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Biomas do Brasil: da exploração à convivência<br />
tempo?<br />
— É, Andreia, essa é a loucura criada pelo “desenvolvimento” comandado<br />
pelos que detém o capital. O princípio é esse: não se pode perder um<br />
bom negócio. Para continuar crescendo, reproduzindo o capital num movimento<br />
sem fim, não se deve deixar de apropriar-se de tudo que pode ser<br />
fonte de novas riquezas. Por isso, por exemplo, os grandes laboratórios multinacionais<br />
brigam, e com todo tipo de armas, para serem proprietários das<br />
espécies de seres vivos existentes nesse espaço pouco explorado. Inventaram<br />
até uma lei nova para isso: é a lei de patenteamento de seres vivos.<br />
É por meio dela que as empresas defendem que, uma vez registrados, são<br />
propriedade privada delas todo conhecimento e todo o uso dos seres vivos<br />
registrados por elas antes do que pelos concorrentes. Como o Estado brasileiro<br />
não aceitou a imposição de uma lei tão “liberal”, há uma verdadeira<br />
guerra, uma pirataria da biodiversidade amazônica. Para dar um exemplo:<br />
se não fosse derrubada nos tribunais internacionais a “patente” da fruta<br />
brasileira cupuaçu, bem como do “cupulate” — um tipo de chocolate feito a<br />
partir do seu caroço —, os brasileiros deveriam pagar licença, “royalties”, a<br />
uma empresa japonesa toda vez que comessem ou desejassem fazer suco,<br />
ou sorvete, ou cupulate com nosso cupuaçu.<br />
— Que coisa horrorosa! — desabafou Paulo. Quantas dessas patentes<br />
já existem?<br />
— Não se tem essa informação. Mas como, até agora, os movimentos<br />
de defesa da Amazônia não conseguiram que o governo melhore e aplique<br />
a legislação que define o direito de propriedade de estrangeiros, o que<br />
se sabe é que tem aumentado a quantidade de terra apropriada por eles.<br />
Sendo proprietários, esses grupos nem precisam de ONGs para fazer esse<br />
trabalho.<br />
— Mas existem organizações não governamentais que fazem isso?<br />
— quis saber Laura. Ouvi diezer que haveria até Igrejas que faturariam com<br />
esse tipo de negócio.<br />
— Podem e devem existir; e se forem pegas nesse tipo de atividade,<br />
devem ser punidas, e até expulsas do país. Mais complicado é punir um<br />
grupo que faz isso e é constituído por brasileiros; mas é fundamental que<br />
o Estado brasileiro tenha essa capacidade e vontade política de combater a<br />
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