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Biomas do Brasil: da exploração à convivência<br />
espaço a área com maior biodiversidade do Brasil. Aumentando o período<br />
sem chuvas, o calor também aumentará e será cada vez mais difícil viver<br />
na região. É preciso ter presente que o Cerrado é muito diferente da Mata<br />
Atlântica, de onde vieram os empresários do agronegócio; se lá, com o clima,<br />
solo, regime de águas e tudo mais que o caracteriza, a derrubada da vegetação<br />
trouxe estragos muito grandes, aqui o estrago já está sendo imenso<br />
e pode ser muito maior no futuro.<br />
Para que se possam minimizar os efeitos do estrago feito, a primeira<br />
medida indispensável seria desmatamento zero, preservando o que ainda<br />
existe de vegetação e vida nativa. Junto com ela, reflorestação de todas as<br />
partes que sejam possíveis, de modo especial as que estão próximas às<br />
fontes, nascentes e leitos dos córregos e rios. Mas isso só será possível se o<br />
mais difícil for feito: abandonar as monoculturas e a pecuária extensivas;<br />
democratizar a propriedade da terra, apoiando os pequenos agricultores a<br />
replantar parte da área com espécies do Cerrado, a recuperar cuidadosamente<br />
o solo e a produzir alimentos por meio de uma agricultura agroecológica.<br />
Essa agricultura mistura os tipos de plantas e aposta na força da<br />
vida que está no solo, reforçado com adubos orgânicos, e não baseado nos<br />
insumos químicos, para gerar alimentos.<br />
Quem tem poder para implementar essas medidas? Quem pensar<br />
que isso cabe aos governantes está certo, mas não de todo. Por quê? Pelo<br />
simples fato de que os governantes estão lá porque os cidadãos e cidadãs<br />
os colocaram em seus cargos; assim sendo, quem tem poder para exigir<br />
que os governantes façam o que deve ser feito é o próprio povo, ele que, por<br />
maioria, confiou o encargo de governar a eles. E para que isso aconteça, temos<br />
pela frente um grande desafio: criar oportunidades de educação para a<br />
prática da cidadania, e uma cidadania consciente do que está acontecendo<br />
no Cerrado e, por isso, disposta a exigir que sejam feitas mudanças profundas<br />
no tipo de ocupação e uso do território.<br />
TOS, N. S.; TABOR, K. ; STEININGER, M. 2004. Estimativas de perda da área do Cerrado brasileiro.<br />
Relatório técnico não publicado. Conservação Internacional, Brasília, DF.<br />
Disponível em .<br />
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