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OPINIÃO<br />
O planejamento estratégico é uma das ferramentas<br />
mais importantes de uma empresa moderna.<br />
É a partir dele que se traça aonde se<br />
quer chegar e o que será feito no curto, médio<br />
e longo prazo, balizando a tomada de decisão.<br />
É preciso se adiantar ao mercado e prever tendências.<br />
Uma empresa que não tem planejamento se<br />
move ao sabor do acaso e não se sabe onde ela pode<br />
parar. É preciso ter objetivos e saber focar as questões<br />
estratégicas. Se isso for negligenciado, a empresa vai<br />
perder o rumo, ficar estagnada, desaparecer.<br />
Mergulhado em uma de suas maiores crises e a<br />
mais duradoura, o setor sucroenergético perdeu o<br />
rumo tamanhas são as dificuldades. Estamos muito<br />
centrados na grave situação, e não estamos tomando o<br />
cuidado de ver um pouco além.<br />
Não podemos nos tornar uma espécie de bombeiro, e<br />
ficar apagando “incêndios” toda vez que um novo problema<br />
surge. É preciso também buscar as origens desses,<br />
traçar estratégias, estabelecer metas, se questionar<br />
sobre uma série de aspectos. Pensar o setor e buscar<br />
saber precisamente a resposta para as perguntas certas<br />
pode fazer toda a diferença.<br />
É preciso sim pensar em medidas de curto prazo,<br />
como o retorno da Cide sobre a gasolina, nos mesmos<br />
níveis de quando foi criada, e um refinanciamento da<br />
dívida das usinas; e no médio prazo, com o investimento<br />
em cogeração, recuperação da produtividade e<br />
em eficiência logística.<br />
Mas não podemos deixar de lado as medidas de longo<br />
prazo, como a definição da matriz energética, inserção<br />
do etanol no mercado mundial, tornando-o uma commodity,<br />
além de outras opções tecnológicas e de políticas<br />
públicas que assegurem os investimentos, pois um<br />
combustível renovável e ecologicamente correto, como<br />
o etanol, é estratégico a qualquer nação.<br />
Há quantos anos estamos com veículos que consomem<br />
um litro de combustível a cada seis, sete ou 10 km<br />
rodados? Evoluiu-se muito pouco neste ponto.<br />
Naturalmente, em função do tamanho da frota de veículos<br />
à combustão, que hoje ainda é grande, e a rede<br />
de abastecimento necessária para se viabilizar qualquer<br />
alternativa, será necessário um bom tempo até a substituição<br />
desta por outra matriz energética ou tecnologia,<br />
É hora de pensar o futuro<br />
Estamos muito centrados na grave situação, só apagando incêndios, e não<br />
estamos tomando o cuidado de ver um pouco além MIGUEL TRANIN (*)<br />
dentre as que têm surgido no mercado. Mas esta virá e<br />
é preciso planejamento para isso.<br />
Na última reunião do G7, os países integrantes assumiram<br />
o compromisso de promover o uso de energia<br />
limpa e certamente todos buscarão limpar seu combustível.<br />
Vemos aí uma grande oportunidade de o etanol<br />
emplacar como aditivo, limpando o combustível fóssil.<br />
A escala de produção do etanol já é significativa e com<br />
a tecnologia etanol de segunda geração, as perspectivas<br />
são ainda maiores. Creio que o crescimento da frota a<br />
combustão continuará ainda por um bom tempo, demandando<br />
muito aditivo. Porém o uso do etanol puro<br />
acaba sendo um luxo. Será que não devemos nos adequar<br />
ao modelo utilizado no mundo todo, que é como<br />
aditivo?<br />
O planejamento estratégico<br />
é uma das ferramentas<br />
mais importantes de uma<br />
empresa moderna.<br />
É preciso pensar num cenário com um combustível<br />
único, um E70 ou E80, com a possibilidade de flexibilizar<br />
essa mistura durante a safra, pois a agricultura depende<br />
de condições climáticas, que nem sempre são favoráveis.<br />
E, conforme o aumento da frota nacional,<br />
reduzir de forma gradativa essa mistura até aos 27%,<br />
transformando o etanol em um aditivo nobre, que<br />
tem reconhecido seus benefícios ambientais e para<br />
a saúde, e que seja precificado como aditivo que<br />
melhora e limpa o combustível fóssil.<br />
Quanto ao açúcar, este tem sofrido severas críticas<br />
de produtos concorrentes, que não são tão saudáveis<br />
quanto dizem. Também, tudo indica que em<br />
breve haverá uma retomada nos preços da commodity<br />
no mercado internacional. E aí, é preciso<br />
lembrar que nós produtores temos a responsabilidade<br />
de assegurar o abastecimento de etanol, planejando<br />
a produção com equilíbrio para evitar<br />
transtornos na oferta de etanol ou incorrer no risco<br />
de arrasar o mercado de açúcar, a credibilidade do<br />
setor e, consequentemente, as empresas.<br />
Mas, mesmo que a situação melhore, não podemos<br />
fechar os olhos e nos acomodarmos com o “queijo” que<br />
nos é oferecido.<br />
Todos sabem que o desenvolvimento do carro elétrico<br />
sempre foi tolhido, por interesse das grandes montadoras<br />
e das petroleiras. No passado, nos anos de<br />
1960/70, a GE já tinha um protótipo de um carro elétrico<br />
desenvolvido. Mas este foi comprado por aquelas<br />
e literalmente derretido.<br />
Mas, hoje temos outros atores nesse cenário. Na era<br />
digital, da indústria da informática, com grande poder<br />
econômico e intelectual, os avanços tecnológicos caminham<br />
num outro ritmo.<br />
Essas empresas estão investindo fortemente em um<br />
veículo elétrico movido por energia solar. Já o fizeram.<br />
É uma questão de tempo para torná-lo viável comercialmente,<br />
com autonomia de 400/500 Km e recarga<br />
rápida, bem como baterias menores e mais leves. O<br />
SmartCar ou iPhone com rodas.<br />
Quanto tempo ainda temos? O que faremos? Todos<br />
os participantes dessa cadeia produtiva precisam se unir<br />
e pensar o futuro. E com as metas estabelecidas, agir,<br />
deixando de apagar incêndios.<br />
(*) Miguel Tranin é presidente da Alcopar, Sialpar, Siapar<br />
e Sibiopar.<br />
2 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Outubro</strong> <strong>2015</strong>