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Revista Curinga Edição 09

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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e ficção<br />

realidade<br />

Nos seus momentos de loucura,<br />

Ingrid Jonker produzia o que<br />

defenderia em seus momentos de<br />

“normalidade”. Escrevia na parede<br />

o que não podia dizer e ninguém<br />

queria ouvir. Sul-africana, poetisa<br />

desde os seis anos, viveu na época<br />

do Apartheid - regime de segregação<br />

racial vigente de 1948 a 1994.<br />

Nasceu em 19 de setembro de 1933,<br />

na cidade do Cabo, onde vivia. Era<br />

rejeitada pelo pai. Ele, era membro<br />

do Partido Nacional do Parlamento,<br />

e um dos responsáveis pela manutenção<br />

do Apartheid. Censurava<br />

publicações, arte e entretenimento.<br />

Ela, lutava conta o governo segregacionista<br />

nos momentos de lucidez.<br />

Ingrid era uma artista branca,<br />

desobediente e maníaco-depressiva.<br />

Durante as crises, projetava o seu<br />

mundo interno, suas dores, seus<br />

traumas, através da poesia. Seus<br />

poemas tinham em sua maioria um<br />

carácter político e histórico, sem<br />

perder o lirismo. Por vezes o tema<br />

principal de suas obras era a infância<br />

perdida. Entretanto a genialidade<br />

e a loucura não poderiam conviver,<br />

e em 1961 foi internada numa<br />

clínica psiquiátrica. O tratamento<br />

que lhe foi dado: eletrochoque.<br />

O reconhecimento chega para o<br />

trabalho de Ingrid Jonker, quando<br />

Nelson Mandela lê seu poema “A<br />

Criança que foi Assassinada pelos<br />

Soldados de Nyanga”, no seu primeiro<br />

discurso como presidente da<br />

África do Sul. Mas nem sua produção<br />

que revelava conteúdos pessoais<br />

reprimidos foram suficientes para<br />

dar vazão a tudo que Ingrid sentia,<br />

e em julho de 1965, ela comete o<br />

suicídio, na praia de Three Anchor<br />

Bay, na cidade do Cabo.<br />

Ingrid é real, assim como Wander.<br />

Mas Ingrid é também uma personagem<br />

de cinema, é protagonista<br />

do filme Borboletas Negras, dirigido<br />

por Paula von der Oest. Ambos<br />

expressam para a sociedade, seja<br />

através de qualquer arte, a sua capacidade<br />

de ser sujeito da própria<br />

vida e de ter participação ativa em<br />

processos de construção coletiva. É<br />

como diz Machado de Assis: “a arte<br />

é o remédio e o melhor deles.”<br />

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