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Revista Curinga Edição 09

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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RELICÁRIO<br />

#<br />

oreflexosoueu<br />

O Papa Francisco, os pregadores da diocese de Piacenza, o<br />

ex-presidente dos EUA Bill Clinton, o fundador da Microsoft<br />

Bill Gates, o presidente dos Estados Unidos Barack Obama, os<br />

primeiros-ministros da Dinamarca e do Reino Unido, a apresentadora<br />

Sabrina Sato, e Flávia Armond dentista e ex-participante<br />

do reality show Fazenda de Verão têm algo em comum: uma selfie.<br />

“Selfie”. O primeiro registro dessa palavra foi em 2002, em<br />

um fórum virtual da Austrália em que um participante descrevia<br />

uma foto e se desculpava pelo foco, pois se tratava de selfie.<br />

Ela designa fotografia que pessoas tiram de si mesmas com os<br />

smartphones. A popularização desses autorretratos fotográficos,<br />

divulgados em redes sociais, foi registrada pelo tradicional dicionário<br />

Oxford, que por meio de pesquisas de linguagem mostrou<br />

que em 2013 “selfie” aumentou sua frequência na língua inglesa<br />

em 17.000%, em comparação ao ano de 2012.<br />

Do autorretrato ao amadorismo do eu<br />

Historicamente, o autorretrato tem sido entendido como<br />

uma representação de emoções, assim como todas as manifestações<br />

artísticas. Ghiberti, Carracci, Lippi Sassoferrato, Gentileschi,<br />

Murillo, Michelangelo, Rembrandt são alguns dos artistas<br />

que exploraram a própria identidade, pela arte plástica, ou<br />

até mesmo utilizando de sua própria imagem como Dürer, Van<br />

Gogh, Schiele e Kahlo.<br />

O pintor e físico francês, Louis Jacques Daguerre, em 1839,<br />

fixou uma imagem obtida com uma câmara escura sobre uma<br />

placa metálica, pela diminuição do tempo de exposição. Com a<br />

invenção da fotografia, o autorretrato se transformava.<br />

Já nas primeiras cenas da fotografia, estavam autorretratos<br />

dos artistas Robert Cornelius e Jean-Gabriel Eynard. Com o desejo<br />

de externar seus sentimentos, encararam a câmera em um<br />

enquadramento frontal e construíram autorretratos, uma autocontemplação,<br />

uma auto-criação dos pintores que agora eram<br />

fotógrafos.<br />

A fotografia começou a ser popularizada como amadora<br />

pelas câmeras Kodak de George Eastman, em 1888, e seguiu<br />

cada vez mais acessível na sua era digital, que teve início nos<br />

40<br />

l<br />

“Os fãs conseguem ter uma visão real<br />

da minha vida com essas fotos, eles<br />

ficam sabendo o que gosto de fazer,<br />

descobrem até as lojas que eu gosto<br />

para dar presentes”.<br />

l<br />

cURINGA | EDIÇÃO 9<br />

l<br />

“No processo de seleção do reality<br />

as selfies ajudaram a mostrar minha<br />

personalidade. O programa só<br />

intensificou o meu lado selfie”.<br />

l<br />

l<br />

“Não tem momento ideal ou lugar<br />

específico para uma selfie, é estado<br />

de espírito, depende do meu astral.<br />

Quando viajo tiro muitas”.<br />

l<br />

anos 90. Essa prática visual não deixou de ser arte. Quase dois<br />

séculos depois, a selfie é hoje a maneira que milhões de pessoas<br />

conectadas, utilizam a fotografia.<br />

l<br />

“Se arrependo apago, acontece de<br />

me cansar da foto depois de um<br />

tempo! Edito sim! Coloco cores mais<br />

vibrantes, tiro espinha, olheira, olhos<br />

vermelhos”.<br />

Em 2004, a fotografia amadora difundiu-se na internet por<br />

sites como o Flickr, em que os perfis eram como álbuns. Hoje,<br />

com o sucesso do Iphone e a multiplicação dos smartphones,<br />

aplicativos como o Instagram invadem as redes sociais como o<br />

Facebook. 78% dos jovens e 29% das pessoas com mais de 65<br />

anos já fizeram uma selfie, ainda segundo o instituto britânico<br />

Opinium, dessas 19 % fazem selfie no seu quarto. No youtube,<br />

por 1.615.960 milhão de vezes foi clicado o vídeo “How to take<br />

the perfect Selfie”.<br />

l<br />

l<br />

‘‘Gosto de foto que te faz ter vontade<br />

de estar naquele lugar, conhecer<br />

aquela pessoa ou experimentar<br />

aquela comida. Uma imagem vale<br />

mais que mil palavras”.<br />

Mais do que cliques<br />

l<br />

Ao tocar no desenho de uma câmera em uma tela de, em média,<br />

441 pixels por polegada dos nossos smartphones, estaríamos<br />

com a mesma necessidade de Daguerre?<br />

Em meio à cultura digital que ultrapassa as telas e toca as<br />

atuais formas de nos relacionar, os estudiosos desse nó que nos<br />

une em sociedade, a cultura, dividem opiniões. O pesquisador<br />

Bent Fausing, da Universidade de Copenhague ao escrever sobre<br />

a “Sociedade da tela” relaciona o fenômeno das selfies com a<br />

vontade dos seres humanos em controlar a forma como são vistos,<br />

‘eu existo e eu controlo a forma como me vêem’. Já, Jenna<br />

Wortham, blogueira e colunista do New York Times, sugere que<br />

selfies correspondem a uma nova forma de representação e de<br />

comunicação entre pessoas através de imagens, uma maneira de<br />

marcar a nossa curta existência.<br />

l<br />

“Daí a identificação. O ídolo tira uma<br />

selfie e o fã pode tirar também, não é<br />

foto de revista”.<br />

l<br />

As aspas que percorrem essa matéria são falas da dentista e<br />

ex-participante da primeira edição do reality show Fazenda de<br />

Verão, Flávia Armond, na ultima selfie publicada em seu perfil<br />

do aplicativo Instagram com 6.382 seguidores, contabilizou<br />

170 likes, acompanhados pelas hashtags #lookoftheday #dujour<br />

#sabado #saturday #lunch #instamoda #instafashion<br />

#fashion.

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