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REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE ADMINISTRADORES HOSPITALARES<br />
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ca ápio<br />
Revista da Associação Portuguesa<br />
de Administradores Hosp italares<br />
para refeit6rios<br />
Membro da Associação Europeia<br />
de Directores <strong>Hospitalar</strong>es<br />
ISSN: 0871 - 0776 Nº 20 · ANO VI ·JULHO! SETEMBRO · 500$00<br />
Somos uma empresa especializada com soluções para qualquer problema de alimentação.<br />
Gerimos todo o tipo de refeitórios, a custos imbatíveis.<br />
Elaboramos estudos e executamos os projectos de implantação mais adequados às possibilidades<br />
e preferências de cada tipo de empresa.<br />
Servimos por ano 17 milhões de refeições com ementas variadas e agradáveis.<br />
Dispomos de uma Central de Abastecimentos que nos assegura o fornecimento constante<br />
de alimentos da melhor qualidade.<br />
Somos a Gertal, a primeira empresa na gestão de refeitórios.<br />
Contacte-nos.<br />
17 milhões de refeições<br />
SUMÁRIO<br />
Editorial<br />
A Lei 8/ 90 de 20.02<br />
Sistema básico de informação hospitalar<br />
nos H.U.C.<br />
O Auditor no hospital<br />
2<br />
3<br />
6<br />
16<br />
"Sida" - O problema dos falsos positivos<br />
20<br />
~ -<br />
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Av. Infante Santo, 21-A - Telef. 608532/29-676734 - Telex 13737 Gertal P Lisboa - 1300 Lisboa<br />
Rua Gonçalo Sampaio, 395 - Telef. 699013-69 91 03 - Telex 23426 Gertal P Porto - 4100 Porto<br />
DIRECTOR<br />
Artur Morais Vaz<br />
Colaboram neste número<br />
Jorge Varanda<br />
Rui Janeiro da Costa<br />
Paulo Salgado<br />
Pedro Lopes Ferreira<br />
A. Dias Alves<br />
José Marques Serralheiro<br />
ADMINISTRAÇÃO,<br />
PUBLICIDADE<br />
E ASSINATURAS<br />
MTF - GABINETE DE PUBLICIDADE, Lda.<br />
RUA MARIA, 49 - 2. 0 Esq.<br />
1100 LISBOA<br />
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Fax 83 28 48<br />
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E SELECÇÕES DE COR<br />
INFORMA, ARTES GRÁFICAS, Lda.<br />
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1100 LISBOA<br />
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IMPRESSÃO E ACABAMENTO<br />
ROLO & FILHOS - Artes Gráficas, Lda.<br />
2640 MAFRA<br />
Telefone 52 483 / 52 196<br />
PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL<br />
TIRAGEM<br />
5000 exemplares<br />
Análise custo-benefício do novo<br />
H . O. Guimarães<br />
<strong>Gestão</strong> de blocos operatórios<br />
NORMAS EDITORIAIS<br />
ESCOLA 24CIONAL DE<br />
...., _____ --........---·<br />
33<br />
P~~<br />
Jõl A Revista aceita trabalhos sobre qualquer assunto relacionado com o tema geral da gestão<br />
de serviços de saúde entendida esta no seu mais amplo.<br />
2ª Os artigos deverão ser enviados ao Director. A este caberá a responsabilidade de aceitar,<br />
rejeitar ou propor modificações.<br />
3ª Os artigos deverão ser enviados em duplicado (incluindo quadros e figuras), dactilografados<br />
a duas entrelinhas em folhas de formato A4. Em cada folha não deverão ser dactilografadas<br />
mais de 35 linhas. As folhas serão numeradas em ordem sequencial.<br />
4@ Os artigos deverão ser acompanhados, sempre que possível, por fotografia do(s) autor(es),<br />
tipo passe.<br />
5ª Os trabalhos deverão conter em folhas separadas o seguinte:<br />
a) Título do trabalho, nome(s) do(s) autor(es) epequenoesboçocurriculardo(s) autor(es), principais<br />
funções ou títulos, até ao máximo de dois;<br />
b) Pequena introdução ao artigo até máximo de uma página dactilografada;<br />
c) O texto;<br />
d) Quadros com títulos e legendas (folhas autónomas);<br />
e) Gráficos desenhados a traço de tinta-da-china sobre papel vegetal sem números ou palavras;<br />
f) Títulos, legendas ou elementos dos gráficos escritos em folhas de fotocópias destes, à parte;<br />
g) Fotografias numer-adas no verso, a lápis, segundo a ordem de entrada no texto e respectivas<br />
legendas;<br />
h) Pequenos resumos do artigo em língua francesa e inglesa, incluindo títulos;<br />
i) Os originais não deverão conter pés-de-página. Todas as referências bibliográficas completas<br />
serão insertas no final do artigo.<br />
6ª Nas referências bibliográficas, os autores são colocados por ordem alfabética (apelido<br />
seguido das iniciais do nome), seguindo-se o título completo do artigo, o título abreviado da<br />
Revista, o número do volume, os n úmeros da primeira e última páginas e o ano da publicação.<br />
DEPÓSITO LEGAL N.º 41825/90<br />
O Editorial e os Artigos não assinados são da responsabilidade da Direcção da Associação.<br />
Os Artigos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores, não comprometendo<br />
a Associação com os pontos de vista neles expressos. Embora merecendo a melhor atenção, a co- 11<br />
laboração não solicitado não será devolvida, reservando-se o direito de a publicar ou não.
HOSPITALAR<br />
EDITORIAL<br />
2 1<br />
Ao retomar, af!_ÓS um hiato superior a dois anos, a<br />
edição da GESTAO HOSPITALAR, a Direcção da<br />
Associação Portuguesa de Administradores <strong>Hospitalar</strong>es<br />
assume, como lhe compete, aliás, um duplo desafio.<br />
Primeiro, que a administração profissional de hospitais e<br />
outros serviços de saúde constitui uma ciência com um<br />
corpo teórico próprio e autónomo, o qual não se<br />
confunde, por específico, com a área mais vasta das<br />
ciências da gestão e administração de empresas. E que<br />
essa especificidade e autonomia se reflectem na produção<br />
de materiais, experiências e projectos que importa<br />
difundir entre os que escolheram a gestão de serviços de<br />
saúde como uma opção de vida profissional.<br />
O segundo desafio é o de acreditar no profissionalismo<br />
da empresa que, a partir deste número, assegurará a<br />
edição e distribuição da revista, bem como confiar na<br />
fidelidade dos leitores que, durante tanto tempo, se viram<br />
privados da única revista portuguesa sobre gestão<br />
hospitalar.<br />
A opção de reiniciarmos a edição da GESTÃO<br />
HOSPITALAR, sem curarmos de recuperar os números<br />
em falta, é uma aposta na definitiva regularização da<br />
periodicidade da revista.<br />
A re§ponsabilidade pela suspensão da publicação da<br />
GESTAO HOSPITALAR não pertenceu à A.P.A.H .. Foi,<br />
antes, fruto de condições exteriores e alheias à nossa<br />
vontade. O desaparecimento da empresa que assegurava a<br />
sua edição e a impossibilidade de recuperarmos alguns<br />
arquivos da revista, impedem-nos de regularizar a<br />
situação dos assinantes. Por isso pedimos aos antigos<br />
assinantes que nos contactem, caso tenham situações a<br />
regularizar.<br />
Este primeiro número desta nova série apresenta<br />
artigos de grande qualidade e interesse. No próximo<br />
número iniciaremos a publicação de um artigo, da<br />
responsabilidade de universitários norte-americanos<br />
ligados à gestão de serviços de saúde, sobre avaliação<br />
prospectiva do sucesso da implementação de projectos de<br />
mudança. Devido à sua extensão, o artigo repartir-se-à<br />
por dois números da revista.<br />
Continuaremos a contar com a colaboração habitual<br />
dos administradores hospitalares e outros profissionais da<br />
saúde envolvidos na gestão e investigação.<br />
Estamos certos, assim, de ganhar o duplo desafio que<br />
agora assumimos, ocupando um espaço que é nosso,<br />
divulgando e reflectindo a saúde do ponto de vista dos<br />
profissionais, alicerçando a mudança, inovando o<br />
discurso, moldando o futuro.<br />
I - A LEI 8/90, DE 20.02<br />
1. Em 20 de Fevereiro de <strong>1990</strong> foi<br />
publicada a Lei nº 8/90 (Bases da Contabilidade<br />
Pública) que determina os<br />
regimes financeiros e critérios de aplicação<br />
aos serviços e organismos da<br />
Administração Central.<br />
2. A lei 8/90 define o regime geral -<br />
autonomia administrativa e um regime<br />
excepcional - autonomia administrativa<br />
financeira.<br />
3. O regime geral- autonomia administrativa<br />
- traduz-se na competência<br />
dos dirigentes dos serviços sob este ·<br />
regime para autorizar a realização das<br />
despesas e o seu pagamento e para<br />
praticar actos administrativos definitivos<br />
e executórias, considerando-se<br />
exclui dos de tal competência' os actos<br />
que envolvam opções fundamentais de<br />
enquadramento da actividade dos serviços,<br />
organismos e, designadamente,<br />
que se traduzam na aprovação de planos<br />
e programas de actividades e respectivos<br />
relatórios de execução ou na<br />
autorização para realização de despesas<br />
cujo montante ou natureza ultrapassem<br />
a normal execução dos planos e<br />
programas aprovados (artº 2º).<br />
4. No seu artº 3º, a Lei nº 8/90 determina<br />
que o pagamento das despesas<br />
será feito pelos cofres do Tesouro, sendo<br />
a libertação dos créditos necessários<br />
feita mensalmente, por conta dos duodécimos<br />
das dotações globais inscritos<br />
no O.G.E.<br />
A autorização para a libertação dos<br />
créditos dependerá, apenas, da verificação<br />
de cabimento nos respectivos<br />
duodécimos e da remessa dos mapas<br />
justificativos exigíveis.<br />
5. Apenas em casos excepcionalmente<br />
justificados poderão, nos termos<br />
do artº 5º, ser consignadas receitas a<br />
serviços sem autonomia financeira. .<br />
6. O regime excepcional - autonomia<br />
administrativa e financeira - apenas<br />
se aplica (artº 6º, nºl) quando, cumulativamente,<br />
se justifique à adequada<br />
gestão dos serviços e estes apresentem<br />
receitas próprias iguais ou superiores<br />
a 2/3 das despesas totais l exclmndo<br />
as despesas co-financiadas pelo orçamento<br />
das C.E.).<br />
7. Apenas se excluem da necessidade<br />
de tais quesitos os serviços que dispõem<br />
de autonomia administrativa e<br />
financeira por imperativo constitucional<br />
(Universidades), (artº 6º, nº3).<br />
8. Excepcionalmente e por razões<br />
ponderosas expressamente reconhecidas<br />
na lei ou decreto lei, poderá ser<br />
atribuida autonomia administrativa e<br />
financeira, para além do disposto no nº<br />
1 do artº 6º ( nº 4 do artº 6º).<br />
9. Os serviços e organismos dotados<br />
de autonomia administrativa e financeira<br />
dispõem de persónalidade jurídica<br />
e património próprio (artº 9º).<br />
1 O. Tais serviços e organismos deverão<br />
dispôr de meios de fiscalização<br />
interna tecnicamente independentes dos<br />
respecti vos orgãos de direcção ( artº 12º).<br />
11 . O sistema de contabilidade dos<br />
serviços e organismos dotados de autonomia<br />
administrativa e financeira será<br />
digrafico e moldado no Plano Oficial<br />
de Contabilidade (POC) ou noutro plano<br />
de contas oficial adequado (artº 14º).<br />
12. O regime de autonomia administrativa<br />
e financeira dos serviços e organismos<br />
da Administração Central existentes<br />
à data da entrada em vigor da lei<br />
8/90 e que não tenham obtido receitas<br />
próprias no mínimo de 50% das despesas<br />
totais nos anos económicos de 1988<br />
e 1989 cessará com efeitos a partir de 1<br />
de Janeiro de 1991 .<br />
II - OS HOSPITAIS<br />
1. " Os hospitais são unidades muito<br />
complexas onde se produzem bens e<br />
serviços, (pelo que) a sua gestão tem<br />
necessáriamente assentar em suportes<br />
compatíveis e que de fonr..a alguma<br />
podem coincidir ou identificar-se com<br />
a situação relativamente bloqueante,<br />
como continua ainda a ser actual, de um<br />
serviço público que, se não em teoria,<br />
pelo menos na prática, alinha a par dos<br />
que vivem integrados na gestão directa 1 3<br />
do Estado.
4 1<br />
E é aquela dinâmica, correntemente<br />
suportada por tida uma estrutura interna<br />
que não esquece principios de natureza<br />
empresarial e claramente assente<br />
na iniludível integração da actividade<br />
hospitalar na economia do país, que<br />
impõem de forma rectilinea a assimilação,<br />
por parte do hospital, de uma boa<br />
parte das regras de gestão desconhecidas,<br />
por delas não carecerem, dos serviços<br />
públicos clássicos " (Preâmbulo do<br />
Dec. Lei nº 19/88, de 21/1).<br />
2. Os hospitais são pessoas colectivas<br />
de direito público, dotadas de autonomia<br />
administrativa e financeira, sem<br />
prejuízo das competências de superintência<br />
e tutela do Ministro da Saúde<br />
(art~ 2º e 3º do Dec. lei 19/88).<br />
3. Nos hospitais existem orgãos de<br />
administração, de direcção técnica, de<br />
apoio técnico e de participação e consulta.<br />
Nos hospitais de mais dimensão<br />
haverá ainda um orgão de fiscalização<br />
(artº 4º do Dec. Lei.19/88).<br />
4. A fiscalização é exercida por um<br />
auditor nomeado pelos Ministros das<br />
Finanças e da Saúde, sendo apoiado e<br />
supervisionado pela Inspecção-Geral de<br />
Finanças e pelo Departamento de <strong>Gestão</strong><br />
Financeira dos Serviços de Saúde<br />
(artº 28º do Dec. Reg. 3/88, de 22/1).<br />
5. Aos orgãos de administração (Conselho<br />
de Administração, Presidente do<br />
Conselho de Administração e Administrador<br />
Delegado) compete planear,<br />
dirigir, coordenar e controlar o funcionamento<br />
do hospital, "bem como promover<br />
a criação da estrutura orgânica<br />
adequada e a sua constante actualização<br />
e, designadamente, aprovar os planos<br />
de acção anuais e plurianuais, aprovar<br />
os orçamentos e relatórios, inspecçionar<br />
a execução do orçamento e autorizar<br />
despesas com aquisições de bens e<br />
serviços ( artº 2º, 4º e 11 º do Dec. Reg.<br />
3/88 de 22/1).<br />
6. Os hospitais devem organizar-se<br />
em termos de gestão empresarial, funcionando<br />
com base em planos anuais e<br />
plurianuais (artº 7º do Dec. Lei 19/88 e<br />
Base XXXVI da lei nº 48/90, de 24/8).<br />
7. Para prossecução dos princípios<br />
da gestão empresarial, os hospitais devem<br />
organizar-se e desemvolver a sua acção<br />
por centros de responsabilidade e de<br />
custos, enquanto níveis intermédios de<br />
administração com a necessária autonomia,<br />
a fim de se consseguir a adequada<br />
desconcentração de poderes e correspondente<br />
repartição . de responsabilidades<br />
(artº 9º do Dec. Lei 19/88).<br />
8. Nos centros de responsabilidade<br />
deve ter lugar, para além de outras<br />
funções, a preparação do plano de acção<br />
e proposta de orçamento para cada centro<br />
de custos (artº 32º do Dec. Reg. 3/88).<br />
9. As receitas e despesas dos hospitais<br />
serão classificadas segundo o plano<br />
oficial de contabilidade dos serviços de<br />
saúde (POCSS) (artº 12º do Dec. Lei.19/<br />
88).<br />
10. Os hospitais deverão possuir inventário,<br />
designadamente de todo o imobilizado<br />
que neles exista, o qual sera<br />
obrigatoriamente reintegrado no termos<br />
a fixar pelo plano de contas (artº<br />
13º do Dec. Lei 19/88).<br />
11. A natureza dos bens e serviços<br />
produzidos pelos hospitais situa-se num<br />
campo de imponderabilidade determinante<br />
e sensibilidade social acrescida.<br />
Daí decorrem as dificuldades de matriciar<br />
o funcionamento dos hospitais - e<br />
também as despesas a efectuar e o<br />
momento em que têm lugar.<br />
12. A prestação de cuidados de saúde<br />
pelos estabelecimentos pertencentes<br />
ao Serviço Nacional de Saúde é, nos<br />
termos da Constituição da República<br />
Portuguesa (artº 64º) tendencialmente<br />
gratuita.<br />
13. As receitas próprias dos hospitais,<br />
por força do imperativo constitucional<br />
(e do sistema de financiamento<br />
pelo O.G.E. adaptado em consequência),<br />
atingem, em média, cerca de 10%<br />
do total das despesas anualmente efectuadas.<br />
III - OS HOSPITAIS E A LEI Nº 8/90<br />
1. Nos termos do nº 1 do artº 6º da lei<br />
8/90, de 20.02 os hospitais não deverão<br />
manter-se no regime de autonomia<br />
administrativa e financeira por não<br />
verificação do quesito relativo à dimensão<br />
das receitas próprias respectivas<br />
(pelo menos 2/3 do total das despesas).<br />
E tal regime deverá cessar com<br />
efeitos a 1 de Janeiro de 1991, mediante<br />
portaria do Ministério das Finanças (artº<br />
16º da lei 8/90).<br />
2. Parece, no entanto, indiscutível<br />
que os hospitais preenchem o segundo<br />
quesito definido na lei " ... quando este<br />
regime se justifique para a sua adequada<br />
gestão ... "<br />
3. A aplicação automática da lei 8/<br />
90 aos hospitais porá, pois, em causa os<br />
principias legalmente definidos para a<br />
sua gestão que se pretende dinâmica,<br />
flexível e actuante.<br />
4. De igual modo, o funcionamento<br />
dos hospitais não pode encontrar-se<br />
sujeito a normas rígidas de cabimentação<br />
e realização de despesas, sob pena<br />
de correrem risco as actividades principais,<br />
isto é, a prestação de cuidados de<br />
saúde. Nem pode tal prestação estar<br />
dependente da obtenção de autorizações<br />
extraordinárias através de processos<br />
burocráticos necessariamente longos,<br />
por estar em causa a saúde e/ou a<br />
vida de pessoas carecidas de cuidados<br />
de saúde.<br />
5. Reduzidas que ficarão igualmente,<br />
a área de actividade e as competências<br />
dos orgãos de administração, com<br />
a aplicação da lei 8/90 perdem justificação<br />
os esquemas orgânicos estabelecidos<br />
no Dec. Lei 19/88 e Dec. Reg. 3/88.<br />
6. Igualmente poderão qualquer justificação,<br />
porque reduzidos nos seus<br />
objectivos e operacionalidade, os Centros<br />
de Responsabilidade e Centros de<br />
Custos criados pela legislação hospitalar<br />
e que constituem, enquanto níveis<br />
intermédios de gestão, as bases de organização<br />
dos hospitais.<br />
7. Com a passagem ao regime de<br />
autonomia administrativa resultarão<br />
reduzidos os incentivos aos hospitais<br />
para aumentarem as suas receitas próprias,<br />
recorrendo quer a medidas organizativas<br />
quer à prestação de mais ou<br />
diferentes cuidados de saúde.<br />
8. A somar às razões já expandidas,<br />
a especificidade da actividade dos serviços<br />
de saúde em geral, e dos hospitais<br />
em particular, determinou, há anos, a<br />
criação do POCSS - Plano Oficial de<br />
Contas dos Serviços de Saúde-, por se<br />
considerar desadequado o Plano Oficial<br />
de Contabilidade. De facto, quer a<br />
diversidade e especificidade dos materiais<br />
de consumo utilizado (mais ou<br />
menos 10.000 nos hospitais), quer a<br />
individualidade das actividades dos<br />
serviços de saúde justificam a existência<br />
de um plano de contas próprio que<br />
traduza tal complexidade. Utilizar o<br />
POC representa utilizar um instrumento<br />
desadequado e produzir informação<br />
anódica, não fiável, desadequada e não<br />
utilizável. ·<br />
9. Aliás, em todo o mundo ocidental<br />
é reconhecida a especificidade da actividade<br />
dos hospitais, como em Portugal<br />
até ao momento, pelo que parece<br />
injustificável reduzir os hospitais a meros<br />
serviços públicos de natureza e gestão<br />
burocrática.<br />
10. O Próprio facto dos hospitais<br />
apresentarem baixos níveis de receitas<br />
próprias (mais ou menos 10%) é consequência<br />
da gratuitidade tendencial dos<br />
cuidados determinada constitucionalmente<br />
e do sistema de financiamento<br />
aos hospitais adoptados.<br />
Caso se aplicassem as regras existentes<br />
para pagamento aos hospitais<br />
pelos sub-sistemas de saúde a todos os<br />
doentes do regime geral de previdência<br />
(mais ou menos 90% do total de doentes<br />
assistidos), certamente que as receitas<br />
próprias dos hospitais seriam superiores<br />
aos 66% definidos na lei 8/90. Na<br />
verdade o que se verifica, é que cerca<br />
de 90% dos doentes é abrangido pelo<br />
regime geral o qual não se responsabiliza<br />
pelos cuidados de saúde prestados<br />
pelos hospitais aos seus beneficiários.<br />
Os subsídios de exploração aos hospitais<br />
suportados pelo O.G.E. funcionam<br />
assim, de facto, como pagamento dos<br />
cuidados prestados aos beneficiários<br />
do regime geral de previdência.<br />
11. Finalmente, os hospitais, pelos<br />
motivos expendidos no ponto 8 deste<br />
capítulo, estão sujeitos à dinâmica do<br />
mercado de bens e serviços nacional e<br />
internacional, necessitando de capacidade<br />
de manobra para gerir o seu relacionamento<br />
com o mercado em geral e<br />
com os fornecedores em particular, sob<br />
risco de paralização de actividades estratégicas<br />
envolvendo a saúde e a vida<br />
dos doentes. O mesmo dano resultaria<br />
do desaparecimento das tesourarias, com<br />
perda da capacidade de intervenção<br />
imediata na solução de problemas urgentes.<br />
IV - CONCLUSÕES<br />
1. Verificada a desadequação da lei<br />
8/90 aos serviços de saúde em geral e<br />
aos hospitais em particular;<br />
2. Verificadas as graves consequências<br />
de aplicação da lei 8/90 para o<br />
normal funcionamento dos hospitais e<br />
os prejuízos daí decorrentes para a saúde<br />
e vida dos doentes que neles recebem<br />
cuidados de saúde;<br />
3. Tendo presente que os hospitais<br />
reunem, de facto, todas as condições<br />
para se manterem no regime excepcional<br />
de autonomia financeira e administrativa,<br />
com exclusão do valor mínimo<br />
legal para as receitas próprias;<br />
4. Considerando ainda que a inexistência<br />
de receitas próprias decorre de<br />
imperativo constitucional e de normas<br />
de financiamento que não adaptam a<br />
filosofia do terceiro pagador aplicável<br />
no caso dos sub-sistemas de saúde, pelo<br />
que, de facto, o financiamento dos<br />
hospitais é atribuído de acordo com as<br />
respectivas actividades e níveis de<br />
produção:<br />
5. Toma-se pois, indispensável a<br />
manutenção do regime de autonomia<br />
administrativa e financeira dos hospitais,<br />
a determinar por Decreto Lei ou Lei,<br />
nos termos do artº 6º, nº 4, da Lei 8/90<br />
de 20.02. •<br />
O PRESIDENTE DA A.P.A.H.,<br />
(Dr. JORGE VARANDA)<br />
'
HósPiTALÃR _<br />
~ A<br />
6 '<br />
Rui Janeiro da Costa<br />
(Administrador <strong>Hospitalar</strong>)<br />
Hospitais dn Universidade de Coimbra<br />
I - O estudo dos sistemas de informação<br />
hospitalar tem merecido no<br />
nosso país uma escassa atenção e uma<br />
quase nula aplicação prática.<br />
No entanto, os sistemas de informação<br />
hospitalar (SIH) têm vindo a evoluir<br />
há algumas dezenas de anos, sendo<br />
hoje possível formalizar a sua tipologia.<br />
Mais do que a sua tipologia· a<br />
análise do desenvolvimento dos SIH<br />
tem feito realçar dois aspectos básicos<br />
de maior interesse.<br />
Por um lado a verificação de estádios<br />
sucessivos na sua evolução. Estes<br />
estádios foram claramente condicionados<br />
pela tecnologia informática,<br />
abrangendo aspectos de máquina e suporte<br />
lógico. Pode concluir-se não poder<br />
pensar-se em SIH desligado do<br />
respectivo sistema informático. O<br />
avanço tecnológico permite hoje configurar<br />
o tipo, extensão e etapas do SIH<br />
e e-scolher em conformidade a solução<br />
informáticaa mais adaptada e rentável<br />
em cada momento, sem grandes restrições<br />
que não sejam as de natureza financeira.<br />
Como é evidente a inversa<br />
não é verdadeira, sendo de rejeitar a<br />
adopção de modelos informáticos e limitação<br />
do SIH à sua medida.<br />
O segundo aspecto diz respeito aos<br />
condicionalismos ambientais, já que<br />
qualquer sistema de informação não<br />
tem existência por si próprio, servindo<br />
determinados objectivos.<br />
Embora no nosso país se verifique<br />
algum atraso na utilização de tecnologia<br />
importada, o incipiente desenvolvimento<br />
dos SIH tem sido determinado<br />
em maior grau pelas razões ambientais,<br />
dentro das quais sobressaem a insuficiência<br />
financeira dos projectos e a<br />
insuficiência da gestão institucional e<br />
central, quer no desenho inicial quer<br />
na continuidade e desenvolvimento<br />
dos projectos. Em termos práticos<br />
constatam-se acções pontuais de lançamento<br />
imediato de produtos ou aplicações<br />
mais ou menos sectorizados, relativamente<br />
portáveis de hospital para<br />
hospital e exclusivamente na área de<br />
gestão operacional do hospital.<br />
Genericamente como se tem efectuado<br />
o desenvolvimento dos sistemas<br />
de informação nos hospitais?<br />
Para respondermos de forma mais<br />
completa a esta interrogação é necessário<br />
focar a contradição permanente<br />
dos fins do hospital na utilização óptima<br />
dos seus recursos. O hospital tem<br />
que ser rentabilizado como empresa<br />
industrial ou de serviços. Mas, por outro<br />
lado, o doente espera a prestação<br />
máxima de cuidados e o máximo uso<br />
de todos os possíveis recursos .e alta<br />
tecnologia com vista ao restabélecimento<br />
da sua saúde ou minimização da<br />
doença. O principal objectivo do SIH<br />
tem sido mais a optimização dos aspectos<br />
operacionais e muito está por<br />
fazer na área da melhoria dos cuidados<br />
directos aos doentes.<br />
Se atentarmos agora nos componentes<br />
do SIH (fig. 1), compreende-se facilmente<br />
que na década de 70 os esforços<br />
se tenham centrado mais nos subsistemas<br />
de informação de gestão hospitalar,<br />
com limitadas tentativas de extensão<br />
a outras áreas.<br />
Esta orientação ficou a dever-se à<br />
relativa facilidade de transposição para<br />
o hospital de sistemas já experimentados<br />
noutros campos empresariais,<br />
tratando-se, por isso, de aplicações<br />
pouco ou nada integradas, com exigências<br />
reduzidas em termos de equipamento<br />
informático ou até concebidas<br />
para utilização em serviço bureau.<br />
O desenvolvimento de aplicações de<br />
gestão ou administrativas é hoje ainda<br />
no nosso país a principal ou, até, a única<br />
preocupação de entidades externas<br />
ao hospital, como meio de controlar<br />
ou limitar os respectivos orçamentos.<br />
Nesta perspectiva se enquadra a gestão<br />
por case-mix, ponderação de actos e<br />
unidades de medida. No condicionalismo<br />
português, a sua utilização dificilmente<br />
·será justificável sem o acompanhamento<br />
de acções concertadas visando<br />
a melhoria de cuidados e o tratamento<br />
mais equitativo dos utentes no<br />
acesso aos próprios serviços .<br />
Um sistema de informação hospitalar<br />
orientado para o doente (Patient<br />
oriented) tem como objectivo fundamental<br />
a recolha de informação admi-<br />
nistrativa e clínica relativa aos doentes,<br />
da forma mais directa e menos penosa,<br />
o seu processamento e distribuição<br />
em todos os locais onde seja necessária<br />
para fins de consulta e actualização,<br />
assegurando-se a qualidade,<br />
prontidão e eliminação de red~ndâncias<br />
de dados. Em resumo um sistema<br />
de informação coerente e integrado visando<br />
antes de mais a melhoria de qualidade<br />
dos cuidados prestados. Sendo<br />
o doente o principal «produto» do hospital,<br />
ele deverá ser o ce~tro ?~ r~c~ <br />
lha de ip.formação e o destmatáno ':1lt1-<br />
mo da sua utilização. Um sistema deste<br />
tipo assegurará igualmente a informação<br />
necessária para melhor gerir os<br />
recursos materiais (consumos, equipamentos<br />
e instalações), financeiros e de<br />
pessoal, tanto do ponto de vista interno<br />
da instituição, como do controlo externo<br />
(fig. 2). A integração visa disponibilizar<br />
a informação aos vários níveis e<br />
tipos de gestão, rejeitando-se a dicotomia<br />
gestão clínica/gestão administrativa<br />
que os hospitais portugueses ainda<br />
não superaram. Em complemento, o<br />
sistema de informação de doentes visa<br />
SISTEMA DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR<br />
ainda proporcionar a informação para<br />
a realização de estudos clínicos e para<br />
ensmo.<br />
Estabelecendo um certo paralelismo,<br />
pode afirmar-se que o sistema de<br />
informação de doentes representa para<br />
o hospital a transposição dos sistemas<br />
de informação de produção, cada vez<br />
mais frequentes e indispensáveis nas<br />
empresas industriais ou de serviços.<br />
Quais, porém, as razões da reduzida<br />
difusão deste tipo de sistema de informação<br />
nos hospitais e a sua quase inexistência<br />
em Portugal?<br />
SUB-SISTEMA • Pessoal/vencimentos PREVALÊNCIA<br />
DE • Contabilidade DOS<br />
INFORMAÇÃO • <strong>Gestão</strong> de materiais ASPECTOS<br />
DE - Stocks DE<br />
GESTÃO - Inventário GESTÃO<br />
• Estatísticas de movimento de doentes<br />
SUB-SISTEMA • Ficheiro de doentes PREVALÊNCIA<br />
DE • Listas de espera DOS<br />
INFORMAÇÃO • Admissões/Transfer. /Altas ASPECTOS<br />
DE • Marcação de consultas DE<br />
DOENTES • Arquivo clínico INTEGRAÇAO<br />
• Informações<br />
• Estatística de doentes<br />
• Estatística de actos médicos e resumo de processos clínicos<br />
• Laboratórios<br />
• Radiologia<br />
• Bloco operatório<br />
• Hemoterapia/ dadores<br />
• Farmácia ·<br />
• Dietética<br />
SUB-SISTEMAS • Processamento de imagem<br />
DE<br />
• Sistemas dedicados:<br />
INFO~M AÇÃO - Monitorização<br />
CLINICA<br />
- Tratamento de sinais<br />
- Outros<br />
• Aplicações em linhas de investigação<br />
• Sistemas periciais<br />
.<br />
PREVALÊNCIA<br />
DOS ASPECTOS<br />
CIENTÍFICOS<br />
DE INVESTIGAÇÃO<br />
E ENSINO<br />
ORIENTAÇÃO DE<br />
«TAREFA»<br />
1 7
1<br />
l.._ ___<br />
GESTÃO<br />
PESSOAL<br />
F-IN_A __ N_c_E-IRA<br />
APROVISIONAM.<br />
1<br />
____ __.1 ...........<br />
PRESTAÇÃO DE<br />
CUIDADOS<br />
INFORMAÇÃO<br />
CLÍNICA<br />
1<br />
1<br />
ENSINO,<br />
INVESTIGAÇÃO,<br />
APOIO EXTER. .<br />
ENSINO 1<br />
INVESTIGAÇÃO<br />
EPIDEMIOLOG. 1<br />
No entanto, desde o início da sua<br />
concepção o sistema foi previsto para<br />
abranger sucessivamente outras áreas,<br />
nomeadamente, por ordem de prioridade,<br />
os serviços de apoio clínico de<br />
grande volume de doentes como os laboratórios,<br />
imagiologia, bloco operatório,<br />
através da criação de sistemas<br />
satélites interligados. Daí que se tenha<br />
adaptado à partida tecnologia de base<br />
de dados, sistema de comunicações<br />
internas (N etwork), que o sistema seja<br />
«talhado» à medida e conforme as necessidades<br />
do hospital é seja de evolução<br />
gradual, permitindo digerir alterações<br />
organizacionais, avaliar e corrigir<br />
deficiências e desenhar novas etapas<br />
depois de adquiridas as anteriores.<br />
A estrutura lógica, representada na<br />
figura 3, assenta na existência de uma<br />
base de dados para os doentes de internamento<br />
e consulta externa, e um ficheiro<br />
indexado (KSDS) para a urgência,<br />
periodicamente retirado do disco.<br />
São criados subsidiariamente ficheiros<br />
com características diferentes. Assim,<br />
o ficheiro das consultas externas/<br />
arquivo e o ficheiro estatístico da<br />
base de dados são criados por programação<br />
através de comandos de operação.<br />
O ficheiro estatístico da urgência<br />
é criado ou actualizado automaticamente<br />
através dos respectivos registos<br />
de urgência. Contrariamente à base de<br />
dados, todos os ficheiros têm função<br />
temporária, sendo eliminados ou passados<br />
para banda magnética periodicamente.<br />
B) - REGISTO BÁSICO<br />
E IDENTIFICADOR<br />
Para cada admissão em internamento<br />
ou consulta externa é criado na base<br />
de dados um registo básico e único por<br />
doente relativo à sua identificação,<br />
com a seguinte composição, baseada<br />
no resumo de dados mínimos (MBDS)<br />
da C.E.E.:<br />
n. 0 de utente<br />
nome<br />
data de nascimento<br />
estado civil<br />
nacionalidade<br />
filiação<br />
B.I. e arquivo<br />
FIG. 3<br />
naturalidade<br />
profissão<br />
residência<br />
seguro social e número<br />
O número de utente, que é igualmente<br />
o do seu processo, é o identificador<br />
principal da base de dados.<br />
Constituído por 9 dígitos tem a seguinte<br />
composição lógica:<br />
1. 0 /2. 0 - 2 últimos dígitos do ano<br />
de nascimento<br />
3. 0 / 4. 0 - mês de nascimento<br />
5. 0 /6.º /7.º /8. º /9.º - n. 0 de registo<br />
sequencial dentro da tabela criada<br />
pelo computador por cada mês de cada<br />
ano, ou seja, 1200 tabelas correspondentes<br />
a 12 meses vezes 100 anos<br />
(os doentes centenários são registados<br />
na mesma tabela dos nascidos no mesmo<br />
ano do século seguinte).<br />
O identificador principal do doente é<br />
a chave de acesso normal depois de<br />
criado o registo básico. Antes da criação<br />
de qualquer novo registo o sistema<br />
.impõe uma busca alternativa através<br />
do primeiro nome, último apelido, da-<br />
1<br />
PLANEAMENTO<br />
1<br />
APOIO À<br />
PERIFERIA<br />
FICHEIRO<br />
ESTATÍSTICO<br />
(INTERNAMENTOS)<br />
COORDENAÇÃO<br />
INTERNA<br />
COORDENAÇÃO<br />
EXTERNA<br />
BASE DE DADOS<br />
8 1<br />
Fundamentalmente pelas seguintes<br />
exigências simultâneas:<br />
necessidade de utilização de base<br />
de dados;<br />
exigência de sistema de comunicações<br />
locais;<br />
reduzida portabilidade do software,<br />
o que obriga ao desenho e<br />
construção à medida de cada<br />
hospital, com exigência de projectos<br />
bem estruturados e de<br />
execução plurianual.<br />
Como já se referiu, os projectos que<br />
envolvam continuidade de meios tec-<br />
FIG. 2<br />
nológicos, pessoais, organizacionais e<br />
orçamentos adequados, não têm tido<br />
no nosso país as condições ambientais<br />
adequadas ao seu desenvolvimento.<br />
II<br />
A) - DESCRIÇÃO GERAL<br />
O sistema de informação, em actividade<br />
nos Hospitais da Universidade de<br />
Coimbra desde a inauguração das novas<br />
instalações, encontra-se configurado<br />
como um sistema de informação de<br />
doentes, abrangendo actualmente as<br />
seguintes áreas: registo, admissões,<br />
transferências e altas de internamento,<br />
admissões e altas de consulta externa,<br />
registo de urgências, estatísticas de actividade<br />
e morbilidade das três áreas,<br />
gestão do arquivo clínico central (processo<br />
único por doente), com controlo<br />
de entrada, saída, localização e estado<br />
dos processos (suporte original ou microfilme)<br />
. Caracteriza-se, por isso, no<br />
momento presente, como um sistema<br />
básico de informação de doentes e daí<br />
a sua corrente denominação de Registo<br />
e Identificação de Doentes (RID).<br />
FICHEIROS<br />
DIVERSOS<br />
(LISTAGENS)<br />
- REGISTO BÁSICO -<br />
- SEGMENTOS -<br />
B.D. INTERNAMENTO<br />
FICHEIRO DAS<br />
CONSULTAS EXTER<br />
NAS/ARQUIVO<br />
FICHEIRO DA<br />
URGÊNCIA<br />
FICHEIRO ESTATÍSTICO<br />
1 9
10 1<br />
ta de nascimento (completa ou por parâmetros)<br />
e sexo, com o fim de obstar<br />
à constituição de registos duplicados.<br />
Esta busca por identificação reduzida é<br />
igualmente feita no caso do doente não<br />
saber o seu número ou ter perdido o<br />
cartão de identificação dos V. H. C. -<br />
cartão plástico standard A, do tipo dos<br />
cartões de crédito. Sempre que existam<br />
sinónimos numa busca por identificação<br />
reduzida é apresentada no<br />
«écran» a identificação dos indivíduos<br />
com o mesmo nome e outros parâmetros<br />
definidos, para que o funcionário<br />
da admissão possa comparar os restantes<br />
elementos de identificação, p. ex.<br />
filiação, naturalidade, e assim seleccionar<br />
o correcto ou criar novo registo.<br />
Constituído o registo básico podem<br />
criar-se quantos segmentos de internamento<br />
ou consulta sejam sucessivamente<br />
necessários para cada doente. O<br />
sistema está concebido para trabalhar<br />
tanto em pré-admissões como em admissões<br />
de internamento urgentes e<br />
inscrições imediatas em consulta externa.<br />
Como as inscrições de primeiras<br />
consultas feitas no próprio dia provocam<br />
substanciais engarrafamentos<br />
no Serviço de Admissão e atrasos nos<br />
serviços clínicos, os H. U.C. têm promovido<br />
acordos com as A.R.S. para<br />
envio da documentação completa dos<br />
doentes, permitindo já tal prática a generalização<br />
do mecanismo de préadmissão.<br />
Verifica-se nos últimos meses<br />
uma média de cerca de 50 inscrições<br />
extemporâneas, número aceitável<br />
face a um total médio diário de 250<br />
inscrições. Tanto no caso de internamento<br />
como no de inscrição e consulta<br />
é editada, em impressora remota, uma<br />
folha de identificação do doente que<br />
constitui a primeira folha do processo<br />
clínico.<br />
C) - INTERNAMENTO<br />
A pré-inscrição em internamento gera<br />
a criação de lista de espera do respecti<br />
vo serviço com indicação do nível<br />
de prioridade, sendo possível consultar,<br />
alterar e listar os doentes constantes<br />
em espera em cada serviço.<br />
A admissão definitiva de um doente<br />
já pré-admitido é feita pela simples<br />
confirmação da data de entrada.<br />
No caso de admissão urgente a criação<br />
do registo faz-se por transferência<br />
dos dados existentes no registo de urgência,<br />
indicação da data de entrada,<br />
serviço e edição da folha de identificação<br />
(Anexo A), atribuindo o sistema o<br />
respectivo número único de utente. Se<br />
HO ~PlTAIS DA UNIVERSIDADE DE CClM BR1\<br />
•UTENTE N. 800100001<br />
EM 14/06/1988<br />
ADMITIDO EM 14/06/ 88<br />
INT.URGENTES<br />
NO SERV I CO MEDICINA I<br />
* *<br />
J(-<br />
• NOME JOSE CARLOS S ILVA CQSTA<br />
* MOR ADA R.FERREIRA BORGES - 1 . DRT.<br />
• CO MIMBRA<br />
* 3000 COIMBRA<br />
* NA TURAL DO CO NCELHO DE AGUEDA<br />
E DA FREGUESIA DE AGUEDA<br />
* FILHO DE MANUEL PIMENTA COSTA<br />
* E DE FERNANDA MARIA CO S TA<br />
• SEXO MA SC ULINO ESTADO CIVIL CASADO<br />
* CO M B. I. 10000069 DO MH~. rn. DE 1.. I SBOl'1<br />
• PROFISSAO 0009 CADETE<br />
*<br />
J(<br />
.lDADE ! t3 lo.'<br />
*<br />
* *<br />
* SEGURO DOENCA 2121 ASS. DOENCA SERVIDORES ESTADO *<br />
* RESPONSAVEL 21 2 1 ASS.DOENCA SERVIDORES ESTADO *<br />
l
12 1<br />
Realizadas as consultas, as quais são<br />
efectuadas nos H. U. C. nas instalações<br />
próprias de cada serviço clínico, os<br />
processos são devolvidos ao arquivo<br />
acompanhados da respectiva lista<br />
preenchida, sendo as informações introduzidas<br />
por transacção sequencial<br />
que actua interactivamente nos segmentos<br />
de consulta e arquivo do doente<br />
na base de dados.<br />
G) - FICHEmO DA URGÊNCIA<br />
O ficheiro da urgência trabalha em<br />
conexão directa com a base de dados,<br />
seguindo resumidamente o seguinte<br />
modo de operar:<br />
o registo criado no ficheiro da<br />
urgência pode ser transferido<br />
para a base de dados com atribuição<br />
de número de utente, se o<br />
doente for internado;<br />
se o doente que se pretende inscrever<br />
no ficheiro da urgência já<br />
tem registo na base de dados, os<br />
dados pertinentes são transferidos<br />
de igual modo para o ficheiro<br />
da urgência.<br />
Na segunda alternativa se não se encontra<br />
registo na base de dados, faz-se<br />
busca ao ficheiro existente na urgência<br />
e, se aí estiver já anteriormente registado<br />
o doente, procede-se à transferência<br />
de dados pré-existentes,<br />
completam-se e actualizam-se os campos<br />
necessários.<br />
O registo da urgência tem a seguinte<br />
configuração:<br />
todos os dados mencionados para<br />
o registo básico do doente na base<br />
de dados<br />
n. 0 sequencial da urgência<br />
data/hora<br />
telefone do doente/familiar<br />
responsável pelo pagamento,<br />
com residência se necessário<br />
acompanhante e residência<br />
local do acidente<br />
causa da urgência (tabela dos<br />
H.U.C.)<br />
causa da urgência - segundo os<br />
códigos «E» da ICD-9 (só utilizada<br />
em casos especiais)<br />
código nosológico<br />
destino com indicação do serviço<br />
Refira-se que não é atribuído número<br />
único de utente na inscrição da urgência.<br />
Porém, no caso de haver criação<br />
do registo de urgência através de<br />
transferência da base de dados, o número<br />
único é igualmente transferido<br />
para figurar no registo e impresso de<br />
inscrição para eventual pedido ao arquivo<br />
do respectivo processo.<br />
N. URGENCIA<br />
N. UTENTE<br />
NOME .<br />
DATA NASCIMENTO<br />
PROFISSAO<br />
NATURALIDADE<br />
RESIDENCIA<br />
F ILIAC.<br />
NOME CONJUGE<br />
B. IDENTIDADE<br />
SEGURO<br />
COD.RESP 21 2 1<br />
RESIDENCIA<br />
ACOMPANHANTE<br />
RESIDENCIA<br />
LOCAL ACIDENTE<br />
* HOSPITAIS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA *<br />
*** URG ENCIAS ***<br />
035095 / 88<br />
200500011 DATA 16 06 88<br />
MARI A FERNANDA SANTOS DUARTE<br />
12 0 5 1920 I DADE<br />
REFORMADO<br />
EIRAS- CO I MBRA<br />
RUA DA SOFIA 3.DRT - CO I MBRA<br />
JOAO CARLOS DUARTE<br />
BELMIRA ALVES SANTOS<br />
MARIO LOPES ALMEIDA F I GUE I REDO<br />
068<br />
130031667 ARQUIVO L<br />
N. CARTAO 0120043001SS<br />
NOME RESP ASS.DOENCA SERV I DO RES ESTADO<br />
HORA· 12 18<br />
S EXO F ESTAD O C<br />
COD. 9998<br />
COD. RES ID. 060500<br />
CD. POST . 3000<br />
COO. POST 0000<br />
GIL RAMA<br />
RUA DA ALEGRIA - COIMBRA CD. POST. 3 0 00<br />
OBSERVACOES T :<br />
FACA ENTER PARA CONTINUAR , PF1 P ARA<br />
*** FALTA O OK PARA CONFIRMAR OS DAD OS ***<br />
Está igualmente previsto na urgência<br />
a criação de registo para doentes<br />
não identificáveis.<br />
As transacções actuais do ficheiro<br />
da urgência permitem efecru,:ar além da<br />
inscrição, actualização e. consulta (por<br />
número, nome ou data) dos registos. O<br />
identificador principal é o número sequencial<br />
anual, permitindo o sistema<br />
avançar os números necessários, para<br />
salvaguardar a ordem dos registos por<br />
hora de chegada à urgência, se houver<br />
falha de equipamento ou energia. Por<br />
cada registo criado são editadas, em<br />
impressora do Serviço de Admissão da<br />
Urgência, duas folhas pré-impressas<br />
para registo clínico manual.<br />
Conforme o destino do doente, é registada<br />
a sua saída ou internamento do<br />
modo já referido.<br />
Para fins estatísticos é criado automaticamente<br />
um ficheiro dos dados de<br />
urgência. Os programas respectivos<br />
permitem a execução de mapas de tabulação<br />
periódica.<br />
II) -<br />
FICHEmO ESTATÍSTICO<br />
O ficheiro estatístico da base de dados<br />
compreende todos os dados necessários<br />
para correr os programas de estatística<br />
de internamento disponíveis<br />
através do Centro Regional de Informática<br />
do Centro (CRIC), elaborando<br />
um conjunto de algumas dezenas de<br />
mapas.<br />
A criação do ficheiro estatístico é<br />
feita periodicamente por comandos de<br />
operação utilizando um programa especial<br />
que compatibiliza o desenho dos<br />
dados com o previsto nos ficheiros já<br />
existentes no CRIC.<br />
O programa referido inclui um conjunto<br />
de tabelas e regras de equivalências,<br />
permitindo que os dados recolhidos<br />
para o registo básico e segmentos<br />
de internamentos, sejam objecto de<br />
processamento batch sem qualquer repetição<br />
de gravação, evitando-se desta<br />
VOLTA R AO ECRAN ANTERIOR<br />
OK= ><br />
forma redundâncias de informação e<br />
circuitos paralelos de recolha.<br />
As listagens estatísticas efectuadas<br />
relativamente às consultas externas<br />
são na generalidade dos casos elaboradas<br />
sobre ficheiros próprios. A informação<br />
de saída não está ainda devidamente<br />
estabilizada.<br />
A próxima aquisição de software de<br />
transferência de ficheiros permitirá a<br />
apresentação de parte da informação<br />
estatística em modo gráfico, pela utilização<br />
de microcomputador.<br />
1) - FICHEmos ESPECIAIS<br />
- LISTAGENS<br />
O sistema prevê a tiragem de grande<br />
número de listagens, elaboradas directamente<br />
da base de dados ou através de<br />
ficheiros especiais constituídos para<br />
adicionar dados necessários não introduzidos<br />
em transacção ou para permitir<br />
processamento particular. Por<br />
exemplo, os exames complementares<br />
facturáveis são gravados em disquete e<br />
combinados, através do número de<br />
utente, com a informação do doente, a<br />
fim de permitir a emissão de facturas<br />
aos subsistemas.<br />
Das listagens existentes citam-se as<br />
mais importantes e que têm características<br />
periódicas:<br />
Listagens contabilísticas:<br />
para conferência com ordenações<br />
especiais (pré-facturação);<br />
facturação aos subsistemas com<br />
junção de meios complementares<br />
ou outras indicações anteriormente<br />
gravadas em disquete;<br />
listagens de registos com falta de<br />
menção de responsável;<br />
listas de doentes constantes em<br />
determinado dia nos serviços<br />
(listagem semanal);<br />
lista de processos a microfilmar;<br />
lista do ficheiro da urgência para<br />
referência de meios complementares<br />
da urgência (radiografias,<br />
exames especiais);<br />
m -<br />
lista de novos registos com nomes<br />
idênticos ou outros sinónimos,<br />
para efeito de detecção de<br />
eventuais duplicações.<br />
VALIDAÇÕES<br />
Sempre que possível, os dados compreendidos<br />
no sistema básico de doentes<br />
são validados interactivamente. Para<br />
o efeito utilizam-se tabelas de codificação<br />
ou regras lógicas préestabelecidas<br />
dando origem a mensagens<br />
de erro e consulta no «écran» às<br />
tabelas respectivas, no caso de se verificarem<br />
situações não previstas. Em<br />
termos de operação as . transacções<br />
encontram-se desenhadas de modo<br />
muito simples e facilmente apreensível.<br />
Quanto a validação as codificações<br />
clínicas constituem o ponto mais sensível<br />
pela inexistência de normas utilizáveis,<br />
exceptuando as derivadas do sexo<br />
e idade. Para que se ultrapasse a<br />
«infância da arte» neste domínio há<br />
ainda que melhorar deficiências na<br />
qualidade dos processos clínicos, na<br />
documentação de apoio à codificação,<br />
em formação de pessoal e em experiência<br />
prática. Os H.U.C. estão determinados<br />
há alguns anos em superar<br />
esta situação e muito têm já conseguido.<br />
Reconhece-se, no entanto, que há<br />
limitações de meios pessoais e técnicos<br />
que terão de ser resolvidos por acção<br />
das estruturas centrais.<br />
IV- EQUIPAMENTO<br />
INFORMÁTICO<br />
ESOFfWARE<br />
O equipamento informático de suporte<br />
ao sistema de informação descrito<br />
é constituído por processador IBM<br />
4331com2 MB de RAM, 16 MB de<br />
memória virtual, unidades de disco<br />
com 1, 14 GBytes, unidade de banda,<br />
impressora e controlador de terminais.<br />
Encontram-se instalados cerca de 20<br />
terminais e impressoras remotas no<br />
Bloco Central. A Maternidade dos<br />
H.U.C. dispõe de ligação ao sistema<br />
através de rede telefónica, dispondo de<br />
controlador, terminal e impressor locais.<br />
É utilizado o sistema operativo<br />
DOS/VSE, sistema de comunicações<br />
CICS, a base de dados hierárquica Data<br />
Languagé 1 (D LI) e ficheiros<br />
VSAM.<br />
A programação é feita em COBOL,<br />
com suporte em programação· interactiva<br />
em DLLI e CICS.<br />
O esquema da base de dados é o<br />
constante da figura 4.<br />
ROOTUTE<br />
(R001)<br />
1<br />
ARCLUTE CEXTUTE INTRUTE<br />
ARQUIVO CONSULTA EXTERNA INTERNAMENTO<br />
1 1<br />
MICRUTE INTPUTE INTXUTE<br />
LISTA DE<br />
LIGAÇÃO LóGICA<br />
MICROALME ESPERA COM BASE DE DADOS<br />
INTERNAMENTO<br />
DOS SERV. CLINICOS<br />
FIGURA4<br />
A ROOT contém a identificação básica<br />
do doente. Sendo o DL 1 uma estrutura<br />
em árvore, a ROOT é a raiz<br />
(ou pai, como se chama em terminologia<br />
de base de dados) e os segmentos<br />
são os ramos (ou filhos).<br />
As diversas ramificações equivalem<br />
a níveis diferentes da informação que<br />
condicionam a pesquisa, a qual é sempre<br />
feita pelo nível mais alto (Root),<br />
de cima para baixo e da esquerda para<br />
a direita, percorrendo todos os ramos<br />
desejados.<br />
Os segmentos lntpute e Prioscll são<br />
criados com a inclusão em lista de espera<br />
em internamentos e são eliminados<br />
logo que é criado o segmento de<br />
internamento (lntrute).<br />
O segmento Intxute faz a ligação<br />
com uma pequena base de dados que<br />
contém os doentes internados em cada<br />
dia, para uma visualização rápida por<br />
serviço, dos doentes que estão nas enfermarias<br />
, sendo apagado com a alta<br />
do doente.<br />
N<br />
A apreciação do sistema de informação<br />
de doentes dos HUC é ainda difícil,<br />
dado o prazo curto do seu funcionamento<br />
e por se tratar do primeiro<br />
sistema deste tipo desenvolvido e posto<br />
a funcionar em hospitais portugue<br />
1<br />
PRIOSCLL<br />
PRIORIDADE DA<br />
LISTA DE ESPERA<br />
1<br />
~es.<br />
Na fase de concepção foi particularmente<br />
complexa a escolha do identificador<br />
e a definição da pesquisa-tipo,<br />
para a qual se teve de proceder a análise<br />
da onomástica portuguesa em meio<br />
milhão de nomes. A inexistência para<br />
a língua portuguesa do equivalente ao<br />
sistema Soundex de codificação de nomes<br />
ingleses, conduziu à adopção da<br />
solução atrás descrita. Face às expansões<br />
previstas, a performance das soluções<br />
encontradas dependerá no futuro<br />
de um balanço correcto do volume<br />
de dados, transacções diárias e velocidades<br />
do processador, acesso a disco<br />
e comunicações.<br />
Embora continue a discutir-se sobre<br />
a opção entre bases de dados hierárquicas<br />
ou relacionais nos hospitais, o<br />
Data Language 1 era na altura da concepção<br />
o único produto disponível da<br />
IBM, tendo-se revelado de manejo<br />
complexo mas extremamente sólido.<br />
Não se procedendo aqui a análise<br />
dos custos envolvidos, realça-se, no<br />
entanto, não haver soluções informáticas<br />
definitivas. Periodicamente é necessário<br />
proceder à reavaliação do<br />
conjunto dos meios técnicos instalados<br />
de hard e software, face a produtos entretanto<br />
disponíveis no mercado.<br />
Além das referências estatísticas feitas<br />
em anexo, alguns aspectos positivos<br />
podem desde já ser apontados. Depois<br />
de cerca de dezoito meses de trabalho<br />
contínuo não foram detectados<br />
na aplicação erros lógicos ou de programação,<br />
a concepção deu resposta a<br />
todas as rotinas provocando uma mo<br />
dificação completa no modo de trabalhar<br />
nas áreas abrangidas com perfeita<br />
adaptação e adesão dos funcionários<br />
· envolvidos, todas as funções desenvolvidas<br />
estão a ser utilizadas e regista-se<br />
um incremento sucessivo na exploração<br />
dos dados disponíveis.<br />
A consolidação do sistema básico<br />
descrito abre perspectivas de expansão<br />
para outras áreas, com manutenção da<br />
coerência e integração dos dados, atra- 1 13
14 1<br />
•** POSTO DE MARCACAO DE CONSULTAS EXTERNAS ***<br />
TAREFAS AUTORIZADAS NESTE TERMINAL<br />
.1. MARCACAO DE PRIMEIRAS CONSULTAS<br />
.2. ALTERACAO DE DATAS DE PRIMEIRAS CONSULTAS<br />
.3. CONFIRMACAO DE PRIMEIRAS CONSULTAS<br />
.4. REGISTO DE ALTA/FALTA DECONSULTAS EXTERNAS<br />
.5. REGISTO PROVISORIO DE INTERNAMENTOS ORDINARIOS<br />
.6. REGISTO DEFINITIVO DE INTERNAMENTOS ORDINARIOS<br />
.7. REGISTO DE ALTA DE INTERNAMENTOS ORDINARIOS E URGENTES<br />
.8. REGISTO DE CONDICOES CLINICAS DE SAIDA<br />
. 9. OBTENCAO DOS UTENTES INTERNADOS POR ENFERMARIA<br />
SELECCIONE A TAREFA DESEJADA 1 E FACA ENTER<br />
*** ARQUIVO CLINICO ***<br />
TAREFAS AUTORIZADAS NESTE TERMINAL<br />
.1. PESQUISA NA BASE DADOS DA SITUACAO CLINICA DE UTENTES<br />
.2. ACTUALIZACAO DOS PROCESSOS CLINICOS<br />
.3. CONSULTA AOS PROCESSOS CLINICOS<br />
.4. CONSULTA AOS PROCESSOS DE MICROFILMAGEM<br />
SELECCIONE A TAREFA DESEJADA 1 E FACA ENTER<br />
*** POS~O AVANCADO DE URGENCIAS ***<br />
TAREFAS AUTORIZADAS NESTE TERMINAL<br />
.1. REGISTO DE INTERNAMENTOS URGENTES - UTENTE NAO IDENTIFICAVEL<br />
.2. REGISTO DA IDENTIFICACAO DE UM UTENTE INICIALMENTE NAO IDENTIFICAVEL<br />
.3. REGISTO DE INTERNAMENTOS URGENTES - UTENTE IDENTIFICAVEL<br />
.4. SITUACAO CLINICA DE UTENTES PARA INFORMACOES A ENTIDADES OFICIAIS<br />
SELECCIONE A TAREFA DESEJADA 3 E FACA ENTER<br />
* HOSPITAIS DA UNIVERSIDA DE DE COIMBRA *<br />
*** URGENCIAS ***<br />
1. CRIACAO<br />
2. ACTUALIZACAO/INFORMACAO<br />
SELECCIONE A TAREFA 1<br />
CFACA ENTER PARA CONTINUAR, PF12 PARA ACABAR )<br />
ALGUNS DADOS ESTATÍSTICOS<br />
(Referidos a Maio/88)<br />
Registos básicos criados ...................................... .. fl00.000<br />
Transacções· da base.de dados ou ficheiros:<br />
criação/actualização ..... ~ ......................•......': ... , 7.060/dia<br />
consulta ........................................................ 1.140/dia<br />
Listagens diárias .............................. '., ;.....'. ............. 244 Jolhs/ dia<br />
Folhas de inscrição -(itit./cons./urg.) ... '. .................... · 720/dia<br />
Tempos inédios de execução de•!arefas:<br />
- Marcação de consultas sem número de utente ~ ....-................<br />
- Marcação de consultas com número de utente .............;......<br />
- Alteração de datas de consultas ........................:........... ..<br />
- Registo de alia, falta , prox. cons ............ :.:....,.' ............ ...<br />
- Registo de alta, falta, prox. cons. sem n. 0 utentes ............. ..<br />
- Registo de alta, falta , prox. coris. com n. 0 utentes ...............<br />
- Registo provisório de int. ord. sem n. 0 utente ................... .<br />
- Registo provisório de int. ord. com n. 0 utente ....................<br />
- Registo definitivo de intern. ordinários ...........:........, ........<br />
- Registo de alta de intern. (para o exterior) ......................... ·<br />
- Registo de alta de intern. (por transf.) .............:.................<br />
- Registo de condições clínicas de saída ............................. .<br />
- Obtenção de doentes intern. por enfermaria .......... .. .. ....... ..<br />
.. .n<br />
.):<br />
180 Seg.<br />
45 ,,<br />
l5 "<br />
15 "<br />
180 ,,<br />
90 "<br />
180 ''<br />
56 ,,<br />
30 ,,<br />
20 ,,<br />
30 "<br />
90 "<br />
. 30 ,,<br />
vés do identificador principal. Por<br />
exemplo, um sistema laboratorial que<br />
permita a aquisição de determinações<br />
de aparelhos automáticos de análise e a<br />
integração com resultados de técnicas<br />
não automáticas, é subsidiário antes de<br />
mais de um sistema de identificação de<br />
todos os doentes que seja consistente e<br />
não redundante. Exactamente o mesmo<br />
se pode dizer relativamente a uma<br />
aplicação para gestão do serviço deradiologia,<br />
ou para gestão dos serviços<br />
farmacêuticoos por unidose, embora<br />
aqui com dependência de análise do<br />
peso diverso dos produtos farmacêuticos.<br />
A dependência quanto ao identificador<br />
principal verifica-se também<br />
quanto ao serviço de hemoterapia,<br />
gestão de blocos operatórios, ou dos<br />
meios complementares de diagnósticos<br />
específicos de cada serviço clínico, e<br />
ainda, relativamente aos resumos de<br />
4istórias clínicas que se têm vindo a<br />
constituir nos HUC como verdadeiras<br />
aplicações locais para exploração da<br />
informação clínica das várias especialidades,<br />
desenvolvidas em microcomputadores<br />
e que fazem recurso a software<br />
standard (nomeadamente o Dbase).<br />
A integração de dados só será assegurada<br />
ein todas estas áreas de tratamento<br />
de informação se se adoptarem<br />
os padrões de referência básica. Na<br />
verdade, um sistema de informação de<br />
doentes não resultará de desenvolvimento<br />
de aplicações desagregadas e<br />
completamente autónomas. Cada área<br />
de tratamento de informação de doentes<br />
tem os próprios constrangimentos<br />
requerendo concepção adequada e recursos<br />
específicos em equipamento e<br />
suporte lógico. Tal facto determina na<br />
maioria de casos a existência de equipamentos<br />
satélites com requisitos de<br />
compatibilidade. Daí que um sistema<br />
de informação assente hoje em dia<br />
preferencialmente num equipamento<br />
informático central que assegure, através<br />
de base de dados e comunicações<br />
locais, a integração da informação básica<br />
e a sua permanência, existindo depois<br />
ligações interactivas a sistemas<br />
satélites departamentais progressivamente<br />
postos a funcionar.<br />
O desenvolvimento destes sistemas<br />
departamentais nos HU C, dependerá<br />
da capacidade de investimento e da<br />
respectiva capacidade organizativa.<br />
RESUMO<br />
O artigo apresenta o desenho genérico<br />
do sistema de informação hospitalar,<br />
a sua dependência dos sistemas informáticos<br />
e os requisitos técnicos de<br />
desenvolvimento. E descrito o sistema<br />
básico de informação de doentes desenvolvido<br />
nos HUC, bem como o<br />
equipamento informático utilizado.<br />
São igualmente referidas as perspectivas<br />
de desenvolvimento do sistema<br />
de informação de doentes para outras<br />
áreas.•<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
- KEMBER, N. F., AN INTRODUCTION<br />
TO COMPUTER APPLICATIONS IN<br />
MEDECINE (Edward Arnold, 1982).<br />
- HEALTH INFORMATION SYSTEMS -<br />
The italian approach. Medinfo 83 -<br />
Special session Xe. Proceedings of the<br />
IFIP-IMIA. Editores: A. F. Perez de Talens,<br />
M. Luzzana, M. Palumbo.<br />
- HOSPITAL STATISTICS IN EUROPE -<br />
Proceedings of the W orkshoop on Hos-.<br />
pital Statistics for Population Based<br />
Health Care and Epiderniology: role of<br />
the Minimum Basic Data Set. Editores:<br />
P. M. Lambert, F. H. Roger. (North<br />
Holland, 1982).<br />
- MEDICAL INFORMATICS EUROPE'85<br />
- Proceedings. Editores: P. L. Reichertz,<br />
D. A. B. Lindberg. (Springer<br />
Verlag).<br />
- MEDICAL INFORMATICS EUROPE'87<br />
- Procedings. Editores: A. Serio, R.<br />
~~i~ ~~i~~~ .<br />
O'Moore, A. Tardini. F. H. Roger.<br />
(Participants Edition).<br />
- MEDINFO 83 - Proceedings. Editores: J.<br />
H. Bemrnel, M. J . Ball, O. Wigertz.<br />
(North-Holland).<br />
- MEDINFO 86 - Proceedings. Editores: R.<br />
Salamon, B. Blum, M. Jorgensen.<br />
(North-Holland).<br />
- THIRD INTERNATIONAL CONFEREN<br />
CE IN SYSTEM SCIENCE IN<br />
HEALTH CARE. Editores: W. van Eimeren,<br />
R. Engelbrecht, Ch. D. Flagle.<br />
(Springer-Verlag, 1984) .<br />
____ 1 _____<br />
7<br />
~~~~~~~ ~~i ~\ '"
. . . ' ' . ' :::· .. ;<br />
1 l • ...-:; ' •••• ' ~ ,.. .,,·· .,<br />
' - .. ~ ~ ,;.•),._.:_ ~ ...<br />
Este artigo tem por finalidade, como primeira abordagem sobre a problemática<br />
"Auditor no Hospital", assinalar alguns aspectos teóricos que estão a montante da<br />
actividade do auditor, e sensibiliza,r os profissionais de administração hospitalar,<br />
técnicos de contas e contabilistas para a importância que esta figura pode e deve<br />
assumir nos hospitais de maior dimensão.<br />
A auditoria surge como uma função estruturada em princípios de actuação<br />
específicos, doutrinariamente exigida, legalmente imposta e independente face aos<br />
orgãos de administração.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
A publicação do Dec.-Lei n. 0<br />
19/88, de 21.1 e do Dec. Reg. 3/88,<br />
de 22 .1 (que em conjunto se preocupam<br />
com a administração dos hospitais,<br />
revogando a pertinente legislação<br />
de 1977) veio introduzir em seio hospitalar<br />
uma nova figura jurídica - o<br />
auditor.<br />
O primeiro diploma refere, no art. 0<br />
4. 0 , n. 0 2, que «Nos hospitais de<br />
maior dimensão haverá ainda um órgão<br />
de fiscalização>>, e menciona os<br />
critérios de actuação dos órgãos de administração<br />
em matérias contabilísticas,<br />
financeiras e gestionárias. O se:<br />
gundo, em três dos seus artigos, faz<br />
referência expressa ao auditor .( arts.<br />
1. 0 , nºs 2 e 3; 2. 0 , n. 0 5; 28.º, n.ºs<br />
1, 2e3).<br />
A justificação económica e doutrinária<br />
para a criação deste órgão hospitalar<br />
devemos procurá-la, antes de mais,<br />
nos citados diplomas e, depois, comparativamente,<br />
em legislação produzida<br />
para outras áreas de actividades em<br />
empresas com características e natureza<br />
diversas da «empresa hospitalar».<br />
Em primeiro lugar, o preâmbulo do<br />
Dec.-Lei n. 0 19/88 é pródigo em afirmações<br />
de índole económica que traduzem<br />
a preocupação do legislador em<br />
fazer aumentar substancialmente a eficiência<br />
dos hospitais: quer aquelas que<br />
conduzem à necessidade de introduzir<br />
mecanismos de «avaliação daquilo que<br />
neles (nos hospitais) é realizado em<br />
termos de rentabilidade ...», quer<br />
aquelas que apontam para «a assimilação,<br />
por parte do hospital, de uma boa<br />
parte das regras de gestão desconhecidas<br />
dos serviços públicos clássicos»,<br />
quer, finalmente e sobretudo, aquelas<br />
que chamam a atenção para «O volume<br />
financeiro envolvido, que por si exige<br />
uma ilimitada diligência na despesa<br />
dos dinheiros que o Estado faz pagar<br />
aos contribuintes para os aplicar na<br />
UM PRIMEIRO .APONTAMENTO<br />
saúde».<br />
No preâmbulo do Dec.Reg. 3/88<br />
escreve-se »... os hospitais pertencentes<br />
a entidades de direito público foram,<br />
por via de regra, sujeitos a formas<br />
de tutela mais apertada tendo sido<br />
multiplicados os controlos, designadamente<br />
no que respeita à execução orçamental,<br />
estatuto do pessoal, organização<br />
interna e aquisições de equipamento<br />
médico-hospitalar pesado».<br />
E concretizando este pensamento, o<br />
art. 2. 0 , n. 0 2 preceitua: «Ao auditor<br />
cabe verificar a correcção, a pertinência<br />
e a eficácia das receitas e das despesas<br />
do hospital» - o que parece reflectir<br />
a preocupação de institucionalizar<br />
uma forma simples e expedita de<br />
acompanhamento da actividade hospitalar<br />
por um órgão de fiscalização.<br />
Em segundo lugar, no nosso País há<br />
legislação que se debruça sobre esta<br />
problemática (1), seja para exprimir a<br />
necessidade de «rever as contas» nas<br />
empresas seja para fiscalização das<br />
disposições legais e estatutárias tanto<br />
das empresas privadas como das empresas<br />
públicas.<br />
Finalmente, diversos países e sobretudo<br />
diversos organismos internacionais<br />
(2) têm vindo a definir qual deve<br />
ser o objecto da auditoria.<br />
A C.E.E., através da 4. ª directiva,<br />
«prevê no seu artigo 51. 0 que as empresas<br />
são obrigadas a ter as suas contas<br />
anuais auditadas e que os auditores<br />
devem igualmente verificar a concordância<br />
do relatório anual da administração<br />
com as contas anuais do exercício».<br />
Em conclusão, poder-se-á afirmar<br />
que nos hospitais públicos portugueses<br />
se pretende construir um modelo de<br />
administração assente no reforço das<br />
competências dos órgãos de gestão,<br />
cuja actividade é exercida segundo<br />
métodos de gestão empresarial<br />
(entenda-se privada), e no reforço do<br />
controlo de natureza tutelar de que o<br />
auditor é uma das formas possíveis.<br />
2 - NOÇÃO DE AUDITOR<br />
O Dec.Reg. 3/88 não define a natureza<br />
nem os contornos jurídicos do auditor,<br />
apenas se limitando a designá-lo<br />
como órgão de fiscalização, a enunciar<br />
as suas competências genéricas, e a referir<br />
a sua forma de surgimento. Legítimas<br />
são, pois, as expectativas de que<br />
a breve trecho deverão estar regulamentadas<br />
as suas competências específicas.<br />
Etimologicamente, a palavra auditoria<br />
deriva de «audire», palavra latina<br />
que significa ouvir, e auditor aquele<br />
que ouve.<br />
Está ultrapassada a fase em que o<br />
auditor se limitava a colher as informações<br />
verbais, querendo, hoje, significar<br />
o acto de um profissional qualificado<br />
em emitir opiniões sobre as demonstrações<br />
financeiras, tendo em<br />
consideração a lei, no sentido de dar<br />
credibilidade à informação financeira<br />
das empresas.<br />
Não se trata apenas de detectar erros,<br />
de procurar fraudes, de inspeccionar<br />
comportamentos. Trata-se de emitir<br />
opiniões sobre as peças contabilísticas,<br />
sobre os resultados das operações,<br />
sobre a situação patrimonial; prevê-se<br />
naturalmente a possibilidade de preparar<br />
programas de trabalho que visem a<br />
detecção de anomalias, mas não como<br />
obj ~ctivo primeiro.<br />
A expressão auditor tem a sua raiz<br />
no revisor de tontas(3) cujas atribuições<br />
são genericamente o exame das<br />
contas das empresas ou de quaisquer<br />
outras entidades em ordem à sua certificação<br />
legal e à revisão legal das empresas<br />
ou outras entidades, com o estatuto<br />
de exterioridade às entidades objecto<br />
de revisão (art. 0 1. 0 do citado diploma).<br />
A opinião do auditor deve ser clara e<br />
concisa e estará contida em relatório<br />
ou parecer escrito.<br />
A independência e a imparcialidade<br />
dos auditores (revisores) devem ser<br />
Paulo Salgado *<br />
* Administrador <strong>Hospitalar</strong> - Hospitais da Universidade<br />
de Coimbra<br />
inequívocas e um tanto semelhantes à<br />
posição de um magistrado judicial, pela<br />
importância que os seus pareceres<br />
podem assumir no contexto da actividade<br />
económica.<br />
Além dos revisores de contas ( auditores<br />
externos), há outras formas de<br />
auditoria.<br />
A auditoria interna é caracterizada<br />
essencialmente por ser reportada directamente<br />
às Administrações a quem<br />
fornece elementos acerca da adequação<br />
dos processos contabilísticos internos,<br />
a quem sugere a adopção de<br />
medidas e procedimentos novos, actuando,<br />
no entanto, de forma livre e<br />
objectiva.<br />
Outro tipo de auditoria é a auditoria<br />
operacional que contempla diversas<br />
operações dentro da empresa e que<br />
mais não é do que um aprofundamento<br />
da auditoria interna: auditar os controlos<br />
operacionais, a gestão e as decisões<br />
estratégicas.<br />
A auditoria de gestão prende-se com<br />
a necessidade de obter, no seio das<br />
empresas, uma opinião sobre a eficiência<br />
e eficácia com que a administração<br />
conduziu ou está a conduzir a<br />
gestão, preocupando-se com o passado<br />
para melhorar o futuro. Este tipo de<br />
auditoria «é constituído por auditores<br />
de gestão e depende directamente do<br />
presidente do órgão máximo de administração«(<br />
4).<br />
No que respeita à auditoria previsional,<br />
ela existirá em três momentos: antecedentes<br />
da empresa, construção do<br />
16 1<br />
1 17
modelo projectado e técnicas de avaliação<br />
da validade das previsões.<br />
Outros tipos de auditoria são a auditoria<br />
informática e auditoria social; a<br />
primeira tem como objectivo a produção<br />
de opiniões sobre a «performance»<br />
de todo o sistema informático utilizado;<br />
a segunda visa o desenvolvimento<br />
de estudos relacionados com a responsabilidade<br />
social da empresa, a qual se<br />
poderá avaliar pela qualidade dos produtos,<br />
pela confiança que inspira aos<br />
consumidores/utentes, pela deterioração<br />
do ambiente, etc. , utilizando essecialmente<br />
apreciações qualitativas.<br />
3-FUNÇÃODO<br />
AUDITOR NO HOSPITAL<br />
Será correcta e útil a transposição<br />
para o hospital da figura do auditor nos<br />
termos atrás referidos? Ou mais concretamente:<br />
a) Serão as funções do auditor assimiláveis<br />
às desempenhadas pelos revisores<br />
oficias de contas, nos termos do<br />
Dec.-Lei n. 0 519-L2/79, de 29.12<br />
(Estatuto dos Revisores Oficiais de<br />
Contas)?<br />
b)Tratar-se-á, «tout court», de um<br />
auditor financeiro, nos termos deste<br />
DL, ou envolve outros aspectos como<br />
auditoria de gestão, auditoria previsional,<br />
auditoria operacional?<br />
c) Esta figura estará mais próxima<br />
da descrita no Dec.-Lei n. 0 353-N/77,<br />
de 29.8 (Nomeação de auditores pelo<br />
M. das Finanças para as empresas públicas<br />
ou equiparadas e para as empresas<br />
privadas com intervenção dos Es- .<br />
tado)?<br />
d) O auditor deve ser ou não independente<br />
dos órgãos de administração?<br />
Tratando-se de um órgão de fiscalização,<br />
parece estarem-lhe cometidas<br />
funções que ultrapassam a mera função<br />
de consultor, em que apenas emitiria<br />
pareceres em tudo equivalentes à<br />
que internacionalmente está cometida<br />
aos «certified public accountants». Será<br />
antes uma tentativa de implementar.<br />
no hospital aquilo que na doutrina inglesa<br />
se denomina de «value for money»,<br />
e que trata especialmente de aspectos<br />
relacionados com a eficiência e<br />
a eficácia das organizações.<br />
Acompanhar a execução dos planos<br />
financeiros de actividade, examinar a<br />
contabilidade, verificar se o património<br />
se encontra correctamente avaliado,<br />
emitir pareceres sobre a gestão -<br />
serão algumas das competências específicas<br />
do auditor.<br />
Só assim se poderá «verificar a correccção,<br />
a pertinência e a eficácia das<br />
receitas e das despesas do hospital».<br />
Ficarão afastados todos aqueles aspectos<br />
que por lei estão cometidos ao<br />
Tribunal de Contas: fiscalizar a legalidade<br />
das despesas públicas e julgar os<br />
actos que a lei mandar submeter-lhe.<br />
CONCLUSÃO<br />
A auditoria surge como forma de<br />
dar credibilidade à informação financeira,<br />
contabilística e económica que<br />
flui no Hospital, de moda a que o Estado,<br />
~ Administração, os Trabalhadores<br />
e o Público em geral possam tirar,<br />
pelo volume financeiro envolvido,<br />
conclusões idóneas sobre a situação<br />
desta «empresa».<br />
Apesar de não estar definido e regulamentado<br />
por lei este novo órgão,<br />
pretende-se alertar os profissionais de<br />
administração para algumas questões<br />
suscitadas pela novidade agora introduzida:<br />
a justificação económica e<br />
doutrinária, a tentativa de assimilação<br />
a outras figuras existentes no universo<br />
económico português e, finalmente,<br />
uma reflexão sobre as funções que poderão<br />
vir a ser-lhe conferidas.<br />
Ficam de fora desta apontamento aspectos<br />
como o perfil do auditor, o auditor<br />
no direito comparado, e os objectivos,<br />
as normas e os procedimentos<br />
de auditoria.•<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
Costa, Carlos Baptis_ta da - Auditoria Financeira,<br />
Teoria e Prática, Rei dos Livros, Lisboa,<br />
1985.<br />
Franco, António L. de Sousa - Finanças Públicas<br />
e Direito Financeiro, Almedina,<br />
Coimbra, 1987.<br />
Lopes de Sá - Curso de Auditoria, Editora<br />
Atlas S.A., Brasil.<br />
Monteiro, Martim Noel - Peritagem e Revisão<br />
de Contas, Livraria Avis, Portugal.<br />
(1) - Entre outra:<br />
DL n. 0 260176, de 8.4<br />
DL n. 0 125177, de 24. 9<br />
DL n. 0 533-N/77, de 29. 8<br />
DL n. 0 519-1...2179, de 29.12<br />
DL n. 0 115182, de 14.4<br />
(2) - UEC - Union Europ éenne des Experts Comptables<br />
•<br />
lFAC - Intemational Federation oS
A PROPÓSITO DE UM<br />
RTIGO DE JORNAL<br />
Pedro Lopes Ferreira (1)<br />
20 1<br />
Num artigo de Roger Ricklefs<br />
(Ricklefs, 1988) aparecido em<br />
meados de Fevereiro na<br />
primeira página do W ali Street<br />
Journal, Michael Hirsch<br />
afirma,relativamente ao<br />
diagnóstico positivo de um<br />
teste do vírus da SIDA:<br />
«Possuir o selo oficial é tão<br />
devastador, porque<br />
irreversível». Outras pessoas<br />
pensam por exemplo: «rara é a<br />
hora em que não penso nisso»<br />
ou «sinto-me como um<br />
leproso» ou «tenho medo de vir<br />
a ser rejeitada» ou ainda<br />
«quando digo ao meu miúdo<br />
de quatro anos que vou ao<br />
médico, ele põe-se logo a<br />
chorar pois sabe que posso lá<br />
f!car por várias semanas».<br />
E evidente que se trata<br />
essencialmente de um<br />
problema social. Mas é .<br />
também um problema de quem<br />
toma decisões, seja médico,<br />
técnico de laboratório ou<br />
gestor de política de saúde.<br />
De facto, como analista de<br />
decisões, este problema pode<br />
ser equacionado segundo, pelo<br />
menos, três facetas diferentes,<br />
todas elas relacionadas com o<br />
problema dos falsos positivos,<br />
com a precisão do diagnóstico,<br />
com o que uma pessoa pode<br />
sentir (com que dúvidas fica)<br />
após saber que o seu teste do<br />
vírus de imunodeficiência<br />
humana, HIV, teve resultado<br />
positivo.<br />
Neste artigo proponho-me<br />
analisar um pouco mais<br />
profundamente cada um destes<br />
três pontos de vista.<br />
O VALOR DE UM TESTE<br />
DE DIAGNÓSTICO<br />
Quando é feito o rastreio de uma população<br />
em relação a uma determinada<br />
doença, é comum seleccionar-se um<br />
ponto de corte para separar dos outros<br />
os indivíduos possuidores de valores<br />
clinicamente normais. Assim, «O valor<br />
de um teste de diagnóstico reside na<br />
sua habilidade em detectar indivíduos<br />
com a doença (sensitividade) e em excluir<br />
os indivíduos sem a doença ( especificidade)»<br />
(McNeil, 1975). Um<br />
rastreio ideal seria cem por cento sensitivo<br />
e cem por cento específico, devendo<br />
todos os médicos ter conhecimento<br />
(não uma mera impressão) do<br />
grau de fiabilidade do teste. Quando o<br />
decisor pensa na precisão de um diagnóstico<br />
ou de um teste, necessita de ter<br />
consciência de que esta depende «da<br />
relação arbitrária de um limiar de decisão»<br />
(Metz, 1978).<br />
O decisor dispõe de vários métodos<br />
para este obter tal avaliação. Tais métodos<br />
são geralmente chamados matriz<br />
de decisão, característica operacional<br />
do receptor (ROC) e teoria de informação.<br />
A matriz de decisão é uma maneira<br />
compacta de relacionar os resultados<br />
de um teste de diagnóstico com o resultado<br />
clínico ou patológico. No caso<br />
dos testes da SIDA, é particularmente<br />
utHizada quando em presença apenas<br />
de resultados binários (SIDA ou não<br />
SIDA).<br />
QUADRO A<br />
Prcsem;a da Doença<br />
D+ D-<br />
T+ a c a+ e<br />
Algumas manipulações numencas<br />
podem ser facilmente efectuadas. De<br />
facto, numa matriz de decisão, se re<br />
.. presentarmos por T + e T - os resultados<br />
positivo e negativo do teste e por<br />
· D + e D - o facto do indivíduo possuir<br />
ou não a doença 2,<br />
Um bom exame diagnóstico é o que<br />
obtém um alto ratio de verdadeiros positivos<br />
(VP) e um baixo ratio de falsos<br />
positivos (FP), ou seja, um grande ratio<br />
de verosimilhança (L = VP /FP).<br />
Em situações em que não possuímos<br />
resultados binários, não podemos usar<br />
a matriz de decisão. Em vez disso, podemos<br />
usar o método da curva ROC.<br />
Neste método temos uma escala contínua<br />
de valores, sendo um destes valores<br />
chamado o ponto de corte - por<br />
onde o decisor define a linha de demarcação<br />
entre doença e não-doença.<br />
Esta técnica é baseada na necessidade<br />
de «ver» um sinal de radar num fundo<br />
de ruído e no facto de um «ruído branco»<br />
poder ser usado para obscurecer<br />
ou «pc:;rturbar» um sinal de radar (Lusted,<br />
1964).<br />
Com este método, necessitamos de<br />
especificar qual o tipo de sensitividade<br />
que pretendemos. Se se tratar de uma<br />
doença fatal, pretendemos uma muito<br />
alta sensitividade (ratio de verdadeiros<br />
positivos). Por outro lado, numa doença<br />
menos grave ou numa doença com<br />
tratamentos muito perigosos, podemos<br />
pretender reduzir os falsos positivos.<br />
Contudo, quanto mais sensitivo é o<br />
teste, maior é o número de falsos positivos.<br />
P(T-+-ID-+-)= Cl<br />
--- Cl+b<br />
ra tio de verdadeiros poss1tivos ( sensitividade )<br />
P ( T-+- 1 D-)=<br />
---<br />
ratio de fa lsos poss1ti vos<br />
c:C::b<br />
P(T- 1 D-)=<br />
--- e: +d<br />
T- b d b+d<br />
ratio de verdadeiros negativos ( especificidade )<br />
a+b c+d<br />
c:t<br />
P ( T- 1 D-+-)=<br />
--- Cl +b<br />
ra io de falsos negativos<br />
Para ajudar o decisor na definição<br />
do ponto de corte, o analista da decisão<br />
pode construir um gráfico desenhando<br />
os ratios de verdadeiros positivos<br />
(VP) contra os ratios de falsos positivos<br />
(FP). Esta curva é chamada<br />
curva da característica operacional do<br />
receptor ou curva ROC («receiver operation<br />
characteristic»). À posição de<br />
um ponto de corte ao longo da curva<br />
ROC chama-se posição operacional.<br />
Para seleccionar um ponto de corte<br />
necessitamos de conhecer as probabilidades<br />
a priori e os custos associados a<br />
erros de diagnósticos. Estes custos podem<br />
ser custos de saúde (mortalidade,<br />
morbilidade) e custos financeiros<br />
(quantitativo pago pelo doente ou outra<br />
entidade, custos de seguro, especialmente<br />
em caso de invalidez ou<br />
morte). O último método usado para<br />
avaliar procedimentos de diagnóstico<br />
ou terapêuticos resulta da utilização da<br />
teoria da informação. De acordo com<br />
esta teoria, informação é definida como<br />
uma «redução da incerteza». Quanto<br />
maior é a diferença entre a certeza<br />
de um diagnóstico antes e após o teste,<br />
maior é o conteúdo informativo do teste.<br />
Na figura ao lado, a linha representa<br />
a relação existente entre o conteúdo<br />
máximo da informação teoricamente<br />
obtida por um teste perfeito (ratio<br />
VP = 1 e ratio FP =O) e a frequência da<br />
doença em questão. O seu valor máximo<br />
é 1.0 e ocorre quando a probabilidade<br />
a priori é 0.5. Na mesma figura ,<br />
QUADROB<br />
1.0<br />
0.8<br />
0.6<br />
0.4<br />
0.2<br />
O.O<br />
O.O 0.2 0.4 0.6 0 .8<br />
os pequenos círculos repres.entam o<br />
conteúdo máximo da informação para<br />
a curva ROC apresentada acima.<br />
Depois de determinada a sensitividade<br />
e a especificidade de um teste de<br />
diagnóstico, e após a obtenção de nova<br />
informação podemos rever as probabilidades<br />
a priori, obtendo probabilidades<br />
a posteriori". Isto consegue-se através<br />
da regra de Bayes, que a seguir se<br />
ilustra.<br />
ALGUNS DESVIOS<br />
EXISTENTES<br />
Alguns desvios sã9 frequentemente<br />
cometidos quando um decisor pretende<br />
decidir se é necessário ou não aplicar<br />
uma bateria de testes a um doente.<br />
Um destes desvios decorre do ignorar<br />
das probabilidades a priori relativas à<br />
incidência de doença. Algumas heurísticas,<br />
especialmente a representatividade,<br />
desempenham aqui um papel<br />
importante. Segundo Kahneman e<br />
Tversky (Tversky, 1986), sabemos<br />
que tais regras heurísticas são extremamente<br />
dependentes do contexto<br />
(disponibilidade). «A maneira segundo<br />
a qual um problema é apresentado, ou<br />
uma pergunta é feita, parece exercer<br />
grande influência na maneira segundo<br />
a qual a informação é processada e as<br />
respostas geradas» (Einhorn, 1980).<br />
Mais ainda, cada heurística corresponde<br />
(é aplicada) a grupos de situações.<br />
Portanto, quando um decisor necessita,<br />
por exemplo, de julgar probabilidades,<br />
usa metaheurísticas para definir<br />
QUADROC<br />
1:5<br />
;,.;..<br />
~<br />
1.0<br />
E<br />
1...<br />
'2 •<br />
e:<br />
~<br />
E<br />
-~<br />
'~<br />
O.O<br />
0.25<br />
quais as regras específicas que necessitam<br />
de ser chamadas para resolver o<br />
problema.<br />
A utilização de uma regra óptima,<br />
tal como a regras de Bayes 3, é um<br />
processo de evitar similaridade (representatividade).<br />
Pela sua natureza, aregra<br />
de Bayes é abstracta e independente<br />
do contexto e, tal como poderemos<br />
ver a seguir, constitui uma grande ajuda,<br />
embora, se mal utilizada, possa<br />
também levar-nos por caminhos «cientificamente»<br />
errados.<br />
Quando o nosso problema possui várias<br />
facetas e algumas delas são irrelevantes<br />
ou redundantes, temos tendência<br />
para desviar a nossa atenção, o que<br />
constitui um perigo, caso a regra de<br />
Bayes nos esteja «demasiado» disponível<br />
. O decisor pode usar probabilidades<br />
a priori que de facto não são adaptadas<br />
ao problema. Algum treino na<br />
utilização da regra de Bayes e na estruturação<br />
de problemas pode levar o<br />
decisor a ultrapassar este desvio.<br />
Apenas para exemplificar, suponhamos<br />
que um médico sabe que, no caso<br />
da SIDA, a relação entre o resultado<br />
do teste e a verdade é dada pela tabela<br />
ao lado. Ele sabe também que a incidência<br />
da SIDA depende da classe de<br />
risco a que o doente pertence. Suponhamos<br />
também que, para doentes de<br />
alto risco, a incidência da doença é de<br />
0,05, e para doentes de baixo risco, a<br />
mesma incidência é de O. 0001.<br />
Suponhamos que o nosso médico se<br />
confronta com dois casos e com as seguintes<br />
duas questões:<br />
•<br />
~ Probabilidade a pd ori<br />
•<br />
0.5 O. 75 1.0<br />
Ratio FP<br />
1- T eórica • R~al<br />
21
22 1<br />
QUADROD<br />
Tem a doença<br />
S N<br />
verd. + falso+<br />
0.95 0.10<br />
falso - verd. -<br />
0.05 0.90<br />
Caso 1:<br />
sem história de uso de droga<br />
IV.poucos parceiros, nenhum<br />
parceiro bissexual.<br />
Caso 2:<br />
frequente utilizador<br />
de
HôiflTÃiAfi<br />
HosPtTALAR<br />
A. Dias Alves<br />
(Administrador <strong>Hospitalar</strong>)<br />
Centro <strong>Hospitalar</strong> de Vila<br />
Nova de Gaia<br />
24 1<br />
Neste artigo descreve-se 0 modo como se calcularam o~ cus~os e benefícios de duas<br />
alternativas: construir um novo Hospital Geral em Guimaraes ou nada fazer. _<br />
Partindo da procura actual, e sua projecção, fez-se a comparação com valores padrao -<br />
donde resultou o cálculo da procura não satisfeita localmente.. . . .<br />
Estimam-se os custos de investimento e funcionamento - descnminando Serviço a Serviço, e<br />
calculando mais detalhadamente as rubricas importantes. · , . , .<br />
Seguidamente analisam-se os benefícios principais a consider~r: Esta analise. e feita numa<br />
perspectiva pessimista _ mínimo de benefícios que ce~~amente irao ocorrer. Diversos<br />
benefícios apesar de identificados não foram contabilizados.. . .<br />
Apontam-se algumas limitações da informação e metodologia utilizada e faz-se o balanço<br />
dos resultados. . .<br />
Finalmente discutem-se os aspectos relativos à escolha de alternativas, metodologia e<br />
justificação deste tipo de análise.<br />
1. INTRODUÇÃO<br />
Este estudo surgiu como resposta a<br />
uma solicitação nesse sentido com vista<br />
à apresentação de candidatura ao<br />
FEDER para a construção d? n~vo<br />
Hospital Distrital de Gm_mara~s<br />
(HDG). Dada a dimensão do mve~tl <br />
mento a fazer era exigida uma análise<br />
custo benefício e não simplesmente<br />
um estudo que apenas descr~vesse as<br />
necessidades e esboçasse o impacto,<br />
local e regional, daquele investimento.<br />
Decorrente daquela solicitação esta<br />
análise cinge-se à comparação dos custos<br />
e benefícios de apenas duas alternativas<br />
- construir um Hospital novo<br />
ou nada fazer.<br />
Tentámos valorizar os custos e benefícios<br />
com real significado<br />
económico-social excluindo todavia<br />
qualquer tentativa de quanti~cação dos<br />
custos/benefícios intangíveis - dor,<br />
qualidade de vida, etc. Ass~ •. porque<br />
não incluímos diversos benefc1os, embora<br />
enunciados, e dado que o critério<br />
do capital humano aqui usado resulta<br />
em subvalorização, podemos tomar<br />
como mínimo o valor dos benefícios<br />
considerados.<br />
O objectivo desta ACB é contribuir<br />
para esclarecer se se jus~ifica ou não a<br />
construção de um Hospital Geral moderno,<br />
contra a tendência dominante<br />
na Europa e um pouco por todo o i:nundo<br />
de diminuição de camas hospitalares.<br />
Deve sublinhar-se desde já que<br />
Portugal não construiu Hospitais (HH)<br />
quando outros os fizeram - em parte<br />
devido à guerra colonial - e que as<br />
camas existentes nos HH velhos são<br />
muitas vezes pouco mais que isso mesmo:<br />
camas. Este último aspecto - essencial<br />
para explicar as rentabilidades<br />
baixíssimas - resultou, em grande<br />
medida, da pressão dos Serviços - devido<br />
não só ao desejo de diferenciação<br />
mas sobretudo porque o ratio funcionários/<br />
cama tem sido um dos critérios<br />
utilizados na determinação de quadros<br />
de pessoal, o que explica a existên~ia<br />
de «amontoados de camas» com apo10s<br />
insuficientes ou mesmo inexistentes.<br />
O HDG era uma excepção a esta regra.<br />
A rede de HH públicos portugueses<br />
integra-se num sistema tipo SNS Inglês,<br />
com estruturas de cuidados primários<br />
e diferenciados sepf!_rados. Os<br />
HH privados têm tido uma importância<br />
apenas marginal exercendo uma<br />
desnatação da rede pública quer quanto<br />
ao tipo de actos quer quanto à clientela<br />
(campos, 1985). A inexistência<br />
de preços de mercado, implicou a<br />
adopção de critérios de valorização da<br />
produção hospitalar. ·<br />
Porque os investimentos na Saú~e<br />
são concorrentes de outros gastos publicos,<br />
é importante demonstrar/explicitar<br />
os benefícios a colher para que a<br />
decisão seja racional aparecendo então<br />
a Saúde em pé de igualdade com os<br />
restantes investimentos públicos (de<br />
rentabilidade já calculada). Outros r~sultados<br />
desta análise são o envolvimento<br />
dos responsáveis do novo HDG<br />
pela participação e demonstração dos<br />
resultados esperados e o isolamento<br />
dos custos/benefícios décorrentes de<br />
descentralização de certos Serviços.<br />
2. ENQUADRAMENTO DO PRO<br />
BLEMA<br />
2.1. O HDG e a situação<br />
sanitária da sua área<br />
2 .1.1. Caracterização da área<br />
A área de atracção do HDG é constituída<br />
por três concelhos industriais<br />
(Guimarães, Fafe e Felgueiras, representando<br />
87 % da população da área)<br />
em que são dominantes as indústrias<br />
têxteis e de calçado, exercendo a população<br />
a agricultura como comp~emento<br />
daquela actividade principal, e<br />
dois concelhos rurais (Cabeceiras e<br />
Celorico de Basto 13 % do total) em<br />
que predomina uma agropecuária de<br />
subsistência. Abrangendo à volta de<br />
300 mil habitantes (hab), situa-se a<br />
norte qo País integrando-se numa zona<br />
de altas taxas de crescimento demográfico,<br />
o que deixa antever necessidades<br />
acrescidas em cuidados de saúde<br />
no futuro.<br />
As infra-estruturas em água potável<br />
e saneamento básico servem apenas<br />
uma parte reduzida daquela população.<br />
A rede rodoviária, como a ferroviária,<br />
caracteriza-se por graves insuficiências<br />
se traduzem em dificuldade<br />
de comunicações e a elevada taxa de<br />
acidentes.<br />
2: 1. 2. Situação da saúde na área<br />
A área apresenta indicadores de saúde<br />
piores que a média nacional em<br />
parte explicáveis por cuidados de saúde<br />
insuficientes e de baixa qualidade/eficácia.<br />
Realmente existe um claro subequipamento<br />
hospitalar - 1,07 camas por<br />
1000 hab contra 3,2 de média nacional,<br />
valor .este muito inferior aos dos ·<br />
países europeus - ligado a um volume<br />
de recursos humanos bastante insuficiente<br />
- os valores por hab são inferiores<br />
à média do continente em 67 %<br />
em médicos, 46% em enfermeiros e<br />
65 % para o conjunto de pessoal da<br />
saúde.<br />
Acresce que os gastos per capita do<br />
SNS são no distrito 35 % inferiores à<br />
média nacional (1984), média essa que<br />
permitiria manter em funcionamento<br />
mais um hospital de 1140 camas no<br />
distrito.<br />
A frequência hospitalar ressente-se<br />
obviamente desta insuficiente disponibilidade<br />
de meios. Assim o número de<br />
internamentos por _100 hab é de apenas<br />
40 por ano, contra 54 no conjunto do<br />
País e 120 para a Inglaterra, enquanto<br />
o número de consultas é de 77 (D EPS,<br />
1985) contra 330 da média nacional e<br />
780 em Inglaterra (NHS, 1983).<br />
Ainda assim estes valores são conseguidos<br />
com produtividade superior .à<br />
média o que não esconde contudo a situação<br />
de sobreutilizaç~o e baixa qualidade<br />
e eficácia que a caracterizam.<br />
Como consequência deste cenário as<br />
listas de espera para cirurgia programada<br />
atingem valores incomuns e<br />
gera-se um caudal de transferências de<br />
doentes para outras instituições: outros<br />
HH públicos, maioritariamente para o<br />
Porto onde se situam os HH de nível<br />
superior, mas também para.a hospitalização<br />
privada (sobretudo também no<br />
Porto) a qual se sente ter aqui valores<br />
superiores ao desejável - dado o seu<br />
elevado custo e poder de compra da<br />
população em causa.<br />
A procura não satisfeita (e não expressa)<br />
deve assumir aqui valores superiores<br />
ao desejável - até pelo que<br />
ficou dito.<br />
A situação sanitária é pior que a média<br />
nacional a julgar pelas taxas de<br />
mortalidade e morbilidade e pelo número<br />
de incapacitados. As taxas de<br />
mortalidade infantil e mortalidade específica<br />
0-4 anos são de 22 %o e<br />
131,5 %000 contra 17 ,6 e 97 para o continente<br />
.. A mortalidade materna apresenta<br />
também valores superiores à média<br />
sendo que todas estas taxas se si ..<br />
tuam em valores francamente superiores<br />
aos dos restantes países europeus.<br />
2.2. Alternativas?<br />
O actual HDG não cresceu integradamente.<br />
Foram-lhe sucessivamente<br />
adicionadas novas capacidades de in-<br />
ternamento. Esta evolução explica a<br />
deficiente estrutu_ra orgânica - com<br />
graves insuficiências ao nível de CE e<br />
MCDT.<br />
De qualquer modo aquela evolução<br />
esgotou a área disponível para expansão<br />
sendo igualmente impossível considerar<br />
o crescimento em altura. Realmente<br />
o HDG situa-se numa zona de<br />
grande valor liistórico (mesmo junto<br />
ao Castelo) e encontra-se encravado<br />
dentro da cidade, com todos os problemas<br />
de acesso daí decorrentes.<br />
Uma alternativa de nada fazer sigmficará<br />
manter a situação negativa actual,<br />
e não apenas mantê-la mas<br />
agravá-la. O aumento sempre crescente<br />
da população, e portanto das necessidades<br />
em cuidados de saúde, e o aumento<br />
previsível do número de acidentes<br />
- de trabalho, viação e· domésticos<br />
- dada a crescente urbanização/industrialização/<br />
mecanização/morização<br />
a isso conduzem.<br />
A malha de HH centrais (HHÇC) do<br />
Porto, já hoje sobreutilizada, ver-se-á<br />
confrontada com uma pressão insustentável<br />
da sua procura - o que se reverterá<br />
em ainda maior dificuldade de<br />
acesso à saúde para a população do<br />
Grande Porto dada a já insuficiente capacidade<br />
instalada.<br />
Pode também considerar-se certo o<br />
acentuar das tendências negativas na<br />
procura/atendimento - grandes listas<br />
de espera, elevado recurso ao sector<br />
privado e prestações de baixa qualida--<br />
de e eficácia.<br />
A reprodução da situação a nível de<br />
dotação de recursos do SNS tende a<br />
aumentar o efeito negativo sobre a redistribuição<br />
de rendimento, as assimetrias<br />
e a falta de equidade de acesso, já<br />
hoje existentes.<br />
Nada fazer conduzirá assim claramente<br />
a uma situação sanitária tendencialmente<br />
pior que a actual e cada vez<br />
mais longe da média do Continente.<br />
Obviamente existem diversas alternativas<br />
de acção mas pelas razões já<br />
referidas iremos apenas analisar a de<br />
construção de um moderno Hospital. 1 25
26 1<br />
3.1. Análise da procura actual e<br />
projecções<br />
3.1.1. Comparação da procura<br />
actual do HDG com valores padrão<br />
Começou por fazer-se uma recolha<br />
dos doentes atendidos nos diversos<br />
hospitais (HH) da zona Norte, provenientes<br />
da área de Guimarães (Internamento,<br />
Consulta Externa e Urgência).<br />
Constatou-se imediatamente o<br />
fraco poder de atracção do HDG sobre<br />
as populações de zonas limítrofes<br />
à sua própria área (197 doentes atendidos,<br />
ou seja, 2% dos. seus D.S.) sendo<br />
que os HHpróximos trataram 1234<br />
doentes da área do HDG (12, 8 % dos<br />
DS do HDG).<br />
O quadro 1 apresenta em resumo os<br />
valores absolutos e as frequências por<br />
1000 hab para a área de Guimarães,<br />
Castelo Branco, média para o continente<br />
e lng/,aterra (1983).<br />
Verifica-se, em primeiro lugar que a<br />
frequência hospita/,ar é em Guimarães<br />
muito baixa, quer quando compara-<br />
\<br />
mos com valores dentro do País quer<br />
·com a Ing/,aterra*. Veja-se em seguida<br />
como é elevado o recurso a HH de fora<br />
da área - 1 em cada 4 doentes internados<br />
da área. Destes atendimentos<br />
63% são feitos em HHCC do Porto, já<br />
bastante congestionados.<br />
Havendo apenas 50% doentes internados<br />
na rede pública - contra<br />
71,4% em Castelo Branco (não incluindo<br />
o recurso a HHCC) e 128,5<br />
em lng/,aterra* - é de prever que haja<br />
uma elevada procura que se dirige ao<br />
sector privado (sobretudo no Potto,<br />
dado que é quase inexistente em Guimarães).<br />
Estimamos essa procura em<br />
10,7%.<br />
LEGENDA:<br />
ATENDIMENTOS<br />
POR<br />
1000 Hab<br />
INTERNAMENTO<br />
DOENTES SAÍDOS<br />
CONSULTA EXTERNA<br />
(CONSULTAS)<br />
URGENCIA<br />
(DOEN. SOCORRIDOS)<br />
VALOR<br />
ABSOLUTO<br />
%<br />
Assim um número elevado de doentes<br />
não encontrará tratamento como se<br />
depreende dos valores da frequência<br />
hospita/,ar noutros locais e do custo de<br />
recurso ao sector privado - proibitivo<br />
para a grande maioria da população.<br />
Estimamos que haverá à volta de 8500<br />
doentes nessa situação, o que equivale<br />
a 74% dos DS do HDG. Diversos peritos<br />
médicos do Hospital ratificaram a<br />
validade dos valores aqui referidos.<br />
A situação no que respeita ao ambulatório<br />
é igualmente de grande insuficiência,<br />
como se pode ver no quadro<br />
1, sendo de ressaltar o número extremamente<br />
baixo da consulta externa.<br />
esta situação não decorre da fraca<br />
rentabilidade dos equipamentos existentes<br />
visto que o HDG trata 3 7, 6<br />
doentes por cama contra 29, 7 na média<br />
dos HHDD portugueses. Analisemos<br />
porém, mais detalhadamente a situação<br />
no HDG antes de concluirmos<br />
apressadamente por um problema típico<br />
de insuficiência de capacidade.<br />
3.1. 2 Problemas detectados<br />
a nível do HDG<br />
A análise das condições actuais ·de<br />
funcionamento visa em primeiro lugar<br />
um conhecimento preciso sobre a adequação<br />
da estrutura orgânica, sobre a .<br />
capacidade existente e sobre a adequação<br />
entre os meios ora disponíveis.<br />
Em segundo lugar pretende-se conhecer<br />
as suas implicações quanto a produção<br />
e aos resultados,nas vertentes<br />
de quantidade/ qualidade/ eficiência/rentabilidade<br />
e de eficácia/efeito<br />
na saúde, e assim ser esse conhecimento<br />
levado em conta na programação<br />
do novo Hospital.<br />
QUADRO N.~ 1: PROCURA ACTUAL E FUTURA<br />
encontrámos uma situação que pode<br />
caracterizar-se em primeiro lugar pela<br />
inexistência ou insuficiência de capacidade:<br />
Inexistência de U. C. 1. , N eonatologia,<br />
Gastroenterologia, Psiquiatria<br />
e Neurologia.<br />
Inexistência de diversos SCDT -<br />
Lab. Anatomia Patológica, Endoscopias<br />
e alguns sectores de Imagiologia.<br />
Idem de Hospital de Dia e Serviço<br />
Domiciliário.<br />
Insuficiência de capacidade em<br />
Blocos Operatórios, Consulta Externa,<br />
no número de camas de diversas<br />
especialidades, na insuficiência<br />
de capacidade de resposta<br />
de diversos SCDT e na sua pouca<br />
diferenciação.<br />
Depois a estrutura orgânica é inadequada<br />
o que pode ilustrar-se pelas insuficiências<br />
graves, face à dimensão<br />
actual do internamento, em capacidade<br />
de ambulatório programado, em salas<br />
de Bloco Operatório e em SCDT mas<br />
sobretudo pela estrutura da sua produção<br />
que quando comparada com a média<br />
dos HHDD portugueses apresenta<br />
a situação que o quadro n. 0 2 ilustra.<br />
Veja-se a grande insuficiência de<br />
CE - havendo mesmo serviços de internamento<br />
que não tem qualquer consulta<br />
- e a desproporção quanto ao<br />
peso relativo da CE e URG. Esta situação<br />
implica obviamente uma taxa de<br />
internamentos pela URG muito superior<br />
à dos restantes HHD D - com todas<br />
as consequências negativas previsíveis<br />
quanto à eficácia/qualidade dos<br />
actos e à impossibilidade prática de<br />
programar a actividade dos serviços e<br />
do Hospital.<br />
SITUAÇAO DESEJADA<br />
INGLA- MÉDIA VALOR<br />
TERRA HH DESEJADO<br />
(1983) CONTIN.<br />
QUADRO N. 0 2: N. 0 ACTOS POR DOENTE SAÍDO (1986)<br />
HDG (A) HHDD (B) BIA%<br />
AMBULATÓRIO PI DS.<br />
N.° CE PI DS<br />
N. 0 URG PI DS<br />
1,92<br />
10,36<br />
3,46<br />
8,59<br />
+80%<br />
-17%<br />
0 N. URG PI CE<br />
% D. INT PI URG<br />
5,38<br />
82%<br />
2,48<br />
(1)62%(zona norte)<br />
-54%<br />
(-20%)<br />
N. 0 MCDT PI DS<br />
LAC 10,66 15,47 +45%<br />
RADIOLOGIA 4,44 4,46 . =<br />
SERV. SANGUE 0,23 0,31 +35%<br />
ECG 0,09 0,50 +450%<br />
MFR (PI D. INTERN.) 4,34 3,81 -12%<br />
Nos HH limítrofes do HDG esta percentagem é de apenas 51 %<br />
Atente-se depois na baixa capitação<br />
e qualidade atrás referida.<br />
Finalmente importa referir que existem<br />
situações de inadequação entre os<br />
meios:<br />
1. 0 Serviços de internamento a funcionar<br />
só com 1 médico; SCDT<br />
a funcionar sem médicos do<br />
quadro (Imagiologia e Serv. de<br />
Sangue); inexistência de pessoal<br />
Farmacêutico; falta de Enfermeiros<br />
e pessoal de apoio no<br />
internamento.<br />
2. 0 Exiguidade das áreas de apoio<br />
no internamento, Bloco e Consulta<br />
Externa; Bloco e CE descentralizados,<br />
impedindo a rentabilização<br />
dos recursos humanos.<br />
3. 0 Inadequação de equipamentos e<br />
áreas actuais dos Servços de<br />
Apoio Geral; insuficiente diferenciação<br />
em diversos SCDT;<br />
falta geral de pessoal de enquadramento;<br />
organização e gestão<br />
rudimentar em diversos Serviços<br />
de Apoio Geral - embora<br />
adequadas às instalações e qualificação<br />
do pessoal disponíveis.<br />
Deste grupo de problemas resulta<br />
naturalmente uma eficácia e qualidade<br />
dos actos inferior ao nível desejado e<br />
também uma rentabilidade geral menor<br />
do que seria possível - o que gera<br />
insatisfação generalizada na população<br />
por falta de qualidade como é demonstrado<br />
pelo elevado recurso a outros<br />
HH e ao sector privado a que se vê<br />
obrigada.<br />
Em conclusão diríamos que existem<br />
problemas de estrutura, geradores de<br />
estrangulamentos, que limitam a possibilidade<br />
de aumentar a rentabilidade<br />
para valores de bom nível (acima de<br />
40 DS/ano), sem comprometer ainda<br />
mais a qualidade/eficácia dos actos .<br />
Existe ainda um claro desajuste entre<br />
as necessidades da população a servir<br />
e a capacidade global instalada no<br />
HDG. Ultrapassar esta situação passa<br />
pela construção de Hospital com essa<br />
dimensão e em que os serviços tenham<br />
capacidades ajustadas entre si e com<br />
condições de a poderem rentabilizar<br />
devidamente.<br />
3.1.3. Procura a satisfazer<br />
Recorremos aqui a diversos elementos<br />
constantes dos Despachos enformadores<br />
da Carta <strong>Hospitalar</strong> e à participação<br />
dos Directores de Serviço do<br />
HDG bem como à opinião de outros<br />
peritos médicos.<br />
Os valores a que chegamos são considerados<br />
possíveis e desejáveis estando<br />
ainda longe do ideal. Prevêem-se<br />
· 89 internamentos por 1000 habitantes,<br />
apenas 75 % da taxa actual em Inglaterra,<br />
sendo que a procura a satisfazer<br />
localmente é de 72 % (71 em Castelo<br />
Branco e 1986.<br />
Decompondo os valores previstos<br />
pelas diferentes especialidades encontramos<br />
défices assinaláveis em todas<br />
as especialidades à excepção de Obstétricia.<br />
Finalmente a partir dos valores obtidos<br />
para o internamento, e também especialidade<br />
a especialidade,<br />
estimaram-se as necessidades em CE,<br />
BO e outros SCDT, em Serviços de<br />
Apoio Geral e as possibilibades de actuação<br />
em regime de Hospital de Dia e<br />
Domiciliário. As fontes para determinação<br />
de capitações razoáveis/desejáveis<br />
foram as referidas no primeiro parágrafo.<br />
Foi dada uma atenção especial ao dimensionamento<br />
do ambulatório, BO e<br />
SCDT (conforme recomendação da<br />
OMS, prevendo necessidade cresci ..<br />
mento futuro) de modo a garantir uma<br />
estrutura orgânica adequada e não reproduzir<br />
a situação actual geradora de<br />
estrangulamentos.<br />
Em traÇos muito largos a procura a<br />
satisfazer representa um aumento por<br />
ano de: 130 mil consultas, 5400 operações,<br />
7700 DS, 300 mil análises e 50<br />
mil exames, e tratamento em Hospital<br />
de Dia de 2500 doentes e de igual número<br />
de visitas domiciliárias. São<br />
igualmente corrigidos os problemas<br />
que haviamos detectado no actual<br />
HDG (3 .1.2,).<br />
Obviamente o HDG necessita para<br />
satisfazer essa procura de alteração radical<br />
dos meios à sua disposição: de 4<br />
para 36 gabinetes de consulta, de 4 para<br />
8 salas de operação de 8 para 14 especialidades<br />
com internamento, de 4<br />
para 12 SCDT, etc. Essas alterações<br />
reflectem-se em necessidades de investimento<br />
e em custos de funcionamento.<br />
3.2. Estimativa de custos<br />
3. 2 .1 Custos de funcionamento<br />
Tendo em vista evitar erros eventualmente<br />
existentes na imputação de<br />
custos nos HHDD trabalhámos com<br />
custos directos dos serviços. Separámos<br />
os serviços «produtivos» - aqueles<br />
onde existe uma unidade produtiva<br />
e onde é fácil relacionar despesa e produção<br />
- dos restantes que reunimos<br />
em «Despesas de Estrutura».<br />
A análise foi feita Especialidade a<br />
Especialidade e fez-se a comparação<br />
com os restantes HHDD para todos os<br />
serviços.<br />
Dado que as Despesas com Pessoal<br />
representam 70% do total da exploração<br />
efectuamos uma análise mais fina<br />
dessa rubrica, separando o pessoal médico<br />
o qual foi previamente calculado<br />
a partir dos padrões fixados nos diplomas<br />
da Carta <strong>Hospitalar</strong>.<br />
As despesas com produtos farmacêuticos<br />
e material de consumo clínico,<br />
rubricas de maior importância depois<br />
do pessoal, foram tratadas mais<br />
detalhadamente (ainda como no pessoal<br />
por especialidade) do que as restantes,<br />
agregadas numa rubrica residual.<br />
Fixámos um crescimento real de<br />
consumo de 1 O% naqueles 2 tipos de<br />
materiais na convicção que a diferenciação<br />
e a maior qualidade o exigiam.<br />
Nas restantes despesas directas<br />
considerou-se a média dos HHDD.<br />
No que respeita aos gastos gerais de<br />
funcionamento - aquecimento, electricidade,<br />
comunicação e manutenção<br />
- previmos uma subida apreciável<br />
( + 165 %).<br />
ESTIMATIVAS DE CUSTO<br />
A partir da análise dos custos -unitários<br />
em pessoal dos HHDD - e também<br />
da média dos novos HHD D - e<br />
considerando os valores referidos em<br />
estudo do DRHS determinou-se o vo- 1 27
Hôsíiif liiifi<br />
28 1<br />
lume do pessoal necessário para a produção<br />
anteriormente prevista (3.1.3.).<br />
Chegámos assim ao número de pessoas<br />
necessárias em cada especialidade<br />
e serviço o qual, quando comparado<br />
com a situação actual, permite concluir:<br />
Aumento do número pessoas<br />
( + 96 % ) superior ao dos DS ajustados<br />
( + 83 % ) , sendo mais acentuado<br />
no Internamento ( + 128 % )<br />
que nos restantes serviços.<br />
O número de enfermeiros aumenta<br />
146 % , ficando em situação melhor<br />
ou igual que os novos HHDD.<br />
Prevê-se igualmente uma libertação<br />
de tarefas não técnicas actualmente<br />
desempenhadas· pela enfermagem.<br />
O número de médicos aumenta<br />
conforme o previsto na Carta <strong>Hospitalar</strong><br />
e as opiniões dos Directores<br />
de Serviço do HDG. Idem enfermagem<br />
quanto a libertação de tarefas<br />
administrativas.<br />
Prevê-se igualmente um aumento<br />
significativo de funcionários administrativos,<br />
gerais e paramédicos.<br />
Diminuição do gasto em remunerações<br />
extraordinárias.<br />
Pelo que ficou dito, e pelas assunções<br />
aqui inicialmente referidas, chegamos<br />
a uma variação da despesa<br />
( + 118 % ) superior à dos DS ajustados<br />
( + 83 % ) pelo que o custo por doente<br />
sobe 18,5%. Esta situação é explicada<br />
pela conjunção de factores pressionando<br />
para a diminuição de custos--:- aumento<br />
de produção e de rentabilidade<br />
e diminuição de gastos pela centralização<br />
de serviços - mas actuando ou..:<br />
tros em sentido contrário' como sejam:<br />
Aumento de peso das produções intermédias<br />
(MCDT e S. Apoio).<br />
Maior diferenciação da produção.<br />
Melhor dotação relativa em pessoal.<br />
Melhoria geral de qualidade.<br />
Proveniente do aumento de gastos<br />
gerais de funcionamento.<br />
De uns e outros foram apresentados<br />
indicadores tentando-se avaliar a sua<br />
importância relativa.<br />
Finalmente foi feita uma comparação<br />
da situação final com os restantes<br />
HHDD procurando justificação para<br />
as diferenças encontradas em relação à<br />
média daqueles HH.<br />
3.2.2. Investimento<br />
O custo actual (1986) de construção<br />
do Novo HDG é de 4309 mil contos.<br />
Atendendo a que se justificam altera-<br />
ções ao programa inicial (visando adequar<br />
a sua estrutura orgânica), que<br />
técnicos por nós contactados estimaram<br />
em 100 mil contos, o valor final<br />
passará para 4409 mil contos.<br />
Por sua vez o actual edifício pode<br />
ser transformado em unidade de idosos<br />
e lar de acamados, ajudando assim a libertar<br />
o Hospital de doentes não agudos.<br />
As obras de adaptação custarão<br />
50 mil contos, que se deverão abater<br />
ao valor actual do edifício - 1,5 milhões<br />
de contos. O gasto acrescido será<br />
assim de: 4409-1500+50=2959<br />
mil contos.<br />
Não dispondo de um valor seguro<br />
para equipamento considerámos o<br />
montante médio gasto no Novo Hospital<br />
de Coimbra (HC): 2408 contos/cama<br />
(preços de 1986) a que corresponde<br />
um gasto de 1151 mil contos. Deste<br />
valor é necessário deduzir o valor ac- '<br />
tual do equipamento do HDG e o que é<br />
necessário adquirir no ano (120 mil<br />
contos). Teremos assim um acréscimo<br />
de investimento de 1031 mil contos.<br />
As amortizações foram calculadas<br />
considerando um tempo de vida médio<br />
de 40 anos para os edifícios e 8 anos<br />
para os equipamentos.<br />
Novo HDG:<br />
4409x0,025+1151 x0,125=254 100<br />
Actual HDG:<br />
1500X0,025+120XO,125 =52 500<br />
Há portanto que considerar um<br />
acréscimo de 201 600 contos de reintegrações<br />
em cada um dos 40 anos do<br />
p~ojecto.<br />
3 .3. Benefícios<br />
Muito embora tenha sido nossa<br />
preocupação constante ouvir os Directores<br />
de Serviço do HDG e diversos<br />
peritos médicos, foi neste ponto do<br />
trabalho que mais intensamente o fizémos,<br />
em reuniões, entrevistas ou usando<br />
técnicas de consenso de grupo.<br />
Começámos por discriminar os benefícios<br />
esperados do Novo HDG, serviço<br />
a serviço, tanto na óptica do<br />
doente como do Hospital. O ponto de<br />
partida foram obviamente as alterações<br />
a introduzir nos serviços Uá atrás<br />
definidas). O objectivo era dispor de<br />
uma lista tão completa quanto possível<br />
para depois, com a colaboração das<br />
entidades atrás referidas, seleccionar e<br />
hierarquizar os benefícios que se tentariam<br />
quantificar.<br />
A não existência de mercado hospitalar,<br />
com preços e concorrência interhospitais<br />
e com o sector privado, implicou<br />
o recurso à noção de custo de<br />
oportunidade (benefícios de produção)<br />
e a quantificação mínima através dos<br />
anos de trabalho ganhos.<br />
Tentou-se a quantificação apenas<br />
dos benefícios realmente significativos<br />
não considerando outros que embora<br />
de grande importância ·não se traduzem<br />
em benefícios quantificáveis (Intangíveis).<br />
A não consideração desse<br />
conjunto de benefícios, embora arrolados,<br />
e a relativa subvalorização que<br />
o método do capital humano implica<br />
(Campos, 1986) e a subavaliação do<br />
valor do trabalho justificam a conclusão<br />
de que os benefícios aqui quantificados<br />
devem ser considerados benefícios<br />
mínimos.<br />
3.3.1. Benefícios de produção<br />
A consideração destes benefícios resulta<br />
de se entender que a Comunidade<br />
tem à sua disposição produções idênticas<br />
a custos diferentes. Tomemos como<br />
exemplo uma consulta de Medicina<br />
Interna que custa em média nos<br />
HHDD 400 escudos, 360 no HDG e<br />
1200 no sector privado. O benefício<br />
que a Comunidade retira da sua produção<br />
no HDG corresponde ao que deixa<br />
de gastar (ganha) [400-360=40] pela<br />
melhor rentabilidade. Considerando o<br />
valor a pagar no sector privado o beneficio<br />
seria maior mas continuamos à<br />
procura de valores certos, ainda que<br />
«no mínimo». De igual modo para análises,<br />
radiografias, operações e doentes<br />
internados.<br />
Este raciocínio não é aplicável ao<br />
actual HDG dados os problemas de<br />
qualidade, diferenciação e eficácia que<br />
impedem a comparação da sua produção<br />
com a dos restantes HHDD. Com<br />
as dotações em pessoal e a estrutura<br />
orgânica previstas/ novo HDG terá<br />
produções com características idênticas<br />
ou até superiores à média, daí terse<br />
considerado como benefícios (perdas<br />
nalguns serviços) esse diferencial<br />
de custo unitário multiplicado pelo número<br />
de actos do serviço/especialidade<br />
em causa.<br />
Chegámos assim a um valor para este<br />
benefício de 347 mil contos que corrigimos<br />
pessimisticamente para 281<br />
mil, considerando possíveis deseconomias<br />
(1 O%) e melhorias nos HHD D<br />
(10%).<br />
3. 3. 2. Benefícios da reatracção<br />
de doentes<br />
Conhecendo-se o número mínimo de<br />
doentes da área de Guimarães que actualmente<br />
são tratados noutros hospitais<br />
- 2210 em HHCC e 1290 em<br />
HHDD - e tendo-se estimado o poder<br />
de atracção do novo HDG em 1070 e<br />
640 daqueles doentes respectivamente,<br />
calculou-se a redução de despesa<br />
de que a Comunidade iria beneficiar.<br />
Essa diferença provinha do menor<br />
custo hospitalar, da redução de despesas<br />
com as transferências e de visitas e<br />
acompanhantes e pela redução do número<br />
de dias de trabalho perdido -<br />
menor demora média para os doentes<br />
e tempo gasto por visitas e acompanhantes.<br />
Chegámos aqui a valores de<br />
46 540 e 4783 contos respectivamente<br />
para os doentes actualmente tratados<br />
em HHCC e HHDD.<br />
Do mesmo modo no que respeita os<br />
doentes tratados no sector privado<br />
(menos 1330), e tomando como diferença<br />
de custo um valor unanimemente<br />
considerado reduzido, chegamos a<br />
um benefício anual de 34 447 contos.<br />
Teremos assim em conclusão que a<br />
reatracção de doentes gera redução de<br />
despesas de 85 770 contos/ano, sem<br />
considerar os benefícios resultantes da<br />
reatracção de doentes da CE, URG e<br />
MCDT.<br />
3. 3. 3. Beneficias na saúde<br />
da comunidade<br />
3. 3. 3 .1 . Redução de mortalidade<br />
Analisámos apenas 4 causas de morte,<br />
precisamente aquelas onde se espera<br />
maior impacto, em termos de redução<br />
de mortalidade, com o novo HDG:<br />
mortalidade infantil, por acidentes,<br />
doenças crónicas do fígado e cirrose e<br />
sintomas de sinais mórbidos mal definidos.<br />
Na mortalidade infantil previu-se<br />
uma forte descida nos primeiros anos<br />
seguida de uma quase estabilização. O<br />
alto valor que a taxa aqui assume<br />
(21, 7 % ) permite uma redução importante<br />
no número de mortes - 74,72<br />
mortes evitadas por ano, em média.<br />
Mesmo tomando um valor baixo para<br />
· o salário médio e considerando que só<br />
passados 15 anos se obtêm valores de<br />
trabalho ganho (e descontando os previsivelmente<br />
não activos, taxa actual)<br />
chegamos a. um benefício total de 17 5<br />
mil contos a preços de 1986.<br />
Considerando valores mínimos nas<br />
reduções de mortalidades por acidentes<br />
(-5 % ) , por doenças de fígado<br />
( -11 % ) e por sintomas e sinais mal definidos<br />
(-4 % ) chegamos a um benefício<br />
anual de 110 785 contos por ano.<br />
3. 3. 3. 2. Redução de morbilidade<br />
Na falta de valores para este indicador<br />
considerámos o número global de<br />
dias perdidos por doença e estimámos<br />
um ganho de apenas 5 % , derivado à<br />
entrada em funcionamento do novo<br />
HDG. O benefício daí resultante cifrase<br />
em 55 mil dias de trabalhos ganhos,<br />
ou seja, 110 500 contos por ano.<br />
3. 3. 3. 3. Redução de incapacitados<br />
Dado o número mínimo de incapacitados<br />
existentes na região e a opinião<br />
de peritos médicos de neonatologia e<br />
psiquiatria, obtivemos valores de redução<br />
de despesa anual de 98 mil contos<br />
- foram considerados nos cálculos<br />
apenas os deficientes médios e graves.<br />
3. 3. 4 Outros benefícios<br />
De entre o conjunto de benefícios<br />
não quantificados 4 assumem um relevo<br />
especial: o valor do trabalho possível<br />
pela redução de incapacidades, a<br />
produção acrescida e de maior qualidade<br />
nos HHCC do Porto; o valor residual<br />
do edifício e do equipamento do<br />
novo HDG (muito superior ao valor<br />
residual do actual HDG) e o efeito<br />
multiplicador das despesas correntes.<br />
Estimativas feitas para este último<br />
apontavam para um valor limite de 1,6<br />
o que significa que a injecção anual de<br />
mais 600 mil contos gera despesas internas<br />
da ordem dos 960 mil contos,<br />
podendo assumir localmente alguma<br />
importância no volume de despesa/produção/<br />
emprego.<br />
-3.4. Limitações da metodologia utilizada<br />
3. 4.1. Decorrentes da informação disponível<br />
A informação disponível, para o<br />
HDG e diferentes HH, diz respeito<br />
apenas aos doentes internados ou saídos<br />
e não tratados/curados, o que nos<br />
levou a tomar como indicador o número<br />
de DS. Este indicador pode esconder<br />
uma alta taxa de insucessos que<br />
poderia ser avaliado pela taxa de mortalidade<br />
hospitalar, pelo número de .<br />
reinternamentos, pelo número de<br />
doentes piorados ou saídos no mesmo<br />
estado e pela percentagem de transferências<br />
para outros HH (públicos e<br />
privados). A inexistência, ou pouca<br />
fiabilidade, dessa informação<br />
impediu-nos de quantificar o grau de<br />
eficácia do actual HDG.<br />
A inexistência de valores relativos à<br />
frequência hospitalar no sector privado<br />
obrigou-nos a estimar o seu valor.<br />
Do mesmo modo quanto aos valores<br />
de morbilidade.<br />
No que respeita aos custos foi feita<br />
uma estimativa das despesas pessoais<br />
relacionadas com a transferência de<br />
doentes para outros HH - acompanhantes<br />
e visitas. As despesas com o<br />
transporte do doente foram contabilizadas<br />
a valores reais que calculamos<br />
corrigindo o preço praticado pelas<br />
Corporações de Bombeiros - preço<br />
sombra, modificado pela não consideração<br />
dos diversos subsídios recebidos<br />
por essas Corporações.<br />
O valor tomado para o salário médio<br />
(500 contos) foi considerado razoável<br />
por diversos especialistas contactados.<br />
Admitimos que a taxa de não activos<br />
será idêntica à de 1981 (ano mais recente<br />
de que dispomos informação).<br />
Nessa taxa não é considerada a existência<br />
de economia paralela, trabalho<br />
infantil e realizado por maiores de 65<br />
anos (cuja existência e relevância é<br />
unanimemente reconhecida na região).<br />
Pressupõe-se que os custos e benefícios<br />
não vão variar significativamente<br />
ao longo do tempo e em termos reais,<br />
pelo que se tomaram como sendo<br />
constantes nos 40 anos do projecto -<br />
período que considerámos razoável<br />
para este tipo de investimento, em<br />
intra-estruturas básicas.<br />
3. 4. 2. Do cálculo de benefícios<br />
U sarnas para a quantificação dos benefícios<br />
o método do capital humano<br />
que valoriza a vida apenas em termos<br />
do número de anos de trabalho ganho.<br />
Tendo grande vantagem pela sua operacionalidade<br />
apontam-se-lhe, no entanto,<br />
as críticas seguintes: valorizar<br />
mais a população activa (homens/adultos<br />
-<br />
empregados, saudáveis) e «medir<br />
não o valor da vida mas sim o do<br />
mercado de sobrevivência» (Drumond,<br />
1981). Parece pacífico que esta<br />
teoria conduz a valores inferiores aos<br />
das restantes (valor do risco evitado e<br />
valores implícitos nas decisões societais)<br />
o que implica considerar como<br />
mínimos os benefícios aqui encontrados.<br />
Não incluímos diversos benefícios<br />
ainda importantes (ver 3 .4) nem outros<br />
originados por este tipo de investimento.<br />
Dentre estes encontramos os ligados<br />
a valores intangíveis (dor/desconforto/medo,<br />
maior qualidade de vida<br />
do doente e familiares) que resultarão 1 29
_______ HôiPiiruü<br />
30<br />
menta para as possibilidades do<br />
ambulatório e SDCT.<br />
Explicada que foi a sua razão de ser,<br />
resta a interrogação se, mesmo na áre
HosPITALA·n ______ _<br />
32 1<br />
profundas remodelações de serviços<br />
(internamento e outros) pelo<br />
mesmo motivo.<br />
- Só com o investimento permanente<br />
das reintegrações o hospital pode<br />
responder com qualidade e eficácia<br />
à evolução das necessidades de ·população<br />
que serve. No nosso proj<br />
ecto não o fazer seria tornar o novo<br />
HDG não comparável à média<br />
dos HHDD em eficácia/qualidade<br />
perdendo-se os «benefícios da produção»<br />
(ver 3. 3 .1.).<br />
Considerar que as amortizações<br />
são anualmente investidas nos 40<br />
anos do projecto - ao contrário<br />
das tradicionais análises de projectos<br />
- conduz, no entanto, aos seguintes<br />
resultados (dado trabalharmos<br />
com preços constantes):<br />
- O valor final do imobilizado é<br />
idêntico ao inicial (dado que foi<br />
substituído ano a ano).<br />
- Os ga,stos em investimentos vêm<br />
sobrevalorizados dado considerarse<br />
o dispêndio anual e não em prazo<br />
fixo (passados anos) .<br />
Em conclusão diríamos que foram<br />
sobrevalorizados os gastos de investimento<br />
de substituição e que o valor residual<br />
final do actual hospital será<br />
1620 milhares de contos e do novo de<br />
5560 - 230 e 790 mil se actualizarmos<br />
para 1986. Um e outro destes aspectos<br />
(não considerados na análise)<br />
vêm reforçar a consideração que ovalor<br />
líquido dos benefícios seria ainda<br />
maior e que o projecto é realmente<br />
justificável.<br />
Nome<br />
Porquê análise custo benefício para<br />
um hospital<br />
Portugal necessita de modificar radicalmente<br />
as suas infra-estruturas -<br />
sem o que o esforço de modernização/<br />
desenvolvimento será estrangulado<br />
a prazo. Esse investimento é igualmente<br />
essencial na educação, na saúde<br />
e outras infra-estruturas não produtivas<br />
como o é nas directamente produtivas.<br />
É relativamente fácil preterir os<br />
investimentos que visam apenas melhorar<br />
a vida individual e colectiva e<br />
aumentar o potencial produtivo da população,<br />
optando por investimentos<br />
produtivos/ligados à esfera produtiva<br />
ou que visem a satisfação de grupos<br />
especiais de poder.<br />
O investimento em hospitais origina<br />
benefícios apenas no longo prazo (e dificilmente<br />
quantificáveis) o que é outra<br />
razão para ser ultrapassado, em termos<br />
de política nacional, por outros<br />
com resultados de menor prazo (recuperação<br />
via emprego/produção/rendimento)<br />
ou menos exigentes individualmente<br />
em capital investido.<br />
Nesta perspectiva é importante demonstrar<br />
que não é errado investir em<br />
hospitais em 1988, em Portugal, dada<br />
a reduzida capacidade instalada em·camas<br />
(metade da europeia) e a inadequação<br />
que vigora em diversas regiões<br />
do país.<br />
Propriedade da<br />
Associação Portuguesa de Administradores <strong>Hospitalar</strong>es<br />
Por outro lado essa carência não pode<br />
justificar o investimento pelo investimento<br />
que poderá dar origem a «elefantes<br />
brancos». Ainda obriga a analisar<br />
cada caso concreto, estudar a sua<br />
dimensão e estrutura orgânica, os seus<br />
efeitos sobre a restante capacidade<br />
(pública ou privada) já existente, e verificar<br />
se é realmente a melhor e mais<br />
premente alternativa, determinar o volume<br />
de meios necessários.<br />
Julgamos assim que demonstrando,<br />
numa perspectiva de economia de saúde,<br />
que um hospital é rentável mesmo<br />
tomando benefícios mínimos, estaremos<br />
a combater visões «economicistas»<br />
que apontam apenas para proveitos<br />
e custos monetarizáveis num prazo<br />
reduzido.•<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
CAMPOS, A.C.; COSTA, c.; RAMOS, F.; PA:<br />
DRÃO, L.; CORTÊS, M.F.; ROQUE, M. ; GI<br />
RAWES, M.R. ; CARVALHO, R.; A Combinação<br />
Público - Privada em Saúde: Privilégios,<br />
Estigmas e Ineficiência, ENSP, .Obras Avulsas<br />
n. 0 5, Lisboa 1987.<br />
CAMPOS, A. C. : Avaliação Económica de Programas<br />
de Saúde, ENSP, Lisboa 1986.<br />
CABRAL, N. e ABECASSIS, F.: Análise Económica<br />
e Financeira de Projectos, Lisboa 1982.<br />
CUUIS, J.G. e PETER, W.: Introduction à la<br />
Economia de la Salud.<br />
CULYER, A. J. e MAYNARD, A.K.: Cost<br />
Efectiveness of Duodenal Ulcer Treatment,<br />
Univ. of York, U. K.<br />
DEPS: Elementos Estatísticos - Saúde 85,<br />
Lisboa.<br />
H.M. TREASURY: Investiment Appraisal in<br />
the Public Sector, U.K. 1982.<br />
BOLETIM DE ASSINATURA<br />
_______________ Código Postal ________ Localidade ___________ _<br />
Agradeço que me considerem assinante da Revista ~GESTÃO HOSPITAIAR», a partir do número _ _ _ _<br />
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...<br />
José Marques Serralheiro*<br />
* Administrador <strong>Hospitalar</strong> - Centro <strong>Hospitalar</strong> das<br />
Caldas da Rainha<br />
O Bloco Operatório é uma unidade funcional que consiste em um ou mais espaços<br />
operatórios - salas ou suítes - ligados a zonas de apoio concebidas para uso comum.<br />
Uma suíte compreende uma sala de operações e as suas áreas exclusivas de apoio.<br />
Durante os últimos 100 anos a cirurgia, devido a novas técnicas de assepsia e anestesia,<br />
desenvolveu-se de tal forma que deixou de ser simplesmente uma arte, para se tornar uma<br />
ciência dependente de uma complexa articulação de meios técnicos, materiais e humanos.<br />
O sucesso da intervenção, cujo significado se pode traduzir no alívio da dor do doente, na<br />
manutenção ou estabelecimento do normal f uncionamento do organismo ou na eliminação<br />
de uma ameaça de vida, depende não só da capacidade técnica do cirurgião e da sua equipa,<br />
como também de uma af ectação de recursos que um bom planeamento torna possível.<br />
A terapêutica cirúrgica está dependente<br />
da articulação funcional de 4 sistemas<br />
(1): o sistema de apoio (instalações<br />
e equipamentos); o sistema de actividades<br />
(circuito de pessoas e materiais);<br />
o sistema de informação e comunicação<br />
e o sistema de administração<br />
e gestão.<br />
A importância do Bloco Operatório<br />
resulta, não só da crescente procura e<br />
grande movimento de doentes, como<br />
também dos avultdos recursos canalizados<br />
para as suas despesas de exploração,<br />
que nos E.U.A. representam<br />
5 % a 7 % do orçamento do Hospital:<br />
60% gastos com pessoal e 35 % em<br />
bens de consumo (2).<br />
Em Portugal, nos Hospitais, as despesas<br />
de explc~ração do B.O. representam<br />
valores que se situam na ordem<br />
dos 7 % do orçamento global do Hospital.<br />
Estes factores fazem do Bloco um<br />
dos serviços mais estudados por especialistas<br />
em organizações e planeamento<br />
hospitalar .<br />
O desenvolvimento de determinadas<br />
técnicas: de assepsia e de anestesia, da<br />
quimioterapia, do uso do laser médico,<br />
da criocirurgia, do uso de cápsulas<br />
radioactivas, entre outras, fazem prever<br />
uma grande alteração do tipo de cirurgia<br />
que se praticará futuramente.<br />
Haverá aumento de: transplantações,<br />
de cirurgia geriátrica, de microcirurgia<br />
e uma queda tendencial do recurso<br />
à incisão (3).<br />
Toda esta evolução implica que cada<br />
vez mais o Hospital se torne um complexo<br />
meio técnico em crescente sofisticação.<br />
Assim sendo, torna-se necessário uma<br />
flexibilidade crescente do seu «layout»<br />
e design que garanta uma adequação<br />
constante às novas tecnologias.<br />
2 ~ A IMPORTÂNCIA<br />
DAS INSTALAÇÕES<br />
2.1. Planeamento<br />
A evolução da concepção física e organizacional<br />
do Bloco Operatório tem<br />
prosseguido objectivos de eficiência,<br />
segurança e conforto. Pretende-se o<br />
controlo das infecções e a melhoria<br />
das condições de trabalho ( 4).<br />
O planeamento é realizado numa<br />
perspectiva futura e deve, por isso,<br />
considerar a situação presente e as<br />
perspectivas de evolução das técnicas<br />
cirúrgicas e de todas as outras que lhe<br />
estão ligadas (diagnóstico, assepsia,<br />
antEstesia e quimioterapia, etc.).<br />
E por esta razão que assume especial<br />
importância a ideia de planeamento<br />
aberto (5), pois permitirá, em caso de<br />
necessária expansão, a construção de<br />
áreas adicionais. Existe, assim, uma<br />
desejada flexibilidade de estrutura física,<br />
não fazendo depender a capacidade<br />
de utilização apenas da reorganização<br />
do processo de trabalho.<br />
Um programa de um Bloco Operatório<br />
implica a tomada de determinadas<br />
decisões ( 6):<br />
1. Número de salas de operações<br />
necessárias. 1 33
----------' HõsP'1fÃiifi<br />
2. Localização do Bloco Operatório<br />
no Hospital.<br />
3. Organização funcional do Serviço.<br />
4. Áreas de apoio necessárias.<br />
5. Condições ambientais e as instalações<br />
técnicas especiais necessárias.<br />
6. Sistema de gestão e estimativa do<br />
número e tipo de pessoal necessário.<br />
7. Necessidades correntes de equipamento<br />
e seu desenvolvimento<br />
futuro.<br />
2.2. O Número de Salas<br />
O número de salas depende do volume<br />
de cirurgia a realizar e este é diferente<br />
de país para país, não dependendo<br />
exclusivamente de critérios técnicos,<br />
mas também de factores socioeconómicos,<br />
organizacionais, filosóficos ,<br />
geográficos e demográficos (7).<br />
Na decisão do número de salas devem<br />
considerar-se: o volume e tipo de<br />
cirurgia a efectuar, a capacidade de internamento,<br />
bem como as suas formas<br />
34 1 Bloco operatório<br />
alternativas, o padrão de intervenções<br />
por sala/dia útil, a frequência da urgência<br />
cirúrgica e o grau de centralização<br />
desejado.<br />
O planeamento Inglês considera<br />
uma sala por cada 40 camas (8) .<br />
Nos EU A programa-se uma sala por<br />
cada 25 camas cirúrgicas (9).<br />
Para Laufman (7) o número de salas<br />
deve ser 5 % do número de camas cirúrgicas.<br />
Em Portugal os programas hospitalares<br />
baseam-se numa sala por cada 50<br />
camas cirúrgicas (11).<br />
Existem regras práticas para a fixação<br />
do número de Salas de Operações<br />
conjugando os seguintes parâmetros:<br />
- N. 0 de intervenções/ano;<br />
- N. 0 de camas cirúrgicas;<br />
- % de ocupação;<br />
-Dm;<br />
- N. 0 de dias úteis de trabalho;<br />
- N. 0 médio de horas de trabalho/dia<br />
útil;<br />
- Duração média da intervenção.<br />
FÓRMULAS DE CÁLCULO<br />
PUTSEP, Ervin (2), apresenta as seguintes<br />
fórmulas de cálculo, relacionadas<br />
com a actividade cirúrgica.<br />
Bx365 x P<br />
A)T=<br />
Lx100<br />
= Número de intervenções ano<br />
B -<br />
P -<br />
L -<br />
B) C=<br />
Número de camas cirúrgicas<br />
% de Ocupação<br />
Dm de Cirurgia<br />
DxH<br />
A<br />
= Capacidade Estimada da Sala de<br />
Operações<br />
D -<br />
H -<br />
A -<br />
Número de dias de trabalho<br />
Número médio de horas de trabalho<br />
por dia<br />
Duração média de intervenção<br />
T<br />
C)<br />
c<br />
= Número de Salas de Operações necessárias<br />
T -<br />
C -<br />
Número de Intervenções<br />
Capacidade Estimada da Sala de<br />
Operações<br />
Para o Serviço Nacional de Saúde<br />
do Reino Unido um Bloco Operatório<br />
funcional deve ter a dimensão mínima<br />
de 4 salas de operações ( 12).<br />
Todavia, a relação do número desalas<br />
com o número de camas cirúrgicas<br />
é hoje cada vez menos relevante.<br />
A queda tendencial da Dm, conduz a<br />
uma maior intensidade do uso do factor<br />
cama, por um lado, e por outro, o<br />
desenvolvimento da cirurgia em ambulatório<br />
aumenta a sua disponibilidade.<br />
De facto esta modalidade pode realizar<br />
30 % a 40 % do total da cirurgia<br />
realizada em Hospitais Gerais com<br />
poupança de 25 % de recursos nos<br />
Hospitais dos E.U.A. (1 3).<br />
2.3. Localização<br />
O Bloco Operatório deve ser localizado<br />
de forma a existir uma fácil e directa<br />
comunicação com as suas interligações<br />
funcionais principais - o internamento,<br />
urgência, U.C.I. , Rx, esterilização<br />
e serviço de sangue.<br />
A sua localização deve também ser<br />
independente do tráfego geral e movimentos<br />
de ar do resto do Hospital.<br />
Deve ainda a sua implantação ser de<br />
forma a permitir uma expansão das<br />
instalações e numa zona de fácil controlo<br />
de entradas e saídas.<br />
A centralização do Bloco Operatório<br />
é hoje facilmente aceite e representa<br />
um factor importante de poupança de<br />
recursos - instalações, equipamentos,<br />
pessoal e despesas de exploração.<br />
Mason (14) aponta algumas importantes<br />
vantagens da centralização dos<br />
Blocos Operatórios: ·<br />
- Maior flexibilidade no uso das<br />
salas;<br />
- Maior eficiência e mais altos níveis<br />
de utilização;<br />
- Economia de espaço, capital e<br />
custos de manutenção;<br />
- Economia no uso do pessoal de<br />
enfermagem.<br />
2.4. Concepção Básica e Projecto<br />
A capacidade de produção e organização<br />
funcional do Bloco Operatório<br />
está directamente ligada à sua concepção<br />
e design.<br />
O Ministério da Saúde do Reino<br />
Unido define como requisitos básicos<br />
do Bloco Operatório os seguintes (15):<br />
- As circulações de sujos e limpos<br />
devem ser independentes, (ver<br />
figura A);<br />
FIGURA A<br />
. DIAGRAMA DO CIRCULO DE DOENTE, PESSOAL E MATERIAIS NO BLOCO OPERATÓRIO<br />
'A' e 'B' mostram localizações alternativas para a área de ' transfer'<br />
•- CO-R-RE-DO_R_E_XT_E_R I-DR-<br />
VESTIÃRIOS DO PESSOAL<br />
SALA DO<br />
PESSOAL<br />
SUITES OP~RATDRIAS<br />
P-es_s_'ii-6" ;, l limpo<br />
ÃREA DE RECEPÇÃO<br />
(Salas de anestesia, Salas de operação e<br />
' respectivas ãr eas de apoio)<br />
CORREDOR<br />
DE SUJOS<br />
ÃREA DE<br />
RECOBRO<br />
Esteril i<br />
Central<br />
~ DOEtHES~ PESSOAL ~ MAT ERI AL lllllllllilii.. MATERIAL<br />
~ ~ L-..,/" LIMPO ....,... SUJO<br />
Baseado em: DEPARTMENT OF HEALTH. ANO SOCI AL SECURITY -<br />
WELSH OFFICE (Rei no Unido) . Hos~ital Building Note - n9 26<br />
O~ ra ting Department, 1967, p. 7<br />
- O Bloco Operatório deve ser independente<br />
do tráfego geral e<br />
dos movimentos de ar do resto<br />
do hospital;<br />
- O «layout>> do Bloco deve permitir<br />
uma contínua progressão desde<br />
a entrada para zonas cada vez<br />
mais assépticas;<br />
- O p essoa l de ve p ode r<br />
movimentar-se de uma área limpa<br />
para outra, sem ter de passar<br />
por zonas não protegidas;<br />
- Os sujos devem ser removidos<br />
sem passarem por zonas limpas;<br />
- As direcções do fluxo de ar devem<br />
ser de zonas limpas para zonas<br />
menos limpas;<br />
- O sistema de ar condicionado deve<br />
assegurar condições de segurança<br />
e conforto térmico para<br />
doentes e pessoal.<br />
A necessidade de definir correctamente<br />
os movimentos dentro do Bloco<br />
Operatório faz com que nele se considerem<br />
várias zonas.<br />
O Comité de Controlo de infecções<br />
cruzadas do Medical Research Councii<br />
do Reino Unido considera as seguintes<br />
zonas (16):<br />
Zona Protectora - englobando o corredor<br />
exterior, os vestiários para<br />
o pessoal e a zona de recepção e<br />
transfer;<br />
Unida e de<br />
Est erilização<br />
Bloco<br />
Zona Limpa - sala de anestesia, desinfecção<br />
de pessoal, corredor<br />
de limpos, área de recobro, sala<br />
para armazém de equipamentos;<br />
Zona Asséptica - inclui a sala de<br />
operações e a sala de material<br />
esterilizado;<br />
Zona Suja - arrecadações e corredor<br />
de sujos.<br />
3. GESTÃO E ORGANIZAÇÃO<br />
Se o rendimento do Bloco Operatório<br />
não é satisfatório, a responsabilidade<br />
da situação advém, sobretudo, de<br />
uma organização deficiente tanto deste<br />
subsistema como de todo o complexo<br />
hospitalar.<br />
Como serviço do Hospital o seu objectivo<br />
é prestar com eficácia e eficiência<br />
os tratamentos cirúrgicos que<br />
satisfaçam adequadamente as necessidades<br />
da procura.<br />
Para se conseguir um bom nível de<br />
produção é necessário um ambiente de<br />
trabalho que resulte num perfeito relacionamento<br />
entre médicos, enfermeiros<br />
e restante pessoal do Bloco e serviços<br />
interligados.<br />
Uma estrutura organizacional capaz<br />
de coordenar e dirigir todas as actividades<br />
desenvolvidas no Bloco Operatório<br />
é fundamental para que este de- 1 35
36 1<br />
sempenhe, de forma cabal, as tarefas<br />
que lhe cabem no complexo <strong>Hospitalar</strong>.<br />
O sistema funcional deve basear-se<br />
num regulamento interno a ser elaborado<br />
com colaboração do pessoal do<br />
Bloco e dos principais serviços que<br />
com ele se articulam.<br />
Este regulamento consubstancia-se<br />
na definição de: métodos de trabalho,<br />
deveres e responsabilidades do pessoal,<br />
métodos de programação, regime<br />
e horário de trabalho, técnicas de higiene,<br />
de assépsia e segurança, entre<br />
outras.<br />
Douglas, autor inglês, considera a<br />
enfermeira supervisora como elemento<br />
fundamental no Bloco Operatório;<br />
( 17) segundo ele as suas responsabilidades<br />
incluem: a gestão do pessoal de<br />
enfermagem, a organização do horário<br />
do funcionamento, a vigilância de métodos<br />
de assépsia - controlo das circulações<br />
do pessoal no Bloco, principal<br />
causa, para Douglas, de infecções<br />
cruzadas. A supervisora é membro da<br />
Comissão do Bloco que lhe serve de<br />
apoio e suporte e da qual fazem parte<br />
ainda um bacteriologista, um cirurgião,<br />
um anestesista e um administrador<br />
hospitalar.<br />
O americano Atkinson (18) propõe o<br />
«0.R. Unit Manager» como elo de ligação<br />
entre o médico e o pessoal de<br />
enfermagem, o qual deve articular o<br />
programa operatório com o serviço de<br />
admissão de doentes, banco de sangue,<br />
internamento, anestesia, anatomia<br />
patológica, radiologia e pessoal<br />
dos serviços auxiliares. Tem ainda.como<br />
responsabilidades o aproveitamento<br />
das potencialidades reais do pessoal<br />
médico e sobretudo de enfermagem,<br />
empenhando-o na realização de tarefas<br />
para as quais apontam a sua formação<br />
técnica. Esta realidade pode melhorar<br />
a qualidade da assistência pré e pósoperatória<br />
eliminando causas frequentes<br />
de insatisfação profissional e absentismo.<br />
Segundo Dor e Godeau (19) nos<br />
E. U .A. existe uma dependência ao nível<br />
dos departamentos; Cirurgia Geral;<br />
Especialidades Cirúrgicas; Anestesia;<br />
Cuidados de Enfermagem; Técnico<br />
e Administração. Estes estabelecem,<br />
entre eles, um programa comum,<br />
assente numa organização interfuncional,<br />
que os tomam em relação à estrutura<br />
orgânica europeia mais económicos<br />
e rac1ona1s.<br />
Este modelo organizacional permite<br />
uma coordenação fácil e pouco conflituosa<br />
e o programa e o horário são<br />
cumpridos taxativamente desde o topo<br />
até à base.<br />
A equipa cirúrgica é a base do processo<br />
de trabalho do Bloco Operatório,<br />
daí a importância das relações interpessoais,<br />
cujo clima depende dq<br />
modelo de organização existente.<br />
Segundo Douglas (20), a equipa cirúrgica<br />
básica deve ser constituída por<br />
um cirurgião, um ajudante, um anestesista,<br />
um enfermeiro instrumentista e<br />
um circulante.<br />
A função do sistema de gestão é adequar<br />
e continuamente redefinir os objectivos<br />
do serviço, apoiado por um<br />
modelo de informação eficaz e que envolva<br />
os intervenientes do processo,<br />
pois o sucesso do sistema depende<br />
mais destes, que simplesmente de técnicas<br />
ou modelos (21).<br />
Em Portugal compete ao director do<br />
Bloco Operatório organizar e coordenar<br />
a actividade deste serviço, garantindo<br />
a prestação de cuidados adequados<br />
e da melhor qualidade, compatível<br />
com os meios disponíveis.<br />
Poderá ainda existir uma Comissãao<br />
de Bloco, como órgão de apoio técnico<br />
ao director de Serviço, com representantes<br />
do pessoal médico e de enfermagem,<br />
à qual devem competir as seguintes<br />
funções:<br />
- Coordenar a programação da actividade<br />
do B.O.;<br />
- Decidir da atribuição dos períodos<br />
operatórios às especialidades;<br />
- Aprovar o regulamento interno<br />
de funcionamento que estabelece<br />
as normas referentes a toda a organização<br />
do processo operatóno;<br />
- Elaborar planos de acção trimestrais<br />
e anuais com base na definição<br />
de objectivos tendo em conta<br />
a informação estatística periódica<br />
e controlar a sua aplicação;<br />
- Procurar adequar os recursos disponíveis<br />
às necessidades, prosseguindo<br />
os objectivos de segurança,<br />
conforto e eficiência.<br />
O elemento responsável do sector de<br />
enfermagem do Bloco terá como principais<br />
funções:<br />
- Orientar, coordenar e avaliar o<br />
pessoal de enfermagem;<br />
- Promover e controlar a aplicação<br />
de métodos de assépsia;<br />
- Controlar o tráfego de pessoas e<br />
circuitos do B.O.;<br />
- Gerir as existências de equipamento<br />
em material;<br />
- Providenciar pelo correcto preenchimento<br />
do registo operatório;<br />
- Coordenar a articulação do Bloco<br />
com os serviços interligados.<br />
As tarefas administrativas de apoio<br />
ao Bloco Operatório serão da responsabilidade<br />
da secretária de piso de cirurgia<br />
que organizará o ficheiro da lista<br />
de espera, bem como o processo necessário<br />
ao planeamento operatório e à<br />
sua complexa articulação com os restantes<br />
serviços, principalmente com o<br />
internamento de cirurgia.<br />
Ao administrador hospitalar, na sua<br />
prática corrente de gestao , caberá incentivar<br />
a fixação de objectivos do serviço<br />
em termos quantitativos e qualitativos,<br />
elaborar e discutir a proposta<br />
anual do orçamento de exploração do<br />
serviço e participar no controlo da sua<br />
aplicação.<br />
Como gestor tem a responsabilidade<br />
de procurar, dentro de uma visão sistémica,<br />
articular os objectivos deste serviço<br />
com os objectivos gerais de instituição.<br />
3.1. Utilização e Rendimento<br />
A baixa utilização do Bloco Operatório,<br />
em muitos hospitais de diversos<br />
países, constitui uma grande preocupação<br />
de administradores, cirurgiões,<br />
enfermeiros e outros técnicos empenhados<br />
na procura da eficiência de tão<br />
importante e dispendioso serviço hospitalar.<br />
Variadas são as razões que mantêm<br />
esse sub-aproveitamento da capacidade<br />
instalada, daí resultando que instalações<br />
e equipamentos não apresentem<br />
a necessária rentabilidade.<br />
Para a não articulação funcional dos<br />
recursos (materiais e humanos), assim<br />
como para o reduzido período de utilização,<br />
é preciso encontrar explicações<br />
que não essencialmente técnicas mas<br />
de ordem social, política e económica<br />
(22) .<br />
No Reino Unido taxas de utilização<br />
superiores a 95 % considerarm-se geralmente<br />
altas e taxas inferiores a 80 %<br />
baixas (23). Neste país as taxas de utilização<br />
situam-se entre 67 % a 82 %<br />
(24).<br />
Nos E. U .A. a taxa de utilização é de<br />
45%, na Holanda de 30% a 40 % e na<br />
Suécia 30 % (25).<br />
Em Portugal, não há informação<br />
disponível, mas pensamos que na generalidade,<br />
se verificam baixas taxas<br />
de utilização dado que os Blocos Operatórios<br />
são na maioria dos hospitais<br />
somente utilizados no período da manhã<br />
para cirurgia programada.<br />
Taxa de utilização =<br />
_ Tempo Médio de Utilização/Dia Útil X 100<br />
- Tempo Máximo Disponível/Dia Util<br />
..<br />
Baseado no London, Morris -<br />
Know your O. R . Vacancy Rate to Improve<br />
Surgical Scheduling. «The Modern<br />
Hospital», vol. 103, n. 0 4, Oct.<br />
1964, p. 110.<br />
O Serviço Nacional de Saúde do<br />
Reino Unido considera como parâmetros<br />
de utilização - 8 horas - 250<br />
dias úteis - com utilização das manhãs<br />
e das tardes para cirurgia programada,<br />
com realização de 8 intervenções/<br />
sala/ dia útil, ou seja 2000 intervenções/sala/ano<br />
(26).<br />
Em Portugal consideram-se, na programação<br />
hospitalar, 8 horas de utilização<br />
diária com a realização de 5 intervenções/<br />
sala/ dia útil (27).<br />
A explicação para a diferença do padrão<br />
do número de intervenções/sala/dia<br />
útil entre Inglaterra e Portugal,<br />
resulta de no primeiro país se considerar<br />
como tempo «Standard» que decorre<br />
entre o início e o fim da intervenção,<br />
60 m e no segundo 90 m.<br />
Na Suécia este padrão é de 80 me,<br />
por isso, uma capacidade de produção<br />
1500 intervenções ano com 6 intervenções/sala/dia<br />
útil (28).<br />
A discrepância dos parâmetros rendimento<br />
destes países resulta dos diferentes<br />
modelos arquitectónicos, funcionais<br />
e organizacionais que existem<br />
em cada um deles.<br />
Alguns estudos consideram como<br />
principais razões explicativas de baixa<br />
utilização dos Blocos Operatórios as<br />
seguintes (29):<br />
- Deficiência da programação operatória;<br />
- Atraso de doentes pelas seguintes<br />
razões:<br />
a) Doentes não preparados convenientemente;<br />
b) processo incompleto;<br />
c) problemas de acompanhamento<br />
do pessoal.<br />
...:_ Atraso dos cirurgiões;<br />
- Problemas de pessoal; a falta de<br />
enfermeiros é, por vezes, causa<br />
de atrasos da programação;<br />
- Cancelamentos de última hora;<br />
- Falta de equipamentos e de bens<br />
de consumo;<br />
- Deficiente articulação com outros<br />
serviços, tais como o Rx e a<br />
. anatomia patológica.<br />
Para conhecer o nível de utilização<br />
do Bloco Operatório é necessário implementar<br />
uma ficha operatória do tipo<br />
do modelo apresentado na figura B.<br />
4. SISTEMAS DE PROGRAÇÃO<br />
A actividade do Bloco Operatório<br />
tem muita importância para os hospitais,<br />
não só porque é por tradição uma<br />
área de custos de exploração elevados<br />
e de baixa utilização, mas também por<br />
ser um serviço de grande interdependência<br />
funcional.<br />
Este serviço tem sido objecto de vários<br />
estudos e tentativas de implementação<br />
de novos métodos de programação<br />
capazes de conseguir níveis de<br />
rentabilidade compatíveis com o grande<br />
volume de recursos (instalações,<br />
equipamentos e pessoal) que lhes estão<br />
afectos.<br />
O planeamento operatório implica<br />
que grupos de doentes a operar sejam<br />
programados por todo o Hospital, dada<br />
a interfuncionalidade que se verifica<br />
neste complexo sistema sócio-<br />
, técnico aberto (30) (ver figura C).<br />
Uma programação eficiente precisa<br />
de conhecer ou definir os seguintes parâmetros<br />
de modo a articulá-los convenientemente<br />
(31):<br />
- Número total de camas disponíveis;<br />
- Número e categoria profissional<br />
do pessoal médico e de enfermagem;<br />
- Capacidade do Bloco Operatório;<br />
- Programa semanal de admissões<br />
a partir da lista de espera, baseado<br />
no tempo operatório previsto<br />
e na sua composição;<br />
- Taxa de urgência cirúrgica;<br />
- Dm no Hospital por cada tipo de<br />
doente e respectiva patologia cirúrgica<br />
associada;<br />
- Regras relativas à prioridade de<br />
admissão e alta;<br />
A OJUIIDADE<br />
SISTEMA SIMPLIFICADO DO MOVI MENTO DE DOENTES<br />
ADMI SSÕES URGENTES<br />
LI STA DE INSCR IÇ ~O<br />
- Estimativa do número de horas<br />
de c~idados de enfermagem necessários<br />
por dia e por doente.<br />
Existem várias técnicas de programação<br />
destes modelos simples até à<br />
simulação computorizada.<br />
Uma das principais dificuldades da<br />
aplicação de uma programação é a previsão<br />
do tempo de duração das intervenções.<br />
As melhores estimativas são<br />
as realizadas pelos cirurgiões oupor<br />
programadores cirúrgicos, que no entanto<br />
só revelam alguma precisão para<br />
intervenções de duração inferior a<br />
120 m (31).<br />
Assim, pensamos que a introdução<br />
do tempo operatório na proposta operatória<br />
do cirurgião será um bom elemento<br />
de programação se forem considerados<br />
os seguintes parâmetros;<br />
- As condições próprias do doente<br />
previamente conhecidas;<br />
- As características específicas do<br />
cirurgião ou interno responsável<br />
pela intervenção;<br />
- A técnica utilizada.<br />
Num hospital geral cerca de 80 %<br />
das intervenções decorrem entre períodos<br />
inferiores a 120 m. Portanto, os<br />
casos de maior imprevisibilidade são<br />
pouco frequentes e terão tratamentos<br />
de excepção.<br />
Convém, contudo, sublinhar que,<br />
dadas as características dos actos cirúrgicos,<br />
há factores de imprevisibilidade<br />
que se mantêm, sendo impossível<br />
eliminá-los na totalidade.<br />
A outra dificuldade relevante é a<br />
CONSULTA<br />
EXTERNA<br />
CAMAS<br />
LISTA DE ESPERA<br />
Baseado em: Pat ients, Hospi tals and Operati onal Resarch, London<br />
TavistocK Publ1cat1ons, 1971, p. 3<br />
INTERNAMENTO<br />
-- ....<br />
'<br />
1<br />
1<br />
1<br />
1<br />
1<br />
1 37
_<br />
__,___,<br />
38 1<br />
Fi g . 8<br />
CENTRO HOSPITALAR DE CALDAS DA RAINHA<br />
HOSPITAL DISTRITAL<br />
BLO CO REGISTO N.• DE ORDEM/ MES<br />
OPEf
40<br />
4.3. Programação com ~estrições<br />
Múltiplas<br />
Uma perfeita coordenação da procura<br />
dos serviços hospitalares pelos<br />
doentes de cirurgia e dos níveis de recursos<br />
afectados - camas, salas de<br />
operação, pessoal médico e de enfermagem,<br />
tem como resultado uma melhoria<br />
da eficiência da actividade do<br />
Bloco Operatório.<br />
Um adequado sistema compreensivo,<br />
permite a rentabilidade de prestação<br />
de cuidados do hospital.<br />
O objectivo deste modelo de programação<br />
é analisar as implicações da actividade<br />
operatória, tanto na procura<br />
dos serviços a montante como a jusante,<br />
conseguindo assim uma afectação<br />
optirnizada dos recursos, evitando-se<br />
estrangulamentos. Hancock (38) considera<br />
um sistem(;l de admissão e controlo<br />
constituído por um conjunto de<br />
regras para controlar o fluxo de doentes<br />
dentro e através do hospital com o<br />
objectivo de: maximizar a % de ocupação,<br />
diminuir o número de cancelamentos<br />
de intervenções e o número de<br />
urgências não recebidas e aumentar o<br />
número de doentes programados.<br />
O modelo Finarelli (39) pretende<br />
rentabilizar a utilização das camas cirúrgicas,<br />
do pessoal médico e de 1,enfermagem<br />
considerando as seguintes<br />
restrições: a utilização do Bloco Operatório<br />
e o tempo extraordinário e/ou<br />
cancelamentos associados com a sala<br />
de operações. Escolhe a data de admissão<br />
baseado na previsão da dem.ora<br />
média, na capacidade do internamento,<br />
na previsão da duração da int~rvenção<br />
e na capacidade operatória do<br />
B.O.<br />
S. CONCLUSÃO<br />
A máxima eficiência dos Blocos<br />
Operatórios só se verifica se neles<br />
existir uma afectação óptima de recursos;<br />
número necessário de salas de<br />
operações, instalações de apoio adequadas<br />
e quantidades de pessoal médico,<br />
de enfermagem e auxiliar ajustadas<br />
à organização funcional do trabalho.<br />
O modelo de organização, gestão e<br />
planeamento da actividade cirúrgica<br />
contribuem de forma determinante para<br />
os níveis de rendimento dos Blocos<br />
Operatórios. De facto, sem uma dinâmica<br />
impulsionadora, os recursos de<br />
produção ficam no seu estado simples<br />
d~ recursos e não se tomam de produçao.<br />
1<br />
Só um modelo de gestão por objectivos<br />
em que estes sejam continuamente<br />
redefinidos e adequados à realidade do<br />
momento de forma a ajustarem-se os<br />
recursos disponíveis às necessidades<br />
da procura, conduz à eficiência dos<br />
Blocos Operatórios.<br />
Defendemos pois, o estabelecimento<br />
de objectivos do serviço já que se estes<br />
não existirem, prevalecerão os individuais<br />
na condução do processo de decisão.<br />
Estes, devem ser definidos de forma<br />
participada empenhando os intervenientes,<br />
o que conduzirá à responsabi<br />
. lização dos mesmos e à melhoria dos<br />
resultados.<br />
Qualquer que seja o Sistema de <strong>Gestão</strong><br />
implementado, deve garantir um<br />
espírito do serviço e um relacionamento<br />
humano que conduza a níveis de satisfação<br />
profissional e a um clima de<br />
motivação, necessários à prossecução<br />
dos objectivos definidos .•<br />
(13) PUTSEP, Ervin - in obra referida na nota<br />
(2), pág. 235 .<br />
(14) BRITISH OPERATING THEATRES - British<br />
Health Care and Tecnology, London,<br />
British Hospital Journal - Hospital International,<br />
1972, pág. 7.<br />
(15) DEPARTMENT OF HEALTH ANOSO<br />
CIAL SECURITY - WELSH OFFICE,<br />
(Reino Unido) Hospital Building Note -<br />
n. 0 26, Operating Departement. Departement<br />
of Health and Social Security,<br />
Welsh Office. 1967, pág. 5.<br />
(16) Citado por MICKO, Emanuel; DELRUE,<br />
Jan - in obra referida na nota (4) pág.<br />
192.<br />
(17) DOUGLAS, D.M. - Surgical Departments<br />
in Hospitals. The Surgeon 's View,<br />
London, Butterworhts, 1972, pág. 126.<br />
(18) ATKINSON, R.N. -0.R. UnitManager .<br />
«Hospitals, J.A.H.A ..., vol. 44, n. ° Fev.,<br />
1970, pág. 105.<br />
(19) DOR, J.; GODEAU, M. - Le Bloc Operato<br />
ire dna s L 'Hôpital MOdern<br />
Realization Aux U.S.A. «Gestion Hospitalieres»,<br />
n. 0 93 Fev. 1970, pág. 156.<br />
(20) DOUGLAS, D.M. - ver obra referida na<br />
nota (17) p. 126.<br />
(21) ALLGAYER, Cláudio J. - Modelo Gerencial<br />
do Hospital Materno Infantil Presidente<br />
Vargas, «<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>», n. 0<br />
5, Ano 2, Janeiro/Março 1984, pág. 33. ·<br />
(22) STINSON, R.N. - O.R. Technicians -<br />
part 2, «Hospitals J.A.H.A.», vol. 44, n. 0<br />
22, Oct. 16, 1970, pág. 69.<br />
(1) LAUFMAN, Harold - O. R. Systems as (23) PUTSEP, Ervin - in obra referida na nota<br />
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(2) PUTSEP, Ervin - Planning of Surgical obra citadana nota (15), pág. 7<br />
Centers, 2 ed., London, Lloyd-Luke (Me- (25) PUTSEP, Ervin - ver obra referida na nodical<br />
Books) LTD, 1978, pág. 235 e pág. ta (23) pág. 522.<br />
521.<br />
(3) WHEELER, E. Tood - Hospital Disign<br />
(26) CAETANO, Eduardo -<br />
(27) CAETANO, Eduardo -<br />
ibidem nota (11).<br />
ibiden nota (11).<br />
and Function, New York, San Francisco, (28) PUTSEP, Ervin - in obra referida na nota<br />
Toronto, London, McGraw-Hill Book (24) pág. 523.<br />
Company, 1964, pág. 133. (29) BRITISH OPERATING THEATRES - ver<br />
(4) MIKHO, Emanuel; DELRUE, Jan - De- obra referida na nota (15) pag. 7.<br />
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(5) PETRIE, Pamela - Operating Depart- vistock Publications Limitde, 1971, pág.<br />
ment Planning in United Kingdon. Inter- 131.<br />
national Nursing Review», vol. 17, n.º 1, (3 1) LUCK, G. M.; LUCKMAN J.; SMITH B.<br />
1970, pág. 57.<br />
(6) PETRIE, Pamela -<br />
.<br />
in obra referida no n. 0 W.; STRINGERS. -<br />
nota (30).<br />
ver obra referida na<br />
5, pág. 54. (32) DENBO R. W.; KUBIC F. T. - citados<br />
(7) BUNKER, John P. - Surgical Manpower por MARGELEIN, James A.; MARTIN<br />
- A Comparison of Operations and Sur- James B. - Surgical Demand Schedugeons<br />
in United States and in England and ling: A Review «Health Services Re-<br />
Wales, «The New England Journal ofMe- search», vol. 13, n. 0 4, Winter, 1978,<br />
dicine», vol. 282, n. 0 3, Janeiro 1970, pag. ' 429 .<br />
pág. 136. (33) STIMSON, D. H.; STIMSON, R. H. -<br />
(8) PETRIE, Pamela - in obra referida no n. 0 citados in obra referida na nota (32), pág.<br />
5, pág. 55. 431.<br />
(9) LLEWELYN-DAVIES, R.; MACAU- (34) MARGELEIN, James A.; MARTIN, Ja-<br />
LAY, H.M.C. - Organization et Admi- mes B. - ver obra referida na nota (32),<br />
nistration des Hôipitaux. Geneve, OMS, pag. ' 420 .<br />
1969, pág. 167. (35) FISHER, W . C. - citado in obra referida<br />
(10) LAUFMAN, Harold - What's Wrong na nota (32), pág. 420.<br />
with our Operating Rooms? «The Ameri- (36) STEWART, J. T. - citado in obra referican<br />
Journal of Surgery», vol. 122, Sept. da na nota (32), pág. 421.<br />
1971, pág. 334. (37) RINDE, A.; BLAKELY, T. - citado in<br />
(1 1) CAETANO, Eduardo - Elementos reco- obra referida na nota (32) pág. 422.<br />
lhidos nas sessões da Cadeir de4 nsta:Ja ~z CJ et al. - citado in obra referições<br />
e Equipamentos Hosp Yl.. N AC O a · ta 32) , pag. ' 423 .<br />
C.A.H. na ENSP, 1984. mARELL, H. - citado in obra referida<br />
(12) DEPARTMENT OF HEALT~:t.Lll.J...1-J''-'=-----nanota'i3 pág. 425.<br />
CIAL SECURlTY - WEL H OFFICE, SERRALH RO, J. Marques - Estudo<br />
(Reino Unido). Hospital BuiUfing Note - para a efic1 ncia do Bloco Operatório do<br />
n. 0 26. Operating Departm nt. Depart- H . D . da s a ld as d a R azn · h a. E . N . S . P .,<br />
ment of Health and Soei Security, Curso de drninistração <strong>Hospitalar</strong>,<br />
Welsh Office, 1967, pág. 3. 1986.<br />
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