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livro_narrativa_policial

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fragmentação e flutuação subjetiva que integram a construção ficcional<br />

de Fantasmas, segunda narrativa da Trilogia de Nova York. Nos três textos<br />

que compõem A trilogia, o escritor norte-americano faz uso da tradicional<br />

estrutura das novelas de detetive, subvertendo-as: o que se busca não é a<br />

solução de um crime, mas o questionamento da linguagem e, através da<br />

escrita, a tentativa de instaurar uma configuração subjetiva. Diante disso,<br />

a autora explora o debate com a estrutura mesma da tradição narrativa<br />

em que se inscreve o texto, de modo a discutir as relações estabelecidas<br />

com a linguagem e, assim, interrogar a possibilidade de transmissão da<br />

experiência, problematizada literariamente.<br />

A parte II, que se intitula “O sequestro do detetive e o comando<br />

de outras vozes”, reúne textos em que a figura detetivesca, central nos<br />

romances policiais clássicos, é substituída por outra voz que assume o<br />

foco narrativo e que pode ser a do próprio criminoso. No primeiro<br />

artigo desse grupo, “Mapeando pistas falsas: uma leitura do romance O<br />

seminarista, de Rubem Fonseca”, Ana Cristina Viegas se propõe a analisar<br />

os diálogos que a narrativa fonsequiana estabelece tanto com estruturas<br />

canônicas do gênero policial, quanto com a tradição romanesca brasileira<br />

do século XIX. Como ocorre em outros livros do autor, a violência em<br />

O seminarista constitui pretexto para que, através de reflexões sobre<br />

a linguagem, verdades estabelecidas sejam colocadas sob suspeita<br />

por se tratarem de formações discursivas historicamente construídas.<br />

Além disso, abandona-se a perspectiva de uma cidade partida, tão<br />

frequentemente veiculada pela mídia, visto que a questão da violência é<br />

muito mais complexa e transcende a fronteira das diferenças de classes<br />

sociais. Da formação religiosa do ex-seminarista que assume a narrativa,<br />

restam apenas fragmentos de textos em latim que permeiam a narrativa<br />

do criminoso, a qual põe em xeque certezas morais, éticas, estéticas e<br />

desconstrói estereótipos sociais. Em “Um enigma indecifrável em um<br />

< sumário<br />

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