Gestão Hospitalar N.ª 27 2007
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Sopra<br />
uma boa nova.<br />
04 Editorial<br />
O futuro dos hospitais, a evolução do sistema de<br />
gestão, os novos desafios e uma orientação dirigida<br />
para a eficiência são alguns dos aspectos desenvolvidos<br />
neste editorial, assinado pelo presidente da APAH.<br />
Manuel Delgado expõe as questões que determinam<br />
a evolução e o sentido da gestão hospital, seus ciclos<br />
estratégicos, e ainda os seus maiores desafios<br />
e obstáculos.<br />
Aliámos a experiência e solidez de um grupo internacional,<br />
líder na sua área, ao maior e mais moderno complexo industrial<br />
farmacêutico português.<br />
1 O Actualidade<br />
12 Entrevista<br />
O nascimento da primeira unidade empresarial<br />
de serviços partilhados promete criar grandes<br />
oportunidades de poupança a par com a modernização<br />
das organizações hospitalares. A experiência que se<br />
inicia este ano pretende ainda libertar os gestores<br />
destas unidades para se dedicaram mais à sua<br />
vocação: a prestação de cuidados de saúde.<br />
O economista Pedro Pita Barros, o entrevistado desta<br />
edição, explicou à GH porque considera necessário<br />
aumentar os impostos e de que modo se pode combater<br />
o desperdício. Pita Barros criticou ainda a Ordem dos<br />
Médicos por criar obstáculos ao regresso de jovens<br />
médicos formados no estrangeiro e falou sobre o seu<br />
recente estudo no qual defende a Medicina Interna.<br />
Escolhemos Portugal para ser o centro mundial de desenvolvimento<br />
e produção de medicamentos injectáveis da Fresenius Kabi.<br />
Apostámos na qualidade, competência e formação dos nossos<br />
profissionais.<br />
Acreditámos no seu apoio.<br />
20 Política<br />
O Primeiro-Ministro, acompanhado de deputados dos<br />
vários partidos com assento parlamentar e respectivos<br />
filhos juntaram-se para, em conjunto, sensibilizarem<br />
e motivarem a população a ingressar a lista de dadores<br />
voluntários de medula óssea. A GH acompanhou a<br />
iniciativa que contribuiu para o aumento do registo<br />
de dadores.<br />
Em Portugal, com portugueses, para o mundo.<br />
[1']<br />
LABESFAL<br />
Fresenius<br />
Kabi<br />
22 Análise<br />
Margarida Bentes, administradora hospitalar, expõe,<br />
rática do novo<br />
opções e objectivos f2-l0..'1f.S.e:m:Q~~~~~!,!~J<br />
revela ainda qual a strutura e benefícios desta nova<br />
abordagem.<br />
Caring f o r<br />
L ife<br />
BIBLIOTECA<br />
3
O Futuro dos Hospitais:<br />
os ciclos estratégicos<br />
Manuel Delgado<br />
Presidente da APAH<br />
11<br />
É óbvio que<br />
estamos hoje<br />
perante formas<br />
de gestão mais<br />
exigentes e<br />
eventualmente<br />
menos simpáticas<br />
face aos múltiplos<br />
interesses"<br />
A<br />
estratégia dos nossos Hosp. irais públicos<br />
está hoje muito dominada pelas questões<br />
da eficiência.<br />
No decurso das últimas décadas, os Hospitais tiveram<br />
uma evolução impressionante em volume<br />
de serviços prestados, mas também, e sobretudo,<br />
na efectividade dos seus resultados: grande e permanente<br />
evolução do conhecimento e da tecnologia,<br />
novas profissões e super-especialização das<br />
pré-existentes, diversificação de Serviços, novas<br />
modalidades de prestação com resultados evidentes<br />
e consolidadas na redução diária das "demoras<br />
médias", na qualidade técnica dos cuidados e no<br />
sucesso das terapêuticas, na criação de alternativas<br />
consistentes para o internamento hospitalar.<br />
Nesse percurso, e apesar dos orçamentos hospitalares<br />
serem sistematicamente deficitários, não se<br />
registaram direccivas nem pressões significativas<br />
ou consequentes para que a sua gestão apresentasse<br />
resultados também do lado dos custos: justificando-os<br />
e controlando-os.<br />
Os tempos são hoje diferentes. As administrações<br />
são confrontadas com os seus custos e procura-se,<br />
num esforço louvável de benchmarking, detectar<br />
desperdícios e duplicação de meios, aperfeiçoar a<br />
autoi:nação de processos, controlar rigorosamente<br />
a inovação tecnológica, definir com racionalidade<br />
as prioridades em função de critérios custo-oportunidade<br />
ou custo-benefício.<br />
O paradigma da gestão hospitalar está a mudar rapidamente:<br />
de uma gestão facilitadora, a que apenas<br />
se exigia competência para angariar recursos e promover<br />
a adopção de novas tecnologias, passamos<br />
para modelos de gestão racionalizadores da oferta,<br />
que procuram desenvolver sinergias entre Serviços<br />
e entre Hospitais, discriminar a "boa" inovação da<br />
"má" inovação, fomentar e implementar horários<br />
de trabalho mais adequados, diversificados e racionais<br />
face ao afluxo da procura, desenvolver mecanismos<br />
de aprovisionamento ditados por regras<br />
simples expeditas e transparentes, mas cada vez<br />
menos sensíveis a interesses de circunstância.<br />
É óbvio que estamos hoje perante formas de<br />
gestão mais exigentes e eventualmente menos<br />
simpáticas face aos múltiplos interesses em presença.<br />
Mas que, sobretudo toca de forma directa,<br />
o "core business" da actividade hospitalar, ou seja,<br />
a prática clínica.<br />
Importa, chegados aqui, destacar a indispensabilidade<br />
da cooperação dos profissionais (médicos,<br />
enfermeiros, farmacêuticos e outros técnicos) para<br />
o sucesso de políticas de racionalização: têm o<br />
conhecimento e a prática e isso é essencial para o<br />
desenvolvimento de modelos de prestação mais<br />
custo-efectivos. Mas também têm a capacidade<br />
de liderança que permite mobilizar as profissões<br />
para atitudes e comportamentos mais ajustados e<br />
produtivos face às necessidades de criarmos valor<br />
para os doentes que demandam os Serviços.<br />
Teremos que, a prazo, proceder à avaliação global<br />
dos resultados obtidos. Separando a aparência da<br />
realidade, o efémero do consolidado, utilizando<br />
indicadores diversificados que, a par da eficiência<br />
entrem em linha de conta com a efectividade, a<br />
qualidade técnica e a satisfação dos doentes.<br />
Mas também temos, a prazo, de apostar em novas<br />
estratégias de compromisso perante a procura:<br />
reduzindo tempos de espera, facilitando<br />
o contacto dos doentes e eliminando etapas<br />
desnecessárias em matéria de marcação, desenvolvendo<br />
modelos de certificação e acreditação<br />
dos Serviços, promovendo e instalando procedimentos<br />
clínicos que garantam a segurança dos<br />
doentes, melhorando a pontualidade e o conforto<br />
e criando formas consistentes e modernas<br />
de fidelização, de atractividade e de confiança,<br />
junto das populações.<br />
Só assim fará sentido desenvolver estratégias do<br />
lado dos custos. Combinando-as com uma noção<br />
competente e efectiva de Serviço Público, moderno<br />
e adaptado às expectativas dos consumidores.<br />
Sob pena de caminharmos inexoravelmente para<br />
um modelo dual e classista de prestação de cuidados<br />
que, de todo, não perfilhamos. mo<br />
4
Sul<br />
Novo portal sobre cancro<br />
A<br />
região Sul de Portugal tem, agora, um<br />
novo portal com dados sobre o cancro.<br />
Este novo portal e a nova Plataforma de<br />
Registo do Cancro foram apresentados em<br />
meados de Abril e vão abranger as regiões<br />
de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve<br />
e Madeira. Trata-se de um projecto pioneiro<br />
na Europa por disponibilizar informação<br />
clínica tanto aos clínicos como ao público.<br />
As tarefas de processamento e tratamento da informação<br />
estão a cargo do Registo Oncológico<br />
Regional Sul, que vai registar casos de rumores<br />
malignos nas regiões enyolvidas na iniciativa.<br />
As informações incluídas vão desde os tipos de<br />
cancro mais comuns no território nacional até<br />
aos dados sobre a própria doença.<br />
O projecto foi desenvolvido por uma equipa<br />
de vários médicos e profissionais de saúde<br />
de diversas instituições, que contaram com<br />
a coordenação do Instituto Português de<br />
Oncologia de Lisboa. mo<br />
1<br />
Inovar<br />
para Melhorar<br />
DESTAQUES<br />
Pf'Ogratna ct. rast~io do cancro do colo<br />
do ütero<br />
Ler rr-315 _.,<br />
Nova Platafonna/Portal do ROR·Sul foi<br />
iiotída<br />
Lc1 mJ1s ><br />
Dia Nacional de Prevenção do Cancro da<br />
Pele<br />
No dia 4 de Junho de <strong>2007</strong> terá lugar em Portugal,<br />
pelo 19º ano consecutivo, a Campanha de<br />
Prevenção ...<br />
European guidelines for quality<br />
assurance in cervical cancer screening<br />
Recommendations for cytology laboratories.<br />
Lct mw1s ,.. .><br />
Programa de rastreio do cancro do colo<br />
do útero<br />
rnlok .. ~,.;..... Ân. "'"~.......... ~ .. -lta ........ ,;,...,,.. o. rnolhrt.r<br />
Junho<br />
Prémios Pfizer<br />
abriram candidaturas<br />
A<br />
s candidaturas aos três Prémio Pfizer de<br />
Investigação, a atribuir pela Sociedade das<br />
Ciências Médicas de Lisboa, estão abertas até ao<br />
dia 30 de Junho. O Prémio de Investigação Clínica,<br />
de 20 mil euros, tem por objectivo distinguir o<br />
melhor trabalho de investigação realizado total ou<br />
parcialmente em instituições nacionais.<br />
O Prémio de Investigação Básica, também<br />
de 20 mil euros, visa distinguir o melhor<br />
Alto Minho<br />
trabalho de investigação básica na área das<br />
ciências da saúde. Será ainda atribuída a<br />
Bolsa de Investigação em Envelhecimento<br />
e Geriatria Prof. Dr. Xavier Morara, no<br />
valor de 60 mil euros. O tema desta bolsa,<br />
reAecte a necessidade de resposta aos problemas<br />
decorrentes do envelhecimento generalizado<br />
da população e ao aumento das<br />
doenças nesta idade. mD<br />
Medicina familiar<br />
em debate<br />
,.<br />
6<br />
Congresso<br />
Urolo ..........<br />
ia em análise<br />
Associação<br />
Portuguesa<br />
de Urologia<br />
O<br />
Congresso Anual da Associação Portuguesa<br />
de Urologia, organizado pelo<br />
Serviço de Urologia e Transplantação Renal<br />
dos Hospitais da Universidade de C oimbra,<br />
realiza-se entre os próximos dias 7 e 9 de<br />
Junho, em Vilamoura, no Algarve.<br />
Em debate estarão tem as como a prevalência<br />
de sintomas urinários em Portugal, o<br />
fu turo da urologia, internato e exames, os<br />
avanços na Imagiologia, o tumor vesical<br />
superficial, novas terapêuticas n a doença<br />
m etastizada, as novas fronteiras da Neuro<br />
-Urologia, a i nconrinência urinária, o carcinoma<br />
da p róstata ou o custo das complicações<br />
ósseas. lilD<br />
A<br />
Associação Portuguesa dos Médicos<br />
de Clín ica Geral (APMCG) organiza,<br />
nos próximos dias 1 e 2 de Junho o 8°<br />
Encontro de Medicina geral e Familiar do<br />
Alto M inho, em Caminha.<br />
Em debate estarão temas como as crianças<br />
e os jovens face à violência, a suspeira<br />
de maus-tratos e os aspecros psicológicos<br />
da violência, o alcoolismo como doença<br />
social e familiar, a utilização de medicamentos<br />
para combater o alcoolismo, as<br />
doenças respiratórias, a epidemiologia da<br />
tuberculose pulmonar no distrito de Viana<br />
do Castelo, as doenças respiratórias<br />
profissionais e o futuro da Ordem dos<br />
Médicos. mo<br />
7
8<br />
Novas tecnologias<br />
Europa adapta declaração de eHealth<br />
***<br />
* *<br />
* *<br />
* *<br />
***<br />
Estudo<br />
O<br />
s Es tados-Membros da União Europeia,<br />
a Islândia, o Liech tenstein e<br />
a Noruega adaptaram uma declaração comum<br />
para criar uma estrutura de cooperação<br />
transfronteiriça na área dos serviços de<br />
eH ealth.<br />
Esta iniciativa vai permitir o acesso aos<br />
ficheiros clínicos dos pacientes, independentemente<br />
da sua localização, revelou<br />
a Presidência alemã da União, durante a<br />
Conferência eHealth, que debateu as m<br />
fra-estruturas tecnológicas como os fichei-<br />
Magnetismo reproduz<br />
ondas cerebrais<br />
U<br />
m investigador da Escola de Medicina<br />
e Saúde Pública da Universidade de<br />
Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos,<br />
descobriu uma forma de estimular as ondas<br />
cerebrais que caracterizam o estado mais profundo<br />
do sono. Esta descoberta pode abrir<br />
uma janela para qual o papel desempenhado<br />
pelo sono na saúde, felicidade e capacidade<br />
de aprendizagem dos seres humanos.<br />
Este ripo de ondas cerebrais, que ocupam<br />
cerca de 80 por cento das horas de sono,<br />
percorrem o cérebro em ondas de actividade<br />
elécrrica, cerca de uma vez por segundo, mil<br />
vezes por noite. Num comunicado, que foi<br />
publicado no jornal científico "PNAS", a<br />
equipa de investigadores descrevem o uso de<br />
estimulação magnética transcraneal (TMS)<br />
para iniciar este tipo de o ndas cerebrais em<br />
voluntários, tendo registado a actividade cerebral<br />
com um electroencefalograma.<br />
O aparelho de TMS envia um sinal magnético<br />
inofensivo através do escalpe e crânio<br />
para o cérebro, onde activa impulsos elécrricos.<br />
E a cada descarga magnética, o cérebro<br />
dos voluntários produz ondas cerebrais<br />
típicas do sono profundo. r!ID<br />
ros clínicos, os cartões de saúde o u receitas<br />
electrónicas.<br />
Para pôr em prática a declaração começarão<br />
a ser fei tos planos nacionais para analisar o<br />
que é preciso em cada país aderente. Outros<br />
aspectos focados pela declaração dizem<br />
respeito à necessidade de criar mais sinergias<br />
entre instituições de investigação para<br />
desenvolver novas soluções para o sector,<br />
nomeadamente a criação de padrões para<br />
facilitar a integração e a interoperabilidade<br />
dos serviços. r!ID<br />
Dar controlo<br />
ao doente<br />
N<br />
os dias 8 a 10 de Junho, realiza-se, em<br />
Amesterdão o "ICMCC Event <strong>2007</strong>",<br />
que este ano se vai centrar sobre a devolução<br />
do controlo ao doente através das Tecnologias<br />
de Informação e Comunicação.<br />
Esta conferência irá focar-se, este ano, sobre<br />
os cuidados domiciliárias digitais, os registos<br />
de saúde electrónicos e a computação<br />
comportamental. Para o dia 9 de Junho está<br />
prevista a realização de uma mesa-redonda<br />
sobre a m udança da responsabilidade do<br />
médico para o doente. l!lll<br />
Alergias<br />
Fungos caseiros protegem crianças<br />
e<br />
ientistas de Saúde ambiental da Universidade<br />
de Cincinnati, nos Estados Unidos, - têm uma respiração três vezes menos<br />
caseiros - conhecidas como glucanas fi.íngicas<br />
sibilante<br />
afirmam ter confirmado que a exposição a certos<br />
fungos caseiros (moleculares) pode ajudar as<br />
crianças a conseguirem sistemas imunitários mais<br />
fortes e até as podem proteger de alergias futuras.<br />
Esta equipa de cientistas descobriu que as crianças<br />
expostas a altos níveis de componentes fi.íngicos<br />
Diabetes<br />
que aquelas expostas a pequenos níveis.<br />
As glucanas fiíngicas são pequenas moléculas que<br />
os cientistas acreditam causarem problemas respiratórios<br />
nos adultos. Os bebés que gatinham<br />
estão muitas vezes expostos a estas moléculas que<br />
estão no pó dos tapetes e chãos das suas casas. lilll<br />
Sistema indolor para<br />
medir açúcar no sangue<br />
U<br />
ma equipa de cientistas Escola de Enfermagem<br />
da Universidade de Hong Kong<br />
inventou um novo aparelho indolor que mede<br />
os níveis de açúcar no sangue dos diabéticos,<br />
em que estes deixam de picar o dedo, como<br />
acontece com os instrumentos rradicionais.<br />
O aparelho -<br />
telemóvel comum -<br />
com as dimensões de um<br />
emite uma luz, idêntica<br />
ao infravermelho, que penetra na pele do<br />
dedo e analisa o nível de glucose no sangue<br />
em ape-nas dez segundos.<br />
A equipa de 28 investigadores espera usar uma<br />
tecnologia semelhante para medir o colesterol<br />
ou o ácido lácteo nos doentes oncológicos. O<br />
novo aparelho deverá começar a ser comercializado<br />
no próximo ano.<br />
A Organização Mundial de Saúde estima que<br />
no mundo existam 180 milhões de diabéticos<br />
Site<br />
e acredita que o número poderá duplicar até<br />
2030. Em Portugal, a Associação Protectora<br />
dos Diabéticos de Portugal estima que existam<br />
entre 400 a 500 mil diabéticos. lilll<br />
OMS disponibiliza ensaios clínicos<br />
A<br />
Organização Mundial de Saúde (OMS)<br />
lançou, no início de Maio, um site que<br />
contém o registo de ensaios clínicos internacionais,<br />
independentemente de terem sido ou não<br />
publicados.<br />
O sítio - www.who.int/rrialsearch - funciona<br />
como um portal de diversos registos que podem<br />
ser consultados de forma mais fácil e rápida quer<br />
por investigadores da área da saúde e clínicos,<br />
quer pelos próprios cidadãos ou jornalistas. rm<br />
9
Serviços partilhados<br />
A primeira unidade empresarial<br />
de serviços partilhados em<br />
saúde foi anunciada em Abril.<br />
A experiência piloto revelará<br />
as suas conclusões no final<br />
deste ano, mas as expectativas<br />
de poupança situam-se na<br />
ordem dos 140 milhões<br />
de euros ao longo dos cinco<br />
anos estabelecidos como<br />
duração mínima.<br />
D<br />
e agora em diante os gestores hospitalares<br />
podem dedicar-se mais àquilo<br />
que é a sua vocação: os cuidados de<br />
saúde. Tarefas como compras e logística foram<br />
entregues nas mãos de uma nova entidade, o<br />
Agrupamento Complementar de Empresas<br />
(ACE) Trata-se de um organismo cujas funções<br />
são centralizar, optimizar e racionalizar a aquisição<br />
de bens e serviços. Para já, a experiência vai iÍkluir<br />
três grupos hospitalares: o Centro <strong>Hospitalar</strong> de<br />
Lisboa Central (hospitais D. Estefânia, Capuchos,<br />
Santa Marca, S. José e Desterro), o Centro<br />
<strong>Hospitalar</strong> de Lisboa Ocidental (hospitais Egas<br />
Moniz, Santa Cruz e S. Francisco Xavier) e Hospital<br />
Santa Maria. Ao todo, o ACE vai representar<br />
os interesses de 9 instituições de saúde, que no<br />
conjunto representam 17 por cento do Serviço<br />
Nacional de Saúde.<br />
Assim que a experiência piloto estiver concluída,<br />
todas as instituições prestadoras de cuidados<br />
de saúde, públicas ou privadas poderão<br />
aderir ao ACE.<br />
"Os serviços partilhados em Saúde constituem<br />
uma grande oportunidade para a modernização<br />
das organizações hospitalares. Ao libertarem-se<br />
•<br />
O ACE começa com um investimento de 7 milhões de euros, suportados pelo SUCH. Espera-se que no final do primeiro<br />
ano, o valor desse investimento esteja recuperado.<br />
das funções náo estratégicas, permitem concentrar-nos<br />
na nossa actividade principal, que é<br />
precisamente a prestação de cuidados de saúde<br />
ao doente, contribuindo ainda para o aumento<br />
da eficácia e eficiência dos processos de gestão",<br />
afirmou Teresa Sustelo, presidente do Conselho<br />
de Administração do Centro <strong>Hospitalar</strong> de Lisboa<br />
Central.<br />
O Serviço de Utilização Comum dos Hospitais<br />
(SUCH) é a entidade que maior participação<br />
vai ter nesta mudança. Fundada em 1966, o<br />
SUCH agrupa 104 entidades do sector da<br />
saúde, servindo cerca de 1.400 clientes, entre<br />
hospitais ·e centros de saúde, misericórdias e<br />
outras instituições do sector. Presta serviços de<br />
gestão de instalações e equipamentos, higiene,<br />
ambiente e alimentação. É uma instituição sem<br />
fins lucrativos, destinada a promover a redução<br />
de custos e o aumento da qualidade e eficiência<br />
dos seus associados, e, dada a sua experiência,<br />
ficou encarregue de promover a implementação<br />
dos serviços partilhados em Saúde.<br />
Milhões a menos<br />
As compras e logística consnn1em a segunda<br />
maior faria das despesas em Saúde, logo a seguir<br />
aos gastos com os recursos humanos. Desde gazes<br />
a medicamentos, passando por equipamentos ou<br />
dispositivos clínicos, o objectivo é poder comprar<br />
em conjunto e ganhar no preço. Além da compra<br />
beneficiar do abaixamento do custo, decorrente<br />
da maior quantidade, uma vez que é feita em grupo,<br />
há ainda a vantagem do praw reduzido para<br />
pagamento, outro aspecto que permite negociar<br />
melhores preços.<br />
José Miguel Boquinhas, presidente do Conselho<br />
de Administração do Centro <strong>Hospitalar</strong><br />
de Lisboa Central acredita na viabilidade da experiência.<br />
"Desde 2005 que os três hospitais que<br />
constituem o CHLO têm vindo a articular várias<br />
funções ao nível das compras, com resultados<br />
assinaláveis em poupanças alcançadas, na optimização<br />
dos recurso e no aumento da eficiência<br />
e eficácia. É decididamente uma experiência de<br />
como os Serviços Partilhados são um pilar fundamental<br />
na gestão dos hospitais'', frisou.<br />
Em cinco anos, com a intervenção do ACE prevê-se<br />
uma poupança na ordem dos 140 milhões<br />
de euros. Desde a redução dos preços e de inventário,<br />
passando pelos custos operacionais dos<br />
hospitais agrupados, até aos gastos com perdas de<br />
sctoks, o objectivo é sempre o mesmo: reduzir o<br />
desperdício e obter melhores preços.<br />
Segundo Adalberto Campos Fernandes, presidente<br />
do Conselho de Administração do Hospital<br />
de Santa Maria, os ganhos são para todos - "os<br />
utentes, porque terão um melhor serviço; as instituições<br />
prestadoras de serviços de saúde, porque<br />
vão poder concentrar-se na sua actividade estratégica<br />
que é prestarem cuidados de saúde; o sector,<br />
designadamente o SNS, porque vai conseguir<br />
poupanças significativas nas compras de bens e<br />
serviços, libertando assim fundos para o sistema,<br />
e ainda optimizar os processos de funcionamento;<br />
e finalmente o contribuinte, porque poderá vir a<br />
pagar menos impostos'', afirmou.<br />
Imitar os bons<br />
Esta inovação segue a orientação daquelas que<br />
são consideradas as melhores práticas internacionais,<br />
nomeadamente nos sistemas de saúde europeus.<br />
Mas não só. O modelo existe há vários<br />
anos nos Estados Unidos e Nova Zelândia, dois<br />
dos países que, em conjunto com o Reino Unido,<br />
a Espanha e a Irlanda, funcionaram comocasos<br />
demonstrativos do potencial de poupanças<br />
possíveis de obter. Nestes casos, as poupanças<br />
atingiram entre 1 O a 20 por cento dos custos<br />
iniciais. A recuperação do investimento foi con-<br />
.<br />
----::.:..----<br />
--............. -<br />
seguida em prazos inferiores a 4 anos.<br />
Por cá, o ACE começa com um investimento<br />
de 7 milhões de euros, suportados pelo SUCH.<br />
Espera-se que no final do primeiro ano, o valor<br />
desse investimento esteja recuperado.<br />
Para já as expectativas são as mais optimistas.<br />
Paula Nanita, presidente do Conselho de Administração<br />
do SUCH está confiante. "Estão reunidas<br />
as condições para que esta primeira unidade<br />
empresarial venha a ganhar rapidamente a adesão<br />
das diferentes instituições de cuidados de saúde<br />
em Portugal", afirmou.<br />
Além das vantagens financeiras obtidas através<br />
da poupança, a empresarialização dos serviços<br />
partilhados tem também em mira benefícios<br />
que, embora escapem à escala dos números, são<br />
considerados ganhos importantes. A simplificação<br />
dos processos, a uniformização, a gestão<br />
fiável da informação, organizada e agregada,<br />
bem como a supressão de actividades sem valor<br />
acrescentado, ou o incremento da flexibilidade e<br />
a partilha de melhores práticas são, em conjunto<br />
com a poupança, algumas das metas deste ACE.<br />
Edite Espadinha l!!D<br />
IO<br />
II
Pita Barros à GH<br />
O sistema continua mais orientado para o<br />
profissional de Saúde do que para o doente<br />
Lamentando não poder comentar aprofundadamente a sustentabilidade financeira do SNS, o economista<br />
Pedro Pita Barros explica à GH a necessidade do aumento dos impostos e defende o combate ao desperdício,<br />
incluindo as horas extraordinárias desnecessárias, como o primeiro passo para controlar custos<br />
no sistem~. Dirigindo-se à classe médica, Pita Barros defende o papel da Medicina Interna e critica a<br />
Ordem dos Médicos por colocar entraves ao regresso ao País de quem estudou Medicina no estrangeiro.<br />
<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> - O Serviço Nacional<br />
de Saúde (SNS) é ou não sustentável?<br />
Pita Barros -<br />
Se está a falar da questão<br />
fi nanceira . . . a sustentabilidade financeira<br />
de qualquer serviço nacional de Saúde é o<br />
que os cidadãos do país quiserem que seja.<br />
GH - Isso significa o quê?<br />
PB - Significa que é uma escolha da sociedade<br />
no sentido de canalizar o u não recursos<br />
para sustentar o sistema.<br />
GH - E a melhor maneira de canalizar<br />
recursos seria através de que medidas?<br />
PB -<br />
(risos) Eu respondo a todas as perguntas<br />
sobre sustentabilidade financeira<br />
quando estiver desligado da comissão para<br />
o estudo da sustentabilidade do financiamenta.<br />
GH - Não está descontente com o facto<br />
do ministro da Saúde ainda não ter<br />
revelado o vosso estudo?<br />
PB - Descontente não estou. Quem nos<br />
pediu o trabalho foram os ministérios da<br />
Saúde e das Finanças. O q ue eles fazem<br />
com o trabalho é uma decisão política.<br />
Havia uma expectativa de haver uma discussão<br />
pública sobre o tema, mas não é<br />
forçoso que assim seja. Até porque, se vir o<br />
despacho da constituição da comissão, não<br />
>>>A Ordem dos Médicos está a colocar barreiras aos<br />
médicos portugueses que estudaram no estrangeiro<br />
está dentro dos passos pedidos um período<br />
de discussão pública. Se os ministros<br />
quiserem manter o estudo reservado e só<br />
o divulgarem daqui a um mês, dois meses,<br />
um ano, estão no seu direito.<br />
Como investigador, o que me custa é não<br />
me desligar do processo ao fim do tempo<br />
previsto para a realização do trabalho ...<br />
GH - E poder falar sobre a matéria ...<br />
PB - Sim ... Obviamente respeitando, como<br />
em todos os trabalhos que faço, a confidencialidade.<br />
GH - Acha que o trabalho está a ser<br />
retido porque algumas das medidas que<br />
propõe são difíceis de aplicar?<br />
PB - Para dizer a verdade, não sei. Pode ser<br />
por muitas e variadas razões. Desde acharem<br />
que não é possível implementar nada;<br />
acharem que não querem colocar a matéria<br />
em discussão pública agora, porque<br />
desviaria a atenção de o utros assuntos que<br />
querem tratar, porque a implementação<br />
precisava de alguma tempo para ser pensada<br />
e eles não têm esse tempo para pensar;<br />
ou porque simplesmente eles acham que o<br />
trabalho é uma porcaria e que não vale a<br />
pena discuti-lo.<br />
GH - Mas como investigador não tem a<br />
ideia de que algumas das medidas serão<br />
muito complicadas para implementar,<br />
como o aumento dos impostos?<br />
PB - Não sou eu q ue tenho de fazer esse<br />
julgamento. Mas a questão do aumento<br />
dos impostos surgiu através de uma notícia<br />
e não pela d ivulgação da comissão.<br />
Se nós temos um determinado montante<br />
de prestações de cuidados de Saúde que<br />
recebemos; se temos preços e custos para essas<br />
prestações que recebemos; se estamos a<br />
dizer que estamos a baixar um bocadinho<br />
os custos mas que os custos da Saúde vão<br />
subir; se dizemos que queremos continuar<br />
a dar mais às pessoas ... o que se gasta tem<br />
de ser pago por alguém. E o que se paga<br />
são impostos, pagamentos directos, contribuições<br />
de seguros privados voluntários,<br />
contribuições de subsistemas, são deduções<br />
fiscais. Isto significa que, se se aumenta de<br />
um lado tem de se aumentar do outro. Se se<br />
fizer uma lista de coisas que têm de acontecer<br />
uma delas é aumentar os impostos.<br />
Como outra possibilidade é o racionamento.<br />
Imaginemos que, no limite, dizemos que só<br />
queremos gastar este montante daqui para o<br />
fu turo. O Ministério disse que o Orçamento<br />
para <strong>2007</strong> iria ser constante até 2010.<br />
Se eu estou a fixar as receitas que tenho, o<br />
que vai acontecer é que eu vou deixar de<br />
prestar alguns cuidados de Saúde. Como é<br />
que nós organizamos isso? Deixamos que<br />
seja al eatoriamente, ou seja, os últimos a<br />
chegar são os que são pior tratados porque<br />
já não há recursos para os tratar?<br />
Não é uma questão de querermos aumentar<br />
os impostos. Não podemos querer ter<br />
13
contribuições, nem em prémios, tem de se<br />
fazer face à situação através de pagamentos<br />
direcros; se não queremos mexer nos pagamentos<br />
directos, cem de ser outra coisa.<br />
A grande esperança de roda a gente é que vamos<br />
conseguir manter os custos. Nós sabemos<br />
que os impostos estão a crescer porque a<br />
economia cresce e há sempre uma folgazinha<br />
todos os anos. Por outro lado, temos a ideia<br />
que há imensa ineficiência no sistema, o que<br />
significa que há prestações que, se calhar, não<br />
precisam de ser dadas, como, se calhar também,<br />
há custos excessivos.<br />
Diminuir a ineficiência signifi ca, com os<br />
mesmos fundos, tentar fazer o mesmo ou<br />
melhor.<br />
GH - A culpa do desperdício é dos profissionais<br />
de Saúde?<br />
PB - Dos profissionais de Saúde e d a<br />
gestão, porque a gestão tem por missão<br />
vencer essas barreiras. E algumas coisas são<br />
pura e simples desorganização; pequenas<br />
rotinas que pod eriam ser melhoradas.<br />
Fala-se, há uns 1 O anos, que o sistema d e<br />
veria estar mais orientado para o doente e<br />
menos para o profissional de Saúde, mas se<br />
olharmos para as nossas organizações, elas<br />
continuam a ser pensadas e a ser gerid as<br />
de acordo com os profissionais. En tão nos<br />
nossos hospitais ... quantas vezes se ouve<br />
dizer que um d irector de serviço está disposto<br />
a abdicar de três camas porque o<br />
ourro serviço precisa mais?<br />
questão de cultura, sempre foi assim que<br />
funcionaram. Provavelmente acham que é<br />
mais importante - e se calhar é - tratar<br />
bem os doentes do que estarem preocupad<br />
os com isso. N o campo das suas priorid<br />
ades n unca está esse tipo de situações. E,<br />
claro, com o em tod as as empresas, públicas<br />
ou privadas, há sempre as pequenas quintas<br />
e pequenos pod eres que tod os têm.<br />
Culpada é a gestão por não conseguir mud<br />
ar esse estado de coisas.<br />
GH - Acha que de uma forma geral os<br />
médicos gastam muito?<br />
PB - Acho que, de um a forma geral, os<br />
m édicos não têm em conta que o que gastam,<br />
a mais, é algo que impede de poder<br />
PB - Mas isso é uma atitude pouco ética da<br />
parte deles. Porque têm de pensar que o que<br />
podem fazer a um, se calhar, não podem fazer<br />
a outro. Os médicos já fazem esse equilíbrio<br />
com o tempo que dedicam a um ou a outro<br />
doente. A única coisa que se pede eticamente<br />
é que, da mesma maneira que gerem o seu<br />
tempo como recurso escasso que é, giram os<br />
recursos que a sociedade põe à sua disposição<br />
como recursos escassos que são.<br />
GH - É mais uma guerra ...<br />
PB - Não . . . Do ponto de vista ético é<br />
basicamente a mesma coisa. Será que não<br />
é válido dizer a um médico que ele deve<br />
gerir um recurso escasso que é o seu tempo<br />
de uma forma diferente do que gere os re<br />
GH - Mas tem de se optar por cortar em<br />
alguma coisa.<br />
PB - Se eu conseguir cortar o desperdício<br />
e a ineficiência pura e simples eu arranjo<br />
folga para fazer mais.<br />
GH - Quer comprar uma guerra com os<br />
directores de serviço ...<br />
PB - Não, muitas vezes as pessoas não têm<br />
estas atitudes com má intenção. É uma<br />
ser feito noutro lado. N ão têm em con ta a<br />
economia/ custos/ oportunidade.<br />
GH - Os médicos vão responder que o<br />
seu papel é cuidar dos doentes.<br />
cursos d a sociedade?<br />
O médico pode ser tentado a fazer tudo ao<br />
doente desde que haja a perspectiva de haver<br />
um pequeno benefício que seja positivo.<br />
Do ponto de vista social isso significa que<br />
GH - Acha que as horas extraordinárias<br />
são um exemplo desse desperdício?<br />
lnternistas permitem reduzir custos nos grandes hospitais<br />
ao mesmo tempo mais prestação de cuidados<br />
de Saúde e não pensar onde vamos<br />
buscar o dinheiro.<br />
De certa forma, nós vamos tendo mais impostos<br />
quando a economia cresce, a colecta<br />
aumenta e isso permite que se gaste mais<br />
dinheiro do Estado em tudo. Agora, estamos<br />
num esforço de contenção orçamental<br />
global e dentro desse esforço há opções<br />
políticas que têm de ser tomadas.<br />
GH - Então onde é que se pode cortar<br />
para não cortar tanto na Saúde?<br />
PB - Ao fazer esta pergunta já está a assumir<br />
uma das soluções possíveis. Se eu<br />
tiver preços - custos - a aumentarem e não<br />
pensar que tenho de aumentar o financiamento<br />
de alguma forma, vou ter racionamento,<br />
que é uma palavra que as pessoas<br />
não gostam. O racionamento significa que<br />
"Diminuir a<br />
ineficiência significa,<br />
com os mesmos<br />
fundos, tentar fazer<br />
o mesmo ou melhor"<br />
alguns não vão ser cão bem tratados como<br />
outros. Eu posso querer organizar este rac10namento<br />
ou nem sequer me preocupar<br />
com isso. Se um hospital tiver um determinado<br />
orçamento e o gastar no início do<br />
ano, chega ao final do ano e tem menos<br />
dinheiro, dá menos àqueles que lá estão<br />
nessa fase . Mas isto é aleatório.<br />
Em que é que ficamos? Se os preços estão a<br />
subir e não mexemos em impostos, nem em<br />
PB - As horas extraordinárias podem ter<br />
um papel útil em qualquer organização.<br />
No caso das instituições de Saúde nós temos<br />
solicitações que são feitas à unidade<br />
que não são totalmente previsíveis. Mas<br />
quando as horas extraordinárias são usadas<br />
para colmatar necessidades permanentes e<br />
que se sabe que são permanentes, então aí<br />
são puro desperdício.<br />
Também é provável que a forma como está<br />
montado o sistema de recursos humanos favoreça<br />
a existência de horas extraordinárias<br />
quando elas não são necessárias de rodo.<br />
Eu lembro-me de, há quatro, cinco anos,<br />
ter tido contacto com uma pessoa que estava<br />
a fazer um estudo sobre o que aconteceria<br />
em termos de poupança de custos<br />
se se reorganizassem os bancos de urgência<br />
por forma a tentar diminuir os suplementos.<br />
E só por reorganização, mantendo o<br />
mesmo número de profissionais, conseguia<br />
baixar o custo em 20 a 30% .<br />
Porque é que isso não se faz? Porque, obviamente,<br />
o que alguém paga é o que alguém<br />
recebe. A resistência virá de quem recebe.<br />
•<br />
GH - Apresentou recentemente um estudo<br />
em que defende que a contratação de<br />
mais médicos de Medicina Interna permite<br />
aos hospitais pouparem dinheiro.<br />
PB - Existe a percepção de que os médicos<br />
de Medicina Interna são mais gastadores<br />
que os outros serviços do hospital e tem<br />
havido uma tendência para tentar diminuir<br />
a Medicina Interna. Foi-nos perguntado o<br />
que é que existe de verdade aqui.<br />
A Medicina Interna acaba por juntar os<br />
doentes que têm várias co-morbilidades.<br />
Significa que os doentes são, em média,<br />
mais complicados. Tenho de fazer uma normalização<br />
e perguntar se, à partida, tivesse<br />
um conjunto de doentes e os fizesse passar<br />
por uma especialidade ou pela Medicina interna<br />
onde é que eles usariam menos recursos.<br />
E esta fo i a lógica do exercício. Dentro<br />
desse grupo de controlo consigo comparar<br />
com as especialidades. O que fizemos foi<br />
comparar alguns GDH com pneumologia,<br />
cardiologia e gascrenterologia.<br />
Comparando com pneumologia, a Medicina<br />
interna tem menos dias de internamento. A<br />
Medicina interna parece ter melhores resul-<br />
tados, porque para a mesma taxa de mortali-<br />
dade, usa menos recursos. Comparando com<br />
cardiologia, os resultados são essencialmente<br />
semelhantes e se alguma coisa existe é uma<br />
vantagem da especialidade de cardiologia. No<br />
caso da gastro não há diferença nesse GDH.<br />
O que o estudo vem dizer é que a Medicina<br />
interna não é apenas um serviço que gasta<br />
mais que os outros apenas porque estão habiruados<br />
a gastar. Q uando nós controlamos<br />
para a gravidade dos casos tratados, eles não<br />
são muito diferentes dos outros e podem ter<br />
algumas poupanças.<br />
Também tentámos ver isso a nível agregado. Se<br />
a Medicina interna aumentar os custos, então<br />
aqueles hospitais que tenham uma maior percentagem<br />
de internistas deverão ter maiores<br />
custos que os outros, se a complexidade dos<br />
casos for igual. O que encontrámos foi que<br />
não existe esse efeito, mas precisamente o contrário.<br />
Os hospitais com maior percentagem<br />
de internistas tendem a ter menores custos<br />
para igual produção e para igual complexi-<br />
dade de casos tratados e que esse efeito é mais<br />
forte nos hospitais maiores.<br />
GH - Mas calculou ganhos.<br />
PB - Fazendo um exercício simples que era<br />
ver no agregado qual é o impacto dos inter-<br />
. .<br />
mstas numa maior ou menor percentagem<br />
nos custos totais do hospital, se eu aumentar<br />
em 1 % o número de médicos de Medicina<br />
e reduzindo outros médicos. E deu 11 %.<br />
GH - Dá um ganho de 11 % nos custos<br />
finais?<br />
PB -<br />
Mais do que o número de 11% é a<br />
magnitude disto. Isto deve fazer pensar que<br />
a Medicina Interna não pode ser vista apenas<br />
pela folha de cálculo sobre gastos de serviço<br />
pelo número de doentes tratados, porque isso<br />
ignora a severidade dos casos e, uma vez que<br />
eu tenha em conta essa gravidade, tenho uma<br />
poupança. Quando eu pegar nos doentes de<br />
Medicina interna e os colocar noutros serviços,<br />
os custos vão ser maiores ainda.<br />
15
PB - Não tenho dados para dizer isso. O<br />
que este primeiro ano mostrou, desde logo,<br />
é que havia almofada para conseguir fazer<br />
isso. E a minha convicção é que se havia no<br />
primeiro ano também haverá no segundo.<br />
Agora se vai existir no terceiro e no q uarro<br />
terá de ser visto com cuidado.<br />
"Estou convencido<br />
que os prestadores<br />
privados querem<br />
sê-lo, mas com<br />
financiamento público"<br />
GH -<br />
Daqui a três anos deixará de ser<br />
uma medida viável.<br />
PB -<br />
Não é sustentável fazer isso para<br />
sempre. Nao faço a mínima ideia se é essa<br />
a ideia do ministério, mas ao impor essa<br />
medida - ao mesmo tempo que introduz a<br />
avaliação económica como medida prévia<br />
para a introdução de um medicamento no<br />
ambiente hospitalar - está a criar uma base<br />
racional para o futuro, q ue garanta um<br />
menor crescimento.<br />
pontualmente, quase sem se pensar na articulação<br />
da rede.<br />
Esras unidades não podem ser desligadas do<br />
resto. Se a ideia é estarem próximas da população<br />
não podem criar elas próprias estruturas<br />
administrativas de apoio, senão estamos a<br />
cair no mesmo erro que é criar mega centros<br />
de Saúde, que são instituições muito pesadas,<br />
sem flexibilidade e sem essa proximidade.<br />
Têm de existir uma série de serviços<br />
que podem ser comuns a várias USF e, ao<br />
mesmo tempo, devem criar-se economias de<br />
escala para gerir isso de fo rma razoável.<br />
Nesta parte da sustentabilidade das prestações<br />
que são dadas à população, em termos<br />
de os cuidados certos ch egarem às pessoas<br />
certas, acho que estas medidas fazem todo<br />
o sentido.<br />
GH - E nesta equação qual é o papel dos<br />
privados?<br />
PB - Mais de 50% do que consumimos<br />
em cuidados de Saúde já vem do sector<br />
privado: medicamentos, meios complementares<br />
de diagnóstico, consultas, tudo o<br />
q ue o Estado compra de materiais clínicos<br />
e equipamentos vem do sector privado.<br />
GH - E os hospitais, as clínicas privadas,<br />
os seguros de Sa úde? Trazem mais custos<br />
ao SNS através das convenções?<br />
PB - O trazerem mais custos não é um<br />
mal, desde que tragam mais prestações que<br />
tenham valor, mais "value for money". O<br />
nosso drama com os seguros privados é que<br />
se levássemos a sério a ideia de Serviço Nacional<br />
de Saúde que cobre todos os portugueses<br />
e que não impõe restrições ao acesso,<br />
a não ser aquelas que se justificariam para<br />
evitar abusos, então não haveria nenhuma<br />
razão para existirem seguros privados de<br />
Saúde ... nem para existirem subsistemas.<br />
os recursos usados para esse pequeno benefício<br />
poderiam ser usados melhor noutra<br />
pessoa que tivesse mais benefício. E quem é<br />
q ue está em melhor posição para fazer o julgamento<br />
sobre esse equilíbrio? Não somos<br />
nós economistas, não são os gestores ... é o<br />
médico que tem de ter esse papel.<br />
GH - Acha que o tecto de 4%, imposto<br />
aos hospitais para a compra dos medicamentas<br />
está a adiantar alguma coisa?<br />
PB - Na medida em que alguns hospitais<br />
estão a conseguir cumpri-lo, sim. Mas<br />
impor reeras desta forma só tem resultado<br />
enquanto houver desperdício para ser<br />
eliminado. Ao fim de um par de anos já se<br />
chegou ao limite e não será uma medida<br />
sus ren rável.<br />
GH - Acha que não se chegou a essa fase?<br />
GH -<br />
E como está o SNS em termos de<br />
sustentabilidade geral?<br />
PB - Neste momento estão a ser dados passos<br />
importantes nos cuidados continuados<br />
e nos cuidados primários que são importantes<br />
e que fazem sentido para uma sustentabilidade<br />
que garanta q ue as pessoas<br />
têm acesso aos cuidados que precisam. São<br />
medidas cujos resultados não vamos ver a<br />
curto prazo mas que se impunha que fossem<br />
tomadas.<br />
GH -<br />
Concorda com as Unidades de<br />
Saúde Familiar {USF)?<br />
PB - Sini, acho que faz todo o sentido. Todos<br />
os nossos cuidados de Saúde primários<br />
foram crescendo anarquicamente. Agora,<br />
quando se fala em fechar alguns postos de<br />
atendimento, alguns deles foram criados<br />
17
Mas pode haver restrições que fazem com<br />
que o SNS não faça aquilo que deseja, ou<br />
seja, há uma falta de capacidade do SNS e<br />
as pessoas têm de fazer seguros. Pode haver<br />
ainda situações em que o SNS cumpre aquilo<br />
que é desejável, mas as pessoas, porque<br />
querem mais, arranjam um seguro privado.<br />
G H - E como se enquadra a ideia do 'opting<br />
-out'?<br />
PB - O 'opting-out' é dizer que o SNS transfere<br />
para uma outra entidade, designada pela<br />
pessoa, o valor que lhe seria imputado nos<br />
cuidados de Saúde. A responsabilidade de<br />
captação de fundos caberia ao SNS, que<br />
transferiria para outra entidade, assumindo<br />
esta todos os encargos dessa despesa.<br />
De certa forma, nós temos isso neste momento<br />
... ou tivemos com a Portugal Telecom<br />
Associação de Cuidados de Saúde,<br />
acordo que foi denunciado no final do ano<br />
passado. O SAMS também tem uma capitação<br />
e temos a ADSE.<br />
Em Portugal, os seguros privados actuam<br />
muito na complementaridade ao SNS e<br />
não de forma substitutiva.<br />
Os médicos deveriam<br />
gerir os recursos<br />
que a sociedade lhes<br />
disponibiliza como<br />
gerem o seu tempo<br />
com os pacientes<br />
Quanto aos prestadores privados, estou<br />
convencido que têm como intenção serem<br />
prestadores privados mas com financiamento<br />
público. Quanto a estes novos hospitais<br />
que estão a surgir em Lisboa vai ser interessante<br />
ver o que lhes vai acontecer porque<br />
não é claro que haja população para todos.<br />
GH - Como vê a saída de tantos médicos<br />
do sector público para o privado?<br />
PB - Mais do que essa fuga, preocupa-me o<br />
que se tem dito sobre a evolução temporal<br />
do número de médicos disponíveis. Isto é,<br />
quando começarem as reformas de algumas<br />
gerações, o facto de não ter havido substituição<br />
adequada não irá criar restrições nacionais.<br />
Isso preocupa-me mais ...<br />
GH - Acha que a solução é abrir mais<br />
faculdades de Medicina?<br />
PB - Isso vai levar tempo.<br />
GH - Baixar a nota de entrada na faculdade<br />
...<br />
PB - (risos) As notas são consequência das limitações.Já<br />
se aumentou a capacidade agora vamos<br />
ver se será suficiente. Nem que a curto prazo se<br />
tenha de recorrer a importação de médicos.<br />
Neste momento também temos um número<br />
elevado de jovens a frequentar cursos de<br />
Medicina fora de Portugal e esses médicos<br />
poderão estar dispostos a voltar.<br />
GH - Estarão?<br />
PB - Não acho que as pessoas foram fazer<br />
Medicina para fora do país por um ímpeto<br />
de querer ter uma formação diferente da portuguesa<br />
ou por quererem trabalhar lá fora. A<br />
maior parte das pessoas terá saído porque não<br />
conseguiu o acesso cá. O que os pode manter<br />
fora são barreiras a que eles voltem, criadas<br />
pelos próprios médicos que já cá estão. Nomeadamente,<br />
a Ordem dos Médicos.<br />
Tudo o que se ouve falar da Ordem dos<br />
Médicos, relativamente aos portugueses<br />
formados em Medicina fora de Portugal,<br />
não vai no sentido de os ir buscar e integrálos,<br />
por cá. Alguma vez ouviu este discurso?<br />
O que se ouve é que eles, se calhar, não têm<br />
a formação que nós cá damos e, portanto,<br />
temos de pôr uma barreira para eles não<br />
dizerem que são iguais aos que cá temos.<br />
Em vez de vê-los como uma oportunidade e<br />
se tiverem alguma falta dar a volta à situação<br />
e trazê-los, a reacção é que, como eles não são<br />
exactamente iguais, vamos mantê-los longe. D1ll<br />
>>>Tudo o que se ouve falar da Ordem dos<br />
Médicos, relativamente aos portugueses formados<br />
em Medicina fora de Portugal, não vai no sentido<br />
de os ir buscar e integrá-los, por cá.<br />
18
Voluntários<br />
•<br />
Contra a eucem1a<br />
O Primeiro-Ministro,<br />
José Sócrates, deputados<br />
e respectivos filhos deram<br />
sangue e inscrevam-se na lista<br />
de dadores de medula óssea.<br />
A iniciativa visou estimular<br />
mais portugueses a<br />
inscreverem-se e engrossarem<br />
o registo de voluntários<br />
dispostos a ajudar quem<br />
sofre de leucemia.<br />
1<br />
osé Sócrates quis dar o exemplo e acompanhado<br />
de depurados dos vários partidos<br />
inscreveu-se como dador de medula óssea<br />
o Cemro Nacional de Dadores de Células Estaminais<br />
de Medula Óssea ou do Cordão Umbilical<br />
(CEDACE), no Hospital Pulido Valente,<br />
em Lisboa. O gesto foi sobretudo simbólico,<br />
pois José Sócrates ultrapassa o limite de idade<br />
(45 anos) para ingressar na lista de volun.tários.<br />
É caso para dizer que a idade não perdoa e, ral<br />
como o Primeiro-Ministro, também os deputados<br />
estavam além faixa etária ideal. Mesmo assim,<br />
a comitiva foi rejuvenescida com os filhos<br />
dos deputados.<br />
"O meu pai teve muita sorte, porque tinha dois<br />
irmãos compatíveis", comou Pedro Lima, filho<br />
de Duarte Lima, ex-líder parlamentar do PSD,<br />
hoje curado da doença, graças ao transplante a<br />
que foi sujeito. Com 21 anos, o filho de Duarte<br />
Lima resolveu, por isso, aderir à iniciativa.<br />
"Já tinha feito o boletim de inscrição, mas agora<br />
venho fazer a colheita de sangue", disse. Pedro<br />
Lima realçou a importância do gesto pois nem<br />
toda a gente tem a sorte de ter familiares compatíveis.<br />
"O meu pai teve essa sorte, mas poderia<br />
ter sido diferente e, nesse caso, só outra pessoa<br />
poderia ter-lhe salvo a vidà', afirmou, acrescentando<br />
que "qualquer um de nós pode fazer a<br />
diferença para a pessoa que está doente".<br />
O Centro Nacional de Dadores de Células Estaminais<br />
de Medula Óssea ou do Cordão Umbilical<br />
(CEDACE) é já o terceiro na Europa com o<br />
maior registo de dadores. Em Abril, o número<br />
de voluntários inscritos era de 78 mil pessoas<br />
mas, emrecamo, a barreira dos 80 mil já foi ultrapassada.<br />
O crescimento desta lista deve-se em<br />
muito às campanhas e iniciativas promovidas<br />
pela Associação Portuguesa Contra a Leucemia<br />
(APCL), nas quais Duarte Lima tem sido um<br />
membro activo. ''Andámos anos e anos para<br />
avançar", contou o ex-depurado, "hoje, cernas<br />
um dos registos maiores da Europa e q ueremos<br />
crescer ainda mais", afirmou. Só este ano,<br />
A APCL entregou 300 mil euros ao CEDACE<br />
para investir na ripagem de dadores. A Associação<br />
angariou esta verba num concerto com o<br />
cenor José Cura que reuniu, no início do ano,<br />
em Lisboa, cerca de 9 mil espectadores.<br />
Falta justificada<br />
Catarina Pinto faltou às aulas para acompanhar<br />
a mãe nesta iniciativa. Filha de Helena<br />
Pinto, deputada do Bloco de Esquerda, a jovem<br />
estudante de Torres Novas fez a viagem<br />
até Lisboa para dar um pouco do seu sangue.<br />
Embora, devido à idade não possa ser ainda<br />
dadora, Catarina não quis perder a oportunidade.<br />
"Fico já inserira, além disso em breve<br />
faço os 18 anos", contou. "É tão difícil encontrar<br />
um dador compatível, que é muito<br />
importante que haja tantos inscritos quanto<br />
for possível". Catarina espalhou a palavra<br />
também na escola que frequenta e, quanto à<br />
falta às aulas, disse que é bem justificada, afinal<br />
representa "um bom exemplo tanto para<br />
os colegas quanto para os professores".<br />
O transplante de medula óssea é uma solução<br />
terapêutica curativa, nomeadamente nos caso<br />
de leucemia aguda, mas encontrar um dador<br />
compacível é como procurar uma agulha num<br />
palheiro. ''A APCL entendeu escolher como<br />
>>>Apesar da idade máxima para fazer a inscrição na lista de dadores ser de 45 anos, o Primeiro Ministro quis dar o exemplo<br />
alvo o crescimento deste registo'', explicou António<br />
Parreira, presidente da associação. "Neste<br />
momento o registo nacional está ligado aos internacionais,<br />
o que significa que tanto podemos<br />
ajudar qualquer pessoa, em qualquer outra parte<br />
do mundo, como receber de fará', explicou.<br />
De facto, dos cerca de 80 mil voluntários portugueses<br />
inscritos no registo dez tornaram-se<br />
dadores efectivos de medula óssea. Entre outros,<br />
um doente na Austrália e outro na Argentina<br />
foram salvos graças esse gesto. "Esces dez casos<br />
tiveram todos finais felizes", contou Hélder<br />
Trindade, director do CEDACE. "Mesmo à<br />
distância há sempre uma enorme alegria. Temos<br />
dadores que comemoram dois aniversários, o<br />
seu; e o do dia em que fizeram a dádivà', revelou<br />
o responsável do centro.<br />
Mais jovens<br />
O registo nacional é maioritariamente jovem. A<br />
ambição do CEDACE e da APCL é aumentar<br />
o número de registos até aos 100 mil. A aposta<br />
centra-se sobretudo nos mais jovens, o que significa<br />
um aumento das probabilidades de setornarem<br />
dadores de facto.<br />
Vera Fazenda, estudante no ISCTE, diz que,<br />
contrariando as expectativas da família, quer<br />
ser antropóloga, mas neste evento esteve ao<br />
lado do pai, Luís Fazenda, deputado do Bloco<br />
de Esquerda. Vera pensava que o processo de<br />
colheita era ainda por punção lombar, mas depois<br />
de esclarecida não hesitou em comparecer.<br />
''Acho que ideia de que podemos estar a contribuir<br />
para salvar uma vida é suficientemente<br />
forte para nos trazer aqui'', declarou. "E agora<br />
é tão fácil! Acabei por contar a muitos colegas.<br />
A maioria também não sabia que é tão simples<br />
como uma colheita de sangue comum". Acompanhada<br />
também pelo irmão, Rui Fazenda, 29<br />
anos e publicitário, Vera estava mais intimidada<br />
com a presença da Comunicação Social do que<br />
com a agulha e a seringa. Mas ambos concordaram<br />
que, dada a pouca probabilidade de serem<br />
dadores efectivos, as suas inscrições são o pouco<br />
que por enquanto podem fazer. "Quantos mais<br />
formos, melhor" concluíram.<br />
E porque, de facto, mais jovens inscritos é mesmo<br />
melhor, o CEDACE já assinou protocolos<br />
com as faculdades de Medicina para que a colheita<br />
seja também feita nestes estabelecimentos<br />
de ensino. "Temos pessoas preparadas que<br />
fizeram a formação aqui, e vamos com certeza<br />
conseguir mais jovens voluntários'', adiantou<br />
Hélder Trindade.<br />
Um a um, deputados e respectivos filhos fizeram<br />
a inscrição e deram a sua amostra de sangue. Em<br />
troca, todos receberam o pequeno brinde que<br />
o CEDACE oferece aos voluntários. No saco<br />
pode ler-se, "ser dador de medula óssea é uma<br />
opção para doar vidà' e lá dentro as ofertas: uma<br />
t-shirt, um panamá, uma caneta e um panfleto<br />
informativo.<br />
O Primeiro-Ministro, cujos filhos ainda não têm<br />
ainda idade para se inscreveram, adiantou que,<br />
quando for altura, também os trará para repetir<br />
o seu próprio gesto. Edite Espadinha DllJ<br />
20<br />
21
Tendência<br />
'<br />
A gestão estratégica nos hospitais passo a passo<br />
1<br />
O que é a gestão estratégica?<br />
A gestão estratégica é hoje parte integrante<br />
da filosofia de direcção de<br />
copo das organizações e já não é considerada<br />
uma disciplina autónoma. É sobretudo um<br />
processo através do qual a organização determina<br />
como se quer posicionar no futuro e<br />
define o caminho para lá chegar - onde estamos?<br />
Para onde queremos ir? Como iremos<br />
lá chegar?<br />
A característica essencial da gestão estratégica<br />
é considerar o ambiente externo um<br />
recurso com o qual a organização estabelece<br />
uma linha de cooperação permanente. Esse<br />
diálogo com o exterior processa-se através de<br />
um ciclo assente numa sequência de passos<br />
que visam a constante compatibilização do<br />
ambiente externo com os meios e as competências<br />
internas, de forma de garantir a<br />
sustentabilidade futura da organização.<br />
Há 20 ou 30 anos atrás, a literatura sobre<br />
gestão estratégica em unidades de saúde<br />
era praticamente inexistente. A natureza<br />
de "burocracia profissional" que é reconhecida<br />
aos hospitais, agravada nas instituições<br />
públicas pela limitada autonomia de gestão<br />
e por uma dependência excessiva de factores<br />
externos num ambiente de mitigada ou<br />
mesmo inexistente concorrência, foi afastando<br />
o sector da saúde do paradigma da<br />
gestão estratégica. No entanto, à medida<br />
que o futuro se tornou menos previsível,<br />
os mercados mais competitivos, os recursos<br />
mais escassos e os doentes mais exigentes,<br />
os gestores hospitalares começaram a preocupar-se<br />
em definir uma visão para as suas<br />
organizações e em utilizá-la para traçarem<br />
um caminho, procurando as soluções organizacionais<br />
mais adequadas para responderem<br />
àquelas mudanças.<br />
O sector da saúde e particularmente os<br />
hospitais enfrentam hoje um ambiente<br />
externo turbulento, confuso e ameaçador.<br />
>>>Margarida Bentes, Administradora <strong>Hospitalar</strong>, afirma que os hospitais enfrentam hoje um ambiente<br />
externoturbulento,confusoeameaçador.<br />
Este contexto tem a sua génese em d iversos<br />
facrores: alterações económicas cada<br />
vez mais determinadas pela globalização<br />
dos mercados; alterações políticas e legislativas<br />
dominadas pelas preocupações d e<br />
contenção de custos; alterações sócio-demográficas<br />
decorrentes do envelhecimento<br />
da população, das modificações dos esti los<br />
de vida e dos crescentes fluxos migratórios;<br />
e alterações tecnológicas, quer a n ível d a<br />
medicina, da genética e da biotecnologia,<br />
quer a nível da telemática, com a crescente<br />
utilização de consultas e d iagnóstico à distância<br />
e discussões clínicas virtuais.<br />
A gestão estratégica permitirá preparar os<br />
hospitais para melhor lidarem com este<br />
ambiente, tornando-os organizações pró<br />
-activas preocupadas em anteciparem-se às<br />
mutações externas e em avaliarem o impacto<br />
da sua actividade sobre a procura<br />
que devem satisfazer. Mas o processo que<br />
lhe está inerente serve também propósitos<br />
mais instrumentais ao obrigar os gestores<br />
à tomada de decisões com uma perspectiva<br />
alargada da organização, à definição<br />
de prioridades face a recursos escassos, à<br />
obtenção de consensos que fomentam a<br />
coesão organizacional e à comunicação<br />
com os colaboradores aos dife rentes níveis<br />
hierárquicos, resultando globalmente num<br />
melhor desempenho das pessoas.<br />
2. O ciclo de gestão estratégica<br />
nos hospitais<br />
Como em qualquer organização, podem considerar-se<br />
genericamente cinco fases no ciclo<br />
de gestão estratégica de um hospital:<br />
1) A análise estratégica;<br />
2) A definição da direcção estratégica;<br />
3) A fo rmulação da estratégia;<br />
4) A organização e a implementação da estratégia;<br />
e<br />
S) O controle e a avaliação da estratégia<br />
2.1. A análise estratégica - Avaliação<br />
do contexto externo e do contexto<br />
interno<br />
A primeira fase consiste na caracterização do<br />
meio envolvente e das suas implicações para<br />
o hospital e comporta essencialmente duas<br />
vertentes: a análise do contexto externo e a<br />
análise do contexto interno. A primeira permitirá<br />
identificar tendências, desvios, constrangimentos,<br />
interdependências e outros<br />
factores susceptíveis de influenciar o desempenho<br />
organizacional. Existem uma série de<br />
ins trumentos que podem auxiliar o hospital<br />
e a identificar, organizar e compreender as<br />
variáveis externas que o afectam. Um deles<br />
é a análise PEST - identificação dos contextos<br />
político, económico e ambiental, sócio<br />
-demográfico e tecnológico. Trata-se de um<br />
modelo de análise macro que pode ser levado<br />
a cabo através, por exemplo, de técnicas tradicionais<br />
de brainstorming com colaboradores<br />
- chave da organização.<br />
Figura 1 - Análise do Contexto Micro: Modelo das 4 Forças<br />
(Porter Adapatado)<br />
Quais as necessidades dos<br />
doentes e da comunida de e<br />
qua is as suas expectativas<br />
re la tivamente aos<br />
serviços?<br />
Doentes e<br />
população<br />
Que dependências,<br />
complementaridades e<br />
sinergias com outras<br />
instituições e serviços?<br />
Política de Saúde<br />
Parceiros<br />
A análise das 5 forças originariamente desenvolvida<br />
por M . Porter revela-se também útil,<br />
sobretudo tratando-se de hospitais lucrativos,<br />
que devem analisar de forma dinâmica as<br />
condições de atractividade de cada segmento<br />
de mercado, de forma a conseguirem uma perspectiva<br />
completa do enquadramento da sua<br />
actividade. A matriz do modelo pode todavia<br />
ser adaptada ao sistema público, como ilustra<br />
a figural, considerando essencialmente quatro<br />
perspectivas: 1) política de saúde - identificação<br />
das áreas de futuro desenvolvimento no<br />
sector; 2) doentes e população - conhecimento<br />
das necessidades dos doentes e da comunidade<br />
e das suas expectativas relativamente aos serviços;<br />
3) parceiros - compreensão dos tipos de<br />
dependências, complementaridades e sinergias<br />
com outras instituições; e 4) programas e serviços<br />
- definição da carteira de serviços resultante<br />
das análises anteriores e da sua compatibilização<br />
com a visão e os objectivos estratégicos.<br />
Finalmente a análise do meio envolven-<br />
Quais as áreas de<br />
futuro<br />
desenvolvimento do<br />
sector?<br />
Programas e<br />
serviços<br />
Qual a carteira de serviços<br />
resultante da análise<br />
estratégica?<br />
»>Adaptado de Paul, Jilli an.et al. - "Aligning Performance Ma nagement with Corporate Strategy: A Toolkit for<br />
Ontario's Hospitals"<br />
22<br />
23
te é completada pela análise interna do<br />
hospital. Devem ser avaliados os méritos<br />
relativos dos seus recursos - capacidades<br />
profissionais, tecnológicas, relacionais e<br />
financeiras, de forma a identificarem-se os<br />
pontos fortes e fracos da organização face<br />
aos concorrentes e dentro dos primeiros<br />
quais as suas competências centrais. Estas<br />
resultam da aprendizagem colectiva do<br />
hospital e devem ser continuamente melhoradas<br />
pois são os seus pontos fortes<br />
mais diferenciadores na satisfação das necessidades<br />
dos clientes.<br />
Em seguida, é conveniente relacionar<br />
os pontos fortes e fracos identificados<br />
com a avaliação previamente efectuada<br />
do ambiente externo, através de uma<br />
análise SWOT que' permitirá responder<br />
às seguintes questões: O que o hospital<br />
faz bem? O que não faz bem? O que<br />
deve fazer? O que não deve fazer? Nesta<br />
análise, identificam-se as oportunidades e<br />
as ameaças canto presentes como futuras,<br />
sendo cerro que uma ameaça pode tornar<br />
-se numa oportunidade.<br />
A figura 2 sintetiza de forma esquemática a<br />
interligação das várias etapas desta primeira<br />
fase do ciclo de gestão estratégica.<br />
Figura 2 - Esquema da Análise Estratégica<br />
_ l~<br />
Contexto<br />
Macro<br />
Externa<br />
1<br />
-'~<br />
Contexto<br />
Micro<br />
2.2. Definição da direcção<br />
estratégica - desenvolvimento<br />
da visão, missão e valores<br />
e identificação dos factores<br />
críticos de sucesso<br />
Concluída a análise estratégica, a definição da<br />
estratégia inicia-se com a construção de uma<br />
visão para o futuro. A visão define os grandes<br />
propósitos da organização, de forma a que se<br />
tomem hoje decisões que afectarão amanhã o<br />
seu desempenho. É uma imagem mental que<br />
fornece as linhas de orientação, a direcção e a<br />
motivação para uma mudança. O carácter próactivo<br />
da actividade hospitalar exige que a visão<br />
seja periodicamente revista, tendo sempre como<br />
referência as alterações do meio envolvente.<br />
Seguidamente é definida a missão - a filosofia<br />
essencial do hospital, vertida para<br />
uma "declaração de missão" que aborda,<br />
normalmente, quatro vertentes:<br />
1) as obrigações para com os diferentes accionistas<br />
e a comunidade;<br />
2) a delimitação do âmbito da actividade;<br />
3) as potenciais vantagens competitivas;<br />
4) a imagem pública desejada.<br />
A missão, diferentemente da visão, perdura<br />
no tempo e dará aos colaboradores<br />
Análise<br />
l<br />
~~~~~--~~~~~<br />
Interna<br />
uma noção clara d a organização em que<br />
trabalham e dos seus próprios objectivos,<br />
incentivando-os a atingi-los.<br />
Estabelecida a visão e definida a missão<br />
(estratégia direccional), devem ser declarados<br />
os valores que definem o carácter do<br />
hospital, que constituirão as fundações do<br />
seu estilo de gestão e que nortearão o comportamento<br />
dos seus profiss ionais.<br />
Finalmente devem identificar-se os faccores<br />
críticos de sucesso - o número (limitado)<br />
de condições que asseguram a consecução<br />
da missão do hospital. Em linguagem mais<br />
coloquial são aquelas áreas em que "as coisas<br />
têm de correr bem" para se obter os resultados<br />
esperados. Por exemplo, conhecer<br />
as necessidades da comunidade, assegurar<br />
adequado nível de financiamento; articular<br />
com os parceiros (dependências, integrações);<br />
manter boas relações com a tutela;<br />
criar boa imagem na comunidade são<br />
tipicamente condições de sustentabilidade<br />
do hospital público e, consequentemente<br />
faccores críticos para o seu sucesso.<br />
2.3. Formulação da estratégia<br />
- opções para criar valor<br />
A formulação da estratégia inicia-se com a<br />
definição de objectivos. Os objectivos são<br />
o elo de ligação da estratégia direccional à<br />
acção organizacional e constituem a extensão<br />
natural da missão. Por isso, em sintonia com<br />
aquela, o hospital deve estabelecer um conjunto<br />
de objectivos concretos para nortear<br />
a sua actividade. Pri meiro serão definidos<br />
os objectivos finais ("goals") - o que se espera<br />
atingir no futuro. São objectivos direccionais,<br />
de formulação geral e estáveis no<br />
tempo. Aqueles que promovam o reforço das<br />
competências centrais nos factores críticos<br />
de sucesso serão considerados objectivos estratégicos<br />
e irão requerer uma monitorizaçao<br />
apertada. Segue-se a definição dos objectivos<br />
intermédios ("objectives") - como se<br />
atingem os primeiros. São objectivos eSpeficios,<br />
.Mensuráveis, Atingíveis, Realistas e<br />
Temporalmente definidos (SMART), que<br />
ademais devem ser claros, compreensíveis e<br />
que preferencialmente, devem ser escritos<br />
e comunicados a todos os colaboradores. A<br />
Figura 3 - Exemplo de definição de objectivos (SMART)<br />
Obiectivo final Objectivos intermédios Obiectivos Intermédios<br />
Melhorar a<br />
qualidade de<br />
serviços<br />
clínicos chave<br />
Diminuir tempos de<br />
espera para serviços<br />
oncológicos<br />
•.----<br />
Aumentar a segurança<br />
dos doentes<br />
-<br />
* Diminuir ( em .•. )Tempos de<br />
espera para diagnostico de cancro<br />
da mama<br />
* Diminuir ( em •.•) Tempos de<br />
espera para radioterapia e<br />
quimioterapia<br />
* Diminur (em...) Tempos de espera<br />
para cirurgia<br />
* Diminuir ( em ...) Erros de<br />
prescrição<br />
* Diminui r ( em ...) Erros de<br />
administração<br />
* Diminuir ( em ... ) Número de<br />
quedas<br />
»>Adaptado de Paul, Jillian.et al. - "Aligning Performance Management with Corporate Strategy: A Toolkit for<br />
Ontario's Hospitais"<br />
figura 3 ilustra sumariamente a "cascata de<br />
objectivos" definidos para uma área do hospital.<br />
Uma vez seleccionados os objectivos, o<br />
hospital terá de delinear uma estratégia<br />
para os alcançar e a posicionar-se face à<br />
concorrência. Num hospital com fins lucrativos,<br />
este processo é crítico para criar<br />
valor para os clientes e atingir vantagem<br />
sobre os competidores. Mas o hospital público<br />
também compete com os demais na<br />
obtenção de recursos financeiros escassos,<br />
através de processos de contratualização<br />
nos quais negoceia contrapartidas de objectivos<br />
e metas a atingir. N este processo,<br />
adquire vantagem competitiva quando se<br />
destaca dos demais em termos de desempenho<br />
relativo e cria valor para os seus<br />
clientes quando melhora resultados e estes<br />
têm impacto positivo no estado de saúde<br />
da população que serve.<br />
Num esquema concorrencial lucrativo, a<br />
vantagem competitiva de um hospital fundamenta-se<br />
no facto de os utilizadores (os<br />
doentes ou os serviços que os referenciam)<br />
reconhecerem na sua oferta valor suficiente<br />
para recorrerem preferencialmente a ele,<br />
dispondo-se a pagar um preço mais elevado.<br />
Num esquema não conco rrencial, em que<br />
a realidade de preços não impera, o valor<br />
atribuído a um serviço pode ser apreciado<br />
pelos esforços feitos pelos utilizadores para<br />
terem acesso a ele através, por exemplo, do<br />
tempo de deslocação assumido, dos tempos<br />
de espera consentidos, de escolha direcca ou<br />
de referenciação a pedido.<br />
Para aumentar a sua base de vantagens competitivas,<br />
o hospital pode (de acordo com Porter)<br />
seguir duas estratégias gerais ilustradas na figura<br />
4: aumentar o valor para o cliente de forma<br />
a que este seja superior ao custo suplementar<br />
em que incorre - estratégia de diferenciação,<br />
ou racionalizar a produção aplicando menos<br />
recursos ou recursos menos onerosos sem, no<br />
entanto, diminuir a percepção que o utilizador<br />
tem desse valor - estratégia de custos.<br />
A estas estratégias gerais pode acrescentar-se ainda,<br />
a focalização, que, numa organização de<br />
saúde poderá consistir em privilegiar uma determinada<br />
categoria de utilizador, de patologia ou<br />
de àpo de tecnologia de atendimento.<br />
A via de diferenciação mais comum num hospital<br />
é a competência do seu corpo clínico (médico e<br />
de enfermagem), associada, em certos casos, ao<br />
controle de determinadas tecnologias. Mas a diferenciação<br />
pode passar também por introduzir serviços<br />
complementares na cadeia de valor de uma<br />
linha assistencial, por exemplo, associando cuidados<br />
paliativas ao tratamento oncológico, ou<br />
pela criação de estruturas intermédias (cuidados<br />
sub-agudos) para responder às necessidades dos<br />
doentes na fase pós-aguda; ou ainda através de<br />
uma maior colaboração com parceiros externos<br />
para desenvolver investigação clínica, participar<br />
no ensino universitário ou pós-graduado ou<br />
para suprir determinadas carências tecnológicas.<br />
Esta via de diferenciação pode ainda focalizar-se<br />
num atendimento de natureza multidisciplinar,<br />
em que o doente é encarado de uma forma integrada,<br />
sendo os exemplos mais usuais a criação de<br />
centros de cuidados (coração, neurociências, área<br />
de saúde da mulher, hospital da criança, etc).<br />
Embora teoricamente as estratégias genéricas (tal<br />
como concebidas por M. Porter) sejam exclusivas,<br />
num universo complexo como o hospitalar<br />
elas deverão ser combinadas de maneira inteligente,<br />
de forma a acentuar o valor para o cliente<br />
e, ao mesmo tempo, reduzir custos operacionais.<br />
Por isso o grande desafio que o gestor hospitalar<br />
enfrenta numa estratégia de diferenciação é a<br />
escolha de vias relativamente menos onerosas,<br />
em que o ganho em valor/qualidade do serviço<br />
supere os correspondentes acréscimos em custo.<br />
Impõe-se por isso um conhecimento rigoroso da<br />
estrutura de custos do hospital.<br />
A estratégia competitiva adaptada pelo hospital<br />
ficará caracterizada pelo modo como escolher<br />
criar valor para os seus clientes: por via da excelência<br />
operacional, ou através da inovação dos<br />
produtos/serviços que presta ou ainda de uma<br />
hábil combinação de ambas.<br />
No sector público de saúde, a perspectiva do<br />
cliente na definição de valor é um conceito<br />
relativamente recente. Face a uma atitude no<br />
passado de submissão aos médicos, o utilizador<br />
dos serviços de saúde assume hoje uma postura<br />
Figura 4 - Esquema Geral de Criação de Valor para o Cliente<br />
Recursos<br />
Competências<br />
Centrais<br />
Capacidades<br />
•<br />
Vantagem<br />
Competitiva<br />
•<br />
custo<br />
• diferenciação<br />
Criação<br />
De<br />
.: Valor<br />
(cliente)<br />
25
exigente em relação aos serviços presrados e cem<br />
cada vez mais um papel pró-acrivo e interactivo<br />
relativamente às possibilidades diagnósticas<br />
e terapêuticas, exercendo influência sobre a<br />
dinâmica organizacional. O hospital do século<br />
XXI está a tornar-se uma organização orientada<br />
para o cliente, preocupada em adaptar o serviço<br />
às suas exigências individuais. Tem por isso que<br />
questioná-lo (através de inquéritos e entrevistas)<br />
e não apenas supor quais são as suas preferências,<br />
assim como envolvê-lo no planeamento<br />
e na prestação dos serviços. Tem igualmente<br />
nização verticalmente mais complexa. Por outro<br />
lado, quanto mais regras existirem sobre como o<br />
trabalho deve ser feiro e sobre como as decisões<br />
devem ser mmadas, mais a organização será de<br />
ripo formal. As burocracias profissionais, em que<br />
se incluem os hospitais, tendem a ser organizações<br />
com elevado grau de formalização. Finalmente,<br />
quando as decisões são reservadas à gestão de<br />
topo, a centralização é elevada e a descentralização<br />
ocorre à medida que é conferido poder decisional<br />
aos níveis básicos da hierarquia.<br />
Não obstante as diversas experiências levadas<br />
ganizações mais complexas do que no tempo de<br />
Weber e de Fayol. A nova economia pós-industrial<br />
baseada em conhecimento em muito tem<br />
contribuído para a mudança de paradigma, a<br />
par com a revolução tecnológica das últimas<br />
décadas, que permite hoje facilmente processar<br />
e distribuir informação por roda a organização<br />
aos trabalhadores do conhecimento. O perfil do<br />
colaborador acrual - o novo "cérebro de obra"<br />
exige estruturas organizacionais mais planas,<br />
flexíveis e descentralizadas.<br />
Após conceber a estratégia e desenvolver a es<br />
das actividades que desenvolve para realizar ecolocar<br />
à disposição dos clientes os seus p rodutos<br />
e serviços, permitindo relacionar aquelas com a<br />
sua vantagem competitiva. É por isso crítica uma<br />
visão analítica do conteúdo das actividades e da<br />
estrutura de custos correspondente<br />
Conforme mostra a figura 5, o conjunto de actividades<br />
primárias (estruturantes) num hospital<br />
incluem tipicamente a negociação com os financiadores<br />
e os fornecedores, a gestão de recursos<br />
humanos, a definição da carteira de serviços e<br />
a organização da prestaçãao de cuidados, o fi<br />
Figura 5 - A cadeia de valor de um hospital<br />
Actividades {<br />
de suporte<br />
Actividades<br />
que<br />
contribuem<br />
para<br />
aumentara<br />
ef'ed:i vidade e<br />
aefidênd a<br />
do serviço<br />
<strong>Gestão</strong> financeira<br />
Sistema de informação<br />
<strong>Gestão</strong> da ualidade<br />
Compras<br />
A an álise da<br />
cadeia d e valor<br />
permite identificar<br />
as actividad es<br />
q ue devem ser<br />
"terciarizadas "<br />
que reconhecer que qualidade implica surpreender<br />
o cliente e exceder as suas expecrativas,<br />
pelo que terá de preocupar-se em<br />
adicionar valores intangíveis significativos<br />
a cabo um pouco por roda a parte, visando<br />
descentralizar a gestão (níveis intermédios de<br />
gestão, centros de responsabilidade, etc), nos<br />
hospitais em geral ainda domina a organização<br />
trutura torna-se agora necessário passar à acção<br />
organizacional. A integração estratégica e operacional<br />
faz-se através das políticas de gestão<br />
(produção, recursos humanos, financeira, tec<br />
nanciamento do investimento, as escolhas tecnológicas<br />
(incluindo medicamentos). A actividade<br />
de suporte operacional engloba toda a área<br />
logística que não corresponde a um facror-chave<br />
Actividades Primárias<br />
Actividades relacionadas directamente rom o<br />
desenvolvimento e a prestação do serviço<br />
Adaptado de Porter, 1990<br />
aos serviços básicos, através de amenidades<br />
hierárquica e centralizada de especialistas que se<br />
nológica e marketing) e dos planos de acção.<br />
de sucesso, mas que é necessária para a realização<br />
diversas (p.ex., elevado conforto na espera,<br />
baseiam em procedimentos padrão para realizar<br />
Basicamente as políticas são linhas mestras que<br />
da prestação do serviço. No hospital, esta acrivi<br />
precisam compreender como é que o seu trabalho<br />
a ligação essencial entre o plano estratégico e a<br />
amabilidade no trato, disponibilização de<br />
o seu trabalho. Este tipo de estrutura - macrocé<br />
indicam limites ou restrições sobre aquilo que<br />
dade corresponde geralmente à logística não<br />
contribui para o desempenho global do hospital.<br />
gestão operacional do dia-a-dia, tornando aquele<br />
"serviços de conveniência", etc).<br />
fala, burocrática e pouco ágil, assenre na norma<br />
se quer conseguir. Os planos têm a ver com os<br />
-médica, passível de ser terciarizada porque não<br />
É por isso aconselhável promover reuniões regu<br />
um instrumento rangível, em vez de um mero<br />
2.4. Organização e implementação<br />
da estratégia. Estrutura e cultura<br />
são o suporte.<br />
lização, na previsibilidade e na unireralidade de<br />
interpretação do meio envolvente, cada vez menos<br />
se encaixa no contexto de intensa e rápida<br />
mudança que caracteriza o mundo acrual.<br />
meios utilizados para chegar àqueles fins.<br />
A concepção das políticas de gestão tem início<br />
na caracterização das diferentes acrividades da<br />
cadeia de valor da organização- primárias e de<br />
constitui competência central da organização e<br />
porque a especialização dos fornecedores de cais<br />
serviços permitirá obter maior eficiência, maior<br />
flexibilidade e maior capacidade de adaptação às<br />
lares que favoreçam a participação das pessoas<br />
nos processos e sessões formativas que estimulem<br />
as suas sugestões e críticas. É fundamental<br />
exigir responsabilidades mas também "celebrar" o<br />
exercício académico.<br />
O desenvolvimento de indicadores e a sua organização<br />
em quadros de bordo são aspectos instrumentais<br />
de grande relevância para esta última fase<br />
Após a formulação da estratégia, é necessário<br />
O que é válido para uma determinada época<br />
suporte, em que cada da actividade é encarada<br />
necessidades específicas do hospital.<br />
sucesso e reconhecer as iniciativas e o mérito dos<br />
do ciclo de gestão estratégica. Os indicadores são<br />
criar a estrutura que irá servir de suporte às opções<br />
delineadas. A estrutura é o padrão de relações<br />
que irá unir todos os recursos do hospital e<br />
pode não o ser num momento diferente e é<br />
inquestionável que as organizações são hoje<br />
sistemas mais abertos e que os hospitais são or-<br />
não apenas como um custo mas sobretudo como<br />
uma fonte de valor para a oferta final. A cadeia de<br />
valor do hospital não é mais do que a descrição<br />
Seguidamente há que desenvolver para as áreas<br />
-chave da organização, planos de acção de médio<br />
e longo prazo e planos de accividades anuais bem<br />
colaboradores, fomentando uma cultura de risco<br />
- aprender com os erros. O reconhecimento das<br />
boas práticas é, a um tempo, o garante da motiva<br />
medidas quantitativas, normalmente apresentadas<br />
sob a forma de rácios, que permitem levantar<br />
questões relevantes e estimular uma investigação<br />
constiruir o elo de ligação entre as orientações<br />
como os orçamentos que os sustentam. O desen<br />
ção profissional e o motor da melhoria do desem<br />
mais aprofundada sobre as mesmas. Os indica<br />
estratégicas e a sua actuação no mercado ou na<br />
volvimento de projecros para áreas de inovação<br />
penho organizacional.<br />
dores dão mensagens relativas e não absolutas,<br />
rede de serviços de saúde em que se integra.<br />
No desenho da estrutura organizacional assume<br />
irá também requerer atenção. Normalmente elaboram-se<br />
para cada projecto, quadros contendo<br />
É bom lembrar que, em qualquer organização, a<br />
satisfação do cliente interno se repercute na satis<br />
pelo que é fundamental rodear de grande rigor a<br />
sua construção. Atributos como validade (medir<br />
um papel de relevo a compatibilização d~ duas<br />
vertentes: a diferenciação funcional e a integração.<br />
A diferenciação funcional refere-se à especialização<br />
do trabalho desenvolvido pelos diferentes ser<br />
a descrição das acções a empreender (o quê), a<br />
forma como serão desenvolvidas e implementadas<br />
(como), a atribuição de responsabilidades<br />
(quem), os prazos de implementação (quando) e<br />
fação e na fidelização do cliente externo.<br />
2.5. Controle e avaliação da estratégia<br />
Finalmente, será necessário fazer o controle e a<br />
efectivamenre o que se quer medir) sensibilidade<br />
(detectar todos os casos que se querem medir) e<br />
especificidade (detectar unicamente os casos que<br />
interessam) são de presença obrigatória, para o<br />
viços ou unidades operacionais, permitindo que<br />
os respectivos custos (quanto), culminando com a<br />
avaliação das acções em curso - comparar os re<br />
que contribui grandemente a incorporação ao de<br />
cada ripo específico de função seja levada a cabo<br />
com maior efeccividade. Mas numa organização<br />
complexa como o hospital, o trabalho dos diferentes<br />
indivíduos e dos diferences serviços é alta<br />
definição dos indicadores de avaliação.<br />
Finalmente, a implementação da estratégia exige<br />
a criação de uma cultura organizacional, a qual<br />
irá complementar o papel da estrutura na inte<br />
sultados com padrões existentes, analisar desvios e<br />
desenvolver soluções de melhoramento.<br />
Esta fase funciona como um verdadeiro sistema<br />
de sinalização por diversas razões. Em primeiro<br />
ajustamentos vários à realidade que se pretende<br />
avaliar.<br />
No âmbito da avaliação do desempenho, efectividade<br />
e eficiência são conceitos habitualmente<br />
mente interdependente, pelo que a integração (ou<br />
gração das funções dentro do hospital. A cultura<br />
lugar, porque auxilia os gestores a assegurarem<br />
utilizados nas organizações de saúde e designada<br />
coordenação) das diferentes funções é também essencial<br />
para o seu desempenho.<br />
O ripo de integração a desenhar deverá ter em<br />
consideração crês dimensões: complexidade; formalização<br />
e centralização. À medida que as neces<br />
não é mais do que o conjunto de valores, crenças,<br />
expectativas e práticas que são adaptadas pela<br />
generalidade dos membros de uma organização.<br />
Através da assimilação da cultura, cada elemento<br />
está em condições de executar as suas funções em<br />
que as suas políticas de gestão estão em conformidade<br />
com o plano traçado - que se mantêm "no<br />
trilho". Em segundo lugar porque permite comparar<br />
os objectivos quantificados com os resultados<br />
alcançados. Em terceiro lugar porque permite<br />
mente nos hospitais. O bom desempenho é associado<br />
à capacidade de tratar os doentes com<br />
qualidade e de satisfazer as suas necessidades<br />
enquanto clientes. Nesta área assumem grande<br />
relevância indicadores relacionados com a quali<br />
sidades de coordenação aumentam são tendencialmente<br />
inseridos mais níveis de gestão entre o<br />
copo e as unidades operacionais, tornando a orga-<br />
simonia com a visão e a missão.<br />
A comunicação desempenha um papel de enorme<br />
importância nesta matéria, pois os colaboradores<br />
desenvolver acções correcrivas que encorajam a<br />
melhoria contínua do desempenho. Finalmente,<br />
e quiçá mais importante, porque proporciona<br />
dade, medida nas suas três dimensões - estrutura,<br />
processo e resultados (intermédios e "outcomes"),<br />
com a acessibilidade, com a selecção adversa po-<br />
<strong>27</strong>
tencialmente praticável por cada hospital e com<br />
as expectativas e percepções dos utilizadores sobre<br />
os serviços. Mas o bom desempenho também é<br />
associado à racionalização de custos, procurando<br />
a melhor relação entre recursos utilizados e a<br />
produção. Nesta área há que desenvolver indicadores<br />
para controle de custos globais e unitários<br />
e para monitorização da adequação dos meios,<br />
evitando consumos de recursos excessivos e/ou<br />
inapropriados.<br />
O controle do custo operacional dos recursos humanos<br />
pressupõe que sejam feitos investimentos<br />
em formação e em organização do trabalho. Por<br />
um lado deve praticar-se um recrutamento cuidadoso,<br />
garantindo que as pessoas seleccionadas<br />
terão capacidade de contribuir para os objectivos<br />
organizacionais. Por outro lado deve preparar-se<br />
os colaboradores para o exercício das suas actividades,<br />
potenciando o desenvolvimento das suas<br />
competências e aptidões e fornecendo-lhes os<br />
meios para os auxiliar no desempenho individuais<br />
e no trabalho em equipa.<br />
O controle dos custos relacionados com a organização<br />
da prestação implica actuar sobre a taxa<br />
de ocupação, a demora média, e a adequação dos<br />
doences à tipologia de hospital (cuidados apropriados).<br />
A maximização da taxa de ocupação<br />
depende, em boa medida, da implementação<br />
de estruturas flexíveis, como seja a utilização das<br />
camas (de hospitalização convencional) de forma<br />
"partilhadà' pelos vários serviços e /ou cencros<br />
de cuidados com a ressalva que naturalmente se<br />
impõe para certas especialidades, como a p~diatria,<br />
a neonatologia ou a obstetrícia. Para reduzir<br />
custos associados à demora média, as técnicas de<br />
revisão de utilização e de planeamenco de altas, a<br />
contratualização e a regulação das relações entre<br />
as estruturas técnicas de apoio diagnóstico e terapêutico<br />
e os serviços clínicos, incluindo o recurso<br />
a parcerias externas, permitirão combater as práticas<br />
que levam ao prolongamento da permanência<br />
dos doentes no hospital.<br />
Para o controle dos custos tecnológicos deve reforçar-se<br />
o papel desempenhado pela comissão<br />
de farmácia e terapêutica na introdução de<br />
novos medicamentos de elevada expectativa<br />
terapêutica mas também de elevados custos, e<br />
potenciar economias de escala através da concentração<br />
de equipamentos e sua partilha pelos<br />
serviços utilizadores. O ritmo de utilização dos<br />
equipamentos, evitando sobre ou subutilização,<br />
é outro factor importante no controle de custos<br />
tecnológicos, o que depende de um bom conhecimento<br />
da procura e do controle dos fluxos<br />
de admissão dos doentes. Finalmente, a pesquisa<br />
de inovações capazes de gerar substituição tecnológica<br />
que permita tempos de internamento<br />
menores (cirurgia por video-laparoscopia, por<br />
exemplo), tem a um tempo impacto no controle<br />
do custo tecnológico e no controle dos custos da<br />
infraestrutura de internamento.<br />
A redução dos custos variáveis depende, ftmdamentalmente,<br />
da gestão das compras e dos<br />
stocks, e da análise regular das práticas cünicas,<br />
fomentando a utilização de protocolos terapêuticos<br />
e oriencações clínicas, de forma a actuar (aumentando<br />
a eficiência) sobre os três componentes<br />
fundamentais daqueles custos: o conswno de actos,<br />
de produtos farmacêuticos e de material de<br />
consumo cünico.<br />
3. Os benefícios da gestão estratégica<br />
Em jeito de síntese, poder-se-á dizer que a gestão<br />
estratégica é acima de tudo uma filosofia de gestão<br />
orientada para o exterior, para o desempenho e<br />
para o futuro "Looking out, looking in, looking<br />
ahead" (Brinkerhoff 1994). Os seus benefícios em<br />
meio hospitalar poderão resumir-se nos seguintes<br />
pontos:<br />
-Ajuda os gestores a compreenderem o presente,<br />
a perspectivarem o futuro e a reconhecerem antecipadamente<br />
os sinais que indicam a mudança.<br />
- Dá consistência à tomada de decisão, pois permite<br />
uma visão temporal mais favorável à sobrevivência<br />
da organização, compatibilizando constantemente<br />
o curto com o longo prazo.<br />
- Exige que os gestores comuniquem vertical e<br />
horizoncalmente - que a informação flua dentro<br />
do hospital, em todos os sentidos, estimtJando a<br />
canalização de esforços para a realização de objetivos<br />
predeterminados;<br />
- Dá ao hospital vantagem competitiva, facilitando<br />
a exploração de futuras oportunidades de mercado<br />
ou de posicionamento na rede de serviços de<br />
saúde e identificando necessidades de redefinição<br />
das suas competências centrais.<br />
- Encoraja a inovação e a mudança, para responder<br />
a situações dinâmicas do meio envolvente.<br />
Mas porventura o maior benefício da gestão<br />
estratégica nos hospitais - sobretudo nos<br />
públicos, é criar um sentido colectivo de finalidade<br />
e de partilha de valores. Ao permitir<br />
organizar os contributos que as diversas áreas<br />
têm a dar ao hospital, serve como linha orientadora<br />
para a integração dos esforços desenvolvidos<br />
pelos vários colaboradores dispersos<br />
pela organização. E desta forma tempera também<br />
as motivações individuais dos diversos<br />
grupos profissionais que dificultam o cumprimento<br />
dos objectivos finais do hospital e<br />
a concretização da sua missão. mD Margarida<br />
Benres, Administradora <strong>Hospitalar</strong><br />
Bibliografia<br />
-ARTMANN Elisabeth; RIVERA, Francisco<br />
(2003) - "Démarche stratégique (gestão estratégica<br />
hospitalar): um instrumento de coordenação<br />
da prática hospitalar baseado nos<br />
custos de oportunidade e na solidariedade",<br />
Ciência e Saúde Colectiva, vol 8, n°2 , Rio de<br />
Janeiro, 2003.<br />
- BENTES, Margarida - "Organização por<br />
Linhas Assistenciais nos Hospitais: um conceito<br />
inovador ou um modelo revisitado?" -<br />
Revista <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>, Outubro 2005, pp<br />
38-39<br />
- FREIRE, Adriano - "Estratégia- Sucesso<br />
Em Portugal" - Editorial Verbo, Maio 2003.<br />
- MINTZBERG, Henry et AL - "The Strategy<br />
Process", Ed. Prentice-Hall, 1999;<br />
- PAUL, Jillian.et AL. - ''Aligning Performance<br />
Management with Corporate Strategy:<br />
A Toolkit for Ontario's Hospitais", HRCC<br />
Report May 2006.<br />
- PORTER, Michael E. (1989). "Vantagem<br />
Competitiva - criando e sustentando um desempenho<br />
superior" (trad.) 13 ed, Editora<br />
Campus, Rio de Janeiro.<br />
- SWAYNE, Linda et AL. - "The Nature of<br />
Strategic Management" in "Srrategic Mana.gemem<br />
of Health Care Organizations, caps 1<br />
pp 4-49, Blackwell Publishing, lncorporated,<br />
5 <strong>ª</strong>edição, Outubro 2005.<br />
- WARDEN, Gail - "Imperatives for Leadership<br />
in· Hospitais and Health Systems" -<br />
"Journal of Healrhcare Management'', 44 :3<br />
pp 150-161, May/June 1999.<br />
-ZUCKERMAN, Alan - "Healthcare Strategic<br />
Planning - Approaches for the 21 sr century'',<br />
Health Administration Press, Chicago, 1998.
Portugueses<br />
Cientistas travam malária cerebral<br />
U<br />
ma equipa de cientistas portugueses<br />
conseguiu inibir a progressão da malária<br />
cerebral em ratinhos infectados<br />
com a doença. Os investigadores do Instituto de<br />
Medicina Molecular da Universidade de Lisboa<br />
e do Instituto Gulbenkian Ciência descobriram<br />
uma forma de inibir a malária cerebral através<br />
do uso de monóxido de carbono.<br />
De acordo com a coordenadora do estudo,<br />
há grandes probabilidades de o monóxido de<br />
carbono funcionar noutros tipos de malária e<br />
em humanos. De acordo com Maria Manuel<br />
Mota, esta descoberta é um passo importante<br />
na descoberta dos mecanismos que desencadeiam<br />
a malária cerebral, ao mesmo tempo<br />
que lança a possibilidade de novas terapias<br />
para a doença em humanos.<br />
Os resultados foram revelados no site da revista<br />
"Narure Medicine" e serão publicados na<br />
sua edição de Junho.<br />
Todos os anos morrem um a dois milhões de<br />
infectados com esta doença e surgem 200 a<br />
500 mil novos casos em regiões de África, Ásia<br />
e da América Latina. am<br />
Proteína<br />
Novos passos na Neurologia<br />
U<br />
m<br />
grupo de cientistas norte-americanos<br />
descobriu que a redução dos<br />
níveis de uma proteína específica<br />
diminui os sintomas de doenças neurológicas,<br />
como a doença de Alzheimer.<br />
Num artigo publicado pela revista "Science",<br />
uma equipa do Instituto G ladstone<br />
das Doenças Neurológicas, afirma que, ao<br />
eliminar a proteína "tau" em ratos modificados<br />
geneticamente para simular o Alzheimer,<br />
estes mantiveram a sua memória<br />
e o seu ciclo d e vida normal. Além disso,<br />
uma redução nos níveis da proteína conseguiu<br />
aumentar a resistência dos roedores<br />
aos ataques epilép ticos.<br />
D e acordo ainda com a equipa d e cientistas,<br />
o objectivo do estudo foi procurar uma<br />
estratégia complementar para fortalecer a<br />
resistência cerebral às proteínas<br />
beta-amilóides, que são consideradas responsáveis<br />
por esta patologia, sem ter de<br />
modificar os seus níveis.<br />
Os resultados deste estudo foram conhecidos<br />
d epois de um outro grupo de cientistas<br />
. . .<br />
none-amencanos anunciar que uma terapia<br />
hormonal administrada após a m enopausa<br />
poderia ajudar as mulheres a combater a<br />
demência, um dos principais sintomas<br />
do Alzheimer. Até agora as investigações<br />
méd icas tinham indicado que as mulheres<br />
que recebem hormonas depois dos 65 anos<br />
têm um risco de demência 75 por cento<br />
superior às outras mulheres. Mas este n ovo<br />
estudo obteve um resultado totalmente<br />
diferente em mulheres que tomaram hormonas<br />
antes dos 65 anos, com os factores<br />
d e risco da demên cia a diminuírem para<br />
metade.<br />
Todos os anos morrem um a dois milhões<br />
d e infectados com esta doença e surgem<br />
200 a 500 mil novos casos em regiões d e<br />
África, Ásia e da América Latina. am<br />
30<br />
Wyeth Lederle Portugal (Farma) Lda. 1 Rua Dr. António Borges, 2 - 1495-131 Algés 1 www.wyeth.pt
Relatório<br />
•<br />
os continu a<br />
os em marc a<br />
O Ministério da Saúde já fez<br />
o balanço do primeiro ano<br />
de vida da Rede de Cuidados<br />
Continuados Integrados<br />
e concluiu que não só se<br />
confirma a necessidade deste<br />
conjunto de serviços, como<br />
se impõe a sua total<br />
implementação.<br />
~nidade de Missão para os Cuidados<br />
Continuados Integrados, entidade resonsável<br />
pela implementação da Rede<br />
Nacional de Cuidados Continuados Integrados<br />
de Saúde e Apoio Social, fez o balanço da<br />
experiência piloto que lançou as bases do novo<br />
projecto que juntou os ministérios da Saúde e do<br />
Trabalho e Solidariedade Social.<br />
Segundo o relatório, "os dados comprovam o<br />
aumento contínuo da capacidade da rede, assim<br />
como da sua utilização no âmbito das experiências<br />
piloto".<br />
Fundada sob um novo paradigma, a rede tem<br />
por objectivo materializar "o cuidado com a pessoa<br />
em estado de dependência permanente ou<br />
temporário". Articula a intervenção em Saúde e<br />
Apoio Social, através de uma poütica integrada de<br />
sinergias entre os dois ministérios.<br />
No terreno, assistiu-se à criação e crescimento de<br />
novas unidades de internamento. Dividem-se,<br />
por tipologias, em unidades dedicadas a intervenções<br />
específicas: convalescença, média duração<br />
e reabilitação, longa duração e manutenção<br />
e cuidados paliativos. Até Março deste ano, a<br />
concretização destas unidades redundou na assinatura<br />
de 56 acordos, 900 camas e mais de 1.400<br />
utentes tratados. Do conjunto de unidades de internamento<br />
criadas, as que menos cresceram em<br />
número foram as destinadas aos cuidados paliati-<br />
Inês Guerreiro é o rosto que dá a cara pela implementação da Rede de Cuidados Continuados<br />
vos. De apenas 1 O camas contratadas em Outubro<br />
de 2006, o número total até Março de <strong>2007</strong><br />
ficou apenas nas 23. Instaladas nas regiões Centro<br />
e Lisboa e Vale do Tejo, deram no entanto, resposta<br />
a 101 utentes até Março de <strong>2007</strong>, contra<br />
os 49 em Fevereiro, o que significa um aumento<br />
percentual acima dos cem por cento, em apenas<br />
um mês. Enquanto as restantes unidades de internamento<br />
registaram uma taxa de ocupação de<br />
86 por cento, os cuidados paliativas obtiveram<br />
100 por cento. Segundo o relatório, "este dado<br />
permite comprovar a enorme carência das unidades<br />
para cuidados paliativas no nosso sistema<br />
de Saúde", afirma-se no documento. Mas a oferta<br />
não foi esgotada apenas nos cuidados paliativas.<br />
De norte a sul<br />
Por regiões, tanto o Algarve como o Alentejo<br />
absorveran1 na totalidade da capacidade de resposta<br />
em rodas as tipologias de internamento.<br />
Apenas no. Norte, a taxa de utilização das camas<br />
disponíveis ficou nos 75 por cento ao nível das<br />
unidades de média duração e reabilitação. Tanto<br />
as de convalescença quanto as de longa duração<br />
e manutenção registaram 100 por cento de<br />
utilização. As percentagens reduzem apenas na<br />
wna de Lisboa e Vale do Tejo, onde se verificou<br />
68 por cento de utilização em convalescença e<br />
33 por cento em longa duração e manutenção,<br />
contrastando com o resto do país, dominado por<br />
valores de 100 por cento ou próximo. No total, o<br />
relatório contabiliza em 91,2 por cento a taxa de<br />
utilização de camas contratadas activas. No que<br />
diz respeito à capacidade anual da rede em dias<br />
de internamento, o documento veicula que "em<br />
seis meses, a rede acwnulou wn a capacidade de<br />
328.500 dias, assumindo-se desde já, como uma<br />
importante intervenção complementar do SNS e<br />
apoio às actuais respostas da Rede de Apoio Social".<br />
Em praticamente wn mês, refere o relatório,<br />
a capacidade de resposta da Rede, aumentou<br />
44,6 por cento, permitindo "constatar a rápida<br />
evolução da procura, o que representa um sinal<br />
de sucesso no que diz respeito à aceitação".<br />
Além do crescente número de doentes e famílias<br />
que têm vindo a usufruir do apoio da Rede, também<br />
o número de profissionais envolvidos neste<br />
modelo tem vindo a aumentar. E nesse sentido,<br />
afuma o relatório, "esta Rede poderá ser uma im-<br />
portante fonte de criação emprego local a curto<br />
deAltas (EGA), equipasessasquefuncionamdenprazo".<br />
Neste momento, o modelo emprega 1500<br />
profissionais, sendo que este número poderá<br />
evoluir para os 40 a 50 mil até 2016, ano em que<br />
se prevê a total implementação e maturação dos<br />
cuidados continuados integrados. Até lá, a distância<br />
de 1 O anos desde o arranque, é o tempo considerado<br />
necessário para a execução progressiva<br />
das etapas de instalação plena deste novo modelo.<br />
As experiências piloto a decorrer integram-se na<br />
estratégia que "permite fazer a avaliação dos diferentes<br />
elementos do modelo com o objectivo de<br />
introduzir os aperfeiçoamentos que se mostrarem<br />
adequados ou mesmo adaptar os processos de<br />
gestão, financiamento ou acompanhamento e<br />
avaliação".<br />
Mudar mentalidades<br />
O processo de entrada dos utentes na Rede<br />
começa com a intervenção das Equipas de <strong>Gestão</strong><br />
/<br />
-------------------------------~<br />
/<br />
Idade mais frequente 77 anos<br />
/<br />
Valor médio de idades 76 anos<br />
17%<br />
16°/o<br />
6,50%<br />
15-30 30-50 51-60 61-70 71-80 81 -90 >90<br />
anos anos anos anos anos anos anos<br />
População N = 1406<br />
(nº casos de referenciação para a RNCCI entre Novembro de 2006 e Abril de <strong>2007</strong>)<br />
tro dos hospitais. Segw1do o relatório, a dinâmica<br />
destas equipas "está a evoluir de forma positiva,<br />
enfrentando porém alguma resistência cultural<br />
que reflecte a realidade histórica excessivamente<br />
virada para os cuidados baseados exclusivamente<br />
na hospitalização". As EGAs articulam-se com as<br />
Equipas de Coordenação Local e daí resulta o encaminhamento<br />
dos doentes para as unidades que<br />
melhor podem responder à situação clínica e social<br />
de cada utente e respectiva família. Os cuidados<br />
de apoio domiciliário constituem a resposta<br />
que "devolve" o utente à fàrrúlia. Sem descurar os<br />
cuidados de saúde, higiene e acompanhamento<br />
social essenciais à manutenção do doente, este<br />
cuidados evitam ainda o sobrecarregando dos<br />
fà.miliares.<br />
Para a implementação da rede, investiu-se também<br />
na criação de novos instrumentos jurídicos<br />
e técnicos. Nesse sentido, o relatório enumera a<br />
criação dos manuais de Planeamento de Altas e<br />
de Boas Práticas dos Assistentes Sociais, de Recomendações<br />
sobre Instalações para os Cuidados<br />
Continuados Integrados, de Critérios de Referenciação<br />
e fluxos de referenciação de doentes, de<br />
Modelos de declaração de consentimento informado,<br />
de Critérios para elaboração do Processo<br />
Individual de Cuidados e finalmente de Recomendações<br />
para o Uso de Fármacos.<br />
Desde 2006 a Março de <strong>2007</strong>, "foi ainda implementado<br />
um programa de formação que envolveu<br />
mais de 500 participantes, entre técnicos e<br />
profissionais de Saúde e Apoio Social".<br />
E daqui em diante, considerando "que o projecto<br />
vem responder a necessidades efectivas", conclui<br />
-se que "apesar das dificuldades, e complexidades<br />
organizacionais ( .. . ), organizações e profissionais<br />
de ambos os sectores evoluíram para uma fase de<br />
interesse e apoio à Rede e esperam o seu rápido<br />
crescimento". Edite Espadinha m:J<br />
32<br />
33
pesquisa à saúde.<br />
A Pfizer dedica t~da a su~am até às pessoas<br />
Dos que ai n~a nao n a~~e Sabemos que cada<br />
?e idade ;a;:r <strong>ª</strong>;r~bi!m~s específicos mas que<br />
idade po e. , mum 0 desejo de uma<br />
<strong>ª</strong> .todas as id ad~:v~ lcz plena. Por isso, estamos<br />
vida longa, sau . esti a ão biomédica,<br />
na vanguarda da invd cgadça vez mais doenças.<br />
preveni<br />
·ndo e tratan o<br />
.. lcançados mas<br />
Muitos sucessos fo ra~ ~ ~a nossa d~d i cação<br />
muitos outros neces~~<strong>ª</strong>doenças façam parte do<br />
e esforço. ~~~:~osso futuro. Este é o nosso<br />
passado~ s·1go· 1·untos faremos o futuro.<br />
compromisso con<br />
'<br />
DIÁRIO DA REPÚBLICA<br />
A GH apresenta a legislação mais relevante publicada em Diário da República entre os dias 9 de Abril e 21 de Maio.<br />
Presidência do Conselho de Ministros<br />
Resolução do Conselho de Ministros n. 0 60/<strong>2007</strong>, de 24 de<br />
Abril<br />
Prorroga, por mais dois anos, o mandato da Missão para os<br />
Cuidados de Saúde Primários, estrutura de missão criada pela<br />
Resolução do Conselho de Ministros n. 0 157/2005, de 12 de<br />
Outubro<br />
Declaração de Rectificação n. 0 34/<strong>2007</strong>, de 24 de Abril<br />
De ter sido rectificado o Decreto-Lei n. 0 50-A/<strong>2007</strong>, do Ministério<br />
da Saúde, que cria o Hospital do Espírito Santo de Évora, E.<br />
P. E., o Centro <strong>Hospitalar</strong> de Lisboa Central, E. P. E., o Centro<br />
<strong>Hospitalar</strong> de Coimb~a, E. P. E., o Centro <strong>Hospitalar</strong> de Trás-os<br />
-Montes e Alto Douro, E. P. E., o Centro <strong>Hospitalar</strong> do Médio<br />
Ave, E. P. E. , o Centro <strong>Hospitalar</strong> do Alto Ave, E. P. E., e o Centro<br />
<strong>Hospitalar</strong> de Vila Nova de Gaia/Espinho, E. P. E., e aprova<br />
os respectivos estatutos, publicado no Diário da República, l.<strong>ª</strong><br />
série, n. 0 42 (2. 0 suplemento), de 28 de Fevereiro de <strong>2007</strong><br />
Declaração de Recti:ficação n. 0 39/<strong>2007</strong>, de 16 de Maio<br />
De ter sido rectificada a Portaria n. 0 419/<strong>2007</strong>, do Ministério<br />
da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que cria o curso de<br />
pós-licenciatura de especialização em Enfermagem de Saúde<br />
Materna e Obstetrícia na Escola Superior de Enfermagem de<br />
Ponta Delgada, da Universidade dos Açores, e aprova o respectivo<br />
plano de estudos, publicada no Diário da República, l.<strong>ª</strong><br />
série, n. 0 73, de 13 de Abril de <strong>2007</strong><br />
Ministério da Saúde<br />
Portaria n. 0 582/<strong>2007</strong>, de 04 de Maio<br />
Regula o procedimento de aprovação, duração, execução, divulgação<br />
e fiscalização das escalas de turnos, bem como o valor<br />
máximo a cobrar pelas farmácias de turno pela dispensa de<br />
medicamentos não prescritos em receita médica do próprio dia<br />
ou do dia anterior<br />
Ministérios das Finanças e da Administração Pública<br />
e da Saúde<br />
Portaria n. 0 459/<strong>2007</strong>, de 18 de Abril<br />
Informática e Financeira da Saúde a iniciar um procedimento<br />
por concurso público para aquisição de serviços, envolvendo<br />
encargos em anos económicos diferentes<br />
Ministérios da Administração Interna e da Saúde<br />
Portaria n. 0 402/<strong>2007</strong>, de 1 O de Abril<br />
Altera o Regulamento do Transporte de Doentes, aprovado pela<br />
Portaria n. 0 1147/2001 , de 28 de Setembro<br />
Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior<br />
Portaria n. 0 405/<strong>2007</strong>, de 10 de Abril<br />
Autoriza o funcionamento do curso de pós-licenciatura de especialização<br />
em Enfermagem de Reabilitação na Escola Superior<br />
de Enfermagem São Francisco das Misericórdias e aprova orespectivo<br />
plano de estudos<br />
Portaria n. 0 419/<strong>2007</strong>, de 13 de Abril<br />
Cria o curso de pós-licenciatura de especialização em Enfermagem<br />
de Saúde Materna e Obstetrícia na Escola Superior de<br />
Enfermagem de Ponta Delgada da Universidade dos Açores e<br />
aprova o respectivo plano de estudos<br />
Portaria n. 0 404/<strong>2007</strong>, 1 O de Abril<br />
Autoriza o funcionamento do curso de pós-licenciatura de especialização<br />
em Enfermagem de Reabilitação na Escola Superior<br />
de Saúde do Vale do Ave, do Instituto Politécnico de Saúde do<br />
Norte, e aprova o respectivo plano de estudos<br />
Decreto-Lei n. 0 113/<strong>2007</strong>, de 18 de Abril<br />
Reconhece a existência legal do curso de Fisioterapia ministrado<br />
no Instituto Português de Oncologia de Francisco Gentil entre<br />
os anos de 1973-1978<br />
Ministério das Finanças e da Administração Pública<br />
Decreto-Lei n. 0 122/<strong>2007</strong>, de <strong>27</strong> de Abril<br />
Aprova o regime de acção social complementar dos trabalhadores<br />
da administração directa e indirecta do Estado<br />
Assembleia da República<br />
Lei n. 0 16/<strong>2007</strong>, de 17 de Abril<br />
Exclusão da ilicitude nos casos de interrupção voluntária da<br />
gravidez<br />
Au<br />
ação do Instituto de <strong>Gestão</strong><br />
Declaração n. 0 14/<strong>2007</strong>, de 21 de Maio<br />
D esignação de quatro personalidades para o Conselho Nacional<br />
de Procriação medicamente Assistida<br />
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Construimos um novo tipo<br />
de Companhia dê Cuidados de Saúde.<br />
•<br />
Schering-Plough Farma, Lda.<br />
Rua Agualva dos Açores, 16<br />
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