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Gestão Hospitalar N.º 21 2006

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comu


.<br />

Sopra<br />

uma boa nova,<br />

04 Editorial<br />

08 Farmacoeconomia<br />

Manuel Delgado, presidente da APAH, analisa nesta<br />

GH a nova rede de urgências. Considerando<br />

o documento governamental "bem elaborado",<br />

na sua essência, não deixa de referir que o mesmo<br />

é "omisso quanto às competências técnicas e à<br />

caracterização de cada um dos tipos de urgência<br />

que propõe". Um editorial que mercê ser lido com<br />

atenção e mesmo discutido, posteriormente.<br />

Pere lbern de Regas, conceituado economista<br />

da Saúde na Universidade Pompeu Fabre,<br />

de Barcelona, esteve em Lisboa onde participou<br />

na liª Conferência Nacional de Farmacoeconomia<br />

(CNF). A GH não perdeu a oportunidade para<br />

saber que conceitos defende o docente<br />

relativamente e este novo instrumento de gestão.<br />

Na sua opinião existe uma preocupação cada vez<br />

maior com o custo/benefício que não diz apenas<br />

respeito às despesas.<br />

Aliámos a experiência e solidez de um grupo internacional,<br />

líder na sua área, ao maior e mais moderno complexo industrial<br />

farmacêutico português.<br />

Escolhemos Portugal para ser o centro mundial de desenvolvimento<br />

e produção de medicamentos injectáveis da Fresenius Kabi.<br />

Apostámos na qualidade, competência e formação dos nossos<br />

profissionais.<br />

Acreditámos no seu apoio.<br />

Em Portugal, com portugueses, para o mundo.<br />

~<br />

. LABESFAL .<br />

I<br />

"<br />

Fresenius<br />

Kabi<br />

Caring for Life<br />

20 <strong>Gestão</strong><br />

26 Eventos<br />

ESCC L.:\ ~~ ..r:..c:c~~.l\c..<br />

SAS:JE F·L:-~t.~~2.A<br />

DE<br />

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-<br />

81 r'I l J .__ 1 1 ':_ C A<br />

António Vaz Carneiro, internista responsável pelo<br />

Centro de Estudos Baseados na Evidência, tem<br />

ideias muito próprias e nem sempre consensuais.<br />

Em entrevista à GH, o investigador mostra o seu<br />

descontentamentto pela Medicina, em Portugal,<br />

estar "desagradavelmente polítizada" e, mais<br />

uma vez, afirma não concordar com o marketing<br />

da Indústria Farmacêutica. Sobre as taxas<br />

de internamento, Vaz Carneiro não considera uma<br />

má ideia pargarmos suplementarmente a Saúde.<br />

Merces Casas é directora-geral da IASIST, em<br />

Barcelona, uma empresa de serviços profissionais<br />

que oferece a financiadores e prestadores a<br />

informação necessária, de conteúdo clínico e<br />

económico, para ajudar a melhorar a qualidade<br />

e a eficiência nos cuidados a prestar aos pacientes.<br />

Esta responsável apresenta, na GH um estudo sobre<br />

"Benchmarking clínico - um instrumento para a<br />

melhoria dos resultados dos hospitais", que<br />

convém ler com atenção.<br />

já falta pouco tempo para ter lugar o Congresso<br />

Nacional dos Hospitais, que junta a APAH e a<br />

APDH. São três dias de debates e discussões<br />

à volta de temáticas que se entrecruzam com<br />

os hospitais portugueses. O tema do evento<br />

é "Pensar o Presente, Realizar o Futuro" e , bem<br />

a propósito, a organização do Congresso, em<br />

colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian,<br />

vão também editar o livro "O Futuro da Saúde<br />

em Portugal", que reúne textos de muitas<br />

da individualidades ligadas ao sector.


A nova Rede de Urgências<br />

vida para 200.000 habitantes. Diga-se, neste<br />

particular, que o grau de concentração popu­<br />

!acional e a tipologia e estado das vias de acesso<br />

podem determinar ajustamentos significa­<br />

O<br />

Ministério da Saúde pôs á discussão<br />

pública um relatório técnico sobre<br />

a "Nova Rede de Urgências".<br />

Trata-se de um documento bem elaborado,<br />

na sua essência, e que se traduz numa propos-<br />

tivos naqueles rácios que o estudo parece não<br />

ta de aumento dos pontos da rede de 73<br />

considerar.<br />

"urgências" para 83. Propõe o encerramento de<br />

O relatório é omisso quanto às competências<br />

14 actuais "urgências" (11 a Norte do Mon­<br />

técnicas e à caracterização de cada um dos<br />

Manuel Delgado<br />

Presidente da APAH<br />

dego) e cria <strong>21</strong> novos serviços de urgência<br />

básicos (SUB). Propõe uma rede dividida em<br />

tipos de urgência que propõe, sobretudo quanto<br />

à natureza e âmbito dos SUB, nalguns casos<br />

"O relatório<br />

é omisso quanto<br />

às competências<br />

técnicas e à<br />

caracterização<br />

de cada um dos<br />

tipos de urgência<br />

que propõe,<br />

sobretudo quanto<br />

à natureza e âmbito<br />

dos SUB, nalguns<br />

casos confundíveis<br />

com actuais SAP · s."<br />

três tipos: Serviço de Urgência Polivalente<br />

(13); Serviço de Urgência Médico-Cirurgica<br />

(29); Serviço de Urgência Básica (41), num<br />

total de 83 pontos de rede. Utiliza critérios de<br />

localização aparentemente incontornáveis como<br />

os tempos de resposta e de trajecto, a frequência<br />

de utilização, a realização de cirurgias<br />

urgentes, alguns riscos mais evidentes de<br />

natureza sócio-demográfica, e a flutuação sazonal<br />

por razões turísticas.<br />

Ao consignar como metas, que 90% das respostas,<br />

em área urbana, demoram, no máximo<br />

15 minutos e que 90% das respostas em<br />

área rural, possam demorar, no máximo, 30<br />

confundíveis com actuais SAP 's.<br />

Por outro lado, não prevê o impacte do encerramento<br />

de alguns pontos de rede no volume<br />

de urgências que passará a verificar-se nos pontos<br />

de rede de referência para as respectivas<br />

populações. Chama-se a atenção para o facto<br />

de que tal impacte poderá ser significativo em<br />

zonas mais densamente povoadas e com um<br />

número concentrado de pontos de rede que<br />

serão encerrados. O que poderá provocar atrasos<br />

intoleráveis no contacto médico-doente.<br />

Em resumo, e ao contrário do que se propalou,<br />

o número de pontos da rede de urgência<br />

aumenta, garantem-se tempos de resposta (no<br />

MSD Dedicamos<br />

a nossa vida<br />

a melhorar a sua<br />

minutos, o estudo admite com meridiano<br />

socorro e no transporte) e explica-se clararealismo,<br />

que o socorro e o acesso subse- mente a metodologia - objectiva e coerente -<br />

quente a um ponto da rede de urgência não que se utilizou na nova distribuição. Independentemente<br />

das críticas ou dos ajustamentos<br />

será absolutamente equitativo para rodos os<br />

portugueses, mas que ficam, no essencial, que vierem a ser introduzidos, esta proposta<br />

garantidos, para a grande maioria, tempos representa um documento técnico precioso<br />

clinicamente aceitáveis.<br />

para uma boa decisão política. Esta, tomada<br />

Simultaneamente, o estudo prevê uma sem critérios, ou antes, com base em meros critérios<br />

de oportunidade ou de conveniência é<br />

ambulância de emergência para 40.000 habitantes<br />

e uma equipa de suporte avançado de que sena preocupante. 11111<br />

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Merck Sharp & Dohme<br />

Qta. da Fonte Ed if. Vasco da Gama, 19<br />

P.O. Box <strong>21</strong>4<br />

2 770-192 Paço D' Arcos<br />

www.msd.pt<br />

11 un1 ad1S.pt<br />

medicina e muito mais


Estudo<br />

USF poupariam 8,9 milhões<br />

Legislação<br />

Se 32 centros de saúde funcionassem já<br />

segundo o modelo das Unidades de<br />

Saúde familiares (USF) o Estado pouparia<br />

8 ,9 milhões d e euros. Esta é uma das<br />

conclusões de um estudo realizado pela<br />

Associação Portuguesa de Economia da<br />

Saúde, coordenado pelo professor M iguel<br />

Gouveia.<br />

A equipa de trabalho comparou os custos<br />

de um centro de saúde convencional com<br />

aqueles que já funcionam com o Regime<br />

Remuneratório Experimental (RRE) e<br />

concluiu que, se em 2005, cada utente<br />

inscrito custou <strong>21</strong>6,5 euros ao Estado,<br />

com o novo modelo o valor caiu até aos<br />

11 2,5 euros por pessoa. O mesmo se passa<br />

n as consultas que, nos centros em que<br />

funciona o RRE, custaram m et ad e do<br />

preço das dos centros de saúde convencionais<br />

que tiveram um custo de 68 euros.<br />

Segundo os peritos a diferen ça de custos<br />

n ão é consequ ência de uma diminuição<br />

na oferta de cuidados. rm<br />

Governo fiscaliza privados<br />

O<br />

Ministério da Saúde está a ultimar a<br />

legislação que permitirá que a futura<br />

Inspecção-Geral das Actividades d a<br />

Saúde possa investigar os laboratórios e<br />

h ospitais privados.<br />

De acordo com a revista "Sábado", a legislação<br />

deverá estar pronta já em Janeiro de<br />

2007 e permitirá ao ministério uma ampla<br />

margem de manobra para intervenções no<br />

sector privado. Passará, por exemplo,<br />

investigar quanto é que cada laboratório<br />

farmacêutico gasta em brindes oferecidos<br />

aos médicos; ou se um laboratório clínico<br />

está a funcionar devidam ente ou não e<br />

determinar o seu encerramento; ou, ainda,<br />

analisar as contas e eventuais casos d e<br />

negligência médica em hospitais privados<br />

pertencentes a grupos económicos. m<br />

Correia de Campos propõe<br />

Farmácias devem ter opiáceos injectáveis<br />

Governo anuncia<br />

Fármacos para SIDA<br />

e cancro nas farmácias<br />

Governo anunciou, recentemente, que os doentes com cancro, SIDA e hepatite<br />

C, entre outros que sofrem de patologias graves, vão poder tomar os medi­<br />

O<br />

camentos nas farmácias e não apenas nos hospitais.<br />

A Ordem dos M édicos já reagiu ao anúncio e contesta a intenção do Ministério da<br />

Saúde, ameaçando combatê-la com denúncias nas instâncias internacionais e processos<br />

disciplinares ais clínicos que receitem medicamentos deste tipo para çidministração<br />

na farmácia.<br />

O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Correia de Campos, no encerramento<br />

do 8.° Congresso de Farmácias, tendo ainda o governante revelado que a tutela está<br />

já a preparar as medidas que passam este serviço para farmácias interessadas.<br />

O ministro afirmou que o Executivo gostaria de iniciar o processo nas farmácias hospitalares,<br />

administrando doses fraccionadas.<br />

Para o bastonário dos M édicos, Pedro Nunes, citado pela TSF, "se os medicamentos<br />

para a SIDA não forem monitorizados nos hospitais há um enorme risco de resistência<br />

do vírus". O bastonário lembrou que "um parecer da comissão técnica - composto<br />

por farmacêuticos e a qual integrei, há dois anos - foi totalmente negativo"<br />

quanto a esta possibilidade. DD<br />

ministro da Saúde, Correia de Campos,<br />

quer que os laboratórios farma­<br />

O<br />

cêuticos fo rneçam às farmácias medicam<br />

entos injectáveis contra a dor como<br />

alternativa aos comprimidos.<br />

Actualmente, os medicamentos opiáceos<br />

injectáveis estão apenas disponíveis nos<br />

hospitais e o mente só tem acesso a remédios<br />

contra a dor em comprimidos ou em<br />

gotas. Aqueles são usados, sobretudo, nos<br />

cuidados paliativos e de doentes crónicos.<br />

De acordo com o titular da pasta da Saúde,<br />

os opiáceos injectáveis seriam mais baratos,<br />

graças a uma revisão da comparticipação<br />

do Estado. DD


Peres lbern Regas à GH<br />

UE deve aprofundar po lítica de saúde pública<br />

A<br />

II Conferência Nacional de Farmacoeconomia,<br />

realizada com o apoio<br />

da Associação Portuguesa de Administradores<br />

<strong>Hospitalar</strong>es (APAH), da Novartis<br />

Oncology e da revista PFémio, juntou, em Lisboa,<br />

várias personalidades para debater o tema<br />

"Medicamento hospitalar: decisões partilhadas".<br />

Entre elas esteve Peres Ibern Regas, professor<br />

de Economia da Saúde, Organização<br />

Económica e Estratégia Negocial da Universidade<br />

Pompeu Fabra, de Barcelona, que dedicou<br />

a sua intervenção ao tema "Partilha de<br />

risco: visões globais e experiências locais e<br />

. . " reg10na1s .<br />

A GH, Peres Ibern Regas, que é também membro<br />

do Centro de Pesquisa para a Saúde e Economia,<br />

falou sucintamente sobre a sua visão de<br />

Farmacoeconomia. Considerando a sua participação<br />

nesta II Conferência Nacional como<br />

uma "boa oportunidade para partilhar conhecimento<br />

e perceber como está a evoluir a situação<br />

no terreno", o especialista defende que a<br />

Farmacoeconomia é "uma área da Economia da<br />

Saúde que trata de produros farmacêuticos".<br />

Peres Ibern salienta que a importância dada<br />

actualmente àquele conceito resulta de um<br />

maior empenho com o retorno que determinadas<br />

práticas ou tratamentos podem obter: ''A<br />

minha impressão é que existe uma preocupação<br />

com o custo/benefício e não apenas com as<br />

despesas. Nós queremos saber o que recebemos<br />

como contrapartida da enorme quantidade de<br />

recursos que é devotada aos cuidados de saúde".<br />

Este é um conceito, sublinha o académico, que<br />

poderá levar a um aumento da eficiência da<br />

actuação dos agentes da saúde: "A Economia da<br />

Saúde serve para atingir uma maior eficiência.<br />

Portanto, todos são afecrados e, ao mesmo<br />

tempo, contribuem para aquele objectivo".<br />

No entanto, reforça, não é uma fórmula mágica<br />

que permita resolver todos os problemas. ''A<br />

Economia da Saúde é um ramo da Economia e<br />

esta é uma ciência. O conhecimento é um recurso<br />

que, no final, pode criar ou destruir valores<br />

(numa visão Shumpeteriana), competição e<br />

conflito ao mesmo tempo". E frisa "é um campo<br />

da ciência, não tem a ver com controlo de despesas".<br />

Este controlo, defende Peres lbern,<br />

depende, e muito, dos próprios agentes do sector:<br />

"Todos os dias, todas as pessoas envolvidas<br />

num episódio clínico devem perguntar a si próprias<br />

sobre maneiras alternativas de aumentar o<br />

valor com os recursos existentes".<br />

Quanto à necessidade de controlar os gastos<br />

com medicamentos, nomeadamente quando se<br />

pensa nos custos de doenças crónicas e/ ou terminais<br />

como o cancro ou a VIH/SIDA, Peres<br />

Ibern salienta que "o administrador deve ter em<br />

mente o objectivo de bons incentivos para<br />

obter valor". "A farmacoeconomia ajuda com<br />

a avaliação económica dos medicamentos",<br />

acrescenta.<br />

Já no que diz respeito à introdução de medicamentos<br />

de ponta, Peres Ibern é taxativo: "As<br />

vezes é melhor gastar mais e noutros momentos<br />

os governos estão a desperdiçar dinheiro. A<br />

razão é sempre a mesma, a não ser que exista<br />

uma efectiva demonstração de custo/benefício,<br />

não há razões para introduzir qualquer medicamento<br />

subsidiado publicamente".<br />

Tendo em mente que, no segundo semestre do<br />

próximo ano, a presidência da União Europeia<br />

estará em mãos portuguesas, a GH auscultou<br />

Peres Ibern relativamente à sua opinião sobre<br />

as matérias que gostaria de ver abordadas nessa<br />

altura. ''A União Europeia não tem competências<br />

na matéria, portamo acho que é importante<br />

desenvolver a actual estratégia quanto à<br />

Saúde Pública".<br />

Sobre a possibilidade de se darem os primeiros<br />

passos para uma unificação dos sistemas de<br />

saúde europeus, mostrou-se céptico: ''A Europa<br />

já tem muitos problemas de integração<br />

com 25 países com sistemas de saúde muito<br />

diferentes. Levará décadas até que se acorde um<br />

processo de convergência".<br />

E frisou que não é possível sequer eleger um<br />

dos actuais sistemas como modelo para os restantes:<br />

"Os sistemas de saúde dependem dos<br />

valores em que cada sociedade se baseia. A<br />

resposta é difícil de resumir numa frase, mas eu<br />

diria que o melhor modelo ainda não surgiu".<br />

"Existe sempre um processo contínuo de melhoria<br />

que qualquer político deve ter em mente<br />

como um objectivo", declarou o académico<br />

espanhol. mo


A Pfizer dedica toda a sua pesq~h~a à saúde.<br />

Dos que ainda não nasceram ate as pesso~s<br />

. dade mais avançada. Sabemos que ca a<br />

?e ~ de ter problemas específicos mas que<br />

ida e po . , comum o desejo de uma<br />

~i~~dl~~~=. 1 ~=~~:v~I e plena. P~r is~o'. estamos<br />

rda da investigação b10med1ca,<br />

na van~udao e tratando cada vez mais doenças.<br />

prevenin . d as<br />

Muitos sucessos fora~ Já alcança <strong>º</strong>~~;cação<br />

muitos outros necessitam da nosfsa m parte do<br />

p a que as doenças aça<br />

e esforço. ~r<br />

futuro Este é o nosso<br />

do e nao do nosso ·<br />

~~:;remisso consigo; juntos faremos o futuro.<br />

Conferência<br />

Hospitais com história<br />

Realiza-se, no próximo dia 25 de Outubro,<br />

na Escola Nacional de Saúde<br />

Pública (ENSP), a Iª Conferência da Sociedade<br />

Portuguesa de História dos Hospitais.<br />

Entre os oradores estão José Nogueira da<br />

Rocha, presidente da Sociedade Portuguesa<br />

de História dos Hospitais, Nicolau Borges,<br />

director do Museu do Hospital das Caldas<br />

da Rainha, Joaquim Borges, professor do<br />

Hospital Geral de Santo António e do Instituto<br />

Abel Salazar, Ana Cristina Leite, dos<br />

Museus Municipais de Lisboa, Vítor Albuquerque<br />

Freire, administrador hospitalar,<br />

Vasco Reis, da ENSP, sendo que o enceramento<br />

estará a cargo do ministro da Saúde,<br />

Correia de Campos. Em debate estarão os<br />

hospitais Rainha D. Leonor, de Santo António,<br />

de Todos-os-Santos e Real de Goa. rm<br />

Défice<br />

SNS com Lucros<br />

<strong>º</strong>Serviço Nacional de Saúde (SNS)<br />

deverá registar, pela primeira vez na<br />

história, um resultado positivo num exercício.<br />

De acordo com os dados provisórios do<br />

Instituto de <strong>Gestão</strong> informática e Financeira<br />

da Saúde (IGIF), que o ministro da Saúde,<br />

Correia de Campos, apresentou aos deputados<br />

a meio de Outubro, o saldo do exercício<br />

do SNS deverá atingir os 40,8 milhões de<br />

euros em 2005.<br />

Os dados indicam ainda que o ministério<br />

deverá conseguir cortar cerca de 400<br />

milhões de euros na despesa. Dos 8.407,9<br />

milhões previstos no OE/06 inicial, o<br />

ministro prevê agora chegar ao final do corrente<br />

ano com gastos de 8.040,l milhões.<br />

Os prejuízos de 29 dos 31 hospitais EPE atingiram<br />

os 334,2 milhões de euros no final de<br />

Agosto, o que traduz uma quebra de 15,6%<br />

face a igual período do ano passado. rm<br />

Taxas moderadoras<br />

Cinco euros em internamentos até 14 dias<br />

O<br />

ministro da Saúde explicou recenremente,<br />

em entrevista ao canal público de televisão,<br />

como irão funcionar as taxas moderadoras<br />

para os internamentos que irão entrar em<br />

vigor já no próximo dia 1 de Janeiro.<br />

Tentando esclarecer a polémica que se levantou<br />

recentemente, Correia de Campos afirmou que<br />

cada doente que necessite de ser internado nos<br />

hospitais do Serviço Nacional de Saúde pagará<br />

uma taxa moderadora de cerca de cinco euros, cancro, tuberculose, sida e diabetes, entre outros.<br />

por dia, durante 14 dias. A partir deste período, De acordo com o governante, as taxas moderadoras<br />

são também "uma forma de ampliar a<br />

a doença será considerada muito grave.<br />

O preço a pagar por cada dia de internamento solidariedade".<br />

deverá rondar os cinco euros, afirmou o titular Os movimentos de utentes do Serviço Nacional<br />

da pasta da Saúde. Destas taxas fica excluído de Saúde já contestaram a decisão anunciada,<br />

quem aufira o rendimento mínimo (370 euros) apontando que as taxas moderadoras têm por<br />

ou grupos específicos como as crianças até aos 12 objectivo dissuadir o doente de recorrer desnecessariamente<br />

a determinados anos, grávidas e todos os doentes que sofram de<br />

serviços.


António Vaz Carneiro à GH<br />

"A Medicina em Portugal está<br />

desagradavelmente politizada"<br />

Dirige o Centro de Estudos<br />

de Medicina Baseada na<br />

Evidência (CEM BE) da<br />

Faculdade de Medicina de<br />

Lisboa e não regateia elogios<br />

à qualidade da medicina que<br />

se faz em Portugal, embora<br />

considere que esta está<br />

"desagradavelmente<br />

politizada". António Vaz<br />

Carneiro saúda as medidas<br />

recentemente tomadas pelo<br />

Governo na área da Saúde<br />

por se basearem em<br />

<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>-Que tipo de medicina é<br />

que se pratica em Portugal?<br />

António Vaz Carneiro - No meu sentir, a medicina<br />

portuguesa é de bastante boa qualidade.<br />

Digo isto porque há índices objectivos que nos<br />

mostram tal. De uma maneira geral, nas áreas<br />

mais importantes nós temos serviços de saúde de<br />

boa qualidade. Como é óbvio, haverá áreas mais<br />

bem providas que outras ...<br />

GH - Como por exemplo?<br />

AVC - O mundo cardiovascular todo, até pela<br />

sua importância, tem serviços mais avançados e<br />

com melhores resultados que outros que sejam<br />

mais raros ou mais complexos de montar, nomeadamente,<br />

as tecnologias que são muito dispendiosas.<br />

Os dados objectivos, nomeadamente,<br />

em termos de saúde pública, são bons.<br />

a saúde, para além dos impostos que pagamos.<br />

A maior parte dos portugueses continua a estar<br />

completamente isenta e não me repugna pensar<br />

que as classes média e média alta possam pagar<br />

exrra. Pessoalmente, não tenho qualquer problema<br />

em chegar a um hospital público e pagar uma<br />

taxa moderadora.<br />

G H - É a favor das taxas moderadoras também<br />

para os internamentos?<br />

AVC - N ão me parece uma ideia assim extraordinária,<br />

na medida em que o internamento<br />

é compulsivo. N ão estou a ver como é que<br />

vamos conseguir uma medida que seja racionalizadora<br />

desse internamento, porque ele ou é<br />

preciso ou não é.<br />

"Não acho má ideia<br />

relatórios científicos.<br />

Concorda com as taxas<br />

moderadoras porque,<br />

sublinha, não há dinheiro<br />

para tratar toda a gente.<br />

Tendo obtido<br />

reconhecimento mundial<br />

pelo trabalho publicado no<br />

'British Medical Journal'<br />

defende vigorosamente que<br />

a Ciência deve ser a<br />

Linguagem comum a médicos<br />

e a administradores<br />

hospitalares.<br />

GH - Vê grandes diferenças relativamente à<br />

União Europeia ou aos Estados Unidos?<br />

AVC - Na União Europeia a maior parte dos<br />

países tem é mais dinheiro para a Saúde. E<br />

isto significa maior capacidade de oferta de<br />

cuidados. N ão significa necessariamente melhor<br />

qualidade de cuidados. Significa, sim,<br />

mais oferta, mais capacidade dos doentes poderem<br />

aceder ao sistema.<br />

Não é possível comparar com os Estados Unidos.<br />

Eu estive lá seis anos e não há comparação<br />

possível. Os Estados Unidos não têm um sistema<br />

de saúde, têm milhares. A maneira como<br />

todos os sistemas estão montados é a de uma<br />

economia liberal, não existem políticas de saúde,<br />

a bem dizer. . . quando muito, poderão existir<br />

localmente em alguns Estados ou cidades. H á<br />

profundas desigualdades nos Estados Unidos<br />

que nós cá, na Europa, enfim, gostamos de<br />

pensar que não temos . ..<br />

Hoje em dia já há 46 milhões de americanos que<br />

não têm seguro de saúde. E isto significa que estas<br />

pessoas só têm um processo de serem tratadas. É<br />

ir ao serviço de urgência, um tratamento que<br />

todos os hospitais, privados ou públicos, são<br />

obrigados a dar de graça. A pessoa fica com<br />

medicamentos para dois, três dias, e não compra<br />

mais porque não tem dinheiro ... Isto ao lado de<br />

hospitais de ponta extraordinários, com tecno-<br />

logias fantásticas, que fazem coisas que mais<br />

ninguém faz no mundo.<br />

O H ospital de Santa M aria é melhor que<br />

alguns que eu conheci nos Estados Unidos, é<br />

pior que outros.<br />

GH - Recordando os 46 milhões de americanos<br />

sem cuidados de saúde. Acha que as medidas que<br />

o actual Governo está a tomar e a tendência<br />

para se apontar os seguros de saúde complementares<br />

como a saída, acha que Portugal está a<br />

ir pelo mesmo caminho?<br />

AVC - N ão necessariamente. Não sou um político<br />

de saúde nem um gestor ...<br />

GH - Mas tem uma opinião.<br />

AVC - Tenho. N ão acho necessariamente uma<br />

ideia má que nós paguemos suplementarmente<br />

pagarmos suplementarmente<br />

a Saúde"<br />

GH - Se a decisão cabe inteiramente ao médico<br />

acha que é justo que seja o doente a pagar . ..<br />

AVC - Lá voltamos ao mesmo! É uma questão<br />

social. Aceitamos ou não que as pessoas da classe<br />

média e média alta, que têm bom poder de<br />

compra, devam pagar extra independentemente<br />

da maneira como entraram? Há pessoas que<br />

acham que não, porque nós pagamos impostos<br />

e é uma posição inteiramente legítima e muito<br />

honesta. H á outros que acham que devemos<br />

pagar suplementarmente. As quantias que estamos<br />

a falar, sejamos honestos, são muito baixas!<br />

Isto é uma questão ideológica. A medicina em<br />

Portugal está extraordinariamente politizada. A<br />

meu ver, desagradavelmente politizada. Muitos<br />

aspectos que nós devíamos discutir deveriam ser<br />

no campo estritamente técnico-profissional e


Alvos ...<br />

Gomes Esteves - Inteligente<br />

Pedro Nunes - Dedicado<br />

Manuel Delgado - Culto e evoluído<br />

transforma-se tudo em política. Se se quer<br />

construir um hospital, deve ver-se se a explosão<br />

demográfica nesse sítio o justifica, no caso<br />

afirmativo, que tipo de hospital, há estudos que<br />

se fazem ...<br />

recursos para toda a gente por igual. Nisso<br />

concordo inteiramente com o que está a ser<br />

feito! Porque me parece que o processo é muito<br />

inteligente. Nada disto está a ser feito em gabinetes<br />

fechados, são métodos de decisão perfeita­<br />

mundo que consiga assegurar os cuidados de<br />

ponta a toda a gente. O que nós queremos é uma<br />

média boa.<br />

GH - Não se revê nas críticas ao ministro da<br />

Miguel Leão - Combativo<br />

mente transparentes e eu apoio isso. Mesmo<br />

Saúde de falta de diálogo, vindas, por exemplo<br />

Manuel Antunes - Competente<br />

GH - O argumento é válido para o encerra­<br />

que isso possa ter preços políticos.<br />

dos autarcas?<br />

mento dos blocos de partos, serviços de urgên­<br />

Apesar de tudo, não acho que a decisão política<br />

AVC - Os autarcas conhecem bem as populações<br />

cia, SAPs?<br />

deva ser baseada na evidência científica apenas.<br />

locais mas os autarcas não pagam a saúde. Ou nós<br />

AVC - Absolutamente! Nesse aspecto, sinto que<br />

Estas decisões têm factores políticos, culturais,<br />

temos a capacidade de fazer uma descentraliza­<br />

a maneira como o processo de decisão política foi<br />

económicos. Mas, se vou tomar uma decisão<br />

ção absoluta dos serviços de saúde e dizemos<br />

levado, parece-me exemplar. É criado um conjun­<br />

de fundo, como melhorar a qualidade do siste­<br />

aos autarcas vocês passam a ter este 'budget',<br />

to de 'experts', que se assumem como tal, dão<br />

ma que me obriga a fechar blocos de partos, a<br />

temos uma política nacional e não pode haver<br />

aconselhamento técnicoprofissional ao minis­<br />

fechar serviços de urgências, como é que posso<br />

500 TAC's, mas os senhores fazem o que enten­<br />

tério e este segue. Não me parece haver outra<br />

encolher os ombros e não o fazer?<br />

dem com o vosso hospital, isto é, organizem-se<br />

maneira de ter uma decisão racional.<br />

As pessoas não se convenceram ainda que não há<br />

e aos serviços de saúde e nessa altura eu aceito<br />

É claro que as pessoas vão sempre pensar que vão<br />

dinheiro para tratar toda a gente a cem por<br />

todas as críticas dos autarcas. O que eu acho abso­<br />

ser prejudicadas, mas não é possível termos<br />

cento. Não é possível! Não há nenhum país do<br />

lutamente inaceitável que depois de um processo<br />

bem feito, bem explicado - e ao contrário<br />

do que eles diziam, eu acho que o ministro<br />

Ciência é linguagem comum de<br />

1<br />

médicos e gestores<br />

explicou bem - que os autarcas venham com os<br />

seus interesses locais. Faz parte da política mas isso<br />

GH - Em que se baseou o trabalho que<br />

fazer aquilo que fizemos com as estatinas<br />

ou não? Tenho doentes em que consigo pro­<br />

GH - E no caso de doenças como o can­<br />

GH - A indústria farmacêutica não é a<br />

não me parece legítimo.<br />

Quando um serviço de partos é cuidadosamen­<br />

apresentou na liª Conferência de Farma­<br />

com todos os medicamentos.<br />

var a sua eficácia e que esse impacto deve<br />

cro ou o HIV /SIDA?<br />

má da fita?<br />

te analisado e se sabe que é preciso um número<br />

coeconomia?<br />

Por exemplo, os anti-hepatite B crónica, que<br />

pago?<br />

AVC- Se há um novo retroviral ou citostáti­<br />

AVC - A indústria faz o seu papel e parece-me<br />

mínimo de X partos por ano para garantir a<br />

AVC - Pediram-me para responder.ª per­<br />

são quatro medicamentos. Eu sou um gestor<br />

Há uma fase disto que eu defendo que deve<br />

co têm de ser olhados como qualquer outro<br />

injusto ser a má da fita. Eu percebo que indús­<br />

qualidade do que se está a fazer, como é possível<br />

gunta simples: o que é que um gestor hos­<br />

e de repente aparece um medicamento novo.<br />

ser feito a montante, pelo INFARMED,<br />

medicamento. Tem de se ver os ensaios clíni­<br />

tria ganhe muito dinheiro porque são os úni­<br />

que se diga que se quer manter esse serviço de<br />

pitalar deve saber, por exemplo, sobre a<br />

Como é que eu sei que o devo utilizar, em que<br />

mas há uma fase que deve ser feita no hos­<br />

cos, em que populações foram aplicados, que<br />

cos que fazem os medicamentos. As técnicas<br />

obstetrícia aberto? Por mais incómodos que as<br />

introdução de novos medicamentos hospi­<br />

subgrupo de doentes, haverá restrições em ter­<br />

pital. Não me parece possível estar à espe­<br />

tipo de doentes é que trataram, para poder fazer<br />

de marketing muito agressivas vêm da realida­<br />

pessoas tenham, mais vale ter o parto com mais<br />

talares. Estes são medicamentos de eficácia<br />

mos terapêuticos, ou seja, efeitos secundários<br />

ra de um instituto central que se iria criar<br />

uma transposição desses resultados todos para<br />

de que é a indústria vive debaixo de uma<br />

segurança, nem que tenha de me deslocar 50<br />

comprovada, de manuseamento e seguran­<br />

que eu vou ter de tratar? Para responder a isto<br />

para produzir isto, porque cada hospital<br />

o meu centro.<br />

pressão brutal para ter resultados. Está na<br />

quilómetros, do que para minha comodidade<br />

ças difíceis, para doenças uniformemente<br />

só há uma hipótese e foi isso que defendi na<br />

cobre uma população diferente. Para deci­<br />

Wall Screet e eles têm de vender os medica­<br />

fazer dois quilómetros e arriscar-me a ter com­<br />

graves. O problema que se põe hoje com<br />

Conferência: as pessoas devem fazer revisões<br />

dir bem, neste campo, é indiscutível lançar<br />

GH - Nesse processo os médicos e os<br />

mentos. Cabe-nos a nós, profissionais, pôr<br />

plicações obstétricas para a mãe e o filho.<br />

medicamentos, quer hospitalares quer não,<br />

sistemáticas da literatura ou sobre as molécu­<br />

mão da ciência.<br />

gestores não estão de costas voltadas?<br />

um bocadinho de ordem nisto. A indústria faz<br />

é que quando aparece um novo, ele vem<br />

las individuais ou sobre as patologias. Saben­<br />

AVC - Estão, mas cada vez menos. A minha<br />

o seu papel...<br />

GH - A medicina que se faz em Portugal neste<br />

para um grupo onde já dois, três, seis. A<br />

do nós que o 'gold standard' da determinação<br />

GH - Não acha que actualmente essas<br />

esperança é que os médicos e os gestores acei­<br />

momento é baseada na evidência?<br />

questão é saber o que é que ele traz de<br />

da eficácia de uma terapêutica é o ensaio clí­<br />

decisões são muito mais economicistas<br />

tem a linguagem comum que é a ciência.<br />

GH - Mesmo os delegados de informa­<br />

AVC - É parcialmente baseada, como é no<br />

novo, a mais, para a patologia que vamos<br />

nico caracterizado por objectivo controlado -<br />

que outra coisa?<br />

ção médica?<br />

mundo inteiro. O problema é que. nos últimos<br />

tratar. Isto é, devo ou não devo - eu, gestor<br />

o 'Randomized Clinical Trial' (RCD - quan­<br />

AVC - Acho que deve ser o medicamento<br />

GH - Qual é a sua definição de Farma­<br />

AVC - Eu não recebo delegados de informa­<br />

30 anos, explodiu completamente a produção<br />

- introduzir no meu hospital esta molécu­<br />

tos RCT é que tenho dessa molécula? Em que<br />

mais barato desde que não baixe a qualidade.<br />

coeconomia?<br />

ção médica! Porque não preciso. Se eu quiser<br />

dos dados científicos.<br />

la, que é habitualmente muito dispendiosa.<br />

amostras é que foram feitas? Posso combinar<br />

E muito daquilo que a gente faz não necessi­<br />

AVC- É uma ciência que estuda o impacto do<br />

saber quais são os tamanhos das caixas ou<br />

A posição eticamente defensável que nós deve­<br />

Os medicamentos hospitalares baratos que<br />

estes estudos todos? Quando surge este novo<br />

ta de medicamentos novos. Para certos sub­<br />

custo dos medicamentos para o tratamento de<br />

quantos comprimidos tem telefono para o<br />

mos usar os dados científicos para apoiar decisões<br />

há são os clássicos, os novos não são bara­<br />

medicamento devo pensar se vale a pena<br />

grupos de doentes sim, mas para a grande<br />

doenças no serviço nacional de saúde. A Far­<br />

INFARMED ou para a casa-mãe. Eu teria<br />

clínicas e, por tabela, decisões de administração<br />

tos. O que eu defendo é que existem hoje<br />

introduzi-lo em termos de eficácia, de segu­<br />

quantidade de doentes de muitas patologias<br />

macoeconomia mais não é que atribuir um<br />

vergonha na cara se um delegado me ensinas­<br />

e gestão e políticas, provém do facto de hoje<br />

metodologias, informação, que permite<br />

rança. E o custo/eficácia justifica a diferença<br />

não é preciso o último medicamento.<br />

preço a uma eficácia.<br />

se alguma coisa sobre um medicamento!<br />

em dia termos muito boa evidência científica, ela


Curriculum Vitae<br />

António Vaz Carneiro<br />

> Especialista em Medicina Interna pela<br />

Mount Sinai Hospital and Medical<br />

School, New York, USA (1983), pela<br />

Ordem dos Médicos (1986) e pelo<br />

Hospital Santa Maria (1987)<br />

> Especialista em Nefrologia pela<br />

University of Califórnia, San Francisco,<br />

USA (1985) e pela Ordem dos Médicos<br />

(1989)<br />

> Diplomado em Cuidados Intensivos pela<br />

European Society of lntensive Care<br />

Medicine (1991)<br />

> Professor da Faculdade de Medicina de<br />

Lisboa (1994-presente) e Consultor em<br />

Medicina Interna da Carreira Médica<br />

<strong>Hospitalar</strong>, no Hospital de Santa Maria<br />

(1995)<br />

> Director do Centro de Estudos de<br />

Medicina Baseada na Evidência da<br />

Faculdade de Medicina de Lisboa (1999-<br />

presente)<br />

> Membro de Conselhos Científicos de<br />

várias sociedades e revistas médicas,<br />

nacionais e estrangeiras<br />

> Membro, Conselho Nacional de Ética<br />

para as Ciências da Vida (2003-<br />

presente)<br />

> Coordenador, Conselho Nacional da<br />

Evidência para a Medicina da Ordem dos<br />

Médicos (2005-presente)<br />

>Autor de mais de 160 artigos publicados<br />

e de 180 apresentações científicas em<br />

congressos e reuniões nacionais e<br />

estrangeiras<br />

estar disponível para a podermos ir buscar e ser<br />

interpretável e aplicável fora dos sítios onde são<br />

feitos os estudos. Assim, parece-me impossível e<br />

errado não pegar nessa evidência científica para<br />

não apoiar, nomeadamente, a decisão política. É<br />

quase um imperativo ético que tenhamos de<br />

milizar esta informação para melhorar a qualidade<br />

do nosso trabalho e das nossas decisões.<br />

Apesar de utilizarmos esta evidência científica<br />

não a utilizamos bem. Há hoje em dia um<br />

processo de produção de dados científicos de<br />

alta qualidade e o grande desafio aqui é fazê-los<br />

chegar às pessoas.<br />

GH - Onde é que falha esse processo?<br />

AVC-Nós hoje já temos processos de informação<br />

muito bons, através das tecnologias de informação<br />

mais modernas, já temos instrumentos,<br />

programas, livros electrónicos, que nos permitem<br />

'on real time' num serviço de urgência, numa<br />

unidade de cuidados intensivos, num centro de<br />

saúde, ter, em dois minutos, uma resposta precisa,<br />

cientificamente sólida, de alta qualidade. Isto<br />

já é possível. O grande desafio está em fazer<br />

chegar aos profissionais de saúde, médicos e não<br />

só, esta informação atempadamente, no momento<br />

em que estão a ter interface com o doente.<br />

GH - Mas o que falha?<br />

AVC - A construção do sistema tecnológico de<br />

informação. Ele está montado aqui dentro, na<br />

Faculdade e no Hospital de Santa Maria, 24<br />

horas por dia. Fora daqui já não se pode aceder,<br />

porque é fechado por uma questão até de 'royalties'<br />

dos programas. Primeiro, temos então de<br />

construir o substrato tecnológico para poder<br />

distribuir a informação toda. Em segundo lugar<br />

é preciso um investimento e 'know-how' para<br />

saber que informação é que vamos disponibilizar.<br />

Até porque a questão, hoje em dia, é que há<br />

informação a mais! Publicam-se quatro milhões<br />

de livros por ano!<br />

G H - Quem faria essa triagem?<br />

AVC - As classes profissionais lideradas pelos<br />

académicos. Mas que fique claro: não acho que<br />

seja apenas o mundo académico. Cada uma das<br />

profissões - médicos, enfermeiros, farmacêuticos<br />

- deve ter grupos de 'experts' - para seleccionarem<br />

aquilo que é entendido como relevante, de<br />

alta qualidade e que seja aplicável.<br />

O desafio não é tratar cada vez menos doentes<br />

com doenças mais raras, com tratamentos mais<br />

dispendiosos, é, sim, levantar a média do tratamento.<br />

E isso significa chegar a milhares de profissionais.<br />

l<br />

"A Farmacoeconomia atribui<br />

um preço a uma eficácia"<br />

GH-Será fácil implementar esse sistema em Portugal?<br />

AVC-Vai devagar, são investimentos vultuosos.<br />

A tecnologia é nova, não é fácil de montar, mas<br />

já há países onde estão bastante adiantados:<br />

Inglaterra, Canadá, Alemanha, França, Nova<br />

Zelândia, Austrália. A minha proposta é ir buscar<br />

essa experiência.<br />

GH - Como está a investigação médica em Portugal?<br />

AVC - A investigação básica está de boa saúde,<br />

a investigação clínica quase não existe. Ou seja,<br />

na básica, temos excelentes grupos, que publicam<br />

nas melhores revistas dos mundos. A investigação<br />

clínica existe muito pouca ...<br />

GH- Porquê?<br />

AVC - Porque é complexa de fazer. Não há dinheiro<br />

e não há pessoas. Estou a falar de qualquer<br />

tipo de estudos em doentes, com questões que<br />

importam aos doentes, com técnicas que possam<br />

ser aplicadas aos doentes, para doenças que os<br />

doentes têm. É uma área difícil a dos ensaios clínicos,<br />

a dos estudos de diagnósticos .. . há já<br />

muito coisa é nos estudos epidemiológicos observacionais,<br />

o que se chama a investigação dos<br />

serviços de saúde ou dos resultados em saúde.<br />

Fazer um centro universitário de investigação<br />

>>> É um imperativo ético a utilização da evidência científica para melhorar a qualidade do nosso<br />

trabalho e das nossas decisões<br />

para ensaios clínicos pode querer dizer ter 400 a<br />

600 pessoas a trabalhar só para isso. É uma área<br />

muito complexa, mas ternos esperança de a<br />

desenvolver em Portugal, nomeadamente, começando<br />

pelos ensaios clínicos.<br />

GH - O que significou para si ter um trabalho<br />

seu publicado no 'British Medical Journal'?<br />

AVC- Foi a nossa coroa de glória! É um prémio<br />

importantíssimo. Fizemos uma meta-análise,<br />

olhando todos os ensaios clínicos publicados até<br />

hoje, em que houvesse um controlo do colesterol,<br />

simultaneamente, em doentes diabéticos e<br />

não-diabéticos. Seleccionámos 12 artigos que<br />

foram cuidadosamente escrutinados e descobrimos<br />

que, quer em cuidados primários, quer em<br />

cuidados secundários, a modulação do colesterol,<br />

quer com estatinas quer com fibratos, diminui<br />

em 23% o risco cardiovascular nos diabéticos<br />

e em <strong>21</strong> o/o nos não-diabéticos, demonstrando<br />

assim que o impacto é muito superior nos diabéticos.<br />

Nós estamos convencidos que os diabéticos<br />

devem fazer logo um anti colesterol desde<br />

que tenham um diagnóstico feito. Este trabalho<br />

suporta a ideia que devemos ser muito agressivos<br />

em doentes com diabetes e com colesterol,<br />

mesmo que este esteja relativamente normal,<br />

porque vai evitar complicações.<br />

Este estudo foi integralmente desenhado aqui<br />

no CEMBE, teve uma chamada de capa da<br />

revista e um editorial e já recebemos mensagens<br />

a dizer que ele já foi abstraído para a<br />

maior parte das bases de dados mais importantes<br />

do mundo. Esta é uma das áreas em que<br />

Portugal pode ganhar muito: é dominar bem<br />

esta tecnologia, ter boas ideias e fazer investigação<br />

secundária.<br />

GH - O que é que o Centro está a estudar agora?<br />

AVC - Está a estudar doenças cardiovasculares,<br />

acima de tudo, e estamos também a fazer<br />

investigação sobre diabetes e doenças neurológicas.<br />

A fazer estudos observacionais e, esperamos,<br />

eventualmente, participar, no futuro, em<br />

ensaios clínicos. 1BD<br />

, '<br />

17 :


Punição<br />

Constantino Sakellarides, professor da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), marcou<br />

a ll ªConferência Nacional de Farmacoeconomia (CNF), ao chamar a atenção para a actualidade<br />

política e para as taxas sobre os internamentos, a que chamou as Taxas da Punição.<br />

Na foto, a posição da mãos do ex-Director Geral da Saúde, deixam perceber que há<br />

muitas orações para fazer.<br />

Envolvimento<br />

O economista Daniel Bessa fez uma brilhante<br />

apresentação durante a llª CNF. Analisou a<br />

realidade económica do país e, com base<br />

nesses pressupostos, "fez a ponte" para a<br />

Saúde e para tudo o que envolve o SNS, sem<br />

esquecer pormenores farmacoeconómicos. De<br />

uma forma transparente e realista, Daniel<br />

Bessa demonstrou que os economistas da<br />

saúde são cada vez mais importantes em<br />

matérias que se prendem com os hospitais e a<br />

com a nossa Saúde.<br />

Mudança<br />

A Novartis Oncology tem conseguido impôr a sua dinâmica pela inovação e pela<br />

diferença. O director executivo da empresa, Paulo Vasconcelos (segundo a contar<br />

da direita), explicou a todos os presentes, qual era a atitude da Novartis Oncology<br />

face e muitas interrogações dos parceiros (médicos, administradores hospitalares<br />

e farmacêuticos hospitalares). Foi interessante perceber, neste evento, que os<br />

comportamentos da Indústria Farmacêutica (pelo menos de alguma) estão a<br />

mudar. Ou seja: do "low profile" habitual começa a notar-se a vontade de intervir<br />

e ser parceiro real.<br />

Ponderação<br />

Pedro Lopes, vice-presidente da APAH, (à esquerda)<br />

foi um dos intervenientes na última mesa da<br />

conferência de farmacoeconomia. Foi um orador<br />

ponde rado que conseguiu equilibrar as restantes<br />

ideias expostas e que, nem sempre, eram<br />

coincidentes e concordantes. O vice da APAH,<br />

aliás, teve a coragem de a presentar soluções a<br />

ter em atenção, pa ra o futuro, o que não é<br />

muito habitual nestes encontros.<br />

Marketing<br />

Este foi um encontro médico: Vaz Carneiro (à esquerda), Pereira Alves (centro) e Germano de<br />

Sousa, estiveram muito animados num dos intervalos do evento. O ex-bastonário da Ordem<br />

dos Médicos estava visivelmente animado e bem disposto. O mesmo se passou com o cirurgião<br />

dos Capuchos. Vaz Carneiro teve, mais uma vez que explicar que não era contra a Indústria<br />

Farmacêutica, mas sim contra o seu marketing.<br />

Coerência<br />

João Gomes Esteves, pres idente da Asso ciação Portuguesa<br />

da Indústria Fa rmacêutica (APIFARMA) não<br />

fa ltou à Conferência promovida pela APAH, Novartis<br />

Oncology e revista Pré mio. De facto, qua ndo o<br />

assunto é farmacoeconomia Gomes Esteves não<br />

deixa de estar presente. A sua inte rve nção fo i bastante<br />

coerente.


Benchmarking Clínico<br />

Um instrumento para a melhor<br />

~·<br />

D<br />

ia dos resultados dos hospitais<br />

"O termo anglo-saxónico<br />

Benchmarking, de difícil<br />

tradução numa só palavra,<br />

identifica a comparação dos<br />

processos de um·a<br />

organização com as práticas<br />

que demonstraram os<br />

melhores resultados. É um<br />

processo contínuo de<br />

comparação para aprender<br />

com as organizações líderes<br />

que apresentam os melhores<br />

resultados".<br />

O<br />

s serviços de saúde pública"são<br />

considerados como uma organização<br />

de conhecimento. Alguns<br />

autores consideraram o conhecimento como o<br />

principal produto de uma sociedade moderna<br />

e alguns apontaram os sistemas de saúde pública<br />

como as empresas mais complexas e dinâmicas<br />

do mundo. Os hospitais, que concentram<br />

os maiores recursos, especialização e<br />

tecnologia, seriam a sua máxima expressão.<br />

Face a estes conceitos, qualquer pessoa que<br />

conheça bem os hospitais, os seus arquivos, a<br />

forma de transmissão de ordens e instruções e<br />

os meios de registo dos dados importantes<br />

para o cuidado dos pacientes, não pode deixar<br />

de se surpreender perante a escassez de sistematização<br />

existente no armazenamento e preservação<br />

de tantos conhecimentos.<br />

A integração das tecnologias de informação nos<br />

hospitais, ainda que mais lenta do que a que<br />

>>> Merces Casas, directora-geral da IASIST -<br />

Barcelona<br />

ocorre em muitas outras organizações, está a<br />

trazer progressos importantes no âmbim do fimcionamento<br />

diário daquelas unidades. Contudo,<br />

essa progressão não tem ocorrido ao mesmo<br />

ritmo da oferta de conhecimento real aos gestores<br />

e profissionais de saúde, para a avaliação e tornada<br />

de decisões de melhoria. Ainda que os investimentos<br />

em tecnologias de informação permitam<br />

aos médicos, no melhor dos casos, um<br />

acesso melhorado e imediato à história clínica<br />

detalhada de cada paciente, resultando numa<br />

maior eficiência da sua função, não lhes permite<br />

conhecer facilmente quais são os resultados e<br />

consumos da sua actividade junto dos pacientes.<br />

E, muito menos, compará-la com a dos seus<br />

pares, desconhecendo assim o seu nível objectivo<br />

de excelência ou o seu potencial de melhoria.<br />

O investimento na informatização não produzirá<br />

mdos os benefícios esperados neste campo se<br />

não se verificar a transformação da cultura da<br />

organização, numa cultura cujo objectivo seja a<br />

gestão do conhecimento.<br />

O sistema sanitário é uma burocracia profissional,<br />

sendo os médicos os executivos qualificados<br />

para a tomada de decisões-chave (determinar<br />

os processos de diagnóstico e o tratamento<br />

dos pacientes) e, portanto, devem ser<br />

eles os destinatários principais da informação<br />

comparativa que lhes permita identificar as<br />

potenciais áreas de melhoria da eficiência e da<br />

qualidade dos serviços.<br />

Neste artigo apontam-se algumas das bases para<br />

o aproveitamento da informação disponível em<br />

todos os hospitais, de modo a oferecer aos médicos<br />

meios de avaliação objectiva que identifiquem<br />

as áreas de melhoria das suas práticas,<br />

possibilitando, ao mesmo tempo, uma visão da<br />

situação actual e das perspectivas de futuro a<br />

curto prazo. Como as tecnologias e os seus avanços<br />

são uma condição necessária, ainda que não<br />

suficiente, para a integração de informação objectiva<br />

no processo de tomada de decisões na prática<br />

profissional, encontram-se aqui, igualmente,<br />

incluídas algumas reflexões sobre as condições<br />

básicas para a divulgação desta informação aos<br />

médicos, favorecendo uma necessária mudança<br />

da cultura.<br />

O Benchmarking Clínico<br />

O termo anglo-saxónico Benchmarking, de diflcil<br />

tradução numa só palavra, identifica a comparação<br />

dos processos de uma organização com<br />

as práticas que demonstraram os melhores resultados.<br />

É um processo contínuo de comparação<br />

para aprender com as organizações líderes que<br />

apresentam os melhores resultados.<br />

O Benchmarking é uma actividade bem estabelecida<br />

noutros sectores, onde já demonstrou a sua<br />

utilidade nos processos de melhoria contínua,<br />

mas tem uma penetração escassa no mundo<br />

sanitário. Isto, deve-se tanm às tradicionais dificuldades<br />

de medição objectiva dos resultados<br />

dos serviços de saúde pública, como à culrura pre-<br />

dominante, essencialmente obscurantista e pouco<br />

propensa à circulação da informação objectiva.<br />

No entanto, a sua introdução no sector sanitário<br />

deveria ser mais fácil do que entre empresas<br />

concorrentes, já que a comparação entre hospitais<br />

pode sustentar-se em bases mais cooperativas,<br />

pelo menos nos serviços nacionais de saúde.<br />

Os hospitais e os seus profissionais são tradicionalmente<br />

adversos à comparação, quer por argumentos<br />

baseados na dificuldade técnica de realizar<br />

essas comparações, quer por aspectos<br />

subjectivos mais relacionados com uma cultura<br />

tradicional de opacidade. Neste meio, existe um<br />

conjunto de condições técnicas e organizativas<br />

para facultar informação do Benchmarking aos<br />

médicos, tal como mostra a tabela 1.<br />

Tabela 1 - Requisitos para o<br />

Benchmarking Clínico<br />

Requisitos básicos ·<br />

- Existência de dados básicos de hospitalizaçá.o (CMBD)<br />

- Uso de um sistema de classificaçá.o de pacientes (ex. GDR)<br />

- Comparação com outros centros<br />

- Rigor técnico da análise<br />

Condicionantes organizativas<br />

- Confidencialidade<br />

- Acessível aos médicos<br />

- Interpretação rigorosa<br />

----<br />

- Reconhecer e incentivar a boa prática<br />

Requisitos básicos<br />

As dificuldades técnicas de medição nos serviços<br />

de saúde pública derivam da variabilidade dos<br />

pacientes e da falta de equidade e utilidade das<br />

comparações de resultados (sejam estes custos, óbitos<br />

ou quaisquer outros) sem considerar a gravidade<br />

e as características dos pacientes tratados. Esta<br />

dificuldade foi superada tecnicamente há décadas<br />

com dois avanços importantes:<br />

- A generalização nos países ocidentais de um<br />

conjunto de dados básicos comuns para todos os<br />

pacientes hospitalizados. A sua implantação<br />

variou, segundo os países, entre as décadas de 50<br />

e 80 do século passado e é amplamente conhecida<br />

por Conjunto Mínimo Básico de Dados<br />

(CMBD), tendo este sido o resultado de um<br />

consenso a nível europeu nos anos 70;<br />

- A construção e difusão de Sistemas de Classificação<br />

de Pacientes que ajustavam os riscos ou<br />

a complexidade dos pacientes. Entre os muitos<br />

existentes, os Grupos de Diagnóstico Relacionados<br />

(GDR) são os que se encontram internacionalmente<br />

mais divulgados para os pacientes<br />

hospitalizados.<br />

Estes dois avanços conduziram à existência de<br />

enormes bases de dados internacionais, que permitem<br />

a comparação com muitos centros e<br />

países, além da possibilidade de realizar comparações<br />

equitativas e com significado ao ajustar as<br />

medições e estatísticas de acordo com a complexidade<br />

dos pacientes tratados.<br />

As vantagens dos GDR resultam da capacidade<br />

de sintetizar os milhares de episódios atendidos<br />

anualmente por um hospital num conjunto<br />

manejável de categorias de consumo, clinicamente<br />

homogéneas, que se mostraram de grande<br />

utilidade em todas as áreas de planeamento e<br />

de gestão hospitalar. O uso dos GDR sedimentou-se<br />

na maioria das administrações sanitárias<br />

europeias como o principal instrumento ao serviço<br />

de várias políticas, que vão desde a orçamentação<br />

ao pagamento de serviços hospitalares,<br />

da celebração de contratos de serviços à<br />

avaliação das unidades hospitalares. Portugal foi<br />

pioneiro na Europa na sua utilização para a<br />

obtenção de orçamentos hospitalares mais equitativos<br />

e que incentivassem a eficiência. Curiosamente,<br />

ou quiçá precisamente por essa primeira<br />

utilização com fins orçamentais, usou-se<br />

menos extensivamente para a avaliação clínica e<br />

como ferramenta de apoio para os próprios<br />

médicos. Os dados tanto do CMBD como do<br />

GDR têm um grande potencial, já experimentado<br />

noutros meios, como base para a avaliação<br />

da actividade clínica.<br />

O grau de pormenor trazido pelos GDR permite,<br />

partindo de uma perspectiva clínica, localizar<br />

os processos de atendimento de um hospital<br />

onde haja possibilidades de melhoria, comparando-os<br />

com os resultados observados noutros<br />

hospitais para os mesmos pacientes. Permitirá,<br />

ainda, destacar quais as suas áreas de excelência.<br />

Numa perspectiva clínica, esta capacidade dos<br />

GDR constitui o ponto de partida de uma verdadeira<br />

gestão orientada para processos de atendimento<br />

concretos, uma vez que é capaz de atribuir<br />

a esses processos um conjunto de indicadores<br />

chave para a qualidade e eficiência do atendimento.<br />

Nos pontos em que o GDR não tem precisão<br />

clínica suficiente, um bom registo de dados<br />

do CMBD permite melhorar a descrição dos<br />

casos com maior pormenor.<br />

Da combinação do CMBD, enquanto instrumento<br />

de disponibilização da informação, com<br />

os GDR, enquanto instrumentos de segmentação<br />

da casuística, surgiu a possibilidade de obter<br />

conhecimento sobre a eficiência e os resultados<br />

da actividade médica hospitalar de forma comparável,<br />

compreensível e generalizada. Ambos são<br />

a base das melhorias de informação experimentadas<br />

pelos hospitais na sua gestão clínica diária.<br />

O terceiro requisito é a comparação com outros<br />

centros. Por que é tão necessária essa comparação?<br />

Por múltiplos motivos, mz.s, baseando-nos<br />

na existência demonstrada cientificamente de<br />

uma ampla variação de custos e resultados em<br />

medicina, porque é a única forma de:<br />

- Conhecer a distância dos resultados próprios<br />

relativamente aos resultados habituais num meio<br />

similar;<br />

- Quantificar a diferença ou "gap";


1<br />

22<br />

- Identificar objectivos realmente alcançáveis<br />

em situações semelhantes e não "gold standards"<br />

de base subjectiva ou de outros contextos.<br />

A cultura que prevalece em muitos países europeus<br />

permite estes processos de Benchmarking<br />

exclusivamente sobre rigorosas bases de<br />

confidencialidade. Isto é, na realização das<br />

comparações com agregados de centros ou serviços,<br />

são mantidos no anonimato os resultados<br />

dos hospitais, de serviços ou de médicos.<br />

O que não impede de forma alguma que as<br />

comparações se façam.<br />

Todos os países europeus preenchem os dois<br />

primeiros requisitos (dispor de dados e utilizar<br />

sistemas do tipo G DR), mas existem grandes<br />

diferenças quanto ao preenchimento dos outros<br />

dois requisitos: a generalização das comparações<br />

(ou Benchmarking) e, sobretudo, a colocação<br />

destas à disposição dos médicos como<br />

instrumento para a tomada de decisões com<br />

base nos resultados.<br />

O Benchmarking Clínico na prática<br />

O Benchmarking de serviços de saúde pública<br />

será útil ao nível da macrogesrão (Ministéri~,<br />

Regiões), da mesogestão (gestão de hospitais) e<br />

da microgestão (chefes de serviço e médicos<br />

individuais). Contudo, aqui destaca-se especificamente<br />

o seu interesse ao nível dos médicos,<br />

como responsáveis chave e determinantes no<br />

processo de cuidados aos pacientes.<br />

O vínculo entre a avaliação de resultados e a<br />

gestão clínica é evidente: não é possível melhorar<br />

a prestação de um serviço (seja em termos de<br />

qualidade, eficiência ou qualquer outra dimensão<br />

desejada) sem medir os próprios resul tados e<br />

conhecer quais são os resultados alcançáveis em<br />

condições similares para pacientes parecidos.<br />

A função primordial do Benchmarking para os<br />

médicos é contribuir com informação útil para<br />

as expectativas, interesses e objectivos de desempenho<br />

específicos, isto é, a avaliação comparativa<br />

da complexidade dos seus pacientes e, de<br />

acordo com isso, os processos de cuidados, consu-<br />

Tabela 2 - Dimensões de Avaliação<br />

Dimensões Fenómenos Exemplos de indicadores<br />

Adequação<br />

<strong>Gestão</strong> de<br />

recursos<br />

Qualidade<br />

Adequação do internamento<br />

Adequação técnica<br />

Incorporação de técnicas<br />

Processo<br />

Uso de camas<br />

Uso de recursos alternativos<br />

Cusro<br />

Produtividade<br />

Segurança<br />

Mortalidade<br />

Complicações<br />

Reintegrações<br />

mos, resultados e custos derivados do seu tratamento.<br />

No quadro 2 mostram-se alguns exemplos<br />

das dimensões que se podem avaliar.<br />

Na prática, oferece aos médicos a possibilidade<br />

de comparar os seus processos e os resultados com<br />

os dos seus pares ou com os de melhores resultados,<br />

identificando as melhorias que podem<br />

realmente ser atingidas em condições reais simi-<br />

- Hospitalizações evitáveis<br />

- Razão da discrição<br />

- Índice de substituição por CMA<br />

- Massa crítica<br />

- Proporção de procedimentos específicos por laparoscopia<br />

- Proporção de stents difusores do fármaco<br />

- Percentagem de bypass com mamária<br />

- Percentagem de amputação completa por cancro da mama<br />

- Índice Estadia Média ajustada por case mix<br />

- Índice de substituição CMA<br />

- Derivações para centros convalescença por patologias<br />

- Cusro ajustado por GDR<br />

- Cusro de farmácia ajustado por GDR<br />

- De salas de operações ajustando por procedimentos<br />

- Unidades de Produção por médico<br />

- Mortalidade em GDR de baixa mortalidade<br />

- C hoque pós-cirúrgico<br />

- Mortalidade ajustada<br />

- Complicações ajustadas<br />

- Reinternamentos ajustados<br />

- Inrernamenros por paciente em patologias crónicas<br />

lares. A figura 1 mostra como um serviço de<br />

Cirurgia cardíaca com pacientes 29% menos<br />

complexos poderia diminuir os dias de internamento<br />

dos seus pacientes em 26% , com implicações<br />

de eficiência económica, mostrando, ao<br />

mesmo tempo, alguns aspectos de qualidade<br />

passíveis de serem melhorados. A medida da<br />

qualidade do atendimento é, pelo seu evidente<br />

Figura 1 - Indicadores de um Serviço de Cirurgia Cardíaca comparado com o Benchmark (2004)<br />

Percentagem de Bypass<br />

com artéria mamária<br />

f ndice de Hemorragia em<br />

Bypass ajustado por Risco<br />

Índice de de Mortalidade<br />

ajustado por Risco<br />

Razão de Funcionamento<br />

Padrão de desempenho<br />

Peso Relativo<br />

(complexidade)<br />

' = Escadia Média Ajuscada por Casúscica<br />

o<br />

Potencial de melhoria<br />

0,2 0,4 0,6 0,8 1,2 1,4<br />

Hospital A • Benchmark<br />

1<br />

1<br />

~<br />

Figura 2 - Intensidade de uso da Cirurgia Maior Ambulatória e tempo médio de estadia ajustada<br />

por casuística (EMAC). 120 hospitais espanhóis. Ano 2003<br />

Hospitais com:<br />

Elevada CMA<br />

(


Figura 3 - O círculo virtuoso da informação<br />

em serviços de saúde pública<br />

R,,rolh," <strong>º</strong>''" ~<br />

Uso dos GRD<br />

Difusão<br />

Médicos<br />

Avaliaçáo<br />

de Objeccivos<br />

e Incentivos<br />

tanto pelos gestores, como pelos próprios médicos<br />

é igualmente fundamental. Assim como<br />

acontece com os testes de selecção, as diferenças<br />

nos resultados dos indicadores não constituem<br />

verdades absoluras mas "indicações" de alta pro­<br />

- Os conteúdos têm de centrar-se nos elementos<br />

chave para as decisões médicas;<br />

-A informação tem de ser acessível e inteligível<br />

para os médicos;<br />

-A apresentação tem de ser simples, fácil de usar<br />

e compreensível;<br />

-A pedagogia e a sensibilidade para as preocupações<br />

dos médicos relativamente à informação<br />

são cruciais;<br />

- A oferta de informação deve considerar-se<br />

uma ferramenta de apoio ou um serviço à função<br />

dos médicos;<br />

- Devem reconhecer-se as boas práticas e existir<br />

mcennvos para as mesmas.<br />

A circulação destes dados pressupõe, de facto,<br />

para a administração um elemento importante<br />

para demonstrar aos profissionais que, mesmo<br />

com as limitações que os dados possam ter, estes<br />

ou custos diferentes. Recordando que, em geral,<br />

foi a administração a promotora da informação<br />

do CMBD e dos GDR, há experiências muito<br />

diferentes da sua apresentação aos médicos:<br />

- Simplesmente como base das estatísticas hospitalares<br />

comparadas sem maiores implicações do<br />

que o uso esporádico nos processos de avaliação<br />

anual;<br />

- Nos contratos-programa, para fixar objecrivos<br />

para o ano seguinte, com implicações económicas<br />

directas ou indirectas, reais ou potenciais,<br />

maiores ou menores;<br />

- Como objectivos mensuráveis para a obtenção<br />

de retribuições variáveis;<br />

- Como formas de ajuste dos orçamentos anuais<br />

do hospital ou dos serviços.<br />

Potencialidade de futuro<br />

,.<br />

Lisboa<br />

Workshop de Farmacoeconomia<br />

A<br />

pertinência<br />

da avaliação económica<br />

de medicamentos e a análise dos<br />

custos farmacológicos associados às<br />

diferentes patologias serão tema em debate na<br />

Escola Nacional de Saúde Pública, no próximo<br />

dia 28 de Outubro.<br />

Com a coordenação científica da Associação Portuguesa<br />

de Economia da Saúde, o Workshop de<br />

Noções Básicas de Farmacoeconornia para Apoio<br />

à Decisão com início às 9.30h, conta com uma<br />

parte teórica que vai incidir fundamentalmente<br />

na avaliação económica e nos custos da doença.<br />

A actual escassez de recursos e a fixação de prioridades<br />

serão temas em debate tendo ainda em<br />

conta a quantificação de resultados e respectivas<br />

análises de custo-efectividade, custo-benefício.<br />

À tarde, estará em causa o tratamento de doenças<br />

como a artrite reumatóide e a hepatite c que<br />

serão objecto de trabalhos práticos no âmbito<br />

da farmacoeconomia a nível hospitalar.<br />

O Workshop de Noções Básicas de Farmacoeconomia<br />

para Apoio à Decisão conta com o<br />

patrocínio da Associação Portuguesa de <strong>Gestão</strong><br />

<strong>Hospitalar</strong>, Associação Portuguesa de Economia<br />

da Saúde e a Associação Portuguesa dos Farmacêuticos<br />

<strong>Hospitalar</strong>es, bem como com o apoio da<br />

Shering Plough Farma e PharmacoEconornics,<br />

entre outros patrocinadores internacionais. 1m<br />

babilidade de diferenças ou problemas reais. É<br />

função do profissional experimentado interpre­<br />

são a base fundamental de avaliação nessas instâncias<br />

e, portanto, os resultados são observados<br />

A evolução previsível da informação para a<br />

gestão clínica surge através dos avanços na infor­<br />

Asma<br />

tar adequadamente os pressupostos falsos positivos<br />

e negativos, assim como formular as hipóteses<br />

sobre as causas subjacentes das diferenças<br />

existentes entre a própria prática e as práricas.pos<br />

centros ou serviços similares.<br />

também noutros níveis. Isto já constitui nos<br />

meios profissionais um estímulo em si mesmo<br />

para empreender acções que evitem maus indicadores<br />

e promovam o interesse para dispor<br />

deles frequente e antecipadamente.<br />

matização dos serviços de saúde pública, requisito<br />

necessário ainda que não suficiente. As<br />

mudanças mais transcendentais são esperadas nas<br />

áreas da interligação de bases de dados hospitalares<br />

(farmácia, laboratórios, diagnóstico de<br />

Crianças interrompem tratamento<br />

com corticóides inalados<br />

De facto, este processo de análise, questionamento,<br />

interiorização e retro-alimentação proporcionado<br />

pela informação de avaliação para a<br />

gestão clínica, bem como a linguagem para o<br />

estabelecimento de objeccivos nos hospitais, deve<br />

ser uma constante mantida ao longo do tempo.<br />

As múltiplas e diferentes experiências regionais<br />

em Espanha mostram a eficácia das acções e<br />

dos vários processos de incentivo para a introdução<br />

e uso da informação, os quais se devem<br />

adaptar às diferentes circunstâncias e culturas<br />

de cada centro. Há, no entanto, alguns elementos<br />

comuns e chave dos quais se podem retirar<br />

algumas orientações para outros e para a introdução<br />

de avanços futuros.<br />

Algumas lições comuns dos processos seguidos<br />

com sucesso são:<br />

- Garantir a confidencialidade do hospital, serviço<br />

ou médico responsável;<br />

Nos lugares onde se fez uso intensivo destas<br />

potencialidades, como é o caso de diversas administrações<br />

sanitárias espanholas, não é descabido<br />

dizer que o contributo mais significativo dos<br />

GDR para a gestão hospitalar foi a sua institucionalização<br />

como linguagem comum entre os<br />

diferentes níveis do sistema (administração e<br />

hospitais; gerentes e médicos), possibilitando,<br />

como nunca antes, a discussão informada entre<br />

eles e focada em referentes e objectivos verdadeiramente<br />

clínicos e essenciais para a finalidade<br />

do sistema sanitário. Desta perspectiva, os<br />

GDR representaram o companheiro de viagem<br />

ideal de uma nova cultura de diálogo necessária<br />

para o processo de descentralização que a gestão<br />

clínica pressupõe.<br />

A existência de incentivos para o uso da informação<br />

é fundamental, mas há experiências de<br />

incentivos muito diferentes e dirigidos a pessoas<br />

imagem, etc.) e da análise do atendimento<br />

ambulatório, quer do atendimento primário,<br />

quer do ambulatório especializado (Consultas<br />

Externas e Urgências), finalizando com a integração<br />

de todos estes registos num identificador<br />

de paciente ... mas este assunto merece por si só<br />

. . .<br />

um artigo inteiro.<br />

A perspecciva obtida em 15 anos de contacto permanente<br />

com hospitais em processos de Benchmarking<br />

permite afirmar que existe a possibilidade<br />

de realizar um salto qualitativo importante<br />

em matéria de informação para a gestão clínica<br />

nos hospitais. Não se trata só do aumento e da<br />

sofisticação no manuseamento da informação disponível,<br />

mas também da integração da lógica de<br />

gestão por processos e da avaliação de dados<br />

objectivos nas funções dos médicos e dos gestores,<br />

como um meio útil para a melhoria da qualidade<br />

dos serviços prestados aos pacientes. rm<br />

ASociedade Respiratória Europeia,<br />

revelou os resultados de um estudo<br />

onde se afirma que muitas crianças<br />

medicadas com corricoterapia inalada, como<br />

tratamento de controlo de 1 ªlinha, interrompem<br />

esse tratamento.<br />

O estudo desenvolvido com a participação do<br />

médico Mike Thomas, da Universidade de<br />

Aberdeen, no Reino Unido, monitorizou os<br />

padrões de prescrição em 2200 crianças, com<br />

idades compreendidas entre os 2-14 anos com<br />

asma persistente. Ao longo de 12 meses do<br />

estudo, verificou-se que mais de metade das<br />

crianças (53,7%) interromperam o seu tratamento<br />

com corticóides inalados, o que poderá<br />

contribuir para resulrados insuficientes nesta<br />

faixa etária.<br />

"Os resultados neste estudo demonstram que<br />

muitas crianças interrompem a terapêutica com<br />

corcicóides inalados, o que poderá ter um impacto<br />

d i recto no controlo da sua asma. Há necessidade<br />

de levar a cabo posteriores investigações<br />

no sentido de se compreender as razões para as<br />

interrupções desta terapêutica de controlo e<br />

identificar outras alternativas para terapêuticas<br />

de controlo da asma que possam ser efectivas<br />

neste tipo de crianças" disse Mike Thomas.<br />

Até agora, a corticoterapia inalada foi a única<br />

opção como 1 ª linha de tratamento apro_vada na<br />

abordagem da asma pediátrica. No entanto,<br />

um antagonista dos receptores dos leucotrienos,<br />

teve recentemente aprovação Europeia<br />

como alternativa ao tratamento com doses baixas<br />

de corticóides inalados para crianças com idades<br />

compreendidas entre os 2-14 anos com asma<br />

persistente ligeira. rm<br />

1<br />

25 !


APAH e APDH querem<br />

"Pensar o Presente, Re· alizar o Futuro 11 CONGRESSO<br />

NACIONAL<br />

--·---- DOS HOSPITAIS<br />

Durante três dias o presente<br />

e do futuro dos Hospitais<br />

portugueses vai reunir os<br />

principais actor~s da Saúde<br />

do país. Trata-se do<br />

Congresso Nacional dos<br />

Hospitais que reúne a APAH<br />

e a APDH. São esperadas<br />

muitas surpresas.<br />

Em meados de Novembro o Congresso<br />

Nacional dos Hospitais (CNH)<br />

vai reurnr os pnnc1pais mtervernentes<br />

da Saúde, do país, para "Pensar o Presente, Realizar<br />

o Futuro". Trata-se de uma iniciativa<br />

conjunta entre a APAH e a APDH, que _não<br />

mediram esforços para fazer deste acontecimento<br />

um dos mais importantes do ano no<br />

que se refere aos Hospitais e à Saúde.<br />

Segundo os responsáveis pela organização do<br />

evento - Ana Escoval (APDH) e Manuel Delgado<br />

(APAH) - "os hospitais são hoje estruturas<br />

complexas, de grande importância económica<br />

e social na sociedade portuguesa e que, na<br />

generalidade, inspiram a confiança dos<br />

cidadãos".<br />

De facto, a evolução que se registou no tecido<br />

hospitalar português, nas úlcimas décadas,<br />

com o desenvolvimento de uma nova rede<br />

pública modernizada e a entrada de prestador_es<br />

privados, e o progresso registado, em<br />

volume e diferenciação, nas profissões de saúde,<br />

"ampliou significativamente o acesso dos<br />

cidadãos e contribuiu decisivamente para a<br />

melhoria dos nossos indicadores de saúde".<br />

Analisar esta evolução e perspectivar o futuro<br />

>>>Manuel Delgado e Ana Escovai querem realizar um debate profundo sobre os Hospitais, neste<br />

Congresso Nacional<br />

reunindo, para o efeito, contributos de peritos<br />

e de profissionais das mais diversas áreas do<br />

conhecimento, é o propósito deste congresso,<br />

centrado nos seguintes objectivos:<br />

- Analisar a situação dos hospitais portugueses<br />

quanto aos modelos e práticas de administração<br />

num contexto em que o desenvolvimento<br />

científico e tecnológico e os indicadores de<br />

saúde, são bastante favoráveis;<br />

- Reflectir sobre os faccores de entropia do sistema<br />

de saúde e, em particular, o seu impacto<br />

na rede hospitalar e discutir novas soluções e<br />

novos instrumentos de gestão.<br />

- Proporcionar um espaço de debate entre diferentes<br />

sensibilidades profissionais, quanto ao<br />

desenvolvimento das respectivas profissões e aos<br />

progressos verificados nas áreas do conhecimento,<br />

da inovação e da investigação.<br />

Temas<br />

O encontro, que se realiza na Escola Superior<br />

de Tecnologia de Saúde de Lisboa, vai ter lugar<br />

entre 16 e 18 de Novembro. No primeiro dia<br />

realiza-se um debate sobre "Organização e<br />

<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> -<br />

Novas Experiências",<br />

moderado pelo jornalista Jorge Correia, com<br />

apresentações de Daniel Ferro e Teresa Sustelo<br />

(CHL), Isabel Vaz (Hospital da Lus/ESS),<br />

Fernando Sollari Allegro (HGSA) e Manuel<br />

António (IPO/Coimbra). Os comentários<br />

finais são da responsabilidade de Manuel<br />

Antunes (HUC).<br />

No mesmo dia, tem lugar a conferência "Administradores<br />

<strong>Hospitalar</strong>es - O percurso de uma<br />

profissão", que pretende lembrar o 25° aniversário<br />

daAPAH - que se comemora este ano<br />

- e o trabalho de todos que estão ligados a esta<br />

área profissional.<br />

No dia 17, na sessão de abertura do congresso,<br />

Francisco Ramos, secretário de Estado da<br />

Saúde, apresenta a sua visão sobre o tema do<br />

evento: "Pensar o Presente, Realizar o Futuro".<br />

Os trabalhos continuam com a abordagem a<br />

questões que estão na ordem do dia nos hospitais,<br />

como a "<strong>Gestão</strong> da Informação, do<br />

Conhecimento e da Inovação"; "Contratualização,<br />

Financiamento e Eficiência H ospitalar";<br />

"Hospital, Ensino e Investigação" e a<br />

''.Arquitectura na Construção do Hospital do<br />

Futuro".<br />

No terceiro e último dia de encontro, "Qualidade<br />

e C línica! Governance" e "<strong>Gestão</strong> da<br />

Logística <strong>Hospitalar</strong>" são os temas que antecedem<br />

a conferência de encerramento, a cargo<br />

de Daniel Bessa, professor da Escola de <strong>Gestão</strong><br />

do Porto. Para finalizar os trabalhos, vão ainda<br />

usar da palavra, o ministro da Saúde, António<br />

Correia de Campos, o presidente da HOPE,<br />

Brian Edwards e o presidente da EAHM, Paul<br />

Castel.<br />

Além destes, vários oradores de prestígio, nacionais<br />

e internacionais, vão dizer de sua justiça<br />

sobre diferentes assuntos do sector (ver programa).<br />

Livro<br />

A par de toda a discussão que o CNH pretende<br />

levar a cabo, há ainda várias iniciativas paralelas<br />

que vão marcar o encontro. Uma delas tem<br />

a ver com a edição do livro "O Futuro da<br />

Saúde em Portugal". Trata-se de uma iniciativa<br />

da APAH e da APDH, em colaboração<br />

com a Fundação Calouste Gulbenkian, que<br />

reúne, em texto, as opiniões de várias e marcantes<br />

personalidades do sector da Saúde, mais<br />

precisamente Albino Aroso; António Rendas;<br />

Aranda da Silva; Constantino Sakellarides;<br />

Daniel Serrão; Esaú Dinis; João Gomes Esteves;<br />

João Co rdei ro; João Lobo Antunes; Jorge<br />

Simões; José Carlos Lopes Martins; José Pereira<br />

Miguel; Luís Pisco, Manuel Antunes; Maria<br />

Pensar o presente, realizar o futuro<br />

""'<br />

~ ~~~<br />

PROGRAMA<br />

Quinta-feira, 16 de Novembro<br />

15:00-15:30 Abertura do Secretariado<br />

15:30- 17:30 1. Organização e <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> - Novas Experiências<br />

Moderador: Jorge Correia (Antena 1)<br />

Comentador: Manuel Antunes (HUC)<br />

Palestrantes: Daniel Ferro/Teresa Sustelo (CHL) Isabel Vaz (Hospital da Luz/ESS)<br />

Fernando Sollari Allegro (HGSA - a confirmar) Manuel António (IPO Coimbra)<br />

18:30-20:00 Porto de Honra<br />

Conferência: Administradores <strong>Hospitalar</strong>es - o Percurso de uma Profissão<br />

08:30-09: 1 5 Sexta-feira, I 7 de Novembro<br />

09: 15-09:45 Abertura do Secretariado<br />

Sessão de Abertura: Pensar o Presente, Realizar o Futuro; Secretário de Estado da Saúde Francisco Ramos<br />

09:45-1 1 :00 li. <strong>Gestão</strong> da Informação, do Conhecimento e da Inovação<br />

Moderado r: Vasco Reis (ENSP)<br />

Palestrantes: Constantino Sakellarides (ENSP) João Lobato (ESTS) Victor Raposo (FEUC)<br />

11 :00-1 1 :30 Coffee-Break<br />

1 1 :30-1 3:00 Ili. Contratualização, Financiamento e Eficiência <strong>Hospitalar</strong><br />

Moderadora: Ana Escovai (APDH)<br />

Palestrantes: Enric Agustí i Fabré (CatSalut - Catalunha) Pedro Brito (UL) Pedro Lopes (HUC)<br />

13:00- 14:00 Almoço<br />

14:00- 15:45 IV Hospital, Ensino e Investigação<br />

Moderador: António Arnaut (Advogado)<br />

Comentadores: António Rendas (FCML) Costa Almeida (APMH) Arminda Mendes Costa (ESECP)<br />

Palestrantes: Alberto Amaral (CIPES/UP) Cármen Ayuso (V dei Pozo/CAPIO) Car los Pereira Alves (FCML)<br />

15:45- 16: 15 Coffee break<br />

16: 15-1 8:00 V. A Arquitectura na Construção de um Hospital Eficiente<br />

Moderador: José Carlos Lopes Martins Uosé de Mello Saúde)<br />

Palestrantes: Esteban Carrillo (Antares Consulting) José Luís Matos (CHBA) Rui Costa Maia (IDOM)<br />

20:30-23:30 jantar Oficial<br />

Sábado, 1 8 de Novembro<br />

08:30-09:00 Abertura do Secretariado<br />

09:00- 10:30 VI. Qualidade e C/inica/ Governance<br />

Moderador: Manuel Delgado (APAH)<br />

Palestrantes: António Vaz Carneiro (FML) Margarida França (IQS) Niek Klazinga (Federação Holandesa<br />

de Saúde Pública) José Feio (HUC)<br />

10:30- 1 1 :00 Coffee Break<br />

1 1 :00-12:30 VII. <strong>Gestão</strong> da Logística <strong>Hospitalar</strong><br />

Moderador: Artur Vaz (ESS)<br />

Palestrantes Adalberto Campos Fernandes (HSM) Paula Nanita (SUCH) Victor Herdeiro (HGSA)<br />

12:30-1 3:00 Conferência de Encerramento: Saúde - uma Realidade Cada Vez Mais Complexa, em Busca de Soluções<br />

Inovadoras; Daniel Bessa (EGP)<br />

1 3:00 Sessão de Encerramento<br />

Sua Excelência o Ministro da Saúde A. Correia de Campos; Presidente da HOPE Brian Edwards;<br />

Presidente da EAHM Paul Castel<br />

Augusta de Sousa; Maria de Belém Roseira;<br />

M anuel Sobrinho Simões; N uno Grande;<br />

Paulo Mendo; Pedro Nunes; Pedro Pita Barros;<br />

Vasco Reis e Vítor Melícias.<br />

A obra, aguardada com grande expectativa no<br />

sector, tem prefácio de Ana Escovai e de<br />

Manuel Delgado, estando o posfácio a cargo de<br />

António Correia de Campos. m<br />

1<br />

27 1


Espaço Açores<br />

Largo da Boa Hora - Ajuda<br />

Telefone: <strong>21</strong> .3640881<br />

Espaço Açores<br />

Os Açores em Lisboa<br />

P<br />

rovar<br />

uma iguaria que não encontra<br />

em mais lado nenhum. No restaurante<br />

Espaço Açores é este o desafio:<br />

variam de ilha para ilha. E é assim que no<br />

"Espaço Açores" pode provar uma sopa de<br />

peixe da Graciosa, um caldo de peixe do Pico<br />

Miguel, pudim de coco da ilha do Pico ou<br />

ainda "espera-maridos", barriga de freira da<br />

Terceira e ovos pardos ou doce de vinagre da<br />

•<br />

lado do mercado e com uma agradável visra<br />

para o rio, este restaurante açoreano feito de<br />

raíz, não deixou nada ao acaso. A negra pedra<br />

típica dos Açores, o basalto, contrasta com o<br />

com claro da madeira, a criptoméria, vindos<br />

ambos de São Miguel. Para além da cri reriosa<br />

escolha dos materiais, as cores azul e vermelho<br />

são também elas as cores típicas das<br />

go espaço, José Sócrates "que comia sempre<br />

alcatra" revela-nos o gerente, responsáveis<br />

do governo regional dos Açores e a família<br />

Medeiros Ferreira, para apenas citar algumas<br />

personalidades.<br />

A gerência, a cargo de Alfredo Alves que<br />

conhece por dentro o mundo da restauração<br />

- começou com um restaurante n a<br />

29 .<br />

'<br />

os condimentos, os peixes, a carne, até as<br />

bebidas vêm das ilhas açorianas e mesmo a sua<br />

confecção está a cargo de quem há muito<br />

ou peixes grelhados como anchovas, encharéu,<br />

irio e mero. Nas carnes, pode decidir-se por<br />

uma alcatra à terceirense ou um bife à micae­<br />

ilha de Santa Maria.<br />

Para acompanhar a refeição pode sempre<br />

escolher um vinho dos Açores: há o Donatá­<br />

casas e dos barcos açoreanos.<br />

Aberto há cerca de dois meses na Boa Hora,<br />

o "Espaço Açores" é o antigo "Bambino<br />

Horta onde permaneceu quase uma década<br />

e veio depois para Lisboa abrir o "Bambino<br />

d ' Ouro" - aconselha a reserva, sobretudo ao<br />

conhece esta cozinha por dentro.<br />

Uma cozinha que se quer diversificada, até<br />

lense, para apenas citar alguns. A mesma<br />

variedade está presente nas sobremesas - tige­<br />

rio da Terceira, C urral Aclantis, Vinha da<br />

Pedra, Frei Gigante, entre outros.<br />

d 'Ouro" que funcionou durante oito anos,<br />

também el e com cozinha açoreana.<br />

fim de semana.<br />

É que que aos domingos, por exem plo, pode<br />

porque, há diferentes especialidades que<br />

lada, pudim de mel ou pudim de chá de S.<br />

Em pleno Largo da Boa Hora, mesmo ao<br />

Contam-se entre os frequentadores do anti-<br />

saborear o famoso cozido das furnas. rm


Reestruturação<br />

Ministério dá<br />

• •<br />

,.<br />

pr1me1ro passo<br />

Análises<br />

Santa Maria abre laboratório<br />

O ministro da Saúde, Correia de Campos, revelou que o Hospital de Santa Maria<br />

A<br />

reorganização das urgências hospitalares<br />

já deu o primeiro passo.<br />

Até 31 de Outubro as Administrações<br />

Regionais de Saüde (ARS) deverão<br />

submeter ao ministério da tutela uma pro­<br />

vai abrir o seu laboratório de análises clínicas aos centros de saúde da sua área de<br />

influência.<br />

Na prática, os utentes dos vários centros de saúde de Lisboa vão poder fazer as análises<br />

clínicas nesta unidade hospitalar em vez de recorrerem a um laboratório privado.<br />

Ainda de acordo com o titular da pasta da Saúde, os dados laboratoriais serão enviados<br />

electronicamente para os centros de saúde, poupando deslocações aos utentes.<br />

posta de requalificação dos serviços de<br />

urgência prestados pelos hospitais portugueses,<br />

estando prevista a criação de um<br />

Grupo de Acompanhamento da Requalificação<br />

das Urgências (GARU) para seguir<br />

todo o processo posterior.<br />

A proposta do ministério, que pretende<br />

retomar a constituição de equipas médicas<br />

dedicadas aos serviços de urgência, foi<br />

publicada em Diário da República no passado<br />

dia 12 de Serem bro e prevê o aumento<br />

do número de serviços de urgência para<br />

um total de 83 - actualmente são 72 - .~os<br />

quais 45 serão serviços básicos, constituídos<br />

por equipas de apenas dois médicos e<br />

dois enfermeiros que vão assegurar os cuidados<br />

mínimos.<br />

No entanto, a mesma proposta prevê o<br />

encerramento de algumas urgências ou a<br />

sua redução a urgências básicas o que já<br />

levantou uma onda de protestos das populações<br />

mais afectadas, que temem que o<br />

processo se assemelhe ao que levou ao<br />

encerramento dos blocos de partos. As<br />

unidades que deverão encerrar são as de<br />

Macedo de Cavaleiros, Régua, Vila do<br />

Conde, Fafe e Santo Tirso, estas cinco na<br />

região Norte; Ovar, S. João da Madeira,<br />

Espinho, Anadia, Estarreja, Fundão e Cantanhede,<br />

todas na região Centro; e as do<br />

Montijo e do Hospital lisboeta Curry<br />

Cabral, ambas na zona Sul.<br />

Além das equipas fixas, o despacho de Correia<br />

de Campos define as características<br />

das três novas unidades da Rede de Serviços<br />

de Urgência: o Serviço de Urgência Básica<br />

(SUB), o Serviço de Urgência Médico­<br />

Cirúrgica (SUMC) e o Serviço de Urgência<br />

Polivalente (SUP).<br />

O primeiro, que não existia anteriormente,<br />

é de cariz médico, podendo realizar apenas<br />

pequena cirurgia, e serão integrados "na<br />

rede hospitalar e em centros de saúde a<br />

identificar e qualificar para o efeito,<br />

nomeadamente com recursos humanos e<br />

meios complementares de diagnóstico adequados,<br />

que permitam, com maior proximidade,<br />

a resolução das situações urgentes<br />

de menor gravidade dos utentes do Serviço<br />

Nacional de Saúde". Estes constituirão "o<br />

primeiro nível de acolhimento a situações<br />

de urgência", podendo estar sediado numa<br />

área de influência que abranja uma população<br />

superior a quarenta mil habitantes.<br />

Acrualmente, o único hospital do país com<br />

equipas médicas fixas no serviço de urgência<br />

é a unidade de S. Sebastião, em Santa<br />

Maria da Feira, que possui este modelo<br />

desde Janeiro de 1999.<br />

Já o Serviço de Urgência Médico-Cirúr-<br />

gica que será o segundo nível de acolhimento<br />

em situações de urgência, deve,<br />

obrigatoriamente, ter as valências de medicina<br />

interna, cirurgia geral, ortopedia, imunohemoterapia,<br />

anestesiologia, bloco operatório<br />

apto durante 24 horas, imagiologia<br />

e patologia clínica. Compreenderá 25 hospitais<br />

devendo "localizar-se estrategicamente<br />

de modo a que, dentro das áreas de<br />

influência/atracção respectivas, os trajectos<br />

terrestres não excedam 60 minutos entre o<br />

local de doença ou acidente e o hospital".<br />

Por seu turno, o Serviço de Urgência Polivalente<br />

será o nível de urgência mais diferenciado,<br />

e prevê-se que venha a possuir<br />

todos os recursos do SUMC mais as valências<br />

de gastrenterologia, cardiologia de<br />

intervenção, cirurgia cardiororácica, cirurgia<br />

plástica reconsrrutiva, cirurgia vascular<br />

e neurocirurgia. A proposta contempla a<br />

sua existência em 13 hospitais centrais.<br />

Ainda de acordo com a proposta, o total de<br />

83 pontos de urgência passam, além de<br />

hospitais, a integrar também centros de<br />

saúde.<br />

Porém e embora a reorganização tenha o<br />

objectivo de garantir que o serviço de<br />

urgência fique, no máximo, a 30 minutos<br />

de distância da população servida (45<br />

minutos no caso de uma urgência polivalente),<br />

os especialistas que a elaboraram<br />

assumem que, devido a limitações demográficas<br />

e geográficas, um milhão de portugueses<br />

vai demorar mais a chegar a estas<br />

unidades. E esta é a questão que mais<br />

preocupação está a levantar junto das<br />

populações e das autoridades locais que<br />

recordam todo o processo ligado ao encerramento<br />

dos blocos de partos e dos serviços<br />

de atendimento permanente (SAP) dos<br />

centros de saúde.<br />

Os especialistas contrapõem, contudo, que<br />

o proposto "constitui um avanço significativo<br />

em relação à presente realidade<br />

nacional, na qual cerca de 450 mil habitantes<br />

distam mais do que 60 minutos de<br />

um serviço de urgência".<br />

O limite máximo indicativo de uma hora<br />

para o acesso do doente, a partir do local<br />

onde adoece, até ao serviço de urgência<br />

médico-cirúrgica mais próximo é estabelecido<br />

no despacho do ministro da Saúde.<br />

Correia de Campos, que esteve na Assembleia<br />

da República, no final de Setembro,<br />

para explicar a sua proposta e o alargamento<br />

das taxas moderadoras aos internamentos<br />

hospitalares e cirurgias de ambulatório,<br />

esclareceu que a decisão de<br />

reorganizar as urgências (bem como os blocos<br />

de partos e os SAP) se prende com a<br />

falta de recursos humanos e a necessidade<br />

de melhorar a gestão das unidades. m<br />

i<br />

3 1 l


...<br />

..<br />

....<br />

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.. . .. -<br />

Prémio Nacional de Saúde<br />

Albino Aroso distinguido pelo Ministério<br />

O<br />

"exemplo de vida" e a "dedicação<br />

à causa pública" foram os<br />

motivos pelos quais a Direcção­<br />

Geral da Saúde atribuiu o primeiro Prémio<br />

Nacional de Saúde ao médico Albino Aroso.<br />

O prémio foi criado este ano pelo ministro<br />

da Saúde Correia de Campos e visa distinguir<br />

anualmente "uma personalidade que<br />

tenha contribuído, inequivocamente, para a<br />

obtenção de ganhos em saúde ou para o<br />

prestígio das organizações de saúde no<br />

âmbito do SNS".<br />

Albino Aroso desenvolveu ao longo do seu<br />

percurso profissional, na área das ciências da<br />

saúde, uma "intensa actividade científica" e<br />

é considerado um dos maiores impulsionadores<br />

do planeamento familiar em Portugal,<br />

com um reconhecido trabalho na área<br />

materno-infantil.<br />

A atribuição do Prémio Nacional de Saúde<br />

decorre a 4 de Outubro de cada ano. Este<br />

ano o júri foi presidido pelo direccor do<br />

Instituto de Bioética da Universidade Católica,<br />

Walter Oswald, e constituído pelos<br />

bastonários das Ordens dos Médicos,<br />

Enfermeiros e Farmacêuticos e pelo director<br />

do Instituto de Higiene e Medicina Tropical,<br />

Jorge Torga!. m<br />

RCCI<br />

Tabela de preços já é conhecida<br />

á foi publicada, em Diário da República,<br />

a porcaria que define os preços<br />

dos cuidados na Rede Nacional de<br />

uidados Continuados Integrados (RCCI)<br />

e que entra em vigor com efeitos reportados<br />

a 3 de Julho deste ano para as experiências-piloto.<br />

A tabela de preços aplica-se<br />

às instituições e serviços integrados no Serviço<br />

Nacional de Saúde e às do sector privado,<br />

com ou sem fins lucrativos, no âmbito<br />

dos contratos efectuados com o<br />

Instituto de Segurança Social e as administrações<br />

regionais de saúde. E fixa o valor da<br />

diária de internamento por utente para<br />

cada uma das tipologias que integram as<br />

unidades de internamento e a unidade de<br />

ambulatório, para os cuidados de saúde e<br />

de apoio social.<br />

Os encargos decorrentes da prestação de<br />

cuidados de saúde são da responsabilidade<br />

do Ministério da Saúde, suportando o utente<br />

os encargos decorrentes da prestação dos<br />

cuidados de apoio social, mediante a comparticipação<br />

da segurança social a que houver<br />

lugar, determinada em função dos rendimentos<br />

do utente. Esta comparticipação<br />

será fixada em função dos rendimentos do<br />

utente, mas os seus termos serão fixados em<br />

diploma próprio.<br />

Assim, para as experiências-piloto, o valor<br />

das diárias de internamento nas unidades de<br />

convalescença e cuidados paliativas é fixado<br />

em 83,30 euros por utente. No caso das<br />

unidades de média duração e reabilitação<br />

42,95 euros por utente são da responsabilidade<br />

da Saúde e 17,35 euros são encargos<br />

com os cuidados de apoio social. Nas unidades<br />

de longa duração e manutenção a diária<br />

da responsabilidade da Saúde atinge os<br />

6,66 euros e o apoio social 27,34 euros.<br />

Já no caso das unidades de dia e de promoção<br />

da autonomia o valor é considerado globalmente<br />

por mês para 1 O a 15 utentes:<br />

427,81 euros. am


DIÁRIO DA REPÚBLICA<br />

A GH divulga a legislação mais relevante publicada em Diário da República entre 1 de Setembro e<br />

6 de Outubro.<br />

Presidência do Conselho de Ministros<br />

Resolução do Conselho de Ministros n. 0<br />

Setembro<br />

115/<strong>2006</strong>, 18 de<br />

Aprova o Plano Nacional conua a Droga e as Toxicodependências no<br />

médio prazo até 2012, bem como o Plano de Acção contra a Droga<br />

e as Toxicodependências no curto prazo até 2008<br />

Resolução do Cohselho de Ministros n. 0<br />

Setembro<br />

118/<strong>2006</strong>, <strong>21</strong> de<br />

Prorroga o mandato do Gabinete de <strong>Gestão</strong> do Programa Operacional<br />

da Administração Pública (GGPOAP) e da estrutura de missão<br />

Intervenção Operacional da Administração Pública (IOAP)<br />

Resolução do Conselho de Ministros n. 0<br />

Setembro<br />

119/<strong>2006</strong>, <strong>21</strong> de<br />

Determina o dia 4 de Dezembro como o Dia Nacional da Pessoa com<br />

Esclerose Múltipla<br />

Resolução do Conselho de Ministros n. 0<br />

Setembro<br />

120/<strong>2006</strong>, <strong>21</strong> de<br />

Aprova o I Plano de Acção para a Integração das Pessoas com Deficiências<br />

ou Incapacidade para os anos de <strong>2006</strong> a 2009<br />

Resolução do Conselho de Ministros n. 0<br />

Outubro<br />

Procede à reforma do sistema dos laboratórios do Estado<br />

Ministério da Saúde<br />

Decreto-Lei n. 0<br />

186/<strong>2006</strong>, 12 de Setembro<br />

124/<strong>2006</strong>, 03 de<br />

Estabelece o regime de atribuição de apoios financeiros pelos serviços<br />

e organismos do Ministério da Saúde a entidades privadas sem fins<br />

lucrativos<br />

Decreto-Lei n.<strong>º</strong> 195 /<strong>2006</strong>, 03 de Outubro<br />

Estabelece as regras a que obedece a avaliação prévia, para efeitos da<br />

sua aquisição pelos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, de medicamentos<br />

que devam ser reservados exclusivamente a tratamentos em<br />

meio hospitalar, bem como de outros medicamentos sujeitos a recei-<br />

Cria o curso de pós-licenciatura de especialização em Enfermagem de<br />

Saúde Infantil e Pediatria na Escola Superior de Enfermagem de<br />

São João e aprova o respectivo plano de estudos<br />

Portaria n. 0<br />

1044/<strong>2006</strong>, 20 de Setembro<br />

Fixa as vagas para a candidatura à matrícula e inscrição no ano lectivo<br />

de <strong>2006</strong>-2007 nos cursos de complemento de formação em<br />

Enfermagem ministrados em estabelecimentos de ensino superior particular<br />

e cooperativo<br />

Portaria n. 0<br />

1046/<strong>2006</strong>, 20 de Setembro<br />

Fixa as vagas para a candidatura à matrícula e inscrição no ano lectivo<br />

de <strong>2006</strong>-2007 nos cursos de pós-licenciatura de especialização em<br />

Enfermagem ministrados por estabelecimentos de ensino superior particular<br />

e cooperativo<br />

Portaria n. 0<br />

1048/<strong>2006</strong>, 20 de Setembro<br />

Fixa as vagas para a candidatura à matrícula e inscrição no ano lectivo<br />

de <strong>2006</strong>-2007 nos cursos de complemento de formação em Enfermagem<br />

ministrados em estabelecimentos de ensino superior público<br />

Portaria n. 0<br />

1049/<strong>2006</strong>, 20 de Setembro<br />

Fixa as vagas para a candidatura à matrícula e inscrição no ano lectivo de<br />

<strong>2006</strong>-2007 nos cursos de pós-licenciatura de especialização em Enfermagem<br />

ministrados em estabelecimentos de ensino superior público<br />

Ministério das Financas<br />

e da Administração Pública<br />

Decreto-Lei n. 0<br />

18 5/<strong>2006</strong>, 12 de Setembro<br />

Cria o Fundo de Apoio ao Sistema de Pagamentos do Serviço Nacional<br />

de Saúde<br />

Ministérios das Financas e da Administracão<br />

Pública, do Trabalho e<br />

3<br />

da Solidariedade<br />

Social e da Saúde<br />

Portaria n.<strong>º</strong> 994/<strong>2006</strong>, 19 de Setembro<br />

Define os preços dos cuidados de saúde e de apoio social prestados no<br />

âmbito das experiências-piloto da Rede Nacional de Cuidados Conta<br />

médica restrita, quando apenas comercializados n ~v~l 95,l*E· al


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