revista cruzilia
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perfil<br />
<br />
refúgio e prazer<br />
Ele passou parte da infância no<br />
Paraná, vive em são Paulo e é<br />
apaixonado pelo Sul de Minas.<br />
José Francisco Canepa, proprietário do<br />
Haras Mascan, é um criador daqueles que<br />
dão gosto de passar horas escutando falar<br />
de cavalo.<br />
Na voz e na forma de contar, a paixão é<br />
evidente. Começou lá atrás, quando “Seu<br />
Zé” ainda era um menino. Antes mesmo<br />
de completar 10 anos, já montava e caçava<br />
como um experiente cavaleiro. Na época,<br />
morava com os padrinhos, e os cavalos usados<br />
eram Crioulos, da Fazenda Santo<br />
André, em Castro, no Paraná, terra dos<br />
famosos Peões Tropeiros.<br />
O tempo passou, vieram as responsabilidades,<br />
a vida profissional. O lazer deu lugar<br />
ao trabalho e a frenética vida na capital<br />
paulista fez adormecer o gosto pelas atividades<br />
no campo. Elas vieram à tona novamente<br />
quando Seu Zé passou a frequentar a<br />
fazenda do sogro, Homero Mastrogovanni,<br />
em Bependi, Minas Gerais.<br />
Em 1988, com o intuito de ter um cavalo<br />
para passear, comprou a égua Ambarina<br />
Águia, pioneira na história no criatório e<br />
ainda viva, com 34 anos de idade. Foi por<br />
causa dela que Seu Zé se associou à<br />
ABCCMM. A protagonista do capitulo<br />
inicial desta narrativa logo mostrou que<br />
estava mesmo predestinada a fazer do criatório<br />
um sucesso. Em seguida, veio<br />
Gabriela do Aeroporto, que, coberta pelo<br />
garanhão Truck do Morro Grande, em<br />
1995, gerou o primeiro produto do haras,<br />
uma potrinha batizada de Estrela do<br />
Mascan.<br />
Em 1998, no mesmo município do Sul<br />
de Minas, Baependi, o criador comprou a<br />
propriedade onde o Haras Mascan está<br />
situado e investiu forte na realização do<br />
sonho que o acompanhou por décadas.<br />
Veio então o garanhão Caxambu Liberal<br />
que, em cruzamento com éguas do Morro<br />
Grande e da tropa da Ponte de Conceição<br />
do Rio Verde, adquiridas do grande amigo<br />
Adão Paschoal Junqueira, do Haras<br />
Arenito, fizeram a base de sua tropa.<br />
<br />
<br />
Hoje, cerca de 140 animais formam o<br />
plantel. Além do cuidado com a genética,<br />
Seu Zé segue uma regra: só cria o que gosta<br />
de montar, independentemente de modismos.<br />
Seguindo esta linha, nascem no criatório<br />
cerca de 45 produtos Mascan a cada<br />
ano. Muitos são comercializados, disponibilizados<br />
para melhoria, troca de boa genética<br />
e andamento com outros plantéis.<br />
No Mascan, além do Mangalarga<br />
Marchador, Seu Zé tem gado leiteiro<br />
Girolando de alta qualidade e produz um<br />
vinho tinto. Homero & Alberto é o rótulo<br />
do Cabernet Sauvignon, feito com uvas<br />
clonadas de Bordeaux, da França, utilizando-se<br />
da tecnologia de dupla poda, desenvolvida<br />
por Murillo Regina, pesquisador<br />
da Epamig e amigo de Seu Zé. O nome do<br />
<br />
vinho é uma homenagem ao sogro Homero<br />
e ao pai Alberto.<br />
Visitar o haras é um presente. Sob o olhar<br />
cuidadoso do criador, apoiado por uma<br />
equipe enxuta mas de grande eficiência,<br />
tudo funciona de forma plena, harmônica.<br />
Os animais são tratados com respeito e o<br />
trabalho desenvolvido tem objetivos de<br />
pista e reprodução. O resultado é constantemente<br />
reconhecido nas exposições especializadas<br />
realizadas pelo país e colecionado<br />
em uma fascinante sala de troféus e prêmios.<br />
Suas criações produziram vários campeões,<br />
tendo alcançado o título Nacional,<br />
em 2014, com Kakareco de Mascan.<br />
Seu Zé encontra nas atividades um refúgio,<br />
um respiro na agitada agenda financeira<br />
da qual sempre teve que dar conta,<br />
em função das atividades profissionais.<br />
Segundo ele, no haras a bolsa não oscila, o<br />
dólar não sofre variações e o tempo flui<br />
devagar, como deve ser.<br />
A paixão pelo Marchador também contagiou<br />
a família. Carmen, a esposa, sempre<br />
gostou de montar, participar de cavalgadas<br />
e aventuras. Os dois filhos do casal seguiram<br />
os mesmos passos. Leonardo não dispensa<br />
um bom passeio no lombo de um<br />
cavalo e Patrícia chegou até a ganhar vários<br />
troféus apresentando animais em pista.<br />
E tudo indica que a nova geração não vai<br />
deixar o cavalo de lado, o que enche de<br />
orgulho o criador, vovô de três meninas.<br />
Nina, de quatro aninhos, monta e ajuda a<br />
tratar dos animais. Manu, de dois, se<br />
empolga ao estar em contato com os cavalos<br />
e, com apenas seis meses de idade, já é<br />
possível imaginar que Cecília vai integrar<br />
o time de amazonas do Mascan.<br />
Otimista com o futuro da raça, Seu Zé<br />
elogia, em especial, a visão moderna da<br />
atual presidência da ABCCMM, de Daniel<br />
Borja, e também da última administração,<br />
de Magdi Shaat. Ele acredita que os investimentos<br />
em tecnologia e inovação, a desburocratização<br />
dos processos e a gestão<br />
mais participativa garantem um mercado<br />
cada vez mais promissor para o Mangalarga<br />
Marchador.<br />
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