Gestão Hospitalar N.º21 1990
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Revista da Associação Portuguesa<br />
de Administradores <strong>Hospitalar</strong>es<br />
GE _STÃC<br />
Membro da Associação Europeia<br />
de Directores <strong>Hospitalar</strong>es<br />
ISSN: 0871 - 0776 N.t 21 ·ANO VI ·OUTUBRO/DEZEMBRO· 500$00<br />
SUMÁRIO<br />
Editorial 2<br />
Custos <strong>Hospitalar</strong>es e Inflacção 3<br />
Juntos,<br />
servimos a VIDA<br />
A Administração e a Viabilidade do Hospital 7<br />
Indicadores de Consultas Externas <strong>Hospitalar</strong>es 13<br />
Reestruturação Dietética do Centro <strong>Hospitalar</strong><br />
das Caldas e suas consequências financeiras 18<br />
bioMérieux<br />
Portuguesa<br />
~<br />
1<br />
DIRECTOR<br />
Artur Morais Vaz<br />
Colaboram neste número<br />
Jorge Varanda<br />
Rui Janeiro da Costa<br />
Paulo Salgado<br />
Pedro Lopes Ferreira<br />
A. Dias Alves<br />
José Marques Serralheiro<br />
ADMINISTRAÇÃO,<br />
PUBLICIDADE<br />
E ASSINATURAS<br />
MTF - GABINETE DE PUBLICIDADE, Lda.<br />
RUA MARIA, 49 - 2. 0 Esq.<br />
1100 LISBOA<br />
Telefone 814 44 95 - 814 02 32 - 815 16 11<br />
Fax 83 28 48<br />
FOTOCOMPOSIÇÃO, MONTAGEM<br />
E SELECÇÕES DE COR<br />
INFORMA, ARTES GRÁFICAS, Lda.<br />
RUA MARIA, 48 r/c<br />
1100 LISBOA<br />
Telefone 815 06 53/4<br />
IMPRESSÃO E ACABAMENTO<br />
ROLO & FILHOS - Artes Gráficas, Lda.<br />
2640 MAFRA<br />
Telefone 52 483 I 52 196<br />
PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL<br />
TIRAGEM<br />
5000 exemplares<br />
DEPÓSITO LEGAL N. 0 41825/90<br />
Desenvolvimento e testes dos modelos<br />
Bayesiano e Mau para prevenir e explicar<br />
o sucesso da Implementação<br />
NORMAS EDITORIAIS<br />
1 1 A Revista aceita trabalhos sobre qualquer assunto relacionado com o tema geral da gestão<br />
de serviços de saúde entendida esta no seu mais amplo. .<br />
2 1 Os artigos deverão ser enviados ao Director. A este caberá a responsabilidade de aceitar,<br />
rejeitar ou propor modificações.<br />
3 1 Os artigos deverã~ ser enviados em duplicado (incluindo quadros e figuras), dactilografados<br />
a duas entrelmhas em folhas de formato A4. Em cada folha não deverão ser dactilografadas<br />
mais de 35 linhas. As folhas serão numeradas em ordem sequencial.<br />
4 1 c;>s artigos deverão ser acompanhados, sempre que possível, por fotografia do(s) autor(es),<br />
tipo passe.<br />
5 1 Os trabalhos deverão conter em folhas separadas o seguinte:<br />
a) Título do trabalho, nome(s) do(s) autor(es) e pequeno esboço curriculardo(s) autor(es), principais<br />
funções ou títulos, até ao máximo de dois;<br />
b) Pequena introdução ao artigo até máximo de uma página dactilografada;<br />
c) O texto;<br />
d) Quadros com títulos e legendas (folhas autónomas);<br />
e) Gráficos desenhados a traço de tinta-da-china sobre papel vegetal sem números ou palavras;<br />
f) Títulos, l~gendas ou elementos dos gráficos escritos em folhas de fotoc6pias destes, à parte;<br />
g) Fotografias numeradas no verso, a lápis, segundo a ordem de entrada no texto e respectivas<br />
legendas;<br />
h) Pequenos resumos do artigo em língua francesa e inglesa, incluindo títulos;<br />
i) Os originais não deverão conter pés-de-página. Todas as referências bibliográficas completas<br />
serão insertas no final do artigo.<br />
6 1 Nas .referên~i~s. ~ibliográficas, os .autores são colocados por ord nf~aBé~cJ"t~:f~ -"' L De<br />
se~1do das m1c1a1s do nome), seguindo-se o título completo do arti , o títÜlo l~vi'iàOOtlâ ~<br />
Revista, o número do volume, os núm~ros da primeira e última p nas e o trio da publicação.<br />
;-;::::::"> \<br />
32<br />
\~~~~<br />
O Editorial e os Artigos não assinados são da responsabilidade da recção da Associação.<br />
Os Artigos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus auto , não comprometendo<br />
a Associação com os pontos de vista neles expressos. Embora merecend a melhor atenção, a colaboração<br />
não solicitado não será devolvida, reservando-se o direito CJJ!'oa-p4ilial~lô.Qlll-A~--L-L.-1<br />
BIBL IO TECA
HôsPiiÃiii<br />
HôsPíTÃtlfi<br />
•<br />
l ~<br />
""\ /<br />
'l<br />
'<br />
o 11_, _\_<br />
Á<br />
2 1<br />
... Que a ânsia de liberdade e democracia que se vive agora por todo o mundo não nos<br />
faça esquecer, aqui, as graves assimetrias de rendimentos dos porlugueses, as preocupantes<br />
desigualdades de acesso a bens essenciais como a saúde, as bolsas de ausênsia de diálogo<br />
e amadorismo que subsistem, ainda, nalgumas instituições.<br />
A definição das grandes orientações da política da saúde cabe aos orgãos de soberania<br />
constitucionalmente competentes. Não deixaremos, porém, de !"eferir alguns pontos que<br />
urge resolver, porque acreditamos que Portugal não é já o país retratado por Eça de<br />
Queirós em "Uma Campanha Alegre", quando escrevia:<br />
"Todo o ministério que entra - deita reforma e cupé. O ministro cai - o cupé recolhe à<br />
cocheira e a reforma à gaveta."<br />
De facto, não pode a saúde continuar dependente de conjunturas, flutuando ao sabor<br />
de conveniênciasfugazes.É necessário enfrentar, deforma clara e assumida, asfraquezas<br />
de um sistema sujeito a uma pressão cada vez maior. A isso obrigam os direitos dos<br />
cidadãos portugueses, em geral e os dos utilizadores dos serviços de saúde e seus<br />
profissionais, em particular.<br />
Não pode Portugal, não podemos nós, profissionais responsáveis, continuar a correr<br />
desesperadamente, como Carlos da Maia e João da Ega em busca do "americano", na<br />
encalço de um sistema de saúde perfeito, enganando-nos aos gritos de "ainda o apanhamos!<br />
Ainda o apanhamos".<br />
Do nosso vocabulário fazem parte palavras que, de tão usadas, perderam já, talvez,<br />
legitimidade para representarem aquilo que verdadeiramente queremos significar. E<br />
nossa obrigação, no entanto, impedir que as palavras sufoquem a realidade desejada.<br />
Atrevo-me, por isso, a convosco retirar de sob o pó do uso repetido os conceitos<br />
indiscutíveis de umf uturo que queremos que aconteça. E por os achar já suficientemente<br />
escrutinados os não discuto ou analiso. Eles serão, certamente, o léxico do futuro, num<br />
dicionário não de palavras ou conceitos, mas antes de vontades e actos:<br />
Equidade, afirmação dos direitos dos doentes, eficiência, promoção do diálogo social,<br />
integração de cuidados, avaliação da qualidade, regionalização, financionamento,<br />
investigação, maleabilidade gestionária, prevenção, alternativas organizacionais,<br />
profissionalização, autonomia, participação, responsabilidade, informação, clarificação<br />
de sectores, abertura ao exterior.<br />
É disso, precisamente, é desse futuro, que falaremos e ouviremos falar nestes dois dias.<br />
É dessa vontade de_ mudar que vos falarão os autores dos vinte projectos aqui presentes.<br />
Porque estas são, iambém, as peças de um puzle que !f.ão pode ser construido sem nós,<br />
que aqui estamos.<br />
Porque este é o sinal de uma urgência que não admite adiamentos.<br />
Desde 1969, com a criação do Curso de Administração <strong>Hospitalar</strong> na Escola Nacional<br />
de Saúde Pública, que se concretizou, em Portugal, a resposta à necessidade de fazer<br />
acompanhar os constantes e significativos avanços da medicina, as necessidades de uma<br />
clientela cada vez maisexigent~ e conhecedora dos seus direitos, coma exigência de maior<br />
eficiência no funcionamento das organizações prestadoras de cuidados de saúde, com<br />
solusõe~ de gestão profissionalizada.<br />
E que nem a complexidade dos problemas nem a relevância social das actividades<br />
desenvolvidas se compadecem com soluções voluntasista~ e amadorísticas.<br />
As estratégias a adoptar devem necessariamente consubstanciar amplos consensos<br />
sociais e basear-se em soluções tecnicamente sustentadas. De contrário, arriscamo-nos a<br />
deixar às próximas gerações meros desenhos de areia que qualquer maré há-de apagar.<br />
E elas, como nós hoje, perguntarão, com Bertold Brecht:<br />
"Adiar ainda mais a idade de ouro?<br />
Nós não somos eternos."<br />
(Excenos do discurso do Presidente da A.P .A.H. na abertura da "Feira de Projectos<br />
de <strong>Gestão</strong> de Serviços de Saúde", Coimbra, 26 e 27 de Novembro de <strong>1990</strong>).<br />
í<br />
J. A. Oliveira Rocha (*)<br />
(*) PlrD. pela U.S.C. (Columbi~) - U.S.A., é presentemente<br />
professor auxiliar convidado de Administração Pública na<br />
Universidade do Minho.<br />
Em 1950, as despesas em cuidados de saúde, incluindo investigação e instalações, totalizaram nos<br />
Estados Unidos 12,7 biliões de dólares, representando 4,4% do PNB americano. Em 1960, e<br />
referimo-nos sempre ao caso específico dos Estados Unidos, os custos médicos subiam a 26,9 biliões<br />
de dólares, ou 5,3% do PNB; nos finais da década, as despesas com cuidados de saúde alcançavam<br />
os $74,7 biliões, consumindo 7,5% do PNB. A espiral de custos continuou na década, de 70, e os<br />
anos 80 não têm revelado qualquer melhoria. Em 1983, a data mais recente para a qual é po_ssivel<br />
encontrar informação estatística, os gastos em fins médicos foram 355 biliões de dólares, qualquer<br />
coisa como 10,8% do PNB (Fig. 1).<br />
O objectivo deste artigo é procurar explicar o aumento das despesas em cuidados de saúde. Assim,<br />
numa primeira parte, será feita. uma rápida, revisão da literatura na infla,ção dos custos<br />
hospitalares; na segutUla parle do artigo será apresentado um modelo de determinação de custos<br />
hospitalares. Finalmente, o modelo será estimado empiricamente para o caso especial da Carolina<br />
do Sul (Estados Unidos).<br />
1. TEORIAS DA INFLAÇÃO<br />
HOSPITALAR<br />
Têm sido adiantadas cinco explicações<br />
para a inflação hospitalar. A primeira<br />
vê a inflação como sendo primariamente<br />
induzida pela procura.<br />
De acordo com Feldstein (1977), a<br />
rápida subida nos custos hospitalares<br />
reflecte o aumento na procura. A razão<br />
principal para o aumento da procura<br />
tem sido o rapidíssimo crescimento no<br />
seguro contra a doença. O seguro não<br />
só fornece uma protecção contra despesas<br />
médicas aleatórias, como baixa<br />
substancialmente o preço líquido do<br />
serviço pago pelo paciente no momento<br />
do consumo do serviço. Daí que os<br />
doentes, aconselhados pelos médicos,<br />
procurem serviços cada vez mais caros,<br />
já que serão cobertos pelo seguro. Por<br />
outro lado, o elevado custo dos cuidados<br />
médicos induz os consumidores a<br />
procurarem seguros mais completos, e<br />
o crescimento do seguro induz por sua<br />
FIGURAI - Despesas em Cuidados de Saúde, E. U. A.<br />
Ano Despesa Despesa per % doPNB Despesa federal<br />
Total capita (% da despesa<br />
(1) . (2) total)<br />
1950 12.7 82 4.4 27.5<br />
1960 26.9 146 5.3 24.7<br />
1965 41.7 211 6.0 25.9<br />
1967 51.3 254 6.4 38.0<br />
1970 74.7 358 7.2 37.2<br />
1971 83.3 394 7.7 38.0<br />
1972 93.5 438 7.9 37.9<br />
1973 103.2 478 7.8 38.1<br />
1974 116.4 535 8.1 40.5<br />
1975 132.7 604 8.6 42.3<br />
1976 149.7 674 8.7 42.1<br />
1977 169.2 755 8.8 41.4<br />
1978 189.3 836 8.8 42.0<br />
1979 215.0 938 8.9 .. 42.1<br />
1980 249.0 1075 9.5 42.3<br />
1981 286.6 1225 9.8 42.7<br />
1982 322.0 1365 10.5 42.0<br />
1983 355.0 1459 10.8 41.9<br />
Fonte: U .S. Heal th Care Fi nancing Administration, Health C are Financing Review, Fall<br />
1983, and U.S. Health Care Financing Administration, news release, October 10, 1984 3
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
HôsPiTÃLli<br />
4 1<br />
vez o hoopital a produzir servi~ médi
CESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
policies in order to some policies in<br />
order to solve the problem.<br />
RÉSUMÉ<br />
6 1<br />
hospitalares conduz a um aumento de<br />
2.2375 nos custos por paciente tratado.<br />
Conforme era esperado, a variável<br />
salários é positiva e muito significante,<br />
aliás é a única que o é na equação de<br />
regressão estimada para o caso da Carolina<br />
do Sul.<br />
A especificação alternativa traduzida<br />
na utilização da taxa de ocupação e<br />
do número de camas por hospital como<br />
variáveis independentes produziu resultados<br />
ligeiramente melhores, mas não<br />
modificou as conclusões referidas acima.<br />
O mesmo se aplica ao acelerador<br />
de Koyck. Os coeficientes da variável<br />
dependente desfasada, 0.21 para a<br />
Carolina do Sul, e 0.14 para os Estados<br />
Unidos como um todo, implicam que a<br />
velocidade de ajustamento é menor para·<br />
a Carolina do Sul. Isto significa que<br />
cerca de 70% de diferença entre os<br />
logaritmos dos valores actuais e de<br />
equilfürio dos custos médios é fçito<br />
durante um ano, ou seja o efeito de uma<br />
mudança em qualquer das variáveis<br />
exógenas é realizado rapidamente na<br />
Carolina do Sul, embora não tão rapidamente<br />
como nos Estados Unidos.<br />
5. CONCLUSOES<br />
Recentemente, muitas políticas têm<br />
sido sugeridas com o objectivo de suster<br />
o aumento de custos dos cuidados<br />
médicos. Assim, Jacobs (1985) sugere<br />
pagamentos mais elevados dos consumidores<br />
na forma de franquias e copagamentos,<br />
e a adopção da opção da<br />
Health Maintenance Organization<br />
(HMO). UmaHMO vende um conjunto<br />
de serviços médicos compreensivos, a<br />
uma taxa fixa por utente, e assim aparece<br />
simultaneamente como um agente<br />
da oferta e uma entidade seguradora.<br />
Este mecanismo tem sido de facto, eficaz<br />
no controle da espiral inflacionária<br />
do mercado médico.<br />
Finalmente, Aaron e Schwartz (1985)<br />
comparam os sistemas americano e<br />
inglês, e mostram que a racionalização<br />
do sistema de saúde pode ser a única<br />
forma de resolver o problema dos custos<br />
elevados.<br />
Em conclusão, o presente estudo<br />
mostra ter havido nos últimos dez anos,<br />
nos Estados Unidos, uma subida brutal<br />
nos custos com cuidados médicos. As<br />
políticas adoptadas para fazer face a<br />
esta situação apontam no sentido do<br />
controle do aumento da procura através<br />
de copagamentos e no aumento da<br />
concorrência entre os prestadores através<br />
da H.M.0. Isto não significa que<br />
estas sejam as receitas ideais para todos<br />
os países, nomeadamente para Portugal.<br />
Situações distintas, necessidades<br />
diferentes e culturas políticas não coincidentes<br />
sugerem diagnósticos diferentes<br />
e políticas a condizer.<br />
ABSTRACT<br />
During the past decade the cost of<br />
health care has been increasing at twice<br />
the rate of inflation, and is predicted to<br />
double every four years. The U.S. Health<br />
Care Finance Administration estimates<br />
that health care costs will continue to<br />
rise 18 to 22 percent compound anually<br />
throughout the 1980's. The present paper<br />
attem pts to explain this increase by<br />
reviewing the usual explanations offered<br />
for the rise in hospital costs, constructing<br />
a model of hospital cost determination<br />
which permit to test the hypothesis,<br />
and empirically estimate the<br />
model for the special case of South<br />
Carolina. Finally the author sugests some<br />
Au cours des années 70s, les côuts<br />
de la public santé ont registrée une forte<br />
progression aux Etat Unis. La finalité<br />
de notre démarche cést examiner tout<br />
dábord les modes de explanation de la<br />
expansion continue des côuts de la santé<br />
publique; ensuite nous présentons un<br />
modele de determination des côuts<br />
hospitalaires, pour le case spéciale de<br />
South Carolina, aux Etat-Unis. Nous<br />
montrons enfio qu'un tel modéle constitute<br />
un instrument opérationnel pour<br />
la definition de certain policies pour le<br />
secteur de la santé publique.<br />
NOTAS<br />
1. "Community hospitais" são hospitais não<br />
federais, para internamentos de curta duração, e<br />
outros hospitais especiais, excluindo unidades<br />
hospitalares de instituições.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
Aaro11, He11ry J. e Schwartz, William, b.<br />
(1985), "Hospital Cost Control: A Bitter Pill to<br />
Swallow", in Havard Business Review, vol. 63,<br />
nQ 2, pp. 160-167.<br />
Davis, Karen, (1973), "Theories of Hospital<br />
Inflation: Some Empirical Evidence", The Journal<br />
of Human Resources, vol. VIII, 2, pp. 181-<br />
201.<br />
Drake, David e Raske, Ke1111eth E., (1974),<br />
"The Changing Hospital Economy", Hospitais,<br />
vol. 48, 16, pp. 34-40.<br />
Feldstein, Martin, (1677) "The Higher Cost<br />
of Hospitais and what to do about it", The Publk<br />
lnlerest, vol. 48, Summer, pp. 40-54.<br />
Hogan, IThimothy D., (1978), "Hospital<br />
Cost Inflation in Arizona", Arizona Business,<br />
May, pp. 15-25.<br />
Jacobs, Philip, (1985), "Passive Payers no<br />
Longer", Business Economk Review, vol. 31, nº<br />
2, pp. 3-4.<br />
Klarman, Herbert E., "Increase in the Cost of<br />
Physician Hospital Services", lnquiry, vol. VIII,<br />
nº 1, pp. 23-36.<br />
Misek, Glen l. e Reynolds, Roger A., (1985),<br />
"Effects of Regulation on the <strong>Hospitalar</strong><br />
lndustry", Quatuly Review of Economks and<br />
Business, vol. 22, nº 3, pp. 160-167.<br />
Roemer, Mi/to/ l.,e Roemer, JohmE., (1982),<br />
"The Social Consequences of Free Trade in Health<br />
Care: A Public Health Response to Ortodox<br />
Economics", International Journal of ·Health<br />
Services, vol. 12, nº 1, pp. 11-129.<br />
Sloan, Fra11k e Steinwald, Bruce, (1980), "<br />
Effects ofRegulation on Hospital Costs and Input<br />
Use", Journal ofLaw and Eco no mies, vol. 23, nº<br />
1, pp. 81-109.<br />
Que hospital, é o seu? Como<br />
age? Qual, é sua clientela? Que<br />
necessidades ela tem? Como<br />
ele as atende? Que mudanças<br />
estão ocorrendo em seu meio<br />
ambiente? Como ele as<br />
conhece? Ele se prepara para<br />
enfrentá-las? Quem o<br />
administra e com que<br />
responsabilidade o faz?<br />
Que qualidade tem seus<br />
serviços?<br />
João Catarin Mezomo *<br />
* Director Executivo da Faculdade São Camilo<br />
de Administração <strong>Hospitalar</strong>.<br />
A resposta a essas e a tantas outras<br />
perguntas do género é que determina e<br />
condiciona a viabilidade da empresa<br />
hospitalar. Viabilidade que não se confunde<br />
e nem se limita à simples rentabilidade<br />
financeira, mas que se identifica<br />
com a obtenção maximizada do<br />
objectivo fundamental que lhe deu origem<br />
e lhe garante sua legitimidade social:<br />
o atendimento, com qualidade, às necessidades<br />
de saúde da comunidade.<br />
Vê-se, por aí, que a viabilidade não<br />
e uma característica ou condição natural,<br />
intrínseca ou própria da empresa<br />
hospitalar, mas o resultado da sua acção<br />
que, por sua vez, e determinada por<br />
quem a administra. &te, por isto mesmo,<br />
deve monitorar suas ªcções e julgar seu<br />
desempenho, a flm de garantir, pela<br />
competência, a sobrevivência da própria<br />
empresa que dirige.<br />
Mas como fará isto se ele não tiver<br />
qualificação profissional, se tiver pequena<br />
motivação e não souber o que<br />
significa uma performance de qualidade?<br />
Neste caso será sempre fácil a quem<br />
administra ser muito condescendente<br />
com seus proprios erros, que serão atribuidos<br />
ao seu curto período de comando,<br />
as dificuldades das circunstâncias<br />
actuais, a desqualificação dos recursos<br />
de que dispõe e a tantos outros factores<br />
correlatos.<br />
Mas a administração de um hospital<br />
não permite "experimentalismos" e<br />
desculpas superficiais, porque a vida e<br />
a saúde não tem preço. E nem mesmo as<br />
rápidas mudanças que tornam-obsoleta<br />
a tecnología, o mercado e as est{Uturas<br />
organizacionais podem servir de desculpa<br />
pela irresponsabilidade ou falta<br />
de conhecimentos de quem assumiu o<br />
oompromisso de garantir ao hospital o<br />
cumprimento de sua missão maior.<br />
E verdade que a administração de<br />
um hospital assemelha-se muito a um<br />
jogo do qual o director jamais participou<br />
e que ele não sabe jogar. Mas é por<br />
isto mesmo que se' espera dele maior<br />
interesse ainda na busca e na aplicação<br />
de novos conhecimentos. Não se pede<br />
tanto que ele trabalhe mais, mas que<br />
trabalhe de forma mais inteligente e<br />
produtiva.<br />
Não se quer, igualmente, que repita<br />
simplesmente as soluções do passado,<br />
porque elas podem agora ser obsoletas<br />
ou não apropriadas. A rotina é importante,<br />
mas ela deve ser revitalizada pela<br />
"inspiração". O novo não pode ser reduzido<br />
simplesmente a uma rotina.<br />
Isto seria "desumanizar" a organi- ..Jtt,.<br />
zação. Não se pode apenas "reorganizar",<br />
"descrever funções", desenvolver<br />
planos de acção de curto, médio e longo<br />
prazos e programar eventos e formas de<br />
avaliação. Não basta gastar tempo com<br />
a organização se as pessoas não forem<br />
e não se sentirem elas próprias organizadas.<br />
As organizações excelentes tem<br />
líderes que são eles próprios "inspirados"<br />
e que comunicam esta "inspiração"<br />
a todos os seus membros.<br />
Trata-se de uma "inspiração" que<br />
revitaliza sentimentos e valores, que<br />
encontra novos caminhos para a obtenção<br />
dos objectivos organizacionais e<br />
que responde a situações de grande<br />
ambiguidade, como as de hoje em dia e<br />
do amanha. De facto, para qualquer<br />
lugar que olhemos, veremos os administradores<br />
esforçando-se por se adaptarem<br />
a algum tipo de mudança fundamental.<br />
Os princípios administrativos,<br />
os procedimentos e as políticas orgnizacionais<br />
inflexíveis amordaçam a<br />
organização e são inaplicáveis as situações<br />
emergentes. As regras e as políticas<br />
são temporárias e não podem transformar-se<br />
em marcos de referência por<br />
tempo indefinido.<br />
Isto supõe que o administrador tenha<br />
uma "consciência administrativa"<br />
capaz de mudar suas prioridades e de<br />
perceber as coisas de maneiras diferentes.<br />
Isto supõe um administrador que<br />
"trabalhe mais", "estude mais" e "seja 1 7<br />
mais inteligente e astuto", e que faça
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
HôsiiíTÃiifi<br />
8 1<br />
tudo isto de forma colectiva e participativa.<br />
Só assim estará preparado para as<br />
surpresas, as pressões, as contradições<br />
e até os absurdos que o mundo moderno<br />
lhe apresenta.<br />
Ele não pode parar de se questionar:<br />
o que realmente está fazendo? Como<br />
adquirir as habilidades e a competência<br />
necessária para fazer bem o que ele<br />
faz? Estas questões são fundamentais!<br />
É agindo assim que ele constrói sua<br />
"teoria prática" ou seja, aprimora seu<br />
conhecimento e revisa sua aplicação,<br />
atento às necessidades reais e específicas<br />
de sua organização. Agindo assim<br />
ele será um permanente "provador" de<br />
teorias e "gerador" de novos conhecimentos.<br />
Agindo assim ele terá "competência",<br />
que e a capacidade de produzir<br />
uma consequência ou resultado desejado.<br />
Ele não pode esquecer que a administração<br />
é um processo altamente fluído<br />
e interactivo que não se reduz a uma<br />
simples estrutura de causa e efeito. Ele<br />
deve, evidentemente, buscar os efeitos,<br />
mas deve saber que eles não serão sempre<br />
simples consequência se seus actos ou<br />
decições. Havera sempre um elevado<br />
grau de imprevisibilidade nos resultados<br />
programados. Mas isto não justifica<br />
a passividade dos que "deixam as<br />
coisas acontecerem". Pelo contrário, e<br />
uma razão a mais para o<br />
empenho, o interesse, a<br />
dedicação, o estudo o<br />
aconselhamento, e a inconformação<br />
permanen-te<br />
com a mediocridade administrativa.<br />
Cabe ao administrador<br />
buscar com garra e insistência<br />
a efectividade<br />
da organização, ou seja, a<br />
obtenção dos objetivos<br />
propostos, mesmo sabendo<br />
que uma série de<br />
factores influem na sua<br />
concretização, em decorrência<br />
da própria com -<br />
plexibilidade da organização<br />
e da turbulência do<br />
meio ambiente actual. Ele<br />
deve ser inovador, líder,<br />
criador e restaurador da<br />
ordem. E isto deve mantêlo<br />
atento para o futuro que,<br />
mais do que nunca, e<br />
imprevisível em suas<br />
manifestações e direccionamentos<br />
e que passará<br />
por novas transformações<br />
radicais. Ele deve estar aberto para o<br />
novo e o imprevisível.<br />
Aliás, é esta imprevisibilidade do<br />
futuro, e até do presente, que deve fazer<br />
com que o administrador não tenha<br />
tanta convicção de competência frente<br />
a todas as situações. Ao mesmo tempo<br />
que ele age, deve também manter uma<br />
permanente "percepção" da situação.<br />
Ela poderá re-orientar a acção dele para<br />
adequá-la aos objectivos ou resultados<br />
propostos.<br />
E é isto que o transforma num "artista".<br />
Ele não repete soluções e nem<br />
executa simplesmente uma lista de<br />
"deveres" ou atividades que lhe foram<br />
atribuídas. Porque "artista", ele é criativo<br />
e intuitivo na busca de caminhos<br />
sempre mais adequados para "interagir",<br />
através da organização, com o<br />
público que utiliza seus serviços. Não<br />
teda sentido administrar para a organização,<br />
como se ela fosse fim a si própria.<br />
Administra-se para melhor atender<br />
as necessidades do usuádo, razão e<br />
objectivo último da própria organização.<br />
E como estas necessidades são<br />
mutáveis, a administração também deve<br />
ser suficientemente "situacional" para<br />
responder com eficácia também aos<br />
casos individuais.<br />
Vê-se, por tudo isto, a complexibilidade<br />
da acção do administrador de um<br />
hospital. São tantos os factores que<br />
afectam seu desempenho, são tantos os<br />
conhecimentos que se relacionam com<br />
sua acção e são tão diversificadas as<br />
necessidades das pessoas atendidas que<br />
e impossível imaginar que alguém po~<br />
assumir esta responsabilidade sem uma<br />
formação específica. Sua competência<br />
depende de uma capacitação sólida na<br />
área da administração <strong>Hospitalar</strong>, aliada<br />
a profundos e renovados conhecimentos<br />
gerais.<br />
Tendo competência, o administrador<br />
pode e deve considerar-se um<br />
"vencedor". Não o "vencedor" de todas<br />
as batalhas, mas da guerra, (que é o<br />
mais importante. Ele será "vencedor"<br />
se o "estabelecimento de objectivos"<br />
orientar toda sua acção, minuto a minuto.<br />
Ele será "vencedor" se não fugir da<br />
luta, se não a ignorar e se buscar munirse<br />
de todos os instrumentos de combate,<br />
principalmente do conhecimento.<br />
Neste sentido, até mesmo uma "derrota",<br />
uma experiência negativa, poderá<br />
ser uma "vitória" se o administrador a<br />
transformar em "aprendizagem".<br />
Mas ele precisa ser um ' 'vencedor''<br />
da "qualidade" e não apenas da "quantidade",<br />
da "administração" e não apenas<br />
do "trabalho", do "resultado" e não<br />
só do "serviço prestado".<br />
Isto supõe um esforço contínuo, o<br />
que muitas vezes e esquecido. O administrador<br />
não pode esquecer que não<br />
navega em águas tranquilas, mas num<br />
mar de oportunidades e pedgos imprevisíveis,<br />
um mar de surpresas. Aliás as<br />
surpresas são até importantes enquanto<br />
provocam a necessidade da revisão do<br />
que se vem fazendo e criam novas estruturas,<br />
mais ágeis, flexíveis e adequadas.<br />
O administrador não pode se contentar<br />
apenas em "continuar vivo" e de<br />
manter assim sua organização. Tudo o<br />
que é "vivo" e dinâmico e supõe crescimento<br />
qualitativo através do planeamento<br />
integrado.<br />
O administrador deve igualmente<br />
analisar as verdadeiras razões de suas<br />
decisões, que não podem ser estas: porque<br />
a lei exige; para vencer os concorrentes;<br />
porque os outros agem assim; porque<br />
e a maneira mais fácil; porque é a<br />
vontade do Conselho Superior, e assim<br />
por diante. Há razões mais sérias, como<br />
estas: porque isto é coerente com os<br />
objectivos da organização; porque se<br />
entende ser esta a forma correcta de<br />
agir; prorque assim se faz uso correcto<br />
•<br />
dos recursos; porque esta acção mantém<br />
o compromisso da organização de<br />
atendimento às necessidades da comunidade,<br />
e assim por diante.<br />
As "razões" das decisões do administrador<br />
constituem -se em "valores".<br />
Aliás, toda empresa de excelência é<br />
"dirigida por valores" que precisam ser<br />
permanentemente repensados e pesquisados.<br />
Há "valores" antigos que continuam<br />
como tais e há outros que já não<br />
respondem aos novos desafios da organização.<br />
Estes devem ser redefinidos<br />
para se manter garantida a legitimidade<br />
da organização.<br />
"Liderança" e "Administração" são<br />
dois destes "valores". "Liderança" é a<br />
articulação dos novos valores e sua<br />
energética apresentação aqueles cujas<br />
acções são afectadas pelos mesmos.<br />
"Administração" é a descoberta dos<br />
conflitos de valores e a criação do processo<br />
ou forma de trabalhá-los. Os<br />
"administradores" trabalham para<br />
aumentar a harmonia entre os elementos<br />
já existentes na situação. Os "lideres"<br />
mudam os elementos. Cada uma<br />
destas acções organizacionais é indispensável<br />
á outra. Seus "valores" o<br />
administrador os revela naquilo que faz<br />
ou deixa de fazer; diz ou deixa de dizer<br />
e na forma como reage ou deixa de<br />
reagir. Assim, a "resistência á mudança"<br />
revela que o administrador não<br />
entende ou não concorda com os valores<br />
que estão pedindo que ele adopte.<br />
Infelizmente estamos numa grande<br />
crise de liderança, de adminstração e de<br />
efectividade organizacional.<br />
É preciso revitalizar a organização<br />
sem demora para que não pereça pela<br />
obsolescência e irrelevância. Para isto,<br />
face ás novas prioridades e valores que<br />
criam turbulência e mudança, é preciso<br />
que se estabeleçam "propósitos e objetivos"<br />
com toda a clareza possível,<br />
sabendo, no entanto, que eles próprios<br />
devem se adaptar permanentemente ao<br />
meio ambiente em mutação. O que servia<br />
um ano atrás pode não servir agora.<br />
É preciso também que o adminstradortenha<br />
um grande compromisso com<br />
os objectivos da organização, não deixando<br />
diminuir o entusiasmo pela função.<br />
Isto supõe que ele acredite no que<br />
faz, o ame e se capacite para fazê-lo<br />
cada vez melhor.<br />
O administrador não pode se conformar<br />
com um desempenho medíocre.<br />
Deve buscar o nível de excelência. Deve<br />
também acreditar na importância da<br />
função própria, dos grupo e da organi-<br />
zação e inserir-se em sua cultura.<br />
O administrador deve considerar-se<br />
um eterno aprendiz, porque, por melhor<br />
que seja seu desempenho hoje, o<br />
futuro exige a busca de novos caminhos.<br />
Ele não pode repousar em seus<br />
louros, nem ser super-confiado e arrogante.<br />
É o que diz o provérbio popular:<br />
"quanto maior for, maior será a queda".<br />
O conceito de "excelência" não pode<br />
estar isolado da "inovação" que responde<br />
às novas situações do meio<br />
ambiente. É assim que se vive o presente<br />
e se antecipa o futuro que amanhã<br />
será o passado da organização.<br />
O "tempo", aliás, é um factor fundamental<br />
na consecução da "excelência"<br />
da organização enquanto define os<br />
prazos para a consecução das me tas que<br />
viabilizam a sua missão.<br />
Como será ou deverá ser a vida<br />
organizacional, dia após dia?, deve o<br />
administrador se perguntar. A consecução<br />
da "excelência" deve estar relacionada<br />
com o tempo: não se pode ir<br />
nem mui to devagar (porque não se teria<br />
muitas mudanças) e nem com velocidade<br />
excessiva (porque se teria muita<br />
resistência).<br />
E-como conse_gue o administrador<br />
ser "excelente"? E diflcil sabê-lo exactamente.<br />
Podemos conhecer profissionais<br />
que fazem uma administração<br />
assim, mas nem todos chegaram la pelos<br />
mesmos caminhos. E isto é até positivo,<br />
porque assim se multiplicam as<br />
possibilidades de sucesso.<br />
O fundamental não e saber "corno"<br />
chegar, mas saber que é "possível"<br />
chegar. Basta querer e buscar os caminhos<br />
mais adequados á condição de<br />
cada um. E nem adiantaria.tanto saber<br />
"como", porque cada organização tem<br />
características próprias que não se<br />
enquadram num "manual de sucesso"<br />
feito "livro de receitas". O fundamental<br />
é a integração da dinâmica das oportunidades<br />
e problemas emergentes do meio<br />
ambiente com os sentimentos do grupo<br />
a respeito de como estão agindo e do<br />
que seria possível fazer.<br />
É a "compreenção" do que está<br />
ocorrendo na organização e o seu<br />
"controle". Ela devefazerexactamente<br />
o que o administrador quer que seja<br />
feito. Quanto mais "compreenção" tanto<br />
mais "controle" e tanto maior benefício<br />
para a comunidade.<br />
A "excelência" não se satisfaz com<br />
o "mais ou menos" ou o "satisfatório" '<br />
e está relacionada com os "valores", a<br />
· "compreenção" e a "acção" do administrador.<br />
Estes factores estão interligados<br />
e são inter-dependentes, todos<br />
afectando-se reciprocamente e todos<br />
evoluindo juntos.<br />
O administrador deve "estar no<br />
hospital com responsabilidaJe". Deve<br />
ser um "profissional" que não conheça<br />
apenas as técnicas, mas também a missão<br />
da organização, sentindo-se fortemente<br />
solidário com a mesma. Ele não<br />
pode ser um "tecno-hólico, ou seja, um 1 9
Hôsíiif Ãiifi<br />
10 1<br />
escravo da técnica, que nada mais sabe<br />
fazer senão aplicar, um após o outro,<br />
todos os seus passos. O meio ambiente,<br />
oom suas características mudanças, pode<br />
exigir que estes passos não sejam seguidos<br />
e que alterá-los ou suprimí-los<br />
poderia ser a maneira de não se perder<br />
o objectivo final do processo. Por isto o<br />
administrador não pode ser prisioneiro<br />
de seu pensamento. Não basta saber<br />
"como fazer"; é preciso "saber como<br />
fazer em cada processo. É preciso manter<br />
a capacidade de examinar e de re-examinar<br />
"porque" se está agindo desta ou<br />
daquela maneira. É preciso re-considerar<br />
os objectivos, re-examinar os pressupostos<br />
e chegar o grau de consenso<br />
num grupo ou organização a respeito<br />
do valor da actividade para evitar que<br />
ela caia num ritual vazio. A posse de<br />
métodos e técnicas não nos livra da<br />
necessidade de nos perguntarmos o que<br />
eles são ou não são.<br />
O administrador deve ser capaz de<br />
refletir sobre os objectivos, o grau de<br />
consenso entre os participantes e avalidade<br />
dos pressupostos relativos ao<br />
contexto ambiental.<br />
Ele não pode perder sua habilidade<br />
reflexiva deixando-se fascinar pelo<br />
método técnico, pensando que este seja<br />
válido e suficientemente poderoso para<br />
superar as turbulências que se aproximam.<br />
Deve manter a flexibilidade de<br />
pensamento para avaliar o mérito da<br />
questão e a adequação das normas aos<br />
valores fundamentais da organização.<br />
O administrador precisa çlefinir seus<br />
objectivos e metas de forma permanente,<br />
por que eles não permanecerão<br />
válidos por muito tempo, dadas as<br />
mutações por que passam os ambientes<br />
externo e interno da organização.<br />
A "tecnologia", entendida como<br />
qualquer método padronizado para<br />
produzir determinado efeito, oonsequência<br />
ou resultado, não se oonfunde<br />
com uma "máquina", fixa e estável,<br />
porque ela está sempre preocupada com<br />
as condições mutáveis do meio ambiente<br />
que interferem nos seus resultados.<br />
E é assim que o administrador a<br />
deve utilizar.<br />
O administrador tão pouco deve<br />
esquecer que a "tecnologia" é afectada<br />
pelas leis biológicas e psicológicas que<br />
governam os seres humanos que a operam<br />
e que afectam seus resultados.<br />
A sistemática adoptada na "admissão<br />
de um paciente", por exemplo, é<br />
uma "tecnologia" , bem como a "rotina<br />
de alta". Será que estas "tecnologias"<br />
são adequadas aos objectivos previstos?<br />
O administrador deve sabê-lo!<br />
Muitas "tecnologias" administrativas,<br />
infeliz e tragicamente, não têm esta<br />
avaliação. Fazem-sem uitas coisas, mas<br />
poucas são avaliadas em função de suas<br />
aplicações sociais e humanas. Tem-se<br />
muita acção e pouca reflexão! O "tecno-hólico"<br />
cultua a sua técnica e esquece<br />
de avaliar seus resultados.<br />
Aliás, não basta verificar se os resultados<br />
são ou não atingidos. É preciso<br />
verificar se eles proprios são validos e<br />
legítimos!<br />
O administrador não pode ser um<br />
simples conhecedor de um "livro de<br />
receitas" que ele vai aplicar rigidamente<br />
de acordo com os resultados desejados.<br />
Ele próprio deve modificar as<br />
"receitas" de acordo com a necessidade<br />
de adaptá-las às características de sua<br />
organização. Isto porque ele está sempre<br />
re-organizando a visão que tem<br />
dela.<br />
O administrador deve entender<br />
também que suas funções não têm existência<br />
própria e que são partes ou aspectos<br />
do processo de organização como<br />
um todo. E este processo é sua responsabilidade<br />
maior. Seusactos sãoimpo"rtantes,<br />
mas o essencial e a organização<br />
como um todo. E cabe ao administrador<br />
tomar a organização e seus objectivos<br />
pod~rosos para os seus membros e associados.<br />
A acção.administrativa é uma função<br />
de performance ou desempenho.<br />
As actividades do administrador só têm<br />
sentido a partir de seus efeitos sobre ou<br />
para a organização. Por isto mesmo ele<br />
deve estar interessado na qualidade de<br />
todo o processo. Ele precisa "pensar'<br />
qualidade" o tempo todo. Ele deve<br />
também lembrar que a performance ou<br />
desempenho supõe que suas acções<br />
estejam sintonizadas com o meio ambiente.<br />
Nem sempre e nem todas as acções<br />
têm o mesmo resultado. Dependem de<br />
sua adequação ao momento. A administração<br />
não e simples aplicação ou<br />
repetição de uma rotina, mesmo que a<br />
teoria burocrática da administração<br />
sugira que ,a ''rotimização" seja algo<br />
desejável. E necessário ter sempre presente<br />
a noção ou a ideia do todo e do<br />
contexto. E para isto é preciso "criatividade".<br />
O administrador deve re-criar<br />
a organização a cada dia, garantindolhe<br />
vitalidade e actualidade. Assim a<br />
organização terá novos servisos e encontrará<br />
novos caminhos para solucionar<br />
problemas crónioos da sociedade.<br />
E em sua tarefa de "re-criar" a organização,<br />
o administrador não pode<br />
esquecer que toda administração é;<br />
administração de pessoas e que toda<br />
liderança é liderança de pessoas e que,<br />
portanto, tudo o que ele pretende fazer<br />
dependerá do sentido que as pessoas<br />
derem a ele.<br />
E como e porque as pessoas dão<br />
sentido as coisas? E como e porque este<br />
sentido muda ? E como e porque o<br />
sentido e as acções das pessoas estão<br />
inter-relacionadas? Isto tudo deveria<br />
preocupar o administrador, mas infelizmente,<br />
poucas vezes isto ocorre, m esm<br />
o quando, teoricamente, o princípio<br />
do valor do "factor humano" é primordial<br />
na produtividade da empresa. É<br />
que o aspecto humano da administração<br />
ainda não e suficientemente enfatizado<br />
e estudado nos cursos superiores,<br />
apezar das centenas de livros que<br />
tratam do assunto.<br />
A importância do "factor humano"<br />
nas organizações é fácil de se entender<br />
se nos recordarmos do que ocorre nos<br />
jogos. Mesmo que tomemos dois times<br />
e lhes dermos os mesmos equipamentos,<br />
os mesmos recursos, as mesmas<br />
regras e o mesmo treinamento, eles<br />
terão su~ diferente8. Um será melhoc<br />
do que o outro em função de seus craques!<br />
Assim, elevados níveis de efectividade<br />
para a empresa só virão através<br />
das pessoas! · .<br />
E por isto que toda organização,<br />
mesmo sem negar sua preocupação oom<br />
-<br />
seus próprios objectivos e metas, deve<br />
se comprometer fundamentalmente com<br />
o desenvolvimento das pessoas dentro<br />
dela! A efectividade da organização<br />
depende delas. Elas não são simples<br />
instrumentos a serem motivados, programados<br />
e inspirados, mas agentes<br />
conscientes e integrados na organiza<br />
~º em função de seus objectivos sociais.<br />
E duplo, portanto, o processo: a organização<br />
respeitando o indjvíduo e o<br />
indivíduo assumindo sua responsabilidade<br />
própria na obtenção dos objectivos<br />
organizacionais. Isto supõe lealdade<br />
recíproca e não o espírito do aproveitamento<br />
recíproco, que destruiria a<br />
base de qualquer planeamento.<br />
A filosofia da integração pessoaorganização<br />
depende também do conceito<br />
que se tem de pessoa. Os movimentos<br />
ligados ao comportamento<br />
organizacional já a consideraram como<br />
"homem económico" "homem social"<br />
"homem sócio-técnico",<br />
'<br />
"homemcomplexo",<br />
"homem-pós-industrial",<br />
'<br />
''homem equipe ou grupo", e assim por<br />
diante, mas todas estas visões da pessoa<br />
são um tanto superficiais. Ela não pode<br />
ser entendida a partir de apenas algumas<br />
de suas atitudes ou comportamentos,<br />
mas a partir de todos os modos<br />
através dos quais ela procura expressar<br />
a si própria.<br />
Infelizmente conhecemos muito<br />
pouco a nós próprios e as pessoas.<br />
Sabemos, talvez, como elas agem, mas<br />
não porque elas agem desta ou daquela<br />
forma. Conhecemos muito o mundo<br />
dos homens, mas muito pouco os homens<br />
do mundo! Por isto não entendemos<br />
porque eles "resistem às mudanças",<br />
porque são "intolerantes", porque<br />
são introvertidos e egoístas porque não<br />
se ~daptam a uma determinada estrutura<br />
organizacional, que objectiva caracterizar<br />
sua posição e função através<br />
de quadros e linhas de autoridade e<br />
subordinação.<br />
Não há dúvidas de que o verdadeiro<br />
sentido do ser humano ainda está distante<br />
do campo do desenvolvimento<br />
organizacional, do comportamento<br />
organizacional, dos departamentos de<br />
administracão de nossas escolas de<br />
administração, dos livros de texto e dos<br />
valores e prioridades que comunicamos<br />
aos nossos alunos, mesmo aos mais<br />
avançados. Eles são "treinados" para<br />
executar uma lista de actívidades, que<br />
caracterizam sua função, como se elas<br />
fossem peças independentes entre si e<br />
completamente externas ou desvinculadas<br />
de sua própria persomllidade. Por<br />
isto também eles são "estimulados~',<br />
através de "prémios", a agirem de uma<br />
ou outra forma, sem que nem mesmo se<br />
questionem sobre a validade ou não de<br />
sua conduta.<br />
Não há dúvida de que é preciso<br />
rever as técnicas de administração e<br />
liderança e mudar os pressupostos que<br />
temos a respeito de nós mesmos, das<br />
pessoas oom quem trabalhamos e a<br />
quem procuramos influenciar.<br />
As pessoas não podem ser vistas e<br />
entendidas apenas sob a óptica da utilidade.<br />
Infelizmente já estamos no fim do<br />
século XX, o "avanço" tecnológico já<br />
conseguiu matar milhões de pesso~s,<br />
mas o problema do valor do ser humano<br />
ainda não foi resolvido. Não conhecemos<br />
a natureza humana e já estamos<br />
presenciando a revolução da inteligência<br />
artificial e da engenharia genética.<br />
Estes problemas todos devem constituir-se<br />
em preocupação básica para<br />
qualquer administrador ou líder. Eles<br />
não se resolvem pelo simples enquadramento<br />
das pessoas numa estrutura organizacional.<br />
Não há dúvida de que se<br />
fazem necessárias algumas mudanças<br />
em nossos pensamentos e procedimentos.<br />
Sabemos que muitos administradores<br />
estão se esforçando por manter viva<br />
uma visão humanista do ser humano no<br />
meio do sistema mecanicista que permeia<br />
as modernas organizações. Mas<br />
eles não podem . ficar satisfeitos com<br />
isto. Precisamos avançar no conhecimento<br />
de nós próprios e do ser humano<br />
que ainda é o grande desconhecido da<br />
ciência moderna. Não fomos ainda<br />
suficientemente curiosos a respeito de<br />
nós próprios! E nem a alta administração<br />
está suficientemente consciente da<br />
função que lhe compete como responsável<br />
pela sobrevivência e pelo elevado<br />
desempenho da própria organização. É<br />
por isto que ela ainda não apresenta<br />
sempre um serviço de qualidade.<br />
E de que mais a alta administração<br />
deveria se preocupar? É possível que<br />
nem sempre ela saiba exactamente o<br />
que deva fazer ou não esteja tão segura<br />
a seu respeito. No entanto, pelas características<br />
do momento actual, é<br />
imperioso e urgente que ela seja criativa<br />
e haja com clareza de objectivos e<br />
propósitos, tanto com relação aos aspectos<br />
humanos quanto financeiros da<br />
organização.
12 1<br />
A alta administração deve estar<br />
preparada para falar praticamente de<br />
tudo, para poder julgar apropriadamente<br />
o comportamento da organização. Ela<br />
deve, sobretudo, no entanto, preocupar-se<br />
com o "planeamento estratégico"<br />
e manter uma actuação "dinâmica"<br />
para garantir a vitalidade da organização.<br />
"Fazer" um planeamento estratégico<br />
até que não é difícil. Difícil é "executá-lo".<br />
É claro que os diagramas, as<br />
etapas e as funções são decisivas para o<br />
sucesso do planeamento, mas devem<br />
seguí-las as "decisões estratégicas" que<br />
finalizam nas "acções" correspodentes.<br />
"Estratégia" é a "conduta de uma<br />
inteira unidade com relação ao seu<br />
ambiente". Esta unidade pode ser um<br />
serviço, uma organização, um departamento,<br />
um projecto, e assim por diante.<br />
Definida a "unidade", é preciso saber o<br />
que ela está tentando fazer e ser. É a<br />
definição da sua "missão". Sem ela, a<br />
alta administração não saberá nunca de<br />
que se ocupar ou preocupar!<br />
E ao definir a "missão" de uma<br />
organização é importante não identificá-la<br />
com o conteúdo do negócio. Assim,<br />
não é útil identificar a "missão" de<br />
uma universidade apenas em termos de<br />
educação e nem identificar a "missão"<br />
de um hospital apenas com os cuidados<br />
de saúde e o tratamento de doenças. o·<br />
objectivo ou -produto primeiro de uma<br />
organização é apenas parte de sua<br />
"missão". E isto vale também para os<br />
serviços que são menores do que a<br />
organização toda. A missão do "contas<br />
a pagar" é maior do que o pagamento de<br />
duplicatas.<br />
"A"missão" de qualquer organização<br />
ou unidade, portanto, é estabelecer<br />
e manter a si própria como uma organização<br />
que faz e vende os produtos ou<br />
serviços que a função lhe atribui". A<br />
"missão" é ser um ceqo tipo ·de organização<br />
e não fazer um certo tipo de<br />
coisas sendo uma organização. "Missão"<br />
e "identidade" se confundem. Qual<br />
é o nosso negócio? é a questão básica e<br />
imprescindível no "planeamento estratégico".<br />
É preciso pensar a organização<br />
a partir de sua identidade ou missão e<br />
não de seus produtos ou serviços.<br />
E o que está fazendo o administrador?<br />
"Estratégias" são iniciativas; são<br />
actos de liderança; são declarações de<br />
intenção de fazer certas escolhas no<br />
futuro.<br />
O contrário de "estratégia" e "expediente"<br />
ou "experiência", seguindo<br />
apenas o próprio nariz, sem que uma<br />
decisão tenha sido tomada para seguir o<br />
caminho.<br />
Além de serem "iniciativas", as<br />
estratégias são "escolhas" determinadas<br />
por considerável análise e discussão.<br />
São "julgamento de valores", e não<br />
só a respeito dos factores económicos,<br />
mas de todos os factores acima citados.<br />
E como estamos num mundo em<br />
permanente transformação, a "estratégia"<br />
torna-se um "processo de mudança<br />
organizacional". E a alta administração<br />
deve saber como conduzí-lo. A<br />
definição de uma estratégia é a definição<br />
de uma intenção de mudar a organização<br />
em algum sentido e por alguma<br />
razão. E como isto irá ocorrer e outro<br />
problema. É a sua "implementação",<br />
que é outra grande preocupação e responsabilidade<br />
da alta administração.<br />
E é válido lembrar que a "implementação"<br />
está intimamente ligada e<br />
condicionada ao envolvimento do pessoal<br />
administrativo que, para isto, deve<br />
ser informado, treinado e motivado.<br />
Somente um ''comportamento organizacional"<br />
é que dará suporte e garantia<br />
de efectividade à "estratégia".<br />
Outro factor importante a ser lembrado<br />
é que a alta administração, especificamente<br />
o administrador, deve trabalhar<br />
e trabalhar muito. Mas deve faz.êlo<br />
produtivamente e de maneira inteligente.<br />
Não se trata de fazer tudo ou<br />
muitas coisas. Trata-se de fazer bem as<br />
coisas certas. Trata-se de utilizar todo o<br />
tempo necessário nas actividades fundamentais<br />
que garantem a missão da<br />
organização. O administrador não deve<br />
ser um trabalhador compulsivo (fazedor<br />
de coisas) mas deve trabalhar o<br />
tempo todo de um expediente completo.<br />
E deve fazê-lo sabendo que "enfoque"<br />
deve ser dado ao prórpio trabalho.<br />
Ele deve saber quais são os dois ou três<br />
pontos fundamentais para garantir a<br />
eficácia da organização. São os pontos<br />
que garantem sua "missão".<br />
E como existem administradores que<br />
agem assim, não e impossível ser um<br />
deles! Desta forma a organização terá<br />
saúde e poderá cumprir sua "missão".<br />
E o administrador não pode esquecer<br />
de mais uma coisa: de voltar sempre<br />
à escola. Se não se considerar aluno o<br />
tempo todo, ninguém o ensinará e ele<br />
tão pouco aprenderá.<br />
Não importam os anos de experiência;<br />
importa a sua qualidade! Ele precisa<br />
aprender a ler, a escrever e a falar<br />
com propriedade dos assuntos pertinentes<br />
à sua função. Ele precisa conhecer<br />
liderança estratégica, o meio ambiente<br />
da sua organização e as actuais<br />
tendências de mudança em todos os<br />
sectores e campos da sociedade para<br />
antecipar o futuro.<br />
Se tudo isto que aqui expusemos<br />
acontecer de facto, a organização terá<br />
todos os ingredientes necessários para a<br />
sua ef ectividade: o económico, o tecnológico,<br />
o comunitário, o sócio-político<br />
e o transcendental. O económico está<br />
relacionado com as acções que mantêm<br />
a viabilidade da organização em seu<br />
meio ambiente; o tecnológico visa o<br />
trabalho de qualidade, o trabalho bem<br />
feito; o comunitário visa desenvolver e<br />
manter o sentido de comunidade e de<br />
mútuo apoio na organização; o sóciopolítico<br />
relaciona-se com a necessidade<br />
de ser e de ser visto como bom<br />
cidadão no meio ambiente e a transcedental<br />
reconhece a necessidade que cada<br />
um tem, num nível ou num outro, de<br />
sentir que a organização significa algo<br />
a mais do que aquilo que ela faz ou do<br />
dinheiro que ela produz.<br />
Cabe ao administrador fazer com<br />
que a organização responda aos imperativos<br />
emergentes destas categorias de<br />
valores.<br />
Uma organização só será excelente<br />
e, por isto mesmo, viável, na medida<br />
em que o for em todas estas dimensões.<br />
E seria isto possível?<br />
E porque não, se acreditamos na<br />
missão do hospital e assumimos aresponsabilidade<br />
por cumprí-la?<br />
E porque não se o grito dos necessitados<br />
e dos que sofrem já nos convocaram<br />
para um trabalho sem vigilia e<br />
para uma luta sem tréguas?<br />
E porque não se a missão do hospital<br />
já se confunde com a nossa e se a<br />
certeza de realizá-la já nos impulsiona?<br />
Sim, o hospital tem viabilidade<br />
porque maior de que seus problemas e<br />
a decisão que tomamos de superá-los<br />
pela competência e pela responsabilidade.<br />
Obrigado!<br />
NOTA:<br />
O presente trabalho baseia-se em: VAU.,<br />
Peter B. - Managing as a performing art - New<br />
Ideas for a World of chaotic change: Jossey -Boss<br />
Publishets - San Francisco - London - 1989.<br />
-<br />
Eduardo Caetano<br />
(Professor da ENSP)<br />
Nos hospitais, a tendência<br />
actual é no sentido do<br />
crescimento do papel e da<br />
imporlância dos seus Serviços<br />
(ou Departamentos) de<br />
Consultas Externas. Aliás,<br />
verifica-se em Portugal, como<br />
em muitos outros países, um<br />
crescimento acentuado do<br />
ambulatório conjugado com<br />
uma f orle diminuição do<br />
internamento.<br />
De um modo geral, nesta data,<br />
o número médio de consultas<br />
externas anuais nos hospitais<br />
portugueses é bastante baixo, o<br />
que aconselha a uma subida<br />
progressiva das consultas<br />
externas hospitalares até se<br />
atingirem valores satisfatórios,<br />
nos próximos anos. Também,<br />
em regra, para um<br />
determi1Ulllo agregado<br />
populacional, OLJ.Uele número<br />
em relação ao número médio<br />
das consultas não hospitalares<br />
(centros de saúde, consultórios<br />
privados, consultórios de<br />
empresas, etc.) é<br />
demasiadamente pequeno.<br />
O planeamento e a programação do<br />
Serviço (ou Departamento) de Consultas<br />
Externas de um hospital depende de<br />
diversos indicadores como, por exemplo,<br />
os seguintes:<br />
- número de consultas por habitante e<br />
por ano;<br />
- número médio de consultas por dia<br />
e por hora;<br />
- número de consultas por cama e por<br />
ano;<br />
- índice anual das consultas externas/<br />
/urgências;<br />
- índice anual das consultas hospitalares/consultas<br />
não hospitalares;<br />
- índice anual das consultas dos doentes<br />
externos/doentes internos;<br />
- índice anual primeira consulta/consultas<br />
seguintes;<br />
. - tempo médio de consulta.<br />
Estes indicadores permitem, igualmente,<br />
avaliar da rendibilidade funcional<br />
do Serviço (ou Departamento) de<br />
Consultas Externas e sobre o com portamento<br />
da população polarizada pelo<br />
hospital no âmbito do ambulatório.<br />
1. ANÁLISE DOS INDICADORES<br />
1.1. Número de consultas por<br />
habitante e por ano<br />
Este indicador: C 1<br />
==C.P ·1,<br />
onde C==<br />
número total de consultas externas anuais<br />
de uma dada população e P=número de<br />
habitantes, é fundamental para se determinar<br />
a casuística das consultas externas<br />
de um hospital e, assim, se poder<br />
obter uma primeira quantificação de<br />
uma forma geral, dos gabinetes de<br />
consulta necessários, isto é, da dimensão<br />
do Serviço ou Departamento.<br />
Por vezes também se usa como<br />
indicador o número de consultas anuais<br />
por 1 000 habitantes: C' 1<br />
=C.10 3 .P - 1<br />
A população "real", P 1<br />
, servida por<br />
um hospital e, frequentemente, diferente<br />
da população "oficial" P, devido,<br />
especialmente, às diferentes forças atractivas<br />
dos diferentes hospitais sobre as<br />
populações vizinhas das suas áreas oficiais<br />
de polariz.ação ("catchment areas").<br />
Para fins de quantificação é preferível o<br />
valor P 1<br />
, por ser mais consentâneo com<br />
a realidade.<br />
Interessa igualmente saber o número<br />
de consultas por habitante e por ano<br />
de cada uma das valências clínicas<br />
existentes nas consultas externas de um<br />
hospital: C 1<br />
i==Ci.P 1·1, onde i==l, 2, 3, .. .<br />
Como regra, elas são mais do que as<br />
valências do internamento. Os indicadores<br />
diferenciados por valência clínica<br />
permitem não só apreciar o comportamento<br />
da população nesta área do<br />
ambulatório mas também quantificar<br />
os gabinetes de consulta e as instalações<br />
auxiliares respectivas de uma forma<br />
mais exacta.<br />
Do ponto de vista de planeamento e,<br />
por vezes, também da programação, é<br />
útil a diferenciação deste indicador por<br />
sexos e por grupos etários, tanto em<br />
geral como por valências clínicas.<br />
1.2. Número médio de consultas<br />
por dia e por hora<br />
Estes indicadores permitem quantificar<br />
com muita exactidão os gabinetes<br />
de consulta das diferentes valências<br />
clínicas e, também, constituem um bom<br />
suporte para a avaliação do trabalho<br />
médico sob o aspecto quantitativo. 113
O número médio de consultas por<br />
dia num hospital é: C 2<br />
=C.D·1, onde<br />
C=número total de consultas por ano e<br />
D=número de dias (de calendário) de<br />
consulta por ano; em geral, D=250 dias.<br />
Este indicador será mais preciso se em<br />
vez dos dias de calendário se considerarem<br />
os dias "úteis" de consulta efectuadas<br />
num dia de calendário: C 2<br />
u =C.Du·1,<br />
relativos às consultas por valência clínica,<br />
dia útil e médico: C 3<br />
=Ci.D : 1 .M:<br />
UI 1<br />
1 , onde Mi=número de médicos que<br />
trabalham numa dada valência clínica.<br />
Em geral, para se quantificar o<br />
número de gabinetes de consulta trabalhando<br />
em "pool", usa-se como indicador<br />
o número de consultas externas por<br />
hora útil de trabalho: Cu =C. {S(Duj .<br />
C 5<br />
=C. c·1, onde C=número total de<br />
consultas num ano e e=número de camas<br />
oficiais. O indicador será mais realista<br />
se se considerar o número médio anual<br />
de camas operacionais:<br />
C' 5<br />
=C.(c.Om)·1, onde Om=ocupação<br />
média anual.<br />
A Figura 1 mostra a evolução dos<br />
valores dos indicaC:.ores C' 5<br />
e C 5<br />
no caso<br />
-<br />
consultas internas por doente internado<br />
e por ano e o número médio anual de<br />
consultas externas por doente externo.<br />
1.4. Índice anual das consultas<br />
externas/urgências<br />
Este indicador é muito útil em virtude<br />
de permitir avaliar imediatamente a<br />
entre os anos 1980 e 1987, é suficientemente<br />
elucidativa.<br />
Os valores do índice Ic/u para o<br />
caso do Hospital Distrital de Beja, que<br />
se poderá tomar como paradigmal dos<br />
hospitais distritais, são não só muito<br />
baixos como mantêm uma tendência<br />
estabilizadora ao longo de muitos anos.<br />
Urge corrigir esta situação através de<br />
portugueses fora da estreita faixa que<br />
vai de Viana do Castelo a Setúbal, o<br />
valor do indice Ih é muito baixo, o que<br />
não significa ser um mal obrigatoriamente.<br />
O que é necessário é estudá-lo<br />
face aos condicionalismos do seu enquadramento<br />
de modo a não haver<br />
deficiências de planeamento que se<br />
traduzirão necessariamente em deficiên-<br />
C5 ...<br />
300<br />
C'5<br />
Ic/u<br />
1,6<br />
1,5<br />
~.p...,...C·----<br />
250<br />
1,4<br />
1,3<br />
200<br />
1,2<br />
1,1<br />
1,0<br />
150<br />
0,9<br />
0,8<br />
100<br />
0,7<br />
50<br />
FIGURAI<br />
0,6<br />
0,5<br />
FIGURA II 0,4<br />
H. Beja<br />
1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987<br />
Evolução dos<br />
índices CS e C'S<br />
de 1980 a 1987<br />
Evolução do 0,3<br />
índice Ic/u de<br />
1980a1987 1980<br />
1981 1982 1983<br />
1984 1985 1986 1987<br />
14 1<br />
onde Du=número de dias úteis de consulta<br />
por ano.<br />
A fim de se poder efectuar uma<br />
avaliação mais fina do trabalho realizado<br />
no Serviço ou Departamento de<br />
Consultas Externas é aconselhável<br />
considerar aqueles indicadores por<br />
valências clínicas: C 2<br />
.=Ci.D: 1 e<br />
1 1<br />
C 2<br />
.=Ci.D : 1 onde i=l, 2, 3, ...<br />
UI<br />
UI<br />
Por vezes interessa saber, para se<br />
poder estabelecer a matriz dos tempos<br />
de trabalho do Serviço ou Departamento,<br />
quais os números médios de consultas<br />
de determinadas valências clínicas<br />
em certos dias da semana como, por<br />
exemplo, nas segundas-feiras ou quintas-feiras.<br />
No caso dos grandes hospitais e<br />
tendo em vista a avaliação do trabalho<br />
quantitativo realizado poderá haver<br />
interesse em conhecer os indicadores<br />
Huj)} ·1,<br />
onde S: (Duj . Huj) =somatório<br />
do produto de todos os dias úteis de<br />
trabalho (por dia de calendário) pelas<br />
horas de trabalho ef ectivo realizado<br />
naqueles dias para todas as disciplinas<br />
(j=l, 2, ... ) que entram no "pool". Afim<br />
de se reduzirem os custos de investimento<br />
e de exploração interessa que o<br />
indicador C 4<br />
cresça. O seu aumento<br />
traduz-se por melhor rendibilidade das<br />
instalações e dos equipamentos nelas<br />
existentes.<br />
1.3. Número de consultas por<br />
cama e por ano<br />
A rendibilidade de um Serviço ou<br />
Departamento de Consultas Externas<br />
de um hospital em função do Seu internamento<br />
é aparente neste indicador:<br />
de três hospitais de tipos diferentes,<br />
entre 1980 e 1987.<br />
Verifica-se que a tendência é crescente<br />
em todos os hospitais embora os<br />
valores relativos ao Hospital Distrital e<br />
à Maternidade sejam muito baixos.<br />
Além do interesse epidemiológico<br />
tem igualmente utilidade, para o estudo<br />
do planeamento das Consultas Externas<br />
de um hospital, o indicador relativo<br />
ao número médio de consultas por doente<br />
e por ano: C 6<br />
=C. D·1, onde D=número<br />
total de d6entes que num ano utilizaram<br />
o Serviço de Consultas Externas.<br />
A sua diferenciação por valências<br />
clínicas: C 6<br />
.=C..D:1, onde i=l, 2, 3, ...,<br />
1 1 1<br />
permite uma avaliação mais fina do<br />
trabalho realizado no Serviço.<br />
Para um estudo mais aprofundado<br />
poder-se-ão considerar duas variantes<br />
daquele indicador: o número médio de<br />
l<br />
'<br />
1<br />
situação hospitalar relativamente a uma<br />
parte básica do ambulatório e, consequentemente,<br />
estabelecer a política mais<br />
apropriada para um hospital, ou para<br />
tipos de hospitais ou para os hospitais<br />
em geral.<br />
O índice: I~ =C. U-1, onde C=número<br />
total anual de consultas externas de um<br />
hospital e o U o seu número total de<br />
urgências por ano, traduz o comportamento<br />
da população polarizada pelo<br />
hospital no âmbito do ambulatório.<br />
Para a grande maioria dos hospitais<br />
portugueses, nomeadamente os hospitais<br />
distritais, o índice I / é muito baic<br />
u<br />
xo. De facto, o valor aconselhável deveria<br />
ser o inverso do que se verifica nesses<br />
hospitais.<br />
A amostragem indicada na Figura 2<br />
para três tipos de hospitais diferentes,<br />
um planeamento adequado.<br />
1.5. Índice anual das consultas<br />
hospitalares / consultas não<br />
hospitalares<br />
Para o planeamento das consultas<br />
externas de um hospital é fundamental<br />
analisar-se o índice: Ih = Ch. C 0<br />
h·1, onde<br />
Ch= total anual de consultas no hospital<br />
e cnh =total anual de consultas efectuadas<br />
fora do hospital, relativo ao<br />
aglomerado populacional polarizado<br />
pelo hospital e, nomeadamente, a tendência<br />
evolutiva desse índice. No casÇ><br />
do plano director para a remodelação<br />
de um hospital existente, a programação<br />
seguirá as premissas estabelecidas<br />
pelo planeamento, as quais terão de ter<br />
em conta os valores e a tendência do<br />
índice Ih.<br />
Para a grande maioria dos distritos<br />
cias de programação e consequentemente<br />
em deficientes instalações.<br />
1.6. Índice anual das consultas dos<br />
doentes externos / doentes<br />
internos<br />
Embora não seja um índice habitual,<br />
todavia o valor: Ic/i= Ce . Ci·1 da<br />
relação entre as consultas anuais de<br />
doentes externos e de doentes internos<br />
tem utilidade na programação do Serviço,<br />
nomeadamente, no que respeita aos<br />
aspectos qualitativos e quantitativos dos<br />
elementos de programação, às áreas e<br />
ao perigo potencial de biocontaminação.<br />
Do mesmo modo que para outros<br />
indicadores, também se justifica a dife- 1 15<br />
renciação deste indicador, total ou par-
G E S T Ã O<br />
HOSPITALAR<br />
do "pool"<br />
k =factor de tempo de substituição<br />
(1,1
RESUMO<br />
Este traba/,ho, começando por ser um traba/,ho de aná/.ise da, acção desenvolvida por uma<br />
Nutricionista durante o ano de 1987 no Serviço de Alimentação (SAL) do Centro <strong>Hospitalar</strong> da,s<br />
Caldas da, Rainha (CHCR), acabou por nos surpreender com os resultados obtidos; provou-nos a<br />
nós próprios que as alterações dietéticas ef ectuadas tiveram um efeito redutor nas despesas com<br />
produtos a/,imentares.<br />
MARIA MANUELA CARDOSO **<br />
•• Autora do Trabalho e Nutricionista do CHCR<br />
• Resumo do Trabalho de Estágio para a licenciatura<br />
em Ciências de Nutrição e apresentado<br />
nas instalações deste Curso a 21 de Novembro<br />
de 1988<br />
18 1<br />
INTRODUÇÃO<br />
Até 30 de Setembro de 1986, o<br />
CHCR não dispunha de qualquer técnico<br />
de nutrição e o SAL era então orientado<br />
de uma forma empírica. A partir<br />
da entrada no Serviço de uma Nutricionista,<br />
aquele foi estudado e orientado<br />
segundo regras próprias - ditadas sobretudo<br />
pela alimentacão racional e<br />
dietoterapia.<br />
Actualmente, o hospital que serve<br />
uma oomunidade é considerado não só<br />
um centro de cuidados de saúde oomo<br />
também um centro comunitário de<br />
educação sanitária. Portanto, a alimentação<br />
aí fornecida aos pacientes deve<br />
ser um exemplo de planeamento alimentar<br />
para a comunidade e um atendimento<br />
às necessidades nutricionais de<br />
cada pessoa. Ao mesmo tempo, a alimentação<br />
bem preparada e servida de<br />
forma atraente, é aceite pela maioria<br />
dos pacientes e favorece a imagem do<br />
hospital junto à comunidade.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Recorreu-se ao estudo da documentação<br />
respeitante ao Serviço de Alimentação,<br />
Serviço de Estatística e Serviço<br />
de Aprovisionamento do CHCR e<br />
de dados fornecidos pelo Instituto<br />
Nacional de Estatística.<br />
Os documentos em causa foram<br />
respectivam ente:<br />
- Serviço de Alimentação<br />
-Elementos dos anos de 1985, 1986<br />
e 1987<br />
- Capitaçóes das respectivas ementas<br />
Foi esoolhida uma determinada peça<br />
de fruta e o mesmo doce de sobremesa<br />
para ambas as ementas, ainda com a<br />
mesma contribuição para ambas. Da<br />
ementa de 1985e1986 foram retirados<br />
os pequenos-almoços e determinado o<br />
valor calórico médio de cada um deles.<br />
lndirectamente foi obtido o valor calórico<br />
médio das grandes refeiçóes -<br />
almoço e jantar- da referida ementa.<br />
O mesmo método foi utilizado para a<br />
determinação do valor calórioo médio<br />
de cada uma das refeições da ementa de<br />
1987.<br />
SERVIÇO DE ESTATÍSTICA .<br />
Movimento das refeiçóes servidas<br />
ao longo dos três anos em estudo no<br />
Hospital Distrital, Hospital Termal e<br />
conjunto do Centro <strong>Hospitalar</strong>. Obtido<br />
o número total de refeiçóes servidas e<br />
conhecidos os valores calóricos médios<br />
de cada uma delas, foi escolhida uma<br />
refeição standard com um determinado<br />
valor calórico e todas as outras apresentadas<br />
em função dessa refeição standard.<br />
Para efeitos de soma de refeiçóes<br />
servidas são considerados os equivalentes<br />
à refeição standard. A refeição<br />
escolhida - de forma perfeitamente<br />
aleatória - foi o almoço/jantar da ementa<br />
de 1986; trata-se de uma refeição de,<br />
em média 903 Kcal.<br />
SERVIÇO DE<br />
APROVISIONAMENTO<br />
Quantidades e preços de alimentos<br />
transferidos do Serviço de Aprovisionamento<br />
para o Serviço de Alimentação,<br />
ao longo dos anos em estudo.<br />
Os alimentos referidos neste trabalho<br />
encontram-se divididos em "grupos<br />
de alimentos", grupos esses que oorrespondem<br />
aos indicados na Roda dos<br />
Alimentos.<br />
- Grupo 1 - Leite e Derivados<br />
- Grupo 2 - Carne, Peixe, Ovo e<br />
Derivados<br />
- Grupo 3 - Gorduras<br />
- Grupo 4 - Cereais e Leguminosas<br />
secas<br />
- Grupo 5 - Frutos e Produtos Hortículas<br />
Os grandes fornecedores de proteína<br />
são os alimentos dos grupos 1 e 2<br />
Os grandes fornecedores de gordura<br />
são os alimentos do grupo 3<br />
Os grandes fornecedores de hidratos<br />
de carbono são os alimentos dos<br />
grupos 4 e 5.<br />
Os dados referentes à evolução do<br />
índice de preços ao consumidor dos<br />
alimentos e bebidas permitiu deflacionar<br />
os preços de 1986 e 1987, tornando<br />
1985 como ano zero, apresentando os<br />
preços destes anos como se o escudo<br />
tivesse o mesmo valor, o que permitiu<br />
uma visão objectiva da evolução das<br />
despesas.<br />
BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE NUTRIÇÃO
s<br />
o<br />
cNS~C> l\l.lÉDIC> DIÁRIO DE FIBRA<br />
NC> C.H.C.R..<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
o<br />
8.53<br />
Ementa 1<br />
(1985/1986)<br />
GRÁFIC02<br />
11<br />
Ementa 2<br />
(1987)<br />
DIA .ALI:rv:t:ENT.AR DO I-I.T.T.D.L.<br />
2500<br />
2000<br />
:·:-:·:·:·:·:·:·:-:·:·:-:·:·:·:-:·:-:·:·:·:·:·:·:·:·:·:·:·:--<br />
Peixe<br />
.-. Fruta<br />
-O- Leg.<br />
seca~<br />
GRÁFIC03<br />
GRÁFICO 6<br />
3000<br />
V.ARIA.ÇÁO DO CONSUlVlO POR. REFEIÇÃO<br />
DE LEITE, C.ARNE, PEIXE, FRUTA. E<br />
LEG-UlVlINOSA.S SECA.S NO C.H.C.R..<br />
2..500<br />
5<br />
2000<br />
~<br />
-§ 1500<br />
a<br />
1000<br />
500<br />
ii\111111<br />
o......__ ___<br />
• '><br />
4<br />
--<br />
..-. Leite<br />
<br />
l.çc:><br />
Gm ~ei<br />
[=:J Ja.n.ta.r<br />
l:::;:::::::l
Hô1PiTÃLifi<br />
GRÁFIC07<br />
G-.A..STC>S E.lv.I: lv.l:IL~ES ::c:::>E ESC::"l.J::c:::>C>S<br />
N" C> S ::c:::>I"V"E.R.SC> S G-R. "l.JPC> S ~Ilv.l:EN"T .A..R.E S<br />
3<br />
CD 0-r'Upo 4-<br />
:1987<br />
c::J 0-r'UpO .5<br />
- Na Ementa 2<br />
Proteínas<br />
Gordura<br />
H. Carbono<br />
110,27 g<br />
74,23 g<br />
338,49 g<br />
Há ainda um aumento do consumo de<br />
fibra vegetal em 1987.<br />
De 8,53 g/dia na ementa 1, passa-se a<br />
11,32 g/dia na ementa 2.<br />
A distribuição do valor calórico total<br />
ao longo do dia é bastante diferente nas<br />
duas situações confrontadas.<br />
-'<br />
parativa da situação alimentar - e respectivas<br />
consequências financeiras -<br />
das duas épocas já mencionadas, tomo<br />
como exemplo a dieta geral, isto é,<br />
aquela em que tudo é permitido. Importa<br />
assim apresentar a contribuição dos<br />
vários tipos de cozinhados em cada<br />
uma das ementas. No quadro apresentado<br />
a seguir, cada número representa a<br />
quantidade de vezes que o cozinhado<br />
indicado é repetido no mês-a ementa<br />
é elaborada para o mês.<br />
De notar que numa mesma refeição<br />
podem existir dois tipos de cozinhados<br />
e todos são considerados. Por exemplo,<br />
se uma refeição for constituida por carne<br />
estufada com batata cozida, é assinalado<br />
1 estufado + 1 cozido; daí que a<br />
soma dos 5 tipos de cozinhados não<br />
resulte exactamente 62 (2 vezes 31 dias).<br />
GRÁFIC09<br />
G-~S"TC>S: PC>R. G-R. ~C> ..A..I__Ilv.l:E.:N""T ~<br />
PC>R. Ft..E.FE.IÇÁC> :.1<br />
ll!Bl!lll 0-r'Upe> 2<br />
:198.5 :1986<br />
c::::::3 G-rupe> 3<br />
Cl G-rupo 4-<br />
1987<br />
GRÁFICOS<br />
G-.A..STC>S Elv.I: lv.l:IL~ES ::c:::>E ESC::l:J::c:::>C>S<br />
N"C>S ::c:::>I"V"ER.SC>S G-R."l.JPC>S ~I?Y:lEN"T.A..R.ES<br />
(C::.:H::.C::.R..)<br />
-- e:><br />
~<br />
e=<br />
e:><br />
. o<br />
'=5 """<br />
e....<br />
~<br />
....e::<br />
~<br />
30000<br />
2.5000<br />
20000<br />
:J..5000<br />
10000<br />
:5000<br />
o<br />
1985 :J..986<br />
:J..987<br />
Já em 1987 existem dois tipos de<br />
distribuição diferente porque se trata de<br />
2 hospitais com características diferentes.<br />
Os dois quadros seguintes - referentes<br />
aos dois hospitais - mostram muito<br />
sucinta e esquematicamente o valor<br />
calórico total das duas ementas, distribuição<br />
ao longo do dia, horário das<br />
várias refeições e valor calórico (médio)<br />
de cada uma delas.<br />
O consumo de alguns alimentos foi<br />
reduzindo gradualmente, a ponto de<br />
serem efectuadas substituições:<br />
Uma vez consumidas as salsichas<br />
de conserva existentes em armazém<br />
aquelas passaram a ser substituidas pelas<br />
salsichas frescas - foi assim substituida<br />
alguma gordura por proteína.<br />
A margarina foi retirada, dando lugar<br />
à manteiga.<br />
GRÁFICOlO<br />
GRÁFICO 11<br />
PROPORÇÃO DOS GJ3.ANDES<br />
FORNECEDORES DE PROTEINA, GORDURA<br />
E HIDRATOS DE CARBONO CONSUMIDOS<br />
EM 1986 .(C.H.C.R)<br />
GRÁFICO 12<br />
• Proteinas<br />
D<br />
Gordura<br />
Imã H .Carbono<br />
·PROPORÇÃO DOS GJ3.ANDES<br />
FORNECEDORES DE PROTEINA, GORDURA<br />
E HIDRATOS DE CARBONO CONSUMIDOS<br />
EM 1987 (C.H.C.R.)<br />
• Proteínas<br />
D<br />
Gordura<br />
mi H.Carbono<br />
momento da reformulação das sopas.<br />
Foi substituída por batata e legumes<br />
frescos. De referir que foi esta a primeira<br />
modificação na rotina do Serviço de<br />
Alimentação.<br />
Nota-se uma evolução no consumo<br />
de leite e derivados. O consumo dos<br />
alimentos do grupo2sofreu um aumento<br />
apesar da diminuição das capitações<br />
de carne e peixe ao almoço e ao jantar.<br />
Deve referir-se que as ceias fornecidas<br />
às velantes passaram a conter fiambre<br />
(alimento do grupo 2) e a carne é também<br />
um dos alimentos constituintes das<br />
refeições dos dadores de sangue.<br />
O consumo dos cereais diminuiu,<br />
sobretudo à custa da diminuição do<br />
arroz e massa e elim inacção da base de<br />
batata.<br />
Aumentou o consumo de<br />
leguminosas secas, o que contribuiu<br />
para o aumento do consumo de fibra, já<br />
referida neste trabalho. Aumentou o<br />
consumo de produtos hortícolas, bem<br />
como da fruta. Passou a existir mais<br />
variedade de vegetais frescos - tanto<br />
para sopas como para saladas.<br />
A diminuição dos gastos com<br />
produtos alimentares ficou a dever-se<br />
sobretudo aos grupos 2 e 4, ou seja, à<br />
diminuição das capitações de peixe/<br />
/carne/ovo e de arroz/massa/batata.<br />
Não se torna necessário fornecer<br />
GRÁFICO 14<br />
refeições de grande volume, uma vez<br />
que o total calórico se distribui por 6 REFEIÇÕES SERVIDAS NO C.H.C.R.<br />
refdções. E GASTOS EM PRODUTOS ALIMENTARES<br />
·sendo assim, conseguimos fornecer<br />
ao doente em cada refeição uma<br />
quantidade de alimentos que o deixa<br />
saciado, mas não uma quantidade exagerada<br />
a ponto de o doente não conse-<br />
. guir ingerir na totalidade. Os alimentos<br />
constituintes de pequenas refeições<br />
(nomeadamente os grandes fornecedores<br />
de proteína) são mais baratos do que<br />
os utilizados na composição de grandes<br />
refeições. Do modo como nós fazemos<br />
a distribuição da alimentação, fornecemos<br />
dietas adequadas com custos mais<br />
baixos.<br />
Melhor do que qualquer exposição,<br />
os gráficos falam por si.<br />
CONCLUSAO<br />
Sabendo apenas por observação da<br />
rotina que os desperdicíos de alimento<br />
pós-confecção e pós-empratamento<br />
diminuíram desde a nova distribuição<br />
de refeições, podemos concluir:<br />
Aquando a primeira ementa, os<br />
doentes internados no Hospital Distrital<br />
não consumiam na íntegra a dieta<br />
prescrita, pelo facto de desperdiçarem<br />
240000 30000<br />
29000<br />
220000<br />
Refeições<br />
28000<br />
200000<br />
2 7000<br />
.s<br />
~ 180000 26000<br />
.....;<br />
25000<br />
~ 160000<br />
24000<br />
140000 Gastos 23000<br />
100000<br />
80000<br />
1985 1986<br />
Anos<br />
GRÁFICO 15<br />
1987<br />
22000<br />
2 1000<br />
200 00<br />
EV"OLUCÁC> :r:::>C>S G.A.STC>S CC>1'1.l 13E13II>.A.S<br />
:B. PR..C>I>. PR..EP. ClJLIN.A.R..I.A.<br />
700<br />
600<br />
500<br />
~ 400<br />
c:l<br />
~ 300<br />
~<br />
::5 200<br />
:E<br />
:J.00<br />
o<br />
:J.985<br />
:J.986<br />
~C>S<br />
- Bebid.ns<br />
m:zi Pr. P<br />
r. Cu<br />
1<br />
:J.987<br />
z<br />
• 00<br />
~<br />
~<br />
!""""<br />
E<br />
~<br />
GRÁFICO 13<br />
REFEIÇÕES SER.VIDAS NO C.H.C.R..<br />
GASTOS El\.-1: PRODUTOS ALI:M:ENTAR..ES<br />
( deflacionados)<br />
240000 27000<br />
220000 26000<br />
200000 25000<br />
i:r3 180000<br />
::9<br />
::;s 160000<br />
::z:<br />
24000-<br />
lc:><br />
23000<br />
=<br />
~<br />
::--'"><br />
..<br />
GRÁFICO 16<br />
E '7" C> L ""(J Ç.Ã.C> I=> C> s CJ-...A..S rore> s rore>r-r ...A..I s<br />
E e; C> ::rv'.l ::13 E::S II=> ...A..S<br />
30000<br />
2.5000<br />
~ 20000<br />
~<br />
HôsiiiTÃtlfi<br />
= ....<br />
~<br />
e.<br />
~<br />
c..Ll<br />
..e<br />
:g<br />
16000<br />
14000<br />
12000<br />
10000<br />
8000<br />
6000<br />
4000<br />
2000<br />
GRÁFICO 17<br />
GASTOS NOS G.F.P.; CONSUMO DE<br />
G.F.P., Gr. 1 E Gr. 2<br />
o<br />
1985<br />
3000 1-<br />
2500 -<br />
2000 1-<br />
1500 ....<br />
Gr. 1<br />
1986 1987<br />
Anos<br />
G-..A.STC>S E<br />
G-R... FC>R..N'".<br />
Cor1.s-um<br />
G-a.s1:C>S<br />
-<br />
GRÁFICO 18<br />
1800000<br />
1600000<br />
1400000<br />
1200000<br />
1000000<br />
~sooooo<br />
'-600000<br />
~400000<br />
'-200000<br />
o<br />
o<br />
"' ~<br />
CC> N'"S T.J:rvl C><br />
uma parte do almoço e/ou jantar. Desde<br />
a implementação do novo sistema de<br />
distribuição de refeições, teoricamente<br />
os doentes internados têm uma dieta<br />
reforçada caloricamente e, dado que se<br />
verificam muito menos desperdícios<br />
(reforce-se que tal afirmação se baseia<br />
na simples observação dos factos e não<br />
tem qualquer registo), os nossos doentes<br />
passam a consumir efectivamente<br />
mais alimentos com a vantagem de não<br />
estarem sobrealimentados numa parte<br />
do dia e em autofagia proteíca durante<br />
o restante tempo.<br />
Assim fica provado que a gestão de<br />
um Serviço de Alimentação com base<br />
em conhecimentos de alimentação racional<br />
e dietoterapia, de modo algum<br />
aumenta os gastos hospitalares no que<br />
concerne a produtos alimentares.<br />
r:>C> S<br />
r:>E G-C>R..r:>-c..JR..~<br />
-1800000<br />
1-1600000<br />
-14-00000<br />
. 1- 1200000<br />
>-1000000 ~<br />
~<br />
-sooooo<br />
NOTA<br />
- Caracterização do Centro<br />
<strong>Hospitalar</strong> e Serviço de<br />
Alimentação<br />
O Centro <strong>Hospitalar</strong> é constituído<br />
pelo Hospital Termal e pelo Hospital<br />
Distrital, ambos com características<br />
distintas. Desde 1980 o Serviço de<br />
Alimentação é comum aos dois hospitais<br />
- Termal e Distrital. É assim, considerado<br />
o Serviço de Alimentação do<br />
Centro <strong>Hospitalar</strong> das Caldas da Rainha.<br />
Com a alimentação fornecida só<br />
trabalha pessoal pertencente ao Serviço<br />
de Alimentação. Cozinheiras e<br />
Auxiliares preparam, confeccionam e<br />
empratam. Copeiras assistem e orientam<br />
o empratamento dos doentes a quem<br />
vão distribuir a alimentação. As copeiras<br />
são portadoras dos cartões correspondentes<br />
às dietas, cartões esses que<br />
lhes são entregues pelo pessoal de enfermagem,<br />
que por sua vez transcreve<br />
para esses cartões a dieta prescrita no<br />
processo do doente.<br />
GRÁFICO 20<br />
VARIAÇÃO DO CONSUMO DE SAL. E<br />
SACAROSE POR REFEIÇÃO NO C.H.C.R.<br />
18<br />
16<br />
14<br />
12<br />
Sal<br />
~ 10<br />
E<br />
Sacarose<br />
~ 8<br />
e.::><br />
6<br />
4<br />
2<br />
o<br />
1985 1986 1987<br />
Anos<br />
GRÁFICO 21<br />
PROPORÇÃO DOS G~DES<br />
FORNECEDORES DE PROTEINA,. GORDURA<br />
E HIDRATOS DE CARBONO ADQUIRIDOS<br />
EM 1987 (C.H.C.R)<br />
• Proteinas<br />
D<br />
Gordura<br />
1000 -<br />
>-- 600000<br />
-4-00000<br />
500 -<br />
- 200000<br />
0+---------------------------------..L.0<br />
198.5 J.986 1987<br />
.Â.rl.C>S<br />
O empratamento é centralizado, à<br />
excepção do Serviço de Pediatria, em<br />
que são as próprias auxiliares de acção<br />
médica - em contacto permanente com<br />
as crianças - que vêm à cozinha fazer<br />
o próprio empratamento.<br />
llllii H.Carbono<br />
GRÁFICO 19<br />
GRÁFICO 22<br />
GASTOS<br />
DOS S<br />
E CONSUlVIOS DOS ALilVlENTOS<br />
GRUPOS DA R..A. NO C.H.C.R..<br />
40000 8000000<br />
PROPORÇ..A.O DOS GR.ANDES<br />
FORNECEDORES DE PROTEÍN..A., GORDUR..A.<br />
E HIDR...A.TC>S DE CA.R..BC>NO INDICA.DOS<br />
ElVl 1986 (C.H.C.R)<br />
7000000<br />
6000000<br />
5000000 o<br />
Q<br />
4000000 ~<br />
<br />
- Prot:einas<br />
D<br />
Gordura<br />
3000000<br />
2000000<br />
R<br />
H_Carbono<br />
1000000<br />
---------------- Gr. 1---- -<br />
o<br />
1986 1987<br />
Anos<br />
.____ ___<br />
______________l i 27
28 1<br />
David H. Gustafson, Ph.D.*<br />
William L. Cats-Baril, Ph.D.**<br />
Farrokh Alemi, Ph.D.***<br />
* Professor e Director do Departamento de Engenharia<br />
Industrial da Universidade de Madison-Wisconsin<br />
(EUA)<br />
** Professor Assistente da Escola de Administração da<br />
Universidade de Vermont (EUA)<br />
*** Professor Assistente do Departamento de Administração<br />
de Saúde, Universidade de Tulane (EUA)<br />
Este artigo analisa o projecto e construção de dois instrumentos de decisão para avaliar a<br />
probalidade de sucesso da implementação de iniciali,vas de mudança. A primeira parte deste artigo<br />
consiste numa resenha da literatura sobre os f actores de previsibilidade por um grupo de<br />
especialistas. A segunda parte descreve e compara os dois modelos: um modelo de previsibilidade<br />
bayesiano e um modelo de previsibilidade Multi-Atributivo. Ambos são compostos por 24 atributos<br />
agrupados em cinco categorias: (1) Definição de Problema, (2) Plano de Implementação, (3)<br />
Grupos Visados (2), (4) Agente de Mudança e (5) Mudança proposta. A terceira parte apresenta<br />
testes de fiabilidade e avaliação, bem como o estudo de um caso. Ambos os modelos parecem prever<br />
o sucesso, de acordo com a avaliação de vários peritos. Por fim, o processo de modelação usado<br />
nesta pesquisa é proposto como paradigma para a pesquisa em ciência social.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A maior parte da literatura sobre o<br />
papel dos auxiliares da decisão<br />
apresenta-os como apoio na escolha da<br />
melhor solução de entre um conjunto<br />
de opções viáveis. Recentemente,<br />
sugeriu-se que os auxiliares de decisão<br />
deveriam assegurar a estruturação e<br />
definição de problemas e a criação de<br />
opções. De qualquer forma, o papel do<br />
auxiliar de decisão parece terminar<br />
uma vez tomada a decisão ou decidida<br />
a política. Apesar disso, é muitas vezes<br />
nessa altura que o apoio é mais necessário.<br />
De facto, as decisões de<br />
grande qualidade nem sempre vêm a<br />
ser implementadas. Muitas vezes, o<br />
responsável pela decisão sabe que solução<br />
implementar. O problema real é<br />
como conseguir que essa política seja<br />
efectivamente implementada. As razões<br />
para o malogro da implementação<br />
são variadas e têm sido extensamente<br />
relatadas na respectiva literatura (ver:<br />
Ackoff (1960); Burns e Stalker (1961)<br />
para alguns dos primeiros exemplos;<br />
mais recentemente ver Schultz e Slevin<br />
( 1975); Watson e Marett ( 1978);<br />
Lee e Steinberg (1980); e Ginzberg<br />
(1981), entre outros). Apesar de oresponsável<br />
pela decisão poder estar bem<br />
ciente dos factores que afectam a implementação<br />
em geral, ele pode ter dificuldades<br />
em combinar essas dimensões<br />
para avaliar que sucesso poderia<br />
ter um esforço de implementação específico.<br />
(Anderson, Chervany e Narasimham<br />
(1979)).<br />
Este artigo aborda a construção e<br />
avaliação de dois auxiliares de decisão;<br />
instrumentos que quantificam a<br />
probabilidade de sucesso da implementação<br />
para iniciativas de mudança.<br />
O artigo está estruturado em quatro<br />
partes. Primeiro, é apresentada uma<br />
resenha da literatura sobre os principais<br />
factores relacionados com a mudança<br />
bem sucedida. Segundo, é discutida<br />
a metodologia utilizada para desenvolver<br />
os auxiliares de decisão e é<br />
feita uma descrição dos auxiliares<br />
propriamente ditos. A terceira parte<br />
trata dos testes práticos que foram levados<br />
a cabo para verificar a validade<br />
e fiabilidade dos auxiliares. Finalmente,<br />
são tiradas algumas conclusões e<br />
sugeridas recomendações sobre o uso<br />
do auxiliar de decisão, quer para análise<br />
da implementação quer para a pesquisa<br />
da ciência social em geral.<br />
2. REVISÃO DA LITERATURA<br />
A literatura sobre implementação,<br />
inovação e mudança sugere que há variadíssimos<br />
factores que influenciam a<br />
probabilidade de implementar com sucesso<br />
um dado plano de acção. Esses<br />
factores podem ser classificados em<br />
cinco categorias principais: (1) características<br />
do grupo visado, (2) características<br />
do agente de mudança, (3) características<br />
da própria mudança, ( 4)<br />
características do processo utilizado<br />
para introduzir a mudança e (5) características<br />
do contexto no qual irá ocorrer<br />
a mudança.<br />
CARACTERÍSTICAS<br />
DO GRUPO VISADO<br />
O grupo visado é a pessoa, grupo,<br />
organização ou comunidade para a<br />
qual o esforço de implementação é dirigido<br />
e aqueles que assumem papel<br />
instrumental na implementação da mudança.<br />
A pesquisa indica que o grupo<br />
de alvo tem de possuir determinadas<br />
características antes da mudança, por<br />
forma a que a implementação tenha sucesso.<br />
-<br />
De acordo com Lewin (1947), Greiner<br />
(1967), Dalton (1969), Brereton<br />
(1972), Huse (1 975), Anderson e Narasimham<br />
(1979), Alter (1980) e Alavi<br />
e Henderson (1981), entre outros, uma<br />
das mais importantes condições prévias<br />
é um sentimento de tensão ou necessidade<br />
de mudança sentida. Lippit,<br />
Watson e Westly (1958) postulam que<br />
esta tensão de mudança pode ser causada<br />
por insatisfação com o presente<br />
estado de coisas criado por uma performance<br />
diminuída, diminuta autoconsideração,<br />
aspirações aumentadas,<br />
pressões externas do meio e/ou de grupos<br />
de poder e de superiores hierárquicos.<br />
Uma outra característica importante<br />
que afecta a probabilidade do sucesso<br />
da implementação é a atitude dos grupos<br />
visados perante a mudança (Rogers<br />
e Schoemaker ( 1971); Vertinsky<br />
(1975); Powell (1976); Alter (1980)),<br />
que está relacionada com a sua experiência<br />
anterior de mudança (Lippit,<br />
Watson e Westly (1958); Wilson<br />
(1966); Greiser (1967); Reisman e de<br />
Kluyver (1975)) e os incentivos para a<br />
mudança (Wilson (1966)).<br />
O nível de envolvimento do grupo<br />
visado tem sido determinado como<br />
sendo crucial no sucesso da implementação<br />
(Leavitt (1964); Greiner (1967);<br />
Evans e Black (1967); Lawrence<br />
(1969); Hage e Aiken (1970); Gross,<br />
Giaoquinta e Bernstein ( 1971); Lucas<br />
(1975); Manley (1975); Schultz e Slevin<br />
(1975); Ginsberg (1981)). Lonnstedt<br />
(1985) refere especificamente que<br />
a colaboração do grupo visado nos primeiros<br />
estádios de definição do problema<br />
foi verificada em 80 % dos projectos<br />
considerados bem sucedidos.<br />
Esta escala de sucesso foi duas vezes<br />
maior do que nos projectos nos quais<br />
não existiu essa colaboração desde o<br />
princípio. Além disso, nos projectos<br />
em que os grupos visados foram envolvidos<br />
na especificação das contrapartidas,<br />
a percentagem de sucesso foi<br />
de 75% (McKinsey and C. (1968)).<br />
O grupo visado tem também de possuir<br />
capacidade para lidar com a mudança.<br />
Lippit, Watson e W estley<br />
(1985) afirmam que uma das fontes da<br />
resistência à mudança é o medo por<br />
parte do grupo visado de não possuir<br />
força, entendimento, aptidão e/ou capacidade<br />
económica necessárias à mudança<br />
(Zaltman, Duncan e Holbeck<br />
(1973); Guimarães (1981)).<br />
Rogers (1962), Churchman e<br />
Schainblatt (1965), Powel (1976) e<br />
Lee e Steinberg (1980), entre outros,<br />
sugerem que estilo cognitivo do gestor,<br />
a sua receptividade à inovação, a<br />
sua atitude perante os riscos, o seu<br />
cosmopolitanismo, a correspondência<br />
entre os seus objectivos e os objectivos<br />
da organização, a sua sofisticação, conhecimento<br />
e exposição à mudança,<br />
têm um impacto na plausibilidade de<br />
sucesso da implementação.<br />
Antes de um grupo visado querer<br />
implementar uma mudança, ele tem<br />
que ter uma atitude positiva perante<br />
essa mudança, ou é possível que ocorram<br />
stress e/ou conflito. Manley<br />
(1975) indica que uma mudança proposta<br />
é objecto de atitudes capaz de<br />
promover ou inibir os conflitos. A atitude<br />
colectiva assumida pelo grupo visado<br />
é função das características da<br />
mudança proposta.<br />
CARACTERÍSTICAS<br />
DA MUDANÇA PROPOSTA<br />
As seguintes características de uma<br />
mudança proposta foram sugeridas como<br />
promotoras da probabilidade de<br />
uma implementação bem sucedida. A<br />
mudança deve ser de grande qualidade<br />
técnica (Bennis ( 1965); Maher e<br />
Rbenstein (1974); Delbecq (1975);<br />
Schultz e Slevin ( 1975)). Deve ser<br />
simples .• compreensível, sólida, fácil<br />
de controlar e de adaptar (Ackoff<br />
(1967); Bolan (1969) ; Harvey (1970);<br />
Huysmans (1970); Little (1970); Maher<br />
(1973); Vazsonyi (1973); Lee e<br />
Steinberg (1980)). Além disso, a mudança<br />
e suas consequências devem ser<br />
fáceis de transmitir (Rogers e Schoemaker<br />
( 1971); Kotter e Schlesinger<br />
(1979)).<br />
O volume de incerteza que envolve<br />
um projecto em termos de amplitude,<br />
grau de estruturação, reversibilidade,<br />
clareza de objectivo e previsibilidade<br />
do impacto serão inversamente proporcionais<br />
à probabilidade do sucesso<br />
da implementação (Rogers (1962);<br />
Radnor e N eal ( 1973); Lee e Steinberg<br />
(1980); Alavi e Henderson (1981);<br />
Guimarães (1981)). Por exemplo,<br />
Zand e Sorensen (1975) referem que,<br />
em projectos classificados pelos seus<br />
responsáveis como excepcionalmente<br />
mal sucedidos, os gestores não conseguiTam<br />
apresentar claramente o problema<br />
no início do projecto e sentiram<br />
que o problema a ser tratado era dema- ·<br />
siado grande. Dickson (1976) sugere<br />
que o sucesso é função da expectativa<br />
de se atingir o resultado desejado através<br />
da mudança proposta, do valoresperado<br />
dos_ possíveis resultados, e da<br />
escala ou variação desses resultados.<br />
Quanto maior for a percepção das vantagens<br />
relativas da mudança, tanto<br />
maior a probabilidade de implementação<br />
(Maher e Rubenstein ( 197 4);<br />
Schultz e Slevin (1975)).<br />
Quanto menos radical for a mudança<br />
proposta, maior será a probabilidade<br />
de a implementação ser atingida com<br />
um mínimo de conflito (Stevens e Galanter<br />
(1957); Fliegel e Kivlin (1966);<br />
Hage e Aiken (1970); Stimson e Stimson<br />
(1 972); Delbecq (1975); Kotter e<br />
Schlesinger (1979)). A mudança proposta<br />
não deverá exigir demasiado dos<br />
recursos (Wilson ( 1966)); Knight<br />
(1967); Delbecq (1975), nem ser<br />
ameaçadora em termos de poder, prestígio<br />
e/ou segurança (Wilson (1966);<br />
Vertinsky, Barth e Mi~chell (1975)).<br />
A mudança proposta deve, por outro<br />
lado, ser percebida como relevante,<br />
como uma vantagem clara sobre o status<br />
quo, proveitosa e com valor pessoal<br />
para o grupo de alvo (Rogers<br />
(1962); Maher (1973); Manley<br />
(1975); Schultz e Slevin (1975); Vertinsky,<br />
Barth e Mitchell (1975); Kotter<br />
e Schlesinger (1979)).<br />
CARACTERÍSTICAS DO<br />
AGENTE DE MUDANÇA<br />
Para além da mudança proposta, o<br />
agente da mudança é também objecto<br />
de atitudes que podem influenciar o<br />
clima para a mudança. O agente de<br />
mudança é<br />
a pessoa ou grupo que<br />
apoia o grupo visado na implementaç_ão<br />
da mudança proposta. Algumas<br />
das características que contribuem para<br />
o sucesso do agente de mudança<br />
são: prestígio adquirido (Duncan e<br />
Zaltman (1969)); respeitabilidade e<br />
mérito (Dalton (1969)); partilhar os<br />
mesmos valores e atitudes que o grupo<br />
visado (Duncan e Zaltman (197 5));<br />
e ter um comportamento profissional<br />
(Lippitt (1973)).<br />
A importância do agente de mudança<br />
é salientada por Greiner (1967);<br />
Argyris (1971); Vertinsky, Barth e<br />
Mitchell (1975); Powell (1976); e<br />
Gustafson, Rose e Howes (1975), entre<br />
outros. Duncan e Zaltman ( 197 5)<br />
sublinham a importância dos valores e<br />
da orientação em termos de diagnóstico<br />
do agente de mudança. Eles referem<br />
que os valores do agente de mudança<br />
são críticos porque eles têm um<br />
impacto importante na forma como o<br />
problema é definido e diagnosticado, e<br />
como as soluções e estratégias são seleccionadas.<br />
Lippitt e outros (1958) também indicam<br />
que a orientação de diagnóstico 1 29
HôsPiTÃiifi<br />
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
30<br />
do agente de mudança é o factor primordial<br />
na determinação dos factos,<br />
factos esses que o sistema cliente descobrirá<br />
serem verdadeiros sobre a sua<br />
própria situação, e referem ainda que<br />
todos os agentes de mudança formulam<br />
certos pressupostos sobre o sistema<br />
cliente que definem a sua forma de<br />
abordagem da tarefa de apoio à mudança<br />
planeada. Por isso, é importante<br />
que os valores e a orientação de diagnóstico<br />
se conjuguem com os do grupo<br />
visado e a sua situação particular. Guimarães<br />
(1981) sugeriu que a diferença<br />
entre o sucesso e o insucesso é primeiramente<br />
baseada na interacção efectiva<br />
entre o grupo visado e a equipa de mudança,<br />
implicitando que as capacidade<br />
de comunicação sejam primordiais para<br />
a equipa de mudança.<br />
Outra característica importante do<br />
agente de mudança é a estratégia ou<br />
abordagem que utiliza na implementação<br />
da mudança proposta (Lippitt<br />
(1973)). Tem sido sugerido que se<br />
torna importante para a equipa de mudança<br />
avaliar a natureza da situação<br />
em termos de resistência à mudança,<br />
forças psico-sociais em jogo, poder,<br />
estrutura da organização e da comunicação,<br />
e das consequências da mudança<br />
(Bennis (1965); Huysmans (1970);<br />
Stimson e Stimson (1972); Zaltman,<br />
Duncan e Holbeck (1973); Lippitt<br />
(1973); Lockett e Polding (1978)).<br />
Harvey (1970) sugeriu que a sensibilidade<br />
e responsabilidade da equipa<br />
do projecto está grandemente ligada a<br />
projectos bem sucedidos. Ele verificou<br />
que, 10 em cada 11 casos nos quais o<br />
agente de mudança era sensível às<br />
prioridade e motivações do cliente, a<br />
probabilidade de implementação bem<br />
sucedida aumentava. Outros referiram<br />
também a necessidade de estabilidade<br />
e de poucas alterações na equipa de<br />
mudança (Alter (1980)).<br />
Vários investigadores referiram a<br />
necessidade, por parte do agente de<br />
mudança, de ter um apoio de alto nível,<br />
ter já tido um exemplo bem sucedido<br />
na organização, estar localizado<br />
num ponto central da organização, ser<br />
reconhecido oficialmente, e ter recursos<br />
suficientes (Radnor e Rubinstein<br />
(1970); Powers e Dickison (1973);<br />
Radnor e Neal (1973); Powell (1976);<br />
Anderson e Narasimham (1979); Cain<br />
(1979); Lee e Steinberg (1980)).<br />
Dalton (1969) e Lippitt (1973) salientam<br />
a importância de estabelecer<br />
objectivos específicos para a implementação.<br />
Foi ainda sugerido, como<br />
variável importante, o apoio psicológico<br />
do agente de mudança ao grupo<br />
1<br />
de alvo durante a implementação<br />
(Bennis (1965)). Ginzberg (1978) refere<br />
que o envolvimento do analista até<br />
ao final do projecto garante solidificação<br />
adequada da mudança proposta.<br />
CARACTERÍSTICAS DO<br />
PROCESSO DE MUDANÇA<br />
O próprio processo de mudança tem<br />
um efeito importante no sucesso da<br />
implementação. Por exemplo, tem sido<br />
relatado como um factor importante<br />
quem apresenta as ideias para a mudança<br />
(de que sector e a que nível da<br />
organização) (Wilson (1966); Dane,<br />
Gray e Woodworth (1979); Kimberly<br />
e Evanisko (1981)). O nível de apoio<br />
dos gestores e o número de utentes e<br />
planificadores/ implementadores tem<br />
um efeito na implementação bem sucedida,<br />
mas em direcções diferentes<br />
(Bean, e outros (1975); Alter (1980)).<br />
Por um lado, quanto maior o nível de<br />
apoio dos gestores de top, maior a<br />
possibilidade de implementação da<br />
mudança. Por outro lado, quanto menos<br />
pessoas tiverem que ser envolvidas<br />
na implementação e afectadas pela<br />
mudança, tanto melhores as possibilidades<br />
para a implementação bem sucedida<br />
dessa mudança (Lee eSteinberg<br />
(1980)).<br />
Os investigadores referiram que a<br />
quantidade de tempo gasto na compilação<br />
de dados, definição do problema,<br />
construção de um modelo descritivo, e<br />
a quantidade de «Unfreezing«(*) se relaciona<br />
directamente com a implementação<br />
bem sucedida (Gupta (1977);<br />
Ginzberg (1981)). Também foi relatado<br />
que a responsabilização dos gestores<br />
de linha pela dotação do projecto<br />
de mudança com o pessoal e pela sua<br />
gestão e o ponto até ao qual os responsáveis<br />
operacionais respondem pelo<br />
impacto do esforço de mudança, estão<br />
positivamente correlacionados com a<br />
implementação bem sucedida (McKinsey<br />
(1968); Wyne (1979); Lee e Steinberg<br />
(1980)).<br />
Finalmente, a literatura sugere que a<br />
plausibilidade de implementação bem<br />
sucedida depende do objectivo apresentado<br />
(Dane, Gray e Woodworth<br />
( 1979), da clareza e justificação dos<br />
objectivos da mudança proposta, na<br />
medida da articulação e definição das<br />
actividades e das tarefas do processo<br />
de mudança (Lonnstedt ( 197 5); Lee e<br />
Steinberg (1980)).<br />
CARACTERÍSTICAS DO<br />
CONTEXTO EM QUE A<br />
MUDANÇA IRÁ OCORRER<br />
As condições do meio podem produzir<br />
tensão para a mudança ou pôr entraves<br />
a que a organização atinja os<br />
seus objectivos. No meio estão incluídos<br />
o sistema social ao qual pertence o<br />
grupo visado e os sistemas interrelacionados<br />
sobre os quais o grupo de<br />
alvo não tem controlo directo.<br />
Os investigadores indicaram a importância<br />
que o grupo visado tem, relativamente<br />
a outros grupos, para o sucesso<br />
da implementação. Greiner<br />
(1967) verificou que uma das características<br />
de todas as organizações que<br />
ele estudou e que obtiveram uma mudança<br />
bem sucedida era o grande<br />
apoio a essa mudança por parte de todos<br />
os níveis dessa organização. Greiner<br />
(1967) e Maher (1973) sugerem<br />
que os gestores principais deveriam<br />
não só dar apoio ao grupo visado, mas<br />
também incentivar o estabelecimento<br />
de um clima propício à mudança.<br />
Hysmans (1970) afirma que a administração<br />
tem de estar interessada na mudança<br />
e tem de a compreender, enquanto<br />
que outros referiram a importância<br />
de um 'impulsionador do projecto'<br />
para o sucesso de implementação.<br />
Factores endógenos como a turbulência<br />
ambiental, complexidade, formalidade,<br />
centralização (Robey e Zeller<br />
(1978)), e o âmbito (Kimberly e<br />
Evanisko (1981)) afectam a plausibilidade<br />
da impllementação. Powell<br />
(1976) propôs que a necessidade de soluções<br />
políticas para os problemas determina,<br />
por vezes, o sucesso ou insucesso<br />
dos esforços de implementação.<br />
White, Diettrich e Lang (1980) mostraram<br />
que a estruturação do processo<br />
de tomada de decisão leva ao aumento<br />
do esforço de implementação. Por<br />
fim, Carter e Schlesinger (1979) sugerem<br />
que as três variáveis situacionais<br />
chave são: a) a posição dos promotores<br />
vis-a-vis 3) os adversários em termos<br />
de poder e confiança, b) o locusde<br />
dados relevantes necessários ao esforço<br />
de implementação e c) os riscos envolvidos.<br />
·<br />
Estes estudos fornecem critérios importantes<br />
sobre o impacto de factores<br />
específicos no sucesso da implementação.<br />
Contudo, a natureza multifacetada<br />
do problema requer uma análise<br />
que vai além da simples análise ponto<br />
por ponto dos factores envolvidos.<br />
Qual é a importância relativa dos fac-<br />
-<br />
tores? Como é que pode ser medido o<br />
grau de realização de cada factor? Como<br />
é que os vários factores do processo<br />
de implementação podem ser combinados<br />
para produzir uma previsão<br />
geral do sucesso ou insucesso? Uma<br />
das formas de tratar esta matéria é desenvolvendo<br />
um modelo quantitativo<br />
de implementação. Esse modelo é o<br />
centro da pesquisa aqui relatada.<br />
3. DESENVOLVIMENTO<br />
DO MODELO<br />
A literatura atrás apresentada forne- ·<br />
ceu as bases para criar um modelo para<br />
prever e explicar o sucesso dos esforços<br />
de implementação. Foram ainda<br />
dados quatro passos para criar o<br />
modelo. Primeiro, foram seleccionados<br />
os factores mais relevantes para o<br />
modelo. Segundo, foram desenvolvidos<br />
meios de avaliação para cada factor.<br />
Terceiro, foram determinados<br />
meios para agrupar estes factores num<br />
prognóstico matemático. Quarto, foi<br />
calculado o peso da importância relativa<br />
de cada factor. Cada uma destas<br />
etapas é discutida seguidamente:<br />
FACTORES<br />
Conforme foi sugerido pela resenha<br />
da literatura anteriormente apresentada,<br />
existe uma plétora de factores que<br />
podem ser importantes para predizer o<br />
sucesso da implementação. Contudo,<br />
por forma a serem úteis a um modelo,<br />
os factores têm que ser reduzidos a um<br />
número controlável. Uma equipa de<br />
peritos concordou em seleccionar os<br />
factores que consideravam mais importantes<br />
e em desenvolver o modelo.<br />
A equipa era constituída por três<br />
académicos de renome, cuja investigação<br />
se tinha centrado na implementação<br />
de programas de mudança na organização<br />
e ciência de gestão. Também<br />
estavam incluídos o director da Divisão<br />
de Saúde do Governo Estadual do<br />
«Midwest« (5) (responsável pelo Departamento<br />
de Planeamento de Saúde<br />
daquele estado e presidente do Departamento<br />
de Economia da Universidade);<br />
os Director, Director Assistente e<br />
Chefe de Planeamento de um organismo<br />
que prestava assistência técnica a<br />
agências de planeamento de saúde no<br />
«Midwest», e os Director, Director<br />
Associado e Chefe de Planeamento da<br />
agência local dos programas de acções<br />
de saúde. Este grupo forneceu experiência<br />
teórica e prática de mudança na<br />
organização e planeamento de programas.<br />
Foi pedido à equipa para aperfeiçoar<br />
a lista de factores identificados na<br />
apresentação da literatura e para indicarem<br />
os factores que eles consideravam<br />
como pontos principais de diagnóstico<br />
para a distinção entre os projectos<br />
implementados com sucesso e<br />
os mal sucedidos. Foi depois pedido<br />
aos técnicos de planeamento e aos teorizadores<br />
da mudança para reavaliarem<br />
a lista dos factores já revista por<br />
forma a identificarem as principais dependências.<br />
Sempre que eram identificados<br />
dois factores considerados grandemente<br />
dependentes um do outro pela<br />
maioria dos especialistas, eram tomadas<br />
duas medidas. Primeiro, os<br />
dois factores eram re-escritos por forma<br />
a reflectirem os aspectos diversos.<br />
Se isto falhasse, um dos factores era<br />
eliminado. Em segundo e último lugar,<br />
eram agrupados, numa categoria<br />
específica, os factores semelhantes<br />
mas independentes. A equipa identificou<br />
cinco categorias. A lista final de<br />
factores e categorias é apresentada na<br />
figura 1.<br />
MEDIDAS<br />
A maior parte das variáveis seleccionadas<br />
para o modelo não tinham<br />
uma medida singular objectiva Por<br />
exemplo, a «performance» no factor<br />
n. 0 2 («exploração do problema») é,<br />
em grande medida, uma questão de<br />
opinião. A questão relacionada com a<br />
exploração do problema é posta na seguinte<br />
frase «com que profundidade é<br />
que os técnicos de planeamento exploraram<br />
o problema antes de começarem<br />
a desenvolver o esquema proposto?»<br />
Os autores não puderam encontrar<br />
uma medida objectiva grandemente relacionada<br />
com esta variável. No entanto,<br />
a equipa de teorizadores da mudança<br />
e os técnicos de planeamento pensavam<br />
que o envolvimento do grupo visado<br />
era um factor importante para a<br />
avaliação da exploração do problema<br />
como o era a utilização de dados empíricos<br />
para documentar a existência do<br />
problema e a utilização da observação<br />
para promover a sua compreensão em<br />
primeira instância.<br />
A estratégia escolhida para a avaliação<br />
dos factores foi a criação de descrições<br />
verbais de performances particularmente<br />
boas e particularmente más ·<br />
de cada factor, isto é, «performances»<br />
que aumentariam ou diminuiriam a<br />
plausibilidade do programa de acção<br />
ser implementado. Assim, a realização<br />
de um esforço real de planeamento,<br />
em termos da extensão do seu esforço<br />
FIGURA 1<br />
Factores de predicção do sucesso de<br />
implementação seleccionados pelo<br />
painel de peritos.<br />
Categoria/Factor<br />
Definição do Problema<br />
(1) - Apoio ao planeamento (mandato)<br />
(2) - Exploração do problema<br />
(3) - Utilização de especialistas<br />
( 4) - Soluções alternativas<br />
Planeamento de Implementação<br />
(5) - Financiamento<br />
(6) - Complexidade de implementaçãO·<br />
(7) - Qualificação do pessoal<br />
(8) - Informação de retorno ( «fecdback»)<br />
(9) - Material de apoio à implementação<br />
Grupos Visados<br />
(10) - Empenhamento dos principais<br />
grupos de poder<br />
(11) - Impacto nos apoiantes/oposição<br />
(12) - Tensão p/ a mudança<br />
(13) - Envolvimento dos grupos de<br />
poder<br />
(14) - Percepção de possibilidade de<br />
sucesso<br />
(15) - Experiência anterior de mudança<br />
(16) - Empenhamento dos quadros<br />
médios<br />
Agente de Mudança<br />
(17) - Reputação do agente de mudança<br />
(18) - Empenhamento do agente de<br />
mudança<br />
(19) - Poder do agente de mudança<br />
(20) - Coincidência de valores entre o<br />
agente de mudança e os grupos<br />
visados<br />
Mudança Proposta<br />
(21) - Natureza radical do projecto<br />
proposto<br />
(22) - Provas de eficácia<br />
(23) - Vantagens relativas do projecto<br />
(24) - Flexibilidade do projecto<br />
31
Hô1PiTÃtiô<br />
32 1<br />
de implementação, poderia ser avaliada<br />
em comparação com aqueles pontos<br />
de referência ou descritores. No caso<br />
da «exploração do problema», os descritores<br />
seleccionados foram:<br />
«O grupo de planeamento fez um esforço<br />
concertado para envolver os<br />
grupos visados, para observar o sistema<br />
e para utilizar os dados na exploração<br />
do problema.» E ainda:<br />
«Foram utilizados dados empíricos<br />
para estabelecer prioridades. Não<br />
foi feita qualquer tentativa para considerar<br />
as opiniões dos grupos visados,<br />
ou para observar o sistema.»<br />
Para este factor específico, juntouse<br />
ainda uma descrição intermédia:<br />
«0 grupo de planeamento contactou,<br />
pela primeira vez com o sistema<br />
mas sente que conhece os seus problemas.<br />
Não foi feita qualquer tentativa<br />
para explorar dados ou para<br />
auscultar os grupos visados.»<br />
A descrição de factores e a descrição<br />
de, no mínimo, 2 pontos de referência<br />
para cada um deles são apresentadas<br />
no Apêndice.<br />
MÉTODOS DE AGRUPAMENTO<br />
Uma vez identificados os factores a<br />
incluir no modelo e especificadas as<br />
suas medidas, o passo seguinte foi desenvolver<br />
um modelo matemático para<br />
combinar as avaliações de cada variável<br />
e obter um cálculo do sucesso potencial<br />
do esforço de implementação.<br />
Um modelo matemático tem não só a<br />
vantagem de quantificar as variáveis<br />
sob análise, mas também de produzir<br />
uma pontuação que pode ser comparada<br />
ao longo dos planos de implementação.<br />
Essa comparação também é importante<br />
para a exploração de diferentes<br />
abordagens para a implementação<br />
de uma só acção. Tais esforços de «Simulação»<br />
permitem ao analista testar<br />
diferentes orientações na segurança do<br />
gabinete antes de passar à «acção de<br />
campo», no qual os erros podem ter<br />
consequências mais significativas.<br />
Os modelos matemáticos têm também<br />
a vantagem de forçar a um rigor<br />
de análise que poderá não estar presente<br />
em abordagens menos formais . Na<br />
realidade, tem de se especificar cada<br />
factor em termos mensuráveis, examinar<br />
a associação entre os factores e<br />
quantificar as suas relações. Fazendo<br />
isto, é-se forçado a examinar com<br />
mais profundidade os conceitos que<br />
subjazem ao modelo. Dois modelos diferentes<br />
pareceram ser candidatos razoáveis<br />
para esta tarefa. Um deles pes-<br />
pectiva a força de um esforço de implementação<br />
como uma probabilidade.<br />
Neste caso, a questãq a ser posta é:<br />
«Qual é a probabilidade de o programa<br />
de acção ser implementado com<br />
sucesso?»<br />
MODELO BA YESIANO<br />
Um candidato lógico para desenvolver<br />
uma tal abordagem é o modelo estatístico<br />
Bayesiano. Dadas informações<br />
sobre os factores que influenciam<br />
um acontecimento (por exemplo, a extensão<br />
da «exploração do problema»),<br />
o modelo Bayesiano produz uma estimativa<br />
da probabilidade desse acontecimento<br />
(implementação bem sucedida,<br />
por exemplo).<br />
Uma segunda razão para utilizar um<br />
modelo Bayesiano é que os indícios<br />
usados são fundamentalmente avaliativos.<br />
Têm sido utilizados modelos Bayesianos<br />
em conjugação com estimativas<br />
de probabilidade subjectivas (Gustafson<br />
e outros, 1969) para auxiliar<br />
em áreas problemáticas tais como detecção<br />
de suicídios nos quais os dados<br />
empíricos são limitados, mas a perícia<br />
é abundante (Gustafson· e outros, .<br />
1977).<br />
Antes de apresentar o modelo Bayesiano<br />
são necessárias as seguintes definições:<br />
- Para a previsão da implementação<br />
haverá duas hipóteses: implementação<br />
bem sucedida (H) e insucesso do<br />
esforço de implementação (H'). (6)<br />
- No nosso modelo foram utilizados<br />
24 factores para predizer o sucesso<br />
da implementação. Cada factor tem<br />
um entre vários níveis. Definiremos<br />
Fij como o nível j do factor i.<br />
- A probabilidade anterior de sucesso,<br />
ou insucesso, será designada<br />
por P(H) e P(H'), respectivamente.<br />
- A probabilidade de encontrar o<br />
nível j do factor i, numa situação em<br />
que a implementação foi bem sucedida,<br />
é designada por P(Fij/H).<br />
- A probabilidade posterior de<br />
implementação bem sucedida, quando<br />
o nível j do factor i está presente, é designada<br />
por P(H/Fij).<br />
Uma forma do Teorema de Bayes é<br />
a seguinte:<br />
P(H/Fij) = P(Fij/H) x P(H) (1)<br />
P(Fij)<br />
Pode ser feita a mesma equação para<br />
predizer o insucesso da implementação<br />
substituindo o H por H'. Reescrevendo<br />
o Teorema de Bayes uma<br />
vez para H e uma vez para H' e depois<br />
dividindo pela outra temos:<br />
P(H/Fij)<br />
P(H' /Fij)<br />
P(Fij/H) x P(H) (2)<br />
P(Fij/H')<br />
P(H')<br />
onde:<br />
P(H/FiJ') ____ x Probabilidade posterior<br />
P(H'/Fij)<br />
P(Fi./H)<br />
J<br />
P(Fij/H')<br />
P(H)<br />
P(H')<br />
x Proporção de Probabilidade<br />
x Probabilidade anterior<br />
Tendo em conta a independência<br />
condicional da variável envolvida<br />
(uma hipótese que testámos), o Teorema<br />
de Bayes para o nosso modelo de<br />
conjunto é re-escrito:<br />
P(H/Fil, ... ,Fi24)<br />
P(H' /Fil, ... ,Fi24)<br />
= P(Fil/H) ... P(Fi24/H) x P(H) (3)<br />
P(Fil/H') ... P(Fi24/H')<br />
P(H')<br />
Uma das vantagens do modelo Bayesiano<br />
é que (pelo facto de ser multiplicativo)<br />
o modelo pode produzir um<br />
cálculo de probabilidade utilizando<br />
tantas variáveis quantas se queira e sobre<br />
as quais haja informação disponível.<br />
A informação em falta ou não<br />
aplicável não afecta o modelo. É claro<br />
que quanto mais informação disponível<br />
houver, tanto melhor a estimativa,<br />
mas os dados em falta não constituem<br />
um problema técnico.<br />
A principal desvantagem do modelo<br />
Bayesiano é que a natureza multiplicativa<br />
do modelo significa que os erros<br />
se multiplicam. Se houver erros quer<br />
na avaliação do estado de um factor ou<br />
numa estimativa de pesos, esses erros<br />
podem ser significativos. Além disso,<br />
o modelo dá, por vezes, como resultados,<br />
probabilidades que são muito<br />
grandes (10 000 para 1) ou muito pequenas.<br />
Consequentemente, as estimativas<br />
podem ser extremas. De qualquer<br />
maneira, o modelo tem sido bastante<br />
eficaz para vários casos, tais como<br />
para a estimativa da probabilidade<br />
de uma.pessoa que se queixa de pensamentos<br />
suicídas vir na realidade a<br />
atentar contra a sua própria vida (Gustaf<br />
son, e outros ( 1977)), e ainda para<br />
outras aplicações (Gustafson e Huber<br />
(1976)).<br />
MODELO MAU<br />
A incerteza sobre a realização do<br />
modelo levou-nos a escolher um segundo<br />
modelo de abordagem. Esta<br />
abordagem foi a utilização do modelo<br />
multi-atribuitivo (MAU). O modelo<br />
MAU trata a capacidade de um esforço<br />
de implementação como uma utilidade<br />
ou uma pontuação de «boa qulidade».<br />
Como tal,não há uma interpretação directa<br />
da pontuação como no modelo<br />
Bayesiano. Uma pontuação de 50 para<br />
a implementação é simplesmente interpretada<br />
como duas vezes melhor que<br />
uma pontuação de 25, mas isso não<br />
significa que haja 50 % de possibilidade<br />
de sucesso. Os resultados têm que<br />
ser interpretados por comparação a<br />
pontuações de planos alternativos de<br />
implementação da mesma acção e com<br />
pontuações de implementação para outras<br />
acções.<br />
A desvantagem do modelo MAU é<br />
que ele pressupõe dados completos.<br />
Por isso, cada vez que faltar informação<br />
sobre um factor, esse factor tem<br />
que ser posto de lado e os pesos dos<br />
restantes factores têm que ser normalizados<br />
no modelo.<br />
A vantagem é que o modelo MAU<br />
tende a ser mais estável que o modelo<br />
Bayesiano e tem sido usado em mais<br />
situações (por exemplo, para estimar a<br />
gravidade de doença, medir a qualidade<br />
dos cuidados, indexar a falta de serviços<br />
médicos (HSRG (1975)). Os<br />
mesmos faetores e as mesmas medidas<br />
podem ser usadas quer no modelo<br />
MAU, quer no Bayesiano.<br />
O impacto de cada factor no índex é<br />
obtido pela ponderação de cada factor<br />
em termos da sua importância relativa<br />
e da soma dos factores. As pontuações<br />
finais são pontuações de utilidade que<br />
variam de O a 1. Formalmente, este<br />
modelo é expresso da seguinte maneira:<br />
u -<br />
onde:<br />
n<br />
E Wi U(Xi)<br />
1 = 1<br />
Wi A importância relativa do<br />
factor i para predizer o suc~sso<br />
da implementação.<br />
(lndice de ponderação)<br />
U(Xi) = A pontuação dada ao esforço<br />
de implementação<br />
em termos da sua situação<br />
num dado nível do factor<br />
1.<br />
U - A pontuação geral de utilidade<br />
dada ao esforço de<br />
implementação.<br />
ESTIMATIVA DAS PROPOR<br />
ÇÕES<br />
E PESOS DA PLAUSIBILIDADE<br />
São necessárias estimativas para as<br />
proporções da plausibilidade e probabilidade<br />
anterior no modelo Bayesiano,<br />
e para os índices de ponderação e<br />
utilidades no modelo MAU. Estes cálculos<br />
foram obtidos pela equipa, através<br />
da utilização de métodos estimativas<br />
relatados na literatura da teoria da<br />
decisão (Slovic e Lichtenstein (1971);<br />
Hogarth (1975, 1980)).<br />
Foi pedido a cada um dos especialistas<br />
que estimasse a proporção de probabilidade<br />
para cada ponto de referência<br />
em cada variável do modelo. Sempre<br />
que as estimativas eram semelhantes,<br />
era calculada a sua média. Quando<br />
elas diferiam substancialmente, era<br />
pedido aos membros da equipa que<br />
discutissem a razão proporcional dos<br />
seus cálculos. Foram dadas aos especialistas<br />
tabelas logarítmicas calibradas<br />
nas quais se faziam as estimativas.<br />
Obtiveram-se assim, aproximadamente<br />
oitenta estimativas, uma vez que várias<br />
variáveis tinham descritores altos,<br />
baixos e médios. Um exemplo da tarefa<br />
de cálculo da proporção da probabilidade<br />
bayesiana é apresentada na figura<br />
2, e a razão de probabilidade para<br />
cada factor apresenta-se no Apêndice.<br />
FIGURA2<br />
Estimativa da razão de probabilidade<br />
Bayesiana ·<br />
Considere dois projectos. Um foi<br />
implementado com sucesso. O outro<br />
não foi implementado com sucesso.<br />
Em qual dos dois projectos é mais provável<br />
que o planeador tenha (e.g.) envolvido<br />
a comunidade na exploração<br />
do problema, observado directamente<br />
o sistema e documentado a existência<br />
de problemas com dados empíricos?<br />
no bem sucedido-------<br />
no fracassado<br />
--------~<br />
Mais provável em que medida? __ _<br />
Para o modelo MAU, foram necessários<br />
dois tipos de estimativa. Uma, a<br />
importância relativa do factor, e a segunda<br />
as pontuações de utilidade dos<br />
diferentes níveis de cada factor. Para<br />
obter estas estimativas, a equipa de especialistas<br />
escalonou, do mais ao menos<br />
importante, os 24 factores do mo-<br />
. delo. Foi depois dada uma pontuação<br />
de 10 ao factor menos importante. Por<br />
fim, os especialistas estimaram pontuações<br />
para reflectir a importância relativa<br />
de cada um dos outros factores.<br />
Exemplificando: se «provas de eficácia<br />
do projecto» era o factor de previsão<br />
menos importante, teria a pontuação<br />
1 O. Se «a complexidade de implementação»<br />
era considerado duas vezes<br />
mais importante, teria pontuação 20.<br />
As estimativas dos especialistas eram<br />
novamente comparadas. Se houvesse<br />
grandes diferenças de opinião, era pedido<br />
a esses especialistas que repensassem<br />
os seus cálculos. Era feita a<br />
média e a normalização das pontuações<br />
de cada especialista e as pontuações<br />
normalizadas eram usadas como<br />
índices de ponderação dos factores<br />
apresentados no Quadro 1.<br />
O segundo tipo de estimativa necessária<br />
para o modelo MAU era a utilidade<br />
relativa dos descritores de cada<br />
factor. Estas utilidades poderam ser<br />
estimadas independentemente das estimativas<br />
do modelo Bayesiano,<br />
pedindo-se aos especialistas que dessem<br />
a cada factor uma utilidade entre O<br />
e 100. No entanto, para poupar tempo,<br />
as pontuações da proporção da probabilidade<br />
foram convertidas em utilidades.<br />
Foi dada uma pontuação de O à<br />
classe com mais implicações negativas<br />
para a implementação; uma pontuação<br />
de 100 à classe mais encorajadora. As<br />
estimativas de probabilidade indicaram<br />
onde se encontravam as classes<br />
intermédias relativamente a estes dois<br />
extremos. A posição relativa de O a<br />
100 foi determinada por interpolação.<br />
É importante verificar que, enquanto<br />
apelo à intuição, uma pontuação<br />
MAU de 50 não implica necessariamente<br />
uma probabilidade de 1/ 1. O<br />
modelo MAU é um índice de valor relativo<br />
sem qualquer valor automático<br />
subjacente a esse valor relativo. As<br />
proporções de probabilidade do mode-<br />
. lo Bayesiano têm realmente um significado<br />
conceptual específico, mas,<br />
uma vez mais, esse significado pode<br />
ser interpretado erroneamente. Uma<br />
proporção de 1.5/1 significa que a situação<br />
definida pelo descritor é 1.5 vezes<br />
mais susceptível de ser associado a 1 33
HôsítTÃtiô<br />
Hô1PITÃilô<br />
34 1<br />
QUADRO 1<br />
FACTORES E RESPECTIVOS ÍNDICES DE PONDERAÇÃO<br />
(MODELO M.A.U)<br />
CATEGORIA/FACTOR<br />
DEFINIÇÃO DO PROBLEMA<br />
(1) Apoio ao Planeamento.(Mandato)<br />
(2) Exploração do Problema<br />
(3) Utilização de Especialistas<br />
(4) Soluções Alternativas<br />
PLANEAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO<br />
(5) Financiamento<br />
(6) Complexidade da Implementação<br />
(7) Qualificação do Pessoal<br />
(8) Informação de Retorno («feedback»)<br />
(9) Material de Apoio à Implementação<br />
GRUPOS VISADOS<br />
( 1 O) Empenhamento dos Principais Grupos de Poder<br />
( 11) Impacto nos Apoiantes/Oposição<br />
(12) Tensão para a Mudança<br />
( 13) Envolvimento dos Grupos de Pode.r<br />
(14) Percepção da Possibilidade de Sucesso<br />
( 15) Experiência Anterior de Mudança<br />
( 16) Empenhamento dos Quadros Médios<br />
AGENTE DE MUDANÇA<br />
( 17) Reputação do Agente de Mudança<br />
(18) Empenhamento do Agente de Mudança<br />
( 19) Poder do Agente de Mudança<br />
(20) Coincidência de valores entre o Agente de<br />
Mudança e os Grupos Visados<br />
MUDANÇA PROPOSTA<br />
(21) Natureza Radical do Projecto Proposto<br />
(22) Provas de Eficácia<br />
(23) Vantagens Relativas do Projecto<br />
(24) Flexibilidade do Projecto<br />
um projecto bem sucedido de implementação,<br />
do que a um projecto sem<br />
sucesso. Mas uma proporção de 1.5/l<br />
não significa que um projecto com este<br />
descritor tenha 1.5 vezes mais probabilidades<br />
de ser implementado com sucesso.<br />
Esta última interpretação é dada<br />
às probabilidades posteriores (o produto<br />
do modelo bayesiano) e não à razão<br />
de probabilidade.<br />
· No Apêndice são apresentadas as<br />
utilidades MAU e as estimativas bayesianas<br />
de razão de probabilidade para<br />
todos os factores. A título de exemplo,<br />
ÍNDICE DE PONDE-<br />
RAÇÃO<br />
CATEGO- FACTOR<br />
RIA<br />
.130<br />
.140<br />
.540<br />
.110<br />
. 050<br />
.040<br />
.020<br />
.020<br />
. 050<br />
.030<br />
.020<br />
.020<br />
.020<br />
.220<br />
.100<br />
.060<br />
.050<br />
.045<br />
.045<br />
.020<br />
.040<br />
.026<br />
.024<br />
.020<br />
.80<br />
.020<br />
.020<br />
.020<br />
.020<br />
1.000 1.000<br />
•<br />
o factor n. 0 2 («exploração do problema»)<br />
é reproduzido na figura 3.<br />
VALIDAÇÃO DO MODELO<br />
Foram levados a cabo várias avaliações<br />
dos modelos MAU e Bayesiano.<br />
Estas incluíram: a) um teste de fiabilidade<br />
com vários indivíduos classificando<br />
casos idênticos; b) um teste de<br />
fiabilidade do processo de tradução<br />
dos dados da entrevista para utilidades<br />
MAU e razão de probabilidade Baye-<br />
FIGURA3<br />
Comparação dos valores dos modelos<br />
Mau e Bayesiano no factor Exploração<br />
do Problema<br />
Exploração do problema<br />
(i.p. MAU= .04)<br />
Com que profundidade é que o grupo de<br />
planeamento explorou o problema antes<br />
de estabelecer os objectivos?<br />
Primeiro<br />
Defina a situação actual<br />
Depois tribua-lhe o valor correspondente<br />
na escala ·<br />
MAU<br />
Utilidade<br />
100<br />
45<br />
o<br />
Pontos de referência<br />
O grupo de planeamento fez um esforço<br />
concentrado para envolver a comunidade,<br />
observar o sistema e para usar<br />
os dados na exploração do problema<br />
O grupo contactou, pela 1.ª vez, com o<br />
sistema, mas sente que conhece os seus<br />
problemas. Não foi feita qualquer<br />
tentativa para a exploração de dados ou<br />
para auscultar os grupos visados<br />
Foram utilizados dados empíricos para<br />
estabelecer prioridades. Não foi feita<br />
qualquer tentativa para considerar as<br />
opiniões dos grupos visados ou para<br />
observar o sistema<br />
BAYES<br />
Probabilidade<br />
6/1<br />
1/3.5<br />
1/4<br />
siana; c) uma comparação entre juízos<br />
individuais relativamente ao potencial<br />
de implementação de um programa de<br />
acção específico; e d) um teste em<br />
campo de comparação das previsões<br />
do modelo MAU numa situação real.<br />
TESTES DE FIABILIDADE<br />
Vinte pessoas inscritas no programa<br />
de graduação em administração de serviços<br />
de saúde de uma grande universidade<br />
do centro-oeste (7) utilizaram<br />
os modelos para avaliar as descrições<br />
de dez programas de saúde reais. As<br />
descrições foram obtidas através de<br />
entrevistas levadas a cabo em quatro<br />
agências de planeamento de saúde em<br />
dois estados do centro-oeste .<br />
Foram dadas às pessoas informações<br />
que descreviam os programas de acordo<br />
com os factores utilizados no modelo.<br />
Por exemplo, os programas incluiam<br />
a implementação de um novo<br />
sistema orçamental para um conselho<br />
de saúde mental e o aumento do número<br />
de camas num hospital público. Depois,<br />
as pessoas converteram a informação<br />
em pontuação para cada factor,<br />
usando tanto o modelo MAU como o<br />
modelo Bayesiano.<br />
Depois de categorizarem a mudança<br />
proposta de acordo com cada factor,<br />
foi pedido às pessoas para estimarem<br />
subjectivamente a probabilidade de<br />
implementação bem sucedida de um<br />
plano. O potencial de implementação<br />
foi calculado utilizando os dois modelos.<br />
As pontuações do modelo foram<br />
comparadas às estimativas do potencial<br />
de implementação feito pelas pessoas.<br />
Os resultados são apresentados<br />
no Quadro 2.<br />
Estes resultados são úteis para indicar<br />
em que medida a pontuação total<br />
individual de um projecto é predita pelo<br />
modelo utilizando as pontuações de<br />
componente dadas pela mesma pessoa.<br />
Contudo, os resultados podem subestimar<br />
o valor do modelo pelo facto de<br />
baixas correlações poderem sugerir<br />
pontuações gerais inconsistentes do<br />
projecto, pontuações inconsistentes da<br />
componente, ou um modelo deficiente.<br />
Por outro lado, as correlações poderiam<br />
ser artificialmente exageradas<br />
(relativamente ·à aplicação prática),<br />
porque um modelo de uma pessoa deveria<br />
predizer a avaliação geral dessa<br />
mesma pessoa melhor do que pred:iz a<br />
avaliação geral de outra pessoa, e possivelmente<br />
melhor do que prediz o sucesso<br />
real de implementação.<br />
QUADRO 2<br />
Correlação entre as pontuaçãoes de implementação calculadas usando avaliações<br />
individuais dos factores de sucesso de implementação e a avaliação individual<br />
global das probabilidades de sucesso de implementação de cada plano.<br />
Média de correlação<br />
Desvio padrão médio<br />
O segundo teste de fiabilidade foi<br />
projectado para eliminar: a) os efeitos<br />
das inconsistências individuais das<br />
pessoas tanto na avaliação global como<br />
nas pontuações do factor, e b) os<br />
efeitos da utilização de pontuações do<br />
modelo baseados nas pontuações do<br />
factor de uma pessoa para predizer as<br />
suas próprias pontuações gerais. O<br />
teste consistiu na utilização das pontuações<br />
dadas por um conjunto de pessoas<br />
para predizer a avaliação global<br />
do projecto feita por outro conjunto de<br />
pessoas.<br />
As pontuações gerais dadas por seis<br />
das vinte pessoas que estavam a avaliar<br />
os planos de saúde foram seleccionadas<br />
ao acaso. Foi feita a média<br />
dessas seis pontuações gerais para cada<br />
plano de saúde. As categorizações<br />
médias das probabilidades de implementação<br />
bem suciedade feitas pelas<br />
seis pessoas são apresentadas no Qua-<br />
QUADRO 3<br />
BAYES<br />
.77<br />
.13<br />
MAU<br />
.78<br />
.09<br />
dro 3, bem assim como o desviopadrão<br />
dessas categorizações .<br />
Foi depois feita a média das pontuações<br />
de cada factor dadas pelas restantes<br />
catorze pessoas relativamente a cada<br />
plano de saúde. Essas pontuações médias<br />
da componente foram usadas no<br />
modelo MAU e no modelo Bayesiano<br />
para estimar a plausibilidade de sucesso<br />
da implementação. As estimativas dadas<br />
pelos modelos MAU e Bayesiano são<br />
apresentadas para cada plano no Quadro<br />
4. A correlação entre as avaliações<br />
globais de seis pessoas e as pontuações<br />
do modelo baseadas em 14 das restantes<br />
avaliações das outras pessoas para ambos<br />
os modelos foi 96. Isto indica que os<br />
modelos que usam pontuações médias<br />
de um conjunto de avaliadores pode prever<br />
correctamente as pontuações médias<br />
gerais do sucesso de implementação de<br />
outro conjunto de avaliadores.<br />
Média e desvio padrão dos cálculos individuais de probabilidade de sucesso de<br />
implementação para 10 Projectos de Saúde diferentes (n=6).<br />
Projecto n. 0<br />
Média<br />
Desvio Padrão<br />
. 1 2 3 4<br />
.53 .34 .77 .49<br />
.18 .09 .08 .15<br />
QUADRO 4<br />
5 6<br />
.79 .29<br />
.08 .12<br />
7<br />
.21<br />
.11<br />
8<br />
.35<br />
.15<br />
9 10<br />
.69 .39<br />
.12 .09<br />
Média e desvio padrão das probabilidades calculadas pelos modelos MAU e<br />
Bayesiano em dez diferentes projectos de Saúde (n. 0 14)<br />
Média<br />
Desvio<br />
Padrão<br />
Média<br />
Desvio<br />
Padrão<br />
MAU<br />
.53<br />
.08<br />
MAU<br />
.41<br />
.08<br />
l<br />
BAYES MAU<br />
.61 .40<br />
.IO .08<br />
1<br />
BAYES MAU<br />
.35 .38<br />
.23 .09<br />
PROJECTO N. 0<br />
2 3<br />
BAYES MAU BAYES<br />
.28 .70 .87<br />
.15 .07 .05<br />
PROJECTO N. 0<br />
2 3<br />
BAYES MAU BAYES<br />
.29 .41 .36<br />
.17 .09 .22<br />
4 5<br />
MAU BAYES MAU BAYES<br />
.47 .47 .60 .76<br />
.07 .21 .08 '16<br />
4 5<br />
MAU BAYES MAU BAYES<br />
.60 .80 .42 .36<br />
.08 . 11 .06 .21<br />
i 35
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
,1<br />
36<br />
Teste de campo<br />
Os dois modelos de implementação<br />
foram testados em campo, como parte<br />
de uma avaliação de modelos reguladores<br />
de «nursing-homes» num estado<br />
do centro-oeste. Foram implementados<br />
dois tipos de abordagem diferentes<br />
para avaliar a qualidade dos cuidados<br />
em «nursing-hpmes». O primeiro, o<br />
Projecto de Garantia de Qualidade<br />
(QAP) 8), foi um processo experimental<br />
baseado numa profunda análise de<br />
uma amostragem estatística dos residentes<br />
e numa breve visita «de filtragem»<br />
às instalações. Se nessa amostragem<br />
ou na filtragem fossem detectados<br />
problemas, era levada a cabo uma análise<br />
mais extensiva. O segundo foi o<br />
processo TRADICIONAL (TR) de<br />
inspeccionar os 100 % dos residentes<br />
do centro (mas em menor profundidade)<br />
e avaliar todos os centro relativamente<br />
às 1547 regras, independentemente<br />
da maior ou menor qualidade do<br />
centro. Em ambos os casos, uma equipa<br />
de avaliadores do estado identificou<br />
deficiências, fez elogios e consultou as<br />
«nursing-homes» sobre como melhorar<br />
os seus serviços. Cada centro era diferente<br />
dos outros relativameúte às deficiências<br />
encontradas, à atitude do pessoal<br />
perante a correcção das deficiências,<br />
e ao tipo de correcção que era esperado.<br />
Uma equipa de pesquisa consistindo<br />
de uma enfermeira e uma terapeuta<br />
ocupacional observaram o inquérito do<br />
Estado e categorizaram os procedimentos<br />
utilizando o modelo de implementação.<br />
Veio a verificar-se que,<br />
num dos centros, não foram detectados<br />
problemas que requeressem qualquer<br />
mudança. Assim, apenas 9·.<br />
«nursing-homes» foram envolvidas<br />
ne~te teste de campo.<br />
E preciso notar que o modelo de implementação<br />
foi adaptado, para ser utilizado<br />
neste estudo, de duas formas.<br />
Primeiro, 7 factores do modelo foram<br />
eliminados porque não eram aplicáveis<br />
(factores 1 e 19 a 24). Depois, os factores<br />
foram reformulados para serem<br />
aplicáveis às «nursing-homes». Por<br />
exemplo, o factor 3 («Utilização de<br />
peritos externos») foi adaptado no sentido<br />
de reconhecer que os observadores<br />
estaduais eram, de alguma forma,<br />
peritos externos. Os resultados no factor<br />
3 constam da figura 4.<br />
Em vez de avaliar uma deficiência<br />
em particular, a equipa de investigação<br />
avaliou o conjunto completo de<br />
deficiências, o conteúdo geral do grupo<br />
visado (pessoal da instituição), o<br />
esforço genérico de solução do proble-<br />
ma e de planeamento da implementação<br />
e os agentes de mudança (observadores<br />
estaduais), utilizando os factort::s<br />
de implementação. 4 meses mais tarde,<br />
a equipa de investigação revisitou<br />
as «nursing-homes» e emitiu juízos<br />
acerca da percentagem de deficiências<br />
entretanto corrigidas. As pontuações<br />
da primeira visita foram usadas para<br />
comparar o processo de implementação<br />
utilizado pelos dois métodos de<br />
observação.<br />
As previsões do sucesso de implementação<br />
(utilizando o modelo MAU)<br />
foram comparadas com a percentagem<br />
do problemas resolvidos encontrada na<br />
visita de «follow-up». A correlação,<br />
não ajustada, entre a percentagem de<br />
deficiências corrigidas e os resultados<br />
do modelo foi 80. Mais uma vez o tamanho<br />
da amostragem é pequeno, mas<br />
os resultados fornecem uma maior<br />
prova circunstancial da utilidade do<br />
modelo na previsão geral da implementação<br />
bem sucedida.<br />
O teste de campo sugere também como<br />
o modelo poderia ser usado para<br />
compreender melhor o efeito da implementação.<br />
Os dois métodos de inquérito<br />
TR e QAP podem ser comparados<br />
nas pontuações médias dadas a<br />
cada factor.<br />
O processo de implementação empregue<br />
por ambos os modelos pode ser<br />
examinado para fornecer um exemplo<br />
de como o modelo pode ajudar a analisar<br />
o processo de implementação. A<br />
média da pontuação total ao longo de<br />
todas as intervenções é apresentada<br />
(pelo método de inquérito) no fim do<br />
quadro da Figura 4. A pontuação média<br />
de cada uma das variáveis no modelo<br />
é apresentada em linha acima da<br />
pontuação total. A medida da variável<br />
é uma pontuação de utilidade não ponderada<br />
que vai de O (pior) a 1.0 (melhor).<br />
Assim, por exemplo, o método<br />
TR recebeu uma pontuação de utilidade<br />
de . 62 na «exploração do modelo<br />
( factor n. 0 2), enquanto que o método<br />
QAP recebeu uma pontuação de .42<br />
Ambos os métodos de avaliação (TR<br />
e QAP) pareceram funcionar bastante<br />
bem em vários factores. Os métodos<br />
pareceram «ter utilizado a literatura e<br />
experiência exterior à organização»<br />
(factor n. 0 3) bastante bem. Isto leva a<br />
crer que as ideias de como resolver os<br />
problemas podem ter vindo das observações<br />
do avaliador relativamente a<br />
outras instituições e que esta informação<br />
foi traduzida para este centro específico.<br />
Também pode indicar que houve<br />
contactos e conselhos dos consultores<br />
do estado.<br />
FIGURA4<br />
Factor alterado para a utilização no caso de<br />
Garantia de-Qualidade<br />
(3)-Utilização de Especialistas (i.p.<br />
MAU=6)<br />
Foi utilizada informação (não disponível<br />
previamente à nursing home) na concepção<br />
da mudança recomendada?<br />
Primeiro<br />
Defina a situação<br />
Depois<br />
Atribua-lhe um valor correspondente na<br />
escala<br />
MAU<br />
Utilidade<br />
100<br />
30<br />
o<br />
Pontos de referência<br />
Os inspectores eram claramente<br />
suficientemente qualificados, ou foram<br />
envolvidos peritos exteriores na concepção<br />
de soluções alternativas para o problema.<br />
Existem provas de que os últimos avanços<br />
na matéria foram considerados<br />
Os inspectores propuseram uma solução<br />
segundo uma outra utilizada com sucesso<br />
noutro local<br />
Os inspectores não detinham claramente<br />
qualificação para conceber boas soluções e<br />
no entanto não foram envolvidos peritos<br />
exteriores (quer pessoalmente quer por<br />
bibliografia) para arranjar melhores soluções<br />
BAYES<br />
Probabilidades<br />
3/1<br />
1/1<br />
112<br />
Continua no próximo número<br />
BIBLIOTECA<br />
\<br />
*<br />
."· .. .... - ... .. --· . . -···· ··-. ..-\<br />
l<br />
.t\ .. J ~~ ~ ~ ~ :· . . : ~ ~ - :~<br />
.... _<br />
.._.......... '
a Multi aram'tri o de Im·<br />
o Automatização<br />
o apidez ·<br />
o Flexibilidade ·<br />
o Tecnolo 6 ia . ELF A<br />
; ..<br />
Doenças infecciosas<br />
- Detecção Antigénica ·<br />
- Serologia<br />
Imunoquímica<br />
'<br />
,•<br />
bio.Mérieux<br />
Portu uesa<br />
-·------ .