10.05.2017 Views

BIOMAS DO BRASIL

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Biomas do Brasil: da exploração à convivência<br />

litou que contassem com apoios mais fortes na luta de defesa de seu modo<br />

de vida e do seu território.<br />

As comunidades Caiçaras são efetivamente autônomas: o alimento<br />

provém da pesca marítima e/ou fluvial, dos moluscos, mariscos, bem como<br />

da agricultura de subsistência. Os frutos da pesca e as colheitas agrícolas<br />

são comunitárias, assim como os processos de trabalho. A religião mais tradicional<br />

é a cristã católica, com marcas de sincretismo; mais recentemente,<br />

avança a presença de Igrejas pentecostais.<br />

Pelo lado indígena e negro, as marcas da cultura caiçara têm longa<br />

história, no Brasil e na África. Pelo lado português, traz o legado dos pobres<br />

europeus, que foram utilizados e explorados pelo projeto colonizador.<br />

Diferentes, mas com marcas comuns, são as comunidades de pescadores<br />

tradicionais. Existem em todo o litoral, de modo especial no Nordeste.<br />

Quando seus territórios são atingidos e transformados em vila ou cidade,<br />

sobrevivem como profissionais, com suas associações, mas não perdem as<br />

dimensões de sua cultura. Relacionam-se com as águas como parte de seu<br />

ambiente de vida, e quando possível mantém em equilíbrio a relação da<br />

moradia com a praia e a roça. A principal dificuldade dessas comunidades<br />

tradicionais tem sido o enfrentamento com os títulos de propriedade, comprados<br />

ou concedidos a grandes grupos econômicos; para os pescadores, a<br />

terra é deles por direito humano, nascido do fato de viverem aí há muitas<br />

gerações; nunca sentiram necessidade de ter título de propriedade; afinal,<br />

mais uma vez volta a dúvida dos povos ancestrais: quem inventou o título<br />

da terra? Deus teria vendido terra, praia, mar e rio a alguns seres humanos,<br />

que passaram a ter “direito” de fazer o que quisessem nessas propriedades?!<br />

— De fato, tio, esse questionamento do “direito de propriedade” voltou<br />

muitas vezes nos nossos bate-papos — refletiu Francisco. Acho até que<br />

seria bom pensarmos num encontro só sobre isso, pra gente entender melhor.<br />

Afinal, em nosso meio tudo é decidido a partir do título de propriedade.<br />

— O assunto é quente, de fato, Francisco — concordou Laura. Mas<br />

hoje eu gostaria de completar nosso conhecimento da Zona Costeira, perguntando:<br />

que tipo de grupos econômicos estão interessados e tomam ou<br />

compram terra/vegetação/praia, ferindo, muitas vezes, direitos das comu-<br />

112

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!