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Marcelo Dominici Ferreira Med. Vet. Esp. em Nutrição de Ruminantes Representante Premix marcelodominici@outlook.com MERCADO DA CARNE PARA ONDE VÃO AS VACAS? A vaca além de ser a mãe dos bezerros é a mãe e o pai do mercado pecuário. Quando a reposição passa a ser ruim, ou seja, a relação de troca fica desfavorável, a mãe dos bezerros sai das escalas de abate, ficam nos pastos e alavanca ainda mais o mercado do boi. Num cenário de soberania do mercado interno de carnes e com a qualidade da carcaça de nossas matrizes ficava impossível o boi ter alta com a participação maciça da vaca no abate. Isso nada mais é o que acontecera até meados de 2013. Na última virada de ciclo, quando retomamos o cenário de alta, nos anos de 2007 e 2008, a oferta de bois ao abate ficou reduzida e a reposição comprometida. Isso ocorreu devido a falta de nascimentos gerado pela matança exagerada de matrizes a partir do ano de 2004, momento que o mercado apresentou os primeiros sintomas de queda. Bom, se faltam bezerros, por que continuar abatendo as matrizes? Dados publicados pelo IBGE em 30 de março de 2012, indicou que 34% dos bovinos abatidos nos frigoríficos do Brasil em 2011 eram fêmeas. Em anos de normalidade, como em 2002, isso não chegou a 23%. O ano de 2011 ficou próximo a 2006, pior ano do ciclo de baixa, quando a percentagem de fêmeas abatidas ultrapassou, em média, 37% em todo o país. No Tocantins, no mesmo ano esse número chegou a 48%. Em 2007, esse cenário foi interrompido e foi dado o início de um ciclo de quatro anos de redução no volume de abate de fêmeas. Em 2011, após quatro anos, com aumento do custo de produção e as condições climáticas severas estimulou a volta do abate de fêmeas. Segundo dados da Acrimat, Associação dos Criadores do Mato Grosso, estado onde o abate de vacas no primeiro trimestre de 2012 bateu novo recorde nacional, chegando a 51%. A justificativa se deu, além dos dois motivos supra citados, pelo aumento da área plantada e baixa rentabilidade da atividade pecuária. No Tocantins os motivos foram exatamente os mesmos. Bom, diante desse cenário mais uma vez o aumento do abate de fêmeas “empurrou” para a frente o problema da pecuária, que não tem o mesmo estoque de gado. A demanda por carne bovina está em constante alta e sustentaria os preços internos do boi gordo. Já resolvidos os velhos problemas das restrições russas, nosso maior mercado de dianteiro, e permanecendo acesa uma luz frente a crise nos países ricos, a carne irá faltar e o mercado sentirá mais uma vez falta de nossas vacas. Que sonho seria se elas apenas disputassem lugares nos pastos com as áreas de lavouras que não param de crescer. Lembre-se que em 2020 seremos 9 bilhões de habitantes no mundo com renda crescente. Especialistas dizem que nesse momento a carne bovina será artigo de luxo, tão valorizada quanto os valiosos grãos dourados de soja que estão sobre a terra. Diante desse cenário espera-se uma alta duradoura. Aliás, os mais otimistas dizem que já estamos nela. Segundo alguns analistas EDIÇÃO 05 | ANO 04| NOV/DEZ 2014 13