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revista cruzilia

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Terceira fase<br />

Iniciada em 1965, quando seu bisneto, o<br />

jovem e idealista veterinário, o primeiro de<br />

Cruzília, Francisco Darci Meirelles<br />

Junqueira, assumiu a seleção dos cavalos da<br />

Bela Cruz e levou a linhagem à perfeição<br />

quanto ao binômio marcha/ morfologia, tal<br />

qual conhecemos nos dias de hoje.<br />

Após sua formatura em medicina veterinária,<br />

Francisco Darci, conhecido por<br />

todos como Darci, foi convidado a ser o<br />

técnico de registro da Associação<br />

Brasileira, em substituição ao então técnico<br />

Lecy Lopes do Val. Uma de suas primeiras<br />

ações, talvez para dar exemplo aos<br />

demais criadores da época, foi registrar o<br />

plantel de éguas da Fazenda Bela Cruz na<br />

ABCCMM. Selecionou as melhores dentre<br />

as várias éguas da fazenda, aquelas que<br />

representassem, na sua concepção, o que de<br />

melhor poderia servir para esta nova fase<br />

de seleção. Assim, foram destacadas dez<br />

éguas, suas “prediletas”. Eram elas:<br />

Reg: 1566 Farofinha Bela Cruz (Tordilha)<br />

Reg: 1567 Farofa Bela Cruz (Tordilha)<br />

Reg: 1568 Chata Bela Cruz (Tordilha)<br />

Reg: 1569 Simpatia Bela Cruz (Castanha)<br />

Reg: 1570 Espadinha Bela Cruz (Tordilha)<br />

Reg: 1571 Gaúcha Bela Cruz (Castanha)<br />

Reg: 1572 Indústria Bela Cruz (Tordilha)<br />

Reg: 1573 Joia Bela Cruz (Preta)<br />

Reg: 1574 Revista Bela Cruz (Castanha)<br />

Reg: 1575 Copa Bela Cruz (Tordilha)<br />

Após a seleção, deveria ser escolhido um<br />

reprodutor à altura para tão seleto grupo<br />

de matrizes. Foi aí que Darci, em visita à<br />

Fazenda Tabatinga, no ano de 1966, como<br />

técnico de registro, atinou para a possibilidade<br />

de utilizar o Tabatinga Predileto, um<br />

belíssimo reprodutor, tordilho, já branquinho,<br />

muito marchador, filho de Nero e<br />

neto de Clemanceau II JB. O animal carregava,<br />

na linha materna, sangue original da<br />

Fazenda Cafundó, vizinha da Bela Cruz,<br />

em Cruzília.<br />

Conversando com o Sr. Dirceu, pediu a ele<br />

que emprestasse o Predileto, que estava<br />

sendo pouco utilizado na Tabatinga. Na<br />

época, o cavalo já estava com quase dez anos,<br />

suas filhas já estavam sendo utilizadas como<br />

matrizes na Tabatinga e o principal reprodutor<br />

da fazenda era outro cavalo. O Sr.<br />

Dirceu foi pronto em emprestar o cavalo.<br />

Ficou combinado que, naquele mesmo ano,<br />

Darci levaria o Predileto para a Bela Cruz.<br />

Chegando em Cruzília, pediram ao amigo<br />

Ivan Maciel de Souza, o Ivan do Zé<br />

Guiomar, que fosse buscar o cavalo e o acompanhasse<br />

durante o transporte. Ivan saiu<br />

então de Cruzília, embarcou em um trem na<br />

Estação da Traituba e se dirigiu até Três<br />

Rios. Lá chegando, com uma carta de apresentação<br />

em mãos, saiu pelas ruas à procura<br />

de uma condução que o levasse até a Fazenda<br />

Tabatinga. No caminho, surpreendeu-se<br />

quando escutou o chamado de uma pessoa:<br />

– Ô Ivan, está perdido por aqui?<br />

Era Chiquinho Furtado, conterrâneo de<br />

Cruzília que residia no município. Chegou<br />

até a casa e explicou a Chiquinho Furtado<br />

que estava ali para buscar um cavalo da<br />

Fazenda Tabatinga e estava procurando<br />

uma condução para levá-lo até o criatório.<br />

Chiquinho falou que era para ele esperar<br />

porque, naquele dia, haveria um casamento<br />

na cidade e o Sr. Dirceu Vilhena de<br />

Araújo, proprietário da Fazenda Tabatinga,<br />

certamente deveria estar presente.<br />

E assim fez. Aguardou o horário do casamento<br />

e, após o mesmo, Chiquinho<br />

Furtado apontou a ele qual seria o Sr.<br />

Dirceu. Ivan chegou perto dele e, com a<br />

carta nas mãos, explicou que estava ali para<br />

buscar um cavalo, a mando do Sr.<br />

Argentino, da Bela Cruz.<br />

O Sr. Dirceu, muito solícito, leu a carta<br />

e foi logo dizendo que deveriam ir para a<br />

Fazenda Tabatinga, para que, no outro dia,<br />

providenciassem a partida do cavalo.<br />

Naquele momento, nascia uma amizade<br />

que durou até a morte do Sr. Dirceu.<br />

Rumaram em direção à Fazenda<br />

Tabatinga e o Sr. Dirceu, além de acolher<br />

Ivan, ainda fez com que ele ficasse quase<br />

uma semana na fazenda para ver a tropa,<br />

uma vez que, na carta enviada, Ivan foi<br />

muito bem recomendado como sendo um<br />

dos maiores conhecedores do Mangalarga<br />

Marchador em Cruzília.<br />

Passados alguns dias, Raul Junqueira,<br />

filho do Sr. Dirceu, embarcou o Predileto<br />

em uma carreta rebocada por um jipe e,<br />

juntamente com Ivan, foram para Barra<br />

Mansa (RJ), a fim de embarcar o cavalo no<br />

trem para Cruzília. Lá chegando, receberam<br />

a comunicação do agente ferroviário<br />

de que no dia seguinte não havia como<br />

embarcar o cavalo, por conta de um carregamento<br />

de galinhas que já estava contratado.<br />

Ivan deixou o cavalo na estação e foi<br />

procurar outro conterrâneo de Cruzília, o<br />

amigo Pedro “Minhoca”, que residia em<br />

Barra Mansa. Além de ser funcionário da<br />

rede, Pedro tinha um genro que era o chefe<br />

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