revista cruzilia
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que leva o nome do grande escritor<br />
Monteiro Lobato, que fora batizada de<br />
Campo Alegre. Ficava em São José dos<br />
Campos (SP), mas era xará de outra, cheia<br />
de história, localizada em Cruzília (MG),<br />
onde tudo começou.<br />
Entreguei-a ao tirocínio de meu tio e<br />
padrinho, irmão mais velho de meu pai,<br />
Orestes Sacchi. Ali ficaram algumas cabeças<br />
de bovinos e um velho Marchador, cego<br />
de um olho, tomado por meu filho Carlos<br />
Augusto, de 8 anos (aí começa seu apreço<br />
pelos cavalos), logo por ele batizado de<br />
Vovô. Alguns anos depois, uma carreta<br />
deixa um presente para mim. Meu companheiro<br />
de trabalho e quase primo, Antônio<br />
Luiz Lara Resse de Gouveia, fazendeiro em<br />
Amparo (SP), deixa ali quatro éguas de<br />
marcha, até então montaria de seus filhos.<br />
Ele resolvera criar Puro-Sangue Inglês e<br />
precisava de espaço. Estas éguas e mais<br />
uma de pelagem pampa de castanho, anteriormente<br />
adquirida, foram avistadas, da<br />
estrada, pelo técnico da ABCCMM Hélio<br />
Bernardo Plazzi Lazzeri, que sugeriu registrá-las<br />
no Livro Aberto. Para tanto, foi<br />
necessário associar-me à entidade que zela<br />
pela raça e criar um afixo para identificar o<br />
criatório. Depois de algumas negociações,<br />
a Associação registrou a marca MAIRI-<br />
FLOR, um nome que combina as palavras<br />
MAIRI, que significa acampamento de<br />
franceses, em tupi-guarani, terra natal de<br />
minha esposa Tânia, com FLOR, numa<br />
singela homenagem a ela prestada. Mairi<br />
fica nas faldas da Chapada Diamantina, no<br />
Estado da Bahia. Adotei a marca MF, inscrita<br />
numa elipse cujos eixos estão relacionados<br />
pelo “número de ouro”. Criar cavalos<br />
só com imaginação, crueldade na seleção,<br />
persistência e muito amor. Pois bem,<br />
Mairiflor rima com amor. E há de haver,<br />
norteando tudo, um projeto de criação,<br />
segundo o qual optei por dar precedência à<br />
marcha, eliminando os animais sem agradável<br />
morfologia. Com as éguas Joia e<br />
Balisa, duas das vindas de Amparo e<br />
Feiticeira, a pampa, todas, daí em diante,<br />
“de Mairiflor”, deu-se partida a essa saga,<br />
iniciada em algum dia de 1983.<br />
Contratei inicialmente o veterinário<br />
Romero Mazzeo Jr. para supervisionar o<br />
projeto, já que minhas ocupações urbanas<br />
não me propiciavam muito tempo para<br />
mergulhos na área rural. Para lidar com os<br />
animais, agregou-se Pedro José Pinto, um<br />
verdadeiro encantador de cavalos (tendo<br />
ficado pouco tempo, voltou ao haras, já<br />
agora com o filho Paulo, em 1999, para<br />
cuidar, com muito sucesso, dos descendentes<br />
da tropa fundadora). Em 1984, adquiri<br />
a fazenda, a que dei o nome de São Luiz,<br />
desmembrada da antiga Fazenda Rodeio,<br />
situada no distrito de São Francisco Xavier,<br />
São José dos Campos (SP), onde foi instalado<br />
o Haras Mairiflor. A Rodeio, cheia de<br />
histórias de tempos antigos, pertencia ao<br />
Sr. Max Herbert Arthur Bose e família.<br />
O plantel de fêmeas começou a ser formado<br />
com a aquisição, em parte, de criadores<br />
vizinhos, como Luiz Bertolini (Haras<br />
Itabiju), Gerson José Vieira Teixeira<br />
(Haras Itaguaçu), Carlos Maria Auricchio<br />
(Haras Rosará) e Sebastião Afonso de Melo<br />
Filho (Haras SAMF), este já proprietário<br />
de um número expressivo de animais.<br />
Todos eles criadores no entorno de São José<br />
dos Campos, no Vale do Paraíba paulista.<br />
Afonsinho, como é conhecido, cedeu-me<br />
muitas das suas éguas fundadoras, várias<br />
delas trazidas de Cruzília e adjacências,<br />
com a ajuda inestimável de um importante<br />
personagem, o saudoso amigo Ivan<br />
Maciel de Souza. Assim, vieram para o<br />
Mairiflor animais como Gávea SAMF, originária<br />
da Fazenda Angaí e, só então,<br />
registrada no Livro Aberto. Ela teria o<br />
papel de ser mãe, com Pagão das Valias, da<br />
Cabocla de Mairiflor e, pois, avó materna<br />
da grande Maíra de Mairiflor, com voos<br />
altos na Gameleira. As três estão no Livro<br />
de Elite MM-7, com os números 125, 629<br />
e 795, respectivamente. Várias das éguas<br />
estavam prenhes de Abaíba Sultão, gerando<br />
algumas fêmeas da 1ª letra A. Mais<br />
adiante, Afonsinho adquiriu o reprodutor<br />
Radical da Cabeça Branca e algumas filhas<br />
suas, como a extraordinária Platina de<br />
SAMF, campeoníssima de marcha. Os descendentes<br />
desse garanhão de sangue<br />
Favacho foram parar no Mairiflor, permutados<br />
por filhas do Sultão. Entre elas, destacou-se<br />
Gisela SAMF, que, com Charlatão<br />
JG, me deu Ísis de Mairiflor, hoje um<br />
grande nome do criatório e, com Pagão,<br />
gerou Miragem Mairiflor, campeã nacional<br />
de Marcha. Outras destacadas matrizes<br />
tiveram a mesma origem: Mulata do<br />
Bananal e sua filha, Crioula da Cabeça<br />
Branca, Conquista de Inhaúma, Dourada<br />
de SAMF, Viena de Cruzília, Angustura,<br />
Pindoba e Damata RB, Bona da Lapa<br />
Vermelha e, muito especialmente,<br />
Berenice da Gironda, inscrita no Livro<br />
MM-7, com o número 361, mãe, com<br />
Pagão das Valias, da notável Foliã de<br />
Mairiflor, campeoníssima em pistas difíceis,<br />
mãe de diversos campeões e de vários<br />
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