Configurações

edimensionar questões da sociedade brasileira contemporânea. No caso
de O seminarista, o diálogo se dá excepcionalmente com um romance de
caráter regionalista no qual são exploradas tensões tipicamente românticas
entre espiritualidade e sensualidade.
O seminarista, um dos romances mais populares de Bernardo
Guimarães em sua época, conta a história de um jovem, Eugênio, que
cresceu com a filha de uma agregada da fazenda de seus pais, Margarida,
que era também afilhada destes, e, com o passar do tempo, o carinho pela
amiga de infância transforma-se em amor puro, inocente e correspondido
pela menina. Chegando a idade escolar, os pais de Eugênio o colocam
em um seminário, acreditando na vocação do menino para padre. No
início, Eugênio apenas lamenta a distância que será obrigado a manter
de Margarida. Alguns anos mais tarde, quando ambos assumem o seu
amor, o rapaz passa a lamentar de fato a formação religiosa. No internato,
acredita que Margarida se casou, história contada pelos pais e sustentada
pelos padres com a finalidade de fazê-lo se dedicar ao que acreditavam ser
a sua vocação. Já formado, volta à fazenda do pai e é chamado para ouvir
a confissão de uma jovem que se encontra à beira da morte. Depara-se,
então, com Margarida e descobre que foram separados pela mentira do seu
próprio pai. Como os sentimentos românticos são indomáveis diante das
regras sociais, os jovens se entregam ao amor que sentem um pelo outro.
Margarida encostou a cabeça ao ombro de Eugênio; este
envolveu-a em um abraço.
− Um momento de suprema felicidade! ... depois o inferno!
que importa! ...
Este brado de blasfêmia, que se erguia do coração do padre,
sussurrou-lhe apenas pelos lábios.
< sumário
Ao bafo ardente da paixão sensual na alma de ambos se havia
apagado o lume da razão. (GUIMARÃES, 2003, p.148)
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