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revista cruzilia

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da estação. Acertaram então uma vaga, no<br />

vagão de galinhas, para Predileto.<br />

No outro dia, rumava para Cruzília, em<br />

meio às galinhas, o Tabatinga Predileto,<br />

aos olhos atentos de Ivan. Chegaram na<br />

estação da Traituba já de noitinha. Ivan<br />

desembarcou o cavalo e o acomodou na<br />

horta da venda da estação, então de propriedade<br />

do Sr. Américo Furtado, o<br />

“Amérquinho”.<br />

No dia seguinte, montou, em pelo, no<br />

cavalo rumo à Fazenda Bela Cruz. Iria percorrer<br />

mais de 25 km, mas, por sorte,<br />

quando se aproximava da Fazenda<br />

Cachoeira, já tendo cavalgado uns 9 km,<br />

encontrou com “Geraldinho Sem Braço”,<br />

um campeiro da Bela Cruz que estava na<br />

Fazenda Cachoeira a fim de despachar<br />

algumas encomendas para Cruzília. Ivan<br />

pediu a ele que conduzisse o cavalo até a<br />

Bela Cruz, e assim foi feito.<br />

Predileto serviu na Bela Cruz por trinta<br />

dias, durante o mês de novembro de 1966.<br />

Cobriu doze éguas (dez registradas e mais<br />

duas sem registro, Lamparina e Buzina),<br />

mas apenas dez emprenharam.<br />

Ao se dirigir novamente à Fazenda<br />

Tabatinga, Darci perguntou ao Sr. Dirceu<br />

quanto custaria o empréstimo do cavalo.<br />

Como de costume, o Sr. Dirceu disse que não<br />

custaria nada; no entanto, quando as éguas<br />

parissem, que reservasse uma potra, que seria<br />

dada de presente a um deputado seu amigo.<br />

No ano seguinte, 1967, as dez éguas<br />

pariram. A primeira geração registrada da<br />

Fazenda Bela Cruz, a letra “A”. O fato<br />

curioso é que, dentre os produtos, nasceu<br />

uma potrinha amarilha, de pelagem rara na<br />

Bela Cruz, que recebeu o nome de Acácia<br />

Bela Cruz. Como era a mais bonita, Darci<br />

resolveu que, quando da apartação, esta<br />

seria o presente ao deputado amigo do Sr.<br />

Dirceu. Na desmama, comunicou ao deputado<br />

que viesse buscar a potra e ele mandou<br />

um caminhão de Belo Horizonte. Na<br />

hora do embarque, a potra se recusou a<br />

entrar no caminhão, bateu a cabeça no curral<br />

ladrilhado de pedras e morreu na hora.<br />

No mesmo instante, Darci mandou que<br />

apartasse a melhor dentre as outras. Foi<br />

escolhida a bela potra castanha Alteza Bela<br />

Cruz e embarcada no caminhão.<br />

Ficaram na Bela Cruz três potrinhos:<br />

Arubé, Ariano, Alano (este último não foi<br />

registrado) e três potrinhas: Aimará,<br />

Alfazema e Alameda (esta última foi campeã<br />

em Caxambu, mas infelizmente morreu<br />

logo após, enrolada em um cipó). Os<br />

IVAN MACIEL DE SOUZA, você poderia ter sido<br />

um dos maiores juízes da raça, poderia ter sido<br />

um dos amis importantes comerciantes da raça,<br />

poderia ter dado assessoria a grandes criadores,<br />

poderia ter sido protagonista da nossa história,<br />

mas preferiu ser coadjuvante. Sua simplicidade e<br />

humildade quiseram assim.<br />

Os criatórios do Sul de Minas lhe devem muito!<br />

O Mangalarga Marchador lhe deve muito!<br />

Interceda por nós. Ficarei por aqui contando<br />

suas histórias, com muito orgulho e prazer.<br />

Descanse em paz, meu amigo!<br />

+ 27/10/2008<br />

Por Domingos Lollobrigida<br />

machos foram vendidos e dois deles se tornariam<br />

dois dos mais famosos reprodutores<br />

do Mangalarga Marchador, Arubé Bela<br />

Cruz (por Farofa Bela Cruz) e Ariano Bela<br />

Cruz (por Copa Bela Cruz). Já as fêmeas<br />

que ficaram na fazenda se tornariam duas<br />

das principais matrizes da história, não só<br />

da linhagem Bela Cruz, mas também da<br />

própria raça Mangalarga Marchador: as<br />

matriarcas Aimará Bela Cruz (por<br />

Farofinha Bela Cruz) e Alfazema Bela Cruz<br />

(por Simpatia Bela Cruz).<br />

Terminada a temporada de monta, Ivan<br />

novamente foi solicitado a levar de volta o<br />

cavalo. Arreou o animal na Fazenda Bela<br />

Cruz e foi até Cruzília, num percurso de<br />

aproximadamente 30 km. Pernoitou na<br />

cidade e, no dia seguinte, se dirigiu à<br />

Estação de Cruzília, onde embarcou com o<br />

cavalo de volta à Fazenda Tabatinga.<br />

Esta é a história do Predileto da<br />

Tabatinga que, por um mês, serviu às “prediletas”<br />

da Bela Cruz.<br />

Alguns dias se passaram e, estando Ivan<br />

na loja do Sr. Pedro Arantes, no centro de<br />

Cruzília, encontrou o Sr. Argentino, que<br />

lhe falou:<br />

– Ivan, você não apareceu para acertar o serviço!<br />

Agora você está trabalhando de graça?<br />

E Ivan respondeu:<br />

– Isto não vai custar nada. Conheci um<br />

lugar novo, fiz um grande amigo e trazer<br />

um cavalo destes para Cruzília não é trabalho,<br />

é um prazer!<br />

Sr. Argentino, então, lhe disse:<br />

– Ivan, se você não importar, foi amansado<br />

lá na Bela Cruz um potro, que teve o<br />

olho furado quando o peão foi quebrá-lo<br />

junto à cerca de arame. Você aceita de presente<br />

este cavalo?<br />

Ivan respondeu:<br />

– Se é um presente, aceito de bom grado!<br />

E lá se foi o Cego Bela Cruz, mas isso já<br />

é outra história...<br />

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