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Gestão Hospitalar N.º20 1990

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REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE ADMINISTRADORES HOSPITALARES<br />

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ca ápio<br />

Revista da Associação Portuguesa<br />

de Administradores Hosp italares<br />

para refeit6rios<br />

Membro da Associação Europeia<br />

de Directores <strong>Hospitalar</strong>es<br />

ISSN: 0871 - 0776 Nº 20 · ANO VI ·JULHO! SETEMBRO · 500$00<br />

Somos uma empresa especializada com soluções para qualquer problema de alimentação.<br />

Gerimos todo o tipo de refeitórios, a custos imbatíveis.<br />

Elaboramos estudos e executamos os projectos de implantação mais adequados às possibilidades<br />

e preferências de cada tipo de empresa.<br />

Servimos por ano 17 milhões de refeições com ementas variadas e agradáveis.<br />

Dispomos de uma Central de Abastecimentos que nos assegura o fornecimento constante<br />

de alimentos da melhor qualidade.<br />

Somos a Gertal, a primeira empresa na gestão de refeitórios.<br />

Contacte-nos.<br />

17 milhões de refeições<br />

SUMÁRIO<br />

Editorial<br />

A Lei 8/ 90 de 20.02<br />

Sistema básico de informação hospitalar<br />

nos H.U.C.<br />

O Auditor no hospital<br />

2<br />

3<br />

6<br />

16<br />

"Sida" - O problema dos falsos positivos<br />

20<br />

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Av. Infante Santo, 21-A - Telef. 608532/29-676734 - Telex 13737 Gertal P Lisboa - 1300 Lisboa<br />

Rua Gonçalo Sampaio, 395 - Telef. 699013-69 91 03 - Telex 23426 Gertal P Porto - 4100 Porto<br />

DIRECTOR<br />

Artur Morais Vaz<br />

Colaboram neste número<br />

Jorge Varanda<br />

Rui Janeiro da Costa<br />

Paulo Salgado<br />

Pedro Lopes Ferreira<br />

A. Dias Alves<br />

José Marques Serralheiro<br />

ADMINISTRAÇÃO,<br />

PUBLICIDADE<br />

E ASSINATURAS<br />

MTF - GABINETE DE PUBLICIDADE, Lda.<br />

RUA MARIA, 49 - 2. 0 Esq.<br />

1100 LISBOA<br />

Telefone 814 44 95 - 814 02 32 - 815 16 11<br />

Fax 83 28 48<br />

FOfOCOMPOSIÇÃO, MONTAGEM<br />

E SELECÇÕES DE COR<br />

INFORMA, ARTES GRÁFICAS, Lda.<br />

RUA MARIA, 48 r/c<br />

1100 LISBOA<br />

Telefone 815 06 53/4<br />

IMPRESSÃO E ACABAMENTO<br />

ROLO & FILHOS - Artes Gráficas, Lda.<br />

2640 MAFRA<br />

Telefone 52 483 / 52 196<br />

PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL<br />

TIRAGEM<br />

5000 exemplares<br />

Análise custo-benefício do novo<br />

H . O. Guimarães<br />

<strong>Gestão</strong> de blocos operatórios<br />

NORMAS EDITORIAIS<br />

ESCOLA 24CIONAL DE<br />

...., _____ --........---·<br />

33<br />

P~~<br />

Jõl A Revista aceita trabalhos sobre qualquer assunto relacionado com o tema geral da gestão<br />

de serviços de saúde entendida esta no seu mais amplo.<br />

2ª Os artigos deverão ser enviados ao Director. A este caberá a responsabilidade de aceitar,<br />

rejeitar ou propor modificações.<br />

3ª Os artigos deverão ser enviados em duplicado (incluindo quadros e figuras), dactilografados<br />

a duas entrelinhas em folhas de formato A4. Em cada folha não deverão ser dactilografadas<br />

mais de 35 linhas. As folhas serão numeradas em ordem sequencial.<br />

4@ Os artigos deverão ser acompanhados, sempre que possível, por fotografia do(s) autor(es),<br />

tipo passe.<br />

5ª Os trabalhos deverão conter em folhas separadas o seguinte:<br />

a) Título do trabalho, nome(s) do(s) autor(es) epequenoesboçocurriculardo(s) autor(es), principais<br />

funções ou títulos, até ao máximo de dois;<br />

b) Pequena introdução ao artigo até máximo de uma página dactilografada;<br />

c) O texto;<br />

d) Quadros com títulos e legendas (folhas autónomas);<br />

e) Gráficos desenhados a traço de tinta-da-china sobre papel vegetal sem números ou palavras;<br />

f) Títulos, legendas ou elementos dos gráficos escritos em folhas de fotocópias destes, à parte;<br />

g) Fotografias numer-adas no verso, a lápis, segundo a ordem de entrada no texto e respectivas<br />

legendas;<br />

h) Pequenos resumos do artigo em língua francesa e inglesa, incluindo títulos;<br />

i) Os originais não deverão conter pés-de-página. Todas as referências bibliográficas completas<br />

serão insertas no final do artigo.<br />

6ª Nas referências bibliográficas, os autores são colocados por ordem alfabética (apelido<br />

seguido das iniciais do nome), seguindo-se o título completo do artigo, o título abreviado da<br />

Revista, o número do volume, os n úmeros da primeira e última páginas e o ano da publicação.<br />

DEPÓSITO LEGAL N.º 41825/90<br />

O Editorial e os Artigos não assinados são da responsabilidade da Direcção da Associação.<br />

Os Artigos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores, não comprometendo<br />

a Associação com os pontos de vista neles expressos. Embora merecendo a melhor atenção, a co- 11<br />

laboração não solicitado não será devolvida, reservando-se o direito de a publicar ou não.


HOSPITALAR<br />

EDITORIAL<br />

2 1<br />

Ao retomar, af!_ÓS um hiato superior a dois anos, a<br />

edição da GESTAO HOSPITALAR, a Direcção da<br />

Associação Portuguesa de Administradores <strong>Hospitalar</strong>es<br />

assume, como lhe compete, aliás, um duplo desafio.<br />

Primeiro, que a administração profissional de hospitais e<br />

outros serviços de saúde constitui uma ciência com um<br />

corpo teórico próprio e autónomo, o qual não se<br />

confunde, por específico, com a área mais vasta das<br />

ciências da gestão e administração de empresas. E que<br />

essa especificidade e autonomia se reflectem na produção<br />

de materiais, experiências e projectos que importa<br />

difundir entre os que escolheram a gestão de serviços de<br />

saúde como uma opção de vida profissional.<br />

O segundo desafio é o de acreditar no profissionalismo<br />

da empresa que, a partir deste número, assegurará a<br />

edição e distribuição da revista, bem como confiar na<br />

fidelidade dos leitores que, durante tanto tempo, se viram<br />

privados da única revista portuguesa sobre gestão<br />

hospitalar.<br />

A opção de reiniciarmos a edição da GESTÃO<br />

HOSPITALAR, sem curarmos de recuperar os números<br />

em falta, é uma aposta na definitiva regularização da<br />

periodicidade da revista.<br />

A re§ponsabilidade pela suspensão da publicação da<br />

GESTAO HOSPITALAR não pertenceu à A.P.A.H .. Foi,<br />

antes, fruto de condições exteriores e alheias à nossa<br />

vontade. O desaparecimento da empresa que assegurava a<br />

sua edição e a impossibilidade de recuperarmos alguns<br />

arquivos da revista, impedem-nos de regularizar a<br />

situação dos assinantes. Por isso pedimos aos antigos<br />

assinantes que nos contactem, caso tenham situações a<br />

regularizar.<br />

Este primeiro número desta nova série apresenta<br />

artigos de grande qualidade e interesse. No próximo<br />

número iniciaremos a publicação de um artigo, da<br />

responsabilidade de universitários norte-americanos<br />

ligados à gestão de serviços de saúde, sobre avaliação<br />

prospectiva do sucesso da implementação de projectos de<br />

mudança. Devido à sua extensão, o artigo repartir-se-à<br />

por dois números da revista.<br />

Continuaremos a contar com a colaboração habitual<br />

dos administradores hospitalares e outros profissionais da<br />

saúde envolvidos na gestão e investigação.<br />

Estamos certos, assim, de ganhar o duplo desafio que<br />

agora assumimos, ocupando um espaço que é nosso,<br />

divulgando e reflectindo a saúde do ponto de vista dos<br />

profissionais, alicerçando a mudança, inovando o<br />

discurso, moldando o futuro.<br />

I - A LEI 8/90, DE 20.02<br />

1. Em 20 de Fevereiro de <strong>1990</strong> foi<br />

publicada a Lei nº 8/90 (Bases da Contabilidade<br />

Pública) que determina os<br />

regimes financeiros e critérios de aplicação<br />

aos serviços e organismos da<br />

Administração Central.<br />

2. A lei 8/90 define o regime geral -<br />

autonomia administrativa e um regime<br />

excepcional - autonomia administrativa<br />

financeira.<br />

3. O regime geral- autonomia administrativa<br />

- traduz-se na competência<br />

dos dirigentes dos serviços sob este ·<br />

regime para autorizar a realização das<br />

despesas e o seu pagamento e para<br />

praticar actos administrativos definitivos<br />

e executórias, considerando-se<br />

exclui dos de tal competência' os actos<br />

que envolvam opções fundamentais de<br />

enquadramento da actividade dos serviços,<br />

organismos e, designadamente,<br />

que se traduzam na aprovação de planos<br />

e programas de actividades e respectivos<br />

relatórios de execução ou na<br />

autorização para realização de despesas<br />

cujo montante ou natureza ultrapassem<br />

a normal execução dos planos e<br />

programas aprovados (artº 2º).<br />

4. No seu artº 3º, a Lei nº 8/90 determina<br />

que o pagamento das despesas<br />

será feito pelos cofres do Tesouro, sendo<br />

a libertação dos créditos necessários<br />

feita mensalmente, por conta dos duodécimos<br />

das dotações globais inscritos<br />

no O.G.E.<br />

A autorização para a libertação dos<br />

créditos dependerá, apenas, da verificação<br />

de cabimento nos respectivos<br />

duodécimos e da remessa dos mapas<br />

justificativos exigíveis.<br />

5. Apenas em casos excepcionalmente<br />

justificados poderão, nos termos<br />

do artº 5º, ser consignadas receitas a<br />

serviços sem autonomia financeira. .<br />

6. O regime excepcional - autonomia<br />

administrativa e financeira - apenas<br />

se aplica (artº 6º, nºl) quando, cumulativamente,<br />

se justifique à adequada<br />

gestão dos serviços e estes apresentem<br />

receitas próprias iguais ou superiores<br />

a 2/3 das despesas totais l exclmndo<br />

as despesas co-financiadas pelo orçamento<br />

das C.E.).<br />

7. Apenas se excluem da necessidade<br />

de tais quesitos os serviços que dispõem<br />

de autonomia administrativa e<br />

financeira por imperativo constitucional<br />

(Universidades), (artº 6º, nº3).<br />

8. Excepcionalmente e por razões<br />

ponderosas expressamente reconhecidas<br />

na lei ou decreto lei, poderá ser<br />

atribuida autonomia administrativa e<br />

financeira, para além do disposto no nº<br />

1 do artº 6º ( nº 4 do artº 6º).<br />

9. Os serviços e organismos dotados<br />

de autonomia administrativa e financeira<br />

dispõem de persónalidade jurídica<br />

e património próprio (artº 9º).<br />

1 O. Tais serviços e organismos deverão<br />

dispôr de meios de fiscalização<br />

interna tecnicamente independentes dos<br />

respecti vos orgãos de direcção ( artº 12º).<br />

11 . O sistema de contabilidade dos<br />

serviços e organismos dotados de autonomia<br />

administrativa e financeira será<br />

digrafico e moldado no Plano Oficial<br />

de Contabilidade (POC) ou noutro plano<br />

de contas oficial adequado (artº 14º).<br />

12. O regime de autonomia administrativa<br />

e financeira dos serviços e organismos<br />

da Administração Central existentes<br />

à data da entrada em vigor da lei<br />

8/90 e que não tenham obtido receitas<br />

próprias no mínimo de 50% das despesas<br />

totais nos anos económicos de 1988<br />

e 1989 cessará com efeitos a partir de 1<br />

de Janeiro de 1991 .<br />

II - OS HOSPITAIS<br />

1. " Os hospitais são unidades muito<br />

complexas onde se produzem bens e<br />

serviços, (pelo que) a sua gestão tem<br />

necessáriamente assentar em suportes<br />

compatíveis e que de fonr..a alguma<br />

podem coincidir ou identificar-se com<br />

a situação relativamente bloqueante,<br />

como continua ainda a ser actual, de um<br />

serviço público que, se não em teoria,<br />

pelo menos na prática, alinha a par dos<br />

que vivem integrados na gestão directa 1 3<br />

do Estado.


4 1<br />

E é aquela dinâmica, correntemente<br />

suportada por tida uma estrutura interna<br />

que não esquece principios de natureza<br />

empresarial e claramente assente<br />

na iniludível integração da actividade<br />

hospitalar na economia do país, que<br />

impõem de forma rectilinea a assimilação,<br />

por parte do hospital, de uma boa<br />

parte das regras de gestão desconhecidas,<br />

por delas não carecerem, dos serviços<br />

públicos clássicos " (Preâmbulo do<br />

Dec. Lei nº 19/88, de 21/1).<br />

2. Os hospitais são pessoas colectivas<br />

de direito público, dotadas de autonomia<br />

administrativa e financeira, sem<br />

prejuízo das competências de superintência<br />

e tutela do Ministro da Saúde<br />

(art~ 2º e 3º do Dec. lei 19/88).<br />

3. Nos hospitais existem orgãos de<br />

administração, de direcção técnica, de<br />

apoio técnico e de participação e consulta.<br />

Nos hospitais de mais dimensão<br />

haverá ainda um orgão de fiscalização<br />

(artº 4º do Dec. Lei.19/88).<br />

4. A fiscalização é exercida por um<br />

auditor nomeado pelos Ministros das<br />

Finanças e da Saúde, sendo apoiado e<br />

supervisionado pela Inspecção-Geral de<br />

Finanças e pelo Departamento de <strong>Gestão</strong><br />

Financeira dos Serviços de Saúde<br />

(artº 28º do Dec. Reg. 3/88, de 22/1).<br />

5. Aos orgãos de administração (Conselho<br />

de Administração, Presidente do<br />

Conselho de Administração e Administrador<br />

Delegado) compete planear,<br />

dirigir, coordenar e controlar o funcionamento<br />

do hospital, "bem como promover<br />

a criação da estrutura orgânica<br />

adequada e a sua constante actualização<br />

e, designadamente, aprovar os planos<br />

de acção anuais e plurianuais, aprovar<br />

os orçamentos e relatórios, inspecçionar<br />

a execução do orçamento e autorizar<br />

despesas com aquisições de bens e<br />

serviços ( artº 2º, 4º e 11 º do Dec. Reg.<br />

3/88 de 22/1).<br />

6. Os hospitais devem organizar-se<br />

em termos de gestão empresarial, funcionando<br />

com base em planos anuais e<br />

plurianuais (artº 7º do Dec. Lei 19/88 e<br />

Base XXXVI da lei nº 48/90, de 24/8).<br />

7. Para prossecução dos princípios<br />

da gestão empresarial, os hospitais devem<br />

organizar-se e desemvolver a sua acção<br />

por centros de responsabilidade e de<br />

custos, enquanto níveis intermédios de<br />

administração com a necessária autonomia,<br />

a fim de se consseguir a adequada<br />

desconcentração de poderes e correspondente<br />

repartição . de responsabilidades<br />

(artº 9º do Dec. Lei 19/88).<br />

8. Nos centros de responsabilidade<br />

deve ter lugar, para além de outras<br />

funções, a preparação do plano de acção<br />

e proposta de orçamento para cada centro<br />

de custos (artº 32º do Dec. Reg. 3/88).<br />

9. As receitas e despesas dos hospitais<br />

serão classificadas segundo o plano<br />

oficial de contabilidade dos serviços de<br />

saúde (POCSS) (artº 12º do Dec. Lei.19/<br />

88).<br />

10. Os hospitais deverão possuir inventário,<br />

designadamente de todo o imobilizado<br />

que neles exista, o qual sera<br />

obrigatoriamente reintegrado no termos<br />

a fixar pelo plano de contas (artº<br />

13º do Dec. Lei 19/88).<br />

11. A natureza dos bens e serviços<br />

produzidos pelos hospitais situa-se num<br />

campo de imponderabilidade determinante<br />

e sensibilidade social acrescida.<br />

Daí decorrem as dificuldades de matriciar<br />

o funcionamento dos hospitais - e<br />

também as despesas a efectuar e o<br />

momento em que têm lugar.<br />

12. A prestação de cuidados de saúde<br />

pelos estabelecimentos pertencentes<br />

ao Serviço Nacional de Saúde é, nos<br />

termos da Constituição da República<br />

Portuguesa (artº 64º) tendencialmente<br />

gratuita.<br />

13. As receitas próprias dos hospitais,<br />

por força do imperativo constitucional<br />

(e do sistema de financiamento<br />

pelo O.G.E. adaptado em consequência),<br />

atingem, em média, cerca de 10%<br />

do total das despesas anualmente efectuadas.<br />

III - OS HOSPITAIS E A LEI Nº 8/90<br />

1. Nos termos do nº 1 do artº 6º da lei<br />

8/90, de 20.02 os hospitais não deverão<br />

manter-se no regime de autonomia<br />

administrativa e financeira por não<br />

verificação do quesito relativo à dimensão<br />

das receitas próprias respectivas<br />

(pelo menos 2/3 do total das despesas).<br />

E tal regime deverá cessar com<br />

efeitos a 1 de Janeiro de 1991, mediante<br />

portaria do Ministério das Finanças (artº<br />

16º da lei 8/90).<br />

2. Parece, no entanto, indiscutível<br />

que os hospitais preenchem o segundo<br />

quesito definido na lei " ... quando este<br />

regime se justifique para a sua adequada<br />

gestão ... "<br />

3. A aplicação automática da lei 8/<br />

90 aos hospitais porá, pois, em causa os<br />

principias legalmente definidos para a<br />

sua gestão que se pretende dinâmica,<br />

flexível e actuante.<br />

4. De igual modo, o funcionamento<br />

dos hospitais não pode encontrar-se<br />

sujeito a normas rígidas de cabimentação<br />

e realização de despesas, sob pena<br />

de correrem risco as actividades principais,<br />

isto é, a prestação de cuidados de<br />

saúde. Nem pode tal prestação estar<br />

dependente da obtenção de autorizações<br />

extraordinárias através de processos<br />

burocráticos necessariamente longos,<br />

por estar em causa a saúde e/ou a<br />

vida de pessoas carecidas de cuidados<br />

de saúde.<br />

5. Reduzidas que ficarão igualmente,<br />

a área de actividade e as competências<br />

dos orgãos de administração, com<br />

a aplicação da lei 8/90 perdem justificação<br />

os esquemas orgânicos estabelecidos<br />

no Dec. Lei 19/88 e Dec. Reg. 3/88.<br />

6. Igualmente poderão qualquer justificação,<br />

porque reduzidos nos seus<br />

objectivos e operacionalidade, os Centros<br />

de Responsabilidade e Centros de<br />

Custos criados pela legislação hospitalar<br />

e que constituem, enquanto níveis<br />

intermédios de gestão, as bases de organização<br />

dos hospitais.<br />

7. Com a passagem ao regime de<br />

autonomia administrativa resultarão<br />

reduzidos os incentivos aos hospitais<br />

para aumentarem as suas receitas próprias,<br />

recorrendo quer a medidas organizativas<br />

quer à prestação de mais ou<br />

diferentes cuidados de saúde.<br />

8. A somar às razões já expandidas,<br />

a especificidade da actividade dos serviços<br />

de saúde em geral, e dos hospitais<br />

em particular, determinou, há anos, a<br />

criação do POCSS - Plano Oficial de<br />

Contas dos Serviços de Saúde-, por se<br />

considerar desadequado o Plano Oficial<br />

de Contabilidade. De facto, quer a<br />

diversidade e especificidade dos materiais<br />

de consumo utilizado (mais ou<br />

menos 10.000 nos hospitais), quer a<br />

individualidade das actividades dos<br />

serviços de saúde justificam a existência<br />

de um plano de contas próprio que<br />

traduza tal complexidade. Utilizar o<br />

POC representa utilizar um instrumento<br />

desadequado e produzir informação<br />

anódica, não fiável, desadequada e não<br />

utilizável. ·<br />

9. Aliás, em todo o mundo ocidental<br />

é reconhecida a especificidade da actividade<br />

dos hospitais, como em Portugal<br />

até ao momento, pelo que parece<br />

injustificável reduzir os hospitais a meros<br />

serviços públicos de natureza e gestão<br />

burocrática.<br />

10. O Próprio facto dos hospitais<br />

apresentarem baixos níveis de receitas<br />

próprias (mais ou menos 10%) é consequência<br />

da gratuitidade tendencial dos<br />

cuidados determinada constitucionalmente<br />

e do sistema de financiamento<br />

aos hospitais adoptados.<br />

Caso se aplicassem as regras existentes<br />

para pagamento aos hospitais<br />

pelos sub-sistemas de saúde a todos os<br />

doentes do regime geral de previdência<br />

(mais ou menos 90% do total de doentes<br />

assistidos), certamente que as receitas<br />

próprias dos hospitais seriam superiores<br />

aos 66% definidos na lei 8/90. Na<br />

verdade o que se verifica, é que cerca<br />

de 90% dos doentes é abrangido pelo<br />

regime geral o qual não se responsabiliza<br />

pelos cuidados de saúde prestados<br />

pelos hospitais aos seus beneficiários.<br />

Os subsídios de exploração aos hospitais<br />

suportados pelo O.G.E. funcionam<br />

assim, de facto, como pagamento dos<br />

cuidados prestados aos beneficiários<br />

do regime geral de previdência.<br />

11. Finalmente, os hospitais, pelos<br />

motivos expendidos no ponto 8 deste<br />

capítulo, estão sujeitos à dinâmica do<br />

mercado de bens e serviços nacional e<br />

internacional, necessitando de capacidade<br />

de manobra para gerir o seu relacionamento<br />

com o mercado em geral e<br />

com os fornecedores em particular, sob<br />

risco de paralização de actividades estratégicas<br />

envolvendo a saúde e a vida<br />

dos doentes. O mesmo dano resultaria<br />

do desaparecimento das tesourarias, com<br />

perda da capacidade de intervenção<br />

imediata na solução de problemas urgentes.<br />

IV - CONCLUSÕES<br />

1. Verificada a desadequação da lei<br />

8/90 aos serviços de saúde em geral e<br />

aos hospitais em particular;<br />

2. Verificadas as graves consequências<br />

de aplicação da lei 8/90 para o<br />

normal funcionamento dos hospitais e<br />

os prejuízos daí decorrentes para a saúde<br />

e vida dos doentes que neles recebem<br />

cuidados de saúde;<br />

3. Tendo presente que os hospitais<br />

reunem, de facto, todas as condições<br />

para se manterem no regime excepcional<br />

de autonomia financeira e administrativa,<br />

com exclusão do valor mínimo<br />

legal para as receitas próprias;<br />

4. Considerando ainda que a inexistência<br />

de receitas próprias decorre de<br />

imperativo constitucional e de normas<br />

de financiamento que não adaptam a<br />

filosofia do terceiro pagador aplicável<br />

no caso dos sub-sistemas de saúde, pelo<br />

que, de facto, o financiamento dos<br />

hospitais é atribuído de acordo com as<br />

respectivas actividades e níveis de<br />

produção:<br />

5. Toma-se pois, indispensável a<br />

manutenção do regime de autonomia<br />

administrativa e financeira dos hospitais,<br />

a determinar por Decreto Lei ou Lei,<br />

nos termos do artº 6º, nº 4, da Lei 8/90<br />

de 20.02. •<br />

O PRESIDENTE DA A.P.A.H.,<br />

(Dr. JORGE VARANDA)<br />

'


HósPiTALÃR _<br />

~ A<br />

6 '<br />

Rui Janeiro da Costa<br />

(Administrador <strong>Hospitalar</strong>)<br />

Hospitais dn Universidade de Coimbra<br />

I - O estudo dos sistemas de informação<br />

hospitalar tem merecido no<br />

nosso país uma escassa atenção e uma<br />

quase nula aplicação prática.<br />

No entanto, os sistemas de informação<br />

hospitalar (SIH) têm vindo a evoluir<br />

há algumas dezenas de anos, sendo<br />

hoje possível formalizar a sua tipologia.<br />

Mais do que a sua tipologia· a<br />

análise do desenvolvimento dos SIH<br />

tem feito realçar dois aspectos básicos<br />

de maior interesse.<br />

Por um lado a verificação de estádios<br />

sucessivos na sua evolução. Estes<br />

estádios foram claramente condicionados<br />

pela tecnologia informática,<br />

abrangendo aspectos de máquina e suporte<br />

lógico. Pode concluir-se não poder<br />

pensar-se em SIH desligado do<br />

respectivo sistema informático. O<br />

avanço tecnológico permite hoje configurar<br />

o tipo, extensão e etapas do SIH<br />

e e-scolher em conformidade a solução<br />

informáticaa mais adaptada e rentável<br />

em cada momento, sem grandes restrições<br />

que não sejam as de natureza financeira.<br />

Como é evidente a inversa<br />

não é verdadeira, sendo de rejeitar a<br />

adopção de modelos informáticos e limitação<br />

do SIH à sua medida.<br />

O segundo aspecto diz respeito aos<br />

condicionalismos ambientais, já que<br />

qualquer sistema de informação não<br />

tem existência por si próprio, servindo<br />

determinados objectivos.<br />

Embora no nosso país se verifique<br />

algum atraso na utilização de tecnologia<br />

importada, o incipiente desenvolvimento<br />

dos SIH tem sido determinado<br />

em maior grau pelas razões ambientais,<br />

dentro das quais sobressaem a insuficiência<br />

financeira dos projectos e a<br />

insuficiência da gestão institucional e<br />

central, quer no desenho inicial quer<br />

na continuidade e desenvolvimento<br />

dos projectos. Em termos práticos<br />

constatam-se acções pontuais de lançamento<br />

imediato de produtos ou aplicações<br />

mais ou menos sectorizados, relativamente<br />

portáveis de hospital para<br />

hospital e exclusivamente na área de<br />

gestão operacional do hospital.<br />

Genericamente como se tem efectuado<br />

o desenvolvimento dos sistemas<br />

de informação nos hospitais?<br />

Para respondermos de forma mais<br />

completa a esta interrogação é necessário<br />

focar a contradição permanente<br />

dos fins do hospital na utilização óptima<br />

dos seus recursos. O hospital tem<br />

que ser rentabilizado como empresa<br />

industrial ou de serviços. Mas, por outro<br />

lado, o doente espera a prestação<br />

máxima de cuidados e o máximo uso<br />

de todos os possíveis recursos .e alta<br />

tecnologia com vista ao restabélecimento<br />

da sua saúde ou minimização da<br />

doença. O principal objectivo do SIH<br />

tem sido mais a optimização dos aspectos<br />

operacionais e muito está por<br />

fazer na área da melhoria dos cuidados<br />

directos aos doentes.<br />

Se atentarmos agora nos componentes<br />

do SIH (fig. 1), compreende-se facilmente<br />

que na década de 70 os esforços<br />

se tenham centrado mais nos subsistemas<br />

de informação de gestão hospitalar,<br />

com limitadas tentativas de extensão<br />

a outras áreas.<br />

Esta orientação ficou a dever-se à<br />

relativa facilidade de transposição para<br />

o hospital de sistemas já experimentados<br />

noutros campos empresariais,<br />

tratando-se, por isso, de aplicações<br />

pouco ou nada integradas, com exigências<br />

reduzidas em termos de equipamento<br />

informático ou até concebidas<br />

para utilização em serviço bureau.<br />

O desenvolvimento de aplicações de<br />

gestão ou administrativas é hoje ainda<br />

no nosso país a principal ou, até, a única<br />

preocupação de entidades externas<br />

ao hospital, como meio de controlar<br />

ou limitar os respectivos orçamentos.<br />

Nesta perspectiva se enquadra a gestão<br />

por case-mix, ponderação de actos e<br />

unidades de medida. No condicionalismo<br />

português, a sua utilização dificilmente<br />

·será justificável sem o acompanhamento<br />

de acções concertadas visando<br />

a melhoria de cuidados e o tratamento<br />

mais equitativo dos utentes no<br />

acesso aos próprios serviços .<br />

Um sistema de informação hospitalar<br />

orientado para o doente (Patient<br />

oriented) tem como objectivo fundamental<br />

a recolha de informação admi-<br />

nistrativa e clínica relativa aos doentes,<br />

da forma mais directa e menos penosa,<br />

o seu processamento e distribuição<br />

em todos os locais onde seja necessária<br />

para fins de consulta e actualização,<br />

assegurando-se a qualidade,<br />

prontidão e eliminação de red~ndâncias<br />

de dados. Em resumo um sistema<br />

de informação coerente e integrado visando<br />

antes de mais a melhoria de qualidade<br />

dos cuidados prestados. Sendo<br />

o doente o principal «produto» do hospital,<br />

ele deverá ser o ce~tro ?~ r~c~ ­<br />

lha de ip.formação e o destmatáno ':1lt1-<br />

mo da sua utilização. Um sistema deste<br />

tipo assegurará igualmente a informação<br />

necessária para melhor gerir os<br />

recursos materiais (consumos, equipamentos<br />

e instalações), financeiros e de<br />

pessoal, tanto do ponto de vista interno<br />

da instituição, como do controlo externo<br />

(fig. 2). A integração visa disponibilizar<br />

a informação aos vários níveis e<br />

tipos de gestão, rejeitando-se a dicotomia<br />

gestão clínica/gestão administrativa<br />

que os hospitais portugueses ainda<br />

não superaram. Em complemento, o<br />

sistema de informação de doentes visa<br />

SISTEMA DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR<br />

ainda proporcionar a informação para<br />

a realização de estudos clínicos e para<br />

ensmo.<br />

Estabelecendo um certo paralelismo,<br />

pode afirmar-se que o sistema de<br />

informação de doentes representa para<br />

o hospital a transposição dos sistemas<br />

de informação de produção, cada vez<br />

mais frequentes e indispensáveis nas<br />

empresas industriais ou de serviços.<br />

Quais, porém, as razões da reduzida<br />

difusão deste tipo de sistema de informação<br />

nos hospitais e a sua quase inexistência<br />

em Portugal?<br />

SUB-SISTEMA • Pessoal/vencimentos PREVALÊNCIA<br />

DE • Contabilidade DOS<br />

INFORMAÇÃO • <strong>Gestão</strong> de materiais ASPECTOS<br />

DE - Stocks DE<br />

GESTÃO - Inventário GESTÃO<br />

• Estatísticas de movimento de doentes<br />

SUB-SISTEMA • Ficheiro de doentes PREVALÊNCIA<br />

DE • Listas de espera DOS<br />

INFORMAÇÃO • Admissões/Transfer. /Altas ASPECTOS<br />

DE • Marcação de consultas DE<br />

DOENTES • Arquivo clínico INTEGRAÇAO<br />

• Informações<br />

• Estatística de doentes<br />

• Estatística de actos médicos e resumo de processos clínicos<br />

• Laboratórios<br />

• Radiologia<br />

• Bloco operatório<br />

• Hemoterapia/ dadores<br />

• Farmácia ·<br />

• Dietética<br />

SUB-SISTEMAS • Processamento de imagem<br />

DE<br />

• Sistemas dedicados:<br />

INFO~M AÇÃO - Monitorização<br />

CLINICA<br />

- Tratamento de sinais<br />

- Outros<br />

• Aplicações em linhas de investigação<br />

• Sistemas periciais<br />

.<br />

PREVALÊNCIA<br />

DOS ASPECTOS<br />

CIENTÍFICOS<br />

DE INVESTIGAÇÃO<br />

E ENSINO<br />

ORIENTAÇÃO DE<br />

«TAREFA»<br />

1 7


1<br />

l.._ ___<br />

GESTÃO<br />

PESSOAL<br />

F-IN_A __ N_c_E-IRA<br />

APROVISIONAM.<br />

1<br />

____ __.1 ...........<br />

PRESTAÇÃO DE<br />

CUIDADOS<br />

INFORMAÇÃO<br />

CLÍNICA<br />

1<br />

1<br />

ENSINO,<br />

INVESTIGAÇÃO,<br />

APOIO EXTER. .<br />

ENSINO 1<br />

INVESTIGAÇÃO<br />

EPIDEMIOLOG. 1<br />

No entanto, desde o início da sua<br />

concepção o sistema foi previsto para<br />

abranger sucessivamente outras áreas,<br />

nomeadamente, por ordem de prioridade,<br />

os serviços de apoio clínico de<br />

grande volume de doentes como os laboratórios,<br />

imagiologia, bloco operatório,<br />

através da criação de sistemas<br />

satélites interligados. Daí que se tenha<br />

adaptado à partida tecnologia de base<br />

de dados, sistema de comunicações<br />

internas (N etwork), que o sistema seja<br />

«talhado» à medida e conforme as necessidades<br />

do hospital é seja de evolução<br />

gradual, permitindo digerir alterações<br />

organizacionais, avaliar e corrigir<br />

deficiências e desenhar novas etapas<br />

depois de adquiridas as anteriores.<br />

A estrutura lógica, representada na<br />

figura 3, assenta na existência de uma<br />

base de dados para os doentes de internamento<br />

e consulta externa, e um ficheiro<br />

indexado (KSDS) para a urgência,<br />

periodicamente retirado do disco.<br />

São criados subsidiariamente ficheiros<br />

com características diferentes. Assim,<br />

o ficheiro das consultas externas/<br />

arquivo e o ficheiro estatístico da<br />

base de dados são criados por programação<br />

através de comandos de operação.<br />

O ficheiro estatístico da urgência<br />

é criado ou actualizado automaticamente<br />

através dos respectivos registos<br />

de urgência. Contrariamente à base de<br />

dados, todos os ficheiros têm função<br />

temporária, sendo eliminados ou passados<br />

para banda magnética periodicamente.<br />

B) - REGISTO BÁSICO<br />

E IDENTIFICADOR<br />

Para cada admissão em internamento<br />

ou consulta externa é criado na base<br />

de dados um registo básico e único por<br />

doente relativo à sua identificação,<br />

com a seguinte composição, baseada<br />

no resumo de dados mínimos (MBDS)<br />

da C.E.E.:<br />

n. 0 de utente<br />

nome<br />

data de nascimento<br />

estado civil<br />

nacionalidade<br />

filiação<br />

B.I. e arquivo<br />

FIG. 3<br />

naturalidade<br />

profissão<br />

residência<br />

seguro social e número<br />

O número de utente, que é igualmente<br />

o do seu processo, é o identificador<br />

principal da base de dados.<br />

Constituído por 9 dígitos tem a seguinte<br />

composição lógica:<br />

1. 0 /2. 0 - 2 últimos dígitos do ano<br />

de nascimento<br />

3. 0 / 4. 0 - mês de nascimento<br />

5. 0 /6.º /7.º /8. º /9.º - n. 0 de registo<br />

sequencial dentro da tabela criada<br />

pelo computador por cada mês de cada<br />

ano, ou seja, 1200 tabelas correspondentes<br />

a 12 meses vezes 100 anos<br />

(os doentes centenários são registados<br />

na mesma tabela dos nascidos no mesmo<br />

ano do século seguinte).<br />

O identificador principal do doente é<br />

a chave de acesso normal depois de<br />

criado o registo básico. Antes da criação<br />

de qualquer novo registo o sistema<br />

.impõe uma busca alternativa através<br />

do primeiro nome, último apelido, da-<br />

1<br />

PLANEAMENTO<br />

1<br />

APOIO À<br />

PERIFERIA<br />

FICHEIRO<br />

ESTATÍSTICO<br />

(INTERNAMENTOS)<br />

COORDENAÇÃO<br />

INTERNA<br />

COORDENAÇÃO<br />

EXTERNA<br />

BASE DE DADOS<br />

8 1<br />

Fundamentalmente pelas seguintes<br />

exigências simultâneas:<br />

necessidade de utilização de base<br />

de dados;<br />

exigência de sistema de comunicações<br />

locais;<br />

reduzida portabilidade do software,<br />

o que obriga ao desenho e<br />

construção à medida de cada<br />

hospital, com exigência de projectos<br />

bem estruturados e de<br />

execução plurianual.<br />

Como já se referiu, os projectos que<br />

envolvam continuidade de meios tec-<br />

FIG. 2<br />

nológicos, pessoais, organizacionais e<br />

orçamentos adequados, não têm tido<br />

no nosso país as condições ambientais<br />

adequadas ao seu desenvolvimento.<br />

II<br />

A) - DESCRIÇÃO GERAL<br />

O sistema de informação, em actividade<br />

nos Hospitais da Universidade de<br />

Coimbra desde a inauguração das novas<br />

instalações, encontra-se configurado<br />

como um sistema de informação de<br />

doentes, abrangendo actualmente as<br />

seguintes áreas: registo, admissões,<br />

transferências e altas de internamento,<br />

admissões e altas de consulta externa,<br />

registo de urgências, estatísticas de actividade<br />

e morbilidade das três áreas,<br />

gestão do arquivo clínico central (processo<br />

único por doente), com controlo<br />

de entrada, saída, localização e estado<br />

dos processos (suporte original ou microfilme)<br />

. Caracteriza-se, por isso, no<br />

momento presente, como um sistema<br />

básico de informação de doentes e daí<br />

a sua corrente denominação de Registo<br />

e Identificação de Doentes (RID).<br />

FICHEIROS<br />

DIVERSOS<br />

(LISTAGENS)<br />

- REGISTO BÁSICO -<br />

- SEGMENTOS -<br />

B.D. INTERNAMENTO<br />

FICHEIRO DAS<br />

CONSULTAS EXTER­<br />

NAS/ARQUIVO<br />

FICHEIRO DA<br />

URGÊNCIA<br />

FICHEIRO ESTATÍSTICO<br />

1 9


10 1<br />

ta de nascimento (completa ou por parâmetros)<br />

e sexo, com o fim de obstar<br />

à constituição de registos duplicados.<br />

Esta busca por identificação reduzida é<br />

igualmente feita no caso do doente não<br />

saber o seu número ou ter perdido o<br />

cartão de identificação dos V. H. C. -<br />

cartão plástico standard A, do tipo dos<br />

cartões de crédito. Sempre que existam<br />

sinónimos numa busca por identificação<br />

reduzida é apresentada no<br />

«écran» a identificação dos indivíduos<br />

com o mesmo nome e outros parâmetros<br />

definidos, para que o funcionário<br />

da admissão possa comparar os restantes<br />

elementos de identificação, p. ex.<br />

filiação, naturalidade, e assim seleccionar<br />

o correcto ou criar novo registo.<br />

Constituído o registo básico podem<br />

criar-se quantos segmentos de internamento<br />

ou consulta sejam sucessivamente<br />

necessários para cada doente. O<br />

sistema está concebido para trabalhar<br />

tanto em pré-admissões como em admissões<br />

de internamento urgentes e<br />

inscrições imediatas em consulta externa.<br />

Como as inscrições de primeiras<br />

consultas feitas no próprio dia provocam<br />

substanciais engarrafamentos<br />

no Serviço de Admissão e atrasos nos<br />

serviços clínicos, os H. U.C. têm promovido<br />

acordos com as A.R.S. para<br />

envio da documentação completa dos<br />

doentes, permitindo já tal prática a generalização<br />

do mecanismo de préadmissão.<br />

Verifica-se nos últimos meses<br />

uma média de cerca de 50 inscrições<br />

extemporâneas, número aceitável<br />

face a um total médio diário de 250<br />

inscrições. Tanto no caso de internamento<br />

como no de inscrição e consulta<br />

é editada, em impressora remota, uma<br />

folha de identificação do doente que<br />

constitui a primeira folha do processo<br />

clínico.<br />

C) - INTERNAMENTO<br />

A pré-inscrição em internamento gera<br />

a criação de lista de espera do respecti<br />

vo serviço com indicação do nível<br />

de prioridade, sendo possível consultar,<br />

alterar e listar os doentes constantes<br />

em espera em cada serviço.<br />

A admissão definitiva de um doente<br />

já pré-admitido é feita pela simples<br />

confirmação da data de entrada.<br />

No caso de admissão urgente a criação<br />

do registo faz-se por transferência<br />

dos dados existentes no registo de urgência,<br />

indicação da data de entrada,<br />

serviço e edição da folha de identificação<br />

(Anexo A), atribuindo o sistema o<br />

respectivo número único de utente. Se<br />

HO ~PlTAIS DA UNIVERSIDADE DE CClM BR1\<br />

•UTENTE N. 800100001<br />

EM 14/06/1988<br />

ADMITIDO EM 14/06/ 88<br />

INT.URGENTES<br />

NO SERV I CO MEDICINA I<br />

* *<br />

J(-<br />

• NOME JOSE CARLOS S ILVA CQSTA<br />

* MOR ADA R.FERREIRA BORGES - 1 . DRT.<br />

• CO MIMBRA<br />

* 3000 COIMBRA<br />

* NA TURAL DO CO NCELHO DE AGUEDA<br />

E DA FREGUESIA DE AGUEDA<br />

* FILHO DE MANUEL PIMENTA COSTA<br />

* E DE FERNANDA MARIA CO S TA<br />

• SEXO MA SC ULINO ESTADO CIVIL CASADO<br />

* CO M B. I. 10000069 DO MH~. rn. DE 1.. I SBOl'1<br />

• PROFISSAO 0009 CADETE<br />

*<br />

J(<br />

.lDADE ! t3 lo.'<br />

*<br />

* *<br />

* SEGURO DOENCA 2121 ASS. DOENCA SERVIDORES ESTADO *<br />

* RESPONSAVEL 21 2 1 ASS.DOENCA SERVIDORES ESTADO *<br />

l


12 1<br />

Realizadas as consultas, as quais são<br />

efectuadas nos H. U. C. nas instalações<br />

próprias de cada serviço clínico, os<br />

processos são devolvidos ao arquivo<br />

acompanhados da respectiva lista<br />

preenchida, sendo as informações introduzidas<br />

por transacção sequencial<br />

que actua interactivamente nos segmentos<br />

de consulta e arquivo do doente<br />

na base de dados.<br />

G) - FICHEmO DA URGÊNCIA<br />

O ficheiro da urgência trabalha em<br />

conexão directa com a base de dados,<br />

seguindo resumidamente o seguinte<br />

modo de operar:<br />

o registo criado no ficheiro da<br />

urgência pode ser transferido<br />

para a base de dados com atribuição<br />

de número de utente, se o<br />

doente for internado;<br />

se o doente que se pretende inscrever<br />

no ficheiro da urgência já<br />

tem registo na base de dados, os<br />

dados pertinentes são transferidos<br />

de igual modo para o ficheiro<br />

da urgência.<br />

Na segunda alternativa se não se encontra<br />

registo na base de dados, faz-se<br />

busca ao ficheiro existente na urgência<br />

e, se aí estiver já anteriormente registado<br />

o doente, procede-se à transferência<br />

de dados pré-existentes,<br />

completam-se e actualizam-se os campos<br />

necessários.<br />

O registo da urgência tem a seguinte<br />

configuração:<br />

todos os dados mencionados para<br />

o registo básico do doente na base<br />

de dados<br />

n. 0 sequencial da urgência<br />

data/hora<br />

telefone do doente/familiar<br />

responsável pelo pagamento,<br />

com residência se necessário<br />

acompanhante e residência<br />

local do acidente<br />

causa da urgência (tabela dos<br />

H.U.C.)<br />

causa da urgência - segundo os<br />

códigos «E» da ICD-9 (só utilizada<br />

em casos especiais)<br />

código nosológico<br />

destino com indicação do serviço<br />

Refira-se que não é atribuído número<br />

único de utente na inscrição da urgência.<br />

Porém, no caso de haver criação<br />

do registo de urgência através de<br />

transferência da base de dados, o número<br />

único é igualmente transferido<br />

para figurar no registo e impresso de<br />

inscrição para eventual pedido ao arquivo<br />

do respectivo processo.<br />

N. URGENCIA<br />

N. UTENTE<br />

NOME .<br />

DATA NASCIMENTO<br />

PROFISSAO<br />

NATURALIDADE<br />

RESIDENCIA<br />

F ILIAC.<br />

NOME CONJUGE<br />

B. IDENTIDADE<br />

SEGURO<br />

COD.RESP 21 2 1<br />

RESIDENCIA<br />

ACOMPANHANTE<br />

RESIDENCIA<br />

LOCAL ACIDENTE<br />

* HOSPITAIS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA *<br />

*** URG ENCIAS ***<br />

035095 / 88<br />

200500011 DATA 16 06 88<br />

MARI A FERNANDA SANTOS DUARTE<br />

12 0 5 1920 I DADE<br />

REFORMADO<br />

EIRAS- CO I MBRA<br />

RUA DA SOFIA 3.DRT - CO I MBRA<br />

JOAO CARLOS DUARTE<br />

BELMIRA ALVES SANTOS<br />

MARIO LOPES ALMEIDA F I GUE I REDO<br />

068<br />

130031667 ARQUIVO L<br />

N. CARTAO 0120043001SS<br />

NOME RESP ASS.DOENCA SERV I DO RES ESTADO<br />

HORA· 12 18<br />

S EXO F ESTAD O C<br />

COD. 9998<br />

COD. RES ID. 060500<br />

CD. POST . 3000<br />

COO. POST 0000<br />

GIL RAMA<br />

RUA DA ALEGRIA - COIMBRA CD. POST. 3 0 00<br />

OBSERVACOES T :<br />

FACA ENTER PARA CONTINUAR , PF1 P ARA<br />

*** FALTA O OK PARA CONFIRMAR OS DAD OS ***<br />

Está igualmente previsto na urgência<br />

a criação de registo para doentes<br />

não identificáveis.<br />

As transacções actuais do ficheiro<br />

da urgência permitem efecru,:ar além da<br />

inscrição, actualização e. consulta (por<br />

número, nome ou data) dos registos. O<br />

identificador principal é o número sequencial<br />

anual, permitindo o sistema<br />

avançar os números necessários, para<br />

salvaguardar a ordem dos registos por<br />

hora de chegada à urgência, se houver<br />

falha de equipamento ou energia. Por<br />

cada registo criado são editadas, em<br />

impressora do Serviço de Admissão da<br />

Urgência, duas folhas pré-impressas<br />

para registo clínico manual.<br />

Conforme o destino do doente, é registada<br />

a sua saída ou internamento do<br />

modo já referido.<br />

Para fins estatísticos é criado automaticamente<br />

um ficheiro dos dados de<br />

urgência. Os programas respectivos<br />

permitem a execução de mapas de tabulação<br />

periódica.<br />

II) -<br />

FICHEmO ESTATÍSTICO<br />

O ficheiro estatístico da base de dados<br />

compreende todos os dados necessários<br />

para correr os programas de estatística<br />

de internamento disponíveis<br />

através do Centro Regional de Informática<br />

do Centro (CRIC), elaborando<br />

um conjunto de algumas dezenas de<br />

mapas.<br />

A criação do ficheiro estatístico é<br />

feita periodicamente por comandos de<br />

operação utilizando um programa especial<br />

que compatibiliza o desenho dos<br />

dados com o previsto nos ficheiros já<br />

existentes no CRIC.<br />

O programa referido inclui um conjunto<br />

de tabelas e regras de equivalências,<br />

permitindo que os dados recolhidos<br />

para o registo básico e segmentos<br />

de internamentos, sejam objecto de<br />

processamento batch sem qualquer repetição<br />

de gravação, evitando-se desta<br />

VOLTA R AO ECRAN ANTERIOR<br />

OK= ><br />

forma redundâncias de informação e<br />

circuitos paralelos de recolha.<br />

As listagens estatísticas efectuadas<br />

relativamente às consultas externas<br />

são na generalidade dos casos elaboradas<br />

sobre ficheiros próprios. A informação<br />

de saída não está ainda devidamente<br />

estabilizada.<br />

A próxima aquisição de software de<br />

transferência de ficheiros permitirá a<br />

apresentação de parte da informação<br />

estatística em modo gráfico, pela utilização<br />

de microcomputador.<br />

1) - FICHEmos ESPECIAIS<br />

- LISTAGENS<br />

O sistema prevê a tiragem de grande<br />

número de listagens, elaboradas directamente<br />

da base de dados ou através de<br />

ficheiros especiais constituídos para<br />

adicionar dados necessários não introduzidos<br />

em transacção ou para permitir<br />

processamento particular. Por<br />

exemplo, os exames complementares<br />

facturáveis são gravados em disquete e<br />

combinados, através do número de<br />

utente, com a informação do doente, a<br />

fim de permitir a emissão de facturas<br />

aos subsistemas.<br />

Das listagens existentes citam-se as<br />

mais importantes e que têm características<br />

periódicas:<br />

Listagens contabilísticas:<br />

para conferência com ordenações<br />

especiais (pré-facturação);<br />

facturação aos subsistemas com<br />

junção de meios complementares<br />

ou outras indicações anteriormente<br />

gravadas em disquete;<br />

listagens de registos com falta de<br />

menção de responsável;<br />

listas de doentes constantes em<br />

determinado dia nos serviços<br />

(listagem semanal);<br />

lista de processos a microfilmar;<br />

lista do ficheiro da urgência para<br />

referência de meios complementares<br />

da urgência (radiografias,<br />

exames especiais);<br />

m -<br />

lista de novos registos com nomes<br />

idênticos ou outros sinónimos,<br />

para efeito de detecção de<br />

eventuais duplicações.<br />

VALIDAÇÕES<br />

Sempre que possível, os dados compreendidos<br />

no sistema básico de doentes<br />

são validados interactivamente. Para<br />

o efeito utilizam-se tabelas de codificação<br />

ou regras lógicas préestabelecidas<br />

dando origem a mensagens<br />

de erro e consulta no «écran» às<br />

tabelas respectivas, no caso de se verificarem<br />

situações não previstas. Em<br />

termos de operação as . transacções<br />

encontram-se desenhadas de modo<br />

muito simples e facilmente apreensível.<br />

Quanto a validação as codificações<br />

clínicas constituem o ponto mais sensível<br />

pela inexistência de normas utilizáveis,<br />

exceptuando as derivadas do sexo<br />

e idade. Para que se ultrapasse a<br />

«infância da arte» neste domínio há<br />

ainda que melhorar deficiências na<br />

qualidade dos processos clínicos, na<br />

documentação de apoio à codificação,<br />

em formação de pessoal e em experiência<br />

prática. Os H.U.C. estão determinados<br />

há alguns anos em superar<br />

esta situação e muito têm já conseguido.<br />

Reconhece-se, no entanto, que há<br />

limitações de meios pessoais e técnicos<br />

que terão de ser resolvidos por acção<br />

das estruturas centrais.<br />

IV- EQUIPAMENTO<br />

INFORMÁTICO<br />

ESOFfWARE<br />

O equipamento informático de suporte<br />

ao sistema de informação descrito<br />

é constituído por processador IBM<br />

4331com2 MB de RAM, 16 MB de<br />

memória virtual, unidades de disco<br />

com 1, 14 GBytes, unidade de banda,<br />

impressora e controlador de terminais.<br />

Encontram-se instalados cerca de 20<br />

terminais e impressoras remotas no<br />

Bloco Central. A Maternidade dos<br />

H.U.C. dispõe de ligação ao sistema<br />

através de rede telefónica, dispondo de<br />

controlador, terminal e impressor locais.<br />

É utilizado o sistema operativo<br />

DOS/VSE, sistema de comunicações<br />

CICS, a base de dados hierárquica Data<br />

Languagé 1 (D LI) e ficheiros<br />

VSAM.<br />

A programação é feita em COBOL,<br />

com suporte em programação· interactiva<br />

em DLLI e CICS.<br />

O esquema da base de dados é o<br />

constante da figura 4.<br />

ROOTUTE<br />

(R001)<br />

1<br />

ARCLUTE CEXTUTE INTRUTE<br />

ARQUIVO CONSULTA EXTERNA INTERNAMENTO<br />

1 1<br />

MICRUTE INTPUTE INTXUTE<br />

LISTA DE<br />

LIGAÇÃO LóGICA<br />

MICROALME ESPERA COM BASE DE DADOS<br />

INTERNAMENTO<br />

DOS SERV. CLINICOS<br />

FIGURA4<br />

A ROOT contém a identificação básica<br />

do doente. Sendo o DL 1 uma estrutura<br />

em árvore, a ROOT é a raiz<br />

(ou pai, como se chama em terminologia<br />

de base de dados) e os segmentos<br />

são os ramos (ou filhos).<br />

As diversas ramificações equivalem<br />

a níveis diferentes da informação que<br />

condicionam a pesquisa, a qual é sempre<br />

feita pelo nível mais alto (Root),<br />

de cima para baixo e da esquerda para<br />

a direita, percorrendo todos os ramos<br />

desejados.<br />

Os segmentos lntpute e Prioscll são<br />

criados com a inclusão em lista de espera<br />

em internamentos e são eliminados<br />

logo que é criado o segmento de<br />

internamento (lntrute).<br />

O segmento Intxute faz a ligação<br />

com uma pequena base de dados que<br />

contém os doentes internados em cada<br />

dia, para uma visualização rápida por<br />

serviço, dos doentes que estão nas enfermarias<br />

, sendo apagado com a alta<br />

do doente.<br />

N<br />

A apreciação do sistema de informação<br />

de doentes dos HUC é ainda difícil,<br />

dado o prazo curto do seu funcionamento<br />

e por se tratar do primeiro<br />

sistema deste tipo desenvolvido e posto<br />

a funcionar em hospitais portugue­<br />

1<br />

PRIOSCLL<br />

PRIORIDADE DA<br />

LISTA DE ESPERA<br />

1<br />

~es.<br />

Na fase de concepção foi particularmente<br />

complexa a escolha do identificador<br />

e a definição da pesquisa-tipo,<br />

para a qual se teve de proceder a análise<br />

da onomástica portuguesa em meio<br />

milhão de nomes. A inexistência para<br />

a língua portuguesa do equivalente ao<br />

sistema Soundex de codificação de nomes<br />

ingleses, conduziu à adopção da<br />

solução atrás descrita. Face às expansões<br />

previstas, a performance das soluções<br />

encontradas dependerá no futuro<br />

de um balanço correcto do volume<br />

de dados, transacções diárias e velocidades<br />

do processador, acesso a disco<br />

e comunicações.<br />

Embora continue a discutir-se sobre<br />

a opção entre bases de dados hierárquicas<br />

ou relacionais nos hospitais, o<br />

Data Language 1 era na altura da concepção<br />

o único produto disponível da<br />

IBM, tendo-se revelado de manejo<br />

complexo mas extremamente sólido.<br />

Não se procedendo aqui a análise<br />

dos custos envolvidos, realça-se, no<br />

entanto, não haver soluções informáticas<br />

definitivas. Periodicamente é necessário<br />

proceder à reavaliação do<br />

conjunto dos meios técnicos instalados<br />

de hard e software, face a produtos entretanto<br />

disponíveis no mercado.<br />

Além das referências estatísticas feitas<br />

em anexo, alguns aspectos positivos<br />

podem desde já ser apontados. Depois<br />

de cerca de dezoito meses de trabalho<br />

contínuo não foram detectados<br />

na aplicação erros lógicos ou de programação,<br />

a concepção deu resposta a<br />

todas as rotinas provocando uma mo<br />

dificação completa no modo de trabalhar<br />

nas áreas abrangidas com perfeita<br />

adaptação e adesão dos funcionários<br />

· envolvidos, todas as funções desenvolvidas<br />

estão a ser utilizadas e regista-se<br />

um incremento sucessivo na exploração<br />

dos dados disponíveis.<br />

A consolidação do sistema básico<br />

descrito abre perspectivas de expansão<br />

para outras áreas, com manutenção da<br />

coerência e integração dos dados, atra- 1 13


14 1<br />

•** POSTO DE MARCACAO DE CONSULTAS EXTERNAS ***<br />

TAREFAS AUTORIZADAS NESTE TERMINAL<br />

.1. MARCACAO DE PRIMEIRAS CONSULTAS<br />

.2. ALTERACAO DE DATAS DE PRIMEIRAS CONSULTAS<br />

.3. CONFIRMACAO DE PRIMEIRAS CONSULTAS<br />

.4. REGISTO DE ALTA/FALTA DECONSULTAS EXTERNAS<br />

.5. REGISTO PROVISORIO DE INTERNAMENTOS ORDINARIOS<br />

.6. REGISTO DEFINITIVO DE INTERNAMENTOS ORDINARIOS<br />

.7. REGISTO DE ALTA DE INTERNAMENTOS ORDINARIOS E URGENTES<br />

.8. REGISTO DE CONDICOES CLINICAS DE SAIDA<br />

. 9. OBTENCAO DOS UTENTES INTERNADOS POR ENFERMARIA<br />

SELECCIONE A TAREFA DESEJADA 1 E FACA ENTER<br />

*** ARQUIVO CLINICO ***<br />

TAREFAS AUTORIZADAS NESTE TERMINAL<br />

.1. PESQUISA NA BASE DADOS DA SITUACAO CLINICA DE UTENTES<br />

.2. ACTUALIZACAO DOS PROCESSOS CLINICOS<br />

.3. CONSULTA AOS PROCESSOS CLINICOS<br />

.4. CONSULTA AOS PROCESSOS DE MICROFILMAGEM<br />

SELECCIONE A TAREFA DESEJADA 1 E FACA ENTER<br />

*** POS~O AVANCADO DE URGENCIAS ***<br />

TAREFAS AUTORIZADAS NESTE TERMINAL<br />

.1. REGISTO DE INTERNAMENTOS URGENTES - UTENTE NAO IDENTIFICAVEL<br />

.2. REGISTO DA IDENTIFICACAO DE UM UTENTE INICIALMENTE NAO IDENTIFICAVEL<br />

.3. REGISTO DE INTERNAMENTOS URGENTES - UTENTE IDENTIFICAVEL<br />

.4. SITUACAO CLINICA DE UTENTES PARA INFORMACOES A ENTIDADES OFICIAIS<br />

SELECCIONE A TAREFA DESEJADA 3 E FACA ENTER<br />

* HOSPITAIS DA UNIVERSIDA DE DE COIMBRA *<br />

*** URGENCIAS ***<br />

1. CRIACAO<br />

2. ACTUALIZACAO/INFORMACAO<br />

SELECCIONE A TAREFA 1<br />

CFACA ENTER PARA CONTINUAR, PF12 PARA ACABAR )<br />

ALGUNS DADOS ESTATÍSTICOS<br />

(Referidos a Maio/88)<br />

Registos básicos criados ...................................... .. fl00.000<br />

Transacções· da base.de dados ou ficheiros:<br />

criação/actualização ..... ~ ......................•......': ... , 7.060/dia<br />

consulta ........................................................ 1.140/dia<br />

Listagens diárias .............................. '., ;.....'. ............. 244 Jolhs/ dia<br />

Folhas de inscrição -(itit./cons./urg.) ... '. .................... · 720/dia<br />

Tempos inédios de execução de•!arefas:<br />

- Marcação de consultas sem número de utente ~ ....-................<br />

- Marcação de consultas com número de utente .............;......<br />

- Alteração de datas de consultas ........................:........... ..<br />

- Registo de alia, falta , prox. cons ............ :.:....,.' ............ ...<br />

- Registo de alta, falta, prox. cons. sem n. 0 utentes ............. ..<br />

- Registo de alta, falta , prox. coris. com n. 0 utentes ...............<br />

- Registo provisório de int. ord. sem n. 0 utente ................... .<br />

- Registo provisório de int. ord. com n. 0 utente ....................<br />

- Registo definitivo de intern. ordinários ...........:........, ........<br />

- Registo de alta de intern. (para o exterior) ......................... ·<br />

- Registo de alta de intern. (por transf.) .............:.................<br />

- Registo de condições clínicas de saída ............................. .<br />

- Obtenção de doentes intern. por enfermaria .......... .. .. ....... ..<br />

.. .n<br />

.):<br />

180 Seg.<br />

45 ,,<br />

l5 "<br />

15 "<br />

180 ,,<br />

90 "<br />

180 ''<br />

56 ,,<br />

30 ,,<br />

20 ,,<br />

30 "<br />

90 "<br />

. 30 ,,<br />

vés do identificador principal. Por<br />

exemplo, um sistema laboratorial que<br />

permita a aquisição de determinações<br />

de aparelhos automáticos de análise e a<br />

integração com resultados de técnicas<br />

não automáticas, é subsidiário antes de<br />

mais de um sistema de identificação de<br />

todos os doentes que seja consistente e<br />

não redundante. Exactamente o mesmo<br />

se pode dizer relativamente a uma<br />

aplicação para gestão do serviço deradiologia,<br />

ou para gestão dos serviços<br />

farmacêuticoos por unidose, embora<br />

aqui com dependência de análise do<br />

peso diverso dos produtos farmacêuticos.<br />

A dependência quanto ao identificador<br />

principal verifica-se também<br />

quanto ao serviço de hemoterapia,<br />

gestão de blocos operatórios, ou dos<br />

meios complementares de diagnósticos<br />

específicos de cada serviço clínico, e<br />

ainda, relativamente aos resumos de<br />

4istórias clínicas que se têm vindo a<br />

constituir nos HUC como verdadeiras<br />

aplicações locais para exploração da<br />

informação clínica das várias especialidades,<br />

desenvolvidas em microcomputadores<br />

e que fazem recurso a software<br />

standard (nomeadamente o Dbase).<br />

A integração de dados só será assegurada<br />

ein todas estas áreas de tratamento<br />

de informação se se adoptarem<br />

os padrões de referência básica. Na<br />

verdade, um sistema de informação de<br />

doentes não resultará de desenvolvimento<br />

de aplicações desagregadas e<br />

completamente autónomas. Cada área<br />

de tratamento de informação de doentes<br />

tem os próprios constrangimentos<br />

requerendo concepção adequada e recursos<br />

específicos em equipamento e<br />

suporte lógico. Tal facto determina na<br />

maioria de casos a existência de equipamentos<br />

satélites com requisitos de<br />

compatibilidade. Daí que um sistema<br />

de informação assente hoje em dia<br />

preferencialmente num equipamento<br />

informático central que assegure, através<br />

de base de dados e comunicações<br />

locais, a integração da informação básica<br />

e a sua permanência, existindo depois<br />

ligações interactivas a sistemas<br />

satélites departamentais progressivamente<br />

postos a funcionar.<br />

O desenvolvimento destes sistemas<br />

departamentais nos HU C, dependerá<br />

da capacidade de investimento e da<br />

respectiva capacidade organizativa.<br />

RESUMO<br />

O artigo apresenta o desenho genérico<br />

do sistema de informação hospitalar,<br />

a sua dependência dos sistemas informáticos<br />

e os requisitos técnicos de<br />

desenvolvimento. E descrito o sistema<br />

básico de informação de doentes desenvolvido<br />

nos HUC, bem como o<br />

equipamento informático utilizado.<br />

São igualmente referidas as perspectivas<br />

de desenvolvimento do sistema<br />

de informação de doentes para outras<br />

áreas.•<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

- KEMBER, N. F., AN INTRODUCTION<br />

TO COMPUTER APPLICATIONS IN<br />

MEDECINE (Edward Arnold, 1982).<br />

- HEALTH INFORMATION SYSTEMS -<br />

The italian approach. Medinfo 83 -<br />

Special session Xe. Proceedings of the<br />

IFIP-IMIA. Editores: A. F. Perez de Talens,<br />

M. Luzzana, M. Palumbo.<br />

- HOSPITAL STATISTICS IN EUROPE -<br />

Proceedings of the W orkshoop on Hos-.<br />

pital Statistics for Population Based<br />

Health Care and Epiderniology: role of<br />

the Minimum Basic Data Set. Editores:<br />

P. M. Lambert, F. H. Roger. (North­<br />

Holland, 1982).<br />

- MEDICAL INFORMATICS EUROPE'85<br />

- Proceedings. Editores: P. L. Reichertz,<br />

D. A. B. Lindberg. (Springer­<br />

Verlag).<br />

- MEDICAL INFORMATICS EUROPE'87<br />

- Procedings. Editores: A. Serio, R.<br />

~~i~ ~~i~~~ .<br />

O'Moore, A. Tardini. F. H. Roger.<br />

(Participants Edition).<br />

- MEDINFO 83 - Proceedings. Editores: J.<br />

H. Bemrnel, M. J . Ball, O. Wigertz.<br />

(North-Holland).<br />

- MEDINFO 86 - Proceedings. Editores: R.<br />

Salamon, B. Blum, M. Jorgensen.<br />

(North-Holland).<br />

- THIRD INTERNATIONAL CONFEREN­<br />

CE IN SYSTEM SCIENCE IN<br />

HEALTH CARE. Editores: W. van Eimeren,<br />

R. Engelbrecht, Ch. D. Flagle.<br />

(Springer-Verlag, 1984) .<br />

____ 1 _____<br />

7<br />

~~~~~~~ ~~i ~\ '"


. . . ' ' . ' :::· .. ;<br />

1 l • ...-:; ' •••• ' ~ ,.. .,,·· .,<br />

' - .. ~ ~ ,;.•),._.:_ ~ ...<br />

Este artigo tem por finalidade, como primeira abordagem sobre a problemática<br />

"Auditor no Hospital", assinalar alguns aspectos teóricos que estão a montante da<br />

actividade do auditor, e sensibiliza,r os profissionais de administração hospitalar,<br />

técnicos de contas e contabilistas para a importância que esta figura pode e deve<br />

assumir nos hospitais de maior dimensão.<br />

A auditoria surge como uma função estruturada em princípios de actuação<br />

específicos, doutrinariamente exigida, legalmente imposta e independente face aos<br />

orgãos de administração.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

A publicação do Dec.-Lei n. 0<br />

19/88, de 21.1 e do Dec. Reg. 3/88,<br />

de 22 .1 (que em conjunto se preocupam<br />

com a administração dos hospitais,<br />

revogando a pertinente legislação<br />

de 1977) veio introduzir em seio hospitalar<br />

uma nova figura jurídica - o<br />

auditor.<br />

O primeiro diploma refere, no art. 0<br />

4. 0 , n. 0 2, que «Nos hospitais de<br />

maior dimensão haverá ainda um órgão<br />

de fiscalização>>, e menciona os<br />

critérios de actuação dos órgãos de administração<br />

em matérias contabilísticas,<br />

financeiras e gestionárias. O se:<br />

gundo, em três dos seus artigos, faz<br />

referência expressa ao auditor .( arts.<br />

1. 0 , nºs 2 e 3; 2. 0 , n. 0 5; 28.º, n.ºs<br />

1, 2e3).<br />

A justificação económica e doutrinária<br />

para a criação deste órgão hospitalar<br />

devemos procurá-la, antes de mais,<br />

nos citados diplomas e, depois, comparativamente,<br />

em legislação produzida<br />

para outras áreas de actividades em<br />

empresas com características e natureza<br />

diversas da «empresa hospitalar».<br />

Em primeiro lugar, o preâmbulo do<br />

Dec.-Lei n. 0 19/88 é pródigo em afirmações<br />

de índole económica que traduzem<br />

a preocupação do legislador em<br />

fazer aumentar substancialmente a eficiência<br />

dos hospitais: quer aquelas que<br />

conduzem à necessidade de introduzir<br />

mecanismos de «avaliação daquilo que<br />

neles (nos hospitais) é realizado em<br />

termos de rentabilidade ...», quer<br />

aquelas que apontam para «a assimilação,<br />

por parte do hospital, de uma boa<br />

parte das regras de gestão desconhecidas<br />

dos serviços públicos clássicos»,<br />

quer, finalmente e sobretudo, aquelas<br />

que chamam a atenção para «O volume<br />

financeiro envolvido, que por si exige<br />

uma ilimitada diligência na despesa<br />

dos dinheiros que o Estado faz pagar<br />

aos contribuintes para os aplicar na<br />

UM PRIMEIRO .APONTAMENTO<br />

saúde».<br />

No preâmbulo do Dec.Reg. 3/88<br />

escreve-se »... os hospitais pertencentes<br />

a entidades de direito público foram,<br />

por via de regra, sujeitos a formas<br />

de tutela mais apertada tendo sido<br />

multiplicados os controlos, designadamente<br />

no que respeita à execução orçamental,<br />

estatuto do pessoal, organização<br />

interna e aquisições de equipamento<br />

médico-hospitalar pesado».<br />

E concretizando este pensamento, o<br />

art. 2. 0 , n. 0 2 preceitua: «Ao auditor<br />

cabe verificar a correcção, a pertinência<br />

e a eficácia das receitas e das despesas<br />

do hospital» - o que parece reflectir<br />

a preocupação de institucionalizar<br />

uma forma simples e expedita de<br />

acompanhamento da actividade hospitalar<br />

por um órgão de fiscalização.<br />

Em segundo lugar, no nosso País há<br />

legislação que se debruça sobre esta<br />

problemática (1), seja para exprimir a<br />

necessidade de «rever as contas» nas<br />

empresas seja para fiscalização das<br />

disposições legais e estatutárias tanto<br />

das empresas privadas como das empresas<br />

públicas.<br />

Finalmente, diversos países e sobretudo<br />

diversos organismos internacionais<br />

(2) têm vindo a definir qual deve<br />

ser o objecto da auditoria.<br />

A C.E.E., através da 4. ª directiva,<br />

«prevê no seu artigo 51. 0 que as empresas<br />

são obrigadas a ter as suas contas<br />

anuais auditadas e que os auditores<br />

devem igualmente verificar a concordância<br />

do relatório anual da administração<br />

com as contas anuais do exercício».<br />

Em conclusão, poder-se-á afirmar<br />

que nos hospitais públicos portugueses<br />

se pretende construir um modelo de<br />

administração assente no reforço das<br />

competências dos órgãos de gestão,<br />

cuja actividade é exercida segundo<br />

métodos de gestão empresarial<br />

(entenda-se privada), e no reforço do<br />

controlo de natureza tutelar de que o<br />

auditor é uma das formas possíveis.<br />

2 - NOÇÃO DE AUDITOR<br />

O Dec.Reg. 3/88 não define a natureza<br />

nem os contornos jurídicos do auditor,<br />

apenas se limitando a designá-lo<br />

como órgão de fiscalização, a enunciar<br />

as suas competências genéricas, e a referir<br />

a sua forma de surgimento. Legítimas<br />

são, pois, as expectativas de que<br />

a breve trecho deverão estar regulamentadas<br />

as suas competências específicas.<br />

Etimologicamente, a palavra auditoria<br />

deriva de «audire», palavra latina<br />

que significa ouvir, e auditor aquele<br />

que ouve.<br />

Está ultrapassada a fase em que o<br />

auditor se limitava a colher as informações<br />

verbais, querendo, hoje, significar<br />

o acto de um profissional qualificado<br />

em emitir opiniões sobre as demonstrações<br />

financeiras, tendo em<br />

consideração a lei, no sentido de dar<br />

credibilidade à informação financeira<br />

das empresas.<br />

Não se trata apenas de detectar erros,<br />

de procurar fraudes, de inspeccionar<br />

comportamentos. Trata-se de emitir<br />

opiniões sobre as peças contabilísticas,<br />

sobre os resultados das operações,<br />

sobre a situação patrimonial; prevê-se<br />

naturalmente a possibilidade de preparar<br />

programas de trabalho que visem a<br />

detecção de anomalias, mas não como<br />

obj ~ctivo primeiro.<br />

A expressão auditor tem a sua raiz<br />

no revisor de tontas(3) cujas atribuições<br />

são genericamente o exame das<br />

contas das empresas ou de quaisquer<br />

outras entidades em ordem à sua certificação<br />

legal e à revisão legal das empresas<br />

ou outras entidades, com o estatuto<br />

de exterioridade às entidades objecto<br />

de revisão (art. 0 1. 0 do citado diploma).<br />

A opinião do auditor deve ser clara e<br />

concisa e estará contida em relatório<br />

ou parecer escrito.<br />

A independência e a imparcialidade<br />

dos auditores (revisores) devem ser<br />

Paulo Salgado *<br />

* Administrador <strong>Hospitalar</strong> - Hospitais da Universidade<br />

de Coimbra<br />

inequívocas e um tanto semelhantes à<br />

posição de um magistrado judicial, pela<br />

importância que os seus pareceres<br />

podem assumir no contexto da actividade<br />

económica.<br />

Além dos revisores de contas ( auditores<br />

externos), há outras formas de<br />

auditoria.<br />

A auditoria interna é caracterizada<br />

essencialmente por ser reportada directamente<br />

às Administrações a quem<br />

fornece elementos acerca da adequação<br />

dos processos contabilísticos internos,<br />

a quem sugere a adopção de<br />

medidas e procedimentos novos, actuando,<br />

no entanto, de forma livre e<br />

objectiva.<br />

Outro tipo de auditoria é a auditoria<br />

operacional que contempla diversas<br />

operações dentro da empresa e que<br />

mais não é do que um aprofundamento<br />

da auditoria interna: auditar os controlos<br />

operacionais, a gestão e as decisões<br />

estratégicas.<br />

A auditoria de gestão prende-se com<br />

a necessidade de obter, no seio das<br />

empresas, uma opinião sobre a eficiência<br />

e eficácia com que a administração<br />

conduziu ou está a conduzir a<br />

gestão, preocupando-se com o passado<br />

para melhorar o futuro. Este tipo de<br />

auditoria «é constituído por auditores<br />

de gestão e depende directamente do<br />

presidente do órgão máximo de administração«(<br />

4).<br />

No que respeita à auditoria previsional,<br />

ela existirá em três momentos: antecedentes<br />

da empresa, construção do<br />

16 1<br />

1 17


modelo projectado e técnicas de avaliação<br />

da validade das previsões.<br />

Outros tipos de auditoria são a auditoria<br />

informática e auditoria social; a<br />

primeira tem como objectivo a produção<br />

de opiniões sobre a «performance»<br />

de todo o sistema informático utilizado;<br />

a segunda visa o desenvolvimento<br />

de estudos relacionados com a responsabilidade<br />

social da empresa, a qual se<br />

poderá avaliar pela qualidade dos produtos,<br />

pela confiança que inspira aos<br />

consumidores/utentes, pela deterioração<br />

do ambiente, etc. , utilizando essecialmente<br />

apreciações qualitativas.<br />

3-FUNÇÃODO<br />

AUDITOR NO HOSPITAL<br />

Será correcta e útil a transposição<br />

para o hospital da figura do auditor nos<br />

termos atrás referidos? Ou mais concretamente:<br />

a) Serão as funções do auditor assimiláveis<br />

às desempenhadas pelos revisores<br />

oficias de contas, nos termos do<br />

Dec.-Lei n. 0 519-L2/79, de 29.12<br />

(Estatuto dos Revisores Oficiais de<br />

Contas)?<br />

b)Tratar-se-á, «tout court», de um<br />

auditor financeiro, nos termos deste<br />

DL, ou envolve outros aspectos como<br />

auditoria de gestão, auditoria previsional,<br />

auditoria operacional?<br />

c) Esta figura estará mais próxima<br />

da descrita no Dec.-Lei n. 0 353-N/77,<br />

de 29.8 (Nomeação de auditores pelo<br />

M. das Finanças para as empresas públicas<br />

ou equiparadas e para as empresas<br />

privadas com intervenção dos Es- .<br />

tado)?<br />

d) O auditor deve ser ou não independente<br />

dos órgãos de administração?<br />

Tratando-se de um órgão de fiscalização,<br />

parece estarem-lhe cometidas<br />

funções que ultrapassam a mera função<br />

de consultor, em que apenas emitiria<br />

pareceres em tudo equivalentes à<br />

que internacionalmente está cometida<br />

aos «certified public accountants». Será<br />

antes uma tentativa de implementar.<br />

no hospital aquilo que na doutrina inglesa<br />

se denomina de «value for money»,<br />

e que trata especialmente de aspectos<br />

relacionados com a eficiência e<br />

a eficácia das organizações.<br />

Acompanhar a execução dos planos<br />

financeiros de actividade, examinar a<br />

contabilidade, verificar se o património<br />

se encontra correctamente avaliado,<br />

emitir pareceres sobre a gestão -<br />

serão algumas das competências específicas<br />

do auditor.<br />

Só assim se poderá «verificar a correccção,<br />

a pertinência e a eficácia das<br />

receitas e das despesas do hospital».<br />

Ficarão afastados todos aqueles aspectos<br />

que por lei estão cometidos ao<br />

Tribunal de Contas: fiscalizar a legalidade<br />

das despesas públicas e julgar os<br />

actos que a lei mandar submeter-lhe.<br />

CONCLUSÃO<br />

A auditoria surge como forma de<br />

dar credibilidade à informação financeira,<br />

contabilística e económica que<br />

flui no Hospital, de moda a que o Estado,<br />

~ Administração, os Trabalhadores<br />

e o Público em geral possam tirar,<br />

pelo volume financeiro envolvido,<br />

conclusões idóneas sobre a situação<br />

desta «empresa».<br />

Apesar de não estar definido e regulamentado<br />

por lei este novo órgão,<br />

pretende-se alertar os profissionais de<br />

administração para algumas questões<br />

suscitadas pela novidade agora introduzida:<br />

a justificação económica e<br />

doutrinária, a tentativa de assimilação<br />

a outras figuras existentes no universo<br />

económico português e, finalmente,<br />

uma reflexão sobre as funções que poderão<br />

vir a ser-lhe conferidas.<br />

Ficam de fora desta apontamento aspectos<br />

como o perfil do auditor, o auditor<br />

no direito comparado, e os objectivos,<br />

as normas e os procedimentos<br />

de auditoria.•<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

Costa, Carlos Baptis_ta da - Auditoria Financeira,<br />

Teoria e Prática, Rei dos Livros, Lisboa,<br />

1985.<br />

Franco, António L. de Sousa - Finanças Públicas<br />

e Direito Financeiro, Almedina,<br />

Coimbra, 1987.<br />

Lopes de Sá - Curso de Auditoria, Editora<br />

Atlas S.A., Brasil.<br />

Monteiro, Martim Noel - Peritagem e Revisão<br />

de Contas, Livraria Avis, Portugal.<br />

(1) - Entre outra:<br />

DL n. 0 260176, de 8.4<br />

DL n. 0 125177, de 24. 9<br />

DL n. 0 533-N/77, de 29. 8<br />

DL n. 0 519-1...2179, de 29.12<br />

DL n. 0 115182, de 14.4<br />

(2) - UEC - Union Europ éenne des Experts Comptables<br />

•<br />

lFAC - Intemational Federation oS


A PROPÓSITO DE UM<br />

RTIGO DE JORNAL<br />

Pedro Lopes Ferreira (1)<br />

20 1<br />

Num artigo de Roger Ricklefs<br />

(Ricklefs, 1988) aparecido em<br />

meados de Fevereiro na<br />

primeira página do W ali Street<br />

Journal, Michael Hirsch<br />

afirma,relativamente ao<br />

diagnóstico positivo de um<br />

teste do vírus da SIDA:<br />

«Possuir o selo oficial é tão<br />

devastador, porque<br />

irreversível». Outras pessoas<br />

pensam por exemplo: «rara é a<br />

hora em que não penso nisso»<br />

ou «sinto-me como um<br />

leproso» ou «tenho medo de vir<br />

a ser rejeitada» ou ainda<br />

«quando digo ao meu miúdo<br />

de quatro anos que vou ao<br />

médico, ele põe-se logo a<br />

chorar pois sabe que posso lá<br />

f!car por várias semanas».<br />

E evidente que se trata<br />

essencialmente de um<br />

problema social. Mas é .<br />

também um problema de quem<br />

toma decisões, seja médico,<br />

técnico de laboratório ou<br />

gestor de política de saúde.<br />

De facto, como analista de<br />

decisões, este problema pode<br />

ser equacionado segundo, pelo<br />

menos, três facetas diferentes,<br />

todas elas relacionadas com o<br />

problema dos falsos positivos,<br />

com a precisão do diagnóstico,<br />

com o que uma pessoa pode<br />

sentir (com que dúvidas fica)<br />

após saber que o seu teste do<br />

vírus de imunodeficiência<br />

humana, HIV, teve resultado<br />

positivo.<br />

Neste artigo proponho-me<br />

analisar um pouco mais<br />

profundamente cada um destes<br />

três pontos de vista.<br />

O VALOR DE UM TESTE<br />

DE DIAGNÓSTICO<br />

Quando é feito o rastreio de uma população<br />

em relação a uma determinada<br />

doença, é comum seleccionar-se um<br />

ponto de corte para separar dos outros<br />

os indivíduos possuidores de valores<br />

clinicamente normais. Assim, «O valor<br />

de um teste de diagnóstico reside na<br />

sua habilidade em detectar indivíduos<br />

com a doença (sensitividade) e em excluir<br />

os indivíduos sem a doença ( especificidade)»<br />

(McNeil, 1975). Um<br />

rastreio ideal seria cem por cento sensitivo<br />

e cem por cento específico, devendo<br />

todos os médicos ter conhecimento<br />

(não uma mera impressão) do<br />

grau de fiabilidade do teste. Quando o<br />

decisor pensa na precisão de um diagnóstico<br />

ou de um teste, necessita de ter<br />

consciência de que esta depende «da<br />

relação arbitrária de um limiar de decisão»<br />

(Metz, 1978).<br />

O decisor dispõe de vários métodos<br />

para este obter tal avaliação. Tais métodos<br />

são geralmente chamados matriz<br />

de decisão, característica operacional<br />

do receptor (ROC) e teoria de informação.<br />

A matriz de decisão é uma maneira<br />

compacta de relacionar os resultados<br />

de um teste de diagnóstico com o resultado<br />

clínico ou patológico. No caso<br />

dos testes da SIDA, é particularmente<br />

utHizada quando em presença apenas<br />

de resultados binários (SIDA ou não­<br />

SIDA).<br />

QUADRO A<br />

Prcsem;a da Doença<br />

D+ D-<br />

T+ a c a+ e<br />

Algumas manipulações numencas<br />

podem ser facilmente efectuadas. De<br />

facto, numa matriz de decisão, se re­<br />

.. presentarmos por T + e T - os resultados<br />

positivo e negativo do teste e por<br />

· D + e D - o facto do indivíduo possuir<br />

ou não a doença 2,<br />

Um bom exame diagnóstico é o que<br />

obtém um alto ratio de verdadeiros positivos<br />

(VP) e um baixo ratio de falsos<br />

positivos (FP), ou seja, um grande ratio<br />

de verosimilhança (L = VP /FP).<br />

Em situações em que não possuímos<br />

resultados binários, não podemos usar<br />

a matriz de decisão. Em vez disso, podemos<br />

usar o método da curva ROC.<br />

Neste método temos uma escala contínua<br />

de valores, sendo um destes valores<br />

chamado o ponto de corte - por<br />

onde o decisor define a linha de demarcação<br />

entre doença e não-doença.<br />

Esta técnica é baseada na necessidade<br />

de «ver» um sinal de radar num fundo<br />

de ruído e no facto de um «ruído branco»<br />

poder ser usado para obscurecer<br />

ou «pc:;rturbar» um sinal de radar (Lusted,<br />

1964).<br />

Com este método, necessitamos de<br />

especificar qual o tipo de sensitividade<br />

que pretendemos. Se se tratar de uma<br />

doença fatal, pretendemos uma muito<br />

alta sensitividade (ratio de verdadeiros<br />

positivos). Por outro lado, numa doença<br />

menos grave ou numa doença com<br />

tratamentos muito perigosos, podemos<br />

pretender reduzir os falsos positivos.<br />

Contudo, quanto mais sensitivo é o<br />

teste, maior é o número de falsos positivos.<br />

P(T-+-ID-+-)= Cl<br />

--- Cl+b<br />

ra tio de verdadeiros poss1tivos ( sensitividade )<br />

P ( T-+- 1 D-)=<br />

---<br />

ratio de fa lsos poss1ti vos<br />

c:C::b<br />

P(T- 1 D-)=<br />

--- e: +d<br />

T- b d b+d<br />

ratio de verdadeiros negativos ( especificidade )<br />

a+b c+d<br />

c:t<br />

P ( T- 1 D-+-)=<br />

--- Cl +b<br />

ra io de falsos negativos<br />

Para ajudar o decisor na definição<br />

do ponto de corte, o analista da decisão<br />

pode construir um gráfico desenhando<br />

os ratios de verdadeiros positivos<br />

(VP) contra os ratios de falsos positivos<br />

(FP). Esta curva é chamada<br />

curva da característica operacional do<br />

receptor ou curva ROC («receiver operation<br />

characteristic»). À posição de<br />

um ponto de corte ao longo da curva<br />

ROC chama-se posição operacional.<br />

Para seleccionar um ponto de corte<br />

necessitamos de conhecer as probabilidades<br />

a priori e os custos associados a<br />

erros de diagnósticos. Estes custos podem<br />

ser custos de saúde (mortalidade,<br />

morbilidade) e custos financeiros<br />

(quantitativo pago pelo doente ou outra<br />

entidade, custos de seguro, especialmente<br />

em caso de invalidez ou<br />

morte). O último método usado para<br />

avaliar procedimentos de diagnóstico<br />

ou terapêuticos resulta da utilização da<br />

teoria da informação. De acordo com<br />

esta teoria, informação é definida como<br />

uma «redução da incerteza». Quanto<br />

maior é a diferença entre a certeza<br />

de um diagnóstico antes e após o teste,<br />

maior é o conteúdo informativo do teste.<br />

Na figura ao lado, a linha representa<br />

a relação existente entre o conteúdo<br />

máximo da informação teoricamente<br />

obtida por um teste perfeito (ratio<br />

VP = 1 e ratio FP =O) e a frequência da<br />

doença em questão. O seu valor máximo<br />

é 1.0 e ocorre quando a probabilidade<br />

a priori é 0.5. Na mesma figura ,<br />

QUADROB<br />

1.0<br />

0.8<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.2<br />

O.O<br />

O.O 0.2 0.4 0.6 0 .8<br />

os pequenos círculos repres.entam o<br />

conteúdo máximo da informação para<br />

a curva ROC apresentada acima.<br />

Depois de determinada a sensitividade<br />

e a especificidade de um teste de<br />

diagnóstico, e após a obtenção de nova<br />

informação podemos rever as probabilidades<br />

a priori, obtendo probabilidades<br />

a posteriori". Isto consegue-se através<br />

da regra de Bayes, que a seguir se<br />

ilustra.<br />

ALGUNS DESVIOS<br />

EXISTENTES<br />

Alguns desvios sã9 frequentemente<br />

cometidos quando um decisor pretende<br />

decidir se é necessário ou não aplicar<br />

uma bateria de testes a um doente.<br />

Um destes desvios decorre do ignorar<br />

das probabilidades a priori relativas à<br />

incidência de doença. Algumas heurísticas,<br />

especialmente a representatividade,<br />

desempenham aqui um papel<br />

importante. Segundo Kahneman e<br />

Tversky (Tversky, 1986), sabemos<br />

que tais regras heurísticas são extremamente<br />

dependentes do contexto<br />

(disponibilidade). «A maneira segundo<br />

a qual um problema é apresentado, ou<br />

uma pergunta é feita, parece exercer<br />

grande influência na maneira segundo<br />

a qual a informação é processada e as<br />

respostas geradas» (Einhorn, 1980).<br />

Mais ainda, cada heurística corresponde<br />

(é aplicada) a grupos de situações.<br />

Portanto, quando um decisor necessita,<br />

por exemplo, de julgar probabilidades,<br />

usa metaheurísticas para definir<br />

QUADROC<br />

1:5<br />

;,.;..<br />

~<br />

1.0<br />

E<br />

1...<br />

'2 •<br />

e:<br />

~<br />

E<br />

-~<br />

'~<br />

O.O<br />

0.25<br />

quais as regras específicas que necessitam<br />

de ser chamadas para resolver o<br />

problema.<br />

A utilização de uma regra óptima,<br />

tal como a regras de Bayes 3, é um<br />

processo de evitar similaridade (representatividade).<br />

Pela sua natureza, aregra<br />

de Bayes é abstracta e independente<br />

do contexto e, tal como poderemos<br />

ver a seguir, constitui uma grande ajuda,<br />

embora, se mal utilizada, possa<br />

também levar-nos por caminhos «cientificamente»<br />

errados.<br />

Quando o nosso problema possui várias<br />

facetas e algumas delas são irrelevantes<br />

ou redundantes, temos tendência<br />

para desviar a nossa atenção, o que<br />

constitui um perigo, caso a regra de<br />

Bayes nos esteja «demasiado» disponível<br />

. O decisor pode usar probabilidades<br />

a priori que de facto não são adaptadas<br />

ao problema. Algum treino na<br />

utilização da regra de Bayes e na estruturação<br />

de problemas pode levar o<br />

decisor a ultrapassar este desvio.<br />

Apenas para exemplificar, suponhamos<br />

que um médico sabe que, no caso<br />

da SIDA, a relação entre o resultado<br />

do teste e a verdade é dada pela tabela<br />

ao lado. Ele sabe também que a incidência<br />

da SIDA depende da classe de<br />

risco a que o doente pertence. Suponhamos<br />

também que, para doentes de<br />

alto risco, a incidência da doença é de<br />

0,05, e para doentes de baixo risco, a<br />

mesma incidência é de O. 0001.<br />

Suponhamos que o nosso médico se<br />

confronta com dois casos e com as seguintes<br />

duas questões:<br />

•<br />

~ Probabilidade a pd ori<br />

•<br />

0.5 O. 75 1.0<br />

Ratio FP<br />

1- T eórica • R~al<br />

21


22 1<br />

QUADROD<br />

Tem a doença<br />

S N<br />

verd. + falso+<br />

0.95 0.10<br />

falso - verd. -<br />

0.05 0.90<br />

Caso 1:<br />

sem história de uso de droga<br />

IV.poucos parceiros, nenhum<br />

parceiro bissexual.<br />

Caso 2:<br />

frequente utilizador<br />

de


HôiflTÃiAfi<br />

HosPtTALAR<br />

A. Dias Alves<br />

(Administrador <strong>Hospitalar</strong>)<br />

Centro <strong>Hospitalar</strong> de Vila<br />

Nova de Gaia<br />

24 1<br />

Neste artigo descreve-se 0 modo como se calcularam o~ cus~os e benefícios de duas<br />

alternativas: construir um novo Hospital Geral em Guimaraes ou nada fazer. _<br />

Partindo da procura actual, e sua projecção, fez-se a comparação com valores padrao -<br />

donde resultou o cálculo da procura não satisfeita localmente.. . . .<br />

Estimam-se os custos de investimento e funcionamento - descnminando Serviço a Serviço, e<br />

calculando mais detalhadamente as rubricas importantes. · , . , .<br />

Seguidamente analisam-se os benefícios principais a consider~r: Esta analise. e feita numa<br />

perspectiva pessimista _ mínimo de benefícios que ce~~amente irao ocorrer. Diversos<br />

benefícios apesar de identificados não foram contabilizados.. . .<br />

Apontam-se algumas limitações da informação e metodologia utilizada e faz-se o balanço<br />

dos resultados. . .<br />

Finalmente discutem-se os aspectos relativos à escolha de alternativas, metodologia e<br />

justificação deste tipo de análise.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

Este estudo surgiu como resposta a<br />

uma solicitação nesse sentido com vista<br />

à apresentação de candidatura ao<br />

FEDER para a construção d? n~vo<br />

Hospital Distrital de Gm_mara~s<br />

(HDG). Dada a dimensão do mve~tl ­<br />

mento a fazer era exigida uma análise<br />

custo benefício e não simplesmente<br />

um estudo que apenas descr~vesse as<br />

necessidades e esboçasse o impacto,<br />

local e regional, daquele investimento.<br />

Decorrente daquela solicitação esta<br />

análise cinge-se à comparação dos custos<br />

e benefícios de apenas duas alternativas<br />

- construir um Hospital novo<br />

ou nada fazer.<br />

Tentámos valorizar os custos e benefícios<br />

com real significado<br />

económico-social excluindo todavia<br />

qualquer tentativa de quanti~cação dos<br />

custos/benefícios intangíveis - dor,<br />

qualidade de vida, etc. Ass~ •. porque<br />

não incluímos diversos benefc1os, embora<br />

enunciados, e dado que o critério<br />

do capital humano aqui usado resulta<br />

em subvalorização, podemos tomar<br />

como mínimo o valor dos benefícios<br />

considerados.<br />

O objectivo desta ACB é contribuir<br />

para esclarecer se se jus~ifica ou não a<br />

construção de um Hospital Geral moderno,<br />

contra a tendência dominante<br />

na Europa e um pouco por todo o i:nundo<br />

de diminuição de camas hospitalares.<br />

Deve sublinhar-se desde já que<br />

Portugal não construiu Hospitais (HH)<br />

quando outros os fizeram - em parte<br />

devido à guerra colonial - e que as<br />

camas existentes nos HH velhos são<br />

muitas vezes pouco mais que isso mesmo:<br />

camas. Este último aspecto - essencial<br />

para explicar as rentabilidades<br />

baixíssimas - resultou, em grande<br />

medida, da pressão dos Serviços - devido<br />

não só ao desejo de diferenciação<br />

mas sobretudo porque o ratio funcionários/<br />

cama tem sido um dos critérios<br />

utilizados na determinação de quadros<br />

de pessoal, o que explica a existên~ia<br />

de «amontoados de camas» com apo10s<br />

insuficientes ou mesmo inexistentes.<br />

O HDG era uma excepção a esta regra.<br />

A rede de HH públicos portugueses<br />

integra-se num sistema tipo SNS Inglês,<br />

com estruturas de cuidados primários<br />

e diferenciados sepf!_rados. Os<br />

HH privados têm tido uma importância<br />

apenas marginal exercendo uma<br />

desnatação da rede pública quer quanto<br />

ao tipo de actos quer quanto à clientela<br />

(campos, 1985). A inexistência<br />

de preços de mercado, implicou a<br />

adopção de critérios de valorização da<br />

produção hospitalar. ·<br />

Porque os investimentos na Saú~e<br />

são concorrentes de outros gastos publicos,<br />

é importante demonstrar/explicitar<br />

os benefícios a colher para que a<br />

decisão seja racional aparecendo então<br />

a Saúde em pé de igualdade com os<br />

restantes investimentos públicos (de<br />

rentabilidade já calculada). Outros r~sultados<br />

desta análise são o envolvimento<br />

dos responsáveis do novo HDG<br />

pela participação e demonstração dos<br />

resultados esperados e o isolamento<br />

dos custos/benefícios décorrentes de<br />

descentralização de certos Serviços.<br />

2. ENQUADRAMENTO DO PRO­<br />

BLEMA<br />

2.1. O HDG e a situação<br />

sanitária da sua área<br />

2 .1.1. Caracterização da área<br />

A área de atracção do HDG é constituída<br />

por três concelhos industriais<br />

(Guimarães, Fafe e Felgueiras, representando<br />

87 % da população da área)<br />

em que são dominantes as indústrias<br />

têxteis e de calçado, exercendo a população<br />

a agricultura como comp~emento<br />

daquela actividade principal, e<br />

dois concelhos rurais (Cabeceiras e<br />

Celorico de Basto 13 % do total) em<br />

que predomina uma agropecuária de<br />

subsistência. Abrangendo à volta de<br />

300 mil habitantes (hab), situa-se a<br />

norte qo País integrando-se numa zona<br />

de altas taxas de crescimento demográfico,<br />

o que deixa antever necessidades<br />

acrescidas em cuidados de saúde<br />

no futuro.<br />

As infra-estruturas em água potável<br />

e saneamento básico servem apenas<br />

uma parte reduzida daquela população.<br />

A rede rodoviária, como a ferroviária,<br />

caracteriza-se por graves insuficiências<br />

se traduzem em dificuldade<br />

de comunicações e a elevada taxa de<br />

acidentes.<br />

2: 1. 2. Situação da saúde na área<br />

A área apresenta indicadores de saúde<br />

piores que a média nacional em<br />

parte explicáveis por cuidados de saúde<br />

insuficientes e de baixa qualidade/eficácia.<br />

Realmente existe um claro subequipamento<br />

hospitalar - 1,07 camas por<br />

1000 hab contra 3,2 de média nacional,<br />

valor .este muito inferior aos dos ·<br />

países europeus - ligado a um volume<br />

de recursos humanos bastante insuficiente<br />

- os valores por hab são inferiores<br />

à média do continente em 67 %<br />

em médicos, 46% em enfermeiros e<br />

65 % para o conjunto de pessoal da<br />

saúde.<br />

Acresce que os gastos per capita do<br />

SNS são no distrito 35 % inferiores à<br />

média nacional (1984), média essa que<br />

permitiria manter em funcionamento<br />

mais um hospital de 1140 camas no<br />

distrito.<br />

A frequência hospitalar ressente-se<br />

obviamente desta insuficiente disponibilidade<br />

de meios. Assim o número de<br />

internamentos por _100 hab é de apenas<br />

40 por ano, contra 54 no conjunto do<br />

País e 120 para a Inglaterra, enquanto<br />

o número de consultas é de 77 (D EPS,<br />

1985) contra 330 da média nacional e<br />

780 em Inglaterra (NHS, 1983).<br />

Ainda assim estes valores são conseguidos<br />

com produtividade superior .à<br />

média o que não esconde contudo a situação<br />

de sobreutilizaç~o e baixa qualidade<br />

e eficácia que a caracterizam.<br />

Como consequência deste cenário as<br />

listas de espera para cirurgia programada<br />

atingem valores incomuns e<br />

gera-se um caudal de transferências de<br />

doentes para outras instituições: outros<br />

HH públicos, maioritariamente para o<br />

Porto onde se situam os HH de nível<br />

superior, mas também para.a hospitalização<br />

privada (sobretudo também no<br />

Porto) a qual se sente ter aqui valores<br />

superiores ao desejável - dado o seu<br />

elevado custo e poder de compra da<br />

população em causa.<br />

A procura não satisfeita (e não expressa)<br />

deve assumir aqui valores superiores<br />

ao desejável - até pelo que<br />

ficou dito.<br />

A situação sanitária é pior que a média<br />

nacional a julgar pelas taxas de<br />

mortalidade e morbilidade e pelo número<br />

de incapacitados. As taxas de<br />

mortalidade infantil e mortalidade específica<br />

0-4 anos são de 22 %o e<br />

131,5 %000 contra 17 ,6 e 97 para o continente<br />

.. A mortalidade materna apresenta<br />

também valores superiores à média<br />

sendo que todas estas taxas se si ..<br />

tuam em valores francamente superiores<br />

aos dos restantes países europeus.<br />

2.2. Alternativas?<br />

O actual HDG não cresceu integradamente.<br />

Foram-lhe sucessivamente<br />

adicionadas novas capacidades de in-<br />

ternamento. Esta evolução explica a<br />

deficiente estrutu_ra orgânica - com<br />

graves insuficiências ao nível de CE e<br />

MCDT.<br />

De qualquer modo aquela evolução<br />

esgotou a área disponível para expansão<br />

sendo igualmente impossível considerar<br />

o crescimento em altura. Realmente<br />

o HDG situa-se numa zona de<br />

grande valor liistórico (mesmo junto<br />

ao Castelo) e encontra-se encravado<br />

dentro da cidade, com todos os problemas<br />

de acesso daí decorrentes.<br />

Uma alternativa de nada fazer sigmficará<br />

manter a situação negativa actual,<br />

e não apenas mantê-la mas<br />

agravá-la. O aumento sempre crescente<br />

da população, e portanto das necessidades<br />

em cuidados de saúde, e o aumento<br />

previsível do número de acidentes<br />

- de trabalho, viação e· domésticos<br />

- dada a crescente urbanização/industrialização/<br />

mecanização/morização<br />

a isso conduzem.<br />

A malha de HH centrais (HHÇC) do<br />

Porto, já hoje sobreutilizada, ver-se-á<br />

confrontada com uma pressão insustentável<br />

da sua procura - o que se reverterá<br />

em ainda maior dificuldade de<br />

acesso à saúde para a população do<br />

Grande Porto dada a já insuficiente capacidade<br />

instalada.<br />

Pode também considerar-se certo o<br />

acentuar das tendências negativas na<br />

procura/atendimento - grandes listas<br />

de espera, elevado recurso ao sector<br />

privado e prestações de baixa qualida--<br />

de e eficácia.<br />

A reprodução da situação a nível de<br />

dotação de recursos do SNS tende a<br />

aumentar o efeito negativo sobre a redistribuição<br />

de rendimento, as assimetrias<br />

e a falta de equidade de acesso, já<br />

hoje existentes.<br />

Nada fazer conduzirá assim claramente<br />

a uma situação sanitária tendencialmente<br />

pior que a actual e cada vez<br />

mais longe da média do Continente.<br />

Obviamente existem diversas alternativas<br />

de acção mas pelas razões já<br />

referidas iremos apenas analisar a de<br />

construção de um moderno Hospital. 1 25


26 1<br />

3.1. Análise da procura actual e<br />

projecções<br />

3.1.1. Comparação da procura<br />

actual do HDG com valores padrão<br />

Começou por fazer-se uma recolha<br />

dos doentes atendidos nos diversos<br />

hospitais (HH) da zona Norte, provenientes<br />

da área de Guimarães (Internamento,<br />

Consulta Externa e Urgência).<br />

Constatou-se imediatamente o<br />

fraco poder de atracção do HDG sobre<br />

as populações de zonas limítrofes<br />

à sua própria área (197 doentes atendidos,<br />

ou seja, 2% dos. seus D.S.) sendo<br />

que os HHpróximos trataram 1234<br />

doentes da área do HDG (12, 8 % dos<br />

DS do HDG).<br />

O quadro 1 apresenta em resumo os<br />

valores absolutos e as frequências por<br />

1000 hab para a área de Guimarães,<br />

Castelo Branco, média para o continente<br />

e lng/,aterra (1983).<br />

Verifica-se, em primeiro lugar que a<br />

frequência hospita/,ar é em Guimarães<br />

muito baixa, quer quando compara-<br />

\<br />

mos com valores dentro do País quer<br />

·com a Ing/,aterra*. Veja-se em seguida<br />

como é elevado o recurso a HH de fora<br />

da área - 1 em cada 4 doentes internados<br />

da área. Destes atendimentos<br />

63% são feitos em HHCC do Porto, já<br />

bastante congestionados.<br />

Havendo apenas 50% doentes internados<br />

na rede pública - contra<br />

71,4% em Castelo Branco (não incluindo<br />

o recurso a HHCC) e 128,5<br />

em lng/,aterra* - é de prever que haja<br />

uma elevada procura que se dirige ao<br />

sector privado (sobretudo no Potto,<br />

dado que é quase inexistente em Guimarães).<br />

Estimamos essa procura em<br />

10,7%.<br />

LEGENDA:<br />

ATENDIMENTOS<br />

POR<br />

1000 Hab<br />

INTERNAMENTO<br />

DOENTES SAÍDOS<br />

CONSULTA EXTERNA<br />

(CONSULTAS)<br />

URGENCIA<br />

(DOEN. SOCORRIDOS)<br />

VALOR<br />

ABSOLUTO<br />

%<br />

Assim um número elevado de doentes<br />

não encontrará tratamento como se<br />

depreende dos valores da frequência<br />

hospita/,ar noutros locais e do custo de<br />

recurso ao sector privado - proibitivo<br />

para a grande maioria da população.<br />

Estimamos que haverá à volta de 8500<br />

doentes nessa situação, o que equivale<br />

a 74% dos DS do HDG. Diversos peritos<br />

médicos do Hospital ratificaram a<br />

validade dos valores aqui referidos.<br />

A situação no que respeita ao ambulatório<br />

é igualmente de grande insuficiência,<br />

como se pode ver no quadro<br />

1, sendo de ressaltar o número extremamente<br />

baixo da consulta externa.<br />

esta situação não decorre da fraca<br />

rentabilidade dos equipamentos existentes<br />

visto que o HDG trata 3 7, 6<br />

doentes por cama contra 29, 7 na média<br />

dos HHDD portugueses. Analisemos<br />

porém, mais detalhadamente a situação<br />

no HDG antes de concluirmos<br />

apressadamente por um problema típico<br />

de insuficiência de capacidade.<br />

3.1. 2 Problemas detectados<br />

a nível do HDG<br />

A análise das condições actuais ·de<br />

funcionamento visa em primeiro lugar<br />

um conhecimento preciso sobre a adequação<br />

da estrutura orgânica, sobre a .<br />

capacidade existente e sobre a adequação<br />

entre os meios ora disponíveis.<br />

Em segundo lugar pretende-se conhecer<br />

as suas implicações quanto a produção<br />

e aos resultados,nas vertentes<br />

de quantidade/ qualidade/ eficiência/rentabilidade<br />

e de eficácia/efeito<br />

na saúde, e assim ser esse conhecimento<br />

levado em conta na programação<br />

do novo Hospital.<br />

QUADRO N.~ 1: PROCURA ACTUAL E FUTURA<br />

encontrámos uma situação que pode<br />

caracterizar-se em primeiro lugar pela<br />

inexistência ou insuficiência de capacidade:<br />

Inexistência de U. C. 1. , N eonatologia,<br />

Gastroenterologia, Psiquiatria<br />

e Neurologia.<br />

Inexistência de diversos SCDT -<br />

Lab. Anatomia Patológica, Endoscopias<br />

e alguns sectores de Imagiologia.<br />

Idem de Hospital de Dia e Serviço<br />

Domiciliário.<br />

Insuficiência de capacidade em<br />

Blocos Operatórios, Consulta Externa,<br />

no número de camas de diversas<br />

especialidades, na insuficiência<br />

de capacidade de resposta<br />

de diversos SCDT e na sua pouca<br />

diferenciação.<br />

Depois a estrutura orgânica é inadequada<br />

o que pode ilustrar-se pelas insuficiências<br />

graves, face à dimensão<br />

actual do internamento, em capacidade<br />

de ambulatório programado, em salas<br />

de Bloco Operatório e em SCDT mas<br />

sobretudo pela estrutura da sua produção<br />

que quando comparada com a média<br />

dos HHDD portugueses apresenta<br />

a situação que o quadro n. 0 2 ilustra.<br />

Veja-se a grande insuficiência de<br />

CE - havendo mesmo serviços de internamento<br />

que não tem qualquer consulta<br />

- e a desproporção quanto ao<br />

peso relativo da CE e URG. Esta situação<br />

implica obviamente uma taxa de<br />

internamentos pela URG muito superior<br />

à dos restantes HHD D - com todas<br />

as consequências negativas previsíveis<br />

quanto à eficácia/qualidade dos<br />

actos e à impossibilidade prática de<br />

programar a actividade dos serviços e<br />

do Hospital.<br />

SITUAÇAO DESEJADA<br />

INGLA- MÉDIA VALOR<br />

TERRA HH DESEJADO<br />

(1983) CONTIN.<br />

QUADRO N. 0 2: N. 0 ACTOS POR DOENTE SAÍDO (1986)<br />

HDG (A) HHDD (B) BIA%<br />

AMBULATÓRIO PI DS.<br />

N.° CE PI DS<br />

N. 0 URG PI DS<br />

1,92<br />

10,36<br />

3,46<br />

8,59<br />

+80%<br />

-17%<br />

0 N. URG PI CE<br />

% D. INT PI URG<br />

5,38<br />

82%<br />

2,48<br />

(1)62%(zona norte)<br />

-54%<br />

(-20%)<br />

N. 0 MCDT PI DS<br />

LAC 10,66 15,47 +45%<br />

RADIOLOGIA 4,44 4,46 . =<br />

SERV. SANGUE 0,23 0,31 +35%<br />

ECG 0,09 0,50 +450%<br />

MFR (PI D. INTERN.) 4,34 3,81 -12%<br />

Nos HH limítrofes do HDG esta percentagem é de apenas 51 %<br />

Atente-se depois na baixa capitação<br />

e qualidade atrás referida.<br />

Finalmente importa referir que existem<br />

situações de inadequação entre os<br />

meios:<br />

1. 0 Serviços de internamento a funcionar<br />

só com 1 médico; SCDT<br />

a funcionar sem médicos do<br />

quadro (Imagiologia e Serv. de<br />

Sangue); inexistência de pessoal<br />

Farmacêutico; falta de Enfermeiros<br />

e pessoal de apoio no<br />

internamento.<br />

2. 0 Exiguidade das áreas de apoio<br />

no internamento, Bloco e Consulta<br />

Externa; Bloco e CE descentralizados,<br />

impedindo a rentabilização<br />

dos recursos humanos.<br />

3. 0 Inadequação de equipamentos e<br />

áreas actuais dos Servços de<br />

Apoio Geral; insuficiente diferenciação<br />

em diversos SCDT;<br />

falta geral de pessoal de enquadramento;<br />

organização e gestão<br />

rudimentar em diversos Serviços<br />

de Apoio Geral - embora<br />

adequadas às instalações e qualificação<br />

do pessoal disponíveis.<br />

Deste grupo de problemas resulta<br />

naturalmente uma eficácia e qualidade<br />

dos actos inferior ao nível desejado e<br />

também uma rentabilidade geral menor<br />

do que seria possível - o que gera<br />

insatisfação generalizada na população<br />

por falta de qualidade como é demonstrado<br />

pelo elevado recurso a outros<br />

HH e ao sector privado a que se vê<br />

obrigada.<br />

Em conclusão diríamos que existem<br />

problemas de estrutura, geradores de<br />

estrangulamentos, que limitam a possibilidade<br />

de aumentar a rentabilidade<br />

para valores de bom nível (acima de<br />

40 DS/ano), sem comprometer ainda<br />

mais a qualidade/eficácia dos actos .<br />

Existe ainda um claro desajuste entre<br />

as necessidades da população a servir<br />

e a capacidade global instalada no<br />

HDG. Ultrapassar esta situação passa<br />

pela construção de Hospital com essa<br />

dimensão e em que os serviços tenham<br />

capacidades ajustadas entre si e com<br />

condições de a poderem rentabilizar<br />

devidamente.<br />

3.1.3. Procura a satisfazer<br />

Recorremos aqui a diversos elementos<br />

constantes dos Despachos enformadores<br />

da Carta <strong>Hospitalar</strong> e à participação<br />

dos Directores de Serviço do<br />

HDG bem como à opinião de outros<br />

peritos médicos.<br />

Os valores a que chegamos são considerados<br />

possíveis e desejáveis estando<br />

ainda longe do ideal. Prevêem-se<br />

· 89 internamentos por 1000 habitantes,<br />

apenas 75 % da taxa actual em Inglaterra,<br />

sendo que a procura a satisfazer<br />

localmente é de 72 % (71 em Castelo<br />

Branco e 1986.<br />

Decompondo os valores previstos<br />

pelas diferentes especialidades encontramos<br />

défices assinaláveis em todas<br />

as especialidades à excepção de Obstétricia.<br />

Finalmente a partir dos valores obtidos<br />

para o internamento, e também especialidade<br />

a especialidade,<br />

estimaram-se as necessidades em CE,<br />

BO e outros SCDT, em Serviços de<br />

Apoio Geral e as possibilibades de actuação<br />

em regime de Hospital de Dia e<br />

Domiciliário. As fontes para determinação<br />

de capitações razoáveis/desejáveis<br />

foram as referidas no primeiro parágrafo.<br />

Foi dada uma atenção especial ao dimensionamento<br />

do ambulatório, BO e<br />

SCDT (conforme recomendação da<br />

OMS, prevendo necessidade cresci ..<br />

mento futuro) de modo a garantir uma<br />

estrutura orgânica adequada e não reproduzir<br />

a situação actual geradora de<br />

estrangulamentos.<br />

Em traÇos muito largos a procura a<br />

satisfazer representa um aumento por<br />

ano de: 130 mil consultas, 5400 operações,<br />

7700 DS, 300 mil análises e 50<br />

mil exames, e tratamento em Hospital<br />

de Dia de 2500 doentes e de igual número<br />

de visitas domiciliárias. São<br />

igualmente corrigidos os problemas<br />

que haviamos detectado no actual<br />

HDG (3 .1.2,).<br />

Obviamente o HDG necessita para<br />

satisfazer essa procura de alteração radical<br />

dos meios à sua disposição: de 4<br />

para 36 gabinetes de consulta, de 4 para<br />

8 salas de operação de 8 para 14 especialidades<br />

com internamento, de 4<br />

para 12 SCDT, etc. Essas alterações<br />

reflectem-se em necessidades de investimento<br />

e em custos de funcionamento.<br />

3.2. Estimativa de custos<br />

3. 2 .1 Custos de funcionamento<br />

Tendo em vista evitar erros eventualmente<br />

existentes na imputação de<br />

custos nos HHDD trabalhámos com<br />

custos directos dos serviços. Separámos<br />

os serviços «produtivos» - aqueles<br />

onde existe uma unidade produtiva<br />

e onde é fácil relacionar despesa e produção<br />

- dos restantes que reunimos<br />

em «Despesas de Estrutura».<br />

A análise foi feita Especialidade a<br />

Especialidade e fez-se a comparação<br />

com os restantes HHDD para todos os<br />

serviços.<br />

Dado que as Despesas com Pessoal<br />

representam 70% do total da exploração<br />

efectuamos uma análise mais fina<br />

dessa rubrica, separando o pessoal médico<br />

o qual foi previamente calculado<br />

a partir dos padrões fixados nos diplomas<br />

da Carta <strong>Hospitalar</strong>.<br />

As despesas com produtos farmacêuticos<br />

e material de consumo clínico,<br />

rubricas de maior importância depois<br />

do pessoal, foram tratadas mais<br />

detalhadamente (ainda como no pessoal<br />

por especialidade) do que as restantes,<br />

agregadas numa rubrica residual.<br />

Fixámos um crescimento real de<br />

consumo de 1 O% naqueles 2 tipos de<br />

materiais na convicção que a diferenciação<br />

e a maior qualidade o exigiam.<br />

Nas restantes despesas directas<br />

considerou-se a média dos HHDD.<br />

No que respeita aos gastos gerais de<br />

funcionamento - aquecimento, electricidade,<br />

comunicação e manutenção<br />

- previmos uma subida apreciável<br />

( + 165 %).<br />

ESTIMATIVAS DE CUSTO<br />

A partir da análise dos custos -unitários<br />

em pessoal dos HHDD - e também<br />

da média dos novos HHD D - e<br />

considerando os valores referidos em<br />

estudo do DRHS determinou-se o vo- 1 27


Hôsíiif liiifi<br />

28 1<br />

lume do pessoal necessário para a produção<br />

anteriormente prevista (3.1.3.).<br />

Chegámos assim ao número de pessoas<br />

necessárias em cada especialidade<br />

e serviço o qual, quando comparado<br />

com a situação actual, permite concluir:<br />

Aumento do número pessoas<br />

( + 96 % ) superior ao dos DS ajustados<br />

( + 83 % ) , sendo mais acentuado<br />

no Internamento ( + 128 % )<br />

que nos restantes serviços.<br />

O número de enfermeiros aumenta<br />

146 % , ficando em situação melhor<br />

ou igual que os novos HHDD.<br />

Prevê-se igualmente uma libertação<br />

de tarefas não técnicas actualmente<br />

desempenhadas· pela enfermagem.<br />

O número de médicos aumenta<br />

conforme o previsto na Carta <strong>Hospitalar</strong><br />

e as opiniões dos Directores<br />

de Serviço do HDG. Idem enfermagem<br />

quanto a libertação de tarefas<br />

administrativas.<br />

Prevê-se igualmente um aumento<br />

significativo de funcionários administrativos,<br />

gerais e paramédicos.<br />

Diminuição do gasto em remunerações<br />

extraordinárias.<br />

Pelo que ficou dito, e pelas assunções<br />

aqui inicialmente referidas, chegamos<br />

a uma variação da despesa<br />

( + 118 % ) superior à dos DS ajustados<br />

( + 83 % ) pelo que o custo por doente<br />

sobe 18,5%. Esta situação é explicada<br />

pela conjunção de factores pressionando<br />

para a diminuição de custos--:- aumento<br />

de produção e de rentabilidade<br />

e diminuição de gastos pela centralização<br />

de serviços - mas actuando ou..:<br />

tros em sentido contrário' como sejam:<br />

Aumento de peso das produções intermédias<br />

(MCDT e S. Apoio).<br />

Maior diferenciação da produção.<br />

Melhor dotação relativa em pessoal.<br />

Melhoria geral de qualidade.<br />

Proveniente do aumento de gastos<br />

gerais de funcionamento.<br />

De uns e outros foram apresentados<br />

indicadores tentando-se avaliar a sua<br />

importância relativa.<br />

Finalmente foi feita uma comparação<br />

da situação final com os restantes<br />

HHDD procurando justificação para<br />

as diferenças encontradas em relação à<br />

média daqueles HH.<br />

3.2.2. Investimento<br />

O custo actual (1986) de construção<br />

do Novo HDG é de 4309 mil contos.<br />

Atendendo a que se justificam altera-<br />

ções ao programa inicial (visando adequar<br />

a sua estrutura orgânica), que<br />

técnicos por nós contactados estimaram<br />

em 100 mil contos, o valor final<br />

passará para 4409 mil contos.<br />

Por sua vez o actual edifício pode<br />

ser transformado em unidade de idosos<br />

e lar de acamados, ajudando assim a libertar<br />

o Hospital de doentes não agudos.<br />

As obras de adaptação custarão<br />

50 mil contos, que se deverão abater<br />

ao valor actual do edifício - 1,5 milhões<br />

de contos. O gasto acrescido será<br />

assim de: 4409-1500+50=2959<br />

mil contos.<br />

Não dispondo de um valor seguro<br />

para equipamento considerámos o<br />

montante médio gasto no Novo Hospital<br />

de Coimbra (HC): 2408 contos/cama<br />

(preços de 1986) a que corresponde<br />

um gasto de 1151 mil contos. Deste<br />

valor é necessário deduzir o valor ac- '<br />

tual do equipamento do HDG e o que é<br />

necessário adquirir no ano (120 mil<br />

contos). Teremos assim um acréscimo<br />

de investimento de 1031 mil contos.<br />

As amortizações foram calculadas<br />

considerando um tempo de vida médio<br />

de 40 anos para os edifícios e 8 anos<br />

para os equipamentos.<br />

Novo HDG:<br />

4409x0,025+1151 x0,125=254 100<br />

Actual HDG:<br />

1500X0,025+120XO,125 =52 500<br />

Há portanto que considerar um<br />

acréscimo de 201 600 contos de reintegrações<br />

em cada um dos 40 anos do<br />

p~ojecto.<br />

3 .3. Benefícios<br />

Muito embora tenha sido nossa<br />

preocupação constante ouvir os Directores<br />

de Serviço do HDG e diversos<br />

peritos médicos, foi neste ponto do<br />

trabalho que mais intensamente o fizémos,<br />

em reuniões, entrevistas ou usando<br />

técnicas de consenso de grupo.<br />

Começámos por discriminar os benefícios<br />

esperados do Novo HDG, serviço<br />

a serviço, tanto na óptica do<br />

doente como do Hospital. O ponto de<br />

partida foram obviamente as alterações<br />

a introduzir nos serviços Uá atrás<br />

definidas). O objectivo era dispor de<br />

uma lista tão completa quanto possível<br />

para depois, com a colaboração das<br />

entidades atrás referidas, seleccionar e<br />

hierarquizar os benefícios que se tentariam<br />

quantificar.<br />

A não existência de mercado hospitalar,<br />

com preços e concorrência interhospitais<br />

e com o sector privado, implicou<br />

o recurso à noção de custo de<br />

oportunidade (benefícios de produção)<br />

e a quantificação mínima através dos<br />

anos de trabalho ganhos.<br />

Tentou-se a quantificação apenas<br />

dos benefícios realmente significativos<br />

não considerando outros que embora<br />

de grande importância ·não se traduzem<br />

em benefícios quantificáveis (Intangíveis).<br />

A não consideração desse<br />

conjunto de benefícios, embora arrolados,<br />

e a relativa subvalorização que<br />

o método do capital humano implica<br />

(Campos, 1986) e a subavaliação do<br />

valor do trabalho justificam a conclusão<br />

de que os benefícios aqui quantificados<br />

devem ser considerados benefícios<br />

mínimos.<br />

3.3.1. Benefícios de produção<br />

A consideração destes benefícios resulta<br />

de se entender que a Comunidade<br />

tem à sua disposição produções idênticas<br />

a custos diferentes. Tomemos como<br />

exemplo uma consulta de Medicina<br />

Interna que custa em média nos<br />

HHDD 400 escudos, 360 no HDG e<br />

1200 no sector privado. O benefício<br />

que a Comunidade retira da sua produção<br />

no HDG corresponde ao que deixa<br />

de gastar (ganha) [400-360=40] pela<br />

melhor rentabilidade. Considerando o<br />

valor a pagar no sector privado o beneficio<br />

seria maior mas continuamos à<br />

procura de valores certos, ainda que<br />

«no mínimo». De igual modo para análises,<br />

radiografias, operações e doentes<br />

internados.<br />

Este raciocínio não é aplicável ao<br />

actual HDG dados os problemas de<br />

qualidade, diferenciação e eficácia que<br />

impedem a comparação da sua produção<br />

com a dos restantes HHDD. Com<br />

as dotações em pessoal e a estrutura<br />

orgânica previstas/ novo HDG terá<br />

produções com características idênticas<br />

ou até superiores à média, daí terse<br />

considerado como benefícios (perdas<br />

nalguns serviços) esse diferencial<br />

de custo unitário multiplicado pelo número<br />

de actos do serviço/especialidade<br />

em causa.<br />

Chegámos assim a um valor para este<br />

benefício de 347 mil contos que corrigimos<br />

pessimisticamente para 281<br />

mil, considerando possíveis deseconomias<br />

(1 O%) e melhorias nos HHD D<br />

(10%).<br />

3. 3. 2. Benefícios da reatracção<br />

de doentes<br />

Conhecendo-se o número mínimo de<br />

doentes da área de Guimarães que actualmente<br />

são tratados noutros hospitais<br />

- 2210 em HHCC e 1290 em<br />

HHDD - e tendo-se estimado o poder<br />

de atracção do novo HDG em 1070 e<br />

640 daqueles doentes respectivamente,<br />

calculou-se a redução de despesa<br />

de que a Comunidade iria beneficiar.<br />

Essa diferença provinha do menor<br />

custo hospitalar, da redução de despesas<br />

com as transferências e de visitas e<br />

acompanhantes e pela redução do número<br />

de dias de trabalho perdido -<br />

menor demora média para os doentes<br />

e tempo gasto por visitas e acompanhantes.<br />

Chegámos aqui a valores de<br />

46 540 e 4783 contos respectivamente<br />

para os doentes actualmente tratados<br />

em HHCC e HHDD.<br />

Do mesmo modo no que respeita os<br />

doentes tratados no sector privado<br />

(menos 1330), e tomando como diferença<br />

de custo um valor unanimemente<br />

considerado reduzido, chegamos a<br />

um benefício anual de 34 447 contos.<br />

Teremos assim em conclusão que a<br />

reatracção de doentes gera redução de<br />

despesas de 85 770 contos/ano, sem<br />

considerar os benefícios resultantes da<br />

reatracção de doentes da CE, URG e<br />

MCDT.<br />

3. 3. 3. Beneficias na saúde<br />

da comunidade<br />

3. 3. 3 .1 . Redução de mortalidade<br />

Analisámos apenas 4 causas de morte,<br />

precisamente aquelas onde se espera<br />

maior impacto, em termos de redução<br />

de mortalidade, com o novo HDG:<br />

mortalidade infantil, por acidentes,<br />

doenças crónicas do fígado e cirrose e<br />

sintomas de sinais mórbidos mal definidos.<br />

Na mortalidade infantil previu-se<br />

uma forte descida nos primeiros anos<br />

seguida de uma quase estabilização. O<br />

alto valor que a taxa aqui assume<br />

(21, 7 % ) permite uma redução importante<br />

no número de mortes - 74,72<br />

mortes evitadas por ano, em média.<br />

Mesmo tomando um valor baixo para<br />

· o salário médio e considerando que só<br />

passados 15 anos se obtêm valores de<br />

trabalho ganho (e descontando os previsivelmente<br />

não activos, taxa actual)<br />

chegamos a. um benefício total de 17 5<br />

mil contos a preços de 1986.<br />

Considerando valores mínimos nas<br />

reduções de mortalidades por acidentes<br />

(-5 % ) , por doenças de fígado<br />

( -11 % ) e por sintomas e sinais mal definidos<br />

(-4 % ) chegamos a um benefício<br />

anual de 110 785 contos por ano.<br />

3. 3. 3. 2. Redução de morbilidade<br />

Na falta de valores para este indicador<br />

considerámos o número global de<br />

dias perdidos por doença e estimámos<br />

um ganho de apenas 5 % , derivado à<br />

entrada em funcionamento do novo<br />

HDG. O benefício daí resultante cifrase<br />

em 55 mil dias de trabalhos ganhos,<br />

ou seja, 110 500 contos por ano.<br />

3. 3. 3. 3. Redução de incapacitados<br />

Dado o número mínimo de incapacitados<br />

existentes na região e a opinião<br />

de peritos médicos de neonatologia e<br />

psiquiatria, obtivemos valores de redução<br />

de despesa anual de 98 mil contos<br />

- foram considerados nos cálculos<br />

apenas os deficientes médios e graves.<br />

3. 3. 4 Outros benefícios<br />

De entre o conjunto de benefícios<br />

não quantificados 4 assumem um relevo<br />

especial: o valor do trabalho possível<br />

pela redução de incapacidades, a<br />

produção acrescida e de maior qualidade<br />

nos HHCC do Porto; o valor residual<br />

do edifício e do equipamento do<br />

novo HDG (muito superior ao valor<br />

residual do actual HDG) e o efeito<br />

multiplicador das despesas correntes.<br />

Estimativas feitas para este último<br />

apontavam para um valor limite de 1,6<br />

o que significa que a injecção anual de<br />

mais 600 mil contos gera despesas internas<br />

da ordem dos 960 mil contos,<br />

podendo assumir localmente alguma<br />

importância no volume de despesa/produção/<br />

emprego.<br />

-3.4. Limitações da metodologia utilizada<br />

3. 4.1. Decorrentes da informação disponível<br />

A informação disponível, para o<br />

HDG e diferentes HH, diz respeito<br />

apenas aos doentes internados ou saídos<br />

e não tratados/curados, o que nos<br />

levou a tomar como indicador o número<br />

de DS. Este indicador pode esconder<br />

uma alta taxa de insucessos que<br />

poderia ser avaliado pela taxa de mortalidade<br />

hospitalar, pelo número de .<br />

reinternamentos, pelo número de<br />

doentes piorados ou saídos no mesmo<br />

estado e pela percentagem de transferências<br />

para outros HH (públicos e<br />

privados). A inexistência, ou pouca<br />

fiabilidade, dessa informação<br />

impediu-nos de quantificar o grau de<br />

eficácia do actual HDG.<br />

A inexistência de valores relativos à<br />

frequência hospitalar no sector privado<br />

obrigou-nos a estimar o seu valor.<br />

Do mesmo modo quanto aos valores<br />

de morbilidade.<br />

No que respeita aos custos foi feita<br />

uma estimativa das despesas pessoais<br />

relacionadas com a transferência de<br />

doentes para outros HH - acompanhantes<br />

e visitas. As despesas com o<br />

transporte do doente foram contabilizadas<br />

a valores reais que calculamos<br />

corrigindo o preço praticado pelas<br />

Corporações de Bombeiros - preço<br />

sombra, modificado pela não consideração<br />

dos diversos subsídios recebidos<br />

por essas Corporações.<br />

O valor tomado para o salário médio<br />

(500 contos) foi considerado razoável<br />

por diversos especialistas contactados.<br />

Admitimos que a taxa de não activos<br />

será idêntica à de 1981 (ano mais recente<br />

de que dispomos informação).<br />

Nessa taxa não é considerada a existência<br />

de economia paralela, trabalho<br />

infantil e realizado por maiores de 65<br />

anos (cuja existência e relevância é<br />

unanimemente reconhecida na região).<br />

Pressupõe-se que os custos e benefícios<br />

não vão variar significativamente<br />

ao longo do tempo e em termos reais,<br />

pelo que se tomaram como sendo<br />

constantes nos 40 anos do projecto -<br />

período que considerámos razoável<br />

para este tipo de investimento, em<br />

intra-estruturas básicas.<br />

3. 4. 2. Do cálculo de benefícios<br />

U sarnas para a quantificação dos benefícios<br />

o método do capital humano<br />

que valoriza a vida apenas em termos<br />

do número de anos de trabalho ganho.<br />

Tendo grande vantagem pela sua operacionalidade<br />

apontam-se-lhe, no entanto,<br />

as críticas seguintes: valorizar<br />

mais a população activa (homens/adultos<br />

-<br />

empregados, saudáveis) e «medir<br />

não o valor da vida mas sim o do<br />

mercado de sobrevivência» (Drumond,<br />

1981). Parece pacífico que esta<br />

teoria conduz a valores inferiores aos<br />

das restantes (valor do risco evitado e<br />

valores implícitos nas decisões societais)<br />

o que implica considerar como<br />

mínimos os benefícios aqui encontrados.<br />

Não incluímos diversos benefícios<br />

ainda importantes (ver 3 .4) nem outros<br />

originados por este tipo de investimento.<br />

Dentre estes encontramos os ligados<br />

a valores intangíveis (dor/desconforto/medo,<br />

maior qualidade de vida<br />

do doente e familiares) que resultarão 1 29


_______ HôiPiiruü<br />

30<br />

menta para as possibilidades do<br />

ambulatório e SDCT.<br />

Explicada que foi a sua razão de ser,<br />

resta a interrogação se, mesmo na áre


HosPITALA·n ______ _<br />

32 1<br />

profundas remodelações de serviços<br />

(internamento e outros) pelo<br />

mesmo motivo.<br />

- Só com o investimento permanente<br />

das reintegrações o hospital pode<br />

responder com qualidade e eficácia<br />

à evolução das necessidades de ·população<br />

que serve. No nosso proj<br />

ecto não o fazer seria tornar o novo<br />

HDG não comparável à média<br />

dos HHDD em eficácia/qualidade<br />

perdendo-se os «benefícios da produção»<br />

(ver 3. 3 .1.).<br />

Considerar que as amortizações<br />

são anualmente investidas nos 40<br />

anos do projecto - ao contrário<br />

das tradicionais análises de projectos<br />

- conduz, no entanto, aos seguintes<br />

resultados (dado trabalharmos<br />

com preços constantes):<br />

- O valor final do imobilizado é<br />

idêntico ao inicial (dado que foi<br />

substituído ano a ano).<br />

- Os ga,stos em investimentos vêm<br />

sobrevalorizados dado considerarse<br />

o dispêndio anual e não em prazo<br />

fixo (passados anos) .<br />

Em conclusão diríamos que foram<br />

sobrevalorizados os gastos de investimento<br />

de substituição e que o valor residual<br />

final do actual hospital será<br />

1620 milhares de contos e do novo de<br />

5560 - 230 e 790 mil se actualizarmos<br />

para 1986. Um e outro destes aspectos<br />

(não considerados na análise)<br />

vêm reforçar a consideração que ovalor<br />

líquido dos benefícios seria ainda<br />

maior e que o projecto é realmente<br />

justificável.<br />

Nome<br />

Porquê análise custo benefício para<br />

um hospital<br />

Portugal necessita de modificar radicalmente<br />

as suas infra-estruturas -<br />

sem o que o esforço de modernização/<br />

desenvolvimento será estrangulado<br />

a prazo. Esse investimento é igualmente<br />

essencial na educação, na saúde<br />

e outras infra-estruturas não produtivas<br />

como o é nas directamente produtivas.<br />

É relativamente fácil preterir os<br />

investimentos que visam apenas melhorar<br />

a vida individual e colectiva e<br />

aumentar o potencial produtivo da população,<br />

optando por investimentos<br />

produtivos/ligados à esfera produtiva<br />

ou que visem a satisfação de grupos<br />

especiais de poder.<br />

O investimento em hospitais origina<br />

benefícios apenas no longo prazo (e dificilmente<br />

quantificáveis) o que é outra<br />

razão para ser ultrapassado, em termos<br />

de política nacional, por outros<br />

com resultados de menor prazo (recuperação<br />

via emprego/produção/rendimento)<br />

ou menos exigentes individualmente<br />

em capital investido.<br />

Nesta perspectiva é importante demonstrar<br />

que não é errado investir em<br />

hospitais em 1988, em Portugal, dada<br />

a reduzida capacidade instalada em·camas<br />

(metade da europeia) e a inadequação<br />

que vigora em diversas regiões<br />

do país.<br />

Propriedade da<br />

Associação Portuguesa de Administradores <strong>Hospitalar</strong>es<br />

Por outro lado essa carência não pode<br />

justificar o investimento pelo investimento<br />

que poderá dar origem a «elefantes<br />

brancos». Ainda obriga a analisar<br />

cada caso concreto, estudar a sua<br />

dimensão e estrutura orgânica, os seus<br />

efeitos sobre a restante capacidade<br />

(pública ou privada) já existente, e verificar<br />

se é realmente a melhor e mais<br />

premente alternativa, determinar o volume<br />

de meios necessários.<br />

Julgamos assim que demonstrando,<br />

numa perspectiva de economia de saúde,<br />

que um hospital é rentável mesmo<br />

tomando benefícios mínimos, estaremos<br />

a combater visões «economicistas»<br />

que apontam apenas para proveitos<br />

e custos monetarizáveis num prazo<br />

reduzido.•<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

CAMPOS, A.C.; COSTA, c.; RAMOS, F.; PA:<br />

DRÃO, L.; CORTÊS, M.F.; ROQUE, M. ; GI­<br />

RAWES, M.R. ; CARVALHO, R.; A Combinação<br />

Público - Privada em Saúde: Privilégios,<br />

Estigmas e Ineficiência, ENSP, .Obras Avulsas<br />

n. 0 5, Lisboa 1987.<br />

CAMPOS, A. C. : Avaliação Económica de Programas<br />

de Saúde, ENSP, Lisboa 1986.<br />

CABRAL, N. e ABECASSIS, F.: Análise Económica<br />

e Financeira de Projectos, Lisboa 1982.<br />

CUUIS, J.G. e PETER, W.: Introduction à la<br />

Economia de la Salud.<br />

CULYER, A. J. e MAYNARD, A.K.: Cost­<br />

Efectiveness of Duodenal Ulcer Treatment,<br />

Univ. of York, U. K.<br />

DEPS: Elementos Estatísticos - Saúde 85,<br />

Lisboa.<br />

H.M. TREASURY: Investiment Appraisal in<br />

the Public Sector, U.K. 1982.<br />

BOLETIM DE ASSINATURA<br />

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Agradeço que me considerem assinante da Revista ~GESTÃO HOSPITAIAR», a partir do número _ _ _ _<br />

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...<br />

José Marques Serralheiro*<br />

* Administrador <strong>Hospitalar</strong> - Centro <strong>Hospitalar</strong> das<br />

Caldas da Rainha<br />

O Bloco Operatório é uma unidade funcional que consiste em um ou mais espaços<br />

operatórios - salas ou suítes - ligados a zonas de apoio concebidas para uso comum.<br />

Uma suíte compreende uma sala de operações e as suas áreas exclusivas de apoio.<br />

Durante os últimos 100 anos a cirurgia, devido a novas técnicas de assepsia e anestesia,<br />

desenvolveu-se de tal forma que deixou de ser simplesmente uma arte, para se tornar uma<br />

ciência dependente de uma complexa articulação de meios técnicos, materiais e humanos.<br />

O sucesso da intervenção, cujo significado se pode traduzir no alívio da dor do doente, na<br />

manutenção ou estabelecimento do normal f uncionamento do organismo ou na eliminação<br />

de uma ameaça de vida, depende não só da capacidade técnica do cirurgião e da sua equipa,<br />

como também de uma af ectação de recursos que um bom planeamento torna possível.<br />

A terapêutica cirúrgica está dependente<br />

da articulação funcional de 4 sistemas<br />

(1): o sistema de apoio (instalações<br />

e equipamentos); o sistema de actividades<br />

(circuito de pessoas e materiais);<br />

o sistema de informação e comunicação<br />

e o sistema de administração<br />

e gestão.<br />

A importância do Bloco Operatório<br />

resulta, não só da crescente procura e<br />

grande movimento de doentes, como<br />

também dos avultdos recursos canalizados<br />

para as suas despesas de exploração,<br />

que nos E.U.A. representam<br />

5 % a 7 % do orçamento do Hospital:<br />

60% gastos com pessoal e 35 % em<br />

bens de consumo (2).<br />

Em Portugal, nos Hospitais, as despesas<br />

de explc~ração do B.O. representam<br />

valores que se situam na ordem<br />

dos 7 % do orçamento global do Hospital.<br />

Estes factores fazem do Bloco um<br />

dos serviços mais estudados por especialistas<br />

em organizações e planeamento<br />

hospitalar .<br />

O desenvolvimento de determinadas<br />

técnicas: de assepsia e de anestesia, da<br />

quimioterapia, do uso do laser médico,<br />

da criocirurgia, do uso de cápsulas<br />

radioactivas, entre outras, fazem prever<br />

uma grande alteração do tipo de cirurgia<br />

que se praticará futuramente.<br />

Haverá aumento de: transplantações,<br />

de cirurgia geriátrica, de microcirurgia<br />

e uma queda tendencial do recurso<br />

à incisão (3).<br />

Toda esta evolução implica que cada<br />

vez mais o Hospital se torne um complexo<br />

meio técnico em crescente sofisticação.<br />

Assim sendo, torna-se necessário uma<br />

flexibilidade crescente do seu «layout»<br />

e design que garanta uma adequação<br />

constante às novas tecnologias.<br />

2 ~ A IMPORTÂNCIA<br />

DAS INSTALAÇÕES<br />

2.1. Planeamento<br />

A evolução da concepção física e organizacional<br />

do Bloco Operatório tem<br />

prosseguido objectivos de eficiência,<br />

segurança e conforto. Pretende-se o<br />

controlo das infecções e a melhoria<br />

das condições de trabalho ( 4).<br />

O planeamento é realizado numa<br />

perspectiva futura e deve, por isso,<br />

considerar a situação presente e as<br />

perspectivas de evolução das técnicas<br />

cirúrgicas e de todas as outras que lhe<br />

estão ligadas (diagnóstico, assepsia,<br />

antEstesia e quimioterapia, etc.).<br />

E por esta razão que assume especial<br />

importância a ideia de planeamento<br />

aberto (5), pois permitirá, em caso de<br />

necessária expansão, a construção de<br />

áreas adicionais. Existe, assim, uma<br />

desejada flexibilidade de estrutura física,<br />

não fazendo depender a capacidade<br />

de utilização apenas da reorganização<br />

do processo de trabalho.<br />

Um programa de um Bloco Operatório<br />

implica a tomada de determinadas<br />

decisões ( 6):<br />

1. Número de salas de operações<br />

necessárias. 1 33


----------' HõsP'1fÃiifi<br />

2. Localização do Bloco Operatório<br />

no Hospital.<br />

3. Organização funcional do Serviço.<br />

4. Áreas de apoio necessárias.<br />

5. Condições ambientais e as instalações<br />

técnicas especiais necessárias.<br />

6. Sistema de gestão e estimativa do<br />

número e tipo de pessoal necessário.<br />

7. Necessidades correntes de equipamento<br />

e seu desenvolvimento<br />

futuro.<br />

2.2. O Número de Salas<br />

O número de salas depende do volume<br />

de cirurgia a realizar e este é diferente<br />

de país para país, não dependendo<br />

exclusivamente de critérios técnicos,<br />

mas também de factores socioeconómicos,<br />

organizacionais, filosóficos ,<br />

geográficos e demográficos (7).<br />

Na decisão do número de salas devem<br />

considerar-se: o volume e tipo de<br />

cirurgia a efectuar, a capacidade de internamento,<br />

bem como as suas formas<br />

34 1 Bloco operatório<br />

alternativas, o padrão de intervenções<br />

por sala/dia útil, a frequência da urgência<br />

cirúrgica e o grau de centralização<br />

desejado.<br />

O planeamento Inglês considera<br />

uma sala por cada 40 camas (8) .<br />

Nos EU A programa-se uma sala por<br />

cada 25 camas cirúrgicas (9).<br />

Para Laufman (7) o número de salas<br />

deve ser 5 % do número de camas cirúrgicas.<br />

Em Portugal os programas hospitalares<br />

baseam-se numa sala por cada 50<br />

camas cirúrgicas (11).<br />

Existem regras práticas para a fixação<br />

do número de Salas de Operações<br />

conjugando os seguintes parâmetros:<br />

- N. 0 de intervenções/ano;<br />

- N. 0 de camas cirúrgicas;<br />

- % de ocupação;<br />

-Dm;<br />

- N. 0 de dias úteis de trabalho;<br />

- N. 0 médio de horas de trabalho/dia<br />

útil;<br />

- Duração média da intervenção.<br />

FÓRMULAS DE CÁLCULO<br />

PUTSEP, Ervin (2), apresenta as seguintes<br />

fórmulas de cálculo, relacionadas<br />

com a actividade cirúrgica.<br />

Bx365 x P<br />

A)T=<br />

Lx100<br />

= Número de intervenções ano<br />

B -<br />

P -<br />

L -<br />

B) C=<br />

Número de camas cirúrgicas<br />

% de Ocupação<br />

Dm de Cirurgia<br />

DxH<br />

A<br />

= Capacidade Estimada da Sala de<br />

Operações<br />

D -<br />

H -<br />

A -<br />

Número de dias de trabalho<br />

Número médio de horas de trabalho<br />

por dia<br />

Duração média de intervenção<br />

T<br />

C)<br />

c<br />

= Número de Salas de Operações necessárias<br />

T -<br />

C -<br />

Número de Intervenções<br />

Capacidade Estimada da Sala de<br />

Operações<br />

Para o Serviço Nacional de Saúde<br />

do Reino Unido um Bloco Operatório<br />

funcional deve ter a dimensão mínima<br />

de 4 salas de operações ( 12).<br />

Todavia, a relação do número desalas<br />

com o número de camas cirúrgicas<br />

é hoje cada vez menos relevante.<br />

A queda tendencial da Dm, conduz a<br />

uma maior intensidade do uso do factor<br />

cama, por um lado, e por outro, o<br />

desenvolvimento da cirurgia em ambulatório<br />

aumenta a sua disponibilidade.<br />

De facto esta modalidade pode realizar<br />

30 % a 40 % do total da cirurgia<br />

realizada em Hospitais Gerais com<br />

poupança de 25 % de recursos nos<br />

Hospitais dos E.U.A. (1 3).<br />

2.3. Localização<br />

O Bloco Operatório deve ser localizado<br />

de forma a existir uma fácil e directa<br />

comunicação com as suas interligações<br />

funcionais principais - o internamento,<br />

urgência, U.C.I. , Rx, esterilização<br />

e serviço de sangue.<br />

A sua localização deve também ser<br />

independente do tráfego geral e movimentos<br />

de ar do resto do Hospital.<br />

Deve ainda a sua implantação ser de<br />

forma a permitir uma expansão das<br />

instalações e numa zona de fácil controlo<br />

de entradas e saídas.<br />

A centralização do Bloco Operatório<br />

é hoje facilmente aceite e representa<br />

um factor importante de poupança de<br />

recursos - instalações, equipamentos,<br />

pessoal e despesas de exploração.<br />

Mason (14) aponta algumas importantes<br />

vantagens da centralização dos<br />

Blocos Operatórios: ·<br />

- Maior flexibilidade no uso das<br />

salas;<br />

- Maior eficiência e mais altos níveis<br />

de utilização;<br />

- Economia de espaço, capital e<br />

custos de manutenção;<br />

- Economia no uso do pessoal de<br />

enfermagem.<br />

2.4. Concepção Básica e Projecto<br />

A capacidade de produção e organização<br />

funcional do Bloco Operatório<br />

está directamente ligada à sua concepção<br />

e design.<br />

O Ministério da Saúde do Reino<br />

Unido define como requisitos básicos<br />

do Bloco Operatório os seguintes (15):<br />

- As circulações de sujos e limpos<br />

devem ser independentes, (ver<br />

figura A);<br />

FIGURA A<br />

. DIAGRAMA DO CIRCULO DE DOENTE, PESSOAL E MATERIAIS NO BLOCO OPERATÓRIO<br />

'A' e 'B' mostram localizações alternativas para a área de ' transfer'<br />

•- CO-R-RE-DO_R_E_XT_E_R I-DR-<br />

VESTIÃRIOS DO PESSOAL<br />

SALA DO<br />

PESSOAL<br />

SUITES OP~RATDRIAS<br />

P-es_s_'ii-6" ;, l limpo<br />

ÃREA DE RECEPÇÃO<br />

(Salas de anestesia, Salas de operação e<br />

' respectivas ãr eas de apoio)<br />

CORREDOR<br />

DE SUJOS<br />

ÃREA DE<br />

RECOBRO<br />

Esteril i<br />

Central<br />

~ DOEtHES~ PESSOAL ~ MAT ERI AL lllllllllilii.. MATERIAL<br />

~ ~ L-..,/" LIMPO ....,... SUJO<br />

Baseado em: DEPARTMENT OF HEALTH. ANO SOCI AL SECURITY -<br />

WELSH OFFICE (Rei no Unido) . Hos~ital Building Note - n9 26<br />

O~ ra ting Department, 1967, p. 7<br />

- O Bloco Operatório deve ser independente<br />

do tráfego geral e<br />

dos movimentos de ar do resto<br />

do hospital;<br />

- O «layout>> do Bloco deve permitir<br />

uma contínua progressão desde<br />

a entrada para zonas cada vez<br />

mais assépticas;<br />

- O p essoa l de ve p ode r<br />

movimentar-se de uma área limpa<br />

para outra, sem ter de passar<br />

por zonas não protegidas;<br />

- Os sujos devem ser removidos<br />

sem passarem por zonas limpas;<br />

- As direcções do fluxo de ar devem<br />

ser de zonas limpas para zonas<br />

menos limpas;<br />

- O sistema de ar condicionado deve<br />

assegurar condições de segurança<br />

e conforto térmico para<br />

doentes e pessoal.<br />

A necessidade de definir correctamente<br />

os movimentos dentro do Bloco<br />

Operatório faz com que nele se considerem<br />

várias zonas.<br />

O Comité de Controlo de infecções<br />

cruzadas do Medical Research Councii<br />

do Reino Unido considera as seguintes<br />

zonas (16):<br />

Zona Protectora - englobando o corredor<br />

exterior, os vestiários para<br />

o pessoal e a zona de recepção e<br />

transfer;<br />

Unida e de<br />

Est erilização<br />

Bloco<br />

Zona Limpa - sala de anestesia, desinfecção<br />

de pessoal, corredor<br />

de limpos, área de recobro, sala<br />

para armazém de equipamentos;<br />

Zona Asséptica - inclui a sala de<br />

operações e a sala de material<br />

esterilizado;<br />

Zona Suja - arrecadações e corredor<br />

de sujos.<br />

3. GESTÃO E ORGANIZAÇÃO<br />

Se o rendimento do Bloco Operatório<br />

não é satisfatório, a responsabilidade<br />

da situação advém, sobretudo, de<br />

uma organização deficiente tanto deste<br />

subsistema como de todo o complexo<br />

hospitalar.<br />

Como serviço do Hospital o seu objectivo<br />

é prestar com eficácia e eficiência<br />

os tratamentos cirúrgicos que<br />

satisfaçam adequadamente as necessidades<br />

da procura.<br />

Para se conseguir um bom nível de<br />

produção é necessário um ambiente de<br />

trabalho que resulte num perfeito relacionamento<br />

entre médicos, enfermeiros<br />

e restante pessoal do Bloco e serviços<br />

interligados.<br />

Uma estrutura organizacional capaz<br />

de coordenar e dirigir todas as actividades<br />

desenvolvidas no Bloco Operatório<br />

é fundamental para que este de- 1 35


36 1<br />

sempenhe, de forma cabal, as tarefas<br />

que lhe cabem no complexo <strong>Hospitalar</strong>.<br />

O sistema funcional deve basear-se<br />

num regulamento interno a ser elaborado<br />

com colaboração do pessoal do<br />

Bloco e dos principais serviços que<br />

com ele se articulam.<br />

Este regulamento consubstancia-se<br />

na definição de: métodos de trabalho,<br />

deveres e responsabilidades do pessoal,<br />

métodos de programação, regime<br />

e horário de trabalho, técnicas de higiene,<br />

de assépsia e segurança, entre<br />

outras.<br />

Douglas, autor inglês, considera a<br />

enfermeira supervisora como elemento<br />

fundamental no Bloco Operatório;<br />

( 17) segundo ele as suas responsabilidades<br />

incluem: a gestão do pessoal de<br />

enfermagem, a organização do horário<br />

do funcionamento, a vigilância de métodos<br />

de assépsia - controlo das circulações<br />

do pessoal no Bloco, principal<br />

causa, para Douglas, de infecções<br />

cruzadas. A supervisora é membro da<br />

Comissão do Bloco que lhe serve de<br />

apoio e suporte e da qual fazem parte<br />

ainda um bacteriologista, um cirurgião,<br />

um anestesista e um administrador<br />

hospitalar.<br />

O americano Atkinson (18) propõe o<br />

«0.R. Unit Manager» como elo de ligação<br />

entre o médico e o pessoal de<br />

enfermagem, o qual deve articular o<br />

programa operatório com o serviço de<br />

admissão de doentes, banco de sangue,<br />

internamento, anestesia, anatomia<br />

patológica, radiologia e pessoal<br />

dos serviços auxiliares. Tem ainda.como<br />

responsabilidades o aproveitamento<br />

das potencialidades reais do pessoal<br />

médico e sobretudo de enfermagem,<br />

empenhando-o na realização de tarefas<br />

para as quais apontam a sua formação<br />

técnica. Esta realidade pode melhorar<br />

a qualidade da assistência pré e pósoperatória<br />

eliminando causas frequentes<br />

de insatisfação profissional e absentismo.<br />

Segundo Dor e Godeau (19) nos<br />

E. U .A. existe uma dependência ao nível<br />

dos departamentos; Cirurgia Geral;<br />

Especialidades Cirúrgicas; Anestesia;<br />

Cuidados de Enfermagem; Técnico<br />

e Administração. Estes estabelecem,<br />

entre eles, um programa comum,<br />

assente numa organização interfuncional,<br />

que os tomam em relação à estrutura<br />

orgânica europeia mais económicos<br />

e rac1ona1s.<br />

Este modelo organizacional permite<br />

uma coordenação fácil e pouco conflituosa<br />

e o programa e o horário são<br />

cumpridos taxativamente desde o topo<br />

até à base.<br />

A equipa cirúrgica é a base do processo<br />

de trabalho do Bloco Operatório,<br />

daí a importância das relações interpessoais,<br />

cujo clima depende dq<br />

modelo de organização existente.<br />

Segundo Douglas (20), a equipa cirúrgica<br />

básica deve ser constituída por<br />

um cirurgião, um ajudante, um anestesista,<br />

um enfermeiro instrumentista e<br />

um circulante.<br />

A função do sistema de gestão é adequar<br />

e continuamente redefinir os objectivos<br />

do serviço, apoiado por um<br />

modelo de informação eficaz e que envolva<br />

os intervenientes do processo,<br />

pois o sucesso do sistema depende<br />

mais destes, que simplesmente de técnicas<br />

ou modelos (21).<br />

Em Portugal compete ao director do<br />

Bloco Operatório organizar e coordenar<br />

a actividade deste serviço, garantindo<br />

a prestação de cuidados adequados<br />

e da melhor qualidade, compatível<br />

com os meios disponíveis.<br />

Poderá ainda existir uma Comissãao<br />

de Bloco, como órgão de apoio técnico<br />

ao director de Serviço, com representantes<br />

do pessoal médico e de enfermagem,<br />

à qual devem competir as seguintes<br />

funções:<br />

- Coordenar a programação da actividade<br />

do B.O.;<br />

- Decidir da atribuição dos períodos<br />

operatórios às especialidades;<br />

- Aprovar o regulamento interno<br />

de funcionamento que estabelece<br />

as normas referentes a toda a organização<br />

do processo operatóno;<br />

- Elaborar planos de acção trimestrais<br />

e anuais com base na definição<br />

de objectivos tendo em conta<br />

a informação estatística periódica<br />

e controlar a sua aplicação;<br />

- Procurar adequar os recursos disponíveis<br />

às necessidades, prosseguindo<br />

os objectivos de segurança,<br />

conforto e eficiência.<br />

O elemento responsável do sector de<br />

enfermagem do Bloco terá como principais<br />

funções:<br />

- Orientar, coordenar e avaliar o<br />

pessoal de enfermagem;<br />

- Promover e controlar a aplicação<br />

de métodos de assépsia;<br />

- Controlar o tráfego de pessoas e<br />

circuitos do B.O.;<br />

- Gerir as existências de equipamento<br />

em material;<br />

- Providenciar pelo correcto preenchimento<br />

do registo operatório;<br />

- Coordenar a articulação do Bloco<br />

com os serviços interligados.<br />

As tarefas administrativas de apoio<br />

ao Bloco Operatório serão da responsabilidade<br />

da secretária de piso de cirurgia<br />

que organizará o ficheiro da lista<br />

de espera, bem como o processo necessário<br />

ao planeamento operatório e à<br />

sua complexa articulação com os restantes<br />

serviços, principalmente com o<br />

internamento de cirurgia.<br />

Ao administrador hospitalar, na sua<br />

prática corrente de gestao , caberá incentivar<br />

a fixação de objectivos do serviço<br />

em termos quantitativos e qualitativos,<br />

elaborar e discutir a proposta<br />

anual do orçamento de exploração do<br />

serviço e participar no controlo da sua<br />

aplicação.<br />

Como gestor tem a responsabilidade<br />

de procurar, dentro de uma visão sistémica,<br />

articular os objectivos deste serviço<br />

com os objectivos gerais de instituição.<br />

3.1. Utilização e Rendimento<br />

A baixa utilização do Bloco Operatório,<br />

em muitos hospitais de diversos<br />

países, constitui uma grande preocupação<br />

de administradores, cirurgiões,<br />

enfermeiros e outros técnicos empenhados<br />

na procura da eficiência de tão<br />

importante e dispendioso serviço hospitalar.<br />

Variadas são as razões que mantêm<br />

esse sub-aproveitamento da capacidade<br />

instalada, daí resultando que instalações<br />

e equipamentos não apresentem<br />

a necessária rentabilidade.<br />

Para a não articulação funcional dos<br />

recursos (materiais e humanos), assim<br />

como para o reduzido período de utilização,<br />

é preciso encontrar explicações<br />

que não essencialmente técnicas mas<br />

de ordem social, política e económica<br />

(22) .<br />

No Reino Unido taxas de utilização<br />

superiores a 95 % considerarm-se geralmente<br />

altas e taxas inferiores a 80 %<br />

baixas (23). Neste país as taxas de utilização<br />

situam-se entre 67 % a 82 %<br />

(24).<br />

Nos E. U .A. a taxa de utilização é de<br />

45%, na Holanda de 30% a 40 % e na<br />

Suécia 30 % (25).<br />

Em Portugal, não há informação<br />

disponível, mas pensamos que na generalidade,<br />

se verificam baixas taxas<br />

de utilização dado que os Blocos Operatórios<br />

são na maioria dos hospitais<br />

somente utilizados no período da manhã<br />

para cirurgia programada.<br />

Taxa de utilização =<br />

_ Tempo Médio de Utilização/Dia Útil X 100<br />

- Tempo Máximo Disponível/Dia Util<br />

..<br />

Baseado no London, Morris -<br />

Know your O. R . Vacancy Rate to Improve<br />

Surgical Scheduling. «The Modern<br />

Hospital», vol. 103, n. 0 4, Oct.<br />

1964, p. 110.<br />

O Serviço Nacional de Saúde do<br />

Reino Unido considera como parâmetros<br />

de utilização - 8 horas - 250<br />

dias úteis - com utilização das manhãs<br />

e das tardes para cirurgia programada,<br />

com realização de 8 intervenções/<br />

sala/ dia útil, ou seja 2000 intervenções/sala/ano<br />

(26).<br />

Em Portugal consideram-se, na programação<br />

hospitalar, 8 horas de utilização<br />

diária com a realização de 5 intervenções/<br />

sala/ dia útil (27).<br />

A explicação para a diferença do padrão<br />

do número de intervenções/sala/dia<br />

útil entre Inglaterra e Portugal,<br />

resulta de no primeiro país se considerar<br />

como tempo «Standard» que decorre<br />

entre o início e o fim da intervenção,<br />

60 m e no segundo 90 m.<br />

Na Suécia este padrão é de 80 me,<br />

por isso, uma capacidade de produção<br />

1500 intervenções ano com 6 intervenções/sala/dia<br />

útil (28).<br />

A discrepância dos parâmetros rendimento<br />

destes países resulta dos diferentes<br />

modelos arquitectónicos, funcionais<br />

e organizacionais que existem<br />

em cada um deles.<br />

Alguns estudos consideram como<br />

principais razões explicativas de baixa<br />

utilização dos Blocos Operatórios as<br />

seguintes (29):<br />

- Deficiência da programação operatória;<br />

- Atraso de doentes pelas seguintes<br />

razões:<br />

a) Doentes não preparados convenientemente;<br />

b) processo incompleto;<br />

c) problemas de acompanhamento<br />

do pessoal.<br />

...:_ Atraso dos cirurgiões;<br />

- Problemas de pessoal; a falta de<br />

enfermeiros é, por vezes, causa<br />

de atrasos da programação;<br />

- Cancelamentos de última hora;<br />

- Falta de equipamentos e de bens<br />

de consumo;<br />

- Deficiente articulação com outros<br />

serviços, tais como o Rx e a<br />

. anatomia patológica.<br />

Para conhecer o nível de utilização<br />

do Bloco Operatório é necessário implementar<br />

uma ficha operatória do tipo<br />

do modelo apresentado na figura B.<br />

4. SISTEMAS DE PROGRAÇÃO<br />

A actividade do Bloco Operatório<br />

tem muita importância para os hospitais,<br />

não só porque é por tradição uma<br />

área de custos de exploração elevados<br />

e de baixa utilização, mas também por<br />

ser um serviço de grande interdependência<br />

funcional.<br />

Este serviço tem sido objecto de vários<br />

estudos e tentativas de implementação<br />

de novos métodos de programação<br />

capazes de conseguir níveis de<br />

rentabilidade compatíveis com o grande<br />

volume de recursos (instalações,<br />

equipamentos e pessoal) que lhes estão<br />

afectos.<br />

O planeamento operatório implica<br />

que grupos de doentes a operar sejam<br />

programados por todo o Hospital, dada<br />

a interfuncionalidade que se verifica<br />

neste complexo sistema sócio-<br />

, técnico aberto (30) (ver figura C).<br />

Uma programação eficiente precisa<br />

de conhecer ou definir os seguintes parâmetros<br />

de modo a articulá-los convenientemente<br />

(31):<br />

- Número total de camas disponíveis;<br />

- Número e categoria profissional<br />

do pessoal médico e de enfermagem;<br />

- Capacidade do Bloco Operatório;<br />

- Programa semanal de admissões<br />

a partir da lista de espera, baseado<br />

no tempo operatório previsto<br />

e na sua composição;<br />

- Taxa de urgência cirúrgica;<br />

- Dm no Hospital por cada tipo de<br />

doente e respectiva patologia cirúrgica<br />

associada;<br />

- Regras relativas à prioridade de<br />

admissão e alta;<br />

A OJUIIDADE<br />

SISTEMA SIMPLIFICADO DO MOVI MENTO DE DOENTES<br />

ADMI SSÕES URGENTES<br />

LI STA DE INSCR IÇ ~O<br />

- Estimativa do número de horas<br />

de c~idados de enfermagem necessários<br />

por dia e por doente.<br />

Existem várias técnicas de programação<br />

destes modelos simples até à<br />

simulação computorizada.<br />

Uma das principais dificuldades da<br />

aplicação de uma programação é a previsão<br />

do tempo de duração das intervenções.<br />

As melhores estimativas são<br />

as realizadas pelos cirurgiões oupor<br />

programadores cirúrgicos, que no entanto<br />

só revelam alguma precisão para<br />

intervenções de duração inferior a<br />

120 m (31).<br />

Assim, pensamos que a introdução<br />

do tempo operatório na proposta operatória<br />

do cirurgião será um bom elemento<br />

de programação se forem considerados<br />

os seguintes parâmetros;<br />

- As condições próprias do doente<br />

previamente conhecidas;<br />

- As características específicas do<br />

cirurgião ou interno responsável<br />

pela intervenção;<br />

- A técnica utilizada.<br />

Num hospital geral cerca de 80 %<br />

das intervenções decorrem entre períodos<br />

inferiores a 120 m. Portanto, os<br />

casos de maior imprevisibilidade são<br />

pouco frequentes e terão tratamentos<br />

de excepção.<br />

Convém, contudo, sublinhar que,<br />

dadas as características dos actos cirúrgicos,<br />

há factores de imprevisibilidade<br />

que se mantêm, sendo impossível<br />

eliminá-los na totalidade.<br />

A outra dificuldade relevante é a<br />

CONSULTA<br />

EXTERNA<br />

CAMAS<br />

LISTA DE ESPERA<br />

Baseado em: Pat ients, Hospi tals and Operati onal Resarch, London<br />

TavistocK Publ1cat1ons, 1971, p. 3<br />

INTERNAMENTO<br />

-- ....<br />

'<br />

1<br />

1<br />

1<br />

1<br />

1<br />

1 37


_<br />

__,___,<br />

38 1<br />

Fi g . 8<br />

CENTRO HOSPITALAR DE CALDAS DA RAINHA<br />

HOSPITAL DISTRITAL<br />

BLO CO REGISTO N.• DE ORDEM/ MES<br />

OPEf


40<br />

4.3. Programação com ~estrições<br />

Múltiplas<br />

Uma perfeita coordenação da procura<br />

dos serviços hospitalares pelos<br />

doentes de cirurgia e dos níveis de recursos<br />

afectados - camas, salas de<br />

operação, pessoal médico e de enfermagem,<br />

tem como resultado uma melhoria<br />

da eficiência da actividade do<br />

Bloco Operatório.<br />

Um adequado sistema compreensivo,<br />

permite a rentabilidade de prestação<br />

de cuidados do hospital.<br />

O objectivo deste modelo de programação<br />

é analisar as implicações da actividade<br />

operatória, tanto na procura<br />

dos serviços a montante como a jusante,<br />

conseguindo assim uma afectação<br />

optirnizada dos recursos, evitando-se<br />

estrangulamentos. Hancock (38) considera<br />

um sistem(;l de admissão e controlo<br />

constituído por um conjunto de<br />

regras para controlar o fluxo de doentes<br />

dentro e através do hospital com o<br />

objectivo de: maximizar a % de ocupação,<br />

diminuir o número de cancelamentos<br />

de intervenções e o número de<br />

urgências não recebidas e aumentar o<br />

número de doentes programados.<br />

O modelo Finarelli (39) pretende<br />

rentabilizar a utilização das camas cirúrgicas,<br />

do pessoal médico e de 1,enfermagem<br />

considerando as seguintes<br />

restrições: a utilização do Bloco Operatório<br />

e o tempo extraordinário e/ou<br />

cancelamentos associados com a sala<br />

de operações. Escolhe a data de admissão<br />

baseado na previsão da dem.ora<br />

média, na capacidade do internamento,<br />

na previsão da duração da int~rvenção<br />

e na capacidade operatória do<br />

B.O.<br />

S. CONCLUSÃO<br />

A máxima eficiência dos Blocos<br />

Operatórios só se verifica se neles<br />

existir uma afectação óptima de recursos;<br />

número necessário de salas de<br />

operações, instalações de apoio adequadas<br />

e quantidades de pessoal médico,<br />

de enfermagem e auxiliar ajustadas<br />

à organização funcional do trabalho.<br />

O modelo de organização, gestão e<br />

planeamento da actividade cirúrgica<br />

contribuem de forma determinante para<br />

os níveis de rendimento dos Blocos<br />

Operatórios. De facto, sem uma dinâmica<br />

impulsionadora, os recursos de<br />

produção ficam no seu estado simples<br />

d~ recursos e não se tomam de produçao.<br />

1<br />

Só um modelo de gestão por objectivos<br />

em que estes sejam continuamente<br />

redefinidos e adequados à realidade do<br />

momento de forma a ajustarem-se os<br />

recursos disponíveis às necessidades<br />

da procura, conduz à eficiência dos<br />

Blocos Operatórios.<br />

Defendemos pois, o estabelecimento<br />

de objectivos do serviço já que se estes<br />

não existirem, prevalecerão os individuais<br />

na condução do processo de decisão.<br />

Estes, devem ser definidos de forma<br />

participada empenhando os intervenientes,<br />

o que conduzirá à responsabi­<br />

. lização dos mesmos e à melhoria dos<br />

resultados.<br />

Qualquer que seja o Sistema de <strong>Gestão</strong><br />

implementado, deve garantir um<br />

espírito do serviço e um relacionamento<br />

humano que conduza a níveis de satisfação<br />

profissional e a um clima de<br />

motivação, necessários à prossecução<br />

dos objectivos definidos .•<br />

(13) PUTSEP, Ervin - in obra referida na nota<br />

(2), pág. 235 .<br />

(14) BRITISH OPERATING THEATRES - British<br />

Health Care and Tecnology, London,<br />

British Hospital Journal - Hospital International,<br />

1972, pág. 7.<br />

(15) DEPARTMENT OF HEALTH ANOSO­<br />

CIAL SECURITY - WELSH OFFICE,<br />

(Reino Unido) Hospital Building Note -<br />

n. 0 26, Operating Departement. Departement<br />

of Health and Social Security,<br />

Welsh Office. 1967, pág. 5.<br />

(16) Citado por MICKO, Emanuel; DELRUE,<br />

Jan - in obra referida na nota (4) pág.<br />

192.<br />

(17) DOUGLAS, D.M. - Surgical Departments<br />

in Hospitals. The Surgeon 's View,<br />

London, Butterworhts, 1972, pág. 126.<br />

(18) ATKINSON, R.N. -0.R. UnitManager .<br />

«Hospitals, J.A.H.A ..., vol. 44, n. ° Fev.,<br />

1970, pág. 105.<br />

(19) DOR, J.; GODEAU, M. - Le Bloc Operato<br />

ire dna s L 'Hôpital MOdern­<br />

Realization Aux U.S.A. «Gestion Hospitalieres»,<br />

n. 0 93 Fev. 1970, pág. 156.<br />

(20) DOUGLAS, D.M. - ver obra referida na<br />

nota (17) p. 126.<br />

(21) ALLGAYER, Cláudio J. - Modelo Gerencial<br />

do Hospital Materno Infantil Presidente<br />

Vargas, «<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>», n. 0<br />

5, Ano 2, Janeiro/Março 1984, pág. 33. ·<br />

(22) STINSON, R.N. - O.R. Technicians -<br />

part 2, «Hospitals J.A.H.A.», vol. 44, n. 0<br />

22, Oct. 16, 1970, pág. 69.<br />

(1) LAUFMAN, Harold - O. R. Systems as (23) PUTSEP, Ervin - in obra referida na nota<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

Seen by a Surgeon, «Hospitals, J. A. H. (2), pag. ' 522 .<br />

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(2) PUTSEP, Ervin - Planning of Surgical obra citadana nota (15), pág. 7<br />

Centers, 2 ed., London, Lloyd-Luke (Me- (25) PUTSEP, Ervin - ver obra referida na nodical<br />

Books) LTD, 1978, pág. 235 e pág. ta (23) pág. 522.<br />

521.<br />

(3) WHEELER, E. Tood - Hospital Disign<br />

(26) CAETANO, Eduardo -<br />

(27) CAETANO, Eduardo -<br />

ibidem nota (11).<br />

ibiden nota (11).<br />

and Function, New York, San Francisco, (28) PUTSEP, Ervin - in obra referida na nota<br />

Toronto, London, McGraw-Hill Book (24) pág. 523.<br />

Company, 1964, pág. 133. (29) BRITISH OPERATING THEATRES - ver<br />

(4) MIKHO, Emanuel; DELRUE, Jan - De- obra referida na nota (15) pag. 7.<br />

partmental Planning: Operating Theatres (30) LUCK G. M. ; LUCKMAN J.; SMITH B.<br />

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1974, pág. 190.<br />

tals, Operational Research, London, Ta-<br />

(5) PETRIE, Pamela - Operating Depart- vistock Publications Limitde, 1971, pág.<br />

ment Planning in United Kingdon. Inter- 131.<br />

national Nursing Review», vol. 17, n.º 1, (3 1) LUCK, G. M.; LUCKMAN J.; SMITH B.<br />

1970, pág. 57.<br />

(6) PETRIE, Pamela -<br />

.<br />

in obra referida no n. 0 W.; STRINGERS. -<br />

nota (30).<br />

ver obra referida na<br />

5, pág. 54. (32) DENBO R. W.; KUBIC F. T. - citados<br />

(7) BUNKER, John P. - Surgical Manpower por MARGELEIN, James A.; MARTIN<br />

- A Comparison of Operations and Sur- James B. - Surgical Demand Schedugeons<br />

in United States and in England and ling: A Review «Health Services Re-<br />

Wales, «The New England Journal ofMe- search», vol. 13, n. 0 4, Winter, 1978,<br />

dicine», vol. 282, n. 0 3, Janeiro 1970, pag. ' 429 .<br />

pág. 136. (33) STIMSON, D. H.; STIMSON, R. H. -<br />

(8) PETRIE, Pamela - in obra referida no n. 0 citados in obra referida na nota (32), pág.<br />

5, pág. 55. 431.<br />

(9) LLEWELYN-DAVIES, R.; MACAU- (34) MARGELEIN, James A.; MARTIN, Ja-<br />

LAY, H.M.C. - Organization et Admi- mes B. - ver obra referida na nota (32),<br />

nistration des Hôipitaux. Geneve, OMS, pag. ' 420 .<br />

1969, pág. 167. (35) FISHER, W . C. - citado in obra referida<br />

(10) LAUFMAN, Harold - What's Wrong na nota (32), pág. 420.<br />

with our Operating Rooms? «The Ameri- (36) STEWART, J. T. - citado in obra referican<br />

Journal of Surgery», vol. 122, Sept. da na nota (32), pág. 421.<br />

1971, pág. 334. (37) RINDE, A.; BLAKELY, T. - citado in<br />

(1 1) CAETANO, Eduardo - Elementos reco- obra referida na nota (32) pág. 422.<br />

lhidos nas sessões da Cadeir de4 nsta:Ja ~z CJ et al. - citado in obra referições<br />

e Equipamentos Hosp Yl.. N AC O a · ta 32) , pag. ' 423 .<br />

C.A.H. na ENSP, 1984. mARELL, H. - citado in obra referida<br />

(12) DEPARTMENT OF HEALT~:t.Lll.J...1-J''-'=-----nanota'i3 pág. 425.<br />

CIAL SECURlTY - WEL H OFFICE, SERRALH RO, J. Marques - Estudo<br />

(Reino Unido). Hospital BuiUfing Note - para a efic1 ncia do Bloco Operatório do<br />

n. 0 26. Operating Departm nt. Depart- H . D . da s a ld as d a R azn · h a. E . N . S . P .,<br />

ment of Health and Soei Security, Curso de drninistração <strong>Hospitalar</strong>,<br />

Welsh Office, 1967, pág. 3. 1986.<br />

1,.-------~--<br />

B 1 B L 1 o r E e r ...<br />

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