos foi realizada, num primeiro momento, por fotointerpretração, para posterior<br />

checagem em campo. Em campo observou-se que os delizamentos eram, em sua maioria, planares, pouco espessos,<br />

condicionados, em alguns casos, pela estrutura foliada das rochas e/ou por falhas, fraturas e juntas de alívio. Foram cruzados<br />

dados espaciais de chuvas, utilizando mapas distribuídos de precipitação, oriundos do produto PrecMerge do CPTEC/INPE,<br />

com mapas de declividade gerados para<br />

a região, dados de relevo, geologia local,<br />

para tentar elencar os principais fatores<br />

condicionantes das movimentações de<br />

massa na região. Notou-se que a maior<br />

parte das cicatrizes se localizava na porção<br />

central do município de Baixo Guandu<br />

onde afloram granulitos, metagranodioritos<br />

e metatonalitos do Granulito<br />

Mascarenhas que suportam morros baixos,<br />

morrotes e morros altos com declividades<br />

das vertentes não maiores que<br />

30º. Apesar do relevo menos acentuado,<br />

se comparado às regiões norte e sul de<br />

Baixo Guandu, essa área (aproximadamente<br />

25% da área total do município)<br />

Deslizamentos em Baixo Guandu<br />

teve um número significativamente<br />

grande de cicatrizes - 60% de todas as<br />

cicatrizes vetorizadas - que pode ser explicado<br />

pelo acumulado de chuva que, nessa porção do município, superou 800 mm no mês de dezembro de 2013 (dados retirados<br />

do PrecMerge). Observou-se também que as regiões de morros altos e serras, localizadas, em geral nas porções norte<br />

e sul de Baixo Guandu, apesar da elevada declividade e amplitude do relevo, tiveram um número menor de deslizamentos.<br />

Nessas regiões a capa de solo é muito delgada e há o predomínio de inselbergs e pontões rochosos. Para essas áreas<br />

os acumulados de chuvas variaram de 500 mm a 700 mm. Apesar de contribuições do relevo, litologia, declividade, concluise<br />

que o principal fator deflagrador dos movimentos de massa na região foi o volume acumulado de chuvas. Os setores<br />

que acumularam 800 mm ou mais de chuva no mês de dezembro de 2013 tiveram um número de cicatrizes sensivelmente<br />

maior se comparado aos outros setores.<br />

PALAVRAS-CHAVE:<br />

GEOPARQUE; CÂNION; RIO SÃO FRANCISCO<br />

PALAVRAS-CHAVE:<br />

DESLIZAMENTO, BAIXO GUANDU, CHUVA<br />

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