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Jornal Paraná Outubro 2015

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OPINIÃO<br />

O planejamento estratégico é uma das ferramentas<br />

mais importantes de uma empresa moderna.<br />

É a partir dele que se traça aonde se<br />

quer chegar e o que será feito no curto, médio<br />

e longo prazo, balizando a tomada de decisão.<br />

É preciso se adiantar ao mercado e prever tendências.<br />

Uma empresa que não tem planejamento se<br />

move ao sabor do acaso e não se sabe onde ela pode<br />

parar. É preciso ter objetivos e saber focar as questões<br />

estratégicas. Se isso for negligenciado, a empresa vai<br />

perder o rumo, ficar estagnada, desaparecer.<br />

Mergulhado em uma de suas maiores crises e a<br />

mais duradoura, o setor sucroenergético perdeu o<br />

rumo tamanhas são as dificuldades. Estamos muito<br />

centrados na grave situação, e não estamos tomando o<br />

cuidado de ver um pouco além.<br />

Não podemos nos tornar uma espécie de bombeiro, e<br />

ficar apagando “incêndios” toda vez que um novo problema<br />

surge. É preciso também buscar as origens desses,<br />

traçar estratégias, estabelecer metas, se questionar<br />

sobre uma série de aspectos. Pensar o setor e buscar<br />

saber precisamente a resposta para as perguntas certas<br />

pode fazer toda a diferença.<br />

É preciso sim pensar em medidas de curto prazo,<br />

como o retorno da Cide sobre a gasolina, nos mesmos<br />

níveis de quando foi criada, e um refinanciamento da<br />

dívida das usinas; e no médio prazo, com o investimento<br />

em cogeração, recuperação da produtividade e<br />

em eficiência logística.<br />

Mas não podemos deixar de lado as medidas de longo<br />

prazo, como a definição da matriz energética, inserção<br />

do etanol no mercado mundial, tornando-o uma commodity,<br />

além de outras opções tecnológicas e de políticas<br />

públicas que assegurem os investimentos, pois um<br />

combustível renovável e ecologicamente correto, como<br />

o etanol, é estratégico a qualquer nação.<br />

Há quantos anos estamos com veículos que consomem<br />

um litro de combustível a cada seis, sete ou 10 km<br />

rodados? Evoluiu-se muito pouco neste ponto.<br />

Naturalmente, em função do tamanho da frota de veículos<br />

à combustão, que hoje ainda é grande, e a rede<br />

de abastecimento necessária para se viabilizar qualquer<br />

alternativa, será necessário um bom tempo até a substituição<br />

desta por outra matriz energética ou tecnologia,<br />

É hora de pensar o futuro<br />

Estamos muito centrados na grave situação, só apagando incêndios, e não<br />

estamos tomando o cuidado de ver um pouco além MIGUEL TRANIN (*)<br />

dentre as que têm surgido no mercado. Mas esta virá e<br />

é preciso planejamento para isso.<br />

Na última reunião do G7, os países integrantes assumiram<br />

o compromisso de promover o uso de energia<br />

limpa e certamente todos buscarão limpar seu combustível.<br />

Vemos aí uma grande oportunidade de o etanol<br />

emplacar como aditivo, limpando o combustível fóssil.<br />

A escala de produção do etanol já é significativa e com<br />

a tecnologia etanol de segunda geração, as perspectivas<br />

são ainda maiores. Creio que o crescimento da frota a<br />

combustão continuará ainda por um bom tempo, demandando<br />

muito aditivo. Porém o uso do etanol puro<br />

acaba sendo um luxo. Será que não devemos nos adequar<br />

ao modelo utilizado no mundo todo, que é como<br />

aditivo?<br />

O planejamento estratégico<br />

é uma das ferramentas<br />

mais importantes de uma<br />

empresa moderna.<br />

É preciso pensar num cenário com um combustível<br />

único, um E70 ou E80, com a possibilidade de flexibilizar<br />

essa mistura durante a safra, pois a agricultura depende<br />

de condições climáticas, que nem sempre são favoráveis.<br />

E, conforme o aumento da frota nacional,<br />

reduzir de forma gradativa essa mistura até aos 27%,<br />

transformando o etanol em um aditivo nobre, que<br />

tem reconhecido seus benefícios ambientais e para<br />

a saúde, e que seja precificado como aditivo que<br />

melhora e limpa o combustível fóssil.<br />

Quanto ao açúcar, este tem sofrido severas críticas<br />

de produtos concorrentes, que não são tão saudáveis<br />

quanto dizem. Também, tudo indica que em<br />

breve haverá uma retomada nos preços da commodity<br />

no mercado internacional. E aí, é preciso<br />

lembrar que nós produtores temos a responsabilidade<br />

de assegurar o abastecimento de etanol, planejando<br />

a produção com equilíbrio para evitar<br />

transtornos na oferta de etanol ou incorrer no risco<br />

de arrasar o mercado de açúcar, a credibilidade do<br />

setor e, consequentemente, as empresas.<br />

Mas, mesmo que a situação melhore, não podemos<br />

fechar os olhos e nos acomodarmos com o “queijo” que<br />

nos é oferecido.<br />

Todos sabem que o desenvolvimento do carro elétrico<br />

sempre foi tolhido, por interesse das grandes montadoras<br />

e das petroleiras. No passado, nos anos de<br />

1960/70, a GE já tinha um protótipo de um carro elétrico<br />

desenvolvido. Mas este foi comprado por aquelas<br />

e literalmente derretido.<br />

Mas, hoje temos outros atores nesse cenário. Na era<br />

digital, da indústria da informática, com grande poder<br />

econômico e intelectual, os avanços tecnológicos caminham<br />

num outro ritmo.<br />

Essas empresas estão investindo fortemente em um<br />

veículo elétrico movido por energia solar. Já o fizeram.<br />

É uma questão de tempo para torná-lo viável comercialmente,<br />

com autonomia de 400/500 Km e recarga<br />

rápida, bem como baterias menores e mais leves. O<br />

SmartCar ou iPhone com rodas.<br />

Quanto tempo ainda temos? O que faremos? Todos<br />

os participantes dessa cadeia produtiva precisam se unir<br />

e pensar o futuro. E com as metas estabelecidas, agir,<br />

deixando de apagar incêndios.<br />

(*) Miguel Tranin é presidente da Alcopar, Sialpar, Siapar<br />

e Sibiopar.<br />

2 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Outubro</strong> <strong>2015</strong>

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