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LIVRO -O uso da tecnologia COM CAPA

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O <strong>uso</strong> <strong>da</strong> <strong>tecnologia</strong> <strong>da</strong> informação<br />

como ferramenta de disseminação do<br />

conhecimento no âmbito escolar


Claudio Gomes <strong>da</strong> Silva<br />

Daniele Santos de Aquino<br />

O <strong>uso</strong> <strong>da</strong> <strong>tecnologia</strong> <strong>da</strong> informação como<br />

ferramenta de disseminação do conhecimento no<br />

âmbito escolar<br />

1ª edição<br />

Rio de Janeiro<br />

Edição do Autor<br />

2016


Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de<br />

19/02/1998.<br />

É proibi<strong>da</strong> a reprodução desta obra, mesmo parcial, por qualquer<br />

processo, sem prévia autorização, por escrito, dos autores.<br />

Prefixo Editorial: 922130.<br />

Número ISBN: 978-85-922130-0-8.<br />

Título: O <strong>uso</strong> <strong>da</strong> <strong>tecnologia</strong> <strong>da</strong> informação como ferramenta de<br />

disseminação do conhecimento no âmbito escolar.<br />

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)<br />

Silv586 Silva, Claudio Gomes, 1980-<br />

O <strong>uso</strong> <strong>da</strong> <strong>tecnologia</strong> <strong>da</strong> informação<br />

como ferramenta de disseminação do conhecimento no<br />

âmbito escolar / Claudio Gomes <strong>da</strong> Silva, Daniele Santos<br />

de Aquino.- 2016.<br />

91 f.<br />

ISBN: 978-85-922130-0-8<br />

1. Trabalho de conclusão de curso<br />

2.Trabalhos acadêmicos, 3. Trabalhos científicos, I. Aquino,<br />

Daniele Santos de, 1982-. Título.<br />

CDD 000


Dedicamos este trabalho aos nossos familiares e<br />

amigos em especial ao nosso filho com muito<br />

amor e carinho.<br />

“O homem não é na<strong>da</strong> além<br />

<strong>da</strong>quilo que a educação faz dele”.<br />

(Immanuel Kant)


SUMÁRIO<br />

1. CONCEITOS BÁSICOS .................................................. 8<br />

2. UM BREVE RETROSPECTO DA TECNOLOGIA DA<br />

INFORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO .................................. 11<br />

2.1 EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA .................................... 22<br />

2.2 A INFORMÁTICA E OS PARÂMETROS<br />

CURRICULARES NACIONAIS – PCNS....................... 33<br />

2.3 CONSTRUTIVISMO E SÓCIO-INTERACIONISMO ... 37<br />

2.4 FUNDAMENTOS DE UMA PEDAGOGIA DE<br />

PROJETOS ................................................................... 41<br />

2.5 INFORMÁTICA E AS ÁREAS DE CONHECIMENTOS<br />

....................................................................................... 55<br />

3. PROPOSTA METODOLÓGICA .................................... 60<br />

3.1 A TECNOLOGIA NA VIDA DA ESCOLA .................... 63<br />

3.2 A <strong>COM</strong>UNICAÇÃO NA CONTRIBUIÇÃO DO ENSINO<br />

....................................................................................... 65<br />

3.3 O USO DA INTERNET NA ESCOLA .......................... 67<br />

4. AMBIENTE INTERATIVO MULTIMÍDIA ........................ 72<br />

4.1 AS IMAGENS <strong>COM</strong>O RECURSOS PEDAGÓGICOS 76<br />

4.2 A UTILIZAÇÃO DOS DESENHOS NA SALA DE AULA<br />

....................................................................................... 77<br />

4.3 O USO DO VÍDEO EDUCATIVO ................................ 80<br />

4.4 O USO DO SOM (ÁUDIO) ........................................... 81<br />

4.5 MUITO ALÉM DA BIBLIOTECA .................................. 83<br />

4.6 A BIBLIOTECA DIGITAL ............................................. 83<br />

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................... 89


APRESENTAÇÃO<br />

Com o crescente avanço tecnológico, os impactos nas<br />

mais diversas áreas, dentre elas a <strong>da</strong> educação, fez<br />

com que houvesse uma ampliação quanto à<br />

necessi<strong>da</strong>de de pesquisas que viessem a demonstrar<br />

de que maneira a Tecnologia <strong>da</strong> Informação, como<br />

ferramenta de disseminação do conhecimento no<br />

âmbito escolar, pode de fato contribuir para a<br />

construção do conhecimento. Este livro foi produzido<br />

no intuito de investigar o <strong>uso</strong> de tal <strong>tecnologia</strong> no<br />

desenvolvimento de conteúdos curriculares objetivando<br />

o papel do professor como mediador entre o aluno e a<br />

informação, estabelecendo desse modo uma nova<br />

postura do professor no âmbito <strong>da</strong> informática, quanto<br />

aos seus desafios, a ampliação dos conhecimentos e<br />

<strong>da</strong>s capaci<strong>da</strong>des intelectuais frente ao que essa nova<br />

<strong>tecnologia</strong> vem a oferecer.


8<br />

1. CONCEITOS BÁSICOS<br />

Com o desenvolvimento tecnológico, o mundo<br />

tem vivido grandes transformações, que tem acarretado<br />

impactos e desafios nas mais diversas áreas, dentre<br />

elas, a educação. A introdução <strong>da</strong> Tecnologia <strong>da</strong><br />

Informação como ferramenta pe<strong>da</strong>gógica tem sido<br />

motivo para profun<strong>da</strong> reflexão nos valores e posturas<br />

dos profissionais <strong>da</strong> área, visto que envolve mu<strong>da</strong>nça<br />

de paradigmas.<br />

Os educadores têm sido levados a repensar sua<br />

prática, pois, o <strong>uso</strong> desta nova ferramenta proporciona<br />

acesso amplo as informações, o que naturalmente<br />

estimula o surgimento de questionamentos e<br />

discussões que enriquecem as ativi<strong>da</strong>des propostas,<br />

tomando-as mais interessantes. Entretanto, esse<br />

contexto exige do professor uma postura de mediador e<br />

orientador do processo de construção do<br />

conhecimento, diferente <strong>da</strong>quela postura exigi<strong>da</strong> para a<br />

simples transmissão <strong>da</strong> informação, na qual a<br />

preocupação maior era ser capaz de manter a classe<br />

em silêncio durante a exposição do conteúdo, que por


9<br />

sua vez mais tarde seria cobrado dos alunos por meio<br />

de chama<strong>da</strong> oral ou prova, por exemplo.<br />

Ao longo desta leitura iremos abor<strong>da</strong>r tópicos na<br />

qual a Tecnologia <strong>da</strong> Informação é usa<strong>da</strong> como<br />

ferramenta pe<strong>da</strong>gógica no desenvolvimento de<br />

conteúdos de conhecimentos, com especial atenção<br />

para as interações no trinômio professor- alunomáquina<br />

que ocorrem durante o processo.<br />

O autor, com formação em Pe<strong>da</strong>gogia, e o<br />

interesse em desenvolver uma ativi<strong>da</strong>de envolvendo<br />

conteúdos de novos conhecimentos se deu pelo maior<br />

contato com professores, proporcionado por sua<br />

atuação nessa ativi<strong>da</strong>de.<br />

Com o <strong>uso</strong> ca<strong>da</strong> vez maior <strong>da</strong> Tecnologia <strong>da</strong><br />

Informação na Educação tem aumentado a<br />

necessi<strong>da</strong>de de estudos que demonstrem como essa<br />

ferramenta pode de fato contribuir para a construção do<br />

conhecimento, no contexto escolar. Assim, a<br />

preocupação em analisar as metodologias aplica<strong>da</strong>s e<br />

seus resultados motivou o desenvolvimento de<br />

inúmeros estudos.<br />

Segundo Silva e Marchelli (2005), os educadores<br />

em geral encontram-se alheios ao processo de


10<br />

apropriação de <strong>tecnologia</strong>s em sua área, não<br />

possuindo respostas já elabora<strong>da</strong>s ao movimento que<br />

se impõe; apresentam ain<strong>da</strong>, em muitos casos,<br />

resistência as novas <strong>tecnologia</strong>s, por estas serem<br />

ain<strong>da</strong> pouco conheci<strong>da</strong>s. A leitura deste livro leva ao<br />

educador repensar suas propostas de ativi<strong>da</strong>des para o<br />

desenvolvimento de conteúdos fazendo <strong>uso</strong> de<br />

recursos <strong>da</strong> Tecnologia <strong>da</strong> Informação. Para tanto, a<br />

proposta compreende o planejamento, aplicação e<br />

análise de um conjunto de ativi<strong>da</strong>des com o objetivo de<br />

oferecer aos alunos condições para a construção do<br />

seu conhecimento acerca de um determinado<br />

conteúdo.<br />

Verificando a necessi<strong>da</strong>de de uma nova postura<br />

do professor, diante do <strong>uso</strong> de recursos técnicos;<br />

Realizando ativi<strong>da</strong>des nas quais o aluno seja um<br />

sujeito ativo no processo de construção do seu<br />

conhecimento;<br />

Fazendo do <strong>uso</strong> de recursos tecnológicos, como<br />

um subsídio no desenvolvimento <strong>da</strong> proposta.


11<br />

2. UM BREVE RETROSPECTO DA TECNOLOGIA DA<br />

INFORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO<br />

Segundo Faille (2006) o primeiro computador<br />

pode ser considerado um invento relativamente<br />

recente, se for levado em conta o período de tempo em<br />

que o homem vem direcionando seus esforços no<br />

sentido de processar informações de forma mais<br />

eficiente. Muito tempo se passou desde a construção<br />

<strong>da</strong>s calculadoras mecânicas de Schickard, Pascal e<br />

Leibniz até a construção do Mark I, na Universi<strong>da</strong>de de<br />

Harvard, em 1945. Mark I fora, na reali<strong>da</strong>de, urna<br />

calculadora gigantesca que operava com um sistema<br />

de válvulas. Daí até os computadores atuais ocorreu<br />

enorme evolução em relação à versatili<strong>da</strong>de,<br />

sofisticação e rapidez de processamento, bem como<br />

comparação <strong>da</strong>s dimensões físicas.<br />

Na educação, o <strong>uso</strong> do computador é um<br />

fenômeno ain<strong>da</strong> mais recente, com as primeiras<br />

tentativas neste sentido situa<strong>da</strong>s em torno do início <strong>da</strong><br />

déca<strong>da</strong> de 60.<br />

Em 1972, Niskier já afirmava que a utilização do<br />

sistema convencional de Educação no Brasil provava a


12<br />

sua incapaci<strong>da</strong>de para atender a to<strong>da</strong> a população em<br />

i<strong>da</strong>de escolar, sendo certo que estavam desassisti<strong>da</strong>s<br />

cerca de oito milhões de crianças, sem a menor<br />

possibili<strong>da</strong>de de frequentar escolas. O crescimento<br />

intenso <strong>da</strong> população (taxa de 2,4% ao ano) induzia a<br />

crença de que somente um fato novo no caso a teleeducação,<br />

poderia modificar os aspectos de<br />

atendimento, a ponto de significar um aperfeiçoamento<br />

de quali<strong>da</strong>de na educação ministra<strong>da</strong>. Para este autor,<br />

o desenvolvimento <strong>da</strong> eletrônica e <strong>da</strong> cibernética<br />

permitiria que a tele-educação suplantasse totalmente<br />

o sistema convencional de ensino, mas antes haveria<br />

necessi<strong>da</strong>de de uma clara mu<strong>da</strong>nça de mentali<strong>da</strong>de, a<br />

fim de permitir que o <strong>uso</strong> do rádio, <strong>da</strong> televisão, do<br />

cinema, dos projetores e do computador não fossem<br />

vistos como inalcançáveis, ou mera esperança de<br />

alguns sonhadores incorrigíveis. Teria sido criado então<br />

um clima artificial de incompatibili<strong>da</strong>de entre a<br />

<strong>tecnologia</strong> e o humanismo, como se no centro de tudo<br />

não estivesse o homem, "a meta-síntese de to<strong>da</strong>s as<br />

preocupações" (Niskier, 2000).<br />

Com o aumento <strong>da</strong>s horas de lazer, previa-se<br />

para o ano 2000 à volta ao humanismo clássico,


13<br />

convivendo o avanço tecnológico com o apuro dos<br />

sentimentos. A máquina seria coloca<strong>da</strong> a serviço dos<br />

mestres, mas sem esquecer um componente essencial<br />

<strong>da</strong> educação, uma ver<strong>da</strong>de que na<strong>da</strong> tem de<br />

cibernética: o amor.<br />

Quando se discutiam os méritos e os deméritos<br />

(estes em maior escala) <strong>da</strong> educação ministra<strong>da</strong> no<br />

Brasil, os materiais e técnicas audiovisuais assumiam<br />

relevo extraordinário, como coadjuvantes de um<br />

processo que jamais prescindiria <strong>da</strong> figura do mestre.<br />

É interessante como, apesar <strong>da</strong> crença de que em<br />

pouco tempo os professores e os livros seriam<br />

substituídos pelo rádio, pela televisão, pelos discos,<br />

pelos filmes e outros recursos audiovisuais, defendiase<br />

que, na ver<strong>da</strong>de a instrução mecaniza<strong>da</strong> não<br />

substituiria o professor, apenas recondicionaria sua<br />

ação em classe, exigindo dele uma posição mais de<br />

conselheiro do que mero repetidor de conhecimentos<br />

codificados. Sua palavra continuaria tendo um peso<br />

expressivo, mas deveria ser enriquecido com o<br />

instrumental então colocado a serviço <strong>da</strong> educação.


14<br />

A educação tradicional fora, mais uma vez, posta<br />

em questão. Marshall McLuhan (1969) lançou a<br />

pergunta:<br />

[...] “Onde começa e termina a escola? O<br />

céu pontilhado de satélites, a densa rede<br />

eletrônica que se emaranha no ar, as<br />

micro-on<strong>da</strong>s cruzando o espaço, os<br />

telefones ligando todos os lares entre si,<br />

os emissores e receptores nos veículos<br />

que transitam no ar, no mar, no solo e no<br />

subsolo. Tudo isso não permitirá<br />

clausuras, tudo se tomara público, como<br />

na aldeia tribal. A aldeia do futuro será<br />

resultado de um adensamento eletr6nico.<br />

Estaremos preparados para esse<br />

futuro?" (MCLNHAN 1969 p. 234).<br />

Em segui<strong>da</strong>, McLuhan afirmou:<br />

[“...]”, educar será sinônimo de aprender<br />

a gostar de progredir, a melhorar<br />

sempre; nesse dia, educar não<br />

significara mais formar e manter os<br />

homens a meio caminho de suas<br />

possibili<strong>da</strong>des de desabrochamento, mas<br />

pelo contínuo, será abrir-se para a<br />

essência e para a plenitude <strong>da</strong> própria<br />

existência”. (MCLNHAN 1969 p. 238).


15<br />

Assim, é possível considerar duas fases:<br />

1) A fase anterior ao surgimento <strong>da</strong> microinformática,<br />

caracteriza<strong>da</strong> pelo <strong>uso</strong> de terminais de<br />

computadores de grande porte;<br />

2) A fase posterior a microinformática, caracteriza<strong>da</strong><br />

pelo <strong>uso</strong> intenso de microcomputadores.<br />

Na primeira fase, que se prolonga até o final <strong>da</strong><br />

déca<strong>da</strong> de 70, aproxima<strong>da</strong>mente, o <strong>uso</strong> do computador<br />

nas escolas norte-americanas estava mais ligado ao<br />

<strong>uso</strong> administrativo. As tentativas de utilização didática<br />

eram restritas e segundo os pesquisadores,<br />

apresentavam uma série de dificul<strong>da</strong>des. (Taille, 2006).<br />

Alguns desses autores pioneiros consideraram<br />

seus resultados animadores e prosseguiram em seu<br />

trabalho. Podem ser citados, dentre estes autores,<br />

Dwyer, que investigou principalmente as<br />

potenciali<strong>da</strong>des didáticas do computador em várias<br />

disciplinas do equivalente ao que hoje chamamos de<br />

Ensino Médio, e Bork, que pesquisou especificamente<br />

o ensino de Física. Além destes, Pappert também<br />

dirigiu suas pesquisas para a área pe<strong>da</strong>gógica, porém,<br />

de forma um tanto diferente dos autores citados acima.<br />

No fim <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 60 começou a se explorar as


16<br />

possibili<strong>da</strong>des pe<strong>da</strong>gógicas de pequenos veículos<br />

esféricos dotados de sensores e capaci<strong>da</strong>de gráfica,<br />

controlados por pequenos computadores. Em virtude<br />

de seu formato, este tipo de veículo foi chamado de<br />

tartaruga. Esta obedecia a comandos gráficos,<br />

desenhando no chão. Em segui<strong>da</strong>, para serem usados<br />

por crianças em computador, esses comandos foram<br />

organizados em uma linguagem chama<strong>da</strong> Logo. Os<br />

objetivos de Pappert e sua equipe, nesse trabalho,<br />

eram desenvolver uma linguagem mais adequa<strong>da</strong> para<br />

jovens programarem o computador e também favorecer<br />

a aprendizagem "concreta" de conceitos geométricos e<br />

matemáticos. Em virtude destas características, a<br />

linguagem Logo foi sendo ca<strong>da</strong> vez mais usa<strong>da</strong> em<br />

escolas <strong>da</strong> Europa e dos Estados Unidos.<br />

Com o advento <strong>da</strong> microinformática em 1975,<br />

quando foi construído o primeiro microcomputador nos<br />

Estados Unidos, verificou-se grande aumento do <strong>uso</strong><br />

do computador para fins pe<strong>da</strong>gógicos nesse país. Isto<br />

se deu, não só porque o custo dos equipamentos,<br />

embora ain<strong>da</strong> alto, ficou mais acessível às escolas,<br />

como também porque a programação de conteúdos<br />

tornou-se mais fácil pela possibili<strong>da</strong>de de se utilizarem


17<br />

linguagens mais simples como o Basic. Esta linguagem<br />

cria<strong>da</strong> em 1964 nos Estados Unidos e relega<strong>da</strong> a<br />

segundo plano pela comuni<strong>da</strong>de científica, foi<br />

resgata<strong>da</strong> pela microinformática em virtude <strong>da</strong> sua<br />

proximi<strong>da</strong>de com a língua natural, o que facilitou muito<br />

a programação do usuário iniciante.<br />

A déca<strong>da</strong> de 80 foi marca<strong>da</strong> pela crescente<br />

informatização do sistema educacional americano. De<br />

modo geral, o Estado interveio pouco nessas<br />

experiências, limitando seu papel a aju<strong>da</strong> financeira<br />

para a compra de equipamentos. Mesmo os distritos<br />

escolares decidiram deixar a critério <strong>da</strong>s escolas a<br />

realfabetização <strong>da</strong> experiência de acordo com sua<br />

reali<strong>da</strong>de especifica. Nesse sentido, é grande a<br />

diversi<strong>da</strong>de de experiências encontra<strong>da</strong>s. Embora<br />

varia<strong>da</strong>s, as formas de utilização, compartilham do<br />

mesmo objetivo: melhorar o ensino, o que pode ser<br />

traduzido por maior rendimento escolar dos alunos,<br />

familiarizando-os ao mesmo tempo com uma nova<br />

<strong>tecnologia</strong>.<br />

A França é outro país que se destaca pela<br />

crescente informatização de seu ensino. Sua<br />

experiência se iniciou em 1970, quando foi realizado o


18<br />

Seminário de Informática no Ensino, em que foram<br />

debati<strong>da</strong>s as metas e formas de implantação ao do<br />

computador desde a escola primaria até a Universi<strong>da</strong>de<br />

(Taille, 2006).<br />

No Brasil o Programa Nacional de Informática<br />

Educativa (PRONINFE - 1994), apesar <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des<br />

governamentais, gerou, em dez anos, uma cultura<br />

nacional de informática educativa centra<strong>da</strong> na reali<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> escola pública. Ele constituiu o principal referencial<br />

<strong>da</strong>s ações planeja<strong>da</strong>s pelo MEC: correspondeu<br />

praticamente a uma fase piloto que durou mais de uma<br />

déca<strong>da</strong>.<br />

Na déca<strong>da</strong> de 90 começam a surgir fortes indícios<br />

do predomínio <strong>da</strong> globalização na socie<strong>da</strong>de, fazendo<br />

assim com que a Informática ocupasse posição de<br />

suma importância na vi<strong>da</strong> social dos indivíduos; nessa<br />

época começaram a ser implantados sistemas de<br />

robótica industrial.<br />

Diante <strong>da</strong> preocupação em formar ci<strong>da</strong>dãos para<br />

uma nova reali<strong>da</strong>de, em 1997 o Governo Federal criou<br />

o Programa Nacional de Informática na Educação PRO<br />

INFO, iniciativa volta<strong>da</strong> para a introdução <strong>da</strong> <strong>tecnologia</strong><br />

de informática na rede pública de ensino. A proposta <strong>da</strong>


19<br />

informática educativa foi uma forma de aproximar a<br />

cultura escolar dos avanços que a socie<strong>da</strong>de já vinha<br />

desfrutando. Esse programa implantou, até o final de<br />

1998, 119 Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE)<br />

em 27 Estados e Distrito Federal e capacitou, por<br />

intermédio de cursos de especialização em Informática<br />

em Educação (360 horas), cerca de 1419<br />

multiplicadores para atuarem nos NTEs. Os NTEs são<br />

estruturas descentraliza<strong>da</strong>s, de apoio ao processo de<br />

informatização <strong>da</strong>s escolas, auxiliando tanto no<br />

processo de incorporação e planejamento <strong>da</strong> nova<br />

<strong>tecnologia</strong>, quanto no suporte técnico e na capacitação<br />

dos professores e <strong>da</strong>s equipes administrativas <strong>da</strong>s<br />

escolas (MEC, 2002).<br />

Os princípios norteadores dos NTEs são:<br />

• Melhorar a quali<strong>da</strong>de do processo de ensino -<br />

aprendizagem;<br />

• Possibilitar a criação de uma nova ecologia cognitiva<br />

nos ambientes escolares mediante incorporação<br />

adequa<strong>da</strong> <strong>da</strong>s novas <strong>tecnologia</strong>s de informação<br />

pelas escolas;


20<br />

• Propiciar uma educação volta<strong>da</strong> para o<br />

desenvolvimento cientifico e tecnológico;<br />

• Educar para uma ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia global numa socie<strong>da</strong>de<br />

tecnologicamente desenvolvi<strong>da</strong>.<br />

Enquanto isso, em algumas instituições priva<strong>da</strong>s,<br />

segundo Silva e Marchelli (2005), a construção e a<br />

montagem de laboratórios de Informática têm se<br />

pautado por critérios ligados quase exclusivamente ao<br />

marketing, com o objetivo de atrair novos alunos. Os<br />

autores acima citados, afirmam que, em muitas<br />

escolas, primeiro o laboratório de informática é criado,<br />

para depois se decidir o que vai ser feito com ele.<br />

O computador aparece muito mais como parte<br />

figurativa de uma fictícia "escola moderna" do que para<br />

contribuir efetivamente com a rotina dos processos<br />

pe<strong>da</strong>gógicos. Admitem os autores, que existem<br />

também instituições mais consequentes, que estão<br />

fazendo <strong>da</strong> informática motivo de avanço do seu<br />

trabalho pe<strong>da</strong>gógico, e engajando-se na moderni<strong>da</strong>de<br />

de forma consequente e lúci<strong>da</strong>. Esta situação é<br />

possível com o envolvimento do educador no processo


21<br />

de utilização desse novo recurso colocado a sua<br />

disposição.<br />

Segundo Valente (2003), é necessário que o<br />

educador seja preparado para integrar a informática<br />

nas ativi<strong>da</strong>des pe<strong>da</strong>gógicas, levando-se em<br />

consideração quatro pontos fun<strong>da</strong>mentais:<br />

1) O computador amplia as possibili<strong>da</strong>des <strong>da</strong><br />

construção do conhecimento, o que leva o<br />

educador a reflexão do seu papel diante desse<br />

novo contexto;<br />

2) To<strong>da</strong> proposta deve estar adequa<strong>da</strong> a reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

escola ou instituição de ensino;<br />

3) Ao educador cabe, assim como ao aluno, ter<br />

condições de construir conhecimento<br />

4) Referente ao recurso proposto; o educador deve ter<br />

claras quais as necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> sala-de-aula e os<br />

objetivos que quer alcançar e, a partir disso, fazer<br />

<strong>uso</strong> consciente do recurso.


22<br />

2.1 EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA<br />

Frequentemente ouve-se falar que estamos<br />

vivendo a era <strong>da</strong> Informática. Segundo Schaff (2008),<br />

estamos vivendo a segun<strong>da</strong> revolução técnicoindustrial.<br />

A primeira revolução a que o autor se refere diz<br />

respeito à substituição <strong>da</strong> força física do homem pela<br />

energia <strong>da</strong>s máquinas e a segun<strong>da</strong> consiste na<br />

ampliação <strong>da</strong>s capaci<strong>da</strong>des intelectuais do homem<br />

que, por sua vez, também são substituí<strong>da</strong>s pela<br />

máquina pelo prisma educacional, é possível afirmar<br />

que estamos vivendo a era <strong>da</strong> aprendizagem,<br />

considerando-se a grande e súbita quanti<strong>da</strong>de de<br />

informações disponíveis que já é, indiscutivelmente,<br />

maior do que no passado.<br />

Desde há alguns anos, o <strong>uso</strong> comercial e<br />

industrial do microcomputador faz parte do<br />

conhecimento de todos, porém ninguém esperava que<br />

o mesmo viesse a integrar o dia-a-dia <strong>da</strong>s pessoas em<br />

tão pouco tempo e <strong>da</strong> forma intensa como acontece<br />

hoje em dia. Essa revolução tecnológica traz consigo<br />

um novo padrão de conhecimento e uma radical<br />

transformação nas formas de produção, sistematização


23<br />

e veiculação <strong>da</strong> informação, o que produz mu<strong>da</strong>nças<br />

também nas relações sociais.<br />

Na educação, o <strong>uso</strong> <strong>da</strong> Informática tem provocado<br />

discussões que giram em tomo <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças na<br />

forma de aprender, de ensinar, do acesso às<br />

informações, <strong>da</strong>s novas posturas a serem adota<strong>da</strong>s<br />

diante do advento <strong>da</strong> <strong>tecnologia</strong>, antes mesmo que os<br />

professores possam se preparar para utilizá-lo, o<br />

computador está presente dentro <strong>da</strong> escola, impondo<br />

um desafio do qual não se tem como fugir.<br />

Como ocorre em todo processo de mu<strong>da</strong>nça, a<br />

resistência se faz presente também nesse contexto e<br />

vem causando impactos, ao mesmo tempo em que<br />

gera desafios para o educador. Assim, mesmo<br />

reconhecendo os benefícios que a informática de um<br />

modo geral vem trazendo à educação, é preciso<br />

considerar que a presença de certos recursos não<br />

garante melhorias no processo educacional se não for<br />

observado o compromisso com a quali<strong>da</strong>de do serviço<br />

prestado. A Internet, por exemplo, é hoje utiliza<strong>da</strong><br />

amplamente na educação, mas não está claro se isto<br />

está nos conduzindo a um sistema educacional pior ou<br />

melhor do que já temos (Papert, 2013). O simples


24<br />

acesso à rede, assim como a qualquer outra<br />

<strong>tecnologia</strong>, não assegura por si só melhorias na<br />

quali<strong>da</strong>de do ensino, que depende de inúmeros fatores.<br />

Educadores e educandos podem contar com a<br />

Internet como um grande aliado: muita informação está<br />

disponível na rede, porém, existe urna preocupação<br />

crescente acerca desse conteúdo, de forma a<br />

transformar essa informação em conhecimento e<br />

oferecer ao usuário um serviço de quali<strong>da</strong>de que,<br />

sobretudo, vá ao encontro do interesse dos que o<br />

procuram, admitindo acesso desde a pesquisas<br />

escolares até as mais recentes publicações do campo<br />

acadêmico.<br />

Na área de Geociências e possível encontrar<br />

vários sites que divulgam informações e links<br />

relacionados. Além disso, várias iniciativas têm sido<br />

toma<strong>da</strong>s por profissionais e pesquisadores no sentido<br />

de disponibilizar a educadores e educandos não só<br />

informações como também recursos didáticos para o<br />

desenvolvimento de conteúdos de Geociências. Sabese<br />

que os recursos de Informática aplicados à<br />

educação não constituem a solução dos problemas<br />

educacionais existentes, porém, eles podem


perfeitamente contribuir para a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de<br />

do ensino.<br />

25<br />

É notório em nossa reali<strong>da</strong>de que grande parte<br />

<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s em salas de aulas é<br />

centra<strong>da</strong> no educador, que detém a iniciativa e a<br />

liderança para definir a metodologia de aprendizagem<br />

adota<strong>da</strong>.<br />

Em um contexto onde o desenvolvimento <strong>da</strong><br />

ativi<strong>da</strong>de se dá somente por exposição verbal,<br />

exigindo-se do educando a memorização dos<br />

conteúdos, é vetado a ele a possibili<strong>da</strong>de de<br />

desenvolver seu potencial criativo, que poderia ser<br />

despertado por meio <strong>da</strong> adoção de outras estratégias,<br />

com o <strong>uso</strong> de outros recursos: o computador, por<br />

exemplo.<br />

O computador pode ser utilizado como ferramenta<br />

educacional e, como tal, deve ser caracterizado não<br />

como um instrumento que ensina, mas como uma<br />

ferramenta com a qual se desenvolve algo, propiciando<br />

um ambiente de ensino-aprendizagem baseado na<br />

resolução de problemas.<br />

[...] “Como ferramenta, o computador<br />

pode ser a<strong>da</strong>ptado aos diferentes estilos<br />

de aprendizado, aos diferentes níveis de


.<br />

26<br />

capaci<strong>da</strong>de e interesse intelectual, as<br />

diferentes situações de ensino<br />

aprendizagem, inclusive <strong>da</strong>ndo margem<br />

a criação de novas abor<strong>da</strong>gens."<br />

(VALENTE 2003 P. 137)<br />

Espera-se, assim, que o <strong>uso</strong> do computador como<br />

ferramenta fará com que o educando seja capaz de<br />

usar o conhecimento existente, tomando-se um<br />

pensador ativo e crítico, além de fazer com que<br />

reconheça seu potencial intelectual, utilizando-o no<br />

desenvolvimento de habili<strong>da</strong>des e na aquisição de<br />

novos conhecimentos, o que certamente não<br />

acontecem com o simples acesso à <strong>tecnologia</strong>.<br />

O alcance desses objetivos depende <strong>da</strong> maneira<br />

como essa ferramenta utiliza<strong>da</strong> e do desafio que possa<br />

representar para o educando. Assim, o educador<br />

precisa ser preparado para desempenhar o papel de<br />

mediador na construção do conhecimento do aluno, a<br />

fim de não fazer deste recurso uma ferramenta para<br />

informatizar a educação do jeito que está.<br />

A introdução <strong>da</strong> Tecnologia <strong>da</strong> Informação (TI) na<br />

escola tem também a função de preparar os educandos<br />

para a nova socie<strong>da</strong>de, cujas características básicas<br />

estão centra<strong>da</strong>s nas novas formas de criação


27<br />

disponíveis no mercado, acesso e utilização do<br />

conhecimento e <strong>da</strong> informação. Nesse processo, a<br />

memorização de conteúdos cede lugar a capaci<strong>da</strong>de<br />

de localizar, buscar e obter a informação.<br />

É evidente que, por melhores que sejam as novas<br />

<strong>tecnologia</strong>s e, em particular, o computador, elas jamais<br />

substituirão o educador na sua função específica de<br />

orientar, dirigir e avaliar o processo de construção do<br />

conhecimento do educando. Além disso, o<br />

desenvolvimento do educando não pode ficar restrito<br />

ao nível intelectual-cognitivo, mas deve englobar sua<br />

formação integral, na quali<strong>da</strong>de de ci<strong>da</strong>dão, sujeito<br />

ético-histórico; essa dimensão só pode se desenvolver<br />

plenamente no nível específico <strong>da</strong>s relações<br />

interpessoais, estabeleci<strong>da</strong>s entre educador e<br />

educando.<br />

A Informática na Educação deve ser usa<strong>da</strong> como<br />

meio e não como fim, ou seja, o <strong>uso</strong> dessa <strong>tecnologia</strong><br />

só poderá ser eficiente se os profissionais envolvidos<br />

estiverem comprometidos com uma educação de<br />

quali<strong>da</strong>de, na qual a possibili<strong>da</strong>de de construção de um<br />

conhecimento é amplia<strong>da</strong> de tal maneira que o<br />

educando dê início a um processo no qual seu modo


28<br />

de pensar tornar-se-á naturalmente inter ou<br />

multidisciplinar.<br />

Como ferramenta, segundo Valente (2003), o<br />

computador não é um instrumento que ensina ao aluno,<br />

mas a ferramenta com a qual o aluno desenvolve algo<br />

e, portanto, o aprendizado ocorre pelo fato de estar<br />

executando uma tarefa por intermédio do computador.<br />

Nesse processo, o aluno ouve os pontos de vista<br />

dos outros, o que o aju<strong>da</strong>rá a desenvolver os próprios;<br />

contribui com o grupo apresentando ideias e<br />

experiências, constrói argumentações significativas<br />

quando não concor<strong>da</strong>r ou não compreender<br />

determina<strong>da</strong>s ideias; relaciona os aspectos teóricos<br />

com aspectos do cotidiano para melhorar a própria<br />

prática além de sentir prazer em aprender, pois a<br />

aprendizagem não precisa ser penosa, pode ser um<br />

espaço para a felici<strong>da</strong>de.<br />

O educando tem, assim, oportuni<strong>da</strong>de de<br />

desenvolver várias habili<strong>da</strong>des e competências, o que,<br />

segundo Perrenoud (2010), é a capaci<strong>da</strong>de de fazer<br />

<strong>uso</strong> de vários recursos, de forma criativa e inovadora, a<br />

fim de enfrentar uma determina<strong>da</strong> situação. Habili<strong>da</strong>de,<br />

por sua vez, é considera<strong>da</strong> como algo menos amplo do


29<br />

que a competência de tal forma que a competência<br />

seria constituí<strong>da</strong> por várias habili<strong>da</strong>des. Para Toro<br />

(2008), dentre as habili<strong>da</strong>des, destacam-se o domínio<br />

<strong>da</strong> leitura, a escrita e as diversas linguagens utiliza<strong>da</strong>s<br />

pelo homem; análise e interpretação de <strong>da</strong>dos, fatos e<br />

situações, sendo um aspecto essencial para que se<br />

possa expor o próprio pensamento, oralmente ou por<br />

escrito; a compreensão <strong>da</strong> sua reali<strong>da</strong>de e atuação<br />

sobre ela, a formação e informação para atuar como<br />

ci<strong>da</strong>dãos; a viabili<strong>da</strong>de do educando organizar-se para<br />

defender seus interesses; solucionar problemas por<br />

intermédio do diálogo e <strong>da</strong> negociação, respeitando as<br />

normas estabeleci<strong>da</strong>s; trabalhar para tornar possíveis<br />

todos os direitos humanos; ser crítico diante dos meios<br />

de comunicação, para entende-los e assim usá-los com<br />

critério para obter informações; localizar, acessar e<br />

usar melhor a informação acumula<strong>da</strong>.<br />

Segundo Papert (2013), as <strong>tecnologia</strong>s de<br />

informação, desde a televisão até os computadores e<br />

to<strong>da</strong>s as suas combinações, abrem oportuni<strong>da</strong>des sem<br />

precedentes para a ação a fim de melhorar a quali<strong>da</strong>de<br />

do ambiente de aprendizagem. Em um contexto de<br />

grande progresso <strong>da</strong> ciência e <strong>da</strong> <strong>tecnologia</strong>, são


notáveis grandes mu<strong>da</strong>nças em várias áreas <strong>da</strong><br />

ativi<strong>da</strong>de humana, como a telecomunicação, a<br />

medicina e os transportes, porém a escola é um<br />

exemplo de uma área que não mudou tanto.<br />

30<br />

Para Papert, (2013), as mu<strong>da</strong>nças que ocorreram<br />

não alteraram substancialmente a natureza <strong>da</strong> escola.<br />

O advento dos recursos tecnológicos na<br />

Educação, com destaque para a Informática, vem<br />

despertando muitas discussões a respeito do seu <strong>uso</strong>,<br />

visto que, assim como no <strong>uso</strong> de qualquer outro<br />

recurso, não garantia de sucesso.<br />

A construção e o desenvolvimento <strong>da</strong>s<br />

habili<strong>da</strong>des e competências volta<strong>da</strong>s para a formação<br />

do aluno dependem não só dos recursos utilizados,<br />

mas também <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong>de do educador em refletir<br />

sobre sua própria prática, dispondo-se a incorporar um<br />

novo componente no processo de sua própria<br />

formação. Para Pais (2007),<br />

"[...] com o advento <strong>da</strong> Internet, cresce a<br />

ca<strong>da</strong> dia a necessi<strong>da</strong>de de um novo<br />

desafio docente que é a competência de<br />

trabalhar com informações, ter<br />

competência para pesquisa-las,<br />

associa<strong>da</strong>s e aplicai-las as situações de<br />

interesse do sujeito do conhecimento”.<br />

(PAIS 2009 p. 126).


31<br />

De modo geral, o <strong>uso</strong> desta ferramenta requer<br />

nova postura do educador em função <strong>da</strong> autonomia<br />

que ela oferece ao aluno. É claro que além dos<br />

benefícios que a informática pode trazer à educação,<br />

há também os desafios a serem superados e isso vai<br />

depender em parte <strong>da</strong> percepção <strong>da</strong>s condições<br />

existentes que surgem com o próprio <strong>uso</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>tecnologia</strong>.<br />

Essa preocupação não é novi<strong>da</strong>de. Ao analisar o<br />

funcionamento <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de e suas implicações na<br />

Educação, Rousseau (Neto, 2011), defendia que a<br />

Educação deveria se aproximar de uma vi<strong>da</strong> livre para<br />

que a criança pudesse desenvolver suas<br />

potenciali<strong>da</strong>des. Transpondo essa situação para os<br />

dias de hoje, nos depararmos com a seguinte situação:<br />

Nove entre dez profissionais <strong>da</strong> educação afirmam que<br />

um dos maiores entraves do ofício reside no descaso<br />

com a autori<strong>da</strong>de do professor por parte <strong>da</strong>s novas<br />

gerações. (Aquino, 2013). Isso revela uma <strong>da</strong>s<br />

dificul<strong>da</strong>des que o educador enfrenta no<br />

desenvolvimento de ativi<strong>da</strong>des que utilizam a<br />

Informática como ferramenta.


32<br />

Como proceder numa situação onde o educando<br />

tem a sua frente uma gama enorme de informações,<br />

apresenta<strong>da</strong>s de forma atrativa e que impõem uma<br />

postura diferencia<strong>da</strong> tanto do educador quando do<br />

educando.<br />

O descaso anteriormente citado se deve<br />

possivelmente ao desconhecimento de que a noção de<br />

autori<strong>da</strong>de se constrói aos poucos e também que as<br />

ações escolares que se preten<strong>da</strong>m democráticas<br />

necessitam ser continuamente negocia<strong>da</strong>s e<br />

reinventa<strong>da</strong>s.<br />

Para Aquino (2013), é aí que desponta a proposta<br />

do contrato pe<strong>da</strong>gógico, que significa organizar<br />

conjuntamente as rotinas de trabalho e de convivência<br />

(o que e como será feito). São estratégias de<br />

consagração dos diferentes papéis de educador e<br />

educando, que devem passar por mu<strong>da</strong>nças,<br />

principalmente no que diz respeito à comunicação entre<br />

os envolvidos. Não se trata de fixar regras rígi<strong>da</strong>s;<br />

muito pelo contrário, elas devem estar em constante<br />

revisão, recor<strong>da</strong>ndo ou reformulando os acordos.<br />

Deixando claro o que será feito e de que forma, "o<br />

respeito mútuo, o exercício livre do pensar e a alegria


33<br />

de tomar parte <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> escolar, são consequências"<br />

(Aquino, 2013).<br />

Os contratos pe<strong>da</strong>gógicos constituem a<br />

aprovação dos diferentes papéis de educador e<br />

educando que no contexto aqui apresentado, do <strong>uso</strong> <strong>da</strong><br />

Tecnologia de Informação como ferramenta<br />

pe<strong>da</strong>gógica, devem passar por mu<strong>da</strong>nças,<br />

principalmente no que diz respeito à comunicação entre<br />

os envolvidos.<br />

2.2 A INFORMÁTICA E OS PARÂMETROS<br />

CURRICULARES NACIONAIS – PCNS<br />

Com o <strong>uso</strong> <strong>da</strong> TI como ferramenta pe<strong>da</strong>gógica no<br />

processo de construção do conhecimento, o educador<br />

ocupa um papel de mediador entre o educando e o<br />

conhecimento, entre o educando e seus pares. É neste<br />

contexto que os Parâmetros Curriculares Nacionais -<br />

PCNs - orientam a revisão ou a elaboração de<br />

currículos nos estados e municípios, visto que foram<br />

criados com o objetivo de: [...] “propiciar aos sistemas<br />

de ensino, particularmente aos professores, subsidies a<br />

elaboração e/ ou reelaboração do currículo, visando a


34<br />

construção do projeto pe<strong>da</strong>gógico, em função <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia do aluno." (BRASIL -MEC, 2014 p. 214).<br />

Além disso, na elaboração dos PCNs foram<br />

levados em conta os fatores culturais, sociais e<br />

econômicos do Brasil. Segundo esse documento, o<br />

ensino fun<strong>da</strong>mental tem como principal objetivo<br />

propiciar a todos a formação básica para a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, a<br />

partir <strong>da</strong> criação, na escola, de situações de<br />

aprendizagem que possibilitem o pleno domínio do<br />

cálculo, <strong>da</strong> leitura e <strong>da</strong> escrita, como meio básico para<br />

o exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia; a compreensão do meio<br />

natural e social, do sistema político, <strong>da</strong> <strong>tecnologia</strong>, <strong>da</strong>s<br />

artes e dos valores em que a socie<strong>da</strong>de se<br />

fun<strong>da</strong>menta. O desenvolvimento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de<br />

aprendizagem, tendo em vista a aquisição de<br />

conhecimentos e habili<strong>da</strong>des e a formação de atitudes<br />

e valores, o fortalecimento dos vínculos <strong>da</strong> família, <strong>da</strong>s<br />

noções de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de e de tolerância reciproca em<br />

que se assenta a vi<strong>da</strong> social.<br />

Segundo os PCNs (2007) o educando públicoalvo<br />

do presente trabalho, está vivendo urna fase de<br />

grandes transformações físicas, cognitivas e<br />

emocionais. Esta se questionando e questionando o


35<br />

mundo a seu redor. Quanto mais espaço ele tiver para<br />

debater e discutir, mais rapi<strong>da</strong>mente encontrará<br />

respostas para suas questões. Por isso, recomen<strong>da</strong>-se<br />

que o educando encontre na sala de aula um espaço<br />

para se expressar expor suas opiniões, ouvir e<br />

respeitar as opiniões dos colegas.<br />

No caso do ensino de Geografia, é interessante<br />

que se perceba que o mundo é dinâmico e passível de<br />

transformações. Quando o educando se familiariza com<br />

as leis que regulam o tempo atmosférico, as estações<br />

do ano e os climas, pode compreender as relações<br />

dessas leis com as diversas paisagens vegetais, com<br />

os vários tipos de solo e com a organização <strong>da</strong>s bacias<br />

hidrográficas. Mas isso não é suficiente. Ao estu<strong>da</strong>r um<br />

ecossistema, não se pode perder de vista as alterações<br />

humanas e as formas de organização social que se<br />

estruturam em seu interior.<br />

Para Azevedo (2010), partir do espaço em que o<br />

educando vive é muito estimulante e aju<strong>da</strong> a<br />

compreender que a Geografia faz parte do cotidiano.<br />

Segundo os PCNs (2007), é um momento de<br />

grande desafio ao educador quando urna ver<strong>da</strong>deira<br />

abundância de temas pode ser trabalha<strong>da</strong>, mas


36<br />

embora exista urna multiplici<strong>da</strong>de temática e a<br />

necessi<strong>da</strong>de de estu<strong>da</strong>r a Geografia pelo enfoque dos<br />

processos e interações numa abor<strong>da</strong>gem humanista<br />

plural, não-fragmenta<strong>da</strong>, mas essencialmente<br />

sociocultural, o educador pode ampliar também a sua<br />

possibili<strong>da</strong>de de oferecer aos educandos maior<br />

sistematização do conhecimento de sua área. Portanto,<br />

os já conhecidos princípios do estudo geográfico, a<br />

observação e a descrição, as interações e as<br />

explicações de territoriali<strong>da</strong>de, a extensão e a analogia<br />

continuam a ser importantes procedimentos de<br />

aprendizagem. Esses procedimentos, somados a<br />

ampla possibili<strong>da</strong>de de <strong>uso</strong> de recursos didáticos, entre<br />

eles a Tecnologia <strong>da</strong> Informação, podem ser mais<br />

profun<strong>da</strong>mente utilizados pelo educador para que<br />

possa criar intervenções significativas que despertem e<br />

ao mesmo tempo consolidem os conhecimentos<br />

geográficos do aluno, como urna forma de saber<br />

particular, mas ao mesmo tempo articulado com outras<br />

áreas. É o momento de ir além <strong>da</strong>quilo que os<br />

educandos já sabem, seja por experiência <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

cotidiana, seja por influência dos espaços de<br />

identificação ou dos meios de comunicação.


37<br />

2.3 CONSTRUTIVISMO E SÓCIO-INTERACIONISMO<br />

Os fun<strong>da</strong>mentos teóricos dos PCNs são o<br />

construtivismo e o sócio-interacionismo.<br />

Segundo Azevedo (2010), o construtivismo é uma<br />

teoria psicope<strong>da</strong>gógica que diz respeito ao modo como<br />

o indivíduo constrói o seu conhecimento. Essa<br />

construção se dá pela ação do sujeito sobre o objeto do<br />

conhecimento, mas é importante destacar que para<br />

essa ação ele traz suas experiências e seus<br />

conhecimentos prévios. O estudo sobre a teoria<br />

construtivista tem como base as pesquisas de Jean<br />

Piaget, (2001), um biólogo com preocupações<br />

essencialmente epistemológicas.<br />

Segundo Piaget (2001), o conhecimento não pode<br />

ser concebido como algo predeterminado desde o<br />

nascimento, nem como simples registro de percepções<br />

e informações. O conhecimento é consequência <strong>da</strong>s<br />

ações e <strong>da</strong>s interações do sujeito com o objeto de<br />

conhecimento, seja do mundo físico, seja do mundo <strong>da</strong><br />

cultura. Para Piaget, o ideal <strong>da</strong> educação não é<br />

aprender ao máximo, maximizar os resultados, mas é<br />

antes de tudo aprender a aprender: e aprender a


38<br />

desenvolver-se e aprender a continuar a se<br />

desenvolver depois <strong>da</strong> escola.<br />

O sócio-interacionismo tem como foco o<br />

desenvolvimento do indivíduo e <strong>da</strong> espécie humana<br />

como resultado de um processo sócio histórico.<br />

Para Lev Vygotsky Azevedo, (2003) é o grupo<br />

social que fornece o material que possibilita o<br />

desenvolvimento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des psicológicas. Isso<br />

significa que se deve analisar o reflexo do mundo<br />

exterior no mundo interior dos indivíduos a partir <strong>da</strong><br />

interação destes com a reali<strong>da</strong>de.<br />

De acordo com os conceitos desenvolvidos por<br />

Vygotsky (2003), o aprendizado envolve sempre a<br />

interação com outros indivíduos e a interferência direta<br />

ou indireta deles. O objeto de estudo de Vygotsky era o<br />

desenvolvimento humano a partir do processo histórico<br />

que o indivíduo está vivendo. Em seus estudos, esse<br />

autor apontou um outro nível de desenvolvimento, além<br />

do nível pessoal, que ele chamou de proximal ou<br />

potencial. Trata-se do nível em que alguém não<br />

consegue fazer determina<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de sozinho, mas<br />

com a aju<strong>da</strong> de outra pessoa é capaz de realizá-la. Isto<br />

significa que esse indivíduo não tem total autonomia,


39<br />

mas já tem elementos que possibilitam a realização <strong>da</strong><br />

tarefa. A partir desse conceito, chega-se à conclusão<br />

que:<br />

• O processo é mais importante que o produto;<br />

• O educador desempenha o papel de mediador<br />

entre aluno e conhecimento e não apenas o de<br />

mero transmissor de conhecimentos;<br />

• A aprendizagem não é um ato solitário, mas de<br />

interação com o outro;<br />

• A aprendizagem exige planejamento e constante<br />

reorganização por parte <strong>da</strong> escola;<br />

• A reorganização de experiências deve levar em<br />

conta o volume de colaboração do qual o aluno<br />

ain<strong>da</strong> necessita para poder produzir<br />

determina<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des de forma independente;<br />

• O diálogo deve ser permanente, permeando o<br />

trabalho escolar;<br />

• A ideia de que a classe deve ser homogênea é<br />

abandona<strong>da</strong>.


40<br />

Enquanto para Piaget o conhecimento se dá a<br />

partir <strong>da</strong> ação do sujeito sobre a reali<strong>da</strong>de, para<br />

Vygotsky esse mesmo sujeito não somente age sobre a<br />

reali<strong>da</strong>de, mas interage com ela, construindo seus<br />

conhecimentos a partir <strong>da</strong>s relações intrapessoais e<br />

interpessoais. Na troca com outros sujeitos e consigo<br />

mesmo ele internaliza conhecimentos, papeis e<br />

funções sociais.<br />

Para Piaget, a aprendizagem depende do estágio<br />

de desenvolvimento atingido pelo sujeito, enquanto,<br />

para Vygotsky, a aprendizagem favorece o<br />

desenvolvimento <strong>da</strong>s funções mentais.<br />

Entretanto, apesar <strong>da</strong>s diferenças entre a posição<br />

teórica dos dois cientistas, ambos enfatizam a<br />

necessi<strong>da</strong>de de compreensão <strong>da</strong> gênese dos<br />

processos cognitivos. Além disso, eles, igualmente, não<br />

consideram os processos psicológicos como resultados<br />

estáticos que se expressam em medi<strong>da</strong>s quantitativas,<br />

pois tanto Piaget como Vygotsky valorizam a interação<br />

do indivíduo com o ambiente e veem o indivíduo como<br />

sujeito que atua no processo de seu próprio<br />

desenvolvimento.


41<br />

2.4 FUNDAMENTOS DE UMA PEDAGOGIA DE<br />

PROJETOS<br />

A metodologia de ensino por projetos pelo <strong>uso</strong> do<br />

computador é uma referência para a condução do<br />

trabalho didático em Informática. Entretanto, essa<br />

metodologia não é uma novi<strong>da</strong>de na história <strong>da</strong><br />

educação, pois já se encontrava entre as propostas <strong>da</strong><br />

Escola Nova (Chaves, 2002), cujo principal objetivo era<br />

preparar o jovem para suas futuras responsabili<strong>da</strong>des e<br />

para o sucesso na vi<strong>da</strong>, fazendo relação entre os<br />

processos <strong>da</strong> experiência real e a educação.<br />

A proposta <strong>da</strong> "metodologia de projetos" surgiu no<br />

início do século XX, com os filósofos e educadores<br />

americanos John Dewey e William Kilpatrick. Dewey<br />

acreditava que, mais do que uma preparação para a<br />

vi<strong>da</strong>, a educação era a própria vi<strong>da</strong>. Assim, aprende-se<br />

participando, vivenciando sentimentos, tomando<br />

atitudes diante de fatos, escolhendo procedimentos<br />

para atingir determinados objetivos e ensina-se não só<br />

pelas respostas <strong>da</strong><strong>da</strong>s, mas principalmente pelas<br />

experiências proporciona<strong>da</strong>s, pelos problemas criados,<br />

pela ação desencadea<strong>da</strong>, tendo em vista a<br />

complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> questão metodológica. É conveniente


42<br />

ressaltar que a opção por determinado método significa<br />

a escolha consciente de um caminho e de um conjunto<br />

de valores, os quais devem conduzir a busca do<br />

conhecimento. Na dimensão política, a metodologia<br />

indica também um conjunto de procedimentos pelos<br />

quais se espera chegar ao saber, mas não se pode<br />

fixar, previamente, todos os detalhes do caminho a ser<br />

percorrido.<br />

Segundo Simões (2009), os projetos se<br />

constituem em planos de trabalho e em um conjunto de<br />

tarefas que podem proporcionar uma aprendizagem em<br />

tempo real e diversifica<strong>da</strong>. Além de favorecer a<br />

construção <strong>da</strong> autonomia e <strong>da</strong> autodisciplina, o trabalho<br />

com projetos pode tornar o processo de aprendizagem<br />

mais dinâmico, significativo e interessante para o<br />

educando, deixando de existir a imposição dos<br />

conteúdos de maneira autoritária. A partir <strong>da</strong> escolha<br />

de um tema, o educando realiza pesquisas, investiga,<br />

registra <strong>da</strong>dos, formula hipóteses, tomando-se sujeito<br />

do seu próprio conhecimento.<br />

A proposta <strong>da</strong> metodologia de projetos reflete<br />

conceitos construtivistas de Piaget e Vygotsky, e mais<br />

recentemente, o construcionismo de Papert.


43<br />

Para iniciar um projeto, o educando deverá<br />

possuir algum conhecimento prévio sobre o tema<br />

proposto, levando em consideração que este se<br />

encontra dentro de seu foco de interesse e que possui<br />

esquemas cognitivos que serão "modificados" no<br />

decorrer do projeto, proporcionando a aprendizagem<br />

dita significativa.<br />

Para Nogueira (2007), no desenrolar <strong>da</strong>s etapas<br />

do projeto muitas situações e problemas se<br />

desencadeiam, assim também como novas<br />

descobertas surgindo assimilações e espera-se que<br />

novos esquemas se formem.<br />

De acordo com Simões (2009) a Pe<strong>da</strong>gogia de<br />

Projetos tem fornecido subsídios para uma pe<strong>da</strong>gogia<br />

única, centra<strong>da</strong> na criativi<strong>da</strong>de e nas ativi<strong>da</strong>des dos<br />

educandos, numa perspectiva mais de construção do<br />

que de transmissão do conhecimento. Dessa maneira,<br />

o "Método de Projetos" de Dewey e Kilpatrick,<br />

considerado então um "método" passa agora a ser<br />

visto como uma postura pe<strong>da</strong>gógica, uma "forma de<br />

repensar a pratica pe<strong>da</strong>gógica e as teorias que lhe dão<br />

sustentação" (Simões, 2009). Mais do que uma técnica<br />

atraente para transmissão dos conteúdos, tem sido


44<br />

proposto como uma mu<strong>da</strong>nça na maneira de pensar e<br />

repensar a escola e o currículo, a política pe<strong>da</strong>gógica,<br />

o ensino e em especial, a aprendizagem.<br />

Atualmente, a aplicação <strong>da</strong> metodologia de<br />

projetos no processo de ensino aprendizagem tem<br />

encontrado apoio na utilização <strong>da</strong>s novas <strong>tecnologia</strong>s,<br />

principalmente na Informática e especificamente nas<br />

mídias interativas. Em países como o Canadá e<br />

Estados Unidos, a aprendizagem basea<strong>da</strong> em projetos,<br />

organiza<strong>da</strong> mediante a utilização de redes de<br />

computadores e <strong>da</strong> Internet tem trazido motivação<br />

entre os aprendizes, fortalecido a cooperação entre<br />

eles e especialmente, tem <strong>da</strong>do mais significado ao<br />

processo de aprendizagem (Gregoire & Laferriere,<br />

2012).<br />

O trabalho na perspectiva de projetos parte de<br />

uma visão segundo a qual o conhecimento <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de<br />

constitui um processo ativo, no qual os educandos vão<br />

conseguindo interpretar a reali<strong>da</strong>de e <strong>da</strong>r-lhe<br />

significado, compreendendo-a ca<strong>da</strong> vez mais<br />

profun<strong>da</strong>mente.


45<br />

Trata-se de um processo ativo e participativo.<br />

Simões (2009) enumera as seguintes características de<br />

um projeto:<br />

• É um processo educativo desencadeado por uma<br />

questão que favorece a análise, a interpretação e a<br />

crítica, que estimula o confronto de pontos de vista.<br />

• A aprendizagem acontece a partir <strong>da</strong> interação<br />

entre o educando e o objeto de conhecimento,<br />

dentro de um contexto com sentido e significado.<br />

No projeto predomina a cooperação:<br />

• Educadores e educandos assumem o papel de<br />

pesquisadores.<br />

• O projeto estabelece conexões entre as<br />

informações, questionando a ideia de uma versão<br />

única <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de.<br />

• O educando trabalha com diferentes tipos de<br />

informação.<br />

• O projeto permite que educadores e educandos<br />

percebam que há diferentes formas e caminhos<br />

para o aprendizado.<br />

• O projeto permite ain<strong>da</strong> que educadores e<br />

educandos passem a agir com flexibili<strong>da</strong>de, a


46<br />

acolher a diversi<strong>da</strong>de e a compreender sua<br />

reali<strong>da</strong>de pessoal e cultural.<br />

Desse modo, a postura do educando não é de<br />

espectador ou receptor de informações, mas sim de<br />

agente que investigou, estruturou, apresentou,<br />

sintetizou, analisou e avaliou a informação, <strong>da</strong>ndo<br />

significado a sua aprendizagem, seguindo as<br />

orientações do educador.<br />

Ao participar de um projeto, o educando está<br />

envolvido em uma experiência em que o processo de<br />

construção de conhecimento está integrado as práticas<br />

vivencia<strong>da</strong>s. Segundo Gregoire & Laferriere (2012),<br />

trabalhar com projetos nos quais os participantes estão<br />

conectados através de uma rede de computadores,<br />

suscita algumas questões práticas incluindo a<br />

viabili<strong>da</strong>de desse tipo de abor<strong>da</strong>gem e, mais<br />

especificamente, os objetivos que podem ser<br />

alcançados e o que pode ser aprendido. Com base em<br />

recentes experiências, Gregoire & Laferriere (2012)<br />

fizeram as seguintes observações a respeito do<br />

trabalho com projetos:


47<br />

1) Os projetos mais bem-sucedidos foram aqueles que<br />

se relacionavam aos interesses e a vi<strong>da</strong> dos<br />

educandos;<br />

2) O <strong>uso</strong> educacional <strong>da</strong>s redes de computadores e a<br />

introdução ao trabalho cooperativo estão entre os<br />

objetivos do trabalho com projetos. Observa-se que<br />

alguns projetos fazem disso o seu objetivo prioritário;<br />

3) Com a aju<strong>da</strong> do educador/mediador, o tema inicial<br />

torna-se um trampolim para um progressivo avanço<br />

de aprendizagem, que permite ao educando<br />

aprofun<strong>da</strong>r-se em um determinado conhecimento;<br />

4) A abor<strong>da</strong>gem basea<strong>da</strong> em projetos promove o <strong>uso</strong><br />

de múltiplos métodos de trabalho e estratégias<br />

educacionais;<br />

5) O resultado final de um projeto é consistente como<br />

processo possui uma quali<strong>da</strong>de coletiva e<br />

proporciona uma prova <strong>da</strong> assimilação alcança<strong>da</strong><br />

em relação aos objetivos de aprendizagem<br />

identificados.<br />

Com relação ao segundo item, Gregoire &<br />

Laferrierre (2012) salientam que é importante não<br />

confundir a habili<strong>da</strong>de em manusear um computador ou<br />

um software com a habili<strong>da</strong>de para pesquisar,


48<br />

identificar e classificar <strong>da</strong>dos relevantes. O fato de os<br />

educandos li<strong>da</strong>rem confortavelmente com a <strong>tecnologia</strong><br />

não garante que eles estejam habilitados para usarem<br />

metódica e efetivamente os computadores no processo<br />

de aprendizagem. De fato, Gregoire & Laferriere (2012)<br />

afirmam que muitos educadores que usam a <strong>tecnologia</strong><br />

<strong>da</strong>s redes de computadores, para trabalhar com a<br />

metodologia de projetos, descrevem ser necessário<br />

haver uma introdução dos educandos e também deles<br />

próprios, no <strong>uso</strong> educacional dessa ferramenta<br />

tecnológica, bem como um amadurecimento do<br />

processo de trabalho cooperativo. Essa introdução<br />

envolve, por exemplo, uma habilitação para dividir um<br />

projeto, empregar computadores para exploração,<br />

entendimento e comunicação, comparação de <strong>da</strong>dos<br />

de diferentes fontes e interação uns com os outros.<br />

Sob essa perspectiva, pode-se concluir que os<br />

"projetos não se reduzem a escolha de um tema para<br />

trabalhar em to<strong>da</strong>s as áreas, nem a uma lista de<br />

objetivos e etapas" (Simões, 2009).<br />

Eles refletem uma visão na qual a experiência<br />

vivi<strong>da</strong> e a cultura sistematiza<strong>da</strong> interagem, conforme<br />

teorizado por Vygotsky. Os projetos geram


49<br />

necessi<strong>da</strong>des de aprendizagem de novos conteúdos<br />

que poderão ser aprofun<strong>da</strong>dos e sistematizados em<br />

módulos de aprendizagem que, por sua vez,<br />

repercutirão sobre as experiências e intervenções dos<br />

aprendizes em outras situações não só <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> escolar,<br />

mas também em situações de sua vi<strong>da</strong> cotidiana,<br />

inseri<strong>da</strong> em seu próprio contexto social.<br />

Para Chaves (2002), a pe<strong>da</strong>gogia de projetos de<br />

aprendizagem procura evitar que os educandos sejam<br />

obrigados a deixar de lado sua imaginação e sua<br />

criativi<strong>da</strong>de ao entrar na escola, incentivando-os a<br />

pensar em coisas que gostariam de aprender e de<br />

fazer. Isso nos remete a metodologia adota<strong>da</strong> na<br />

Escola <strong>da</strong> Ponte, descrita por Rubem Alves (2005) em<br />

que, dentre tantas particulari<strong>da</strong>des, os alunos<br />

aprendem formando pequenos grupos com interesse<br />

comum por um assunto retinem-se com a professora e<br />

juntos estabelecem um programa de trabalho, sendo<br />

orientados sobre como e quais recursos fazer <strong>uso</strong>.<br />

Ao final de um período, o grupo se reúne para<br />

avaliar o que aprenderam se considerarem satisfatório,<br />

aquele grupo se dissolve e forma-se outro para estu<strong>da</strong>r<br />

outro assunto, caso contrário, o grupo continua o


50<br />

trabalho. Assim, o aluno sente-se motivado a<br />

desenvolver os conteúdos que vão ao encontro <strong>da</strong>s<br />

suas expectativas e de seus interesses, participando<br />

ativamente do processo de construção do<br />

conhecimento.<br />

Em nossa reali<strong>da</strong>de não é diferente. É possível ao<br />

educador procurar maneiras de, com base nos<br />

interesses de seus alunos, tornar a ativi<strong>da</strong>de útil no<br />

desenvolvimento de competências e habili<strong>da</strong>des<br />

básicas importantes para que vivam vi<strong>da</strong>s autônomas,<br />

produtivas e responsáveis.<br />

Além disso, como já foi dito, a pe<strong>da</strong>gogia de<br />

projetos procura evitar que a aprendizagem se torne<br />

algo passivo, puramente verbal e teórico, e, por<br />

conseguinte, desinteressante, abrindo o maior espaço<br />

possível para a participação ativa dos educandos, tanto<br />

na concepção e na elaboração dos projetos, quanto na<br />

sua implementação e na sua avaliação, pois a<br />

participação dos educandos nos projetos pode motivalos<br />

efetivamente (por estar relaciona<strong>da</strong> com seus<br />

interesses) como também tornar a sua aprendizagem<br />

ativa e significativa. Por fim, a pe<strong>da</strong>gogia de projetos de<br />

aprendizagem procura restabelecer um vínculo entre a


51<br />

aprendizagem que acontece na escola e a vi<strong>da</strong> dos<br />

educandos, pois os projetos que eles escolhem ou<br />

sugerem parte, inevitavelmente, de questões<br />

relaciona<strong>da</strong>s a sua vi<strong>da</strong> e a sua experiência que lhes<br />

parecem importantes e sobre as quais eles se<br />

interessam em aprender mais.<br />

Porém, a reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> educação, hoje, demonstra<br />

que não o tem sido orienta<strong>da</strong> para o desenvolvimento<br />

de competências e habili<strong>da</strong>des nos alunos, mas, sim,<br />

para a absorção, por parte deles, de conteúdos<br />

informacionais: fatos, conceitos e procedimentos.<br />

Os currículos utilizados por sua vez, não são<br />

centrados na análise e na tentativa de solucionar<br />

problemas, mas em disciplinas, que são o repositório<br />

<strong>da</strong>s informações menciona<strong>da</strong>s, e que, em geral, são<br />

apresenta<strong>da</strong>s aos alunos de forma abstrata, totalmente<br />

desvincula<strong>da</strong> dos problemas fun<strong>da</strong>mentais que um dia<br />

levaram o ser humano a se interessar por esse tipo de<br />

questão.<br />

Esse modelo ou paradigma de educação acabou<br />

alcançando na escola condição de hegemonia, porém,<br />

na reali<strong>da</strong>de ele contradiz virtualmente tudo o que


52<br />

sabemos sobre o que efetivamente motiva os<br />

educandos a aprender e como eles de fato aprendem.<br />

Quando se propõe que a educação seja orienta<strong>da</strong><br />

para desenvolver competências, o que se pretende e<br />

que o aprendizado escolar se organize não mais em<br />

função de conteúdos informacionais a serem<br />

transmitidos, mas, sim, em função de competências e<br />

habili<strong>da</strong>des que as crianças devam desenvolver em<br />

continui<strong>da</strong>de com as competências e habili<strong>da</strong>des que<br />

vinham desenvolvendo na fase pré-escolar.<br />

O papel dos educadores, nesse contexto, e<br />

acompanhar a elaboração e a implementação dos<br />

projetos, procurando verificar, em ca<strong>da</strong> projeto, quais<br />

competências e habili<strong>da</strong>des importantes o aluno está,<br />

ou poderia estar desenvolvendo ao longo <strong>da</strong><br />

elaboração, <strong>da</strong>s implementações e <strong>da</strong>s avaliações dos<br />

projetos de aprendizagem em que se envolve.<br />

Mais importante ain<strong>da</strong> do que essa função de<br />

aju<strong>da</strong>r o aluno a encontrar informações seria, em<br />

primeiro lugar a função de manter uma conexão<br />

constante entre o desenvolvimento dos projetos de<br />

aprendizagem e o desenvolvimento de competências e<br />

habili<strong>da</strong>des básicas nos alunos.


53<br />

Um dos objetivos <strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gogia dos projetos é<br />

permitir que a aprendizagem dos alunos tenha um<br />

ponto de ancoragem firme nos interesses e nas<br />

necessi<strong>da</strong>des dos alunos. Com isso, não há porque se<br />

preocupar com a sua motivação. Este, porém, é um<br />

ponto de parti<strong>da</strong>, o ponto de chega<strong>da</strong> é o<br />

desenvolvimento de competências e habili<strong>da</strong>des<br />

básicas pelos alunos.<br />

Quase todo projeto, hoje em dia, precisa ser<br />

redigido, colocado em linguagem e formato adequado,<br />

apresentado a outras pessoas (em forma escrita ou<br />

oral), defendido, especialmente de recursos escassos<br />

são necessários para sua implementação, e assim por<br />

diante. Nesse processo, os educandos podem<br />

desenvolver várias competências e habili<strong>da</strong>des<br />

importantes, nas áreas de comunicação, de<br />

argumentação e em outras. Por exemplo: os alunos<br />

deverão aprender a expor suas ideias com clareza<br />

(comunicação oral, lógica), a colocá-las em linguagem<br />

e formato adequado (comunicação escrita), a<br />

apresentá-los em público de forma persuasiva e<br />

convincente (retórica), a defender o <strong>uso</strong> de recursos<br />

comuns na sua implementação (lógica), a criar um site


54<br />

para o projeto (comunicação, domínio de <strong>tecnologia</strong>), a<br />

buscar informações e conhecimentos necessários para<br />

sua implementação (pesquisa), a planejar as ativi<strong>da</strong>des<br />

dentro do tempo disponível e a cumprir cronogramas<br />

(administração do tempo), a abrir mão de outras<br />

ativi<strong>da</strong>des desejáveis para concluir o projeto, conforme<br />

priori<strong>da</strong>des defini<strong>da</strong>s (administração de priori<strong>da</strong>des),<br />

entre outros.<br />

Essas habili<strong>da</strong>des e competências lhes serão<br />

muito mais importantes, em sua vi<strong>da</strong>, do que um<br />

conjunto especifico de informações e conhecimentos. É<br />

aqui que se situa a competência de pensar<br />

criticamente, com habili<strong>da</strong>des de analisar informações,<br />

verificar suas credenciais epistemológicas, discernir<br />

quais informações são relevantes para a avaliação,<br />

saber levá-las em consideração no momento de<br />

decidir, e assim por diante. Mas, por fim, o educador<br />

teria a função de inspirar o educando (até mesmo pelo<br />

seu exemplo) e de ajudá-lo a vislumbrar novos<br />

horizontes.


Peter Drucker (2009) aponta a direção:<br />

55<br />

[...] “Nós sabemos que diferentes<br />

pessoas aprendem de maneira diferente;<br />

sabemos que, à reali<strong>da</strong>de, o [estilo de]<br />

aprendizado e tão pessoal quanto uma<br />

impressão digital. Não há duas pessoas<br />

que apren<strong>da</strong>m <strong>da</strong> mesma maneira. Ca<strong>da</strong><br />

um possa uma veloci<strong>da</strong>de diferente, um<br />

ritmo diferente, um grau de atenção<br />

diferente. ” (DRUCKER 2009 p. 194).<br />

Nesse contexto, a proposta aqui apresenta<strong>da</strong><br />

representa um passo na busca <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de, não só no<br />

que diz respeito ao <strong>uso</strong> <strong>da</strong> Tecnologia <strong>da</strong> Informação<br />

como um meio, mas também, pela análise que se<br />

dispõe a fazer <strong>da</strong>s interações ocorri<strong>da</strong>s entre os<br />

sujeitos do processo.<br />

2.5 INFORMÁTICA E AS ÁREAS DE<br />

CONHECIMENTOS<br />

Segundo os parâmetros Curriculares Nacionais<br />

(2010), normalmente o que seve na área de<br />

conhecimentos é o conteúdo transmitido aos alunos<br />

pelo discurso do professor ou pelo livro didático, o que<br />

é bastante usual em nosso sistema educacional,<br />

atingindo várias disciplinas. O desenvolvimento deste


56<br />

processo se dá sempre a partir de alguma noção ou<br />

conceito-chave de algum fenômeno que é descrito ou<br />

explicado de forma descontextualiza<strong>da</strong> <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de do<br />

aluno.<br />

Após a exposição ou trabalho de leitura, o<br />

professor avalia por meio de exercícios de<br />

memorização se os alunos aprenderam o conteúdo. Na<br />

ver<strong>da</strong>de, esta é urna característica do ensino<br />

tradicional, como afirma Saviani (2005): "as escolas (...)<br />

organiza<strong>da</strong>s na forma de classes, ca<strong>da</strong> uma contando<br />

com um professor que expunha as lições que os alunos<br />

seguiam atentamente e aplicava os exercícios que os<br />

alunos deveriam realizar disciplina<strong>da</strong>mente".<br />

“Nesse contexto, o <strong>uso</strong> do livro didático, visto<br />

como o lugar do saber definido, pronto, acabado,<br />

correto e, dessa forma, fonte Ultima de referências”<br />

(Vesentini, 2002), contribui para a insistência do<br />

educador nesse tipo de ação cuja forma de<br />

organização centra-se no professor que transmite e<br />

deposita nos alunos um conhecimento que segue uma<br />

graduação lógica, que Paulo Freire (2008) definiu como<br />

"educação bancária (...) em que a única margem de


57<br />

ação que se oferece aos educandos é a de receberem<br />

depósitos, guar<strong>da</strong>-los e arquivá-los".<br />

O livro didático deve ser usado como um<br />

instrumento a serviço do educador, a serviço de seus<br />

objetivos e propostas de trabalho. Trata-se de usá-lo<br />

criticamente, confrontando-o com outros livros, jornais<br />

e revistas e ver nesse recurso um apoio ou<br />

complemento para a relação ensino-aprendizagem que<br />

visa a integrar criticamente o educando ao mundo<br />

(Vesentini, 2002). Essa critici<strong>da</strong>de deve estar presente<br />

no <strong>uso</strong> de todo e qualquer recurso a ser utilizado no<br />

processo educativo.<br />

Porém, é possível encontrar espaço para busca<br />

de novos recursos e práticas pe<strong>da</strong>gógicas que<br />

permitam que os alunos construam compreensões<br />

novas e mais complexas acerca dos conteúdos<br />

didáticos. Essas práticas envolvem procedimentos de<br />

problematizações, registro, documentário,<br />

representação e pesquisa de fenômenos na busca de<br />

formulação de hipóteses e explicações <strong>da</strong>s relações,<br />

permanências e transformações, que servem para<br />

construir noções, explicar os fenômenos, levantar<br />

problemas e compreender as soluções propostas, ou


58<br />

seja, servem para o aluno conhecer e começar a<br />

operar com procedimentos e explicações.<br />

O <strong>uso</strong> de recursos <strong>da</strong> Tecnologia <strong>da</strong> Informação é<br />

uma <strong>da</strong>s opções que vem ganhando espaço nesse<br />

contexto, porém, isso pode gerar urna prática<br />

ineficiente no processo educativo, como afirma<br />

Carneiro (2010): "apesar <strong>da</strong>s vantagens desse recurso,<br />

deve-se lembrar que seu <strong>uso</strong> inadequado pode torná-lo<br />

tão repetitivo, passivo e desestimulante quanto certas<br />

aulas expositivas".<br />

O <strong>uso</strong> de diferentes recursos na busca de<br />

informações como forma de expressar interpretações,<br />

hipóteses e conceitos torna-se fun<strong>da</strong>mental para que o<br />

educando possa compreender, explicar e até mesmo<br />

representar os processos de construção do espaço e<br />

diferentes tipos de paisagens e territórios.<br />

Segundo Carneiro (2010), "o professor de tem<br />

sido convi<strong>da</strong>do a produzir suas próprias aulas com o<br />

apoio do computador como alterativa para melhorar<br />

sua comunicação com os estu<strong>da</strong>ntes". Diante dessa<br />

nova possibili<strong>da</strong>de de <strong>uso</strong> de um novo recurso, e<br />

exigi<strong>da</strong> do educador uma postura também diferencia<strong>da</strong>,<br />

pois já não existe espaço para a plena aceitação <strong>da</strong>s


59<br />

informações conti<strong>da</strong>s nos livros didáticos ou no<br />

discurso usado desde o primeiro ano de aula, após a<br />

conclusão <strong>da</strong> graduação. É preciso que o educador<br />

considere o novo perfil do educando, os recursos<br />

tecnológicos presentes nas escolas e o <strong>uso</strong> crítico de<br />

ca<strong>da</strong> um deles.


60<br />

3. PROPOSTA METODOLÓGICA<br />

A ideia central deste trabalho é a de que tanto a<br />

aplicação <strong>da</strong> Tecnologia <strong>da</strong> Informação, por<br />

educadores e educandos, quanto o desenvolvimento e<br />

apropriação de linguagens computacionais adequa<strong>da</strong>s<br />

podem auxiliar o processo de formação de ci<strong>da</strong>dãos<br />

capazes de utilizar o raciocínio nas diversas áreas do<br />

conhecimento do nível fun<strong>da</strong>mental.<br />

A partir <strong>da</strong> experiência do autor, em parte relatado<br />

neste estudo, propõe-se o <strong>uso</strong> dos recursos <strong>da</strong><br />

Tecnologia <strong>da</strong> Informação de uma forma capaz de levar<br />

o educando a construção do seu conhecimento. Para<br />

isso, e importante que o professor adote o papel de<br />

mediador entre o recurso utilizado e o aluno,<br />

conduzindo o processo de acordo com os objetivos a<br />

serem alcançados.<br />

Barbosa (2008) assinala que o professor deveria<br />

"atuar de forma mais ativa e crítica frente a processos<br />

de adoção de informática no ensino, inclusive como<br />

forma de valorizar seu papel profissional e importância<br />

social". É dele, professor, a responsabili<strong>da</strong>de de optar<br />

entre aperfeiçoar o <strong>uso</strong> <strong>da</strong> <strong>tecnologia</strong> disponível ou


61<br />

simplesmente informatizar sua aula expositiva. Nesse<br />

papel, o professor deve também se dispor de fato a<br />

aprender com seu aluno que, diante de tantas<br />

informações, certamente levantará questões cujas<br />

respostas buscarão juntos.<br />

Cabe ao professor discutir com o aluno a<br />

problemática do "copiar - colar" e propor ativi<strong>da</strong>des que<br />

usem a pesquisa de forma que esta possa contribuir de<br />

fato para o crescimento e construção coletiva do<br />

conhecimento.<br />

Nesse contexto, dependendo <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong>de<br />

de recursos, o <strong>uso</strong> destes deverá ser feito conforme a<br />

necessi<strong>da</strong>de. O professor poderá realizar juntamente<br />

com o grupo o levantamento <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des para o<br />

desenvolvimento do projeto, engajando-os no<br />

processo. A convivência é fun<strong>da</strong>mental para alcançar<br />

os objetivos estabelecidos inicialmente. A partir <strong>da</strong>í, é<br />

proposta a coleta de <strong>da</strong>dos, fazendo <strong>uso</strong> <strong>da</strong> Internet e<br />

diversos softwares em uma ativi<strong>da</strong>de de pesquisa, que<br />

será usa<strong>da</strong> como subsídio para as discussões com o<br />

grupo.<br />

Discussões abertas devem acontecer em todos os<br />

encontros, a fim de que o professor possa avaliar o


62<br />

desenvolvimento do trabalho, inserir o <strong>uso</strong> de novos<br />

recursos e levar os alunos a refletir sobre o<br />

encaminhamento do processo, além de propor<br />

alterações no planejamento de acordo com as<br />

necessi<strong>da</strong>des. A partir <strong>da</strong>s informações coleta<strong>da</strong>s, o<br />

grupo deve ser orientado a utilizá-las como referência<br />

na construção de textos, elaboração de apresentações<br />

e demais sugestões apresenta<strong>da</strong>s pelo grupo, de forma<br />

que demonstrem a compreensão dos <strong>da</strong>dos.<br />

As ativi<strong>da</strong>des até aqui propostas repetir-se-ão até<br />

que haja a integralização desejável referente ao<br />

conteúdo proposto. A finalização do projeto deve estar<br />

contempla<strong>da</strong> no planejamento e admite diversas<br />

formas de expressão. Assim, o aluno constrói seu<br />

conhecimento fazendo <strong>uso</strong> dos recursos tecnológicos<br />

disponíveis e exercitando o ser ci<strong>da</strong>dão, consciente de<br />

seus direitos e deveres.


63<br />

3.1 A TECNOLOGIA NA VIDA DA ESCOLA<br />

As novas <strong>tecnologia</strong>s <strong>da</strong> informação oferecem<br />

alternativas de educação à distância, o que possibilita a<br />

formação contínua, trabalhos cooperativos e<br />

interativos. Podem ser ferramentas importantes para<br />

desenvolver trabalhos cooperativos que permitam a<br />

atualização de conhecimentos, a socialização de<br />

experiências e a aprendizagem permanente. (BRASIL,<br />

2014).<br />

A incorporação <strong>da</strong>s inovações tecnológicas só<br />

tem sentido se contribuir para a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de<br />

do ensino. A simples presença de novas <strong>tecnologia</strong>s na<br />

escola não é, por si só, garantia de maior quali<strong>da</strong>de na<br />

educação, pois a aparente moderni<strong>da</strong>de pode<br />

mascarar um ensino tradicional baseado na recepção e<br />

na memorização de informações.<br />

A concepção de ensino e aprendizagem revela-se<br />

na prática de sala de aula e na forma como professores<br />

e alunos utilizam os recursos tecnológicos disponíveis -<br />

- livro didático, giz e lousa, televisão ou computador. A<br />

presença de aparato tecnológico na sala de aula não<br />

garante mu<strong>da</strong>nças na forma de ensinar e aprender. A<br />

<strong>tecnologia</strong> deve servir para enriquecer o ambiente


64<br />

educacional, propiciando a construção de<br />

conhecimentos por meio de uma atuação ativa, crítica e<br />

criativa por parte de alunos e professores.<br />

Portanto, pode-se dizer que a <strong>tecnologia</strong> veio para<br />

enriquecer o ambiente de sala de aula, e proporcionar<br />

ao aluno a capaci<strong>da</strong>de de tornar-se independente e<br />

procurar o professor como um assistente no <strong>uso</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>tecnologia</strong>.<br />

Nesta conclusão, tem-se o computador que<br />

permite novas formas de trabalho, possibilitando a<br />

criação de aprendizagem em que os alunos possam<br />

pesquisar, fazer antecipações e simulações, confirmar<br />

ideias prévias, experimentar, criar soluções e construir<br />

novas formas de representação mental. (BRASIL,<br />

2014).<br />

O computador é, ao mesmo tempo, uma<br />

ferramenta e um instrumento de mediação. É uma<br />

ferramenta porque permite ao usuário realizar<br />

ativi<strong>da</strong>des que, sem ele, seriam muito difíceis ou<br />

mesmo impossíveis. Alguns exemplos de ativi<strong>da</strong>des<br />

podem ser:


65<br />

• Construir objetos virtuais, ou seja, construir<br />

imagens, sites, etc., que existem potencialmente na<br />

tela do computador;<br />

• Editar textos de jornais, revistas, livros, utilizando<br />

recursos sofisticados de construção, diagramação<br />

e editoração eletrônica.<br />

Dessa forma, conclui-se que o aluno em sala de<br />

aula, com o <strong>uso</strong> do computador ou <strong>da</strong> <strong>tecnologia</strong>,<br />

poderá efetuar diversas ativi<strong>da</strong>des, e uma delas neste<br />

estudo de caso será a de publicar eletronicamente os<br />

seus textos ou os seus trabalhos padroniza<strong>da</strong>mente<br />

com a orientação do bibliotecário-pesquisador, e<br />

supostamente interagindo com os professores, após<br />

assimilar a metodologia e técnica aplica<strong>da</strong> no<br />

desenvolver do nosso estudo.<br />

3.2 A <strong>COM</strong>UNICAÇÃO NA CONTRIBUIÇÃO DO<br />

ENSINO<br />

A escola ficou um pouco atrás na briga pela<br />

”audiência”, por não conseguir acompanhar as<br />

transformações ocorri<strong>da</strong>s no mundo e principalmente<br />

nos meios de comunicação de massa. Sendo mais<br />

lenta para processar mu<strong>da</strong>nças, estará sempre um


66<br />

passo atrás. Não desprezando as escolas com projetos<br />

educacionais mais modernos, com os olhos voltados<br />

para o futuro, que tentam incorporar em seu projeto<br />

pe<strong>da</strong>gógico o <strong>uso</strong> de novas <strong>tecnologia</strong>s, fala-se de seu<br />

<strong>uso</strong> integrado, lembrando que não é só ter<br />

computadores em salas de aula e sim estabelecer uma<br />

nova relação meio-aluno. E se tudo o que é aprendido<br />

deve ser compartilhado, estabelecer também uma nova<br />

relação social no espaço educativo. (CUNHA, 2007).<br />

A escola hoje, estabelece uma relação com o<br />

aluno igual àquela de trinta anos atrás. Na era do<br />

computador, CD-ROM, PEN-DRIVE e Internet, ela<br />

ain<strong>da</strong> fala em lousa e giz. Fora <strong>da</strong> sala de aula existem<br />

outras atrações que chamam muito mais a atenção do<br />

aluno que a sala de aula. Na ver<strong>da</strong>de, a escola é quase<br />

como um comercial que aparece no meio do filme, e<br />

que, para que não se perca o que vem depois, não se<br />

mu<strong>da</strong> de canal e se assiste. (CUNHA, 2007).


67<br />

3.3 O USO DA INTERNET NA ESCOLA<br />

De acordo com Vianna (2002, p.37), “a Internet<br />

não é como uma biblioteca convencional: é um espaço<br />

cibernético, onde as informações não são<br />

seleciona<strong>da</strong>s, como ocorre nas bibliotecas” A autora<br />

enfatiza ain<strong>da</strong> que, consequentemente, existem sites<br />

na Internet com quali<strong>da</strong>de de conteúdo, enquanto<br />

existem sites que não apresentam qualquer<br />

contribuição para a formação do aluno.<br />

Embora a Internet traga um universo de<br />

informações que podem ser acessa<strong>da</strong>s ou navega<strong>da</strong>s<br />

no ciberespaço, ou seja, na rede, é um labirinto sem<br />

fim, e se torna um entretenimento acessá-las. Mas se o<br />

intuito for para o lado <strong>da</strong> pesquisa, que é nosso foco<br />

neste estudo, podemos concor<strong>da</strong>r com Vianna (2002,<br />

p.38), pois para encontrar “informações que possam<br />

ser utiliza<strong>da</strong>s, numa forma e num nível de<br />

compreensão adequados, então a Internet pode ser<br />

uma decepção. ”<br />

Para que estas informações sejam<br />

disponibiliza<strong>da</strong>s de forma criteriosa, seleciona<strong>da</strong>s com<br />

conteúdo ao aluno e organiza<strong>da</strong>s, seria necessário a<br />

interferência do bibliotecário-pesquisador, assim como


68<br />

é realiza<strong>da</strong> na forma <strong>da</strong> biblioteca tradicional, que<br />

seleciona, classifica, cataloga e organiza para deixar<br />

acessível às informações ao público.<br />

Tradicionalmente, sabe-se que as bibliotecas<br />

escolares brasileiras estão sendo extintas nas escolas<br />

e instituições públicas, pelo motivo de falta de<br />

infraestrutura no investimento <strong>da</strong>s mesmas.<br />

É fato que o governo brasileiro, especificamente o<br />

Ministério de Ciência e Tecnologia, através do<br />

programa Proinfo, programa que visa à introdução <strong>da</strong>s<br />

<strong>tecnologia</strong>s de informação e comunicação nas escolas<br />

públicas, investiu no passado, num período de três<br />

anos (1997-1999), cerca de aproxima<strong>da</strong>mente dois<br />

milhões e setecentos e noventa mil reais em<br />

equipamentos destinados a ligar as escolas públicas à<br />

Internet.<br />

E as bibliotecas como ficam? Será que tem<br />

investimentos para elas, no ensino público? É<br />

exatamente estas questões que nos intrigam, pois não<br />

adianta equipar e remodelar uma escola, seja ela<br />

pública, se o local essencial para realização dos<br />

estudos e pesquisas não esteja adequa<strong>da</strong>mente


69<br />

equipado e disponibilizado às pesquisas, ou seja, a<br />

biblioteca.<br />

Neste ponto, a implantação <strong>da</strong> Internet nas<br />

escolas será uma extensão <strong>da</strong> biblioteca tradicional<br />

para auxiliar o estu<strong>da</strong>nte na localização e consultas dos<br />

materiais, através <strong>da</strong> rede.<br />

É possível referenciar o pensamento de Carvalho<br />

(2008, p.33), quando menciona que “a escola ain<strong>da</strong><br />

não incorporou efetivamente a Internet como<br />

instrumento de aprendizagem. ”<br />

Baseado no estudo realizado pelo governo<br />

britânico, que duzentos e trinta milhões de libras, cerca<br />

de novecentos e trinta milhões de reais, o governo<br />

brasileiro, através do programa Proinfo, investiu no<br />

período de três anos cerca de 3% do investimento<br />

aplicado pelo governo britânico (Vianna, 2002, p.37).<br />

Constata-se através <strong>da</strong> afirmação de Carvalho<br />

(2008) e <strong>da</strong>dos levantados por Vianna (2002), que não<br />

adiantam investimentos na infraestrutura <strong>da</strong> <strong>tecnologia</strong>,<br />

como a inserção de equipamentos de rede e<br />

computadores, se não prepararmos adequa<strong>da</strong>mente os<br />

nossos alunos para o <strong>uso</strong> efetivo <strong>da</strong> biblioteca escolar.


70<br />

Deve-se incentivar o <strong>uso</strong> e a prática nas escolas<br />

para não acontecer definitivamente o seu enterro,<br />

conforme as críticas cita<strong>da</strong>s por Silva (2012) em sua<br />

obra sobre a biblioteca escolar.<br />

Empurrar inicialmente o aluno para a realização<br />

de suas pesquisas pela Internet é um grande erro,<br />

como já observado nos investimentos mencionados por<br />

Vianna (2002) pelo governo brasileiro. É necessário,<br />

antes de tudo, a capacitação e instrumentalização dos<br />

alunos quanto ao <strong>uso</strong> saudável <strong>da</strong> Internet nas<br />

pesquisas escolares.<br />

A organização de uma bibliografia básica nas<br />

bibliotecas escolares, indica<strong>da</strong>s pelos professores,<br />

mesmo que seja uma biblioteca a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> em sala de<br />

aula, que podemos chamar de biblioteca de classe, é<br />

necessária. Como já mencionado, a Internet irá<br />

complementar a biblioteca.<br />

Como enfoca Caldeira (2011, p.52), já discutido<br />

anteriormente, “uma biblioteca escolar, como outra de<br />

qualquer tipo, pressupõe a organização e a<br />

sistematização de um conjunto de documentos<br />

selecionados criteriosamente, sem vistas a atender à<br />

proposta pe<strong>da</strong>gógica <strong>da</strong> instituição que a mantém. ”


71<br />

Além do mais, o <strong>uso</strong> <strong>da</strong> Internet na biblioteca<br />

escolar, como já visto, embora seja uma excelente<br />

fonte de informação para a pesquisa escolar, não<br />

modificou a situação: os alunos continuam copiando<br />

trechos dos textos que encontram na rede. Com os<br />

recursos tecnológicos de que agora dispõem, muitos<br />

copiam, recortam e colam a informação e outros<br />

chegam a copiar páginas inteiras e entregá-las ao<br />

professor, sem sequer as ler.<br />

Este é um grande problema que se depara nos<br />

dias atuais no <strong>uso</strong> errado <strong>da</strong> Internet, sem oferecer ao<br />

aluno para uma finali<strong>da</strong>de pe<strong>da</strong>gógica.<br />

Com a construção <strong>da</strong> Biblioteca Escolar Digital<br />

(BED), talvez este problema seja sanado, pois, além de<br />

ter uma biblioteca digital, a constituição de recursos<br />

interativos multimídia facilitará o <strong>uso</strong> e acesso à<br />

biblioteca de forma mais dinâmica e construtivista<br />

forma<strong>da</strong> pelos alunos inseridos neste estudo.


72<br />

4. AMBIENTE INTERATIVO MULTIMÍDIA<br />

Para que se possa entender melhor do que se<br />

trata ambiente interativo multimídia, é necessário<br />

buscar conceitos ou até mesmo uma lógica histórica<br />

para entender o processo de trabalho com o termo<br />

multimídia, para a realização deste estudo.<br />

“O aperfeiçoamento dos computadores criou<br />

novas alianças entre vários segmentos <strong>da</strong> indústria <strong>da</strong><br />

comunicação, ampliando as ofertas de recursos e<br />

sugerindo uma múltipla utilização dos mesmos”. Essa<br />

combinação de meios usados simultaneamente, ain<strong>da</strong><br />

que produzidos isola<strong>da</strong>mente, foi denominado de<br />

multimídia, exatamente com referência às múltiplas<br />

possibili<strong>da</strong>des do <strong>uso</strong> dos vários recursos (mídias). A<br />

partir dos anos 90, surge a Multimídia, que engloba<br />

todo o espectro audiovisual.<br />

Ela passa a ser um conjunto de possibili<strong>da</strong>des de<br />

produção e utilização integra<strong>da</strong> de todos os meios de<br />

expressão e de comunicação, como desenhos,<br />

esquemas, fotografias, filmes, animações, textos,<br />

gráficos e sons, tudo isto coordenado por um programa<br />

de computador. A história <strong>da</strong> Multimídia confunde-se


73<br />

com a história <strong>da</strong>s interfaces e interativi<strong>da</strong>des no<br />

mundo <strong>da</strong> informática, pois nasceu praticamente junto<br />

com as interfaces gráficas, uma vez que reúne o <strong>uso</strong><br />

de texto, imagens, animações, vídeos e sons. A<br />

associação <strong>da</strong> Multimídia com o Hipertexto, como<br />

ocorre hoje nas páginas Webs, na maioria <strong>da</strong>s<br />

Multimídias, é a Hipermídia.<br />

A Multimídia é mídia sincroniza<strong>da</strong>, tais como<br />

imagens anima<strong>da</strong>s com som.<br />

Hipermídia é uma Multimídia interativa ou liga<strong>da</strong>.<br />

O Hipertexto com um tipo específico de hipermídia é<br />

texto interativo ou ligado. A viabili<strong>da</strong>de altamente<br />

amplia<strong>da</strong> do poder <strong>da</strong> computação tem permitido o<br />

aperfeiçoamento, a elaboração e a exploração <strong>da</strong>s<br />

ideias suportando a Hipermídia. O termo “Hipermídia”<br />

deveria, apropria<strong>da</strong>mente, referir-se aos conteúdos,<br />

como um vídeo interativo, que um sistema Hipermídia<br />

apresenta. Sistemas Hipermídia manipulam ligações<br />

entre pe<strong>da</strong>ços específicos de mídia e sincronizam<br />

estas mídias no tempo. ” (BUGAY; ULBRICHT, 2010,<br />

p.39-40).<br />

Segundo Paula Filho (2009, p.6), entende-se por<br />

multimídia “todos os programas e sistemas em que a


74<br />

comunicação entre homem e computador [...] que se dá<br />

[...] através de múltiplos meios de representação de<br />

informação, como som e imagem anima<strong>da</strong>, além <strong>da</strong><br />

imagem estática já usa<strong>da</strong> nos aplicativos gráficos.”<br />

Kenn (1996), citado por Smith; Macambyra (2012, p.12)<br />

diz que multimídia “é um termo genérico para a<br />

transmissão e manipulação de to<strong>da</strong>s as formas de<br />

informação, sejam palavras, imagens, vídeos, música,<br />

números ou escrita.” E para que a leitura <strong>da</strong> multimídia<br />

se concretize, supõe a presença do computador.<br />

Já Rowley (2009, p.165) comenta que multimídias<br />

“oferecem registros gráficos em movimento e sonoros<br />

e, frequentemente, a possibili<strong>da</strong>de de interação com o<br />

computador.”<br />

Uma definição que contempla tanto o conteúdo<br />

quanto as possibili<strong>da</strong>des de leitura é forneci<strong>da</strong> por<br />

Chaves (2002, p.34), definindo que “a multimídia se<br />

refere à apresentação ou recuperação de informações<br />

que se faz com o auxílio do computador, de maneira<br />

multissensorial, integra<strong>da</strong>, intuitiva e interativa<br />

Destaca-se destas diferentes colocações que o<br />

termo multimídia se refere tanto ao conteúdo dos


75<br />

documentos (texto, imagem e som), quanto às suas<br />

possibili<strong>da</strong>des de leitura interativa.<br />

Gookin; Wang e Buren (2008, p.248) explicam<br />

que multimídia ou multimídia, de origem <strong>da</strong> língua<br />

inglesa, “provavelmente será comum no futuro para<br />

todos os tipos de resgate de informações”, sejam<br />

armazenados em dispositivos como CD-ROM, ou como<br />

vemos atualmente, em DVD ou Pen-drive, que nos dias<br />

atuais comportam até 30 GB. de informações digitais.<br />

Concluindo, pode-se dizer que a multimídia<br />

requer, especificamente, o computador como meio de<br />

apresentação, devido às suas características únicas.<br />

Estas características podem ser:<br />

• O acesso não-linear – onde a informação é<br />

rapi<strong>da</strong>mente acessível de forma não-linear, ou seja,<br />

o usuário não fica preso a uma sequência de<br />

tempo, como o leitor de um livro, o ouvinte de uma<br />

palestra ou o espectador de um filme.<br />

• A interativi<strong>da</strong>de – onde a situação do usuário diante<br />

do computador pode não ser a de espectador<br />

passivo, mas de participante de uma ativi<strong>da</strong>de.<br />

• A integração com programas aplicativos – onde,<br />

dependendo do caso, o computador pode executar


76<br />

cálculos, pesquisas em base de <strong>da</strong>dos e outras<br />

tarefas normais de qualquer programa aplicativo.<br />

As características cita<strong>da</strong>s anteriormente marcam<br />

o processo de interação que o usuário deve ter para<br />

entrar no mundo multimídia. Os ambientes baseados<br />

na imagem anima<strong>da</strong> representam um passo seguinte<br />

no relacionamento entre homem e computador.<br />

No estudo apresentado para a construção <strong>da</strong> BED<br />

não se tem apenas a massificação do texto na tela do<br />

computador, através do hipertexto, mas também se faz<br />

<strong>uso</strong> <strong>da</strong>s imagens, dos desenhos, dos vídeos, dos<br />

efeitos de animação e do som, que garantirão a<br />

formação do ambiente interativo multimídia.<br />

4.1 AS IMAGENS <strong>COM</strong>O RECURSOS<br />

PEDAGÓGICOS<br />

Se em to<strong>da</strong>s as técnicas de aprendizagem se<br />

exige coordenação <strong>da</strong>s atuações pe<strong>da</strong>gógicas, nas<br />

relaciona<strong>da</strong>s com a leitura essa coordenação é<br />

imprescindível, como é o caso <strong>da</strong>s imagens<br />

(NOGUEROL, 2009).<br />

Nesse sentido, será tratado neste estudo de<br />

introduzir o universo interativo multimídia relacionado


77<br />

às imagens que podem ser trata<strong>da</strong>s como objeto de<br />

estudo e podendo ser um adendo à BED.<br />

Foi mencionado o BED pelo motivo <strong>da</strong> realização<br />

durante o treinamento com as crianças <strong>da</strong> inclusão dos<br />

desenhos realizados pela classe em sala de aula e que<br />

farão parte <strong>da</strong> biblioteca digital, isto é, após o<br />

tratamento textual e convergência <strong>da</strong>s imagens<br />

anexa<strong>da</strong>s ao texto, que poderão ser utiliza<strong>da</strong>s com um<br />

recurso pe<strong>da</strong>gógico para utilização em sala de aula.<br />

4.2 A UTILIZAÇÃO DOS DESENHOS NA SALA DE<br />

AULA<br />

Para os objetivos deste estudo, o desenho será<br />

tomado na sua possibili<strong>da</strong>de de registro dos trabalhos<br />

como representação gráfica, que os alunos<br />

desenvolverão para a construção <strong>da</strong> BED.<br />

Como ponto de parti<strong>da</strong>, este estudo se propõe a<br />

pesquisar algumas formas de representação gráfica, ou<br />

seja, a representação do desenho desenvolvidos pelos<br />

alunos para ilustrar a BED, do ponto de vista<br />

construtivista. Além disso, o olhar dos alunos na<br />

construção de desenhos ilustrativos, devem ser vistos


78<br />

como algo que irá despertar a criativi<strong>da</strong>de, bem como o<br />

desenvolvimento cognitivo no ambiente <strong>da</strong> BED.<br />

Desta forma, isto significa estabelecer uma<br />

compreensão <strong>da</strong> relação cognitiva do sujeito que<br />

desenha com o objeto desenhado, como já podemos<br />

observar na linha de raciocínio de Assis e Assis (2008),<br />

que descreve a ação do sujeito e do objeto. Segundo<br />

Derdyk (2007, p.50), “o desenho do adulto e o desenho<br />

<strong>da</strong> criança não são produções estanques. Ambos<br />

participam do patrimônio humano de aquisição de<br />

conhecimento, complementando-se, remetendo-se.<br />

Surgem <strong>da</strong>í muitos pontos de reflexão, de convergência<br />

e antagonismo, no confronto entre a produção gráfica<br />

infantil e o universo cultural do adulto.”<br />

Para Pimentel (2009, p.75), “quem desenha está<br />

pondo em ordem uma ideia e relacionando seus<br />

elementos entre si. A autora comenta ain<strong>da</strong> que o ato<br />

de desenhar não é um ato impessoal, neutro. É uma<br />

ativi<strong>da</strong>de que revela a percepção que o sujeito possui<br />

de uma reali<strong>da</strong>de objetiva e que faz parte de sua<br />

elaboração.”<br />

Pode-se dizer que o desenho é elemento<br />

extremamente expressivo na história do homem. Foi a


79<br />

primeira forma de registro e de representação deixa<strong>da</strong><br />

nas paredes <strong>da</strong>s cavernas – os desenhos rupestres<br />

(PIMENTEL, 2009).<br />

No estudo de tese proposto, o <strong>uso</strong> do desenho<br />

será tomando na sua possibili<strong>da</strong>de de registro e<br />

representação, que congrega a observação, a memória<br />

e a imaginação <strong>da</strong>quele que o elabora.<br />

Será utilizado a representação gráfica, traduzi<strong>da</strong><br />

no desenho, para ilustrar os textos que fazem parte <strong>da</strong><br />

BED. Incluir o desenho em sala de aula é fazer com<br />

que o aluno desperte a sua criativi<strong>da</strong>de e ilustre de<br />

forma clara e objetiva, a forma do desenho que fará<br />

para de seu texto escrito.<br />

Quando se idealiza a “gibiteca” digital a forma de<br />

representação social e cognitiva, que o desenho, é um<br />

elo entre o oral e o escrito que pode descobrir a<br />

capaci<strong>da</strong>de de raciocínio do aluno em sala de aula.


80<br />

4.3 O USO DO VÍDEO EDUCATIVO<br />

Nas práticas pe<strong>da</strong>gógicas não docentes empregase<br />

o filme em trabalhos com a comuni<strong>da</strong>de:<br />

exposições, conferências, festas, palestras, cursos, etc.<br />

Qualquer que seja a opção de se colocar o <strong>uso</strong> <strong>da</strong><br />

videoteca em prática deve-se ter a preocupação de<br />

satisfazer as necessi<strong>da</strong>des dos usuários, com suas<br />

limitações, certamente, mas com todo potencial de<br />

reflexão, de análise e de crítica estimulados por um<br />

educador que deve explorar, ao máximo, este recurso<br />

audiovisual.<br />

O filme pode, quando devi<strong>da</strong>mente explorado,<br />

auxiliar o educador e, principalmente, o educando no<br />

seu caminhar pe<strong>da</strong>gógico.<br />

Ressaltando que na<strong>da</strong> substitui a atuação<br />

consciente do educador, pois o vídeo é uma opção que<br />

ele pode utilizar para enriquecer ain<strong>da</strong> mais sua<br />

atuação didática. (PAVANELLI, 2005).


81<br />

4.4 O USO DO SOM (ÁUDIO)<br />

É notória a existência do som em todos os meios<br />

de comunicação, e por isso o <strong>uso</strong> do som em sala de<br />

aula é importante para que as crianças ou os alunos<br />

possam ter um referencial musical para acompanhar no<br />

auxílio dos trabalhos elaborados.<br />

De acordo com o ponto de vista de Wisnik (2005,<br />

p.17), sabe-se que “o som é on<strong>da</strong>, que os corpos<br />

vibram, que essa vibração se transmite para a<br />

atmosfera sob a forma de uma propagação ondulatória,<br />

que o nosso ouvido é capaz de captá-lo e que o<br />

cérebro a interpreta, <strong>da</strong>ndo-lhe configurações e<br />

sentidos. Assim, o som é o produto de uma sequência<br />

rapidíssima de impulsões e repo<strong>uso</strong>s, de impulsos e de<br />

que<strong>da</strong>s cíclicas desses impulsos, segui<strong>da</strong>s de sua<br />

reiteração. ”<br />

To<strong>da</strong> essa trajetória sobre o som é importante<br />

saber, pois do ponto de vista criativo, neste estudo os<br />

alunos poderão utilizar o próprio som para ser<br />

armazenado na BED, através <strong>da</strong> narrativa de estórias<br />

conta<strong>da</strong>s em sala de aula e que estarão disponíveis em<br />

forma de arquivo que serão disponibilizados na BED.


82<br />

O processo utilizado para executar esta técnica,<br />

será pela gravação do protocolo MIDI que “consiste em<br />

um conjunto de convenções para comunicação digital<br />

entre instrumentos musicais eletrônicos, como<br />

teclados, sintetizadores de máquinas de percussão e<br />

instrumentos convencionais a<strong>da</strong>ptados. ” Ain<strong>da</strong> assim,<br />

será possível que esse protocolo sirva também de base<br />

a uma forma de representação <strong>da</strong> música dentro do<br />

computador. (PAULA FILHO, 2009 p.151-152).<br />

Este sistema permitirá que o aluno grave o seu<br />

som, ou melhor, a sua voz claramente pela narrativa de<br />

textos, salvando os arquivos em formato MID ou MP3<br />

onde os arquivos têm formato aberto e podem ser<br />

utilizados como <strong>da</strong>dos de entra<strong>da</strong> e saí<strong>da</strong> para<br />

qualquer tipo de programas, e tornar a BED como uma<br />

depositária dos sons e narrações de acordo com o<br />

plano metodológico (catalogação, classificação,<br />

indexação e normalização) a ser desenvolvido no<br />

estudo.<br />

Do plano técnico segundo Paula Filho (2009,<br />

p.252), “a rede MIDI usa cabos e conectores<br />

padronizados, isolados opticamente dos instrumentos,<br />

para evitar interferências elétricas que possam ser


83<br />

audíveis. ” Resumindo, em um computador, ca<strong>da</strong> ponto<br />

MIDI externo, isto é, ca<strong>da</strong> conector de interface MIDI,<br />

suporta uma rede MIDI.<br />

4.5 MUITO ALÉM DA BIBLIOTECA<br />

Cabe neste tópico informar os rumos que tomarão<br />

a biblioteca tradicional, e como será o seu convívio no<br />

ambiente digital, ou seja, a sua parceria com a<br />

biblioteca digital.<br />

Paralelamente, veremos aqui a nossa proposta e<br />

ousadia de criação real <strong>da</strong> brinquedoteca digital, que<br />

envolverá a concepção de especialistas sobre a<br />

brinquedoteca tradicional, e também criação <strong>da</strong><br />

“gibiteca” digital e <strong>da</strong> videoteca digital, to<strong>da</strong>s fazendo<br />

parte do estudo principal: a biblioteca escolar digital.<br />

4.6 A BIBLIOTECA DIGITAL<br />

Falar em biblioteca digital, biblioteca virtual,<br />

biblioteca eletrônica, biblioteca sem paredes, se está<br />

praticamente referenciando conceitos para a nova<br />

biblioteca do futuro, excluindo a biblioteca tradicional.


84<br />

Deste assunto no atual momento, pode ficar o<br />

resto deste trabalho desmistificando o modo de como a<br />

biblioteca do futuro passa a interagir e a caminhar com<br />

a biblioteca tradicional.<br />

Comenta-se do desaparecimento <strong>da</strong> biblioteca<br />

tradicional, e em seu lugar a inclusão <strong>da</strong> biblioteca<br />

digital. Mas, isto não é a ver<strong>da</strong>de no contexto <strong>da</strong><br />

literatura vigente.<br />

Vários autores, ao definir a biblioteca digital,<br />

trazem variados conceitos, expondo as formas de<br />

acesso e constituição do acervo digital/eletrônico de<br />

uma determina<strong>da</strong> biblioteca.<br />

Para que este conteúdo seja concretizado,<br />

trazem-se esses conceitos com os diversos autores,<br />

para obter um conceitual abrangente ao que poderá ser<br />

a biblioteca escolar digital no decorrer do método a ser<br />

utilizado.<br />

Atualmente as reali<strong>da</strong>des impressas, virtuais e<br />

digitais convivem simultaneamente, não havendo um<br />

parâmetro de que essa ou aquela forma de acesso seja<br />

a melhor ou pior.<br />

Existem facili<strong>da</strong>des, como também as restrições,<br />

mas o que realmente importa é o desempenho e


85<br />

contribuição de ca<strong>da</strong> um desses formatos, no<br />

desenvolvimento do conhecimento humano.<br />

Virtual e digital são palavras diferentes, que antes<br />

possuíam a conotação de algo irreal, mas agora,<br />

analisa<strong>da</strong>s criticamente, temos consciência <strong>da</strong><br />

importância <strong>da</strong> definição de seus conceitos,<br />

principalmente por estarem inseridos no momento<br />

atual.<br />

A partir <strong>da</strong> conceituação de virtual e digital,<br />

propõe-se a analisar o contexto em que se inserem a<br />

biblioteca, os bibliotecários e o tratamento técnico dos<br />

documentos com as novas <strong>tecnologia</strong>s de informação e<br />

comunicação, procurando desmistificar algumas<br />

tendências que estabelecem barreiras para a<br />

possibili<strong>da</strong>de de convivência entre as formas impressas<br />

digitaliza<strong>da</strong>s, a biblioteca tradicional e a virtual, o<br />

bibliotecário e os sistemas automatizados de<br />

informação. (SANTOS; PASSOS; AMARAL, 2009).<br />

Busca-se estabelecer um consenso entre ca<strong>da</strong><br />

um dos itens tratados (informação impressa, virtual e<br />

digital), bem como colocar algumas considerações<br />

sobre a atuação e competências do bibliotecário, nessa


86<br />

transição de século, e levantar alguns fatores que<br />

possam influenciar no futuro <strong>da</strong>s bibliotecas.<br />

Uma <strong>da</strong>s exigências do mundo globalizado é a<br />

maior agili<strong>da</strong>de de acesso às informações através de<br />

vários mecanismos. Dispondo entre eles do acesso<br />

virtual, que permita a busca e consulta de <strong>da</strong>dos em<br />

catálogos em linha, sem contato físico.<br />

As palavras virtual e digital figuram em várias<br />

publicações. É importante termos seus significados<br />

definidos claramente, para não serem utilizados de<br />

forma aleatória por ocasião de alguma citação.<br />

A literatura apresenta as seguintes definições de<br />

virtual e digital:<br />

“A palavra virtual vem do latim medieval virtualis<br />

derivado por sua vez de virtus, força potência. O virtual<br />

tende a atualizar-se, sem ter passado, no entanto à<br />

concretização efetiva ou formal. ” (LEVY, 2007, p.15).<br />

Guattari (1992) citado por Levy (2007, p.17),<br />

apresenta a palavra virtual como “um universo de<br />

valores e de referência, ou complexi<strong>da</strong>de incorporal. ”.<br />

Filosoficamente, as definições de virtual são<br />

complexas, mas na aplicação desses conceitos no<br />

contexto biblioteconômico, se encontra algumas


87<br />

informações conceituais relevantes, que definem e<br />

estabelecem diferenças entre biblioteca tradicional,<br />

biblioteca virtual, biblioteca digital/eletrônica.<br />

Com referência à biblioteca virtual, Santos;<br />

Ribeiro (2007, p.17) fazem um alerta sobre a falta de<br />

existência de um consenso na literatura profissional a<br />

respeito de seu significado. “Para uns é a utopia do<br />

livre acesso à informação, outro entendimento<br />

considera os desafios que este novo cenário<br />

representa para a profissão. O conceito mais aceito de<br />

Biblioteca Virtual dá ênfase ao emprego universal de<br />

computação avança<strong>da</strong> em alta veloci<strong>da</strong>de e as<br />

possibili<strong>da</strong>des de telecomunicação de acesso e<br />

distribuição dos recursos informacionais. ”<br />

Vianna (2002) define a biblioteca virtual como<br />

algo que está voltado aquilo que, potencialmente, pode<br />

ocorrer ou ser realizado, mas que não existe como a<br />

coisa concreta. A biblioteca pode ser chama<strong>da</strong> de<br />

virtual quando ela possui as mesmas características de<br />

uma biblioteca concreta, mas que ao mesmo tempo<br />

não existe fisicamente.<br />

Pode-se afirmar que a biblioteca virtual existe a<br />

partir de uma biblioteca tradicional, o virtual é uma


88<br />

realização do concreto. O mesmo ocorre com a palavra<br />

digital, na conceituação básica, temos como digital a<br />

derivação do que venha a ser digitalizado, ou seja,<br />

transformação <strong>da</strong> forma impressa (concreta) para a<br />

forma magnética ou eletrônica pelo computador.<br />

Bax (2012, p.35), traz a seguinte definição de<br />

bibliotecas digitais: “as bibliotecas digitais são<br />

enti<strong>da</strong>des capazes de vencer as limitações naturais,<br />

espaço - temporais, impostas a objetos físicos (livros,<br />

estantes, salas, prédios), permitindo novas práticas de<br />

trabalho e oportuni<strong>da</strong>des. ”.<br />

Dessa forma constata-se que o digital e o virtual<br />

se apoiam a partir <strong>da</strong> existência concreta de uma<br />

biblioteca tradicional.


89<br />

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Diga-se que, deste estudo, analisando as<br />

vantagens que a BED irá proporcionar, pela falta de<br />

infraestrutura e do desmantelamento <strong>da</strong>s bibliotecas<br />

escolares brasileiras, com a aplicação desta<br />

metodologia, ou seja, a criação <strong>da</strong> BED em ca<strong>da</strong><br />

escola pública poderemos sanar uma grande parcela<br />

de prejuízos que os alunos <strong>da</strong> rede pública vivenciam.<br />

A <strong>tecnologia</strong> é um catalisador para a mu<strong>da</strong>nça<br />

nos processos de sala de aula, porque propicia um<br />

rumo diferente, uma mu<strong>da</strong>nça no contexto que sugere<br />

formas alternativas de operação. Ela pode impulsionar<br />

uma mu<strong>da</strong>nça de uma abor<strong>da</strong>gem instrucional<br />

tradicional para um conjunto mais eclético de ativi<strong>da</strong>des<br />

de aprendizagem, que inclui situações de construção<br />

de conhecimento para os alunos (SANDHOLTZ;<br />

RINGSTAFF; DWYER, 1997).


90<br />

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