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Revista Novembro 2017

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Outro sistema surgido posteriormente ao da<br />

bateia era o de desvio dos cursos de água<br />

por barragem e canal lateral, consistindo em<br />

desviar as águas do leito principal do rio,<br />

abrindo um canal lateral dirigindo assim, as<br />

águas para este novo leito construído.<br />

Desta forma, os mineradores começavam<br />

seus trabalhos no leito seco do rio. Como as<br />

represas eram construídas de modo<br />

bastante rudimentar, estas cediam com<br />

f r e q ü ê n c i a , a f o g a n d o a s s i m o s<br />

trabalhadores. Como o cascalho aurífero do<br />

leito dos rios era bastante superficial, com<br />

seu esgotamento era natural a mudança da<br />

explotação para as margens do rio. Tendo<br />

em vista que esses depósitos possuem a<br />

mesma origem dos rios,<br />

“...era bastante natural que, quando estes<br />

últimos começaram a se esgotar, os<br />

mineradores fossem atraídos para os<br />

mesmos, procurando o metal que tinham<br />

tanta dificuldade para recolherem outras<br />

partes, tanto mais que sua explotação era<br />

relativamente mais fácil que a dos rios, cujo<br />

curso era preciso desviar para extrair o<br />

cascalho. Bastava, de fato, para isso, retirar<br />

as camadas de terra e de saibro que<br />

cobriam o cascalho virgem formado de<br />

seixos maiores” (FERRAND,1988: 105).<br />

A forma mais primitiva para o tratamento<br />

dessas camadas de aluviões eram as catas,<br />

escavações redondas, aberta sem forma de<br />

funil, com inclinação suficiente para evitar<br />

um possível desabamento para o interior, e<br />

que sua abertura se alarga à medida em que<br />

se aprofunda. Este método só era aplicado<br />

nas estações secas, tendo em vista que as<br />

c h u v a s i n u n d a v a m o s t r a b a l h o s ,<br />

inviabilizando-os.Com o esgotamento do<br />

ouro de mais fácil exploração foi necessário<br />

emprego de tecnologia para a realização<br />

dos trabalhos nos flancos das montanhas.<br />

Esses trabalhos eram aplicados às rochas<br />

friáveis ou decompostas, atravessadas<br />

pelos filões de quartzo aurífero. O método<br />

aplicado por esses mineradores era o de<br />

utilizar as águas como auxiliar na lavagem<br />

do terreno e evidenciação do minério<br />

aurífero. Para isso, era necessário seu<br />

acúmulo em reservatórios nas partes mais<br />

altas da exploração. Quando se abria a<br />

porta do reservatório, as águas eram<br />

lançadas abruptamente pelo terreno,<br />

arrastando e carreando terras e pedras até<br />

um canal inferior, e assim era dirigido para<br />

grandes reservatórios de alvenaria,<br />

chamados mundéus, destinados a recolher<br />

as lamas auríferas.<br />

“Os mundéus, geralmente encostados no<br />

flanco de uma montanha vizinha da<br />

explotação, eram grandes reservatórios<br />

retangulares ou semi circulares. Mediam<br />

internamente até 16 metros, e mesmo 24<br />

metros de lados. Tinham 3 a 6 metros de<br />

profundidade, com paredes de quase dois<br />

metros de espessura, em alvenaria de<br />

blocos de pedra simplesmente cimentados<br />

com uma mistura de argila e areia. Eram<br />

dispostos em série, uns ao lado de outros, e<br />

com ligeiro desnível, em função do canal<br />

lateral que levava as águas carregadas de<br />

lamas auríferas para os mesmos, por um<br />

escoadouro colocado em saliência no meio<br />

da parede do fundo, um pouco acima do<br />

reservatório” (FERRAND,1988: 111).

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