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Outro sistema surgido posteriormente ao da<br />
bateia era o de desvio dos cursos de água<br />
por barragem e canal lateral, consistindo em<br />
desviar as águas do leito principal do rio,<br />
abrindo um canal lateral dirigindo assim, as<br />
águas para este novo leito construído.<br />
Desta forma, os mineradores começavam<br />
seus trabalhos no leito seco do rio. Como as<br />
represas eram construídas de modo<br />
bastante rudimentar, estas cediam com<br />
f r e q ü ê n c i a , a f o g a n d o a s s i m o s<br />
trabalhadores. Como o cascalho aurífero do<br />
leito dos rios era bastante superficial, com<br />
seu esgotamento era natural a mudança da<br />
explotação para as margens do rio. Tendo<br />
em vista que esses depósitos possuem a<br />
mesma origem dos rios,<br />
“...era bastante natural que, quando estes<br />
últimos começaram a se esgotar, os<br />
mineradores fossem atraídos para os<br />
mesmos, procurando o metal que tinham<br />
tanta dificuldade para recolherem outras<br />
partes, tanto mais que sua explotação era<br />
relativamente mais fácil que a dos rios, cujo<br />
curso era preciso desviar para extrair o<br />
cascalho. Bastava, de fato, para isso, retirar<br />
as camadas de terra e de saibro que<br />
cobriam o cascalho virgem formado de<br />
seixos maiores” (FERRAND,1988: 105).<br />
A forma mais primitiva para o tratamento<br />
dessas camadas de aluviões eram as catas,<br />
escavações redondas, aberta sem forma de<br />
funil, com inclinação suficiente para evitar<br />
um possível desabamento para o interior, e<br />
que sua abertura se alarga à medida em que<br />
se aprofunda. Este método só era aplicado<br />
nas estações secas, tendo em vista que as<br />
c h u v a s i n u n d a v a m o s t r a b a l h o s ,<br />
inviabilizando-os.Com o esgotamento do<br />
ouro de mais fácil exploração foi necessário<br />
emprego de tecnologia para a realização<br />
dos trabalhos nos flancos das montanhas.<br />
Esses trabalhos eram aplicados às rochas<br />
friáveis ou decompostas, atravessadas<br />
pelos filões de quartzo aurífero. O método<br />
aplicado por esses mineradores era o de<br />
utilizar as águas como auxiliar na lavagem<br />
do terreno e evidenciação do minério<br />
aurífero. Para isso, era necessário seu<br />
acúmulo em reservatórios nas partes mais<br />
altas da exploração. Quando se abria a<br />
porta do reservatório, as águas eram<br />
lançadas abruptamente pelo terreno,<br />
arrastando e carreando terras e pedras até<br />
um canal inferior, e assim era dirigido para<br />
grandes reservatórios de alvenaria,<br />
chamados mundéus, destinados a recolher<br />
as lamas auríferas.<br />
“Os mundéus, geralmente encostados no<br />
flanco de uma montanha vizinha da<br />
explotação, eram grandes reservatórios<br />
retangulares ou semi circulares. Mediam<br />
internamente até 16 metros, e mesmo 24<br />
metros de lados. Tinham 3 a 6 metros de<br />
profundidade, com paredes de quase dois<br />
metros de espessura, em alvenaria de<br />
blocos de pedra simplesmente cimentados<br />
com uma mistura de argila e areia. Eram<br />
dispostos em série, uns ao lado de outros, e<br />
com ligeiro desnível, em função do canal<br />
lateral que levava as águas carregadas de<br />
lamas auríferas para os mesmos, por um<br />
escoadouro colocado em saliência no meio<br />
da parede do fundo, um pouco acima do<br />
reservatório” (FERRAND,1988: 111).