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Revista Curinga Edição 14

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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A mordida<br />

Fazendo uma viagem pelas<br />

páginas das narrativas literárias,<br />

temos o clássico da princesa<br />

adormecida após a mordida na maçã<br />

envenenada, que só é acordada após<br />

o beijo do príncipe. A iconografia<br />

da fruta também é vista na cultura<br />

Celta, sendo associada a fertilidade,<br />

magia e ciência. Existe ainda a<br />

lenda da mulher do outro mundo,<br />

que se refere ao alimento prodígio<br />

e simboliza a imortalidade e a<br />

espiritualidade.<br />

Seguindo a trilogia maçã/<br />

curiosidade/conhecimento, chegamos<br />

ao campo da física, com a descoberta<br />

da lei da gravidade de Isaac Newton,<br />

em 1685, quando reza a lenda que<br />

ele foi tocado à temática após estar<br />

sentado sob uma macieira e uma<br />

fruta cair sobre a sua cabeça. Na<br />

música, a simbologia da temática<br />

já serviu para inspirar muitos<br />

artistas, como no caso da canção Ave<br />

Lúcifer, dos Mutantes. Nos anos 60,<br />

o fruto partido ao meio dava nome<br />

à gravadora dos Beatles, Apple<br />

Records.<br />

Quando na gênesis, supostamente, Deus criou<br />

Adão e, em seguida, de uma de suas costelas deu<br />

origem a Eva, tudo era perfeito e bom até a chegada<br />

da serpente, que oferece o fruto do conhecimento<br />

à companheira de Adão, que se vê seduzida pelas<br />

vantagens que o fruto lhe dará após o seu consumo.<br />

O livre arbítrio, a possibilidade da escolha entre<br />

o bem e o mal - embora não seja a proposta deste<br />

texto levantar discussões religiosas - é realmente<br />

curioso: o que seria este “bem e mal”? Se<br />

Deus criou o homem à sua imagem e<br />

semelhança, como pode este mesmo<br />

Deus cercear sua criação de desfrutar<br />

da “árvore do conhecimento”?<br />

“A representação simbólica do<br />

fruto proibido no texto bíblico está<br />

associado ao problema do bem e do<br />

mal, aquilo que é compreendido<br />

como mistério”, afirma a filósofa e<br />

teóloga Marta Luzie. Segundo ela,<br />

o “mal” está ligado às questões<br />

existenciais, às perguntas que ficam<br />

sem repostas, pois o homem, por<br />

mais que tente, não tem a capacidade<br />

de dar as repostas a todas as coisas.<br />

E este não saber todas as explicações<br />

para os dramas humanos traz sofrimento e<br />

inquietações que movem a humanidade.

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