Jornal Paraná Julho 2016

SYNTEGRAÇÃO
Colheita mecânica começa
com o preparo do solo
Qualquer erro compromete o desempenho das máquinas. Produtor precisa
atentar para as mudanças ocorridas em todo o processo
MARLY AIRES
Na colheita mecânica,
tudo que vem
antes é mais importante
do que a colheita
em si, que é o fechamento
de todo o trabalho. Se
não fizer o antes bem feito,
não adianta querer fazer o
melhor no final. Esse foi um
dos pontos defendidos por
Luiz Carlos Dalben, sócio
proprietário da Agrícola Rio
Claro e consultor da Dalplan
Consultoria na área de motomecanização
no setor sucroenergético.
Com ampla experiência
em mecanização de
cana crua e manejo da palha,
Dalben foi um dos palestrantes
do 1º Syntegração 2016,
reunião técnica realizada pela
Syngenta em parceria com a
Alcopar, em junho, em Maringá.
Dalben diz que se tudo for
feito da forma certa, o produtor
não vai ter dificuldade na
colheita. “Mas se não tiver
capricho, cuidado, não adianta
falar de colheita crua ou
queimada. Não faço nada fora
do normal, mas procuro
adaptar a realidade e faço cada
coisa na sua hora certa”,
ressaltou.
Não dá para falar em colheita
mecanizada sem falar em tráfego
intenso. “Antes, este era mínimo.
Agora, a colhedora com 19 toneladas
e cada carregadora de 9 a 11
toneladas passam por todas as
ruas da lavoura. Neste cenário, o
espaçamento bem planejado da
O produtor cultiva 8.510 hectares
de cana de açúcar em
Lençóis Paulistas (SP), produzindo
630 mil toneladas de cana
de açúcar, sendo que 64%
da área são de ambiente de
produção E e 25%, D. Usa vinhaça
em 4 mil hectares e as
lavouras ficam a 18 km em
média da usina. Tanto colheita,
quanto plantio, são 100% mecanizados,
colhendo praticamente
tudo com cana crua. Na
safra 2016/17, a expectativa é
de uma produtividade de 91 toneladas
de cana por hectare
com 133 kg/ATR por tonelada.
Definir espaçamento
cana ganha importância maior.
Tem que trabalhar espaçamento
para não pisar a cana e reduzir ao
mínimo a compactação”, afirmou
o consultor Luiz Carlos Dalben. O
produtor utiliza em sua área o espaçamento
combinado (1,40m x
0,50m), mas há outros que vem
“Atuo no setor há 62 anos e
achava que entendia de sistematização
da lavoura, mas,
com a mecanização, mudou
tudo, desde o preparo e conservação
do solo, o layout do
talhão, espaçamento, manejo,
escolha de variedades, tudo.
Tem que trabalhar cada
área dentro da visão macro,
mas também do micro, lançando
mão de GPS, piloto automático
e demais recursos
disponíveis”, ressaltou o consultor.
Mas apesar de todas as
mudanças e dificuldades enfrentadas
na adaptação, disse
que, atualmente, não voltaria
mais para o sistema anterior,
mesmo se pudesse. “O
custo do corte mecanizado é
menor do que o manual. E a
palha gerada, além da possibilidade
de renda extra, beneficia
o solo”, citou.
sendo testados: o alternado (1,50m
x 0,90m) e o convencional (1,50m).
Tem que trabalhar
cada área lançando
mão de GPS, piloto
automático e demais
recursos disponíveis
O consultor disse que dependendo
da fertilidade do solo (ambientes
de produção), disponibilidade
de água, custo da tonelada
de cana colhida por hora, os gastos
com diesel por tonelada de
cana, a longevidade do canavial
(pisoteio), tratos culturais, manejo
da palha e tudo mais, cada produtor
precisa definir o espaçamento
que melhor se adapte a sua condição,
fazendo uso dos recursos tecnológicos
disponíveis.
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Julho 2016 - Jornal Paraná