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Revista Curinga Edição 09

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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BAÚ<br />

Sobretudo, poeta<br />

Salvador, 5 de dezembro de 1911. Nascia Carlos Marighella. Filho de<br />

operário e neto de escravos, o guerrilheiro foi também um dos principais<br />

inimigos do governo militar brasileiro. Todavia, a trajetória e os bastidores<br />

da história de Marighella revelam que ele foi mais do que isso.<br />

Fundador da Ação Libertadora Nacional (ANL), viveu na clandestinidade<br />

a maior parte da vida. Enfrentou encarceramentos, torturas e conheceu<br />

a prisão quando dedicou alguns de seus versos ao militar Juracy Magalhães,<br />

na época um dos interventores nomeado pelo então presidente Getúlio Vargas.<br />

Igualdade, liberdade, luta. Os poemas de Marighella escritos entre as décadas<br />

de 30 e 60 representam mais que a ideologia revolucionária comunista;<br />

retratam o descontentamento, a indignação e a sede por justiça do povo<br />

brasileiro já cansado de um regime que mantinha o país sufocado.<br />

Político e comunista consagrado, Carlos Marighella também fazia poesias<br />

“E que eu por ti, se torturado for,<br />

possa feliz, indiferente à dor,<br />

morrer sorrindo a murmurar teu nome.”<br />

Texto: Yara Diniz<br />

Ilustração: Neto Medeiros<br />

<strong>Edição</strong> Gráfica: Pedro Ferreira<br />

Em 2014 completam-se 45 anos de seu falecimento. A produção poética<br />

de Marighella, pouco difundida, está reunida no livro “Rondó da Liberdade”,<br />

título homônimo de um dos poemas mais famosos do autor. Na obra<br />

há poesias que mostram a sensibilidade e as paixões ocultas do militante,<br />

poemas de amor, versos sobre samba e futebol.<br />

“Rondó da Liberdade” contrapõe duas facetas de um homem que é comumente<br />

visto por uma só perspectiva. No livro conhecemos Carlos, que foi<br />

gente como a gente; dotado de defeitos e qualidades. Foi pai, foi esposo, foi<br />

poeta.<br />

“Era carinhoso, brincalhão, escrevia poemas pra gente. Nunca tinha<br />

associado o rosto dele aos cartazes de ‘Procura-se’ espalhados pela cidade.”<br />

palavras ditas no documentário Marighella, 2012, por Isa Grinspum Ferraz,<br />

cineasta e sobrinha de Carlos.<br />

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