Gestão Hospitalar N.º14 2006
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1° minário Nacional<br />
f nanciamento Hosp<br />
to de Rosa To<br />
em Li
Sopra<br />
uma boa nova,<br />
04 Editorial<br />
Manuel Delgado, presidente da APAH, faz a antevisão<br />
de algumas das temáticas abordadas pelo<br />
programa do 1º Seminário Nacional de<br />
Financiamento <strong>Hospitalar</strong>. Numa altura em que a<br />
APAH comemora 25 anos de existência, vários são<br />
os desafios que se colocam ao nível do financiamento<br />
das unidades públicas de saúde. Uma discussão<br />
que está longe de se esgotar.<br />
1 O Seminário<br />
1 Seminário Nacional<br />
Financiamento <strong>Hospitalar</strong><br />
Para onde caminham os Hospi!aJs Portugueses?<br />
Com oradores de luxo, o 1° Seminário Nacional de<br />
Financiamento <strong>Hospitalar</strong> surge num momento<br />
oportuno. Face aos constrangimentos orçamentais<br />
vividos no sector da Saúde, torna-se importante<br />
pensar e discutir modelos alternativos de financiamento.<br />
De Espanha vem Alberto de Rosa Torner,<br />
director do hospital de la Ribera, para apresentar a<br />
experiência do financiamento por capitação.<br />
Aliámos a expenencia e solidez de um grupo internacional,<br />
líder na sua área, ao maior e mais moderno complexo industrial<br />
farmacêutico português.<br />
Escolhemos Portugal para ser o centro mundial de desenvolvimento<br />
e produção de medicamentos injectáveis da Fresenius Kabi.<br />
Apostámos na qualidade, competência e formação dos nossos<br />
profissionais.<br />
Acreditámos no seu apoio.<br />
12 Entrevista<br />
18 Ciência<br />
Rui Cunha, Provedor da Santa Casa da Misericórdia<br />
de Lisboa, é a figura central deste número da GH.<br />
Com várias ideias em forma de projectos, o<br />
Provedor fala da desejável colaboração entre a<br />
Santa Casa e o Ministério da Saúde. O objectivo<br />
passa pela criação de vários equipamentos que<br />
visam aumentar a qualidade dos serviços de saúde<br />
ao dispor da população.<br />
Em Portugal perto de 3 milhões de pessoas sofrem<br />
de doença reumática. A artrite reumatóide é uma<br />
dessas patologias que afecta alguns milhares de<br />
portugueses. Margarida Souto-Carneiro, investiga·<br />
dora no Instituto Gulbenkian de Ciência, é uma<br />
estudiosa desta doença. Entre outras coisas, tenta<br />
perceber quais as implicações da gravidez nas mulheres<br />
que sofrem de artrite reumatóide.<br />
Em Portugal, com portugueses, para o mundo.<br />
~ Fresenius<br />
LABESFAL<br />
Kabi<br />
Caring for Life<br />
24 Lazer e Prazer<br />
o turismo médico é uma realidade mundial. Brasil,<br />
Cuba e Venezuela são destinos preferenciais para<br />
muitos europeus que buscam intervenções cirúrgicas<br />
a preços mais reduzidos. Neste domínio, ? Tunísia é<br />
também um mercado emergente, cap az de oferecer<br />
cirurgias plásticas com tarifas mais baixas. O primeiro<br />
contacto é feito via internet. Os portugueses,<br />
sobretudo mulheres, parecem se~\'(\U'\Q.<br />
l_
De novo o Financiamento<br />
AAPAH comemora este ano os seus 25 anos.<br />
Integrado nestas comemorações vai organizar<br />
um Seminário sobre o financiamento<br />
possíveis, mas nenhuma delas faz o pleno dos interesses<br />
dos doentes ou da sociedade em geral.<br />
Também quanto ao pagamento dos serviços, a evo<br />
dos hospirais, m atéria recorrente de análise e dis<br />
lução dos métodos a adaptar e dos critérios a aplicar,<br />
cussão.<br />
mostram-nos soluções cada vez mais sofisticadas e<br />
De facto há cada vez mais a convicção de que os<br />
complexas que exigem crescente preparação técnica<br />
modelos de financiamento - desde a origem dos<br />
das partes envolvidas, designadamente do comprador<br />
recursos até às formas de pagamento dos serviços pres<br />
e do prestador.<br />
Manuel Delgado<br />
Presidente da APAH<br />
tados - desempenham um papel estratégico nos sistemas<br />
de saúde do nosso tempo, designadamenre em<br />
duas dimensões fundamentais: o acesso universal e<br />
Nem sempre a realidade acompanha o pensamento ou<br />
a reflexão estratégica sobre esta matéria. Parece, todavia,<br />
consolidada a ideia de que os hospitais devem ser<br />
"Uma 'nova'<br />
equitativo dos cidadãos e a eficiência na utilização dos<br />
financiados por modalidades contratuais e não por<br />
perspectiva<br />
do Financiamento<br />
surge, assim,<br />
no horizonte.<br />
Em que se<br />
consegue<br />
incorporar<br />
no modelo<br />
o paradigma<br />
da promoção<br />
da saúde<br />
e da prevenção<br />
da doença - o<br />
financiamento<br />
por capitação."<br />
recursos.<br />
A controvérsia sobre a origem dos recursos é conhecida.<br />
Representa, em muitos aspectos, o lastro ideológico<br />
que separa o liberalismo da visão socializante da<br />
saúde. E traduz-se nas grandes opções entre financiamento<br />
por seguro público (e m que os impostos se<br />
incluem) ou na célebre frase "quem quer saúde paga-a"<br />
(incluindo aqui os seguros privados).<br />
A primeira opção consubstancia uma clara preocupação<br />
com as questões civilizacionais da universalidade<br />
e da equidade; a segunda opção, promove o mercado,<br />
a livre escolha e, com isso, dizem os seus<br />
defensores, a eficácia.<br />
Várias têm sido as experiências que pretendem conciliar<br />
estas duas perspectivas, criando esquemas de seguro<br />
social para alguns grupos de trabalhadores mais<br />
diferenciados, promovendo uma combinação entre<br />
seguros públicos e co-pagamentos ou taxas moderadoras<br />
que racionalizem a procura, defendendo o finan<br />
subsídios e que, na sua génese, deve estar a definição<br />
de "produtos", a sua classificação em termos de valor<br />
face à severidade e à complexidade das doenças, e, não<br />
esquecer, à qualidade associada aos actos praticados e<br />
aos resultados obtidos.<br />
Esta lógica de financiamento pela produção é, no<br />
entanto, questionável, já que o "produto" em causa<br />
representa situações adversas que, em muitas circunstâncias<br />
poderiam ser evitadas.<br />
Uma "nova" perspectiva do Financiamento surge,<br />
assim, no horizonte. Em que se consegue incorporar<br />
no modelo o paradigma da promoção da saúde e da<br />
prevenção da doença - o financiamento por capitação.<br />
Que pressupõe uma elevadíssima partilha de<br />
riscos entre quem paga e quem presta cuidados e exige<br />
informação rigorosa, sofisticada e actualizada e mecanismos<br />
de monitorização complexos e muito eficazes.<br />
E um novo rearranjo nos dispositivos de p restação.<br />
Estamos ainda longe de esgotar a discussão sobre o<br />
z<br />
.<br />
MSD Dedicamos<br />
a nossa vida<br />
a melhorar a sua<br />
Merck Sharp & Dohme<br />
Qta. da Fonte Edif. Vasco da Gama, 19<br />
P.O. Box 214<br />
2770-192 Paço D' Arcos<br />
www.msd.pt<br />
ciamento públi co cruzado com a prestação privada<br />
Financiamento da Saúde. Novas abordagens estão a<br />
ou, no limite, separando as águas entre os que ficam<br />
surgir. E é verdade que, no nosso caso, a falta de recur<br />
no regime público ou os que optem por ter o seu<br />
sos ou o seu excesso parecem conviver de forma apa<br />
seguro privado. São, como se vê, diversas as soluções<br />
rentemente absurda e surpreendente. Até quando? Dlll<br />
11 un1 ad1S.pt<br />
medicina e multo mais
Hospitais<br />
Actividade aumenta 5% em <strong>2006</strong><br />
produção dos hospitais dos Serviço Nacional de Saúde deverá<br />
A custar 3.692 milhões de euros em <strong>2006</strong>, o que representará<br />
um acréscimo de 5% em relação a 2005. Este é um aumento que<br />
contraria o despacho do secretário de Estado da Saúde, Francisco<br />
Ramos, assinado a 3 de Outubro, que determinava que em <strong>2006</strong> a<br />
actividade hospitalar "não poderia exceder a estimada para 2005,<br />
tendo por base os noves meses de actividade já desenvolvida". O<br />
Governo justifica o acréscimo com o aumento de preços de um ano<br />
para o outro.<br />
ln ''jornal de Negócios" 11/01/06<br />
Gaia<br />
Novo hospital arranca em 2007<br />
N<br />
O novo hospital de Gaia vai ser<br />
construído no mesmo local onde<br />
hoje está implementado o Centro<br />
<strong>Hospitalar</strong> Eduardo Santos Silva. O<br />
concurso será lançado no segundo<br />
semestre de 2007. A escolha de uma<br />
comissão independente, explicaram os<br />
autarcas do concelho, deveu-se à<br />
construção da A29. O novo hospital terá<br />
prioridade 4.<br />
I n ''jornal de Notícias" 04/02/06<br />
Ministério estuda<br />
Partos em Badajoz<br />
Responsáveis hospitalares de Elvas e<br />
Badajoz, Espanha, estão a analisar a<br />
possibilidade de mulheres portuguesas da<br />
região fronteiriça passarem a ter os filhos na<br />
maternidade daquela cidade espanhola, o<br />
Hospital Infanta Cristina.<br />
O número de partos na Maternidade<br />
Mariana Martins, em Elvas, tem diminuído<br />
com o crescente número de grávidas que<br />
vão a Badajoz, recorrendo a clínicas privadas<br />
através de seguros de saúde.<br />
O presidente do conselho de administração<br />
dos hospitais de Portalegre e Elvas, Luís<br />
Ribeiro, admitiu que caso se opte por<br />
Espanha, a maternidade de Elvas será<br />
encerrada.<br />
ln "Público " 07/02/ 06<br />
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Maternidade<br />
Grávidas poderão escolher<br />
Em entrevista ao "Diário de Notícias", o<br />
ministro da Saúde, Correia de Campos,<br />
explicou as razões da sua visita aos distritos<br />
do país. Quis explicar aos autarcas o porquê<br />
do encerramento das maternidades e das<br />
urgências dos centros de saúde.<br />
Sublinhando que não se trata de ter menos<br />
serviços mas melhores serviços, Correia de<br />
Campos revelou que sç vai criar um dispositivo<br />
legal que "permitirá às grávidas escolher<br />
onde querem ter a sua criança, sem<br />
terem que dar uma morada falsa". E se há<br />
Gripe das aves<br />
salas de parto que começam a declinar, elas<br />
serão encerradas, mas, frisou, "a responsabilidade<br />
será também das administrações<br />
de cada unidade que terão de ver os meios<br />
que mobilizam para terem ali um parto por<br />
dia, quando podem partilhar esses recursos<br />
com outros hospitais".<br />
O titular da pasta da Saúde revelou ainda<br />
que existem 68 Serviços de Atendimento<br />
Permanente com menos de dez atendimentos<br />
entre as 24h e as 8h. Uns serão requalificados,<br />
disse, outros encerrados. lllD<br />
Hospitais preparam-se<br />
e médicos preocupam-se<br />
H<br />
ospitais do Porto, Lisboa e Coimbra<br />
preparam-se já para o caso de surgirem<br />
em Portugal casos de gripe aviária, mas os<br />
médicos estão preocupados. Reunidos no hospital<br />
de Santa Maria, em Lisboa, no início de<br />
Fevereiro, clínicos de todo o país expressaram<br />
as suas dúvidas quanto à forma de "confirmar<br />
o vírus, quais os procedimentos para o isolamento<br />
de um infectado, qual a calendarização<br />
para a toma do oseltamivir", o único medicamento<br />
que demonstrou alguma eficácia contra<br />
o H 5Nl.<br />
Reacções que surgiram poucos dias depois do<br />
Plano Nacional de Contingência para a Gripe<br />
ter sido apresentado pela Direcção-Geral de<br />
Saúde. Este plano inclui sete planos específicos<br />
que vão da criação de sistemas de vigilância e<br />
informação sobre focos da doença em animais<br />
ou humanos até medidas específicas de saúde<br />
pública, passando por planos sobre a forma<br />
como os cuidados serão prestados nos hospitais<br />
ou em ambulatório ou à reserva de vacinas e<br />
medicamentos. O plano prevê ainda a criação<br />
de 'clínicas de gripe' para atendimento<br />
exclusivo de pessoas com os sintomas e o internamento<br />
e quarentena compulsivos.<br />
Entretanto, surgiram várias notícias que davam<br />
conta da finalização do documento que define<br />
as regras de actuação do Hospital de S. João, no<br />
Porto, em caso de pandemia de gripe, a apresentar<br />
ainda em Fevereiro. De acordo com o<br />
director clínico daquela unidade hospitalar, o<br />
documento prevê tudo desde a chegada de<br />
um doente vindo da Turquia "até à entrada<br />
simultânea de 60 pacientes contaminados com<br />
, ))<br />
o v1rus .<br />
Por seu turno, os Hospitais D. Estefânia e<br />
Curry Cabral, em Lisboa, que fazem parte do<br />
Plano, afirmam estar preparados para receber,<br />
a qualquer momento, casos pontuais de ameaça<br />
de infecções enquanto, os hospitais da Universidade<br />
de Coimbra já reservaram 15 camas<br />
numa área das suas instalações de Celas. lllD<br />
Contratos-programa<br />
Hospitais vão<br />
realizar menos<br />
internamentos<br />
O<br />
s hospitais públicos compro~1e te~atn-se,<br />
este ano, a aumentar as cirurgias em<br />
ambulatório e a reduzir os internamen tos.<br />
Estes compromissos constam dos contratos<br />
-programa já acordados com 80 hospitais, mas<br />
que apenas 38 já assinaram. Destes contratos<br />
consta ainda o compromisso de subir ligeiramente<br />
as consultas externas e os atendimentos<br />
no hospital de dia.<br />
Estes acordos implicam que o Ministério da<br />
Saúde vai gastar mais 3,6 por cento nos pagamentos<br />
totais às unidades, ou seja, mais 3.644<br />
milhões de euros.<br />
O objectivo destes contratos-programa, de<br />
acordo com a tutela, é controlar a despesa,<br />
mas sobretudo, disciplinar as administrações<br />
hospitalares colocando-lhes objectivos concretos<br />
através dos quais seja possível avaliar a sua<br />
eficiência e qualidade. lllD<br />
Para apresentar a experiência do Hospital de la Ribera<br />
Alberto de Rosa Torner<br />
em Lisboa a convite da APAH<br />
Alberto de Rosa Torner, director-geral do Hospital de La Ribera<br />
(Alzira/Valência) é uma das personalidades mais aguardadas no 1 º<br />
Seminário Nacional sobre Financiamento Hospitalalar, organizada<br />
pela APAH em colaboração com a Schering-Plough Farma.<br />
e<br />
om ele chega a experiência de sete anos de<br />
um novo modelo de gestão e de financiamento<br />
naquele hospital, que conta já com uma<br />
estrutura considerável no que se refere à prestação<br />
de cuidados de saúde na sua generalidade.<br />
Falamos de uma unidade hospitalar que funciona<br />
com base numa Parceria-Público-Privada(PPP)<br />
e cuja sociedade gestora é já responsável<br />
pela administração de 13 centros<br />
de saúde, um centro de especialidades e de<br />
36 consultórios, servindo uma população de<br />
perto de 250 mil habitantes.<br />
Neste dominio, o sistema de financiamento<br />
adaptado foi por capitação e, segundo responsáveis<br />
por aquela unidade hospitalar, se<br />
no início a transição não fo i pacifica, presentemente<br />
existe uma verdadeira "paz social".<br />
Para tal, muito terá contribuído o sistema de<br />
incentivos que foi criado e que valoriza quem<br />
mais e melhor trabalha.<br />
Mas neste domínio (e não só) a funcionalidade<br />
e a operacionalidade assenta numa base<br />
m uito concreta: o sistema de info rmático.<br />
Através dele, é possivel ver o que cada profissional<br />
produz. Por outro lado, como estão<br />
bem definidos os objectivos assistenciais que há<br />
para cumprir, os incentivos pagos aos clínicos<br />
podem chegar aos 18 mil euros.<br />
A par de tudo isto, a sociedade gestora do<br />
hospital tem continuado a apostar forte na<br />
mudança.<br />
En tre 2003 e 2005 foram investidos 22<br />
milhões de euros, metade dos quais disponibilizados<br />
para melhorar os centros de saúde da<br />
localidade e que estão integrados na rede.<br />
Se este exemplo servirá para ser adaptado, mesmo<br />
que com variantes, em Portugal - tendo em<br />
conta que a ligação entre os hospitais e os centros<br />
de saúde nunca esteve tão defendida - não<br />
é um ponto sem reservas. Há quem defenda<br />
que sim e quem diga que não. Seja como for,<br />
desde que esta experiência foi lançada, já nasceram<br />
mais três modelos idênticos em Espanha:<br />
dois na região de Valência também e, um outro,<br />
na região de Madrid.<br />
Os responsáveis dizem que o grau de satisfação<br />
dos utentes que são atendidos naquela estrutura<br />
é de 98 por cento. Alberto de Rosa Torner vai<br />
certamente explicar como e porquê. lllD
APAH divulga seminário<br />
Financiamento hospitalar ju nta jornalistas e convidados<br />
Em jeito de balanço sobre o exercício das<br />
administrações dos hospitais SA e contrapondo<br />
com os resultados apresentados pelos hospitais<br />
públicos (SPA) o presidente da APAH<br />
viria a estabelecer um "empate técnico".<br />
Na sua opinião, os resultados conseguidos pela<br />
aplicação de regras do sector privado na gestão<br />
hospitalar, quando comparados com o modelo<br />
seguido nos hospitais SPA, não trouxeram ganhos<br />
significativos em áreas fundamentais nem<br />
se notou que o grau de satisfação dos doentes tratados<br />
ao abrigo do Serviço Nacional de Saúde<br />
(SNS) tivesse sido alterado.<br />
Embora discordante, Miguel Gouveia explicou<br />
que a realidade foi analisada de forma<br />
rigorosa, rendo por base dados fornecidos<br />
pelos departamentos governamentais. Aliás,<br />
na opinião deste investigador, o documento<br />
em questão tornou-se num contributo fundamental<br />
para a avaliação do impacto dos<br />
hospitais empresarializados no SNS.<br />
Espanha<br />
Recorrendo a exemplos vindos do estrangeiro,<br />
Manuel Delgado falou na possibilidade<br />
de, no futuro, os orçamentos ao dispor das<br />
administrações dos hospitais públicos nacionais<br />
serem baseados num modelo de financiamento<br />
calculado em função da população<br />
abrangida (capitação).<br />
"No hospital de La Ribera, em Valência, as<br />
dotações assentam numa base capitacional,<br />
tendo em conta a estrutura da população", refiriu<br />
aos presentes, explicando, que a experiência<br />
desta unidade de saúde espanhola será um<br />
dos pontos de interesse do 1 ° Seminário<br />
Nacional sobre Financiamento <strong>Hospitalar</strong>, já<br />
que um dos oradores convidados é o seu director,<br />
Alberto de Rosa Torner. m11<br />
Doenças Crónicas analisadas ao jantar<br />
Jaime Branco, reumatologista e presi<br />
alterações a introduzir neste sector, de<br />
Avanços<br />
dente da Liga Portuguesa de Reumatolo<br />
forma a garantir a sustentabilidade d e<br />
Segundo o Reumatologista Jaime Branco,<br />
gia, foi o convidado do jantar que reuniu<br />
um SNS tendencialmente gratuito - tal<br />
um dos grandes desafios que se coloca aos<br />
os jornalistas d a Imprensa especializad a<br />
como previsto na Constituição.<br />
responsáveis pela Saúde é o financiamento<br />
ao presidente d a APAH.<br />
das doenças crónicas.<br />
Muitas temáticas na m esa, principalm<br />
ente as que se ligam às doenças cróni<br />
"Os avanços da investigação e da recnologia<br />
. . .<br />
permitem que as pessoas vivam mais anos.<br />
cas, às terapêuticas destas enfermidad es e<br />
Porém, essa maior longevidade traz proble<br />
mesmo à comparticipação e aos ensaios<br />
mas para os sistemas de saúde, uma vez que<br />
clínicos. E tudo isto ligado ao conceito de<br />
estes passam a ter de dar resposta a um núme<br />
financiamento hospitalar<br />
ro maior de urenres. Por rudo isso, é urgenre<br />
Para Manuel Delgado, o 1° Seminário<br />
pensar em novas formas de financiamento<br />
Em an tecipação ao 1° Seminário<br />
Nacional sobre Financiamento <strong>Hospitalar</strong>,<br />
que decorre a 17 de Feverei<br />
dente da APAH, e os jornalistas da Imprensa<br />
generalista, rendo sido convidados também<br />
dois dos participantes n o en contro:<br />
liação dos Hospitais Sociedade Anónima<br />
(CAHSA) foram o principal tema em análise.<br />
Nacional sobre Financiamento <strong>Hospitalar</strong><br />
além d e oportuno é também essencial<br />
discutir modelos de financiamento alter<br />
hospitalar", explicou.<br />
Em jeito de conclusão, Manuel Delgado referiu<br />
ser necessário "mudar a filosofia de finan<br />
ro, no Pestana Palace, em Lisboa, a Associa<br />
M iguel Gouveia, investigador e professor da<br />
Empate<br />
nativos. Por outro lad o, interessa também<br />
ciamenro. Não se pode pensar apenas no acro<br />
ção Portuguesa dos Administradores<br />
<strong>Hospitalar</strong>es (APAH ) realizou um almoço e<br />
Universidade Católica Portuguesa, e Vasco<br />
Reis, responsável da Escola N acional de<br />
Enquanto Vasco Reis enunciou as características<br />
dos principais modelos de financiamen<br />
discu tir a problem ática ligada aos medicamentos<br />
nos hospitais.<br />
instantâneo [consulta], mas sim no percurso do<br />
doente. Numa fase imediata os hospitais neces<br />
um jantar para apresentação do respecttvo<br />
programa à Comunicação Social.<br />
O almoço juntou Manuel Delgado, pres1-<br />
Saúde Pública<br />
As conclusões do estudo elaborado a 11 de<br />
Janeiro , de <strong>2006</strong>, pela Comissão para a Ava-<br />
to europeus, M anuel Delgado foi mais longe<br />
e teceu algumas críticas relativas ao método e<br />
às conclusões do documento da CAHSA.<br />
Os fármacos constituem um dos maiores<br />
encargos para os orçamentos hospitalares<br />
e, torna-se importante p erceber quais as<br />
< < < Jaime Branco considera ser urgente "pensar<br />
em novas formas de financiamento hospitalar"<br />
sitam de mais dinheiro (é uma verdade) mas a<br />
médio prazo terá de haver maior rigor orçamental<br />
e, sobretudo, menos desperdício''.
Rui Cunha à "GH"<br />
"Santa Casa da Misericórdia de Lisboa está aberta a todo o tipo de parcerias"<br />
O Provedor da Santa Casa<br />
da Misericórdia de Lisboa,<br />
Rui Cunha, tem uma mão<br />
cheia de projectos<br />
para os quais pretende<br />
a colaboração do Ministério<br />
da Saúde. Mas Rui Cunha não<br />
esquece as dívidas da ARSLVT<br />
ao Centro de Alcoitão.<br />
Curriculum Vitae<br />
Rui Cunha - 61 anos de idade<br />
> Director da Casa de Pessoal e membro<br />
da Comissão de <strong>Gestão</strong> do Hospital de<br />
Santa Maria<br />
> Fundador do Secretariado Nacional dos<br />
Hospitais<br />
> Vogal da Direcção dos Serviços Sociais<br />
do Ministério da Saúde<br />
> Deputado à Assembleia Constituinte<br />
> Adjunto do Gabinete do Ministro dos<br />
Assuntos Sociais<br />
> Deputado à Assembleia da República<br />
> Assessor e Chefe de Gabinete do<br />
Ministro da Saúde entre 1984 a 1985<br />
> Vice-Presidente da Comissão<br />
Parlamentar de Saúde<br />
> Secretário de Estado da Inserção Social<br />
> Secretário de Estado-Adjunto do Ministro<br />
do Trabalho e da Solidariedade<br />
> Secretário de Estado-Adjunto e dos<br />
Transportes<br />
> Actual Membro do Conselho Geral da<br />
Fundação CEBI<br />
> Provedor da Santa Casa da Misericórdia<br />
de Lisboa desde Agosto de 2005<br />
<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> - Quais são os projectos<br />
desta Mesa da Santa Casa para a área<br />
da Saúde?<br />
Rui Cunha - A Santa Casa da Misericórdia de<br />
Lisboa (SCML) tem gerido, ao longo dos anos,<br />
vários equipamentos de Saúde, desde hospitais,<br />
centros de Saúde de proximidade, farmácias e,<br />
neste momento, a Santa Casa quer reequacionar<br />
a sua intervenção na área da Saúde. E reequacionar<br />
em articulação com o Ministério da Saúde<br />
e o Serviço Nacional de Saúde (SNS). É preciso<br />
definir o que é que a SCML, em articulação<br />
com o SNS, vai fazer dos dois hospicais especializados,<br />
de excelência, que tem, que são o Centro<br />
de Medicina e Reabilitação de Alcoitão e o<br />
Hospital Ortopédico de Sant'Ana, onde tem<br />
know-how e tecnologias de excelência.<br />
"SCML vai criar unidades<br />
residenciais para idosos<br />
a integrar na rede<br />
de cuidados continuados 11<br />
GH - Porquê?<br />
RC - Porque se levantam problemas, designadamente<br />
quanto a Alcoicão, já que a Administração<br />
Regional de Saúde (ARS) de Lisboa não<br />
paga a facturação ao Centro de Medicina e<br />
Reabilitação e temos de encontrar formas de<br />
entendimento que podem passar -<br />
não nos<br />
opomos a que possam passar! - pela integração<br />
do centro de Alcoitão no SNS. Mas, se permanecer<br />
no âmbito da SCML, terá
colaboração com o Ministério da Saúde, estamos<br />
a criar uma unidade de cuidados continuados,<br />
na qual nos encontramos profundamente<br />
empenhados.<br />
Por outro lado, é preciso definir a canalização<br />
de doentes para aquela unidade hospitalar, que<br />
possui uma tecnologia muito especial da cirurgia<br />
da mão e do joelho, por exemplo. Mas o<br />
hospital está também dotado de equipamento<br />
desses doentes, com falta de eficiência e<br />
muito desperdício dos meios postos à sua<br />
disposição. As pessoas utilizam os nossos serviços<br />
mas depois, quando precisam de meios<br />
auxiliares de diagnóstico, têm de recorrer ao<br />
médico de família do SNS. Não tem lógica.<br />
Entendemos também que em matéria relativa<br />
aos centros de Saúde de proximidade é preciso<br />
um acordo com o Serviço Nacional de<br />
equipamento de apoio a idosos.<br />
GH - Relativamente a estes centros põe a<br />
hipótese de entrar numa parceria, no âmbito<br />
das Unidades de Saúde Familiar {USF}?<br />
RC - A nossa intenção, manifestada ao sr.<br />
ministro - e ele também manifestou intençóes<br />
nesse mesmo sentido - é que caminhem<br />
os para criar parcerias entre os serviços<br />
públicos; a Santa Casa, que é uma pessoa<br />
altamente sofisticado na imagiologia, na cardiologia,<br />
Saúde. Nós temos especialidades - como colectiva de direito público, e entidades privadas,<br />
oftalmologia, otorrinolaringologia, e<br />
não há acordos com o SNS. É preciso que,<br />
neste domínio, haja também um entendimento<br />
com o Ministério da Saúde para definirmos<br />
a área de intervenção.<br />
oftalmologia e estomatologia - onde o SNS<br />
tem carências e estamos disponíveis para pôr<br />
essas unidades, com essas especialidades, ao<br />
serviço do SNS desde que tenhamos um protocolo.<br />
E estamos também disponíveis para<br />
encerrar um ou dois centros - que não se justifica<br />
designadamente, as instituiçóes de<br />
solidariedade social e a iniciativa privada que<br />
actuam na cidade de Lisboa. Estamos abertos<br />
a todo o tipo de parcerias.<br />
GH-Com hospitais privados, por exemplo?<br />
GH - Falou de uma unidade de cuidados<br />
existirem - e estamos ainda disponíveis RC-Também com hospitais privados, porque<br />
continuados ...<br />
RC - Isso está assente! Será a construção e funcionamento<br />
dessa unidade em que a SCML<br />
vai ter a sua participação na sua gestão e o SNS<br />
participa com o pessoal técnico.<br />
GH - A construir junto do Hospital de<br />
Sant'Ana?<br />
RC - Sim, aproveitando uma ala do hospital.<br />
Mas nós temos seis centros de Saúde, que<br />
designamos por serviços de Saúde de proximidade.<br />
E estes também não têm acordo<br />
com o SNS. Não há utilização do receitu~rio<br />
do SNS nesses centros de Saúde e há duplicação,<br />
em muitos casos, no atendimento<br />
para, na zona Norte de Lisboa, zona da<br />
Ameixoeira, Charneca, onde a cobertura é<br />
mais deficiente, virmos a construir um centro<br />
de Saúde, desde que funcione em articulação<br />
com o SNS, do ponto de vista da organização<br />
técnica e do ponto de vista do receituário.<br />
GH - Que centros poderão encerrar?<br />
RC - Temos um centro em Alcântara que está<br />
a 200 metros de um centro do SNS e não tem<br />
sentido continuar a existir. A Mesa anterior<br />
tinha tomado uma deliberação de abrir um<br />
novo centro na área da Alameda, a 100 ou<br />
200 metros de um já existente, e já revogámos<br />
essa decisão e vamos aí criar uma grande<br />
não? Embora reconheça que a parceria com<br />
hospitais fuja um pouco àquilo que é a nossa<br />
actuação. Já se trata de cuidados diferenciados.<br />
São uma forma muito técnica, muito diferenciada<br />
de intervenção na Saúde.<br />
GH - Qual é a recepção do Ministério?<br />
RC - Tenho um entendimento com o sr.<br />
ministro no sentido de ficarmos nós encarregues<br />
de fazer um primeiro 'draft' daquilo<br />
que designámos de "protocolo-chapéu".<br />
Protocolo que cubra os hospitais, que cubra<br />
os serviços de Saúde de proximidade - que<br />
são serviços cuidados primários de Saúde - ,<br />
que cubra o apoio domiciliário integrado,<br />
SCML ajuda a pôr em prática Plan
Alvos ...<br />
Correia de Campos - Um ministro<br />
conhecedor do sector.<br />
Teixeira dos Santos - Tem-se revelado,<br />
e para mim não é surpresa, ser um<br />
homem profundamente conhecedor do<br />
sector.<br />
Manuel Delgado - É um administrador<br />
hospitalar cheio de prestígio e que tem<br />
sido um símbolo da carreira de<br />
administração e que, para além da sua<br />
competência como administrador, tem<br />
sabido defender os interesses de uma<br />
classe sem nunca pôr em causa os<br />
interesses do colectivo.<br />
João Cordeiro - Foi um homem que<br />
lançou a ANF para patamares que não<br />
se pensava viessem a ser atingidos,<br />
mas é um homem polémico.<br />
Maria José Nogueira Pinto - É uma<br />
mulher esforçada.<br />
GH - Para integrar estas unidades no sistema<br />
de cuidados continuados?<br />
RC - Exactamente, como uma componente da<br />
rede de cuidados continuados.<br />
GH - Na sua construção têm a colaboração<br />
de mais alguma entidade, para além do<br />
ministério?<br />
RC - Tive uma conversa com a vereadora<br />
Maria José Nogueira Pinto e ela vai fazer um<br />
primeiro 'draft' no sentido de caminharmos<br />
para um protocolo nessa matéria. É a Câmara<br />
Municipal de Lisboa (CML) a recorrer a verbas<br />
externas, a proceder à construção ou recuperação<br />
de casas para essas residências, o caderno<br />
de encargos ser elaborado logo com a nossa<br />
componente técnica e depois as residências<br />
virem a ser geridas por nós.<br />
11<br />
SCML está disponível para<br />
integrar os serviços do<br />
Hospital de Sant'Ana e da<br />
unidade de deficiência<br />
profunda do Pousal no SNS"<br />
GH - Em que pé está a questão dos alvarás<br />
de farmácias das Misericórdias?<br />
RC - Sinceramente, não sei! (risos) Sei que<br />
estava previsto serem criados 100 alvarás mas,<br />
neste momento, não tenho informações sobre<br />
isso. Mas se me pede uma opinião acho que é<br />
absolutamente legítimo que as misericórdias<br />
sejam detentoras de alvarás e que possam explorar<br />
farmácias.<br />
GH - Não abordou essa questão com o<br />
ministro da Saúde?<br />
RC - Não, não foi abordada.<br />
GH - Voltando um pouco atrás e às dívidas<br />
ao Centro de Alcoitão, como é que se pode<br />
resolver essa questão?<br />
RC - Há uma interpretação da ARS de Lisboa<br />
diferente da que fazem as outras ARS. E inclusive<br />
diference da que fazem alguns hospitais que<br />
se integram na área da ARS de Lisboa. Porque<br />
há hospitais nela integrados que pagam a facturação.<br />
A interpretação fei ta é que não deve<br />
pagar e isco cem que ver com a forma como<br />
nasceu Alcoitão e as verbas dos jogos que estão<br />
afeccas a Alcoicão. No nosso ponto de vista é<br />
errada. É uma interpretação jurídica demasiado<br />
linear e, o que é um facto, é q ue rodas as<br />
outras administrações regionais pagam a facturação.<br />
Não será, com certeza, um bicho de<br />
sete-cabeças, nem uma ruptura entre nós e o<br />
Ministério da Saúde. Encontraremos, certamente,<br />
atraves , d esse (( proroco l o-c h apeu , " a<br />
forma de resolver esse problema.<br />
GH - Mas já tem uma solução delineada?<br />
RC - À primeira vista a minha visão é esta: se<br />
Alcoicão se mantiver na posse da Misericórdia,<br />
a ARS de Lisboa terá de pagar como todas as<br />
outras, podendo encontrar-se uma nova fórmula<br />
de tabelas e outra forma de pagamento.<br />
Mas há uma questão de princípio: nunca<br />
deixaremos de receber ou atender um doente<br />
por falta de pagamento da ARS.<br />
GH - Relativamente aos outros serviços<br />
de Saúde, vai haver alterações na forma<br />
como estão organizados?<br />
RC - Já fizemos uma reestruturação interna.<br />
Criámos a Direcção de Saúde da Santa Casa,<br />
que é uma estrutura de coordenação técniconormativa,<br />
que reúne e coordena estrategicamente<br />
um conjunto de serviços.<br />
Queremos também que as nossas unidades de<br />
Saúde de proximidade nas zonas de maior<br />
pobreza sejam prestadoras de cuidados globais<br />
e continuados numa óptica de proximidade<br />
e inserção na comunidade. Porque este é,<br />
de facto, o grande objectivo - inserir as pessoas<br />
na comunidade, a inserção social dos mais<br />
desfavorecidos.<br />
GH - Tem notado um aumento das pessoas<br />
que acorrem aos serviços da SCML?<br />
RC - A nível de apoio social tem havido um<br />
> >>ARS de Lisboa tem de pagar a facturação do Centro de Alcoitão<br />
aumento. A nível dos serviços de Saúde há<br />
uma situação 'sui generis'. Estes serviços destinavam-se<br />
apenas aos mais desfavorecidos. A<br />
Mesa anterior decidiu universalizar o acesso ao<br />
serviço de Saúde.<br />
GH - Isso é bom ou mau?<br />
RC - Na minha opinião não cem sentido,<br />
porque a universalização existe, pela Constituição,<br />
em relação ao acesso SNS. Se passamos a<br />
funcionar de forma sobreposta ao SNS não tem<br />
sentido. O que tem sentido é sermos um complemento<br />
perante os cidadãos mais carenciados<br />
ou, se viermos a estabelecer o tal protocolo,<br />
aí sermos um ou cinco ou seis dos centros do<br />
SNS operando com toda a população. Na situação<br />
acrual, sem protocolo, estar a universalizar<br />
o acesso significa que todos os cidadãos desses<br />
bairros passaram a ter acesso, criando quatro<br />
escalões de pagamento. Mas depois como era<br />
preciso que os serviços sociais fizessem o estudo<br />
de cada agregado familiar e cada cidadão, como<br />
esses estudos demoraram, ao fim de um ano e tal<br />
codos os cidadãos passaram a ter acesso gratuito.<br />
O que significa que nós não temos uma<br />
base que nos faça perceber se os cidadãos aumentaram<br />
o seu acesso porque lhe universalizaram<br />
o acesso ou por questões de necessidade.<br />
GH - Há espaço para a Santa Casa aumentar<br />
a sua acção junto da população carenciada?<br />
RC - Há. No meu discurso de posse, aliás, tive<br />
ocasiáo de dizer que estamos empenhados, em<br />
colaboraçáo com a Câmara de Lisboa, em participar<br />
em obras que sejam necessárias em<br />
habitações para criar condiçóes sanitárias, instalar<br />
ou um elevador ou uma rampa ou outro<br />
tipo de ajudas técnicas que permitam melhorar<br />
as acessibilidades.<br />
Indo funcionar em rede, que já está a funcionar<br />
em Lisboa e que inclui a CML, a SCML e<br />
outras instituições de solidariedade social ...<br />
estamos a começar a liderar esse processo e<br />
estamos disponíveis para actuar e melhorar<br />
condições de habitabilidade. mn
1<br />
Ciência<br />
Maternidade protectora<br />
\<br />
l<br />
nologia", recorda. Em 2000, ainda na Alemanha,<br />
concluiu o doutoramento na área<br />
da análise funcional e molecular da artrite<br />
reumatóide. Um ano mais tarde, contin uou<br />
a sua aprendizagem nos Estados Unidos,<br />
Excelência<br />
e juventude<br />
Para a maior parte das<br />
mulheres a gravidez é um<br />
estado de graça. Uma bênção<br />
tendo permanecido no prestigiado National<br />
Institute of Arthritis and Musculoskeletal<br />
and Skin D iseases (NIAMS), até 2004. Neste<br />
formação - pós-doutoramento - fez investigação<br />
clínica em h umanos sob supervisão<br />
Tendo na área da genética o seu principal<br />
interesse científico, o Instituto<br />
Gulbenkian de Ciência (IGC) é uma<br />
das grandes referências ao nível da<br />
investigação feita em Portugal.<br />
da natureza, com implicações<br />
emocionais e físicas. Mas<br />
alguns cientistas acreditam<br />
do director científico do NIAMS, Peter E.<br />
Lipsky.<br />
Embora os sintomas da artrite reumatóide<br />
sejam, regra geral, fáceis de identificar, haverá<br />
Situado em Oeiras, conta com cerca<br />
de 200 investigadores, desde cientistas<br />
séniores até jovens doutorandos.<br />
A l iás , o investimento em novos<br />
que o período de.gestação<br />
traz benefícios ainda maiores<br />
para a saúde feminina. Por<br />
exemplo no caso de doentes<br />
com artrite reumatóide.<br />
em Portugal mais doentes do que os já diagnosticados.<br />
Vários especialistas estimam que<br />
possam existir de 40 a cem mil pessoas com<br />
a doença (0,4 a 1 por cento da população<br />
nacional) .<br />
Ainda que sejam apontadas várias explicações,<br />
não se sabe qual a causa principal da enfer<br />
valores é uma das prioridades do IGC.<br />
Uma vez aceites pela Comissã o<br />
Científica, têm relat iva liberdade para<br />
constituir os seus grupos de trabalho<br />
e desenvolver invest igação na sua<br />
área, sem interferências por parte dos<br />
órgãos responsáveis pela instituição.<br />
E<br />
srudar o carácte r protector da<br />
gravidez é um d os interesses de<br />
Maria Souto-Carneiro. Recenremente<br />
distinguida com um pré mio atnbuído<br />
pela Liga Europeia Contra o Reumatismo<br />
(EULAR), a investigadora do<br />
Instituto Gulbenkian de Ciênc ia estuda<br />
a artrite reumatóide - doença reumática e<br />
auto-imune em que o sistema imunitário<br />
acaba por considerar que os tecidos do<br />
próprio organismo são ameaças para a<br />
saúd e, atacando-os tal como se fossem<br />
vírus ou bactérias.<br />
"Sabe-se q ue a artrite reumatóide afecta, por<br />
razões hormonais, três vezes mais o sexo<br />
feminino do que o masculino. Q uando estão<br />
grávidas, as mulheres experimentam melhoras<br />
significativas no seu estado d e saúde",<br />
explica a cientista.<br />
Partindo destas evidências, descritas em alguns<br />
artigos científicos, Maria Souto-Carneiro prepara-se<br />
para saber até que ponto é q ue a gra-<br />
< < < Com re c urso a ratos de laboratório investiga-se a influência da gravidez na saúde da mulher<br />
videz protege - ou não - a saúde destas doentes. ricos, abordagens laboratoriais e dados clínicos<br />
para descodificar os mistérios da doen ça.<br />
Para o projecto, a especialista coma com a<br />
colaboração de cientistas fixados em instituições<br />
de Espanha, Alemanha, Estados-Uninhar<br />
o desenvolvimento de duas ratas, oriun<br />
"Na etapa seguinte do estudo vou acompados<br />
e Áustria. Entre todos gera-se uma rede das da m esma ninhada. Ambas terão artrite<br />
de conh ecimento que recorre a modelos teó-<br />
reumatóide, sendo que apenas umas delas<br />
1<br />
r<br />
< <
Hospitais para o futuro<br />
• •<br />
1nco novos e um va or1za<br />
O estudo da Escola de <strong>Gestão</strong><br />
do Porto sobre as prioridades<br />
a ter em conta para<br />
a construção dos futuros<br />
hospitas em Parceria<br />
Público-Privada (PPP)<br />
tem duas grandes concluões:<br />
construir de raiz o Hospital<br />
de Todos os Santos, na Zona<br />
Oriental de Lisboa, acabando<br />
assim com S. José, Capuchos,<br />
Desterro e Santa Marta;<br />
e expandir e valorizar<br />
o Hospital Garcia de Orta.<br />
O<br />
estudo<br />
encomendado pelo<br />
Ministério da Saúde à Escola<br />
de <strong>Gestão</strong> do Porto (EGP), foi<br />
dado a co nhecer através do novo portal da<br />
saúde. O ministro António Correia d e<br />
Campos queria ver definidas as prioridades<br />
de construção dos futuros hospitais PPP,<br />
inseridos na 2ª vaga do programa em<br />
causa.<br />
Assim, os hospitais indicados pela Unidade<br />
de Missão Parcerias.Saúde, sobre as quais o<br />
EG P concentrou o seu trabalho foram:<br />
- Novo Hospital de Vila do Conde/Póvoa<br />
de Varzim (em substituição do Centro<br />
<strong>Hospitalar</strong> Póvoa d e Varzim/Vila do<br />
Conde);<br />
- Novo H ospital de Vila Nova de Gaia (em<br />
sa[isfei[as (sobre[udo nos prazos mais curws),<br />
e ainda pelo enorme conuiburn de<br />
que se revesúrá para a racionalização da<br />
rede de equipamenws hospitalares no país.<br />
O esmdo de Daniel Bessa, avança [ambém<br />
com recomendações variadas a ter em<br />
conta.<br />
Assim, em quatro dos seis casos em análise<br />
(Vila Nova de Gaia, Lisboa, Évora e Faro)<br />
os hospitais analisados foram propostos ao<br />
grupo como hospitais de substimição. De<br />
acordo com o documento apresentado, "é<br />
indispensável que o sejam de facto, sob<br />
pena de saírem defraudados os pressuposws<br />
da recomendação".<br />
E diz ma is : "Se não é para subscituir as<br />
unidades actualmente existentes, os novos<br />
hospitais centrais de Lisboa e do Algarve<br />
não se jusficam".<br />
Demografia<br />
"Num caso pelo menos, a evolução demográfica<br />
poderá revelar-se tão adversa que<br />
Turismo médico<br />
P ásticas em sa o<br />
Procurar no estrangeiro<br />
F<br />
ru to d e um forte invesrim ento também no tunsmo médico. O aparecimento<br />
de mais de 80 cl ínicas privadas,<br />
uma solução económica<br />
esratal na área do rurismo, a Tunísia,<br />
situada no Noroes te africano, algumas das quais especializadas em cirur<br />
para uma cirurgia é uma<br />
realidade que começa<br />
a conquistar os portugueses,<br />
sobretudo no campo<br />
das intervenções plásticas.<br />
tem vindo a assumir-se como um destino<br />
escolhido por turistas, provenientes da<br />
Europa. Aproveitando as suas características<br />
naturais, ricas em paisagens diversificadas<br />
gia plástica, ilustra esta tendência.<br />
Capazes de oferecer tarifas significativamente<br />
inferiores às praticadas em países<br />
europeus, este é um negócio que tende a<br />
- desde uma vasta costa litoral, pas<br />
prosperar.<br />
Se até agora a América do Sul era<br />
sando pelo des erto, até às cidades Segund o a representação do Turismo da<br />
um dos destinos preferenciais,<br />
edificadas em torno das muralhas das Tunísia em Portugal, esta oferta só é possível<br />
outros mercados começam<br />
a emergir. É o caso da Tunísia.<br />
históricas medinas -, as autoridades daquele<br />
país magrebino têm vindo a apostar pelo nível de vida ser menos onoroso<br />
na Tunísia, já que o euro é 1,5 vezes mais<br />
forte do que a moeda local (o dinar tunisino)<br />
e pelas vantagens fiscais concedidas<br />
pelo Governo a este sector de actividade.<br />
Os o rdenados pagos às equipas cl ínicas<br />
são também m ais baixos.<br />
Para potenciar este nicho de mercad o,<br />
existem igualmente operadores turísticos<br />
locais que oferecem "pacotes", cujos preços<br />
incluem as despesas inerentes à cirurgia<br />
(anestesia; próteses; estadia de 2 noites na<br />
clínica; honorários do cirurgião e respectiva<br />
equipa; utilização do bloco operatório;<br />
medicação e tratamentos pós-operatórios),<br />
a própria viagem e a estada em hotel de 5<br />
estrelas.<br />
A título de exemplo - e incluídos os items<br />
atrás d escritos - , uma mamoplastia d e<br />
redução custa 2 700 euros (2 500 se for de<br />
aumento); abdominoplastia 2 700 euros;<br />
lipoaspiração completa (várias zonas) 2<br />
500 euros; e rinoplastia 1 800 euros.<br />
Segu rança<br />
Segundo os parâmetros nac10 n a1s estes<br />
preços são impraticáveis. As clínicas portuguesas<br />
cobram, em média, o dobro dos<br />
valo res descritos para cirurgias plásticas<br />
na Tunísia. Face a preços tão baixos, será<br />
que a saúde do doente é descurada?<br />
Toda a intevenção cirúrgica comporta riscos<br />
, sendo que a sua "perigosidade" varia<br />
segundo vários facrores - entre os quais a<br />
d ificuldade da próp ria e o estado de saúde<br />
do paciente. Para aumentar a segurança<br />
da intervenção, toda a equipa clínica tem<br />
de ser qualifi cada e deverá - idealmente -<br />
estar treinada para o tipo de cirurgia a<br />
realizar. (NR - Segundo dados facu ltados<br />
pela representação do Turismo da Tunísia<br />
em Portugal, "sem que nenhum acidente<br />
tenha sido verificado pelo ARCHES (Associa<br />
tion des Reussites e Ratages de la C hirurgie<br />
Esthétique), cinco mil operações<br />
são efectuadas todos os anos na Tunísia -<br />
números divulgados pelo jornal francês<br />
Le<br />
Qu oridien, na sua edição de<br />
03/ 10/2004).<br />
De acordo com Houssem Ben Azouz,<br />
director da Cosmética Travei (www.cosmeticatravel.com),<br />
uma marca de turismo<br />
médico gerida pela policlínica Alyssa, "os<br />
médicos tunisinos que integram os quadros<br />
fo ram formados em França, junto de especialistas<br />
internacionalmente conceituados.<br />
Regressados à Tunísia, têm já muitos anos<br />
de experiência em hospitais e clínicas do<br />
I )><br />
pais.
Entre as iguarias<br />
preparadas pelo cheff<br />
do BBC, François<br />
Dacosta, encontram-se<br />
a Degustação de<br />
bacalhau e o Tiramissu<br />
de chocolate com<br />
mascarpone<br />
BBC<br />
Identidade desconhecida<br />
H<br />
á<br />
espaços que mudam do dia<br />
para a noite. No caso do restaurante<br />
Belém Bar Café, mais<br />
conhecido por BBC, essa mutação é flagrante.<br />
A funcionar há 4 anos, este espaço<br />
lisboeta - situado junto ao Tejo, próximo<br />
do Museu da Electricidade - é conhecido,<br />
sobren.ido, enquanto casa de lazer nocturno.<br />
Mas o BBC é bem mais do que uma<br />
simples discoteca.<br />
Durante o dia - e mesmo quando a noite<br />
vem, ao jantar - funciona como restaurante,<br />
rico em sabores sofisticados e de qualidade.<br />
Para quem se quiser estrear nos paladares do<br />
BBC, o cheff propõe para entrada um Mil<br />
folhas de legumes grelhados com mozzarella<br />
de Búfala, seguindo-se uma Degustação de<br />
bacalhau - prato composto por açorda de<br />
bacalhau,· bochechas de bacalhau picante,<br />
bacalhau à braz e bacalhau à lagareiro. Para<br />
concluir o repasto, um Tiramissu de chocolate<br />
com mascarpone, acompanhado com<br />
gelado de chocolate e gelatina de menta. Um<br />
cartão de visita que fica na memória.<br />
jovem e descontraído<br />
A ampla e iluminada sala de refeições combina<br />
o requinte dos pratos confeccionados com a<br />
esplendorosa vista sobre o rio - que só por si<br />
vale a visita.<br />
"Gostaríamos que as pessoas pensassem no<br />
BBC não apenas enquanto discoteca, mas<br />
também como um restaurante, simultaneamente<br />
discreto e divertido", diz Susana Borges,<br />
relações públicas do BBC.<br />
Tentando captar clientes mais jovens, há<br />
menús promocionais de Inverno, de terça a<br />
quinta-feira, por cerca de 30 euros. Se a escolha<br />
for livre, seguindo a Carta, o preço médio<br />
é de 40 euros. Há ainda a possibilidade de<br />
fazer reservas para jantares de aniversário ou<br />
de empresa - a sala de refeições tem capacidade<br />
para 120 pessoas, podendo em ocasiões<br />
especiais chegar às 350.<br />
A flexibilidade do espaço permite receber apresentações<br />
de evenros ou lançamento de livros<br />
e discos. À noite, após o jantar, poderá, com<br />
uma visita à pista de dança, conhecer os ritmos<br />
da moda. Jovem e descontraído, o ambiente é<br />
propício à vivência de momentos agradáveis.<br />
Tanto de noite como de dia. mn Nuno Estêvão
Ministério e Apifarma de acordo<br />
ovas re ras no m erca<br />
ita ar<br />
Após vários meses de<br />
negociações, o Ministério da<br />
Saúde e a Associação<br />
Portuguesa da Indústria<br />
Farmacêutica (Apifarma)<br />
conseguiram entender-se.<br />
Os principais responsáveis<br />
do ministério e da Apifarma<br />
assinaram um protocolo,<br />
a 1 O de Fevereiro, no Centro<br />
Cultural de Belém, em Lisboa,<br />
onde são dadas a conhecer<br />
as medidas acordadas<br />
para conter o crescimento da<br />
despesa com medicamento~.<br />
A grande novidade está<br />
relacionada com a fixação<br />
de objectivos relativamente<br />
ao crescimento da despesa<br />
com medicamentos<br />
para o mercado hospitalar,<br />
razão pela qual a GH<br />
apresenta os dados mais<br />
relevantes sobre esta matéria.<br />
O<br />
documento, que foi<br />
assinado pelo ministro<br />
da Saúde, Correia<br />
de Campos, e pelo presidente da<br />
Apifarma, Gomes Esteves, define<br />
o tecto máximo de 4 por cento<br />
relativamente ao crescimento da<br />
despesa com medicamentos no<br />
mercado hospitalar. Desta forma,<br />
a área hospitalar é divida em três<br />
grupos:<br />
a) Mercado hospitalar de base -<br />
Engloba, na generalidade, os<br />
medicamentos fornecidos aos<br />
estabelecimentos de saúde públicos<br />
integrados no SNS ;<br />
b) Componente de patologias<br />
específicas -As que estão sujeitas<br />
a regimes especiais com particular<br />
impacto na despesa do SNS,<br />
designadamente na área da oncologia<br />
e infecção por VIH;<br />
c) Componente de novos medicamentos<br />
- Referente aos fármacos<br />
cuja comercialização junto<br />
dos estabeleciementos de saúde<br />
do SNS se inicia após a entrada<br />
em vigor do protocolo e que<br />
constituam inovação.<br />
No que se refere ao mercado hospitalar<br />
de base, caso a taxa de<br />
crescimento seja superior a 4 por<br />
cento, a Indústria Farmacêutica é<br />
obrigada a pagar uma determinada<br />
contribuição, equivalente<br />
ao valor do aumento das vendas<br />
realizadas ao estabelecimentos de<br />
saúde do SNS. Em todo o caso, o<br />
montante da contribuição não<br />
pode exceder os quinze milhões<br />
de euros.<br />
Específicos<br />
Relativamente à componente das<br />
patologias específicas, o que se<br />
pretende é que "o crescimento da<br />
despesa não exceda os 4 por cento<br />
em cada um dos grupos e sub-grupos<br />
farmacoterapêuticos individualmente<br />
considerados", face a<br />
2005.<br />
Caso se verifique um crescimento<br />
acima do tecto definido, e se esse<br />
crescimento não for imputado ao<br />
número de doentes tratados, o<br />
ministério da Saúde pode propor<br />
um acordo à empresa titular de<br />
AIM do medicamento em causa<br />
que poderá chegar ao pagamento<br />
de uma contribuição ou compensação<br />
ao Estado.<br />
Para analisar a evolução do crescimento,<br />
neste domínio, a Comissão<br />
de Acompanhamento do Protocolo<br />
dará a conhecer, de três em três<br />
meses, a situação específica em<br />
cada patologia, incidindo sobre os<br />
seguintes aspectos:<br />
a) Número de doentes tratados<br />
nos estabelecimentos de saúde
Ensaios Clínicos<br />
Portugal: da oportunidade à incerteza<br />
Em 1994, aquando da publicação do Decreto-lei<br />
97 /94 referente à realização de Ensaios Clínicos,<br />
Portugal pôde finalmente ver-se incluído,<br />
em termos globais, no grupo de países com requisitos<br />
_legais para a prática da Investigação Clínica.<br />
Esperar-se-ia que esse suporte jurídico servisse de plataforma<br />
facilitadora para a realização de Ensaios Clínicos<br />
em Portugal.<br />
Se é verdade que o Dec. Lei 97 /94 definiu e uniformizou<br />
o percurso para autorização de um Ensaio Clínico, o<br />
facto é que cada instituição, e nestas, cada Administração<br />
vigente, passou a deliberar sobre a documentação<br />
necessária e respectivo formato a apresentar como parte<br />
do processo de submissão.<br />
Como resultado, tornou-se muito difícil por parte dos<br />
promotores (na sua quase totalidade empresas farmacêuticas),<br />
conseguir responder adequadamente aos requisitos<br />
burocráticos que variavam sempre de instituição para<br />
instituição e, nestas, ao longo do tempo.<br />
Diferenças na "harmonização"<br />
A Directiva Europeia (2001/20/CE) sobre realização de<br />
Ensaios Clínicos com medicamentos para uso humano<br />
trouxe para Portugal a oportunidade de maior igualdade<br />
(ou menor desigualdade) face aos outros Estados Membros.<br />
Importa salientar que, no que diz respeito à condução de<br />
Ensaios Clínicos, antes da existência de qualquer enquadramento<br />
jurídico havia já por parte das empresas farmacêuticas,<br />
a garantia do cumprimento escrupuloso das<br />
regras das Good Clinical Practices (GCP), assegurada<br />
pela existência de rigorosos procedimentos internos.<br />
Sabendo que no nosso país, o período de aprovação de<br />
um ensaio clínico podia variar entre períodos tão díspares<br />
como 30 dias e 9 meses, é natural que se aguardasse com<br />
alguma expectativa a possibilidade de podermos benefi-<br />
ar de uma legislação igual para todos os países da EU.<br />
uma época em que a "Harmonização" se tornou uma<br />
alavra de ordem, esperávamos náo "harmonizar de<br />
rma diferente".<br />
fundamental que a Investigação Clínica em Portugal<br />
ntinue a progredir mas para tal e acima de tudo, é<br />
ecessário que exista vontade e compromisso político.<br />
importância de ter Ensaios Clínicos em Portugal<br />
consensual que, participando ou não em programas de<br />
esenvolvimento de novas moléculas, estas acabam por<br />
s r introduzidas no mercado português, seguindo os prossos<br />
de aprovação aplicáveis.<br />
orna-se assim fundamental o entendimento das muitas<br />
ntagens que resultam para o país, da participação em<br />
rojectos de investigação.<br />
- Exposição da comunidade científica e dos investigaores<br />
participantes a novos medicamentos em fases<br />
uito anteriores à sua comercialização, permitindo<br />
nhecimentos aprofundados sobre os novos fármacos<br />
- Acesso precoce de doentes seleccionados a novas alterativas<br />
terapêuticas<br />
- Abertura de canais de comunicação e de intercâmbio<br />
irecto com a comunidade científica internacional<br />
- Publicação do trabalho em revistas científicas consagraas<br />
concedendo visibilidade e credibilidade científica<br />
odas estas vantagens acabam por se reflectir nas Institui<br />
-es participantes que passam a ser conhecidas pelo nível<br />
"emífico dos médicos que nelas colaboraram e pelos cuiados<br />
de saúde sofisticados que nela são prestados.<br />
stas instituições beneficiam por sua vez da atribuição de<br />
erbas de investigação previstas por lei, cuja adequada<br />
tilização permite a rentabilização e melhoria dos recurs<br />
s disponíveis.<br />
sim, decorrente da entrada em vigor da Lei 46/2004,<br />
ue transpõe para a legislação nacional a Directiva Europeia<br />
dos Ensaios Clínicos, importa que seja completamente<br />
esclarecido o papel dos Conselhos de Administra<br />
definido.<br />
CES e a sua articulação com a CEIC está ainda por ser<br />
ção das Instituições hospitalares.<br />
Esta indefinição não pode ser benéfica para um processo<br />
Aquando da discussão que antecedeu a publicação desta lei, que se quer célere mas simultaneamente transparente e<br />
a Associação dos Médicos Portugueses da Indústria Farma<br />
eficaz.<br />
cêutica (AMPIF), preocupou-se em<br />
fazer notar a ausência de qualquer menção<br />
ao circuito de implementação institucional/hospitalar<br />
dos Ensaios Clínicos.<br />
Tem sido evidente a necessidade de<br />
criação de Gabinetes de Apoio à Investigação<br />
Clínica que, em cada instituição<br />
e de acordo com as suas prioridades,<br />
estabeleçam um plano geral de<br />
investigação e criem os meios necessários<br />
e suficientes para a agilização da<br />
implementação dos projectos aprovados<br />
pela Comissão de Ética para a<br />
Investigação Clínica (CEIC) e pelo<br />
lnfarmed.<br />
A criação de circuitos de aprovação<br />
complexos e burocraticamente pesados<br />
dentro das Instituições, levará à completa<br />
dissipação das eventuais vantagens<br />
adquiridas pela adopção de uma<br />
directiva com explícitos objectivos de<br />
harmonização.<br />
Actualmente, em muitas instituições,<br />
os promotores deparam-se com a criação<br />
de circuitos paralelos e adicionais<br />
que duplicam o processo de aprovação,<br />
já em curso na CEIC.<br />
É fundamental<br />
que a Investigação<br />
Clínica em Portugal<br />
continue a progredir<br />
mas para tal e acima<br />
de tudo, é necessário<br />
que exista vontade<br />
e compromisso<br />
político.<br />
Ana Maria Nogueira<br />
Médica<br />
Presidente da Associação<br />
Portuguesa dos Médicos<br />
da Indústria Farmacêutica<br />
(AMPIF)<br />
Por outro lado, a negociação dos acordos<br />
financeiros com as Administrações<br />
<strong>Hospitalar</strong>es torna-se também por vezes<br />
complexa e lenta.<br />
Considero, que seria de extrema utilidade<br />
prática a definição a nível central,<br />
entenda-se Ministério da Saúde, dos<br />
conteúdos necessários para a submissão<br />
de um projecto de investigação a uma<br />
qualquer instituição hospitalar.<br />
A publicação de uma portaria ou<br />
simples "guideline", indicando a constituição<br />
do processo, declarações exigidas,<br />
cartas, acordos financeiros e respectivas<br />
minutas devidamente divulgadas<br />
em formato electrónico, faria com que<br />
os promotores pudessem submeter os<br />
projectos sem, invariavelmente, depararem<br />
com alterações sucessivas e inevitáveis<br />
atrasos.<br />
Por outro lado, a impossibilidade de<br />
disponibilização ou acesso d i recto dos<br />
respectivos serviços a parte ou todo da<br />
verba destinada à realização do ensaio,<br />
impede do ponto de vista prático o<br />
retorno óbvio e merecido.<br />
Acreditando-se no grande empenhamen<br />
Ou seja, para além do parecer "único" definido por lei, to político em matéria de investigação, torna-se urgente e<br />
há ainda lugar para um parecer emitido pelas respectivas importante demonstrá-lo através de campanhas de sensibilização<br />
e da criação de canais facilitadores para a imple-<br />
Comissões de Ética para a Saúde (CES).<br />
Importa referir que apesar de anunciado, o papel das mentação dos referidos projectos de investigação. 1m
DIÁRIO DA REPÚBLICA<br />
A GH apresenta a legislação mais significativa publicada no Diário da República entre 3 de Janeiro e<br />
7 de Fevereiro de <strong>2006</strong>.<br />
Roche<br />
Inova111os 1za Sazíde<br />
Presidência do Conselho de Ministros<br />
Resolução do Conselho de Ministros n. 0 1/<strong>2006</strong>, de 01 de<br />
Fevereiro de <strong>2006</strong><br />
Determina o desenvolvimento e aprofundamen to do processo d e<br />
recenseamento do património imobiliário afecto e privativo dos serviços<br />
e organismos públicos<br />
Declaração de Rectificação n. 0 6/<strong>2006</strong>, de 18 de Janeiro<br />
de <strong>2006</strong><br />
De ter sido rectificada a Portaria n. 0 1204/2005, do Ministério da<br />
C iência, Tecnologia e Ensino Superior, que cria o curso de pós-licenciatura<br />
de es pecialização em Enfermagem Comunitária na Escola<br />
Superior de Enfermagem de D. Ana G uedes e aprova o respectivo<br />
plano de estudos, publicada no Diário da República, l .ª série, n. 0<br />
227, de 11 de Novembro de 2005<br />
Decreto-Lei n. 0 11/<strong>2006</strong>, de 19 de Janeiro de <strong>2006</strong><br />
Altera a Lei O rgânica do XVII Governo ConsticucionaJ, aprovada<br />
pelo Decreto-Lei n. 0 79/2005, de 15 de Abril<br />
Decreto-Lei n. 0 16/<strong>2006</strong>, de 26 de Janeiro de <strong>2006</strong><br />
Segunda alteração à Lei O rgânica do XVII Governo Constitucional,<br />
aprovada pelo Decreto-Lei n. 0 79/2005, de 15 de Abril, e alterada<br />
pelo Decreto-Lei n. 0 11/<strong>2006</strong>, de 19 de Janeiro<br />
Ministério da Saúde<br />
Portaria n. 0 38/<strong>2006</strong>, de 06 de Janeiro de <strong>2006</strong><br />
Estabelece as regras do registo obrigatório e do pagamento das correspondentes<br />
taxas a que estão sujeitos os operadores previstos no<br />
artigo 8. 0 do Decreto-Lei n. 0 309/2003, de 10 de Dezembro, e define<br />
os critérios e cálculos das taxas de registo. Revoga a Portaria n. 0<br />
310/2005, de 23 de Março<br />
Decreto Regulamentar n. 0 2/<strong>2006</strong>, de 25 de Janeiro de<br />
<strong>2006</strong><br />
Aprova a orgânica da Secretaria-Geral do Ministério da Saúde, no<br />
cumprimento do previsto no Decreto Regulamentar n. 0 3-A/2005,<br />
de 31 de Maio<br />
Portaria n. 0 91/<strong>2006</strong>, de 27 de Janeiro de <strong>2006</strong><br />
Determina a apresentação da declaração e do documento comprovativo<br />
aos pensionistas que pretendam beneficiar do regime especial de<br />
comparticipação de medicamentos<br />
Decreto-Lei n. 0 23/<strong>2006</strong>, de 02 de Fevereiro de <strong>2006</strong><br />
Procede à segunda alteração ao Decreto-Lei n . 0<br />
117/98, de 5 de<br />
Maio, prorrogando por seis meses o período de vigência do regime<br />
remuneratório experi mental para os médicos de clínica geral que<br />
exerçam funções nos cen tros de saúde do Serviço Nacional de Saúde<br />
Ministério da Educação<br />
Portaria n. 0 88/<strong>2006</strong>, de 24 de Janeiro de <strong>2006</strong><br />
Reconhece novos cursos do ensino superior como habilitação própria<br />
para a docência<br />
Ministério da justiça<br />
Decreto-Lei n. 0 3/<strong>2006</strong>, de 03 de Janeiro de <strong>2006</strong><br />
Altera o regime jurídico do internato médico em medicina legal, previsto<br />
no artigo 74. 0 do D ecreto-Lei n. 0 11198, de 24 de Janeiro, que<br />
procede à reorganização do sistema médico-legal<br />
Presidência do Conselho de Ministros e Ministério das<br />
Finanças e da Administração Pública<br />
Portaria n. 0 117 /<strong>2006</strong>, de 09 de Fevereiro de <strong>2006</strong><br />
Aprova o Regulamento do Curso de Estudos e Formação para Altos<br />
Dirigentes da Administração Local (CEFADAL)<br />
Ministério das Financas e da Administracão Pública<br />
, ,<br />
Decreto-Lei n. 0 12/<strong>2006</strong>, de 20 de Janeiro de <strong>2006</strong><br />
Regula a constituição e o funcionamento dos fundos d e pensões e das<br />
entidades gestoras de fundos de pensões e transpõe para a ordem<br />
jurídica nacional a Directiva n. 0 2003/41/CE, do Parlamento Europeu<br />
e do Conselho, de 3 de Junho, relativa às actividades e à supervisão<br />
das instituições de realização de planos de pensões profissionais<br />
Portaria n. 0 100/<strong>2006</strong>, de 03 de Fevereiro de <strong>2006</strong><br />
Actualiza o preço de venda das refeições nos refeitórios da Administração<br />
Pública em <strong>2006</strong><br />
Ministérios das Finanças e da Administração Pública<br />
e da Saúde<br />
Portaria n. 0 101/<strong>2006</strong>, de 03 de Fevereiro de <strong>2006</strong><br />
Revoga a Portaria n. 0<br />
787/2004, de 9 de Julho, que altera o quad ro<br />
de pessoal do H ospital Distrital de Chaves<br />
'~ --~<br />
Comissão Nacional de Eleições<br />
Mapa Oficial n. 0 1/<strong>2006</strong>, 7 de Fevereiro de <strong>2006</strong><br />
Eleição do Presidente da República em 22 de Janeiro de <strong>2006</strong>. Publicação<br />
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