Mb Rural Ed. 19

RODRIGO ROCHAEL GUERRA
Administrador de Empresas
Esp. em Gestão do Agronegócio
Coop. dos Produtores do Vale do Araguaia
ranchorochael@uol.com.br
GESTÃO ESTRATÉGICA II
DESAFIOS DO
COOPERATIVISMO
Depois de ter assumido em janeiro de 2014 a Presidência da Valleccop, Cooperativa dos Produtores Rurais do Vale do Araguaia, localizada na
cidade de Araguaína-TO, com apenas 7 anos de existência e com mais de 450 associados, venho literalmente me apaixonando a cada dia pelo cooperativismo.
Trata-se de um modelo socioeconômico com participação democrática, solidária e de independência em prol de um objetivo social e econômico
em comum atendendo os interesses de seus integrantes, tendo as decisões coletivas e os resultados distribuídos com equidade. Neste sentido, honestidade,
transparência, responsabilidade social e preocupação com o meio ambiente são os valores essências do cooperativismo.
Hoje as cooperativas estão em 100 países,
geram mais de 100 milhões de empregos e
já ultrapassou 1 bilhão de cooperados. No Brasil,
11 milhões de brasileiros participam de algum
ramo de cooperativismo, sendo o agropecuário
o mais importante seguido respectivamente pelo
transporte, crédito, trabalho e saúde. As mais conhecidas
em nosso seguimento são a Batavo, Coamo,
CRVLagoa, Aurora, Comigo entre outras.
Diante de tantos fatos, considero o
Cooperativismo a melhor ferramenta para que
nós agropecuarista trabalharmos, não só da
“porteira pra dentro” mas também da “porteira
pra fora”. Principalmente para os médios e
pequenos produtores, que são mais vulneráveis
nas negociações - tanto adquirindo insumos ou
vendendo sua produção. Por não terem volume
perdem na hora de barganhar com as empresas
por melhores preços e prazos.
Além disso, nossa produção tem algumas
características como, sazonalidade, número
de produtores, produtos perecíveis, falta de informação
de produção e ainda dependemos do
mercado para determinar o preço. Por isso precisamos
do cooperativismo, podemos reduzir o
custo de produção comprando os insumos mais
baratos e aumentando os lucros vendendo coletivamente
obtendo melhores preços, fortalecendo
assim o associado.
Temos que deixar as cooperativas mais
competitivas no mercado, mas para isso temos
que nos profissionalizar mais, não esquecendo
que temos ameaças e obrigações como qualquer
outra empresa, não deixando de investir nos colaboradores
e nos próprios gestores. Afinal, uma
organização mal gerida pode ocasionar vários
problemas. Uma das principais ações essenciais
às Cooperativas, é acabar com a visão de amadorismo
e deixar de tê-la como uma empresa de
compadre.
Com profissionalismo e visão empresarial
temos condições de verticalizar o processo
produtivo, desde a produção até a mesa do consumidor,
não esquecendo que o cooperativismo
é bem visto pela sociedade. Sempre reclamamos
dos preços pagos pelos nossos produtos e sempre
quem acaba ganhando é a indústria, quem
sabe não está na hora de encararmos os oligopólios
e fazermos o dever de casa?
Mesmo numa situação
competitiva e de movimentos
rápidos podemos
adotar uma abordagem bem
pensada com uma estratégia
inteligente e rigorosa, sendo
competitivo em um mercado
globalizado.
Algumas grandes
cooperativas já
iniciaram este processo
de profissionalização
e estão industrializando,
bem como
exportando seus produtos,
mas será que as médias e pequenas
podem ter o mesmo
êxito? Só quem poderá
responder serão os próprios associados ao decidirem
quais rumos vão tomar.
Ainda temos um grande caminho a
percorrer, sempre mensurando as viabilidades
e riscos. Além disso, temos que nos conscientizar
e divulgar o Cooperativismo entre nossos
familiares e amigos como sendo o único meio de
sermos grandes, pois sozinhos seremos sempre
fracos perante o mercado cada vez mais voraz.
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EDIÇÃO 05 | ANO 04| NOV/DEZ 2014