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Gestão Hospitalar 1999

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gestão<br />

hospitalar<br />

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA<br />

DE ADMINISTRADORES HOSPITALARES<br />

Outuhro <strong>1999</strong> • Preço 1500$00<br />

.!<br />

E<br />

A r0~r1<br />

(ê Jfjj


..<br />

1<br />

XVII CON GRESSO E UROPEU<br />

DE G ESTORES HOSPITA LARES<br />

ÉTICA NAS I NSTITUIÇÕES SOCWS<br />

Maria de Lurd es Pintassilgo 6<br />

Q UALID.1W E VIS'Dt PEWS UTENTES<br />

Maria José Hespanha<br />

7<br />

DOEN TES S ATISFEITOS<br />

9<br />

E N TREVIS'Dt<br />

Don Nielson<br />

10<br />

I NTRODUÇÃO DOS GDH<br />

Miguel Angel Asenjo<br />

12<br />

0 E XEMPLO AUSTRÍACO<br />

Josef Hradsky<br />

13<br />

 CRED/'DtÇÃO: O PROJECTO FRANCÊS<br />

13<br />

O s GDH PORTUGUESES<br />

Margarida Bentes<br />

14<br />

1Vovo CONCEITO DE RESPONSABILIDADE<br />

Don Nielson<br />

16<br />

NA R OTA DA Q UALJD.1WE<br />

Cha rles Shaw<br />

17<br />

4<br />

estão H ospitalar retoma, com este número especia<br />

l, o contacto com os seus leitores. A rea lização,<br />

em Lisboa, do Congresso Europeu d e<br />

Gestores <strong>Hospitalar</strong>es e a p roximidade d e<br />

eleições legislativas são, concerteza, excelentes motivos de interesse,<br />

não só para os nossos associados mas ta mbém para<br />

todos aqueles que se relacionam com as questões d a Saúde.<br />

A presença do Senhor Presidente da República na abertura do Congresso e o discurso<br />

que então proferiu são para os profissionais de administração hospitalar, o<br />

reconhecimento do seu papel incont ornável como parceiros essenciais na liderança<br />

dos Hospitais.<br />

O sucesso desta reunião de Lisboa, deixou bem patente a capa cidade empreendedora<br />

dos administradores hospitalares portugueses e da sua Associação,<br />

e foi uma prova insofismável da solidariedade e da consideração, nestes momentos<br />

sempre gratificantes, que os nossos parceiros europeus nos quiseram tributar.<br />

Promessas ! É disso que trata o nosso dossier sobre os programas eleitorais dos<br />

principais partidos políticos. A exemplo de há 4 anos, 11 G .H. 11 ded ica uma parte<br />

substancial deste número à comparação das p rincipais propostas p olít icas para a<br />

Saúde. Do imediatismo de algumas promessas - que naturalmente enc hem o olho<br />

do eleitor - às medidas estruturantes de uma Reforma, de tudo se pode ver um<br />

pouco, percorrendo o menu dos quat ro maiores partidos políticos.<br />

Não se vislumbra, muito claramente, uma fronteira ideológica entre os diferentes<br />

p rogramas. Mas uma leitura mais atenta permitirá ao leitor perceber, nas afirmações<br />

e nas omissões, modelos mais liberais e mais solidários, propostas mais reformistas<br />

e mais conservadoras, a agilização do sistema ou a sua burocratização.<br />

Parecerá possível um pacto de regime para a Saúde, tantas as vezes que a a<br />

palavra Reforma é invocada ao longo de todos os programas e leitorais.<br />

Provavelmente n unca u ma palavra significou coisas tão diferentes !<br />

Dedicados a combater a doença<br />

.Preservando a saúde.<br />

1)11<br />

NEW VALUE FRMIEWORK<br />

Ton ny Gypen<br />

DOSSIER E LEIÇÕES<br />

PROPOS'DlS DOS PARTIDOS POLÍTICOS<br />

18<br />

II<br />

Revista da<br />

Associação Portuguesa de<br />

Administradores H ospitalares<br />

Membro ria Associação Europeia<br />

de Gestores Hospita lares<br />

D I RECTOR: Jorge Poole da Costa<br />

Manuel Delgado<br />

PreJi.Jente Ja Direcção Ja APAH<br />

CONSEL HO R EDACTORIAL: Ana Isabel Gonçalves<br />

Armanda Miranda<br />

ESCOLAaNAfli@N-AL<br />

SA ~~<br />

DE<br />

.j~so<br />

"Devemos ter sempre presente que a Medicina é para os DOENTES.<br />

Procuramos nunca esquecer que os medicamentos são para as PESSOAS".<br />

George W. Merck 1950<br />

COJ1ENTÁRIOS DOS LÍDERES P OLÍTICOS<br />

VIII<br />

OPINIÃO DE ESPECL4LISDJ.S<br />

X<br />

REOACÇÃO/ PRODUÇÃO E EXECUÇÃO GRAPICA:<br />

Scriptarte/ldeia Certa . Comunicação<br />

FOTOLITOS 1;; l MPRESSÃO: VEMP/ Grafitime<br />

A DMINISTRAÇÃO/PUBLICIDADE/ ASSINATURAS:<br />

APAH - Apartado 22801-1 146 LISBOA CODEX<br />

Tel./Fax: (01) 355 51 24<br />

E DLÇAO E ECIAL ~ ~<br />

O exemplares ,.-e i?"""'<br />

TIRAGEM: 2<br />

Nº R EGISTO: 09060 ' \ \ 1 1 ~<br />

DcPóSITO L AL nº 16288/87<br />

ISSN: 0871 - 76<br />

PROPRIEDAD · APAH - Emp. Jornalística nº 209259


LISBOA ACOLHE XVI 1 CONGRESSO EUROPE U<br />

DE GESTORES HOSPITALARES<br />

A<br />

SESSÃO DE ABERTURA CONTOU AINDA COJ111 A PRESENÇA DO S ECRETÁRIO DE ESTADO DA SAÚDE,<br />

DR. FRANCISCO RA1HOS, QUE, .IVA<br />

SUA INTERVENÇÃO TRAÇOU, CLARAMENTE,', AS ORIENTAÇÕES ES­<br />

TRllTÉGICAS P11RA A J11UDANÇA. "É CHEGADO O MOJ11ENTO DE REFLECTIR E DE EMPREENDER UMA J1.fU­<br />

DANÇA DO SISTEMA DE SAÚDE QUE TENHA POR BASE OS PRINCÍPIOS DA JUSTIÇA SOCIAL, A SOLI­<br />

DARIEDADE E A EQUIDADE E QUE TENHA POR OBJECTIVOS U1JIA PROFUNDA J1lODERNIZAÇÃO DO APARELHO<br />

PRESTADOR E REGULADOR DE CUIDADOS DE SAÚDE". DESTACOU, TAMBÉ111, SEIS ELEMENTOS PARA UIJI<br />

CONTRATO PARA A SAÚDE COJ11 OS PORTUGUESES: O ACESSO AOS CUIDADOS DE SAÚDE; A QUALIDADE;<br />

A PROTECÇÃO E SEGURANÇA; A PROMOÇÃO DA SAÚDE; A GESTÃO; E, UMA VERDADEIRA POLÍTICA PARA<br />

AS PROFISSÕES.<br />

0 PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS AD1JIINISTRADORES H OSPITALARES, DR. MANUEL<br />

DELGADO, FALANDO TA1HBÉ111 NA SESSÃO DE ABERTURA DO CONGRESSO, REALÇOU O PAPEL DA GESTÃO<br />

COMO INSTRUMENTO ESSENCIAL PARA A ORGANIZAÇÃO DOS SER VIÇOS DE SAÚDE: "A GESTÃO CONTRIBUI<br />

DECISIVAMENTE PARA O INCREMENTO DA EFICIÊNCIA E DA QUALIDADE DAS DIFERENTES FORIJIAS DE<br />

PRESTAÇÃO'~ DISSE M ANUEL DELGADO.<br />

NA OPINIÃO DO PRESIDENTE DA APAH, "PARA QUE Ullf SISTE111A DE SAÚDE PROJIOVA A ADESA-0 DOS<br />

CIDADÃOS, NECESSITA DE SER COERENTE QUANTO AOS<br />

VALORES QUE PROPUGNA E IRREPREENSÍVEL NA CONDUTA<br />

ÉTICA E DEONTOLÓGICA DE TODOS OS AGENTES ENVOLVI­<br />

DOS". PARA MANUEL DELGADO SÓ FAZ SENTIDO FALAR EM<br />

EFICIÊNCIA NA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS SE A QUALI­<br />

DADE TÉCNICA DAS PRESTAÇÕES FOR, CA DA VEZ JJ!/AIS,<br />

DEJ10NSTRADA, DESENVOLVIDA E<br />

TORNADA TRANSPA­<br />

0 XVII CONGRESSO EUROPEU DE GESTORES HOPITALARES CONTOU COM A PRESENÇA DO PRESIDENTE<br />

DA REPÚBLICA, DR. JORGE SAJ1PAIO, QUE, USANDO DA PALAVRA NA SESSÃO DE ABERTURA DO<br />

CONGRESSO, EXPR//Jl/U AS SUAS PREOCUPAÇÕES FACE A UM SISTEJ11A DE SAÚDE QUE "NECESSITA DE UR­<br />

GENTES REFOIUJ!AS E QUE PROCURA, CADA VEZ MAIS, SATISFAZER PADRÕES DE QUALIDADE QUE SE<br />

APROX//11EM DAS EXPECTATIVAS DOS UTILIZADORES". 0 PRESIDENTE DA REPÚBLICA LEMBROU TAMBÉM<br />

RENTE SEJA PARA UTENTES, SEJA PARA FINANCIADORES.<br />

QUALIDADE E RESPONSABILIDA DE FORAJI PALAVRAS<br />

REPETIDAS DURANTE TODO O CONGRESSO. DIFERENTES<br />

PERSPECTIVAS E EXPERIÊNCIAS, DIFERENTES PROJECTOS<br />

PARA AVALIAR E 111EDIR A QUALIDADE FORA 1'1 ANALISADOS E<br />

QUE "os DESTINATÁRIOS DO SISTEMA DE SAÚDE SÃO os CIDADÃOS'~<br />

E QUE É NELES QUE SE DEVE PEN­<br />

DEBATIDOS DURANTE DOIS DIAS. NO FINAL, PREVALECEU,<br />

SAR QUANDO, POR EXEl11PLO, SE "DISCUTEM AS DIRECTIVAS COMUNITÁRIAS QUE REGULAi11 AS PROFISSÕES<br />

DE SAÚDE OU A CRIAÇÃO DE UM MERCADO EUROPEU DO l1'IEDIC1ll11ENTO". MANIFESTANDO, NO ENTANTO,<br />

UM SENTIMENTO NÃO 1J1UITO FAVORÁVEL A UMA "UNIFOY!IZAÇÃO DO SISTE/J'/A DE SAÚDE 1 ~ JORGE<br />

SAJJI PAIO REITEROU A CONVICÇÃO DE QUE 11 0 ESTADO NÃO SE PODE ALHEAR DESTA ÁREA SOCIAL". E111-<br />

BORA TENHA ADJl!ITIDO QUE, NESSA MATÉRIA, O GRAU DESSA RESPONSABILIDADE SEJA DO ESTADO, DO<br />

DE FORJ11A CONSENSUAL, UJIIA IDEIA : É PRE111ENTE DEFINIR<br />

OS STANDARDS DE QUALIDADE. D ETER,11INAR OS PARÂME­<br />

TROS PELOS QUAIS SE MEDE E, DE UJJfA VEZ POR TODAS,<br />

ESCLARECER ATÉ QUE PONTO VAI A RESPONSABILIDADE DE<br />

u,11 GESTOR HOSPITALAR NA QUALIDADE DA PRESTAÇÃO<br />

EMPREGADOR OU DO CIDADÃO, VARIA DE PAÍS PARA PAÍS.<br />

Jll~DICA<br />

DO SEU HOSPITAL.<br />

4<br />

g estão<br />

1 hospita lar<br />

gestão 1<br />

hospitalar<br />

5


A SUBMISSÃO DO SOCIAL AO ECONÓMICO E OS DRÁSTICOS CORTES<br />

ORÇAMENTAIS NAS ÁREAS DA SAÚDE E DA EDUCAÇÃO EM NOME<br />

DO CONTROLO DA INFLAÇÃO RECLAMADO PELAS INSTITUIÇÕES<br />

INTl!,IWACIONAIS DE CRÉDITO, FORAM ALGUMAS DAS ACUSAÇÕES FEITAS<br />

POR MARIA DE LURDES PINTASSILGO NA CONFERÊNCIA DE ABERTURA<br />

DO XVII CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO EUROPEIA<br />

DE GESTORES HOSPITALARES<br />

,<br />

-<br />

A ETICA NAS INSTITUIÇDES<br />

COM FINS SOCIAIS<br />

A<br />

[\IUALIDADE VISTA PELOS UTENTES<br />

A MÉDICA E I NVESTIGADORA DO CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS DA F A CULDADE<br />

DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA, DRª. MARIA JOSÉ H E S PANHA,<br />

APRESENTOU OS RESULTADOS DE UM ESTUDO RELATIVO À OPIN IÃO Q UE OS<br />

UTENTES TÊM SOBRE O SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE.<br />

este conceito varia de<br />

, , li 1<br />

pais para pais , a erta-<br />

''<br />

va Hansen ao introduzir a conferência<br />

emos que pensar no<br />

que significa ética, pois<br />

da Engª. Lurdes Pintassilgo. Ilustrou a<br />

a firmação com o exemplo das diferentes<br />

formas de tratar os doentes por toda a<br />

Europa. 11 No meu hospital e nos hospitais<br />

do sul de Espanha, é muito diferente<br />

a forma como se tratam os doentes 11 ,<br />

Hansen continuou incisivo, "por exemplo,<br />

no Sul da Europa, as visitas têm<br />

acesso a todos os de parlamentos dos<br />

hospitais. Podem mesmo v isitar as<br />

unidades de Cuidados Intensivos, onde,<br />

normalmente, se encontram doentes<br />

muito debilitados ou em estados considerados<br />

graves. Este tipo de situações<br />

são, na minha opinião, muito desrespeitosas<br />

para os pacientes 11 ,<br />

concluiu.<br />

Estava dado o mote para a intervenção<br />

da Engª. Maria de Lurdes Pintassilgo.<br />

A ex-Primeira-Ministra começou por<br />

recordar que as organizações com fins<br />

sociais foram criadas como resposta à<br />

miséria dos destituídos e que "qualquer<br />

instituição com objectivos sociais tem<br />

que ter no cerne do seu funcionamento<br />

uma capacidade de luta por uma sociedade<br />

capaz de reconhecer, por<br />

palavras e actos, a mesma dignidade a<br />

todos os seres Humanos 11 • Porém,<br />

Pintassilgo reconheceu que, infelizd<br />

ernos, o sacia<br />

li .<br />

mente nos tempos mo l<br />

tornou-se o reconhecimento do<br />

económico 11<br />

TIMOR NO CONGRESSO<br />

N<br />

ụma<br />

altura em que Timor Lorosae vive momentos aflitivos<br />

em matéria de violação de Direitos Humanos, o<br />

XVTT Congresso Europeu de Gestores <strong>Hospitalar</strong>es solidarizou-se<br />

com este povo e foram vários os participantes que<br />

lamentaram os recentes acontecimentos naquela Ilha.<br />

Várias foram as vozes que se levantaram em solidariedade<br />

com o povo timorense. Na cerimónia de abertura os congressistas<br />

fizeram um minuto de si lêncio, seguindo a sugestão do<br />

presidente da Associação Portuguesa de Administradores<br />

<strong>Hospitalar</strong>es, Dr. Manuel Delgado.<br />

e, lembrando as consequências<br />

nefastas que podem advir desse tipo<br />

de mentalidade, recordou que, para<br />

muitas instituições internacionais de<br />

crédito, os indicadores d e desenvolvime<br />

nto, como o controlo d a inflação, im-<br />

plicam cortes orçamentais drásticos nas<br />

áreas sociais da saúde e da educação, o<br />

que pode dar origem a episódios como<br />

os que presenciou aquando de uma visita<br />

ao Mali: um cenário devastador de<br />

um país onde os hospitais e as escolas<br />

estavam fechados por causa das exigências<br />

de controlo orçamental do FMI. Os<br />

profissionais médicos trabalhavam sem<br />

água potável e sem luz.<br />

Servindo-se desta ilustração, Maria de<br />

Lurdes Pintassilgo constatou 11 é isto que<br />

acontece quando o social está ao serviço<br />

d<br />

, . li<br />

o campo econom1co .<br />

Porém, em jeito de remate, Pintassilgo<br />

lembrou<br />

11<br />

a assistência de cuidados<br />

médicos é um direito consignado no<br />

Conselho da Europa, que não está aberto<br />

à<br />

refutação por condicionantes<br />

económicas ou por outras razões". Ou<br />

seja, é universal.<br />

O Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, o Secretário<br />

de Estado da Saúde e a Engª. Maria de Lurdes Pintassilgo<br />

várias vezes se referiram a Timor. A Assembleia Geral da<br />

Associação Europeia de Oirectores e Gestores <strong>Hospitalar</strong>es<br />

aprovou uma moção manifestando a sua total solidariedade.<br />

Pintassilgo, falando das origens das organizações com fins sociais<br />

lembrou que "nenhuma pessoa, rica ou pobre, devia ser<br />

excluída. Amigos e inimigos têm o direito de ser o objecto de<br />

cuidados", disse, acrescentando que gostava de sublinhar este<br />

princípio e de o transmitir ao presidente Habibie.<br />

que pensam os doentes portugueses dos ser viços de saúde q u e utilizam?<br />

O julgamento que se retira dos depoimentos de um estud o<br />

efectuado por 1\llaria José Hespanha não é muito positivo para os<br />

serviços do SNS. A 11 falta de resposta atempada e qualiGcada 11 , para<br />

além da 11 descoordenação dos serviços 11<br />

são as principais queixa s de<br />

qualidade mais vezes referidas. Contrariamente ao sector público,<br />

a avaliação das instituições privad as - salvo o seu p reço exager ado<br />

- parece ser mais 11 condescendente 11 •<br />

Que estratégias usam os doentes para contornar os obstáculos<br />

apresentados pela burocracia e organização do sistema? Que expectativas<br />

e significados é que têm ? Foram algumas das pergunta s<br />

às quais Maria José Hespanha, médica e investigadora do Centro<br />

de Estudos Sociais da Faculdade d e Economia da Universidade d e<br />

Coimbra, tentou responder através de um estudo r ealizado entre<br />

1992 e 1996, junto de uma população de uma cidade próxima d e<br />

Coimbra. Maria José Hespanha concluiu haver uma desarticu ­<br />

lação entre os vários serviços prestadores de cuidados de saúde: 11 os<br />

doentes acedem directamenle aos hospitais sem passarem pelo m éd ico d e família .<br />

Não existem contactos regulares entre os hospitais e os médicos de família a<br />

propósito de doentes comuns. Frequentemente os doentes têm alta hospitalar e regressam<br />

ao médico de família sem qualq~er indicação 11 • Segundo a investigadora , esta<br />

desconexão provoca 11 uma conflitualidade latente entr e médicos de fam ília e os<br />

vários níveis de cuidados médicos, que é perceptível aos próprios doentes 11 • Para<br />

descobrir quais os factores que impedem uma correcta e eficaz articula ção entre os<br />

cuidados primários e cuidados hospitalares em Portugal, a investigadora debruçou­<br />

-se sobre: as formas e razões do a cesso directo aos cuidad os h osp itala res; compreensão<br />

e representação do sistema de saúde; est ratégias de c ontorno d e o b stáculos<br />

usadas pelos doentes, bem como a diferenciação social dos agentes inter ­<br />

mediários; a circula ção da informaçã o clínica entre os cuidados primá rios de saúde<br />

e os cuidados hospitalares e a extensão do confl ito entre estes d ois.<br />

A 11 desc rição detalhada das experiências dos doentes com os cuidados h osp italares,<br />

a re lação com os serviços e, em particular, a relação com os profissiona is envolvi-<br />

~FALTA DE RESPOSTA<br />

ATE M PADA E (\IUALI F I CADA,<br />

PARA A L ÉM<br />

DA DESCOORDENAÇÃO<br />

VE:J<br />

DOS SERVIÇOS<br />

SÃO AS (\ILI E I XAS M A I S<br />

REFERIDAS ••• "<br />

6<br />

gestão<br />

1 hospitalar<br />

gestão 1<br />

hospitalM<br />

7


8<br />

gestão<br />

1 hospitalar-<br />

~CTORES QUE LEVAM<br />

1 OS DOENTES A RECORRER<br />

AD SECTOR PRIVADO<br />

ADVÊM DAS "ENORMES<br />

DIFICULDADES EM ENCONTRAREM<br />

PROFISSIONAIS DISPONÍVEIS<br />

_J<br />

PARA RESOLVER OS SEUS<br />

PROBLEMAS DE SAÚDE".<br />

dos", foi uma das dimensões abordadas no estudo. Outra, centrou­<br />

-se na identificação de "s ituações consideradas mais problemáticas<br />

nos circuitos efectuados nos hospitais". O objectivo era compreender<br />

as "situações mais frequentes em questões relacionadas com<br />

procedimentos administrativos, indo ao encontro das necessidades<br />

diárias básicas ou o envolvimento na dinâmica social das enfermarias".<br />

Por fim, convidaram-se os doentes a revelar como soluc10nam<br />

essas situações, numa tentativa de compreender quais<br />

as tácticas e estratagemas usados para contornar a ineficácia<br />

do sistema.<br />

Verificou-se que os utentes recorrem, cada vez com maior frequência,<br />

ao sector privado. Quando e porquê? Que expectativas? A investigação<br />

incidiu sobre doentes com uma história clínica intensa,<br />

com muitas experiências de serviços, público e privado. Foi assim<br />

possível analisar as estratégias sociais criadas para reduzir e ultrapassar<br />

as ineficiências do sistema público. Os factores que levam os<br />

doentes a recorrer ao sector privado advêm das 11 enormes dificuldades<br />

em encontrarem profissionais disponíveis para resolver os<br />

seus problemas de saúde". Segundo Maria José Hespanha, " no<br />

início começa-se por ir ao médico de família 11 , mas a persistência dos<br />

sintomas ou a necessidade de diagnósticos complementares ou mesmo<br />

por indicação do médico de família ou conselho de amigos 11 eles<br />

são encaminhados para os colegas nos hospitais' 1 • Por vezes tornase<br />

inevitável procurar o sector privado face à falta de resolução do<br />

problema por parte do sector público. Outras vezes há uma necessidade<br />

urgente de confirmar os diagnósticos hospitalares, pois há<br />

uma grande falta de confiança nestes. Registou-se também um<br />

grande número de casos em que os médicos incentivam os doentes<br />

a consultarem-nos no sector privado. Entre a população estudada<br />

prevalece a convicção de que é no âmbito do sector privado que se resolvem os<br />

problemas com maior rapidez e eficácia, e que o sector público serve para os problemas<br />

menores como atestados, controlo do p eso, receitas, etc.<br />

Comple m entarmente aos resultados obtidos junto dos utentes, as entrevistas aos<br />

profissionais d e saúde não contrariam totalmente a imagem provinda dos utentes.<br />

Segunda a investigadora, as repostas obtidas junto dos profissionais n ã o negam a<br />

imagem que os utentes transmitem "em parte suavizam-na, em parte justificam-na,<br />

transferindo para os utilizadores parte da responsabilidade pelo ma u uso e mau funcionamento<br />

dos serviços e reservam para o Estado a restante responsabiJidade."<br />

Do ponto d e vista dos ute ntes, "os serviços não dão resposta ad equada às necessidades<br />

e às expectativas". E por outro lado, a transgressão das regras de funcionamento<br />

das instituições també m contribui para "agravar as próprias d eficiê ncias de<br />

funcioname nto d essas instituições".<br />

A investigadora lembrou que o estudo seria tão útil quanto mais fosse olhado como<br />

um instrumento válido para compreender e identificar as regras informais d e acesso<br />

à saúde e ajudar a reformar o sistema. "As trajectórias usadas pelos indivíduos,<br />

parecendo caóticas e a leatórias, estão plenas de inven ção social. H á sempr e uma prima,<br />

um m édico ou um administrador amigo, que acelera o processo de acesso aos<br />

cuidados de saúde públicos e que ajuda a definir as trajectórias", afirmou Maria<br />

José H espanha, justificando assim a "teoria" das regras informais.<br />

PROJECTOS INOVADORES RELA TADOS POR<br />

GIANLUIGI RossI, DIRECTOR DO HOSPITAL<br />

REGIONAL DE LOCARNO NA SUIÇA<br />

E POR NIELS HERMANN,<br />

DIRECTOR EXECUTIVO<br />

PARA A ÜUALIDADE DOS HOSPITAIS<br />

---<br />

DE COPENHAGUE.<br />

TUDO EM NOME DA SATISFAÇÃO DOS DOENTES<br />

m pouco por toda a Europa<br />

vão-se dando passos no<br />

sentido de procurar saber e<br />

avaliar o grau de satisfação<br />

dos utentes dos serviços de saúde.<br />

Gianluigi Rossi, director do Hospital<br />

Regional de Locarno, trouxe a experiência<br />

suiça, que segundo o próprio, está<br />

bastante atrasada face a alguns p aíses da<br />

Europa. Rossi justifica este atraso com<br />

diversos factores entre os quais, a "im ­<br />

precisão nos procedimentos a tomar, a<br />

falta de actualidade d e alguns dos instrumentos<br />

de trabalho, confusã o na a bordagem<br />

do problema e na opinião errad a<br />

de que a qualidade se pode obter com a<br />

globalização da uniformização".<br />

Rossi justificou a crescente importância<br />

da qualidade na prestação de cu idados<br />

de saúde, com "o regresso das filosofias<br />

liberais, baseadas nos princípios de autodeter<br />

m inação e liberdade individual,<br />

b em como na igualdade e solidariedade".<br />

Os doentes desejam, cad a vez mais, d e­<br />

sempenhar um papel activo no processo<br />

d e cuidados, enquanto os trabalhadores<br />

de saúde estão 11 mais sensibilizados no<br />

sentido de colocarem as necessidades<br />

dos doentes no topo de todo o processo<br />

de tratamento".<br />

O<br />

Director do Hospital Regional de<br />

Locarno acredita que não é possível uma<br />

DOENTES SATIS FE ITD S?<br />

uniformização<br />

dos<br />

serv iços,<br />

mas que ''é u r­<br />

gente<br />

acabar<br />

com o critério<br />

da quantidade,<br />

que<br />

sacrifica<br />

de l ibe r a da -<br />

mente a qualidade,<br />

tal como<br />

a contece no sis­<br />

tema público".<br />

Gianluigi Rossi<br />

identificou três<br />

ópticas relativamente à avaliação<br />

da qualidade no sistema de saúde: o ponto<br />

de vista do doente; o ponto de vista<br />

do trabalhador e o ponto de v ista<br />

dos administradores. Nenhum deles é<br />

coincidente.<br />

O factor de satisfação do doente face ao<br />

processo de tratamento é essencial:<br />

"é importante no resultado do processo<br />

de tratamento , é um factor que contribui<br />

para o desenv olvimento do tratamento<br />

e constit u i um importante indicador<br />

na opinião do cliente no que diz<br />

respeito à qualidade do serviço que lhe<br />

foi prestado".<br />

NIELS H ERMAN - À IMPORTÂNCIA<br />

DOS MÉDICOS E ENFERMEIROS APRENDEREM<br />

A TRABALHAR SEGUNDO UMA ABORDAGEM<br />

QUALII'ATIVA OU NARRATIVA<br />

Face a isto, que métodos utilizar para<br />

testar a satisfação do utente? Poderão os<br />

p rofissionais de saúde part icipar na investigação?<br />

De que forma? Foi o que<br />

Niels Hermann, D irector Executivo<br />

par a a Qualidade d os Hospitais de<br />

Copenhague, tentou saber.<br />

Her man<br />

sublinhou a importância dos m édicos e<br />

enfermeiros aprenderem a t rabalhar segundo<br />

uma abordagem qualitativa ou<br />

nar rativa. O grupo de investigação de<br />

Her mano decidiu testar três métodos<br />

qualitativos e responder a quatro per ­<br />

guntas chav e:<br />

• Será possível o pessoa l de saúde fazer<br />

investigações de ordem q u alitativa ?<br />

• Pod e ensinar-se aos enfermeiros e<br />

médicos como trabalhar com estes<br />

métodos de modo daro e correcto ?<br />

• Será g ue são capazes de aprender com<br />

estes métodos qualitativos?<br />

• Qual a importância do sector<br />

metodológico, qual o seu ap010 e será<br />

que os resultados vão levar as mudanças<br />

de qualidade?<br />

Quinze departamentos hospitalares participaram<br />

na experiência. Dispunham d e<br />

um manual para fazer u m plano e aplicar<br />

os métodos. Também ao seu d ispor estava<br />

um serviço de co nsultoria, cuja<br />

eguipa tinha pessoas com formação em<br />

antropologia e sociologia, para dar apoio<br />

aos que faziam parte do p rojecto. Tendo<br />

por base três métodos específicos (1. Entrevistas<br />

a grupos específicos e mesas redondas<br />

com oito ou dez pacientes, que<br />

pertenciam ao mesmo grupo de diagnósticos,<br />

debate interno; 2. P ainel de utilizadores:<br />

selecção de um tema e discussão<br />

dos problemas relacionados com<br />

esse tema; 3. O p ostal do utilizador, q ue<br />

consistia em entrevistas individuais); a s<br />

conclusões d a investigação p rovara m<br />

que o método qualitativo fu nciona.<br />

Méd icos e enfermeiros tiveram uma atitude<br />

p ositiva. Dois terços do grupo con ­<br />

cluíram que era muito ú til a existência<br />

do serviço d e consultoria e verificaram<br />

que, desta forma, se conseguem localizar<br />

os focos onde é necessário e possível introduz<br />

ir mudanças. Os resultados podem<br />

ser utilizados para introduzir métodos<br />

de qualidade. Q uatro meses após a<br />

implementação do projecto , 25% dos<br />

membros do grupo verificaram que os<br />

resultados já tinham tido impacto, enquanto<br />

50% estavam na expectativa de<br />

verificar grandes mudanças.<br />

gestão 1<br />

hosp itala r<br />

9


1<br />

EM VÉSPERAS DE ELEIÇÕES LEGISLATIVAS,,<br />

"GH" ANALISOU AS PROPOSTAS<br />

PARA A SAÚDE_, DOS PRIN CIPAIS<br />

PARTIDOS POLÍTICOS.<br />

S RECURSOS PÚBLICOS<br />

FINANCIAR<br />

LISTAS DE ESPERA,, OUALIDADE,,<br />

POLÍTICA DO MEDICAMEN TO<br />

SÃO PRIORIDADES COMUNS.<br />

CON CORRÊNCIA_, FINANCIAMEN TO<br />

E PRIVATIZAÇÃ O SÃO ÁREAS<br />

MEN OS CONSEN S UAIS.<br />

N A GRELHA QUE SE SE GUE_, FIQUE<br />

A CONHECER AS PROPOSTAS CONCRETAS.<br />

DON NIELSON_, VICE-PRESIDENTE<br />

PARA A QUALIDADE DA ASSOCIAÇÃO AMERICANA<br />

DE HOSPITA IS_, É RESPONSÁVEL<br />

PELA INTRODUÇÃO DE UM CONCEITO IN OVA DOR<br />

SOBRE A RESPONSABILIDADE NA GESTÃO<br />

HOSPITALAR OUE COMEÇA_, J USTAMENTE_,<br />

GH: A propósito da auto-avaliação das instituições,<br />

tendo em conta que são organizações semi-fechadas,<br />

espera realmente que sejam honestas e objectivas na<br />

sua avaliação?<br />

Nielson: Acho que h á duas coisas a ter em conta: nos<br />

EUA as organizações de saúde n ão são totalmente<br />

fechadas, são responsáveis pelos pacientes e pelos trabalhado<br />

r es, por isso, e u não as considero totalmente<br />

•<br />

CEDER AO DOENTE<br />

ERDADE DE ESCOLHA<br />

'RE PÚBLICO E PRIVADO<br />

[ PÁGS. II A IX]<br />

COJ!/EN TÁRIO DOS PRINCIPA IS<br />

LÍDERES P OLÍTICOS<br />

{PAG. VIII J..'/X}<br />

PELA AUTO-AVALIAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES.<br />

APROVEITANDO A SUA PRESENÇA<br />

NO XVII CONGRESSO DE GESTORES<br />

HOSPITALARES_, GH QUESTIONOU NIELSON<br />

SOBRE A VISIBILIDADE DO PROJECTO<br />

QUE ESTÁ A DESENVOLVER NOS ESTA DOS UNIDOS<br />

fechadas e a informação tem que ser disponibilizada p ara<br />

todas as partes e n volvidas.<br />

G H : Outro aspecto é o da transmissão da informação,<br />

até aqui fechada e limitada apenas a alguns grupos.<br />

Nielson: O aspecto que a está a preocupar é o da informação.<br />

É óbvio que tem que h aver u m mecanismo que<br />

contr o le se a informação acerca da avaliação é válida.<br />

UMIMOS A FIRME<br />

'ESA DO SNS<br />

CON FRON TE AINDA A S OPINIÕES DE :<br />

• C A LDE IRA DA SILVA<br />

• D ANI EL S ERRÃO<br />

• M ARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO<br />

• P AULO MENDO<br />

• P E DRO PITA B ARROS<br />

[ PÁG. X ri XVI}<br />

U"t;!S t à o<br />

10 o<br />

1<br />

hospitala r<br />

gesrão 1<br />

hospiralar


•<br />

PARTIDO SOCIALISTA<br />

PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA<br />

1 1<br />

1<br />

PART IDO POPU L A R<br />

1<br />

P A R T IDO COMUNISTA P ORTUGUÊS<br />

PS PSD CDS/PP PCP<br />

1<br />

LINHAS • A Saúde como grande prioridade. • A Saúde como uma das 4 grandes prioridades<br />

• Reforçar o respeito efectivo pelos direitos<br />

• D efesa de u m SNS regressad o à filosofia<br />

DE • Reforma profunda da Administração Pública • Fazer, sem mais adiamentos, a Reforma<br />

do doente, dos utilizadores e dos co nt r ibuintes<br />

e à inspiração democrática e humanista inicial<br />

ORIENTAÇÃO na saúde da Saúde • Assegurar a plena u tilização da capacidade • Necessidade de uma reforma democrática<br />

ESTRATÉGICA • Novas relações de trabalho com o sector social • Defesa dos valores da equidade, solidariedade<br />

disponível das infra- e stru t~ras , como primeiro do SNS com:<br />

...<br />

e privado<br />

e melhoria continuada da acessibilidade<br />

meio para diminuir a espera dos doentes<br />

- autonomia e regionalização<br />

• Uma política para as profissões da saúde • Maior intervenção, sem complexos, do sector • Eliminar as duplica ções e omissões - u m novo sistema de financiamento<br />

• Mais recursos públicos para financiar<br />

privado e do sector social, designadamente<br />

.,. de cobertura sanitária<br />

- gestão democrática das unidades<br />

as transformações necessárias<br />

as Misericórdias<br />

• P rudente liberalização do sector farmacêu tico<br />

d e saúde<br />

• Prevalência dos valores de natureza social<br />

• Dar ao doente a liberdade de escolha entre<br />

- separação do p ú blico e do privado<br />

e pública das prestações de saúde,<br />

sector público e privado na prestação de cuidados<br />

• P olíticas prio ritárias:<br />

da solidariedade e da participação dos cidadãos de saúde<br />

- con cretização d o direito à saúde<br />

• Ganhos de eficiência na gestão e combate<br />

•Valorizar o estatuto dos profissionais de saúde<br />

- qualidade<br />

ao desperdício<br />

• Fazer aprovar um programa especial<br />

- valorização dos cu idados primários<br />

• Apelo a um pacto de regime<br />

para a transformação radical que o País necessita<br />

de combate às listas de espera<br />

• Redução dos encargos familiares por aumento<br />

1 de eficiência e controlo eficaz dos gastos públicos<br />

1<br />

PAPEL • O SNS como componente estruturante • O Estado deverá, em exclusivo, assumir<br />

no SNS do sistema da saúde a função reguladora dos serviços públicos<br />

•O SNS uma das mais emblemáticas expressões e privados, designadamente em matéri~<br />

da política social em Portugal<br />

de qualidade e desempenho, sob forma<br />

• Manutenção das responsabilidades do Estado preferencialmente contratualizada<br />

pela cobertura dos riscos de saúde, garantindo<br />

• O importante não é preservar o sistema público<br />

o acesso em condições de equidade<br />

de saúde, mas sim permitir o melhor e mais<br />

rápido atendimento dos doentes<br />

• O SNS deverá comparticipar nos custos<br />

das análises clínicas, exames radiológicos e outros<br />

meios complementar es requisitados pelos médicos<br />

em actividade privada<br />

• Criação de condições para uma sã concorrência<br />

dentro do SNS, através de uma separação<br />

entre a função financiadora, a função prestadora<br />

e a função fiscalizadora<br />

• Au tonomia do S N S estatutária, administrativa,<br />

técnica, financeira, disciplinar - assente<br />

na articulação dinâmica dos vários poderes<br />

que intervêm no sector e da sua regulação<br />

e controlo através de processos democráticos<br />

• A institucionalização de órgãos de nível nacional:<br />

a Administração Nacional do SNS, nomeada pelo<br />

Ministério da Saúde, a quem compete dirigir<br />

e elaborar o Plano Nacional de Saúde; e o Conselho<br />

;<br />

N acion al d o SN S, a qu em in cumbe dar parecer em<br />

1<br />

1<br />

r elação ao Pla no Nacional d e Saúde<br />

• A regionalização do Sistema de Saúde<br />

• A institucionalização democrática do Conselho<br />

R egional de Saúde como instrumento de participação<br />

do p oder social e de regulação externa do<br />

sistema, e ao qual cabe, entre outras competências,<br />

a de dar parecer sobre o plano regional de saúde<br />

'<br />

'<br />

.,<br />

FINANCIA- • Reforçar progressivamente o orçamento da saúde I • O financiamento será assegurado • Enumeração das diferentes fontes • O im p ostos como base do financiamento<br />

•<br />

MENTO • Distinguir entidades financiadoras e entidades fundamentalmente por impostos<br />

de fina nciamento, fazend o-as convergir<br />

do S N S<br />

•<br />

prestadoras, com a criação de um Instituto público e taxas moderadoras para o sistema • Gratu itidade da prestação de cuidados de saúde<br />

de financiamento, que fará a gestão global<br />

• Reduzir a pressão financeira dos gastos<br />

• Redução a médio prazo dos financiam entos<br />

e carácter universal e geral do SNS<br />

do sistema de financiamento<br />

de saúde nos orçamentos familiares, incentivando<br />

directos do bolso do cidadão<br />

• E liminação d as taxas moderadoras<br />

• Substituir o tradicional modelo público<br />

os seguros de saúde e aumentando as respectivas<br />

• C a nalizar p arte d a s receitas d e privatiza çõ es<br />

• Aumento dos recursos atribuídos à área<br />

integrado por um novo modelo contratual que<br />

deduções em IRS<br />

p ara a mortizar a d ívida do S N S , criando-se<br />

d a Saúde<br />

combine o financiamento essencialmente público<br />

condições para uma administração do sistema • Melhor utilização dos meios públicos<br />

!<br />

1<br />

li<br />

1 gestão<br />

hospitalar<br />

gestão 1<br />

hospitalar<br />

Ili<br />

"'<br />

J


•<br />

J<br />

com um sistema de contratos entre pagadores<br />

e prestadores formalmente separados entre si<br />

• Estimular o mutua lismo<br />

• D esenvolver a contratualização nas relações<br />

financeiras entre serviços de saúde,<br />

na acessibilidade aos meios complementares<br />

d e diagnóstico e terapêutica<br />

~ --<br />

mais exigente<br />

--- --- ---<br />

• Mobilização do investimento p rivado e social<br />

no âmbito do sistema de saúde<br />

• Incentivos a sistemas complemen tares de saúde<br />

• Planos poupança - saúde<br />

disponibilizados para a saúde;<br />

• Aplicação d a lei quadro reguladora<br />

do financiamento do SNS de forma a garantir<br />

os recursos financeiros suficientes<br />

Dí"Il<br />

~ - -<br />

1<br />

G ESTÃO<br />

• Não tolerar o desfasamento entre normas<br />

e práticas<br />

• Separar claramente as esfera s e interesses<br />

públicos e privados<br />

• Contrariar a d efesa de interesses meram en te<br />

corporativos<br />

• Autonomia de <strong>Gestão</strong> dos Hospitais, Centros<br />

d e Saúde e sistemas locais de saúde, agindo<br />

em paralelo com o sector privado não lucrativo<br />

ou convencionado com o SNS<br />

• Ala rgamento a todas as Instituições de Saúde<br />

dos "Centros de Responsabilidade Integrados''<br />

• Organizar o sistema tendo como objectiv o<br />

fundamental o acesso dos cidadãos aos serviços<br />

de saúde<br />

• Criação d e estruturas de participa ção<br />

dos utentes<br />

• E xpandir a nova filosofia de "gestã o integrada<br />

d a doença aguda"<br />

• Alargar a todo o país o sistema de atendimento<br />

e gestã o telefónica das urgência s pediátricas<br />

"Saúde 24 Horas"<br />

• M anter perma nentemente actualizada a carta<br />

d e equipamentos d e saúde<br />

• Completar a informatização do sistema de saúde<br />

• Continuação do P r ogr am a d e M elhoria<br />

do Acesso, por for rri'a. a acabar com as listas<br />

de esp era até 2002<br />

• Fazer u ma lei de gestão d os Serviços d e Sa úde<br />

que consagre a autonomia e a responsab ilidad e<br />

dos serviços e d ê in centivos à qualidade,<br />

produtividade e à satisfação dos utentes<br />

• Promover a gestão privada de hospitais públicos<br />

• Progressiva submissã o a Auditorias E xternas<br />

do d esempenho económico e financeiro<br />

das grandes unidades de saúde.<br />

• Escolher os gestores pela competência, pre miar<br />

o mérito e sobretudo r esponsabilizar com eficácia<br />

• Desen volver o plano integrado de acesso<br />

aos serviços em situação de urgência, separando<br />

as situações de acidentados e emergentes<br />

das situações de urgência efectiva, criando<br />

para estas soluções alternativas.<br />

• Lançar um Programa visand o a humanização<br />

dos serviços e a melhoria do acolhimento<br />

dos doentes hospitalares<br />

• Instalação de rede de unidades de acolhimento<br />

hospitalar e de cuidados domiciliários para ma ior<br />

protecção a doentes crónicos e idosos<br />

• Implementar a identificação inequívoca<br />

do cidadão perante o sistema de saúde,<br />

quer em relação à envolvente de protecção<br />

de que beneficia, quer em relação às suas<br />

necessidades específicas<br />

• Avaliação e publicação sistemática, a começar<br />

ainda em <strong>1999</strong>, da dimensão, por natureza<br />

das doenças, das listas d e espera<br />

• Eficaz articulação ent re cuidados de saúde,<br />

polarizada na base do sistema no M édico<br />

de Família<br />

• Reduzir de imediato as listas de espera<br />

• Reestruturação profunda do S N S, introd u zindo<br />

critérios de avalia ção e desempenho,<br />

modernizando a gestão dos recursos<br />

e estabelecimentos de saúde<br />

• Controlo r igoroso e tempestivo<br />

dos fornecimentos feitos ao abrigo<br />

de acordos e convenções<br />

• Criar estímulos de gestão para as melhor es<br />

práticas<br />

• Criação de quadro regulamentador<br />

e fiscalizador de Seguros de Saúd e,<br />

subsistemas e outras instituições<br />

• Concessão da gestão e da exploração<br />

de entidad es prestadoras a p rivados no âmbito<br />

do SNS<br />

• Privados, E stado e auta rquias na constru ção<br />

e gestão conjunta de novos h ospitais<br />

• Criação da figura do Prov edor da saúd e<br />

• R ecenseamento rigoroso dos utentes em listas<br />

d e espera, regularmente actualizado<br />

• A avaliação da capacidade instalada no SNS<br />

em recursos humanos, infra-estruturas<br />

e equipamentos e sua mobilização para a resolução<br />

sustentada do problema das listas de espera<br />

• Desenvolvimento de programas de prestação<br />

de cuidados de especialidade nos Centros de Saude,<br />

da responsabilidade dos Hospitais de referência<br />

• O estabelecimento do princípio de que o recurso<br />

a meios externos ao S N S só terá lugar<br />

em situações de insuficiência ou esgotamento<br />

da capacidade instalada<br />

• Atribuição ao Programa Especial de Acesso<br />

aos Cuidados de Saúde de uma dotação<br />

orçamental adicional e própria<br />

• Escolha por concurso das equipas gestoras<br />

d os hospitais e centros de saúde d o SNS; o jurí<br />

será nomeado pelo nível regional de administração<br />

d o S N S, dele fazendo parte, designadamente,<br />

elementos escolhid os pela E scola Nacional<br />

de Saúde P ública e pelas O rdens dos Médicos<br />

e dos Enferm eiros e outras organizações<br />

p rofissionais de técnicos de saúd e, caberá à equipa<br />

gestora n omear os directores de serviço<br />

entre os m éd icos com a categoria mais elevada,<br />

reunindo parecer da direcção médica<br />

• E leição das Direcções Médica e de Enfermagem<br />

p elos profission ais d as respectivas carreiras que<br />

trabalham no estabelecimento de saúde do SNS<br />

1<br />

1<br />

1<br />

i,<br />

1<br />

1<br />

1<br />

:<br />

1<br />

1<br />

•<br />

REGRAS<br />

DE M ER CADO<br />

IV<br />

gestão<br />

hospitala r<br />

1<br />

• D efinir regras que garantam r elações justas,<br />

previsibilidade, esta bilidade e desenvolvimento<br />

aos sectores social e p rivado, em convergência<br />

d e esforços com o SNS<br />

• Regras claras d e separação das águas<br />

entre o S N S e os sectores so cial e privado,<br />

evitando formas d e desnatação daqu ele<br />

• Introdução d e mecanismos de concorrência<br />

• Facilitar ao utent e a possibilidad e de optar entr e<br />

o sector público e p rivado na prestação<br />

d e cuidados<br />

• Introdução gradual d e uma lóg ica<br />

d e concorrencialidad e e contr atualização<br />

• Separação entre .entidades fina nciad oras<br />

e entidades p restadoras de cuidados d e saúde<br />

•<br />

• Aum ento da liberdade d e escolha dos cid adãos<br />

no acesso, t ornando-os independentes de critérios<br />

estritamente administrativos<br />

• Criação d e condições para a livre opção<br />

dos cidadãos por alternativas não estatais<br />

de acesso aos cuidados de sa ú de<br />

• Concorrência dentro d o p róprio SNS<br />

• Alteração d o sistema que permite<br />

o desenvolvimento da medicina p rivada<br />

no interior dos estabelecimentos p úblicos<br />

..<br />

gestão 1<br />

hospitala r<br />

V


fr<br />

-<br />

1 ri T"'\ e m n<br />

nrin<br />

Tl~<br />

ncn<br />

"""".-.....,, ......,.., i. ..... ...... -- ~<br />

no quadro das próprias instituições públicas<br />

.JL - 'L -~<br />

l<br />

1<br />

1<br />

;<br />

1'1<br />

de prestação de cuidados, propiciando maiores<br />

1<br />

possibilidades de escolha para os utentes<br />

• Estabelecer contactos entre pagadores<br />

e prestadores formalmente separados entre si<br />

1<br />

1<br />

ES'I'ATUTO • Estímulo aos regimes de trabalho a tempo • Privilegiar o desenvolvimento das carreiras • Alteração do S istema Remuneratório • A introdução, em simultâneo, de modalidades<br />

DOS inteiro e à dedicação exclusiva com subordinação à qualificação técnica dos técnicos de saúde, com uma componente remu neratórias que permitam fixar no SNS<br />

\.. PROFISSIONAIS •Novas forma de remuneração em função e técnico-científica<br />

variável e redefinindo o conceito de exclusividade técnicos de elevada competência<br />

• E stabelecim ento de um código de conduta<br />

de índices de produtividade e qualidade<br />

• Estabelecer diversidade contratual<br />

q ue torne ilícito aos médicos do SN S o desvio<br />

• Clareza na separação de águas entre entidades para os profissionais de saúde: a par da existência<br />

"<br />

públicas e privadas<br />

de um quadro, existência de outras formas<br />

d e d oentes para consultórios privados<br />

contratuais<br />

• Uma nova p olítica d e pessoal, que, para além<br />

do redimensionamento e preenchimento<br />

• Promover a separação progressiva<br />

dos quadros, valorize a adequada gestão<br />

entre actividade pública e privada por parte<br />

das carreiras p rofissionais, garantindo<br />

dos profissionais do sector.<br />

a requalificação dos trabalhadores da saúde<br />

1<br />

.<br />

GESTÃO • Alargar a aplicação dos modelos inovadores • Promoção da gestão privada<br />

• Ampliar e regular as modalidades de participação • Consagração do carácter público da gestão<br />

PRIVADA já existentes, sem prejuízo da análise de Hospitais Públicos de entidades privadas e sociais e de mobilização d e tod os os estabelecimentos públicos e cessação<br />

1'1<br />

DE ESTABE- de outras modalidades que se venham<br />

do investimento privado e social no âmbito do<br />

dos contratos d e gestão privada<br />

LECIMENTOS a revelar importantes<br />

sistema de saúde, designadamente pela concessão de estabelecimentos do S N S, actualmente<br />

da gestão e da exploração de entidades prestadoras existentes<br />

P ÚBLICOS<br />

a privados no âmbito do SNS e o investimento de<br />

privados em conjunto com o Estado e as autarquias<br />

na construção de novos hospitais e sua gestão<br />

SEGUROS<br />

DE SAÚDE<br />

• Incentivar os Seguros de Saúde, aumentando<br />

a respectiva dedução fiscal<br />

• Criação de Planos Poupança Saúde<br />

• Criação de Quadro regulamentador e fiscalizador<br />

de seguros de saúde, subsistemas e outras<br />

instituições de prestação de cuidados de saúde<br />

• Criação de estímulos às empresas ou grupos<br />

de empresas que queiram desenvolver su bsistemas<br />

'f<br />

•<br />

de saúde<br />

• Criação de incentivos a sistemas complementares<br />

de saúde, universais e contratualizados,<br />

disponibilizados pelas empresas aos seus<br />

trabalhadores e famílias, considerando como crédito<br />

fiscal de um valor igual ao produto da capitação<br />

parcial do SNS (actuahnente 100 contos)<br />

pelo número de beneficiários<br />

t<br />

,.<br />

J<br />

POLÍTICA • Adaptar a política do medicamento por forma • Aumentar em 10% a comparticipação no preço<br />

DO a compatibilizar o papel inestimável de medicamentos utilizados pelas pessoas<br />

MEDICAMENTO dos medicamentos com a prevenção ou eliminação mais carenciadas<br />

de desequilíbrios financeiros decorrentes<br />

• Implementar a receita médica renovável,<br />

1 gestão<br />

VI<br />

hospitalar<br />

1<br />

1<br />

• Prudente liberalização do sector farmacêutico • Dispensa gratuita de medicamentos aos u ten tes<br />

• Adopção de uma política que concilie<br />

do SNS, nos Hospitais e Centros de Saúd e, que se<br />

a qualidade com o rigor e controlo das despesas: revelem mais económicos para o erário público<br />

- introduzindo gradualmente a prescrição do que os fornecidos nas 11 farmácias de rua"<br />

gestão<br />

.<br />

1<br />

VII<br />

hospitalar<br />

~<br />

-


•<br />

das respectivas despesas<br />

..... -<br />

1 ~--<br />

especialmente para doentes crónicos<br />

pelo princípio activo<br />

---·..&...&.<br />

• Prescrição de medicamentos comparticipáveis<br />

• Contenção de despesas do SNS em<br />

• Definir e executar uma política do medicamento<br />

- incentivando o uso racional<br />

pelo SNS por indicação da substância activa<br />

medicamentos, reduzindo o consumo desnecessário<br />

que incentive o seu uso racional e reduza custos<br />

dos medicamentos pela introdução<br />

ou denominação comum internacional<br />

ii<br />

I•<br />

li<br />

• alterar o actual sistema de comparticipação<br />

de medicamentos:<br />

- utilizando critérios de eficácia relativa<br />

para a inclusão de medicamentos<br />

• Consagrar a prática dos genéricos<br />

como uma acção prioritária da próxima<br />

legislatura<br />

de embalagens mais pequenas<br />

• Implementar um sistema mais justo e equitativo<br />

de comparticipação dos medicamentos, criando<br />

o "cheque medicamento" para os mais carenciados<br />

• Implantação de um formulário nacional<br />

de medicamentos<br />

• Alteração do sistema de comparticipação,<br />

eliminando os medicamentos de discutível eficácia<br />

no sistema de comparticipação<br />

• Promover a produção, comercialização<br />

e de preço relativamente excessiv9, em benefício<br />

- reduzindo a diferença de preços entre<br />

e prescrição dos "genéricos"<br />

dos medicamentos essenciais<br />

medicamentos com a mesma substância<br />

• Promoção da utilização dos medicamentos<br />

activa<br />

genéricos<br />

- melhorando a acessibilidade dos mais<br />

• Critérios rigorosos e eficientes na autorização<br />

desfavorecidos<br />

da entrada dos medicamentos no mercado<br />

• Alterar o sistema de distribuição de medicamentos<br />

• Distribuição de medicamentos aos doentes<br />

nas farmácias, adequando a quantidade<br />

que acedem às urgências e consultas externas<br />

às necessidades do tratamento<br />

• Aperfeiçoar a legislação sobre ensaios clínicos<br />

• promover a prescrição pela denominação comum<br />

em pr?l da transparência nas relações indústria<br />

internacional (novo modelo de receita)<br />

/investigadores, garantindo os direitos dos doentes<br />

• Aprofundar a utilização de formulários<br />

• Alterar a legislação sobre publicidade<br />

por patologias e recomendações<br />

de medicamentos, restringindo-a nos grandes meios<br />

• Promover a utilização de medicamentos genéricos<br />

de comunicação social, e controlar as pressões<br />

sobre os profissionais e os consumidores<br />

,<br />

1 C::OMENTARIO<br />

LÍDERES DOS PARTIDOS POLÍTICOS<br />

J\ s propostas em matéria de saúde incluídas no<br />

.I"l...Programa Eleitoral do PSD têm subjacente<br />

Chegou a hora de nos comprometermos solenemente<br />

com os portugueses com uma melhoria<br />

do sistema de saúde. E indispensável ao País um sis­<br />

uma dupla preocupação. Uma de natureza imediata<br />

e que visa enfrentar e resolver, de forma decidida, a<br />

intolerável situação das listas de espera, que tantas<br />

vezes põem em causa a qualidade de vida ou mesmo<br />

a existência física dos doentes. Por isso nos propomos<br />

pôr em marcha um programa de emergência<br />

que ponha fim, no prazo de dois anos às listas de es­<br />

Com t~tal clar~za, assum i~os a firme defesa do<br />

Serviço Nacional de Saude. Não do SNS como<br />

está, desfigurado pelas continuadas orientações<br />

que têm sido postas em prática, mas do SNS regressado<br />

à filosofia e à inspiração democrática e<br />

humanista inicial, ajustado às novas condições de<br />

tema de saúde mais eficiente, que preste melhores<br />

pera nas consultas e nas cirurgias.<br />

progresso tecnológico, aos problemas que o cresci­<br />

serviços aos cidadãos e de qualidade reconhecida.<br />

mento dos custos e a evolução organizativa colo­<br />

Na próxima legislatura caminharemos decidida­<br />

A outra, de caracter estrutural, tem por objectivo<br />

cam, aos novos e mais exigentes padrões de saúde<br />

mente nesse sentido.<br />

Sabemos que a reforma da saúde terá impacto orçamental.<br />

Exigirá, no imediato, mais recursos públicos<br />

para financiar as transformações reformadoras<br />

operar uma reforma profunda em todo o sector da<br />

saúde, a qual, sem pôr em causa a existência de um<br />

serviço nacional de saúde humanizado, eficiente e financeiramente<br />

equilibrado, tenha por prmcíp10<br />

básico a concessão ao doente da liberdade de esco­<br />

1<br />

l<br />

possíveis e por isso acessíveis a todos os seres humanos.<br />

E recusamos frontalmente u m caminho que<br />

acentue a divisão dos portugueses, do ponto de<br />

necessárias, ao contrário do que querem fazer crer<br />

lha entre o sector público e o sector privado na<br />

"GH " contactou também o CDS/PP não tendo, todav ia, recebido<br />

v ista da garantia do seu direito à saúde, em<br />

afirmações demagógicas e irresponsáveis.<br />

prestação de cuidados de saúde.<br />

o comentário do seu líder até ao fecho desta edição.<br />

cidadãos de primeira e de segund a.<br />

António GuterreJ<br />

J. M. Durã.o Barro.10<br />

Carlot1 Carvalbat1<br />

••<br />

V I 11 1 gestii.o<br />

hospita lar<br />

gestão 1 ,<br />

hospitalar IX


OPINIÃO<br />

ESPECIALISTAS<br />

"GH" REGISTOU A OPINIÃO DE PERITOS E PERSONALIDADES DESTACADAS NO SISTEMA<br />

DE SAÚDE PORTUGUÊS SOBRE A IDEIA DE REFORMA, DE MODO A MELHOR COMPREENDER<br />

A<br />

Aos IN~UIRIDOS<br />

RAZOABILIDADE DAS PROPOSTAS DOS PRINCIPAIS PARTIDOS POLÍTICOS.<br />

os FORAM COLOCADAS DUAS ~UESTOES:<br />

-<br />

]. DAS ARE·IS QUE A SEGUIR SE APRESEN1AJI, INDIQUE TRÊS<br />

QUF CONSIDERllRhl J>RIOR/1:ÚUAS Ne1IA REFO!lJJA D.·1 SAÚDE:<br />

CALDEIRA DA SILVA<br />

DANIEL SERRÃO<br />

MARIA JOSÉ<br />

NOGUEIRA PINTO<br />

PAULO MENDO<br />

PEDRO PITA BARROS<br />

A) 11/un:iR {) .IJODRLO DE F/;\ :4NCIAJIENTO? QE-iNTO A ORIGEJJ<br />

E DISTRJBU!Ç1ÍO nos RECURSOS;<br />

•<br />

•<br />

li<br />

R) ALTERAR O SJSTE1JA SOC/0-RE,1/UXERATÓRJO DOS .lll~D!COS<br />

llOSPITAL-tRES;<br />

C} ÂLTER.·JR O SIS11\JIA SOCIO-REil!UNERATÓRIO DOS ,llÉDICOS<br />

DE FAJIÍLJ, l;<br />

D) DonR os /JOSPIT.. llS DE UJJ NOVO ,IJODELO JURÍDICO;<br />

E} ÂLTER1lR .ti POLÍ1'!C1I DO .IIEDICAJIENTO E DAS<br />

CO,JIP1IRTICIPAÇÕES;<br />

•<br />

•<br />

•<br />

li<br />

li<br />

•<br />

J-) Sl~'/',IR1 IR DE FOJOJJ1 CLAR1l E JNDISCUTÍT'EL O EYERCÍCIO<br />

DE Fl.'iYÇÕES PÍ'BLICAS E FUNÇÕES PRJr ~1DAS;<br />

G) DESCFN1RALIZAR, DE r:4CTO, 11 GESTÃO DO SISTEJIA<br />

IJI~ S1IÚDE,•<br />

li<br />

•<br />

li<br />

11) LVTRODUZJR REGRAS DE ,IIERCADO NO JIODELO<br />

DE PRES1/IÇ;f0 DE CUIDADOS;<br />

li<br />

I) PRIORIZAR A CRIAÇA·o DE ESTRUTUR.-!S PARA OS DOEXTES<br />

CRÓXICOS E IDOSOS;<br />

J) CRIAR SOVttS FORJI.tlS DE CO-PAG,-L1IENTO DOS CUIDADOS<br />

,11tnicos 1:,11 Ct:,\'TROS 1m SrtúDE 1;; HosPn:.us, EII n 'xç:Io<br />

DOS IWNDI.J!ENTOS;<br />

L) CRIAR ALTERNA11VAS DE TRABALHO AOS JIÉDJCOS<br />

DE FAJIÍLL-l SUBSTITUT/VtlS DO TIVJIMLllO<br />

Ell CESTROS DE S 1UJDE.<br />

•<br />

- Dotar o Serviço N acional<br />

de Saúde (SNS) de<br />

um novo modelo jurídico,<br />

de um novo estatuto<br />

li<br />

- Criar um Conselho Nacional<br />

de Saúde<br />

,<br />

- Uma política mais coerente<br />

de Recursos Humanos<br />

- Um modelo misto de<br />

prestação de cuidados de<br />

saúde<br />

Nota: Ver conclusão, na<br />

resposta à questão 2.<br />

2. F1ICE As TRÊS PRIORlilIIDES QUE EXUSCIOU ,\~ I RESPOSn .tlXTERJOR, IXD/Ql'E />,1/ll C-IDA lWA, os OBJECTIVOS<br />

E O CONTElTDO SUCINTO DAS REFERIDAS ALTERAÇÔES.<br />

P iGINAS SEGUIN TES<br />

X<br />

1<br />

gestão<br />

hospitalar<br />

gestão 1<br />

hospitalar<br />

XI


l<br />

------------------- CALDEIRA DA SILVA<br />

--------------------DANIEL SERRÃO<br />

QUESTÃO 2<br />

QUESTÃO 2<br />

A)<br />

"<br />

e>; L)<br />

UM ERRO HISTÓRICO<br />

(DRAMÁT ICO), TER DEFINIDO O<br />

MODELO DE MÉDICO DE CLÍNICA<br />

GERAL COMO UM FUNCIDNÁRID<br />

(DE UM CENTRO DE SAÚDE)"<br />

"0 SISTEMA DE CUIDADOS DE<br />

SAÚDE BENEFI CIARIA MUITO COM<br />

MÉDICOS DE CLÍNICA GERAL NÃO<br />

FUNCIONÁRIOS, EXERCENDO EM<br />

CONSULTÓRIOS INDIVIDUAIS OU 1<br />

EM CLUSTERS ••• ' '<br />

Do meu ponto de vista constituiu um erro histórico (dramático), ter definido o modelo<br />

de médico de clínica geral como um 11 funcionário" (de um centro de saúde), com carreira<br />

e vencimento fixo, submetido ao peso da burocracia e carente, portanto, de uma<br />

__J<br />

relação personalizada com o doente, que é exigida.<br />

Inspirando-se no modelo dos países socialistas (à época), foi concebido<br />

um profissional de cuidados de saúde primários, com uma pretendida<br />

forte componente de Saúde Pública e carga administrativa,<br />

muito débil na formação em Medicina Interna e, propositadamente,<br />

afastado da chamada 11 medicina curativa''.<br />

Mais uma vez o SNS britânico nos chamava a atenção (ao tempo)<br />

para o modelo de "free contractor 11<br />

do seu clínico geral. O sistema<br />

de cuidados de saúde beneficiaria muito com médicos de clínica geral<br />

não funcionários, exercendo em consultórios individuais ou em<br />

li<br />

cus<br />

] t ers<br />

li<br />

, remunera d os por acto pratica . d o ou por uma l' ista d e<br />

doentes, com uma fortíssima preparação em Medicina Interna e<br />

com uma articulação ágil (recurso à informática) com rede de<br />

unidades de meios complementares de diagnóstico.<br />

E)<br />

Como se pratica há muitos anos em países desenvolvidos, introduzir<br />

os medicamentos "genéricos 11 ,<br />

ultrapassando com clarividência, determinação<br />

e autoridade as dificuldades e obstáculos sempre invocados<br />

para paralizar todas as intenções, de forte sabor a eventual<br />

defesa de alguns interesses alheios ao interesse de uma boa<br />

prestação de cuidados de saúde e seus custos.<br />

..<br />

O objectivo é tornar claro para o cidadão quem paga os cuidados de saúde, que cuida ­<br />

dos de saúde são pagos, a quem e como é feito o pagamento. Um Instituto Financiador<br />

Autónomo com a alta qualidade técnica de uma Seguradora devia ser criado para gerir,<br />

com critérios rigorosos d e cu sto-benefício, a fatia da tributação destinada a pagamento<br />

" •••<br />

TORNAR CLARO PARA O<br />

CIDADÃO QUEM PAGA as<br />

CUIDADOS DE SAÚDE, QUE<br />

CUIDADOS D E<br />

S AÚDE SÃO<br />

PAGOS, A QUEM E COMO É F"E ITO 1<br />

O<br />

PAGAMENTO."<br />

L) Médicos de família - clínicos gerais - como médicos<br />

assistentes das pessoas. Trabalhando com autonomia<br />

estariam em condições para contratualizarem os<br />

serviços médicos a prestar aos seus doentes com o<br />

Instituto Financiador, numa base de negociação<br />

anual. Do leque de cuidados necessários elaborado<br />

pelo Instituto Financiador, o Clínico geral escolheria<br />

os que iria prestar, de acordo com as suas competências<br />

confirmadas, e seria rem unerado por pessoa inscrita<br />

e por serviços efectivamente prestados (modelo<br />

dinamarquês).<br />

das despesas de u m pacote de cu idados<br />

básicos e necessários para todos<br />

os cidadãos.<br />

D ) Hospitais com u m novo estatuto<br />

jurídico de autonomia e responsabilidade<br />

para poderem discutir em<br />

base realista os custos dos cuidados<br />

que o Instituto Financiador lhes iria<br />

11<br />

comprar 11 •<br />

"MÉDICOS DE FAMÍLIA -<br />

GERAIS -<br />

COMO MÉDICOS<br />

ASSISTENTES DAS PESSOAS.<br />

CLÍNICOS<br />

TRABALHANDO COM AUTONOMIA<br />

ESTARIAM EM CONDIÇÕES PARA<br />

CONTRATUALIZAREM as SERVIÇOS<br />

MÉDICOS A<br />

DOENTES COM O<br />

PRESTAR AOS SEUS<br />

1 N STITUTO _J<br />

'<br />

Outras Prioridad es<br />

A exemplo do SNS britânico (sempre boa fonte de inspiração), e m Portugal, o SNS<br />

deveria beneficiar de um estatuto próprio, com autonomia e personalidade jurídica independente<br />

da Administração Pública e, consequentemente, alheio à Função Pública.<br />

Com esta medida pretender-se -ia dotar o SNS da devida agilidade, autentica gestão e<br />

adequada produtividade, que não se compadecem com o "peso morto" e os obstáculos<br />

de Administração Pública, de carácter fortemente burocrático e administrativista.<br />

Cuidados d e Saúde e a sua prestação nada têm a ver com serviços administrativos e<br />

burocráticos da Administração do Estado, sendo, mesmo, incompatíveis com eles.<br />

•<br />

Outras PrioriJades<br />

FINANCIADOR ••• "<br />

Como estas três reformas serão difíceis e levantarão muitas objecções por parte dos interesses<br />

instalados, deve ser criado um Conselho Nacional de Saúde para o debate técnico<br />

permanente das alterações a introduzir no Sistema de Prestação de Cuidados. O<br />

Conselho não será um órgão de Governo, mas um espaço para o debate livre e res ponsável<br />

do Governo, da Assembleia da República e dos interesses em causa - trabalhadores<br />

da Saúde, instituições prestadoras públicas e privadas, financiadores, cidadãos.<br />

Não é possível fazer uma reforma da Saúde contra os interesses instalados, mas sim com<br />

os interesses instalados, todos publica e claramente presentes no d ebate para a reforma<br />

estrutural do Sistema.<br />

1<br />

1<br />

XI 1<br />

1 gestão<br />

hospitalar<br />

. XI I I<br />

gestão 1<br />

hos pitalar


1<br />

-~<br />

--<br />

MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO<br />

P AULO M ENDO<br />

1<br />

1<br />

'<br />

1<br />

'<br />

QUESTÃO 2<br />

A)<br />

O problema do subfinanciamento não se resolve, do nosso ponto de vista, atirando mais dinheiro para um sistema caótico<br />

e ineficiente, pelo simples reforço da dotação orçamental do sector da saúde. Por um lado, é preciso trazer novos financiamentos<br />

(não necessariamente públicos) ao Sistema e por outro definir prioridades na utilização dos recursos.<br />

E<br />

Em suma, optar por uma figura semelhante à do seguro público, definir<br />

um pacote básico de cuidados de saúde e introduzir a regra da compra<br />

TAR POR UMA FIGURA SEMELHANTE<br />

de serviços por instituto público que os adquirirá no sector público ou<br />

A DO SEGURO PÚBLICO,<br />

privado, introduzindo assim, uma concorrência gerida.<br />

DEFINIR UM PACOTE BÁSICO<br />

DE CUIDADOS OE SAÚDE E INTRODUZIR<br />

A REGRA DA COMPRA DE SERVIÇOS_J<br />

POR INSTITUTO PÚBLICO ••• "<br />

o> Os hospitais públicos desempenham um papel determinante na<br />

prestação dos cuidados de saúde em Portugal. Um estatuto jurídico<br />

adequado à sua importantíssima função teria reflexos nos custos, na<br />

gestão e na qualidade dos cuidados prestados. Este novo estatuto para<br />

os hospitais é, a nosso ver, prévio e condicionante de qualquer 11 reforma11<br />

do sistema.<br />

G) A descentralização efectiva da gestão do sistema de saúde é indispensável para se alcançarem, pelo menos, os<br />

seguintes objectivos: uma melhor e mais equitativa distribuição de recursos, um melhor e mais rápido acesso dos<br />

cidadãos aos cuidados de saúde, um maior aproveitamento da capacidade instalada, um maior controlo dos custos e dos<br />

consumos e gastos improdutivos.<br />

Outras Prioridades<br />

- O sector da saúde assenta em grande medida na qualidade dos Recursos Humanos que lhe estão afectos. Criou-se a<br />

ideia, quanto a nós errada, de que esta gestão (dos Recursos Humanos) se esgota numa crescente funcionalização dos<br />

profissionais e os seus estímulos se reduzem a aumentos<br />

salariais. Considerando a enorme complexidade do sector<br />

parece-nos essencial para qualquer mudança, introduzir<br />

uma nova política de Recursos Humanos, moderna, estimulante,<br />

com critérios claros de avaliação de desempenho e<br />

produtividade.<br />

"CRIOU-SE A IDEIA, ~UANTO A NÓS<br />

ERRADA, DE ~UE ESTA GESTÃO Coas<br />

RECURSOS HUMANOS) SE ESGOTA<br />

~UESTÁC 2<br />

A)<br />

Considero o problema do financiamento da saúde como o de mais urgente resolução. Não é possível continuar-se mais<br />

tempo a orçamentar o sector com tem sido feito, com os protestos veementes de todos, incluindo do Tribunal de Contas,<br />

sem consideração das despesas, 11 plafonado 11 de um modo perfeitamente irrealista por conve!liências políticas, lançando<br />

a irresponsabilidade, incentivando a má gestão e criando permanentes défices autoalimentados. Há já trabalhos oficiais<br />

sérios sobre o assunto (trabalhos das equipas do Prof. Diogo Lucena e do Prof. Daniel Serrão, por exemplo) e o próximo<br />

Governo tem que propor ao país uma qualquer forma de financiamento racional da saúde, baseada nas necessidades<br />

e nos custos da oferta e não numa irreal fatia orçamental.<br />

Defendo que a política de saúde tem que partir das necessidades e direitos dos cidadãos para o quantitativo a dotar e<br />

não, como agora, do quantitativo disponível para a oferta, ou seja, defendo que a Saúde tem que ser encarada não como<br />

um problema administrativo, mas sim, como é, uma política essencial a cumprir. Esta inversão da visão política é<br />

essencial e a não ser aceite, então, é de exigir que o Governo tenha a coragem de assumir quais são os direitos que não<br />

vai garantir, sem atirar as culpas para o sistema, sua gestão e seu_s profissionais. Esta política de financiamento deve ter<br />

em atenção a qualidade e a operacionalidade do sistema pelo que deve encarar as propostas b), c) e j) .<br />

O)<br />

É para mim evidente que os Hospitais devem ser geridos sob um novo modelo jurídico, a estudar, tendo em conta as experiências<br />

que se iniciaram e podem ser avaliadas, pois já têm anos de funcionamento (Hospital de Amadora Sintra, de<br />

gestão privada lucrativa e o Hospital da Prelada com gestão p rivada não lucrativa, de uma Misericórdia). Não me repugna<br />

nada e, pelo contrário, aceito como eticamente correcto e prestigiante da fu nção, que as equipas dirigentes sejam<br />

nomeadas pelos Governos democráticos (única fonte de legitimidade do poder), que disponham de m uito maior autoridade<br />

sobre orçamentos, custos, carreiras de pessoal e horários, deixando de estar sujeitas às leis gerais da função pública<br />

e enquadrando-se num estatuto próprio "feito à medida 11 •<br />

Por isso julgo que também é de aceitar e ter em atenção o proposto em h) .<br />

G)<br />

A descentralização da gestão é essencial, ou se dissermos de outro modo, não se p ode fazer telegestão sem prejudicar o<br />

sistema. Toda a responsabilidade da gestão corrente e da direcção de serviços tem que ser amplamente distribuída pelos<br />

responsáveis, cabendo apenas aos órgãos centrais e regionais a recolha e tratamento d e dados e o fornecimento dessas<br />

informações ao poder político de modo a que seja permanentemente possível o estabelecimento, com conhecimento da<br />

causa, dos objectivos políticos a atingir de interesse nacional. A completa promiscuidade em que o nosso sistema vive<br />

atropela responsabilidades, burocratiza o sistema e torna vicioso todo o relacionamento dos responsáveis.<br />

- Este último aspecto é da maior relevância, porque significa<br />

a passagem de uma visão redutora do Serviço Nacional de<br />

Saúde para uma visão abrangente de Sistema Nacional de<br />

Saúde. Com efeito, fala-se muito da necessidade da separação<br />

público/privado considerando aspectos de menor<br />

transparência e mesmo de alguma promiscuidade que, infe­<br />

NUMA CRESCENTE FUNCIONALIZAÇÃO<br />

DOS PROFISSIONAIS E OS SEUS<br />

ESTÍMULOS SE REDUZEM<br />

A AUMENTOS SALARIAIS."<br />

_J<br />

lizmente se verificam. No entanto, o cerne da questão é a clarificação do papel do sector público e do sector privado, articulados<br />

dentro do sistema, permitindo uma concorrência gerida entre os diferentes prestadores, uma efectiva liberdade<br />

de escolha dos utentes e um eficaz controlo dos custos por parte dos financiadores.<br />

•<br />

Conclusão: O pouco tempo disponível torna esta resposta esquemática e angulosa, mas de q ualquer modo traduz em<br />

linhas gerais algumas, repito, algumas, das preocupações, que julgo deveriam constituir o cerne da actuação política na<br />

área da saúde.<br />

Actuação política sustentada, que forçosamente ultrapassa os períodos legislativos e q ue, por isso, deveria constituir área<br />

de 11 pacto de regime 11 .<br />

Pacto de regime que obrigatoriamente tem que ser conseguido com, e pelo interesse do Governo e que constituirá a proposta<br />

que acrescentarei às Vossas:<br />

- GARANTIR QUE O PRÓXIMO GOVERNO LIDERARÁ CONVERSAÇÕES DOM A OPOSIÇÃO PARLA·<br />

'<br />

MENTAR E OS PARCEIROS SOCIAIS INTERESSADOS, OE MODO A QUE, EM SEI S MESES, POSSA<br />

APRESENTAR AO PARLAMENTO AS LINHAS BÁSICAS DE ESTRUTUTAÇÁO DE UM SISTEMA DE<br />

SAÚDE QUE REUNA A<br />

CONCORDÂNCIA ALARGADA DOS PARTIDOS PARLAMENTARES.<br />

1<br />

gestão<br />

XIV -<br />

1 hospnalar<br />

gestão 1 XV<br />

hospitalar


PEDRO PJTA BARROS<br />

QUESTÃO 2<br />

D)<br />

O objectivo é tor na r a gestão dos hospitais responsável p elos resultados obtidos, permitindo<br />

ao mesmo tempo que se possa ter uma efectiva gestão dos recursos dentro de<br />

cada hospital. Em particular, não é necessário que to-<br />

" ••• TORNAR A GESTÃO DOS HOSPITAIS<br />

RESPONSÁVEL PELOS RESULTADOS<br />

OBTIDOS ••• "<br />

"NÃO É NECESSÁRIO QUE SEJAM<br />

PRIVATIZADCJS ( ••• ) 0 ESTATUTO DE<br />

SOCIEDADE DE CAPITAIS PÚBLICOS,<br />

ou SEMELHANTE A TRLJST PODERÁ 1<br />

SER ADE[\IUADO.''<br />

__J<br />

dos os hospitais tenham as mesmas soluções, e que se<br />

encontrem as organizações interna s adequad as a cada<br />

realidade. Do mesmo modo, permite a r ecompensa d a<br />

boa gestão e a penaliza ção da má gestão . N ão é<br />

necessário que seja m 11 privatizados 11 , ma s que disponham<br />

de capacidade de gestão. O estatuto de sociedade<br />

de capitais públicos, ou semelhante a 11 trust 11<br />

poderá ser adequado.<br />

F}<br />

O exercício de funções públicas e privadas d e forma simultânea<br />

é gerador de confusões. A clarificação de regras<br />

e d e articulação entre as difer entes funções é importante<br />

para que todo o sistema funcione de forma<br />

adequada. O modo d e o fazer sem grandes choques<br />

11<br />

culturais 11 é mais delicado, já que vai contra uma longa tradição em Portugal. Será<br />

E:<br />

:J<br />

necessária alguma imaginação<br />

para desenhar esquemas<br />

organizativos que<br />

motivem uma clarificação<br />

voluntária das situações.<br />

H)<br />

X E R C Í C l O<br />

DE F'UNÇÕES PÚBLICAS<br />

) VADAS DE F'ORMA SIMULTÂNEA É<br />

GERADOR DE CONFUSÕES."<br />

Por introdução de regras de mercado entendo o reconhecer-se que o m ero uso d a via<br />

administrativa não é suficiente para solucionar os problemas do sistema. Importa<br />

assim ter em consideração os incentivos, monetá rios e n ão monetários, d os diversos<br />

agentes envolvid os no desenho organizativo das várias componentes do sistema. N ão<br />

adianta estabelecer a regra de que todos devem fazer algo se a prossecu ção do seu interesse<br />

próprio indicar que é m elhor fazer outra coisa. É evidente a incapacidad e de<br />

controle e verificação de todas as decisões r elevantes d e cada interveniente na área d a<br />

prestação d e cuidados m édicos. É por isso fundamental que o estabelecimento de reg<br />

ras tenha em conta a reacção dos ag en tes do sistem a . Mais d o que criar regula mentos<br />

e leis sem fim, e que acabam por n ão ser aplicados na prática (os p rofissiona is d o<br />

sector saberã o melhor do q u e eu en contrar exemplos d este tipo d e situação), é importante<br />

desenha r as regras que incorporem e a ntecipem a s reacções dos vários<br />

agentes a essas mesmas regras.<br />

GH: E de que forma se proce ssaria e sse controlo?<br />

N ielson: Bo m, a responsab ilidade implica uma evoluçã o da<br />

actuação ou, pelo menos, u m a mud ança nos procedimentos<br />

d a o rganização e esses proced ime ntos iriam ser contro lados<br />

p e los 11 st a k eholde r s 11 ,<br />

que estão interessados em todo o mod<br />

e lo de o rganização.<br />

G H : Mas e s t e modelo ainda não e stá a funcionar ....<br />

N ie1son: li-u d iria q u e está na sua primeira fase, quer no<br />

Reino U nid o, q u e r nos EUA. Encaramo-lo, especialmente,<br />

como modelo de administração hospitalar. Nos E U A, os<br />

gestores são consid e rados corno responsáveis pela melhoria<br />

d o desempe nho do seu hospita l. O G overno está a in te r vir e<br />

a pedi r me d idas. A pedi r uma perce ntag e m de melhoria<br />

n u m d et e r m inad o espaço d e tempo. E a credito que, quando<br />

a informação<br />

co meçar a circ u­<br />

lar, o p r oje c to<br />

avance.<br />

GH : Acha que<br />

este t ipo de<br />

modelo poderia<br />

funcionar<br />

em Port ugal?<br />

N ielson: Não sei<br />

o suficie nte acerca<br />

do s istema de<br />

sa ú de portu g u ês<br />

para dizer se fun-<br />

. .<br />

c 1onana ou não.<br />

D e sconheço<br />

de<br />

q u e forma o<br />

Governo se rela ­<br />

ciona com os hospitais<br />

e como é a<br />

ad mi n i s traç ã o<br />

hospitalaL E u sei<br />

que n os EUA<br />

pode<br />

func ionar<br />

nos terrn o s em<br />

que e xiste uma responsabilidad e da adm inistraçã o para com<br />

a q ualidad e dos serviços p restado s, e não só e m ter mos de<br />

a dministração fina nceira. Q ue q ualidade de saúde se está a<br />

p restar? Há diferenças e n t re hospita is e médicos. Será q u e<br />

eles sabem como é que p ode m comparar-se com os o u tros?<br />

Provavelmente não p or que p e lo que e u se i, p e lo men os na<br />

E uro p a, nã o h á um m e io s ist e m át ico de medir a qualid a de<br />

d os c uidados prestados.<br />

Os UTEN TES VÃO PODE R CONSTA TAR<br />

SE OS PR IN CÍPI OS DIVULGADOS<br />

ESTÃ O OU NÃO<br />

A SER APLICA DOS<br />

GH: E q uan t o à a d esã o dos hosp itais americanos?<br />

N ielso n: A nossa associação tem cerca de 5 a 6 mil hospitais.<br />

Vamo s d efinir este nú mero como o standard em termos<br />

de expectativ a s . E esta informação vai estar d isponív el, ou<br />

seja , não vai per manecer apenas entre os membros. Isto vai<br />

p ern1 i ti,- q u e as pessoas c h egu em a um hospital e verifiqu<br />

e m , por si, se os princípios d ivulgados estão a ser aplicados<br />

e que medidas se estã o a tomar para cump r ir esses<br />

o bjectivos . O G overno vai p oder questionar-nos. As pessoa<br />

s vão poder questionar-nos. Acho<br />

que a q u estão principal é defin ir quais<br />

sao a s exp ectativas. Porque nest e mom<br />

ento elas ai n da não estão muit o<br />

claras .<br />

S e foi- a um hospital e pergu ntar "Você<br />

é resp onsável pelo quê? É só pela part e<br />

fi nanceira ou tem também responsabilid<br />

ades na área da qualidade d e<br />

p r e stação d e cuidados, por exemplo, a<br />

cardíacos? 11 A maior par te das p essoas<br />

não tem u m cor recto entendimento ou,<br />

pelo m enos , não sabe c lara e objectivamente<br />

a t é que ponto vão as sua s responsabilidades.<br />

P r imeiro, s e se está e m c u idados de<br />

saúd e é p orque se tem a c r e nça que é<br />

p ara cuidar dos d o entes, para m e lhorar<br />

a sa ú de. Ou seja, essa é a responsab ilidade<br />

s u pre m a . Não se e ntra, p u ra e<br />

simp lesm e n te, pela p orta à s 09 da manhã<br />

e sai-se à s 05 da tarde, como se fos ­<br />

se um e mprego q u alquer. Existe u rna<br />

obrigação, u ma obrigação é tica. Caso<br />

contrário, o G overn o e dem a is instituições<br />

p od em dizer, "bom , se vocês não<br />

se sente m responsáveis, nós acha mos q ue vocês são! 11<br />

É por<br />

causa d e todas estas co isas que a inda tem de haver u m long<br />

o debate. S e me pe rg u ntar se va i acontecer amanhã, é<br />

cla r o que não. Mas se m e p erguntar se é a lgo pelo q u e vale<br />

a p e na lu tar, e ntão d igo-lhe, sem d úvida a lg u ma, q u e s im.<br />

S e é atingível? C o m p ei-feição, p1-ovavelrnente não. Mas<br />

com cert eza que podem os melhorar em relação ao nível em<br />

q u e nos e n contramos agora.<br />

gestão<br />

XVI 1 hospitala r<br />

gestão 1<br />

hospitala r<br />

l I


A<br />

MESMO A[\IUI AD LADO:<br />

-<br />

INTRODUÇAD DOS GDH<br />

o EXEMPLO<br />

,<br />

ALI STRIAC O<br />

ACREDITAÇÃO:<br />

O<br />

PRO..JECTO<br />

1\<br />

FRANCES<br />

No HOSPITAL CLÍNIC DE BARCELONA ESTÁ A SER IMPLEMENTADO<br />

o PROJECTO DE GESTÃO E ...._.. ÜUALIDADE PRISMA. MIGUEL ANGEL<br />

ÀSENJO, DIRECTOR CLÍNICO DO HOSPITAL EM CA USA, EXPLICA O<br />

PROJECTO E AS SUAS IMPLICAÇÕES.<br />

COM RESULTADOS JÁ À VISTA, ESTA REMODELAÇÃO PASSOU<br />

PELO AGRUPAMENTO DOS DOENTES CONSOANTE AS CARACTERÍSTICAS COMUNS, OU SEJA,<br />

PELA INTRODUÇÃO DOS FAMOSOS "GRUPOS DE DIAGNÓSTICOS HOMOGÉNEOS" (GDH).<br />

a nossa vizinha E spanha,<br />

a dimensão da qualidade<br />

na prestação dos cuidados<br />

de saúde também já é uma<br />

p rioridade. P elo m enos, no Hospital<br />

Clínic d e Barcelona, onde Miguel Angel<br />

Asenjo é director clínico. Asenjo é<br />

també m Professor d e Saúde Pública<br />

e d e Administração d e Saüde na<br />

U niversida d e<br />

d e<br />

excelência, um centro a cadémico, para<br />

uma organização focalizada nos doentes<br />

e aberta à comunidade. Por outro, e no<br />

seguimento do objectiv o anterior, o<br />

compromisso de passar d e uma m edicina,<br />

entendida enquanto arte e ciência,<br />

para uma medicina b aseada nos cuidados<br />

d e saüde efectivos.<br />

Mas focalizar o processo de cuidados<br />

de saüde nos<br />

O professor começou<br />

por explicar<br />

que o projecto d e<br />

gestão d e qualidad<br />

e (PRISMA) no<br />

H ospita l Clinic d e<br />

Ba r celona,<br />

ENTENDIDA ENQUANTO ARTE<br />

E CIÊNCIA, PARA UMA MEDICINA<br />

BASEA~A NOS .CUIDADOS_J<br />

DE SAUDE EFECTIVOS.<br />

cou uma total remodelação do sistem a<br />

d e o i-ganiza ção d e saúde naqu e le hospital.<br />

Esta remod e lação tinha como intuito<br />

"introdu zir muda nças radicais, a o nível<br />

da organização 11 • Est e tipo d e experiê n­<br />

cia fo i um p rojecto inovador e inédito<br />

em Espa nha, p ois já tinha sido posto<br />

em prática em a lguns hos pitais norte­<br />

-am ericanos e também europeus, mas<br />

nunca num hospital ibérico . O PRISMA<br />

tinha dois objectivos- base: por um lado,<br />

mud ar uma instituição q ue e ra, por<br />

Ba rcelona. ••• PASSAR DE UMA MEDICINA, doente s obriga<br />

a uma<br />

gest ã o ex -<br />

implitre<br />

m a m e n te<br />

raciona l. P ara<br />

tal foi necessária<br />

a in tro-<br />

dução de algumas<br />

alte rações no sentido d e se<br />

evitarem todos "os p r ocedimentos<br />

d esnecessários, em especia l os que env<br />

olvem custos 11<br />

e implica també m que os<br />

doentes possam ser ag r upa dos con ­<br />

soan te as ca ra cterísticas comuns: os<br />

famosos<br />

11<br />

Grupos d e Diagnóstico<br />

Homog éneos" (GDH) . Outro asp ecto<br />

essen cia l foi a "d escentralização", para<br />

que se pudesse construir uma o rga nização<br />

b asead a numa gestão ma is indep end<br />

e nte e a uto-suficiente (em termos organizacionais)<br />

para, deste modo, melhorar<br />

a eficiência do sistema. O primeiro p a s­<br />

so é identificar os GDH. E ssencial é<br />

também a definição, (por parte de cad a<br />

instituto e centro do Clínic), dos seu s<br />

procedimentos com vista a melhorar a<br />

qualidade dos seus serviços, orientado­<br />

-se, no entanto, por um modelo comum.<br />

O desenvolvimento das linhas mestras<br />

pela s quais se devia m reger e a autonomia<br />

para gerir o próprio orçam ento<br />

constituíram também aspectos fundam<br />

en ta is para o sucesso do projecto. O<br />

modelo d e orga nização implicav a tamb<br />

ém a partilha d e recursos, incluin do<br />

salas d e operações e out ros. Os resultados<br />

não se fizeram esp erar: uma redução<br />

de 8 % na tax a de ocu p ação d as camas.<br />

A gestã o do orçamento, que se ma nteve<br />

estável, com uma est imativa d e poup<br />

a nça na or d em d os 7 milhõe s d e eu ros<br />

por ano, era da total responsabilidade de<br />

cada um dos centros e institutos do<br />

C línic. E nquanto obtinham um aum ento<br />

d e 11 % na p rod utividad e (ava liad a pelo<br />

número de episódios d e tratament os)<br />

e uma redução d e 17 % n a m édia d e dia s<br />

de interna ment o, reduzindo tamb é m,<br />

porta nto, a média d e custo p or cada<br />

episódio de trata me nto.<br />

JOSE F HRADSK Y,<br />

ADMI N I S TRADOR<br />

HOSPI1'ALAR EM VIENA,<br />

DÁ CON TA<br />

DOS PRINCÍPIOS<br />

PELOS Q UAIS SE GERE<br />

A Q UALIDADE N OS<br />

CUIDADOS DE SAÚDE<br />

NA Á USTRIA .<br />

U MA EX PERIÊNCIA<br />

A TER EM CONTA.<br />

p esar d e só t e r sid o legis lad a e m 1983, a d imensão da qualid ad e<br />

é, d e há muit o, u ma preocu pação entre os hospitais e a popula<br />

ção au stríacos . Josef H radsky, administrador hospitalar em<br />

Vie na, explicou qual a estratég ia utilizada na gestão hosp it alar<br />

com vista a m e lho r a r a qualidade dos c uidad o s de saúde. Ao contrário d e<br />

outros países, a estratégia a u stríaca não implica sançõ es para quem não<br />

cumpre os v a lor es da qua lida d e . Na Áust r ia investe-se em acções de formação<br />

esp ecíficas n o sentido d e sen sibilizar os profi ssionais de sa üde para<br />

esta temát ica.<br />

O s hospitais estão so b a responsabilid a d e do Governo Federa l e, nest e sen ­<br />

t ido, é o Esta do q u e m d efin e a lgu mas d as con d ições essenciais c om v ista à<br />

m elhor ia d a qualida d e : a gestão dos aspectos d a q u a lidade é asseg urada p o r<br />

cad a hospit al através dos seus próprios meios. Compr een d e também a<br />

qua lidade d a estr u tura hospita la r, d o p r ocesso e d o c o ntrolo .<br />

O s p r ocedimentos de avaliaçã o e organização d a g estã o da qualid ade<br />

cab em à administração h ospit a lar e m b or a seja o b rigatória a ex istên cia de<br />

uma C omissão para a Qua lida d e . A exp eriên cia a ustríaca tem dado os seu s<br />

frut os, tendo já arreca d a d o os prim eiro e terce iro prémios d o cobiçado<br />

11<br />

Golden H elix Aw a r d n, que recon hece a s q u alid ades inovadora s dos projectos<br />

para melhorar a qualidade nos sistem a s públicos d e saúde . E sta evid<br />

ê n cia faz H r adsky afirmar q ue, m uito e m b ora, a Áustria tenh a ainda u m<br />

long o ca m inho a percorrer, está no bom caminho quando se d ecide pela<br />

p a rt icipação e e n v olvimento v o lu ntário d os profissiona is, d entro dos<br />

p arâ m et r os d e q u a lidade que foram estab e lec id os .<br />

Anualm ente, cad a hospital faz o seu relatório d e q u a lida de, que depois ent<br />

r ega à Comissão para a Q u a lida d e do co nju nto dos hosp itais.<br />

Em<br />

França está a decorrer, desde<br />

1996, o processo de acreditação em<br />

cerca de 4000 estabelecimentos de saúde.<br />

Este processo passa , numa primeira fase,<br />

pela a u to-avaliação das instituições.<br />

D e n t r o d e 5 anos a acr editação será uma<br />

r ealid ade e m França.<br />

E m bora o p rocesso de melhoria d e q u a lidad<br />

e n a prestação de c uidados de saúde já<br />

tenha algum tem p o em França, juridicament<br />

e conta apena s com 1 O anos. Foi nest<br />

a altura que o mais importante passou a<br />

ser a satisfação do doen te. Em 1996 criase<br />

o conceito d e "Acred itação 11 , que está<br />

incluído n a reforma d os hospit a is públicos<br />

e p rivados. O projecto prevê que todos os<br />

estabelecime n t os de saúde efectuem autoavaliações<br />

de acordo com uma referência<br />

co1num .<br />

A A NAES , uma agência pública criada<br />

especificame n te para o processo , visitava<br />

os centros d e saúde e h ospitais e os profission<br />

a is er a m convidados a e fectuar autoavaliaç<br />

ões p a ra q u e se p u desse iniciar o<br />

processo d e recomend ação e a creditação.<br />

A ctu almente, a fase das vis ita s já acabou e<br />

os 400 0 estab elecimentos têm agora cinco<br />

anos p a r a completa rem o p r ocesso de<br />

acreditação . O objectivo é a ssegurar segu ­<br />

rança e q u alidad e na prestação d e cuidad<br />

o s d e saúde. O s resultad os das a u toavaliações<br />

são con firmados por especialistas<br />

exter nos a os centros d e saüde.<br />

O p rocesso d a acreditação começou por<br />

avaliar a qualidad e d a s práticas profissionais.<br />

P ela p r imeira vez, os cuidados<br />

q u e se oferece m a um paciente estão no<br />

centro da questão . A partir daqui todas a s<br />

actividad es d o h ospital são avaliadas, desd<br />

e a gestão finan ceira à s p ráticas médicas<br />

em si. N o e n tanto, ainda não existem res<br />

ultados práticos, p assíveis d e analisar,<br />

p ois o p rojecto ainda está a decor rer.<br />

12<br />

gestão<br />

1 hospitalar


MARGARIDA BENTES?<br />

DEFENDE OVE OS SISTEMAS<br />

DE PAGAMENTO DA SAÚDE<br />

INFLUENCIAM A QUALIDADE<br />

DO PRÓPRIO SISTEMA. PASSANDO<br />

E!Jf REVISTA O SISTEMA<br />

DE FlNANCIA!lfENTO PORTUGUÊS?<br />

DIZ OVE OS 111ÉTODOS UTILIZADOS<br />

NA INDÚSTRIA PARA MEDIR<br />

A DUALIDADE DO DESEMPENHO<br />

PODEM E DEVEM SER<br />

TRANSPOSTOS PARA A SAÚDE.<br />

E<br />

os GDH PORTUGUESES<br />

-<br />

o FINANCIAMENTO EM ~UESTAO<br />

argarida Bentes, Presidente<br />

do Instituto de<br />

<strong>Gestão</strong> Informática e<br />

inanceira (IGIF) do<br />

Ministério da Saúde, defende que os sistemas<br />

de pagamento da saúde podem influenciar<br />

a qualidade do próprio sistema.<br />

A Presidente deste organismo, dotado de<br />

autonomia administrativa e financeira,<br />

afirma que a "capitação (que estabelece<br />

um valor global por cada indivíduo tratado),<br />

gera incentivos ao nível da quantidade<br />

1.<br />

Isto é, num sistema alimentado<br />

pela capitação, a tendência será a de se<br />

avaliar a quantidade, tendo uma consequê<br />

ncia indirecta na qualidade da<br />

prestação dos cuidados d e saúde. Ao contrário,<br />

o pagamento ao acto, 1 oferece incentivos<br />

para a prestação de cuidados de<br />

qualidade 1 . Is to porque, para a entidade<br />

prestadora,<br />

11 0 pagame nto pe los actos<br />

praticados cria estímulo para a especialização"<br />

Assuma esse<br />

estímulo uma di-<br />

mensão intelectual ou prática".<br />

No entanto, segundo Margarida Bentes,<br />

os incentivos à prestação de cuidados de<br />

qualidade "não funcionam tão bem com<br />

os doentes com problemas menos severos<br />

de saúde", pois existe a "tentação para a<br />

sobreutilização de recursos desnecessários<br />

ou ineficazes".<br />

O crescente envelhecimento da população,<br />

bem como o seu maior grau de esclarecimento<br />

e exigência estão na origem<br />

das reformas da saúde que têm vindo a<br />

ocorrer um pouco por todos os países desenvolvidos.<br />

Segundo a Presidente do<br />

IGIF, estas reformas de saúde têm "características<br />

comuns, se bem que articuladas<br />

sob formas nacionais distintas". No<br />

que diz respeito aos aspectos comuns,<br />

Margarida Bentes identifica a "introdução<br />

de mudança s organizacionais para<br />

promover novas culturas de competição e<br />

de m ercado, b em como a d escentralização<br />

do sistema".<br />

Esta investigadora aponta ta mbém o facto<br />

do financiamento se ter alterado e ter<br />

evoluído segundo uma lógica de total<br />

controlo estatal, para gestões semi-públicas,<br />

em que os Estado estabelece "contratos<br />

públicos entre financiadores e<br />

prestadores". No entanto, Margarida<br />

Bentes concluiu não haver qualquer evidência<br />

que possa comprovar uma relação<br />

causal entre introdução de leis de mercado<br />

e aumento de qualidade, embora também<br />

não tenha qualquer indicação no<br />

sentido contrário. Contudo, citando<br />

Dudley et Al, que desenvolveram est u ­<br />

dos nessa área, Margarida Bentes lembra<br />

que ainda não se pode estabelecer um<br />

raciocínio que permita d izer que, pelo<br />

menos nos EUA, os programa s de saúde<br />

de 1 pagamento ao acto" e os de<br />

11 ma naged<br />

care" tenham resultados dife rentes em<br />

termos de qualida de.<br />

A tão a mbicionada qualidade não é propriamente<br />

um conceito universal nem<br />

..<br />

mensurável. Isto é, se falarmos com cad a<br />

um dos intervenientes no p rocesso de<br />

prestação<br />

saúde<br />

de<br />

de<br />

a<br />

"ACREDITO c;JUE NA SAÚDE,<br />

cas. M a s para isto é necessário informação<br />

. A informação q u e é p roduzida<br />

cação<br />

dos<br />

d oentes deve<br />

definição d e TAL COMO NA INDÚSTRIA, ser utilizada<br />

qualidade<br />

será<br />

sempre diferente<br />

para cada<br />

um deles. Por<br />

exemplo, para<br />

o<br />

prestador<br />

basear-se-á nos<br />

A<br />

CHAVE DO SUCESSO<br />

aspectos técnico-c ientíficos de qualidade,<br />

por outro lado, o pagador valorizará o<br />

custo/efectividade dos cuidados e o consumidor<br />

terá outra perspectiva.<br />

É IMPRESCINDÍVEL QUE MÉDICOS<br />

E GESTORES TENHAM A MESMA<br />

LINGUAGEM<br />

No entanto, Margarida Bentes considera<br />

fundamental medir a qualidade, pois de<br />

outra forma não "passaremos d e conceitos<br />

subjectivos e não vamos conseguir<br />

comunicar 11 . Torna-se pois, imprescindível<br />

que médicos e gestores falem a mesma<br />

linguagem. A qualidade de cuidad os significa<br />

e scolher e gerir os recursos<br />

disponíveis. Assim, não se pode pensar<br />

na qualidade em relação a um só doente,<br />

mas na quilo que se consegue para um<br />

conjunto de indivíduos. E lança um desa<br />

fio: os métodos utili zados na indústria<br />

para medir a qualidad e do desempenho<br />

podem e devem ser t ra nspostos para a<br />

saúde. O "be nchmarking 1 é, segund o<br />

M a rgarida Be ntes, um exemplo q ue<br />

poderia se r ut ilizado na ár ea dos cuidados<br />

médicos. Reco rd a a importâ ncia da<br />

informação do retorno d os resultad os,<br />

que constitui um p rincípio básico nas organizações<br />

para reflectir sobre o q u e está<br />

ma l, pa ra que se p ossa efectuar uma<br />

avaliação correcta e ter um feed-back<br />

para as questões . No entanto, a qua lidade<br />

pode ser avaliada para além dos sistemas<br />

tradicio nais e das a udito rias médi-<br />

ESTÁ EM MELHORAR A QUALIDADE<br />

_J<br />

DO PRODUTO", CONCLUIU<br />

também<br />

p ara classificuidados<br />

com<br />

o uma fonte<br />

p ar a a avaliação<br />

da q ualid<br />

ade:<br />

A PRESIDENTE DO 1G1 F. eco nóm ica, é<br />

é<br />

recolhida p or<br />

rotina e passível d e comparação. Que informação<br />

é esta? O s GDH, introdu zid os<br />

desd e 1984, serven: pa ra definir os p rodutos<br />

d o internam ento hospitalar e para<br />

"d e fi mir . preços para pagam ento a terceiros<br />

pagadores". O m odelo d e fin anciamento<br />

que está actualmente em vigor<br />

consiste num o rça mento b aseado na produção,<br />

que d epois é ajustad a com os<br />

GDH. E m 1987, este ajustam ento era de<br />

1 O p or cento, d oze a n os mais tarde, nas<br />

p revisões para o a no 2000 já representa<br />

50 p or cento d o orçamen to in icial d o hospital.<br />

A informação q ue é necessária p ara prod<br />

uzir e alimentar este sistema, serve também<br />

como u m instru mento d e gestão, q ue<br />

perm ite a avaliação comparada do d e-<br />

sempenho dos hospitais.<br />

Por exemplo, os indicadores de retorno,<br />

q u e são medidas do desempenho e alertas<br />

para a qualidade dos cuidados e informação<br />

relativa à qualidade dos dados que<br />

são produzidos, incluem o 11 número de<br />

doentes e o tempo médio de internamento<br />

por GDH, o índice de case mix e a<br />

demora média daquele hospital em<br />

função da casuística que esse mesmo hospital<br />

apresenta, e os casos excepcionais.<br />

O s indicadores de alerta são por exemplo<br />

as readmissões ou a mortalidade,<br />

ajustada obviamente a alguns GDH's.<br />

O afastamento de valores de referência<br />

pode fazer com que o hospital a nalise e<br />

detecte o problema. Mararida Bentes insiste,<br />

contudo, que a informação de retorno<br />

não é "perfeita nem acabada", mas<br />

que pode ser u m caminho para definir os<br />

"benchmarks", que se possam reflectir no<br />

financiamento. No entanto, estes indicadores,<br />

nunca passarão, em termos de<br />

efectividade, de alertas. Para se melhorar<br />

a qualidade dos serviços é necessário desenvolver<br />

programas específicos e melhorar<br />

os sistemas de informação. "Acredito<br />

que na saúde, tal como na indústria, a<br />

chave do sucesso está em melhorar a<br />

qualidade do produto 11 , concluiu a<br />

Presidente do IGIF.<br />

14<br />

gestão<br />

1 hospitalar<br />

gestão 1<br />

hospitalar<br />

15


UM NOVO C::: O N C::: EITO<br />

DE RESPONSABILIDADE<br />

NA R O T A<br />

DA ~ UALI DADE<br />

DON M. NIELSON, VICE-PRESIDENTE<br />

PARA A QUALIDADE<br />

DA ASSOCIA ÇÃO AMERICANA DE HOSPITAIS<br />

É RESPONSÁVEL PELA INTRODUÇÃO<br />

deste conceito de<br />

responsabilidade<br />

DE UM CONCEITO CURIOSO<br />

ACERCA DA RESPONSABILIDADE<br />

dividem-se em seis<br />

gru pos, a saber:<br />

NA GESTÃ O HOSPITALAR. 1. O Sistema de<br />

ESTE CONCEITO INCLUI TODOS OS QUE,<br />

ética e d e valor es<br />

f u nda m e n ta i s<br />

DE ALGUMA FORMA,, ESTÃO INTERESSA DOS<br />

NA VIABILIDADE E EFICÁCIA DE UMA UNIDADE<br />

- Definido por cada<br />

organização que<br />

é reponsável pela<br />

DE PRESTAÇÃO DE CUIDADOS.<br />

sua aplicação na<br />

institu ição. Este<br />

o 1n1c1ar a sua comunicação<br />

Nielson desafiou a<br />

assistência a confessar se<br />

se sentia responsável pelos<br />

cuidados médicos prestados nos hospitais<br />

que dirigiam, muito embora não<br />

fossem médicos. Lenta e timidamente<br />

alguns braços lá se foram erguendo.<br />

sistema ético deve ter ·o seu foco nos<br />

doentes, d evendo-lh es respeito e a obrigação<br />

de os informar acerca de tudo. O<br />

sistema de valores deverá também estar<br />

regulado, recomenda-se à instituição<br />

q u e desenvolva e implemente um p lano<br />

oficial para assegurar a harmonia dos<br />

procedimentos com os aspectos jurídicos.<br />

Nielson não evitou o comentário:<br />

Salienta-se ainda que é importante<br />

"parece que não temos aqui pessoas lembrar os direitos do doente, tais como<br />

muito responsáveis ... ". Para Nielson,<br />

a privacidade e o respeito.<br />

''Responsabilidade" pode traduzir-se<br />

como o desempenh


TM<br />

NEW VALUE FRAMEWORK : UMA NOVA<br />

-<br />

PERSPECTIVA SOBRE A CRIAÇAO DE VALOR<br />

,<br />

NA SAUDE<br />

restar cuidados de saúde tem<br />

sido visto tradicionalmente como<br />

uma profissão, mas não é<br />

possível negar que se trata<br />

também de um negócio, criador de valor,<br />

o qual é registado com base em princípios<br />

contabilísticos geralmente aceites, onde<br />

os activos tais como investimentos financeiros,<br />

instalações e equipamentos são<br />

registados no balanço e os activos intangíveis<br />

são registados principalmente<br />

na demonstração de resultados, classificados<br />

como custos.<br />

"Estamos a avaliar e a medir estas organizações<br />

de forma errada", disse Tonny<br />

Gypen, que explicou que os activos intangíveis<br />

- esforço dos profissionais, relações<br />

com os médicos, satisfação dos<br />

doentes e tecnologias de informação<br />

- são incorrectamente considerados como<br />

passivo ou custos, criando um desalinhamento<br />

entre o que gera o valor<br />

económico e a forma como esse valor é<br />

medido.<br />

O modelo New Value Framework , da<br />

Arthur Andersen, 11 contabiliza 11 estes intangíveis,<br />

bem como o poder das ideias, o<br />

capital intelectual e as relações com os<br />

clientes, de forma a proporcionar uma<br />

visão expandida de valor. O modelo en-<br />

IS<br />

.·<br />

BALANCEAR A PROFISSÃO DA MEDICINA<br />

COM O NEGÓCIO DA SAÚDE, CON'IABILIZANDO,<br />

MEDINDO E VALORIZANDO OS ACTIVOS<br />

INTANGÍVEIS~ CONSTITUIU O FOCO PRINCIPAL<br />

DA APRESENTAÇÃO FEITA POR TONNY GYPEN,<br />

PARTNER DA ÀRTHUR ÂNDERSEN,<br />

NO CONGRESSO.<br />

globa activos tangíveis e intangíveis,<br />

combinando a valoração empresarial com<br />

a forma como os investidores valorizam<br />

as empresas.<br />

De acordo com Gypen, as organizações<br />

prestadoras de cuidados de saúde acreditam<br />

que o cliente deveria ser a prioridade<br />

máxima, com os empregados, os activos<br />

financeiros e os activos físicos a seguir.<br />

Esta perspectiva é coincidente com organizações<br />

de sectores de actividade que lidam<br />

com a informação, tal como a<br />

Microsoft, que valorizam os intangíveis<br />

do capital intelectual e têm um grande<br />

sucesso no mercado. Na realidade, no entanto,<br />

as organizações prestadoras de<br />

cuidados de saúde são, em geral, geridas<br />

e medidas como uma indústria transformadora,<br />

onde os activos físicos aparecem<br />

em primeiro lugar, os financeiros em segundo<br />

e os clientes e empregados em terceiro<br />

e último. "A saúde é a indústria extractiva<br />

escondida atrás da linguagem da<br />

indústria da informação".<br />

Gypen adiantou a sua<br />

Passivo<br />

Valor liquido<br />

1 gestão<br />

hospita lar<br />

Custos<br />

Resultado ilíquido<br />

Activos<br />

de Cliente<br />

Modelo Actual New Value Framework visão para organizações<br />

prestadoras de<br />

cuidados de saúde:<br />

• Estamos no negócio<br />

d as relações: com<br />

doentes, médicos, enfermeiros<br />

e<br />

outros<br />

empregados, fornecedores<br />

e outros stakeholders;<br />

• O nosso objectivo de longo<br />

prazo é ser o mais respeitado e<br />

reconhecido prestador de cuidados<br />

de saúde no mundo;<br />

• Estamos determinados em investir,<br />

proteger e cativar o nosso<br />

activo mais valioso, que são os noss~s<br />

parceiros.<br />

Gypen sublinhou que os líderes das organizações<br />

de saúde não se devem focar<br />

demasiado nos resultados contabilísticos.<br />

As prioridades devem ser coerentes ao<br />

longo de diferentes dimensões, incluindo<br />

valores, estratégias, investimentos e recompensas.<br />

Os médicos e restantes<br />

profissionais devem ser vistos como parceiros<br />

na definição de objectivos e no<br />

seu cumprimento, em cada uma das dimensões.<br />

Os médicos têm que estar alinhados com<br />

os valores da organização e compensados<br />

por cultivarem clientes satisfeitos. Ao focar<br />

na parceria e no cliente, o resultado<br />

final de obter o financiamento adequado<br />

é certamente atingido. Tratar os médicos<br />

como parceiros também elimina o desperdício<br />

de activos, que se observa quando<br />

um programa, um produto ou um<br />

serviço, tal como um ficheiro médico<br />

electrónico, é implementado por um hospital,<br />

mas usado deficientemente pelos<br />

médicos a quem não se pediram contributos<br />

nem aprovação.<br />

Gypen concluiu que a intensificação do<br />

da saúde no custo na<br />

ualidade e no<br />

acesso, não de eE~MA


INFARMED<br />

íl mJ ~li OU WJ li© lNJ éill © 0 © ITTJ éill íl<br />

@@ [F@ ITTrffiJ ~ © 0@<br />

® @© IT0TI@illJD©éillm:nJ®mJli©<br />

•<br />

•<br />

•<br />

[J@©O@ITU@D @J© :<br />

•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••<br />

ITUU®@JD©ili1ITUU®ITUU© ~<br />

Ministério<br />

da Saúde<br />

INFARMED<br />

Organismo do Ministério da Saúde<br />

responsável pela coordenação da<br />

política da farmácia e do medicamento<br />

•<br />

•<br />

• INFARMED<br />

Instituto Nacional da Farmácia<br />

e do Medicamento<br />

Parque de Saúde de Lisboa Av. do Brasil, 53<br />

1700 LISBOA<br />

Tel. geral: (01) 798 71 00<br />

Atendimento - relações públicas: (01) 798 71 01<br />

• Fax geral: (01) 798 73 16<br />

•<br />

•<br />

4lt<br />

e-mail: infarmed@infarmed.pt<br />

home-page: www.infarmed.pt

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