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Mb Rural Ed. 19

Edição especial sobre inovação no agronegócio.

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Cesar Augusto Figueiredo<br />

Engenheiro Agrônomo – Stoller<br />

cfigueiredo@stoller.com.br<br />

PASTAGENS<br />

ENTENDA OS CONCEITOS DE<br />

NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DE PASTAGENS<br />

O cenário para a pecuária em pasto no Brasil vem se desenhando de forma muito desafiadora e, ao mesmo tempo, cheio de oportunidades. O<br />

Brasil se tornou um dos principais fornecedores de carne bovina do mundo com abertura de mercados até então não explorados. O preço pago pela arroba<br />

da carne bovina tem se mantido elevado em 2014, animando os pecuaristas. Frente a esse cenário, este é o momento para se investir na atividade.<br />

No que diz respeito à pecuária de<br />

corte, o sistema produtivo brasileiro tem experimentado<br />

a aplicação crescente de tecnologia,<br />

principalmente no melhoramento genético, reprodução<br />

e nutrição animal. As pastagens são,<br />

no Brasil, a principal e mais econômica forma de<br />

alimentação volumosa do rebanho. Ainda sim,<br />

pelas características extensivas e pela tradição<br />

extrativista do pecuarista, não tem sido considerada<br />

na lista de investimentos da maioria dos<br />

produtores, o que resulta na realidade que enfrentamos<br />

hoje no país - onde a maioria das áreas<br />

de pastagem encontra-se em algum estágio de<br />

degradação. Além disso, a pressão pelo aumento<br />

de área da agricultura, principalmente pela cultura<br />

da soja e cana-de-açúcar, tem indicado que<br />

“o pasto vai virar lavoura”, seja pela substituição<br />

das áreas de pastagem pelas culturas agrícolas, ou<br />

pela visão do pecuarista em tratar o pasto como<br />

uma cultura, aplicando as tecnologias de forma<br />

semelhante.<br />

Pensando em aplicação de tecnologias<br />

na pastagem, o principal tema que deve ser considerado<br />

é a adubação. Quando o assunto é este,<br />

geralmente o que passa pela cabeça do pecuarista<br />

é a adubação nitrogenada. Porém, como também<br />

acontece na nutrição animal (inclusive humana),<br />

a prática de uma nutrição equilibrada deve levar<br />

em consideração o fornecimento adequado de<br />

todos os nutrientes visto que, se algum nutriente<br />

for limitante, o desenvolvimento será prejudicado<br />

como um todo, impedindo, no caso das plantas,<br />

o aumento de produtividade.<br />

Dessa forma, para a prática da adubação<br />

de pastagem com foco na nutrição vegetal,<br />

surge a necessidade de se trabalhar com todos<br />

os nutrientes essenciais ao desenvolvimento da<br />

planta, como os macronutrientes primários (nitrogênio,<br />

fósforo e potássio), macronutrientes<br />

secundários (cálcio, magnésio e enxofre) e também<br />

com os micronutrientes (boro, cloro, cobre,<br />

ferro, manganês, molibdênio, zinco, entre outros)<br />

que, apesar de serem exigidos em pequenas<br />

quantidades, possuem fundamental importância<br />

para o desenvolvimento de qualquer planta, inclusive<br />

das forrageiras.<br />

Na medida em que as pastagens evoluem<br />

para sistemas mais intensivos, com níveis<br />

de adubação mais elevados, os micronutrientes<br />

devem ser considerados na adubação do pasto,<br />

permitindo que o potencial genético da planta<br />

seja melhor explorado. Uma das dificuldades de<br />

se trabalhar com micronutrientes é a distribuição<br />

de forma homogênea em toda a área e na quantidade<br />

exata necessária para a cultura. Além disso,<br />

diversos fatores como pH do solo, adubação fosfatada<br />

e matéria orgânica dificultam a absorção<br />

dos micronutrientes pelas raízes. Portanto, uma<br />

das alternativas é fornecer os micronutrientes<br />

através de pulverização foliar, aumentando assim<br />

a eficiência de absorção desses nutrientes e colaborando<br />

para a nutrição equilibrada da planta.<br />

Esta prática já é muito difundida na<br />

agricultura e permite ganhos significativos em<br />

produtividade. No caso de pastagem, trata-se de<br />

uma tecnologia inovadora que deve ser aplicada<br />

com critérios. Em função disso, diversos trabalhos<br />

foram conduzidos e apresentaram ganhos<br />

médios da ordem de 30 % de incremento na<br />

produção de massa de forragem.<br />

Figura 1 – amostra de 1 m2 coletada em área testemunha<br />

(esquerda) e em área onde foram aplicados<br />

micronutrientes via pulverização foliar (direita).<br />

Panicum maximum cv. Mombaça, em Março/2014,<br />

na Fazenda Mariana, em Santa Fé do Araguaia/TO.<br />

forragem (figura 1).<br />

Em um trabalho realizado pelo Prof.<br />

Leandro Martins Barbero, da Universidade Federal<br />

de Uberlândia, cujo objetivo foi fornecer<br />

zinco e manganês de maneira crescente através<br />

de pulverização foliar, pode-se observar que o incremento<br />

na produção de massa pela Brachiaria<br />

brizantha cv. Marandu foi praticamente linear,<br />

em resposta ao fornecimento dos micronutrientes.<br />

Gráfico 1 – resposta da Brachiaria brizantha<br />

cv. Marandu ao fornecimento crescente de<br />

zinco e manganês via pulverização foliar<br />

Fonte: Prof. Leandro Martins Barbero, UFU<br />

– 2014<br />

Produção de forragem (Kg Ms/ha)<br />

3000<br />

2500<br />

2000<br />

1500<br />

1000<br />

500<br />

0<br />

(gráfico 1)<br />

Acúmulo de forragem no final da estação chuvosa<br />

(Abril/Maio de 2014)<br />

+ 20,8%<br />

+ 34,6%<br />

+ 48,3%<br />

1603 <strong>19</strong>36 2158 2377 2485<br />

Testemunha Zn: 82,8<br />

Zn:138,0 Zn:201,0<br />

Mn: 41,4 Mn: 69,0 Mn: 120,6<br />

Quantidade aplicada de Zn e Mn (g/ha)<br />

+ 55,0%<br />

Zn:335,0<br />

Mn: 201,0<br />

Deste modo, podemos concluir que, além de<br />

contribuir para uma nutrição adequada da<br />

planta forrageira, o uso de micronutrientes<br />

pode ser uma ferramenta inovadora a ser<br />

utilizada nos momentos críticos de fornecimento<br />

de forragem ao rebanho (época de<br />

transição “águas/secas”). Mecanismos que<br />

contribuem para o aumento do aporte de forragem<br />

ao longo das estações do ano devem<br />

ser considerados em todos os sistemas produtivos<br />

baseados na pastagem, por permitirem<br />

a manutenção da taxa de lotação, melhoria<br />

do nível tecnológico aplicado e, consequentemente,<br />

aumento do retorno financeiro ao<br />

produtor.<br />

24<br />

EDIÇÃO 05 | ANO 04| NOV/DEZ 2014

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