Gestão Hospitalar N.º 38 2008
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f 1 (~<br />
04 Editorial<br />
Pedro Lopes, presidente da APAH, conta o que aconteceu<br />
na Áustria, durante o 22<strong>º</strong> Congresso da Associação Europeia<br />
de Gestores <strong>Hospitalar</strong>es (EAHM}. A liderança foi o tema<br />
que esteve em destaque e, segundo Pedro Lopes, " foi muito<br />
adequado e oportuno, considerando o actual momento,<br />
as dificuldades na gestão e o papel determinante<br />
das lideranças" .<br />
12 Entrevista<br />
O entrevistado desta edição da GH é Jorge Simões, professor<br />
universitário, que foi consultor de Jorge Sampaio, durante<br />
os vários anos em que este foi Presidente da República.<br />
Pragmático e directo, Jorge Simões analisa a questão<br />
da sustentabilidade do SNS, fala dos problemas reais<br />
do sector em Portugal e também sobre o futuro da Europa,<br />
ao nível da Saúde.<br />
24 Política<br />
Os HUC passaram a EPE. O processo não foi fácil mas Fernando<br />
Regateiro, presidente do Conselho de Administração, analisa,<br />
para a GH, todos os pontos mesmo os mais polémicos.<br />
Para este responsável, todo o trajecto pode ser visto como<br />
" um caminho de reflexão sobre o enquadramento actual<br />
dos HUC no panorama geral da assistência hospitalar no País,<br />
o seu posicionamento nas redes de referenciação específicas,<br />
a caracterização da oferta existente e a identificação<br />
de necessidades humanas".<br />
28 Eventos<br />
Equidade, ética e direito à saúde e a articulação entre saúde<br />
pública e medicina hospitalar são temas que vão estar<br />
em debate, em Angola, durante o V Congresso Internacional<br />
dos Médicos em Angola, que se realiza nos dias 26 e 27<br />
de Janeiro próximo. Promovido pela Ordem dos Médicos daquele<br />
país, definiu como grandes temas do encontro a Saúde Pública<br />
e a Medicina <strong>Hospitalar</strong>.<br />
31 Novidades<br />
O Fórum Nacional sobre a <strong>Gestão</strong> do Medicamento em Meio<br />
<strong>Hospitalar</strong>, organizado pela APAH vai reunir em Lisboa, a 24<br />
de Outubro, um vasto grupo de especialistas do sector da Saúde.<br />
O que se pretende é debater a importância dos medicamentos<br />
de uso hospitalar na economia hospitalar a i@$@@)~[ ~ !ONAL DE<br />
dos fármacos nos hospitais, confrontado lib e rd~fl(ii.9 UCA<br />
com a uniformização de procedimentos; r ec 1r so re<br />
a introdução de novas drogas e os ensaio clínicos; e finalmente, /<br />
examinar a gestão do medicamento no d ente crónico. ~ 1 P...<br />
BIBLI OTE<br />
A
Editorial<br />
Sopra<br />
uma boa nova,<br />
A Liderança<br />
Associação Europeia de Gestores<br />
A liderança e a moral num processo com<br />
<strong>Hospitalar</strong>es (EAHM) realiwu o seu<br />
plexo em que o elo mais fraco é o doente à<br />
l<br />
.<br />
.<br />
('<br />
~ ' --<br />
....<br />
l<br />
último Congresso, o vigésimo segw1-<br />
o, nos dias 25 e 26 de Setembro, na<br />
cidade de Graz, na Áustria.<br />
O tema da conferência, "N ew Leadershi p<br />
for New Challenges", foi muito adequado e<br />
oportuno, considerando o actual momento,<br />
procura da solução para o seu problema, é<br />
outra realidade que merece a maior preocupação<br />
e o melhor atendimento.<br />
A trilogia - líder, subordinado e contexto -<br />
consubstancia as variáveis que constituem<br />
o processo de liderança. E cada uma destas<br />
Pedro Lopes .<br />
Presidente da APAH<br />
as dificuldades na gestão e o papel determinante<br />
das lideranças.<br />
variáveis são influenciadas por características<br />
próprias como as convicções e a atitude<br />
"O grande desafio<br />
para a liderança,<br />
no processo<br />
gestionário, está<br />
na responsabilidade<br />
pela actuação<br />
no campo do social,<br />
sob pena deste ser<br />
aniquilado por um<br />
desempenho todo<br />
ele virado para uma<br />
vertente puramente<br />
económica."<br />
A Associação Portuguesa de Administradores<br />
<strong>Hospitalar</strong>es (APAH), associada daquele<br />
organismo e representante dos administradores<br />
hospitalares portugueses, participou<br />
nos dois dias de comunicações e debates.<br />
A temática do Congresso, centrada na liderança,<br />
explorou os seus vários conceitos,<br />
designadamente na sua relação com a política,<br />
a economia, a ética, os doentes, os trabalhadores<br />
e a liderança propriamente dita.<br />
A c?njugação da liderança, num contexto de<br />
autoridade, poder e gestão, com a caracterís<br />
do líder, as expectativas e o domínio do conhecimento<br />
pelo subordinado e finalmente<br />
os valores, a complexidade e o momento do<br />
contexto.<br />
As lideranças são determinantes no sucesso<br />
dos projectos e das organizações.<br />
E se reflectirmos agora sobre as lideranças<br />
nos projectos de saúde que decorrem no<br />
nosso país, provavelmente ficaremos apreens1vos.<br />
Como são designados os líderes desses projectos?<br />
Que conhecimentos detêm para desen<br />
Aliámos a expenencia e solidez de um grupo internacional,<br />
líder na sua área, ao maior e mais moderno complexo industrial<br />
farmacêutico português.<br />
Escolhemos Portugal para ser o centro mundial de desenvolvimento<br />
e produção de medicamentos injectáveis da Fresenius Kabi.<br />
tica social do desempenho na área da saúde<br />
foi uma forte chamada de atenção para uma<br />
época em que as determinantes económicas<br />
volver projecros com liderança? Com que experiência<br />
assumem as respectivas lideranças?<br />
Como constituem as suas equipes para assu<br />
Apostámos na qualidade, competência e formação dos nossos<br />
profissionais.<br />
e os resultados são tão preponderantes.<br />
O grande desafio para a liderança, no pro<br />
mir a liderança? Que resultados obtêm com a<br />
sua lideranca? ,<br />
Acreditámos no seu apoio.<br />
cesso gestionário, está na responsabilidade<br />
Muitas interrogações para algumas respostas<br />
Em Portugal, com portugueses, para o mundo.<br />
pela actuação no campo do social, sob pena<br />
conhecidas e outras que desconhecemos.<br />
deste ser aniquilado por um desempenho<br />
todo ele virado para uma vertente puramente<br />
económica.<br />
Como diz Peter Drucker "Management is<br />
doing Things right; leadership is doing the<br />
right things". C!ID<br />
~<br />
LABESFAL<br />
Fresenius<br />
Kabi<br />
4<br />
Caring for Life
Encontro<br />
Especialistas<br />
Rede<br />
Novas unidades<br />
6<br />
e portadores<br />
de pacemaker<br />
A<br />
berro ao público em geral, e com o objectivo<br />
de reunir profissionais de saúde<br />
e portadores de pacemaker e desfibrilhadores,<br />
a Associação Portuguesa de Portadores de<br />
Pacemaker e CDI's (APPPC) promoveu um<br />
colóquio, no dia 28 de Setembro, no âmbito<br />
do Dia Mundial do Coração. Segundo o presidente<br />
da Associação, António Gomes, "com<br />
este evento pretendemos, por um lado, alertar<br />
para o problema das arritmias que têm vi ndo,<br />
progressivamente, a afectar a população portuguesa,<br />
mas também incentivar ao convívio<br />
entre os portadores de dispositivos médi cos".<br />
Um dos temas de destaque deste Colóquio, a<br />
cargo do Dr. Carlos Morais, do Hospital Fernando<br />
da Fonseca, foi a explicação dos mitos<br />
relacionados com os portadores destes dispositivos<br />
cardíacos, como o facto de não poderem<br />
mexer em telemóveis.<br />
O pacemaker é um dispositivo implantável<br />
destinado a restabelecer o ritmo lento do coração.<br />
Implantar um pacemaker é uma cirurgia<br />
simples, que permite à maioria das pessoas,<br />
voltar ao seu estilo de vida prévio, com poucas<br />
ou nenhumas limitações. No entanto, estimase<br />
que apenas 55 por cento dos pacientes, que<br />
precisam de um dispositivo para arritmia, o<br />
recebem. liDI<br />
Industria<br />
APORMED em Bruxelas<br />
A<br />
Associação Portuguesa das Empresas de<br />
Dispositivos Médicos (APORMED)<br />
vai representar Portugal no próximo Eucomed<br />
MedTech Forum, de 13 a 16 de O utubro, em<br />
Bruxelas. "Os nossos principais objectivos são<br />
apresentar a actividade desenvolvida em Portugal<br />
e debater a mais recente evolução do mercado<br />
dos dispositivos médicos", afi rma Isabel<br />
Dionísio, presidente da APORMED. "Preocupa-nos<br />
que o sector dos dispositivos médicos<br />
represente apenas 4,8 por cento da despesa<br />
nacional de saúde, uma percentagem inferior<br />
à média da União Europeia (6, 1 por cento) e<br />
igualmente inferior à média ponderada dos<br />
países muitas vezes considerados a referência<br />
do SNS português (França, Itália, Espanha e<br />
Grécia) de 5,4 por cento, afirma a dirigente.<br />
Esta iniciativa reúne mais de 50 empresas e associações<br />
de rodo o mundo que, durante quatro<br />
dias, vão debater o futuro do mercado das<br />
tecnologias da saúde ou dispositivos médicos.<br />
O sector dos dispositivos médicos é caracterizado<br />
por empresas que investem regular e<br />
fortemente na inovação, de forma a permiti r<br />
a redução do peso económico da doença, sublinha<br />
Isabel Dionísio. liDI<br />
em Lisboa<br />
O<br />
s secretários de Estado Adjunto e da<br />
Saúde, Francisco Ram os, e da Segurança<br />
Social, Pedro Marques, inaugurarm<br />
no dia 22 de Setembro, três unidades novas<br />
de C uidados Continuados na região de<br />
Lisboa.<br />
Foi tam bém assinado um acordo com a<br />
Santa Casa da Misericórdia de Cascais,<br />
destinado ao funcionamento de uma Unidade<br />
de Longa Duração e Reabilitação no<br />
Saúde Mental<br />
concelho.<br />
A Rede Nacional de Cuidados Continuados<br />
Integrados presta apoio acnvo e<br />
contínuo, terapêutico e social, para promover<br />
um envelhecimento autónomo e<br />
saudável dos cidadãos.<br />
As unidades da Rede Nacio nal de Cuidados<br />
Continuados Integrados atenderam<br />
5.934 utentes, em rodo o país, até Dezembro<br />
de 2007. liDI<br />
Uma prioridade global<br />
N<br />
o dia 1 O de Outubro celebra-se o dia<br />
Mundial da Saúde Meneai. Nesse<br />
âmbito, o Núcleo do Porto da Universidade<br />
Católica Portuguesa junta-se à associação<br />
Enconcrar+Se nas comemorações do segundo<br />
aniversário desta organização e do Dia<br />
M undial da Saúde Mental.<br />
O lema proposto pela Federação Mundial<br />
para a Saúde Mental é "tornar a saúde<br />
mental uma prioridade global: melhorar<br />
os serviços através da acção e da reivindicação<br />
do movimento activista e de cidadãos".<br />
Face à necessidade de implementar o Plano<br />
de Acção para Reestrutu ração e Desenvolvimento<br />
dos Serviços de Saúde Mental<br />
2007-2016, a Universidade Católica Portuguesa<br />
une-se aos esfo rços da Associação<br />
Encontrar+Se, no sentido de contribuir<br />
para dar resposta a alguns problemas com<br />
q ue os utentes, seus familiares e técnicos<br />
dos serviços de Saúde Mental se têm confrontado<br />
no domínio da assistência. DID<br />
7
8<br />
Formação<br />
Cancro<br />
Alimentos que<br />
protegem contra o<br />
cancro da próstata<br />
O<br />
cancro da próstata é a terceira doença<br />
oncológica mais frequente no<br />
homem, em todo o mundo, e a segunda na<br />
Europa. "Uma alimentação equilibrada é<br />
um factor importante no combate ao cancro<br />
e a ingestão de alguns alimentos podem<br />
efectivamente evitar que o nosso organismo<br />
produza células cancerígenas", afirma Francisco<br />
Rolo, presidente da Associação Portuguesa<br />
de Urologia.<br />
N este âmbito, têm sido realizados vários<br />
estudos junto de doentes oncológicos utilizando<br />
algumas substâncias como o selénio,<br />
licopeno, isoflavonas, vitamina E e as catequinas<br />
do chá verde. O s resultados têm sido<br />
surpreendentes. Em todos os doentes registou-se<br />
uma redução significativa do cancro<br />
da próstata.<br />
Estas substâncias estão presentes em alimentos<br />
tão simples como o tomate, o chá<br />
verde, a melancia, a soja, legumes, cereais.<br />
Estes alimentos, para além do forte poder<br />
an ticancerígeno, permitem a regeneração<br />
das células através do seu efeito anti<br />
-oxidante, prevenindo para outras eventuais<br />
doenças. mo<br />
Sobreviver à pandemia da gripe<br />
Reconhecida pela comunidade científica<br />
a elevada probabilidade de ocorrên<br />
cia de uma pandemia nos próximos<br />
anos, a Organização Mundial de Saúde<br />
recomenda aos governos e às empresas que<br />
se preparem desde já, elaborando os seus<br />
p róprios planos de contingência. N esse<br />
sentido, a farmacêutica Roche, em parceria<br />
com a M ercer realizou no dia 26 de Setembro<br />
um workshop sobre "como preparar a<br />
empresa para sobreviver numa situação de<br />
pandemia". Des tinado sensibilizar e aj u-<br />
dar os parceiros de n egócio da farmacêu-<br />
a ocorrência da pandemia, revelam-se intica<br />
para a importância de se prepararem<br />
para uma pandemia de gripe, o encontro<br />
contou a com a presença de Filipe Froes,<br />
pneumologista e consultor da Direcção<br />
G eral da Saúde para a gripe. "Estima-se<br />
que a doença demore entre um a três me-<br />
recursos humanos e médicos de saúde a cu-<br />
pacional de vári as entidades. mo<br />
ses a disseminar-se por todo o espaço eu-<br />
ropeu, podendo atingir cerca de um terço<br />
da população e condicionando profundas<br />
restrições ao transporte de mercadorias e<br />
bem essenciais. Se rá também previsível o<br />
encerram ento das escolas . Com base nas<br />
três pandemias d e gripe que ocorreram no<br />
século XX, estima-se que possa durar entre<br />
quatro a seis meses", alerto u o especialista.<br />
N esse sentido, e dado que nenhum país<br />
está preparado para lidar com um pandem<br />
ia de gripe, "a elaboração de Planos<br />
de Contingência apesar de não evitarem<br />
dispensáveis para minimizar o seu impacto<br />
e consequências'', advertiu o consultor da<br />
DG S para a gripe.<br />
O worksh op reuniu mais de 30 gestores<br />
de topo, gestores de risco, profissionais de<br />
Ética<br />
Deontologia Profi ssional<br />
e Direitos Humanos<br />
Regulação<br />
D<br />
edicado ao tema « 1 O anos de Deontologia<br />
Profissional - 60 anos de Direitos<br />
Humanos», o seminário IX Seminário de<br />
Ética, que aconteceu em Lisboa, no dia 26 de<br />
Setembro, contou com as presenças Daniel<br />
Serrão, conhecido médico e docente, Silveira<br />
de Brito, docente de Filosofia da Universidade<br />
Católica Portuguesa, e Maria José Rodrigues<br />
Silva, da Amnistia Internacional Portugal.<br />
Promovida pelo Conselho Jurisdicional<br />
da O rdem dos Enfermeiros, a reuniáo deu<br />
destaque a temas como os "Direitos Humanos<br />
e a Deontologia'', "O s D ireitos H umanos<br />
e Deontologia Profissional de Enfermagem" e<br />
"1 O anos de Deontologia Profissional de Enfermagem".<br />
mD<br />
Medicina Familiar quer<br />
programa de internato médico<br />
A<br />
Medicina Geral e Familiar (MGF) é a<br />
única especialidade que não conta com<br />
o programa de internato médico aprovado pelo<br />
M inistério da Saúde e publicado no Diário da<br />
República. Neste momento, apenas a Ordem<br />
dos Médicos aprova o documento. Este foi um<br />
dos temas em destaque no primeiro dia do 7°<br />
Encontro Nacional de Internos e l .° Encontro<br />
Luso-Brasileiro de Jovens Médicos de Família,<br />
no Centro de Congressos do Estoril. Os eventos<br />
incluídos no 13° Encontro Nacional de<br />
Medina Familiar, que decorre até 30 de Setembro,<br />
inscrevem-se na luta pela regulação de um<br />
programa de internato médico. "É necessário<br />
aprovar um programa de internato médico e<br />
aumentar o tempo de duração do internato de<br />
três para quatro anos", afirma Rui Nogueira,<br />
coordenador do Internato de Medicina Geral e<br />
Familiar (MGF) da zona centro.<br />
O médico de família salienta que é necessário<br />
mais tempo para formar especialistas e que de<br />
momento Portugal é ainda um dos países Europeus<br />
com um período de três anos de internato<br />
médico na MGF. Espanha já passou para quatro e<br />
o Reino Unido caminha para os cinco. mo<br />
9
Prémio<br />
A melhor molécula<br />
farmacêutica<br />
O<br />
s Prémios Galien EUA <strong>2008</strong> reconheceram<br />
a inovação terapêutica<br />
conduzida por investigadores e companhias<br />
farmacêuticas, no desenvolvimento de medicamentos<br />
para o combate a doenças graves<br />
como o cancro, HIV/SIDA e hipertensão.<br />
"Os agentes terapêuticos reconhecidos pelos<br />
Prémios Galien EUA representam os melhores<br />
entre os melhores, com impacto em<br />
doenças tais como o VIH-Sida, e são um exemplo<br />
do que pode ser feito pela indústria<br />
farmacêutica para melhorar a saúde humana",<br />
afirma Gerald Weissmann, presidente<br />
do conselho dos Prémios Galien, professor<br />
catedrático da Universidade de Nova Iorque<br />
e editor-chefe do FASEB Journal.<br />
"Estamos a viver uma revolução biológica, e<br />
os agentes inovadores hoje premiados ilustram<br />
a vasta pesquisa e desenvolvimento<br />
que são necessários para trazer os resultados<br />
dessa revolução na medicina molecular para<br />
a prática clínica".<br />
O maraviroc, da companhia farmacêutica<br />
Pfizer, premiado este ano, é utilizado no tratamento<br />
do "CCR5-tropismo VIH-detectável",<br />
uma estirpe até agora resistente a outros tratamentos.<br />
Actua ao impedir a ligação do HIV<br />
a células.-T (um passo fundamental para a<br />
propagação e replicação do vírus pelo corpo)<br />
"ao inibir uma fase do ciclo de vida do VIH<br />
totalmente diference das outras classes. Pela<br />
primeira vez o alvo da terapêutica anti-retroviral<br />
não é o vírus, mas o hospedeiro e este medicamento<br />
pode tornar-se um precioso aliado<br />
no tratamento da infecção por VIH", sustenta<br />
o especialista português Eugénio Teófilo. mo<br />
Genética<br />
Gene do medo importante<br />
para a sobrevivência da espécie<br />
G<br />
leb Shumyatsky já tinha descoberto o<br />
gene que controla o medo inato nos<br />
animais. Agora, o geneticista mostrou que o<br />
mesmo gene, nos ratos, promov~ nas fêmeas o<br />
comportamento de protecção das crias recém<br />
-nascidas e a interacção cautelosa com os seus<br />
pares. Este "gene do medo" está altamente<br />
concentrado na amígdala, uma região-chave<br />
do cérebro que lida com o medo e ansiedade.<br />
A nova descoberta de Shumyatsky, vem aumentar<br />
a compreensão sobre a ansiedade<br />
humana, depressão e inclusive perturbações<br />
da personalidade. Shumyacsky, professor de<br />
genética em Rutgers, New Jersey, cujas experiências<br />
envolvem ratos fêmea manipulados<br />
geneticamente (com desactivação do "gene<br />
do medo"), observou que estas fêmeas são<br />
mais lentas a resgatar as crias colocadas fora<br />
do ninho, enquanto as restantes se apressam<br />
a buscá-las. Mais: estas fêmeas escolherem<br />
fazer os ninhos em locais abertos, de maior<br />
vulnerabilidade, em vez de procuraram zonas<br />
escondidas e seguras. Segundo Shumyatsky, a<br />
ausência do gene do medo pode explicar estes<br />
comportamentos, os quais põem em risco a<br />
vida das crias.<br />
Este comportamento anormal abre pistas<br />
para a compreensão de distúrbios humanos,<br />
"mostrando que ter menos medo pode alterar<br />
profundamente importantes comportamentos<br />
para a sobrevivência dos descendentes e<br />
das espécies", explica Shumyatsky. rm<br />
1 nvestigação<br />
Mega projecto<br />
investiga DDAH<br />
A<br />
rrancou em Setembro, na Europa, um projecto<br />
conjunto, cujo principal objectivo é<br />
determinar a relação entre a desordem por Défice<br />
de Atenção com Hiperactividade (DDAH)<br />
e distúrbio ou desenvolvimento de distúrbio por<br />
abuso de drogas. O programa, a decorrer nos<br />
próximos anos, envolve dez países europeus e<br />
mais de seis mil pacientes com perturbações por<br />
abuso de drogas, os quais vão ser avaliados por<br />
DDAH e três outros distúrbios - doença bipolar,<br />
desordem de personalidade anti-social e perturbação<br />
limite da personalidade. Esperam-se os<br />
primeiros resultados em Junho de 2010.<br />
Este estudo constitui o primeiro passo no desenvolvimento<br />
de um programa europeu de<br />
dececção, diagnóstico e tratamento da perturbação<br />
por DDAH em indivíduos toxicodependentes.<br />
Por acréscimo, o estudo vai contribuir<br />
para determinar metodologias de prevenção da<br />
DDAH e distúrbios por abuso de drogas. l!D<br />
Diagnóstico<br />
Investigação do cancro ao<br />
nível da pesquisa molecular<br />
e<br />
ientistas e clínicos de todo o mundo<br />
reuniram-se em Setembro, em Filadélfia,<br />
na Associação Americana para Investigação do<br />
Cancro, na terceira Conferência Internacional de<br />
Diagnóstico Molecular. O título da conferência,<br />
"Cumprindo a promessa de um medicina personalizadà',<br />
reAecte o potencial do diagnóstico<br />
molecular no desenvolvimento de novas estratégias<br />
terapêuticas, as quais visam satisfazer as necessidades<br />
biológicas particulares de cada paciente<br />
con1 cancro.<br />
As sessões incluiriam discussões sobre a utilização<br />
de biomarcadores na prática clínica,<br />
o desenvolvimento de novos medicamentos,<br />
tecnologias de diagnóstico em imagiologia<br />
avançadas, bem como a aplicação de proteomica<br />
em medicina personalizada.<br />
"Esta nova era da medicina personalizada trouxe<br />
consigo grandes oportunidades para reforçar o<br />
desenvolvimento de medicamentos e melhorar<br />
a assistência ao paciente com cancro", disse<br />
Gordon B. Mills presidente do Departamento<br />
de Terapêutica Molecular da Universidade do<br />
Texas. "No entanto, para aproveitar esse potencial<br />
e maximizar estas oportunidades, é essencial<br />
que haja um intercâmbio permanente de<br />
informações e novas ideias'', concluiu. rm<br />
Europa<br />
Disparidades no acesso aos<br />
medicamentos oncológicos<br />
m estudo europeu revelou disparidades<br />
gritantes no acesso às U novas<br />
terapêuticas para o cancro. Os dados foram<br />
apresentados recentemente durante o 33°<br />
Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia<br />
Médica (ESMO), em Estocolmo.<br />
Embora países como a França, Espanha,<br />
Áustria e Suíça tenham revelado tendência<br />
para introduzír rapidamente novas drogas,<br />
os pesquisadores dizem que, países corno o<br />
Reino Unido e Estados-membros mais recentes<br />
da UE são mais lentos a introduzir<br />
a inovação farmacológica. Nils Wilking, do<br />
Instituto Karolinska, na Suécia, recolheu<br />
dados sobre a aquisição de novas drogas de<br />
cada país, por habitante, fornecidos pelos<br />
consultores da indústria farmacêutica, a<br />
IMS Health. O investigador analisou a introdução<br />
de novas drogas nos últimos 1 O<br />
anos em 27 países. No geral, verificou-se<br />
uma variação substancial entre os diferentes<br />
Estados, tanto em termos da velocidade e<br />
absorção de mais novos fármacos para a área<br />
do cancro, bem como na utilização das drogas.<br />
"Entre os grandes países ocidentais da<br />
UE, o Reino Unido tende a ser o mais lento<br />
e o que menos utiliza, salvo poucas excepções"<br />
afirmou o Wilking. "Globalmente, a<br />
Áustria, Suíça e França introduzem as novas<br />
drogas com maior rapidez. França tem também<br />
uma captação alta, especialmente das<br />
mais novas drogas". O impacto desta disparidade<br />
na saúde dos doentes com cancro<br />
da Europa é contudo difícil aferir. "Precisamos<br />
ter melhores dados epidemiológicos a<br />
fim de avaliar a relação entre o acesso aos<br />
medicamentos oncológicos e os resultados'',<br />
reconheceu o investigador. l!D<br />
IO<br />
II
Jorge Simões à GH:<br />
Falta de acessibilidade<br />
penaliza SNS<br />
É economista da Saúde e professor universitário. Foi consultor de Jorge Sampaio para a área da<br />
Saúde. Não fala demais, mas também não se esquiva às perguntas. Esquiva-se, sim, às respostas,<br />
mas sem se perceber que o faz. E deixa recados nas entrelinhas. Nesta entrevista à GH, Jorge<br />
Simões diz que o SNS está de boa saúde mas que deve sofrer mudanças e avança com uma<br />
proposta para que seja criado um programa de combate às Listas de espera em oncologia. Sem<br />
tabus, deixa ainda bem claro que há falta de médicos em Portugal e que isso o assusta. E muito.<br />
<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> - O SNS está moribundo?<br />
Jorge Simões - Não. Seguramente que não<br />
está!<br />
Diz isso com muita certeza. Por<br />
GH -<br />
quê?<br />
JS - Podemos fazer diferentes tipos de medições<br />
para responder a esta quase certeza.<br />
Todas essas medições, no entanto, estão<br />
relacionadas com os ganhos em saúde. A<br />
saúde dos portugueses vai melhorando, de<br />
uma forma significativa, embora seja sempre<br />
difícil identificar a relação entre os ganhos<br />
em saúde e a intervenção do sistema de saúde<br />
- mais conc r~tamente do SNS. Por outro<br />
lado, o crescimento da despesa dá-nos alguma<br />
tranquilidade . ..<br />
GH - Como analisa então o facto de as<br />
pessoas, em geral, estarem descontentes<br />
com o SNS?<br />
>>>Gastamos muito em medicamentos,<br />
mas esse valor não tem crescido<br />
nos últimos anos"<br />
JS - O grau de descontentamento das pessoas,<br />
tem de ser analisado com alguma atenção.<br />
Regra geral, nós temos uma percepção<br />
do sentir das pessoas a parcir de aspectos<br />
negativos importantes. Mas temos também<br />
uma percepção muito positiva daquilo que<br />
pensam os cidadãos e os utilizadores. E podemos<br />
ir por aí.<br />
Temos, sem d úvida, um problema de acessibilidade,<br />
devido à existência de listas de<br />
espera, que penaliza a forma como se vê o<br />
SNS ...<br />
GH - Não há como mudar essa situação?<br />
JS - A situação está a mudar. N ão há lugar<br />
para pessimismos a esse nível. Eu,<br />
pelo menos, não tenho essa sensação. Pelo<br />
contrário sou muito optimista. Mas tenho<br />
optimismo baseado na evidência. Embora<br />
não sejam sintomas m uito significativos de<br />
melhoria, a verdade é que são sinais que<br />
apontam para um caminho muito positivo.<br />
Repare que estou a falar na questão da<br />
acessibilidad e, particularmente no que se<br />
refere às listas de espera. Se analisarmos os<br />
últimos cinco anos, vemos uma melhoria<br />
real.<br />
GH - Sim, mas t ambém t em um t empo<br />
demasiado longo para ter acesso a uma<br />
consulta externa, nos hospitais - particularmente<br />
- e tem uma coisa que até há<br />
três ou quatro anos não existia: lista de<br />
espera em oncologia ....<br />
J S - É verdade. Temos, de facto, espera com<br />
alguma importância, em oncologia, nos institutos<br />
(Lisboa, Porto e Coimbra). Não temos<br />
nos hospitais gerais. Mas seja como for<br />
esta situação é grave. É uma verdade que hoje<br />
temos patologia oncológica praticamente em<br />
todos os serviços e, neste contexto, este problema<br />
tem de ser equacionado com muita<br />
atenção. Se foi criado um programa especial<br />
para cataratas se calhar justifica-se a criação<br />
de um programa especial em oncologia ...<br />
GH - Seja como for, e apesar desses problemas,<br />
está feliz com o rumo que o SNS<br />
tem t ido?<br />
JS - Não diria fel iz, mas optimista. E estou<br />
optimista tendo em consideração tudo aquilo<br />
que o SN S passou, ao longo da sua vida<br />
- com alguns períodos bastante difíceis - e,<br />
particularmente, com o rumo que o SN S<br />
tem tomado nos último tempos.
GH - Falemos da sustentabilidade económica<br />
do SNS. Vivemos mais anos e<br />
com mais doenças e o Estado não consegue<br />
suportar os gastos derivados desta<br />
situação. Acha que é necessário mudar o<br />
percurso que estamos a seguir? No fundo,<br />
acha que cada um de nós deve também<br />
ser chamado para arcar com uma<br />
parte das responsabilidades financeiras<br />
da situação?<br />
JS -<br />
Espero bem que não. Isso iria trazer<br />
certamente maiores iniquidades à sociedade<br />
portuguesa, particularmente à área da Saúde,<br />
que iriam penalizar, ainda por cima, as pessoas<br />
com baixos rendimentos. Em Portugal,<br />
quem tem a seu cargo preocupações soc1a1s<br />
deve pensar bem ante~ de propor soluções<br />
desse género.<br />
GH - Mas então como se resolve o problema?<br />
O dinheiro não chega para tudo!<br />
Todos gostaríamos de ter o hospital ao pé<br />
de casa; um acesso mais rápido às consultas;<br />
os medicamentos gratuitos ....<br />
JS - Isso pode ser resolvido de uma forma<br />
simples de dizer e difícil de aplicar. É simples<br />
de dizer porque temos de ser capazes de coneretizar,<br />
de uma forma franca, o que se pode<br />
e o que não se pode disponibilizar. E sempre<br />
foi assim, veja o caso da Medicina Dentária<br />
e Saúde Oral, em que temos taxas de mais de<br />
90 por cento de utilização dos cidadãos em<br />
ambiente privado, uma vez que o SNS a este<br />
nível não dá resposta. É preciso dizer de uma<br />
forma clara aquilo que o SNS pode dar e o<br />
que não pode dar.<br />
Por outro lado, há que ter em atenção algo<br />
que nos últimos tempos foi tentado - e com<br />
êxito - a redução de gastos no sector, tendo<br />
em conta a capacidade financeira do SNS.<br />
GH - Em sua opinião, gastamos muito ou<br />
pouco com a Saúde?<br />
JS - A resposta é "não sei" . . .<br />
GH - Sendo o Professor a dizê-lo é preocupante<br />
...<br />
JS - Nós, na verdade, já gaseamos um pouco<br />
mais de 1 O por cento do nosso PIB com a<br />
Saúde ...<br />
GH - Mas o nosso PIB é pequenito ...<br />
JS - O nosso PIB é pequeno mas o do Luxemburgo<br />
também é pequeno e os luxem-<br />
,<br />
"E preciso dizer de<br />
forma clara aquilo<br />
que o SNS pode e<br />
não pode dar"<br />
burgueses não chegam a este valor. Ou os<br />
dinamarqueses. Esse argumento não chega!<br />
Mas nós podemos, enquanto comunidade - e<br />
embora a comunidade portuguesa, e outras,<br />
se manifestem de maneira débil - definir que<br />
a Saúde é a prioridade das prioridades e assumir<br />
que vamos canalizar mais recursos para<br />
esta área em detrimento de outras. Este é um<br />
primeiro comentário. O segundo, é que quando<br />
nos comparamos a outros países -quer em<br />
relação à despesa, em geral, quer em relação à<br />
despesa pública e dos privados - remos de ser<br />
conscientes e saber que gastamos mais do que<br />
a média da União Europeia (EU). É preciso<br />
dizer de uma forma clara aquilo que o SNS<br />
pode dar e o que não pode dar. Esse é um<br />
valor de referência e, portanto, desse ponto de<br />
vista gastamos muito.<br />
GH - Mas a questão da diminuição dos<br />
gastos t em,· depois, outras abordagens.<br />
Estou a lembrar-me da Indústria Fa rmacêut<br />
ica, segundo a qual a imposição de<br />
tectos na despesa dos hospitais está a<br />
condicionar a qualidade da prescrição,<br />
uma vez que os médicos deixam de poder<br />
receitar medicamentos inovadores ...<br />
JS - Portugal fo i, durante anos, um país com<br />
as porcas abertas aos novos medicamentos.<br />
N ão podemos queixar-nos! De cal maneira<br />
que temos uma das taxas mais elevadas, da<br />
UE, em relação ao consumo de medicamentos.<br />
Gastamos muito em medicamentos, mas<br />
é bom que se diga que esse valor não tem<br />
crescido nos últimos anos. Cresceu durante<br />
vários anos m as agora estabilizou.<br />
Por outro lado, remos de ter em atenção que<br />
a área do medicamento é m uito regulada em<br />
Portugal. N ão há outra cão regulada. Repare<br />
>>>"Consensos terapeuticos são importantes em relação à quali dade"<br />
que a área das tecnologias não tem regulação.<br />
Ainda um outro aspecto, os hospitais são<br />
empresas públicas. Elas fazem avaliações;<br />
têm comissões de farmácia e terapêutica,<br />
portanto considero que a situação está bem<br />
defendida.<br />
GH - Pensa que o facto de os responsáve<br />
is pelos hos pitais - gestores, directores<br />
clínicos e fa rmacêuticos hospit ala res -<br />
negociarem protocolos t e rapêuticos com<br />
a Indústria Farmacêut ica resolve, em parte,<br />
este problema?<br />
JS -<br />
Penso que os consensos terapêuticos,<br />
principalmente entre clínicos, são passos<br />
importantes em relação à qualidade e a uma<br />
maior eficiência quanto à utilização dos medicamentos.<br />
Mas a palavra é mesmo essa.<br />
São consensos terapêuticos e tem de haver o<br />
acordo e o entendimento de que aquele é o<br />
melhor caminho a seguir.<br />
GH - E o valor do desperdício? Já ouvi di <br />
zer que o desperdício nos hospitais port<br />
ugueses ronda os 1 O, 20 e mesmo 30 por<br />
cento. Afinal, em que ficamos?<br />
JS - A questão do desperdício nos hospitais é<br />
a questão do desperdício na rede. Quando falamos<br />
da reorganização das urgências; quando<br />
falamos das maternidades; quando falamos de<br />
hospitais que, repetidamente, cobrem a mesma<br />
população, percebemos que há aqui um<br />
nível de ineficiência que é possível ultrapassar.<br />
Depois, ao nível m icro, a gestão dos hospitais<br />
- hoje mais profissionalizada - deve atender<br />
também às questões de eficiência. A minha<br />
convicção é a de que esses valores, que referiu,<br />
não estão quantificados. Todos remos<br />
a percepção de que o desperdício existe mas<br />
15
1<br />
Saúde, em Junho de 2007, e há cerca de duas<br />
semanas foi publicado em livro.<br />
GH - Nesse estudo estão as soluções?<br />
JS - Podem estar algumas soluções para alguns<br />
contextos complexos. Uma coisa, na<br />
verdade, é o trabalho de peritos - como referiu<br />
- e outra é a decisão política. Nós fizemos<br />
o trabalho e depois o decisor político é que<br />
decide o que fazer, tendo por base a conjuntura<br />
em causa.<br />
GH - Em sua opinião, qual dos dois modelos<br />
de saúde europeus - o bismarckiano e<br />
o beveridgiano- tem mais capacidade de<br />
afirmação?<br />
JS - Os dois modelos estão a aproximar-se<br />
um do outro. Ou seja, o modelo beveridgiano,<br />
que representa o SNS, foi buscar ao bismarckiano<br />
algumas soluções originais, como<br />
por exemplo a preocupação com a eficiência,<br />
e começou também a preocupar-se mais<br />
com a liberdade de escolha. Inversamente, o<br />
modelo bismarckiano - nascido na Alemanha<br />
em finais do século XIX - foi buscar ao<br />
modelo beveridgiano, uma force preocupação<br />
com a universalidade. Esta ligação, nos dois<br />
modelos, aconteceu de tal forma que hoje é<br />
necessária uma lupa para os distinguir. Só se<br />
conseguem identificar com base na captação<br />
de recursos.<br />
aprecio a qualidade dos cuidados e a forma<br />
GH - As novas Unidades de Saúde Famicomo<br />
os prestadores de cuidados - com os<br />
médicos à cabeça - se relacionam com as<br />
instituiçóes onde trabalham (uma atitude<br />
muito intensa e forte). Na Alemanha agrada-me<br />
haver a possibilidade de uma escolha<br />
muito ampla.<br />
GH - Falo u em afectividade, por part e dos<br />
clínicos nórdicos, em relação às instit uições<br />
onde trabalham. Em Portugal essa<br />
afectividade não existe?<br />
JS - Existe afectividade e dispersão. Regra<br />
geral temos uma relação menos forte se<br />
não trabalhamos apenas para uma mst1-<br />
ruição.<br />
lia res (U SF), são o instrument o certo para<br />
a reforma pretendida no SNS?<br />
JS - São seguramente. Eu sou utente de uma<br />
USF e já senti a mudança. Estamos, neste momento,<br />
com cerca de 140 USF's. Há ainda muito<br />
caminho para percorrer, mas temos de reconhecer<br />
que elas são fundamentais para a reforma do<br />
serviço. Elas podem reaproximar os cidadãos do<br />
médico de família; depois há a continuidade,<br />
que é também essencial e, em terceiro lugar, há a<br />
questão dos incentivos a quem trabalha de uma<br />
forma diference. Os médicos de família conseguiram<br />
concretizar algo porque aspiravam há muito<br />
tempo e que possibilita que trabalhem de forma<br />
plena com consequências financeiras diferences.<br />
não se sabe a que nível. Isto, no entanto, não<br />
significa que não se posa faze r essa avaliação.<br />
Para tal é necessário abrir a 'caixa' do hospital<br />
e saber que padrão de qualidade se vai seguir<br />
e com que justificativas.<br />
GH - O professor liderou um grupo de peritos<br />
na avaliação do futuro do SNS, tendo<br />
por base a sustentabilidade do sistema,<br />
quando era ministro o Professor Correia<br />
de Campos. O documento, na altura, foi<br />
guardado; depois foi divulgado, mas há<br />
quem diga que a sua divulgação não foi<br />
completa ...<br />
JS - Desminto categoricamente. O estudo<br />
foi publicado, integralmente, no Portal da<br />
GH - Olhando para a Europa, na generalidade,<br />
qual o sistema de que mais<br />
gosta?<br />
JS - Se eu fosse holandês diria que era o holandês,<br />
se fosse dinamarquês diria que era o<br />
dinamarquês .. . Cada um tem o seu percurso.<br />
Acho que é um pouco como as famílias. Se<br />
fosse possível escolher, sem afecco - e nós<br />
portugueses temos afecco por Portugal - se<br />
calhar gostaríamos ser sobrinhos de alguém<br />
com quem nos identificamos.<br />
Há aspeccos nos sistemas de saúde dos países<br />
nórdicos (Suécia, Dinamarca, Noruega) que<br />
me aguardam particularmente. Na Islândia<br />
também.<br />
E, depois, há aspectos no modelo bismarckiano<br />
de que também gosto. Explicando<br />
melhor: do modelo beveridgiano nórdico<br />
17
GH - Coloca noutro pat a mar a Rede de<br />
Cuidados Continuados e Integrados?<br />
JS - Nesse domínio, ainda estamos a dar os<br />
primeiros passos. A ideia é muiro interessanre,<br />
parricularmenre em relação à combinação<br />
entre Saúde e o Apoio Social. Se conseguirmos<br />
que tal ligação dê certo, estamos a criar<br />
algo de novo na sociedade portuguesa, que<br />
representa um ganho significativo. Mas temos<br />
de ter esra conversa daqui a um ano para<br />
haver mais dados para comparar.<br />
GH - A tão falada falta de médicos, em<br />
Portugal, assust a-o?<br />
JS - Assusta e muito!<br />
GH - Mas então parte do principio que<br />
há mesmo fa lta de médicos. Não é uma<br />
questão de má distribuição geográfica?<br />
JS - O facto de termos médicos mal disrribuídos<br />
não significa que não renhamos falta<br />
de médicos. Havendo mais de mil médicos<br />
no Hospital de Santa Maria; havendo três<br />
ou quatro pediatras no Hospital da Guarda;<br />
havendo um ou dois ofralmologisras no<br />
Hospital de Faro, e se tudo isso significar<br />
a existência de uma determinada percentagem<br />
de médicos por mil habitantes, isso<br />
não quer dizer que não haja falra de clínicos<br />
de determinadas especialidades na Guarda<br />
e em Faro.<br />
Não vamos conseguir retirar os médicos de<br />
Santa Maria para onde eles fazem mais falta<br />
e só vamos resolver este problema em dois<br />
momentos: num primeiro momento conseguindo<br />
capear, de outros países, médicos<br />
para Portugal e, num segundo momento,<br />
esperando que a novas escolas de Medicina<br />
formem - como já o estão a fazer - mais médicos<br />
e que eles entrem no mercado.<br />
"Se calhar<br />
justifica-se a<br />
criação de um<br />
programa especial<br />
(para combater<br />
listas de espera)<br />
em oncologia"<br />
aproveitamento dos seus recursos médicos,<br />
continuaremos a ter assimetrias fortes. Há<br />
pontos do país com falta significativa de<br />
clínicos - muitas vezes de Medicina Geral<br />
e Familiar - e temos de ir buscá-los a<br />
algum lado. Aliás, é curioso que essa situação<br />
embora seja mais gravosa para o SNS,<br />
também o é para sector privado.<br />
GH - Nos EUA está a decorrer a fase<br />
final da corrida eleitoral para as presidenciais.<br />
Os dois candidatos {Obama<br />
(Democrata) e McCian (Republicano)<br />
têm referido que a situação de 46 milhões<br />
de pessoas sem direito à saúde<br />
não pode continuar. Ficamos, no entanto,<br />
sem saber qual o percurso que pode<br />
vir a ser tomado. Tem alguma precisão?<br />
JS - Eu já me enganei no passado e, agora,<br />
renro refrear um pouco o meu oprim1smo.<br />
Prefiro esperar para ver. É verdade que a<br />
Senadora Clinton tinha propostas mais<br />
claras relativamente à Saúde. Concretamente<br />
em relação à quesrão da universalidade<br />
que é a questão mais critica do<br />
GH - Acha que é uma boa forma de re- sistema de Saúde norte-americano.<br />
solver o problema ir buscar médicos ao O senador Obama não tem uma opinião<br />
estrangeiro? tão clara quando a senadora Clinton e,<br />
JS - Que outra alrernativa temos? Não de alguma maneira, McCain represenra<br />
vejo qual. Mesmo que os hospitais funcio-<br />
nem de forma mais eficiente e com níveis<br />
altos de qualidade nos cuidados; mesmo<br />
que os cuidados de saúde primários fun-<br />
cionem de forma mais eficiente e com mais<br />
a continuidade da política republicana<br />
nesta matéria. A haver mudança ela só<br />
acontecerá com a vitória do candidato<br />
Democrata. liDI<br />
Mari na Caldas<br />
t<br />
. J<br />
18
Campanha<br />
Mãos Limpas Salvam<br />
Vidas<br />
Taxa de prevalência<br />
de infeccões diminuiu<br />
,3<br />
~ ...<br />
Em ambiente hospitalar, a<br />
lavagem das mãos assume um<br />
papel preponderante, tanto<br />
para profissionais como para<br />
utentes. O simples acto de as<br />
lavar impede que os germes<br />
possam actuar, minimizando<br />
os riscos de infecção.<br />
A<br />
Comissão de Controlo de Infecção<br />
(CCI) desenvolveu, no passado dia<br />
17 de Secembro, uma campanha<br />
que envolveu profissionais e utentes do Centro<br />
<strong>Hospitalar</strong> de Vila Nova de Gaia, denominada<br />
"Mãos Limpas, Salvam Vidas".<br />
Esta foi uma acção de prevenção que actua em<br />
diversas frentes. Várias equipas, coordenadas<br />
pela CCI, precendem sensibilizar e mocivar<br />
para a prática da lavagem das mãos e alertar<br />
para os efeitos nocivos que podem advir de<br />
quando esta não é realizada correctamente.<br />
Segundo Rosa Oliveira, responsável pela organização<br />
e coordenação da campanha 'e do<br />
núcleo executivo da Comissão de Controlo de<br />
Infecção do Centro hospitalar de Vila Nova de<br />
Gaia/Espinho (CHVNG/E), esta campanha<br />
consistiu em diversas actividades de sensibilização<br />
e informação para a importância da lavagem<br />
das mãos, junto dos profissionais e utentes<br />
do CHVNG/E. As recomendações para a higiene<br />
das mãos fazem parte de uma estratégia<br />
global da Comissão de Controlo de Infecção<br />
(CCI) do CHVNG/E, tendo em vista reduzir<br />
as infecções associadas aos cuidados de saúde e<br />
promover a segurança dos doentes e visitantes.<br />
"f fundamental proceder à monitorização do<br />
cumprimento das recomendações, todos sabemos<br />
que não bastam que exiscam é preciso<br />
saber se são cumpridas na Instituição e se papel<br />
compece à CCI", explicou Rosa O liveira.<br />
A iniciaciva foi apoiada por codos os serviços e<br />
voluntários e ainda pela firma B/Braun.<br />
Simples e barato<br />
As equipas estiveram em simultâneo a visitar<br />
os serviços, onde contactaram com os profissionais<br />
de saúde, sensibilizando ucentes<br />
nas consultas externas e no exterior das instalações.<br />
Os objectivos desta campanha são,<br />
para esta especialista sensibilizar e motivar os<br />
profissionais do CHVNG/E para a prática de<br />
higienização das mãos, bem como esclarecer<br />
junco dos doentes, familiares e visitantes a importância<br />
deste gesto. "Fundamentalmente,<br />
trata-se de prevenir a infecção associada aos<br />
cuidados de saúde. A educação continuada<br />
é uma ferramenta fundamental, e este gesco<br />
tão simples e barato, eficaz no controlo da infecção,<br />
apesar de muico divulgado em livros e<br />
guias, é muitas das vezes negligenciada e até<br />
mesmo esquecida no dia-a-dia do profissional<br />
de saúde". Além desta iniciativa, foi apresentada<br />
uma palestra intitulada «Importância da<br />
Higienização das Mãos".<br />
Esta acção da CCI insere-se numa campanha<br />
que a comissão tem levado a cabo'. a qual inclui<br />
ainda a avaliação da adesão à lavagem das<br />
mãos nos serviços de internamenco, medicina<br />
e cirurgias e realização de acções de formação<br />
e sensibilização nestes serviços. A iniciativa<br />
culmina com a acção «Mãos Limpas, Salvam<br />
Vidas», à qual se seguiu uma avaliação da campanha<br />
e seu impacco ao nível do conhecimento<br />
e mudança das práticas dos profissionais.<br />
"A receptividade superou todas as nossas expeccativas,<br />
apesar de, inicialmente, existir algum<br />
cepticismo - muitos ainda não interiorizaram<br />
a importância deste simples gesto. Concudo,o<br />
esfo rço e o espírito de equipa, acabou por<br />
ser positivo e a adesão foi muito satisfatória.<br />
Salienta-se o voluntarismo, em particular, dos<br />
enfermeiros e auxiliares de acção médica. Muitos<br />
deles abdicaram do seu período de descanso<br />
após uma noite de trabalho. Estou muito satisfeita<br />
com o alcance da iniciativa, considero-a<br />
capaz de melhor e aumentar a frequência de higiene<br />
das mãos, contribuindo para modificar as<br />
atitudes e os comportamentos dos profissionais<br />
de saúde e fazer sentir uma vontade institucional<br />
para esta prática'', referiu Rosa O liveira.<br />
l<br />
ln<br />
No Centro <strong>Hospitalar</strong> de Vila Nova de Gaia, a taxa de prevalência de infecções tem<br />
vindo a diminuir de ano para ano. Na sequência do Inquérito de Prevalência de Infecção,<br />
de 2007, foi registada a taxa de 8,29%, uma das melhores taxas a nível nacional.<br />
Comparativamente com o ano de 2006, a taxa de prevalência diminuiu perto de 5%,<br />
uma tendência que se verifica desde 2005.<br />
-<br />
Higienização das mãos é fundamental<br />
CHLC<br />
Hospital de Faro<br />
Urgência para o futuro<br />
O Centro <strong>Hospitalar</strong> de<br />
Lisboa Central promove,<br />
nos dias 1 O e 11 de Outubro,<br />
um encontro sobre urgência<br />
polivalente, orientado<br />
para os grandes desafios<br />
deste serviço<br />
e<br />
om os olhos postos no futuro, tendo<br />
em vista a preparação do Serviço de<br />
Urgência do Hospital de Todos os<br />
Santos, o Centro <strong>Hospitalar</strong> de Lisboa Central<br />
(CHLC) aposta no debate e na formação, e realiza,<br />
nos dias 10 e 11 de Outubro o Congresso<br />
de Urgência Polivalente do CHLC.EPE.<br />
"O Hospiral de S. José é, por tradição, um<br />
hospiral de referência ao nível do atendimento<br />
urgente e emergente. Mas não é para falar<br />
do passado que vamos fazer este congresso.<br />
O encontro será virado para o fururo", explica<br />
Ribeiro da Costa, neurocirurgião da Unidade<br />
de N eurotraumatologia do H ospital de<br />
S. José e coordenador da comissão organizadora<br />
do congresso. Por outro lado, avança o<br />
especialista, o debate vai envolver todos os<br />
grupos profissionais do serviço de urgência,<br />
desde enfermeiros, administrativos, passando<br />
pelos psicólogos e auxiliares de acção médica.<br />
Em todos os casos, o objectivo do debate<br />
está orientado para responder aos desafios<br />
particulares do século XXI. "A traumatologia<br />
é um dos temas mais importantes deste<br />
congresso. De resto, somos uma urgência de<br />
referência para o trauma. No contexto da<br />
traumatologia vamos discutir sobretudo, os<br />
cuidados intensivos no doente politraumatizado<br />
e a urgência neurovascular por acidente<br />
vascular cerebral e trauma cardiovascular",<br />
destaca Ribeiro da Costa.<br />
Multidisciplinariedade<br />
A ter lugar no Auditório da Escola Artur Ravara,<br />
o congresso vai abordar os desafios do<br />
atendimento urgente e cuidados intensivos,<br />
nas suas diversas vertentes, daí a representação<br />
dos diversos profissionais envolvidos e<br />
apresentações como "O impacto da Triagem<br />
de Manchester no Sector de Informações dos<br />
Serviço de Urgência", "Via Verde Cárdio e<br />
Cérebro-Vascular"; "O auxiliar de Acção<br />
M édica do Século XXI - 24 horas na Urgência"<br />
ou "A comunicação em saúde e os<br />
média de urgência" . Igualmente abordado<br />
neste encontro vai ser ainda o apoio psicológico<br />
ao doente urgente e familiares; os aspectos<br />
médico-legais associados à manutenção e<br />
preservação de provas, bem como as particularidades<br />
do transporte interhospitalar.<br />
Do ponto de visra da resposta médico-cirúrgica,<br />
o congresso vai reunir especialistas<br />
das diversas áreas do atendimento urgente,<br />
desde a urgência pediátrica, ginecológica e<br />
obstetrícia, passando por todos os segmentos<br />
de maior relevância na resposta ao trauma<br />
- "Politraumatizado em choque", "A<br />
lesão traumática da base do crânio", "Hemorragias<br />
intracerebrais, entre outros.<br />
Na opinião de Ribeiro da Costas, a realização<br />
deste congresso, bem como a sua abrangência<br />
e orientação, constituem um importante<br />
passo, o qual não só reafirma "o papel e<br />
tradição do Hospital de S. José no Serviço<br />
de Urgência e Emergência, como representa<br />
uma oportunidade para preparar o futuro<br />
desta área de intervenção, pensando já no<br />
Hospital de Todos os Santos", concluiu. mo<br />
educação em saúde<br />
O Alto-Comissariado<br />
da Saúde vai financiar,<br />
com 57 mil euros,<br />
a abertura de um espaço<br />
de informação e promoção<br />
da saúde no Hospital<br />
de Faro, no Algarve.<br />
V<br />
ai ser uma espécie de "loja do cidadão<br />
do doente e dos utentes de Saúde",<br />
com informação e esclarecimentos<br />
à população sobre as diversas patologias. Com<br />
abertura prevista para o início do próximo ano,<br />
o anúncio da abertura deste espaço foi dado a<br />
conhecer no III Congresso da Plataforma Saúde<br />
em Diálogo, nos d ias 19 e 20 de Setembro,<br />
em Lisboa. Para o arranque do projecco, o Alto-Comissariado<br />
da Saúde vai contribuir com<br />
57 mil euros. Depois, o funcionamento deste<br />
serviço terá de ser assegurado por mecenas.<br />
Segundo Maria da Luz Sequeira, direccora da<br />
Plataforma Saúde em Diálogo, a decisão de<br />
avançar com o projecto na zona do Algarve<br />
deve-se ao facto de esta ser a região onde os<br />
indicadores de saúde apresentam os "níveis<br />
mais baixos".<br />
O projecto, além de pretender aproximar o<br />
cidadão do sistema de Saúde, vai funcionar<br />
como espaço de "alerta à população sobre a<br />
forma mais adequada de tratar alguns doentes<br />
e quais o cuidados a ter", explicou Maria<br />
da Luz Sequei ra. Alzheimer e Parki nson são<br />
exemplos de patologias em que a educação do<br />
doente e da família se inscreve na missão deste<br />
projecto: fo rmar e informar.<br />
Acesso à informação<br />
Sob o lema "Todos juntos pela Saúde", III<br />
Congresso da plataforma Saúde em D iálogo,<br />
realizado em Lisboa, no auditório da Associação<br />
Nacional das Farmácias, abordou a<br />
necessidade de diálogo e reflexão em torno<br />
de uma questão que, defende a organização,<br />
"não sendo nova, é cada vez mais actual: a<br />
necessidade de trabalharmos juntos - decisores,<br />
profissionais de saúde e doentes".<br />
A "acessibilidade ao sistema de Saúde" e a<br />
"iliteracia em Saúde" foram dois dos temas<br />
do congresso, com abordagens por parte de<br />
representantes das autoridades reguladoras,<br />
dos profissionai s de saúde e dos doentes. Ao<br />
so, especialistas de diferentes áreas profis-<br />
jurídica, com o estatuto de Instituição Parsionais<br />
partilharam e discutiram a mesma<br />
longo dos dois cm que decorreu o congrespreocupação<br />
-<br />
prevenção da doença.<br />
a promoção da saúde e a<br />
A reunião serviu ainda para fazer um balanço<br />
da execução e perspectivas futuras do<br />
Plano Nacional de Saúde, numa sessão em<br />
que participam, entre outros, Maria do Céu<br />
Machado, Alta Comissária da Saúde, o seu<br />
antecessor no mesmo cargo, José Pereira<br />
Miguel, e o D irector-Geral da Saúde, Francisco<br />
George.<br />
A Plataforma Saúde em D iál ogo é co nsrituída<br />
por 29 organizações independentes,<br />
representativas de doentes crónicos, consum<br />
idores, promo tores de saúde e farmacêuticos.<br />
C riada informalmente em 1998, a Plataforma<br />
é uma entidade com personalidade<br />
ricu lar de Solidariedade Social (IPSS). l!!II<br />
22<br />
23
Transição<br />
Desde 1 de Setembro que,<br />
por decreto, os Hospitais da<br />
Universidade de Coimbra<br />
são uma Entidade Pública<br />
Empresarial. O processo de<br />
transição foi, até esta data,<br />
várias vezes contestado.<br />
Fernando Regateiro, presidente<br />
do Conselho de Administração<br />
da instituição, respondeu às<br />
questões da GH, esclarecendo<br />
os pontos mais polémicos.<br />
'' F<br />
oi um caminho de reflexão sobre<br />
o enquadramento actual<br />
dos HUC no panorama geral<br />
da assistência hospitalar no País, seu posicionamento<br />
nas redes de referenciação específicas, caracterização<br />
da oferta existente e identificação de<br />
necessidades humanas e materiais, mas também<br />
de análise estratégica e de defini ção operacional".<br />
É assim Fernando Regateiro, presidente do<br />
Conselho de Administração, descreve o processo<br />
de transição dos HUC para EPE, cujo trabalho<br />
"culminou na apresemação do plano de desenvolvimento<br />
estratégico e do plano de investimentos'',<br />
afirma o responsável.<br />
Mas o caminho foi tudo menos pacífico, pautando-se<br />
por críticas e contestações. Agosto foi mesmo<br />
mês mais quente. A publicação do diploma<br />
ministerial criou um clima de dúvidas e inquietações<br />
no sector, nomeadamente em torno da dotação<br />
de capital destinado aos H UC - cerca de 5<br />
milhões de euros para <strong>2008</strong>. Por outro lado, ovalor<br />
avançado para 2009, a rondar os 17 milhões,<br />
muito abaixo do capital estatuário de S. João (1 20<br />
milhões) ou Santa Maria (1 33 milhões) denotava<br />
uma discrepância gritante entre os três gigantes.<br />
Essa discrepância foi assinalada e contestada pela<br />
Ordem dos Médicos e pela Ordem dos Enfer-<br />
. , ~<br />
a sao<br />
meiros em comunicados públicos. Confrontado<br />
com esta questão, Fernando Regateiro afirma que<br />
a resolução do Conselho de Ministros de 28 de<br />
Agosto de <strong>2008</strong> estabelece, "sem margem para<br />
dúvidas, um capital estatutário de 108 505 000<br />
euros para os HUC". Em <strong>2008</strong>, serão subscritos<br />
5 241 000 euros, em 2009 serão 9 988 540 euros<br />
e os restantes 93 275 460 euros em 2010 e anos<br />
seguimes. "Estes montantes foram aprovados,<br />
tendo como base os planos de negócios e de investimentos<br />
apresentados", explica o presidente.<br />
Discrepâncias<br />
Segundo o dirigeme, o calendário agora esrabelecido<br />
pode ser ajustado em função da execução dos<br />
planos, sem colocar em causa a sustentabilidade<br />
económico-financeira da instituição. Incumbe ao<br />
Ministério das Finanças e da Administração Pública,<br />
em articulação com o Ministério da Saúde<br />
proceder à revisão do calendário apresentado, sublinha<br />
o presidente.<br />
Quanto ao clima de agitação e contestação logo<br />
após a publicação do Decreto-Lei, Fernando Regateiro<br />
qualifica-o de "infundado", pois, insiste<br />
"o montante de 5 241 000 euros registado neste<br />
diploma dizia respeito apenas ao ano de <strong>2008</strong>".<br />
Lembrando que no mesmo diploma, é dito que<br />
o capital estatutário dos hospitais E.P.E. é detido<br />
pelo Estado e que pode ser aumentado ou reduzido<br />
por despacho conjunto dos Ministros das Finanças<br />
e da Saúde, o presidente do CA dos HUC<br />
considera que a situação foi imediatamente clarificada.<br />
Ainda assim , admite o responsável "há um<br />
diferencial em relação aos outros dois hospitais,<br />
que poderia ser preocupante". No entanto, "sendo<br />
o capital estatutário sobretudo dedicado a investimento,<br />
é facilmente compreensível a razão desta<br />
diferença - os hospitais de S. João e de S. Maria,<br />
ao contrário dos HUC, necessitam de vultuosos<br />
investimentos para a recuperação do seu espaço físico.<br />
Em síntese, o capital estatutário a subscrever<br />
para os HUC é adequado à concretização do plano<br />
de investimentos incluído no Plano de Desenvolvimento<br />
Estratégico aprovado para o período<br />
de <strong>2008</strong>-2012", declara Fernando Regateiro.<br />
"Paz social"<br />
As contestações que se fizeram ouvir da Secção<br />
Regional do Centro da Ordem dos Médicos,<br />
da Ordem dos Enfermeiros e do Sindicato dos<br />
Médicos da Zona Centro manifestaram fortes inquietações<br />
quanto ao futuro dos HUC, designadamente<br />
q uanto à manmenção da qualidade dos<br />
serviços prestados, bem como quanto às condições<br />
laborais, temendo-se eventuais despedimentos<br />
e contratualização externa de profissionais.<br />
Fernando Regateiro afirma que tais preocupações<br />
não têm qualquer fundamento. "Para este Conselho<br />
de Administração há quatro princípios que<br />
pautam a sua acção: não estragar; melhorar; o<br />
doente no centro dos processos; os profissionais<br />
no centro das mudanças", reforça o presidente.<br />
"A bondade de um modelo de gestão tem muito<br />
a ver com o que se faz com ele. Com o modelo<br />
SPA temos conseguido boas contas e cumprido a<br />
nossa missão, no pleno respeito pelos valores dos<br />
HUC. Do modelo EPE esperamos ganhar em<br />
agilidade e flexibilidade para melhorarmos em<br />
eficácia e em eficiêncià'. Mais, declara Regateiro:<br />
"Esperamos com o novo modelo melhorar a qualidade<br />
dos serviços prestados aos doentes e as condições<br />
laborais. A qualidade da oferta será ainda<br />
melhorada tendo como base os fortes investimentos<br />
previstos em equipamentos, em adequação de<br />
espaços Rsicos e em construção de novas áreas a<br />
dedicar à assistêncià'.<br />
Quanto a eventuais despedimentos, o responsável<br />
pelo destino dos H UC refere que, actualmente,<br />
sem despedimentos, se verifica um crescimento<br />
negativo da despesa com pessoal, tendo o C.A.<br />
ass umido ~ na plenitude das suas consequências,<br />
a dimensão de responsabilidade social dos HUC.<br />
"Os profissionais de diversos sectores do hospital<br />
sabem quanto valorizamos as suas justas expectativas<br />
e como procedemos, na prática, para ir ao<br />
seu encontro. A paz social que se vive nos H UC<br />
é consequência desta forma de ver e do diálogo<br />
construtivo desenvolvido desde a primeira horà',<br />
observa o dirigente.<br />
Por outro lado, e no que diz respeito à contratação<br />
de profissionais, Fernando Regateiro assume que<br />
a política do CA passa por criar, "com o novo modelo<br />
de gestão e de uma forma sóbria, as condições<br />
para reter ou an-air os melhores profissionais,<br />
aliando a essas condições a dimensão intangível<br />
do prestígio gerado por se trabalhar nos HUC".<br />
Comunicação<br />
A leitura e declarações assumidas por Fernando<br />
Regateiro contrastan1 com as críticas e acusações<br />
de falta de diálogo e de uma comunicação deficiente<br />
ao longo do processo de transição. Fernando<br />
Regateiro rejeita qualquer acusação de falta de<br />
transparência ou secretismo na conduta do CA.<br />
Diz até que a adminimação assumiu como princípio<br />
que os profissionais estão no centro da mudança,<br />
e que foi em função deste princípio que<br />
foram desenvolvidos os processos, numa abordagem<br />
bottom-up. "Para a elaboração do Plano<br />
de Desenvolvimento Estratégico, convidámos<br />
100 profissionais das diversas áreas do hospital.<br />
Todos aceitaram! De seguida, foram constituídos<br />
14 grupos de trabalho. Previamente, os pontos<br />
estratégicos a desenvolver pelos 14 grupos foram<br />
apresentados pelo CA aos directores de serviço,<br />
em reuniões sectoriais. Foi ainda constituída uma<br />
task force dedicada a acompanhar o trabalho dos<br />
grupos, a compilar os resultados e a tratar outros<br />
aspectos essenciais para o plano de desenvolvimento<br />
estratégico. Os contributos obtidos cons-<br />
ti ruíram uma base para a elaboração do plano",<br />
frisa o presidente.<br />
De acordo com Fernando Regateiro, para a<br />
preparação do plano de investimentos foi dirigido<br />
aos directores de serviço um questionário<br />
de modo a serem identificadas as necessidades<br />
a colmatar, nomeadamente em termos de inovação,<br />
upgrade e substituição de equipamentos.<br />
Depois, a estes dados juntou-se a reflexão do CA<br />
sobre intervenções de natureza transversal. Com<br />
o apoio de uma empresa especializada foi dada<br />
a forma final ao documento. A ARS do Centro<br />
apoiou o desenvolvimento do Plano com a<br />
análise e discussão das sucessivas versões com o<br />
CA dos HUC. Finalmente, explica o presidente,<br />
"após a submissão à tutela, e enquanto se aguardava<br />
a aprovação e alteração do estatuto jurídico,<br />
foi promovida uma reunião com convite a<br />
todos os directores de serviço para apresentação<br />
dos aspecros essenciais do Plano".<br />
Renovação<br />
Quanto à comw1icação com o exterior, Fernando<br />
Regateiro, reafirma uma postura de total abertura,<br />
declarando que "houve o cuidado de divulgar<br />
o Plano, com apresentações na Assembleia Municipal<br />
de Coimbra, e em reuniões promovidas por<br />
duas organizações cívicas sedeadas em Coimbra,<br />
bem como diversas entrevistas para órgãos de<br />
comunicação social completarem o pia.no de divulgação".<br />
Actualmente, segundo o responsável,<br />
está em preparação a divulgação em suporte de<br />
papel, na página dos H UC na Internet e na Intranet.<br />
Face à crítica, Fernando Regateiro defende<br />
que "não é correcto afirmar que houve falta de<br />
. ,.., })<br />
comun1caçao .<br />
No que diz respeito à integração de dois novos<br />
elementos no conselho de administração, o<br />
presidente diz que as entradas Pedro Roldão e<br />
N uno Duarte representam "uma superior maisvalia".<br />
"O Dr. Pedro Roldão tem atrás de si o<br />
saber e a solidez do administrador hospitalar,<br />
bem como a experiência do vogal de conselhos<br />
de administração de hospitais SA., SPA e EPE<br />
O Dr. Nuno Duarte congrega em si sólidos conhecimentos<br />
no domínio económico-financeiro<br />
colhidos em hospital central com gestão EPE.<br />
Num momemo de mudança, é essencial o saber<br />
aliado à experiência".<br />
Q uestionado sobre o que se pode esperar dos<br />
H UC daqui em diante, Fernando Regateiro responde<br />
assim: "Como H eraclito direi que Nada<br />
perdura, senão a mudança!" Ir-se-ão manter os<br />
valores e a missão dos HUC. Ir-se-á manter uma<br />
cultura dos profissionais de grande dedicação aos<br />
doentes, de empenho na formação pessoal ao<br />
longo da vida, de empenho na formação dos novos<br />
médicos especialistas e no ensino dos alunos<br />
de Medicina, de enfermagem e de muitas outras<br />
áreas de actividade ligadas à assistência hospitalar.<br />
Ir-se-á acentuar a já forre ligação à Universidade<br />
de Coimbra e, em particular, à faculdade<br />
de Medicina. O compromisso com a inovação e<br />
o desenvolvimento ir-se-á tornar mais evidente<br />
com a adequação de um dos edifícios de Celas<br />
para esta finalidade, estando já em elaboração o<br />
respectivo pro jecto".<br />
Futuro<br />
Mas a mudança, assegura Fernando Regateiro,<br />
também se fará a nível de novas ofertas. É o caso<br />
da conversão de outro dos ediRcios de Celas em<br />
Unidade de Cuidados Paliativos, com internamento,<br />
hospital de dia, ambulatório interno e<br />
domiciliário. Ou ainda, com a concentração das<br />
consultas externas em edifício próprio, a criação<br />
de uma unidade de cirurgia de ambulatório, a<br />
concentração dos laboratórios, a reestruturação<br />
do aprovisionamento, a ampliação da oferta de<br />
cuidados intensivos, a reorganização dos cuidados<br />
cirúrgicos intermédios, o redimensionamento dos<br />
internamentos de modo a evitar a existência de<br />
enfermarias com baixas taxas de ocupação ao lado<br />
de outras em que a taxa de ocupação é excessiva e<br />
a deslocação da Ortopedia para o bloco central.<br />
"A nível ge.stionário, os directores de serviço continuarão<br />
a ser incentivados a assumirem mais<br />
autonomia e mais responsabilidade e será estabelecido<br />
um modelo de gestão intermédia", garante<br />
o presidente.<br />
Ultrapassada a barreira da transição de estatuto<br />
dos HUC para EPE, Fernando Regateiro diz-se<br />
"lúcido, no que respeita à complexidade da missão<br />
e ao desafio pessoal, e sereno, porque consciente<br />
do valor e da dedicação dvs membros do<br />
Con elho de Administração, mas também do<br />
valor e da dedicação dos profissionais dos HUC,<br />
nos diversos níveis de responsabilidade e de diferenciação<br />
profissional". mD Ed ite Espadinha
Presidente de Honra da Conferência: Presidente<br />
da Federação Brasileira de Hospitais, Dr. Eduardo de Oliveira<br />
Programa científico<br />
29 de Outubro<br />
15.00 Workshop temático Johnson&Johnson:<br />
#Farmacoeconomia: Desafios <strong>Hospitalar</strong>es~<br />
Professor do ISCTE, Dr. Victor Hugo Pereira<br />
17.30 Sessão de abertura<br />
Presidida por Sua Exceléncia o Senhor Secretário-Executivo<br />
da CPLP. Dr. Domingos Simões Pereira<br />
18.00 Conferência inaugural<br />
#Saúde e Desenvolvimento Sustentável"<br />
Presidente da Comissão Parlamentar da Saúde da AR.<br />
Ora. Maria de Belém Roseira<br />
18.45 Inauguração oficial do Salão Internacional dos Equipamentos,<br />
Produtos e Serviços Médicos e <strong>Hospitalar</strong>es<br />
19.00 Cocktail de Boas-Vindas<br />
30 de Outubro<br />
9.00 A Evolução dos Sistema~ de Saúde nos países da CPLP<br />
Apresentações a cargo dos Ministros da Saúde dos países da CPLP. com Moderação de Dr. Jorge Sampaio,<br />
Enviado Especial da ONU para a Luta Contra a Tuberculose<br />
1030 Coffee-break<br />
11.00 O papel dos hospitais e os contributos dos sectores público, privado e social<br />
Moderador: Bastonário da Ordem dos Médicos de Angola, Professor Pinto de Sousa<br />
Keynote Speaker: Dr. José António Meneses Correia. Administrador <strong>Hospitalar</strong> (PT)<br />
12.45 Almoço<br />
Participantes:<br />
Presidente da Federação Brasileira de Hospitais (rBH), Dr. Eduardo de Oliveira<br />
Presidente do Conselho de Administração do Espírito Santo Saude, Engª. Isabel Vaz (PT)<br />
Representante de Moçambique<br />
Responsável da Guiné Bissau<br />
14.30 As principais profissões de saúde e o seu enquadramento sócio- profissional<br />
Moderador: Presidente da Associação Médica do Brasil (AMB), Dr. José Luiz Amaral<br />
Keynote Speaker: Secretaria de Estado da Salide, Dr. Pedro Madeira de Brito (PT)<br />
Participantes: Bastonária da Ordem dos Enfermeiros de Portugal, Drª. Maria Augusta de Sousa (PT)<br />
Responsável da Clínica da Sagrada Esperença (Angola)<br />
16.00 Coffee-break<br />
1630 O impacto das doenças na actividade hospitalar<br />
Moderador: Director-geral da Saúde, Dr. Francisco George<br />
Keynote Speaker: Director do serviço lnfecciologia HSM. Prof. Dr. Francisco Antunes (PT)<br />
Participantes: Representante da FBH, Dr. Luís. Polinio de Toledo (BR)<br />
Presidente do CA do Hospital Universitário Américo Boavida, Prof Dr. Carlos Mariano (Angola)<br />
18.00 Fim dos trabalhos<br />
20.30 Jantar oficial<br />
31 de Outubro<br />
09.30 Os modelos de financiamento da saúde e as formas de pagamento aos hospitais:<br />
em busca da eficiência e da sustentabilidade<br />
Moderador: Presidente da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), Dr. Álvaro Almeida (PT)<br />
Keynote Speaker: Professor de Economia da Saúde da UNL. Prof Dr. Pedro Pita Barros (PT)<br />
Participantes: Director da FBH, Dr. Renato Botto (BR); Responsável do Hospital Pediátrico de Luanda<br />
10.45 Coffee-break<br />
11.15 As tecnologias e os equipamentos da saúde: o seu contributo para modelos de prestação mais custo-efectivos<br />
Moderador: Bastonário da Ordem dos Médicos de Portugal, Dr. Pedro Nunes<br />
Keynote Speaker: Presidente do INFARMED, Prof. Dr. Vasco Maria<br />
Participantes: Representante da FBH. Dr. Luiz Aramicy Bezerra Pinto e Responsável de CPCHS<br />
12.45 Almoço de trabalho<br />
14.30 As tecnologias de informação e comunicação: os avanços registados na área hospitalar<br />
Moderador:<br />
Keynote Speaker:<br />
Participantes:<br />
16.00 Coffee-break<br />
Bastonário da Ordem dos Médicos. Dr. Luís Leite (Cabo Verde)<br />
Representante da ACSS, Dr. Fernando Mota - Portugal<br />
Representante do Instituto Conteste do Brasil, Professor António Marçal<br />
de Castro e Responsável de Alert<br />
16.30 Prémio Johnson & Johnson de Inovação<br />
Apresentação de projectos<br />
Em Outubro<br />
o encorvtro de referência dos<br />
1<br />
gestores 1hospitalares lusófonos<br />
L<br />
isboa<br />
acolhe, em Outubro de <strong>2008</strong>,<br />
os administradores hospitalares e os<br />
responsáveis governamentais, ao mais<br />
alto nível, dos países de língua oficial portuguesa,<br />
na 3ª Conferência de <strong>Gestão</strong> H ospitalar<br />
dos Países de Língua Portuguesa e no 3° Salão<br />
Internacional dos Equipamentos, Produtos e<br />
Serviços Médicos e <strong>Hospitalar</strong>es.<br />
O evento pretende fortalecer e alargar o espaço<br />
de diálogo, troca de conhecimentos e experiências<br />
entre os protagonistas de relevo dos hospitais<br />
públicos e privados dos países lusófonos<br />
sobre os respectivos sistemas de saúde, o papel<br />
específico dos hospitais, os desenvolvimentos já<br />
obtidos e os desafios no domínio da gestão.<br />
Ao mesmo tempo, constitui uma oportunidade<br />
para os decisores conhecerem os mais recentes<br />
equipamen tos, produtos e serviços mé-<br />
3' Conferência de <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong><br />
dos Países de Ungua Portuguesa<br />
3<strong>º</strong> Salão Internacional dos Equipame~tos,<br />
Produtos e Serviços Médicos e Hosp11a ares<br />
dicos e hospitalares propostos pelas principais<br />
empresas do sector no Salão simultâneo.<br />
A Conferência (que tem o apoio institucional<br />
da CPLP) constitui um contributo inestimável<br />
para o fortalecimento das relações entre os países<br />
lusófonos, a aproximação e o desenvolvimento<br />
harmonioso dos istemas de saúde e dos modelos<br />
de organização e gestão dos hospitais. rm<br />
COM O ALTO PATROCÍNIO<br />
DE SUA EXCELÊNC I A<br />
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Enviar para:<br />
PORTUGAL<br />
Secretariado da 3ª Conferência de <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> dos Países de Língua<br />
Portuguesa 1 a/c Companhia das Ideias -Av. António Augusto de Aguiar,<br />
150 F - 2° E, 1050-021 Lisboa 1Telf.: +351 213 805 160<br />
Fax: + 351 213 805 169 1 E-mai l: secretariado@companhiadeideias.com<br />
BRASIL<br />
CONTEST E 1 Telf.: 55 85 3242.1032 I E-mail:amp.castro@hotmail.com<br />
27
Angola<br />
Médicos realizam Con.gresso Internacional<br />
Equidade, ética e direito<br />
à saúde e a articulação<br />
entre saúde pública<br />
e medicina hospitalar<br />
em debate, em Angola.<br />
O<br />
V Congresso Internacional dos<br />
Médicos em Angola, promovido<br />
pela Ordem dos Médicos daq uele<br />
país, definiu como grandes temas do encontro<br />
a saúde pública e a medicina hospitalar.<br />
O congresso vai realizar-se nos dias 26 e 27<br />
de Janeiro do próximo ano.<br />
"A Ordem dos M édicos deve participar de<br />
forma activa nas actividades que estatutariamente<br />
lhe estão cometidas face aos fascinantes<br />
desafios que se colocam à sociedade<br />
angolana e, no que lhe cabe, contribuir para<br />
dar corpo a uma efectiva saúde para todos",<br />
defende Carlos Alberto Pinto de Sousa, bastonário<br />
da Ordem dos Médicos de Angola.<br />
O lem a e tem as escolhidos enquadram-se,<br />
assim, nas grandes preocupações sentidas por<br />
todo o mundo, especialmente em Angola.<br />
"Angola é um país em franco crescimento e<br />
desenvolvimento e onde se manifesta uma<br />
elevada maturidade no exercício da cidadania,<br />
com diversos e evidentes sinais que constituem<br />
motivo de optimismo, designadamente<br />
a passagem de períodos conturbados para a<br />
construção da paz e da estabilidade e o exemplo<br />
de civismo demonstrado nas últimas eleições<br />
legislativas", sublinha o bastonário.<br />
A Saúde em Angola<br />
Segundo Carlos Pinto de Sousa, o lema do<br />
V Congresso "Saúde Pública e Medicina<br />
<strong>Hospitalar</strong>" pretende demonstrar que o ênfase<br />
deve ser dado, numa sociedade em desenvolvimento,<br />
à articulação e integração<br />
destes dois princípios basilares que a OMS<br />
classifica de primordiais para todo o M undo,<br />
e, em particular, para a África Subsaariana.<br />
"Consideramos como prioridade, enquanto<br />
organismo, a Medicina Preventiva. Não es-<br />
A Ordem dos Médicos e os Médicos angolanos<br />
ORMED (2174), dos quais 74 por cento estão colocados em Lu-<br />
Para Carlos Pinto de Sousa, bastonário Ordem dos Médicos de Angola<br />
(ORMED), a instituição que representa "não é um sindicato<br />
onde impere um modelo reivindicatório puro e duro, mas tem a<br />
obrigação estatutária de actuar de acordo com os princípios e valores<br />
fundadores do ~xercício da Medicinà'. Entre eles, o responsável salient~<br />
defesa da profissão médica dos pontos de vista científico,<br />
técnico, económico e social; o respeito pela dignificação da nossa<br />
profissão, através de mecanismos de motivação social e da criação<br />
de incentivos de diversa índole; a melhoria e dignificação da visibilidade<br />
pública da nossa profissão junto da Sociedade, mantendo<br />
a linha de conduta traçada no Código Deontológico, e finalmente,<br />
a colaboração institucional com as estruturas governativas, apresentando<br />
sugestões com elevação e dignidade.<br />
Segundo Carlos Pinto de Sousa, o universo de médicos inscritos na<br />
anda, "é muito limitado e deficitário, impondo o recurso à cooperação<br />
de médicos de várias nacionalidades, o que exige, como se<br />
compreenderá, uma especial atenção às entidades competentes e à<br />
Ordem dos M édicos. Nesta perspeetiva, o bastonário aponta como<br />
necessidades imperiosas:<br />
Criar mecanismos que passam pela descentralização e ou mobilidade<br />
profissional que permita alargar para as Províncias a cobertura<br />
médica generalista e especializada;<br />
Proceder à criação/desenvolvimento de faculdades de medicina;<br />
Fomentar a descentralização da pós-graduação para os Hospitais<br />
regionais de Huambo, Benguela, Huila, Malange e Cabinda;<br />
Prosseguir os processos de formação como aspecto fundamental<br />
no desenvolvimento e crescimento do sector da saúde.<br />
quecemos, todavia, que os cuidados hospitalares<br />
são demasiado importantes .para que<br />
sejam de relevo diminuto", afirma o médico.<br />
"Recordo que a malária, o HIV/Sida, a tuberculose,<br />
o sarampo, a doença do sono e<br />
outras doenças endémicas cuja propagação<br />
é muito rápida, convivem com as doenças<br />
que emergem de forma intensa, próprias de<br />
países em desenvolvimento e que, decerto,<br />
preocupam os países com sistemas de saúde<br />
mais evoluídos. Refiro-me às doenças crónicas,<br />
com especial realce para a hipertensão<br />
arterial, a diabetes e diversas patologias<br />
oncológicas", esclarece o bastonário. Mas<br />
não só. Carlos Pinto de Sousa aponta ainda<br />
as "situações preocupantes" dos foros da<br />
psiquiatria, neurologia, ortotraumatologia,<br />
salientado no entanto, um dos índices de<br />
maior alerta d iz respeito à raxa de mortalidade<br />
materno-infantil, "cuja evolução começa<br />
a ser positiva", d iz. O bastonário dá como<br />
exemplo significativo o índice de transmissão<br />
materno-fetal do vírus, o qual pode atingir,<br />
em África, 50 por cento das mulheres portadoras<br />
do HIV SIDA. Em Angola, graças ao<br />
programa nacional de controlo iniciado em<br />
2002, apenas 4 por cento das mulheres tiveram<br />
filhos infectados, "um resultado muito<br />
animador", salienta.<br />
Promover o desenvolvimento<br />
Neste contexto, a Ordem dos Médicos de<br />
Angola deve, na visão de Carlos Pinto de<br />
Sousa, empenhar-se profundamente nas<br />
questões que respeitam à Sa úde. Em particular,<br />
e de acordo com os estatutos da instituição<br />
deve "promover o desenvolvimento<br />
da cultura médica e concorrer para o reforço<br />
e aperfeiçoamento constante do Serviço<br />
Nacional de Saúde, colaborando na política<br />
nacional de saúde em todos os aspectos" e<br />
"dar parecer sobre os assuntos que se rela-<br />
A Ordem dos Médicos e os<br />
outros sectores de actividade<br />
''A Ordem dos Médicos tem procurado, desde que os actuais dirigentes foram eleitos,<br />
compatibilizar a defesa e os interesses dos profissionais e os direitos dos cidadãos e<br />
comunidades. É meu entendimento que esta instituição, regida pelo direito público,<br />
1 se obriga a zelar pelo bem comum. O exercício da medicina (e das outras profissões<br />
de saúde) sofre as pressões inovadoras sobre a prática da medicina, geradas pelo<br />
desenvolvimento técnico e organizacional da ciência médica e a influência de diversos<br />
factores sociais, culturais e ambientais uma vez que é característica das doenças<br />
aparecerem e evoluírem permanentemente implicando uma nova relação terapêutica,<br />
carregada de influências psicológicas, económicas e sociais.<br />
Este conceito há-de estar reforçado no paradigma holístico que nos ensina que tudo<br />
influencia tudo, e que nada pode ser mais negativo do que uma visão mecanicista e<br />
estanque da Medicina. São a Educação, o Ambiente, o Trabalho, que permitem uma<br />
1<br />
abordagem integral do homem, de modo que os cidadãos da minha Pátria sejam, cada :<br />
vez mais, saudáveis mental e fisicamente. Parece um lugar-comum, mas o que pretendemos<br />
para Angola é uma medicina qualificada, ética e socialmente responsável,<br />
em que "o Homem é a medida de todas as coisas" - como afirmava o filósofo grego<br />
Protágoras. Ou, como escrevia Kant no século XVIII: "Age de modo que consideres<br />
a humanidade tanto na tua pessoa quanto na de qualquer outro, e sempre como objectivo,<br />
nunca como um simples meio". Eis os dois aforismos que nos obrigam, a nós<br />
médicos a actuar de acordo com o que se designa de Ética da Responsabilidade".<br />
a organização dos se rviços sempre que julgue<br />
conveniente fazê-lo junto das entidades<br />
oficiais competentes ou quando por estas<br />
for consultada", insiste o bastonário.<br />
"É neste contexto que decorrerá o V Congresso,<br />
esperando que os profissionais convidados<br />
ou os intervenientes dos países<br />
representados possam dar o seu contributo<br />
enriq uecedor, que é, tam bém, uma forma<br />
de todos contribuirmos para uma globalização<br />
mais social e solidária".<br />
Neste congresso, a análise sobre saúde públi-<br />
cionem com o exercício da medicina e com ca vai focar-se nos indivíduos, nas famílias e bastonário. t!ID<br />
Carlos Alberto Pinto de Sousa,<br />
Bastonário da Ordem dos Médicos de Angola<br />
- -<br />
comunidades. No âmbito da medicina hospitalar,<br />
a reunião visa debater os modelos de<br />
articulação entre cuidados de Saúde primários<br />
e cuidados de saúde diferenciados.<br />
Ao observar este dois domínios, a Ordem<br />
dos Médicos de Angola defende que este<br />
órgão deve "colaborar de forma activa na<br />
continuação do progresso e das melhorias<br />
já verificados quer em matéria de acesso dos<br />
cidadãos aos diversos níveis de cuidados<br />
quer nos efectivos resultados de promoção<br />
da saúde e prevenção da doença", conclui o<br />
1
Medicamento<br />
Genéricos mais baratos<br />
O preço dos medicamentos<br />
genéricos desce até 30<br />
por cento a partir de<br />
1 de Outubro, data em que<br />
entra em vigor o polémico<br />
diploma do Ministério da<br />
Saúde<br />
O<br />
Ministério d'!- Saúde introduziu limitações<br />
à descida dos medicamentos<br />
genéricos em 30 por cento. Mas<br />
aqueles que custam menos de cinco euros não<br />
ser afecrados pela descida do preço. Contestado<br />
pela Associação Portuguesa de Medicamentos<br />
Genéricos (APOGEN), o diploma, publicado<br />
em D ário da Republica em Agosto, levantou<br />
questões que se prendem com a sobrevivência<br />
do mercado de genéricos em Portugal e com o<br />
abastecimento das farmácias. Em declarações ao<br />
Diário Económico, Francisco Ramos, secretário<br />
de Estado da Saúde, explicou: "Fui convencido<br />
de que o risco de tirar 30% a um medicamento<br />
que já hoje é barato era grande, porque as empresas<br />
farmacêuticas podiam descontinuar os<br />
produtos mais baratos para aumentar o espaço<br />
de prescrição dos novos que são mais caros".<br />
Francisco Ramos concluiu, assim, que "faz todo<br />
o sentido que o Estado proteja os medicamentos<br />
que já têm preço baixo'', isentando-os de<br />
descer o preço. Apesar das excepções, reclamou<br />
Paulo Lilaia, presidente da APOGEN, "apenas<br />
5 por cento dos genéricos não vai sofrer com o<br />
abaixamento do preço", imposto pelo Governo.<br />
Segundo Paula Lilaia, alguns medicamentos "ficarão<br />
absurdamente baixos, mesmo abaixo do<br />
seu custo industrial". Em respostas às cri ricas<br />
da APOGEN, Francisco Ramos lembrou que<br />
"Portugal é o único país da Europa em que os<br />
genéricos têm maior quota de mercado em valor<br />
que em volume".<br />
Derrapagem<br />
Com a portaria publicada no início de Agosto,<br />
em Diário da República, a descida de 30% decretada<br />
inicialmente pelo Governo deixa de ser<br />
aplicada indiscriminadamente, sendo a descida<br />
do preço definida de caso para caso. O documento<br />
estabelece como excepções "os medicamentos<br />
genéricos cujos preços sejam inferiores a<br />
cinco euros" e ainda que da aplicação da redução<br />
"não pode resultar um preço do medicamento<br />
genérico de valor inferior a 50% do preço do<br />
medicamento de referência".<br />
A resolução de baixar o preço dos genéricos<br />
funda-se na necessidade de responder à derrapagem<br />
da despesa com medicamentos nas farmácias.<br />
No diploma, o Governo explicou que "o<br />
crescimento da despesa com medicamentos em<br />
ambulatório atingiu, no primeiro semestre de<br />
<strong>2008</strong>, o valor de 4,3%, prevendo-se, à data, um<br />
crescimento anual da ordem dos 5 % ". Tendo em<br />
conta que aquilo que está previsto no O rçamento<br />
do Estado para este ano é um crescimento de<br />
2,9% e que os dados dos primeiros sete meses já<br />
mostram uma subida de 5, 1 %, percebe-se a preocupação<br />
do Governo, que aprovou esta medida<br />
"a título excepcional, por motivos de interesse<br />
público".<br />
Entretanto, a Generis, principal empresa portuguesa<br />
de medicamentos genéricos, descontente<br />
com a medida, ameaçou "recorrer a todos os<br />
mecanismos legais, incluindo a via judicial ",<br />
disse o director-geral da Generis, Pedro Moura,<br />
em declarações ao ]orna de Negócios.<br />
1 mpacto severo<br />
Em Portugal, existem 60 laboratórios a vender<br />
genéricos, metade em exclusivo. Para a APO <br />
GEN, a descida dos preços nos genéricos vai ter<br />
um impacto m uito severo no sector. A organização,<br />
defendo por isso que "o mais lógico, se<br />
há dificuldades orçamentais, seria descer o preço<br />
de todos os medicamentos em 6%, o que traria<br />
a mesma poupança". Segunda a APGO GEN as<br />
empresas mais afectadas serão as portuguesas,<br />
pois têm menor dimensão. O diploma já fez<br />
baixas na Bluephanna, onde foram dispensadas<br />
20 pessoas. Paulo Barradas, director geral desta<br />
farmacêutica não poupa críticas ao governo e<br />
afirmou que decretar administrativamente uma<br />
descida de preço "é uma falta de respeito pelas<br />
empresas portuguesas que apostaram na criação<br />
de empregos quando as multinacionais estavam<br />
a sair do país". Para a Generis, a medida não<br />
deixa margem manobra, implicando o encerramento<br />
de uma das duas fábricas e o despedimento<br />
de 150 trabalhadores desta farmacêutica<br />
de genéricos.<br />
Desde que os genéricos foram introduzidos<br />
no mercado, em 2003, a sua quota tem vindo<br />
a crescer, até atingir 13,4% nos primeiros oito<br />
meses deste ano - ainda assim abaixo da meta de<br />
20 por cento definida pelo Governo.<br />
O mercado de medicamentos em Portugal está<br />
avaliado em 3,5 mil milhões de euros. A quota<br />
de mercado dos genéricos não chega aos por<br />
cento, pretendidos pelo Governo. Na União Europeia,<br />
a quota de mercado dos medicamentos<br />
genéricos já está acima dos 50 por cento. mD<br />
Fórum<br />
<strong>Gestão</strong> do medicamento<br />
A Associação Portuguesa<br />
de Administradores<br />
<strong>Hospitalar</strong>es organiza o<br />
"Fórum Nacional sobre a<br />
<strong>Gestão</strong> do Medicamento em<br />
Meio <strong>Hospitalar</strong>"<br />
e<br />
om data marcada para 24 de O u<br />
tubro, o Fórum Nacional sobre a<br />
<strong>Gestão</strong> do Medicamento em Meio<br />
<strong>Hospitalar</strong> vai reumr em Lisboa um vasto<br />
grupo de especialistas do sector da Saúde.<br />
O bjectivos: debater a importância dos medicamentos<br />
de uso hospitalar no mercado do<br />
medicamento e na economia hospitalar; analisar<br />
a prescrição dos fármacos nos hospitais,<br />
co nfrontado a liberdade de prescrição com a<br />
uniformização de procedimentos; reflectir sobre<br />
a introdução de novas drogas e os ensaios<br />
clínicos; e finalmente, examinar a gestão do<br />
medicamento no doente crónico.<br />
A reunião reflecte assim os grandes eixos que<br />
hoje constituem temas centrais da sustentabilidade<br />
dos sistemas de saúde em geral e<br />
da ad ministração hospitalar em particular.<br />
Recorde-se que, de acordo com o relatório<br />
do Infarmed, "Consumo de Medicamentos<br />
em meio <strong>Hospitalar</strong>", entre Janeiro e Maio<br />
de <strong>2008</strong>, 60 hospitais do SNS, os quais representam<br />
cerca de 66 por cento da despesa<br />
com medicamentos em meio hospitalar, apresentaram<br />
um consumo de cerca de 241 milhões<br />
de euros, verificando-se um aumento de<br />
4,6 por cento relativamente a igual período<br />
do ano anterior. O mês de Maio registou um<br />
decréscimo de 1 por cento comparativamente<br />
ao mês homólogo, e uma redução de 2,6<br />
face ao anterior mês de Abril. A Oncologia<br />
e a Infecciologia continuam a ser as áreas<br />
terapêuticas com maiores encargos e juntas<br />
representam cerca de 35,2 por cento da despesa<br />
com medicamentos em meio hospitalar.<br />
"Estas áreas são também as que têm ma10r<br />
responsabilidade no crescimento da despesa<br />
registando aumentos homólogos de 1O,7por<br />
cento e 7,5por cento respectivamente. Refirase<br />
ainda o crescimento de 21 ,2 por cento na<br />
área da Neurologia comparativamente ao ano<br />
anterior", refere o documento.<br />
Prescrição<br />
Dada a complexidade desta questão e desafios<br />
que se colocam acrualmente e no futuro, não<br />
só às administrações, mas a todos os "decisores"<br />
no percurso do medicamento, destaca-se,<br />
entre os grandes temas deste fórum, o painel<br />
moderado pela responsável da Farmácia <strong>Hospitalar</strong><br />
dos H UC, o qual vai debater a liberdade<br />
da prescrição médica versus a uniformização<br />
de procedimentos. Também, na ordem do<br />
dia está a introdução de inovação farmaco lógica,<br />
quer do ponto de vista da acessibilidade<br />
às novas drogas, quer a partir da complexa<br />
questão da avaliação custo/benefício.<br />
Além dos oradores Pedro Lopes, presidente<br />
' ·<br />
da APAH, Luís Campos, internista do H ospital<br />
de São Francisco Xavier, José Lopes<br />
Feio, presidente da Associação Portuguesa de<br />
Farmacêuticos H ospitalares e João Barroca,<br />
responsável da APIFARMA, o Fórum Nacional<br />
sobre a <strong>Gestão</strong> do Medicamento vai contar<br />
ainda com as apresentações de Vasco M a<br />
ria, do IN FARMED , Carlos Gouveia Pinto,<br />
p rofessor no Instituto Superior de Economia<br />
e <strong>Gestão</strong> e Armando Alcobia, responsável<br />
pela Farmácia do Hospital Garcia de O rta,<br />
em Almada, entre outros. Maria do Céu<br />
Machado, dirigente do Alto Comissariado<br />
da Saúde vai moderar o último painel desta<br />
reunião, dedicado à gestão do medicamento<br />
no doente crónico. No âmbito deste fórum,<br />
será exibido na RT P-N,dia 19 de Outubro<br />
às 20 horas, no programa "Espacial Saúde",<br />
apresentado pela jornalista Marina Caldas,<br />
um debate dedicado à gestão do medicamento<br />
em meio hospitalar, com as presenças de<br />
Pedro Lopes, Luís Campos, José Lopes Feio<br />
e João Barroca. mD
Lançamento<br />
Correia de Campos explica as suas reformas<br />
O ex-ministro da Saúde<br />
apresentou, em Coimbra,<br />
o livro "Reformas da Saúde -<br />
O Fio Condutor", onde explica<br />
como foi possível "reformar<br />
em contexto de contenção de<br />
recursos" ( u<br />
com ganhos em saúde.<br />
m<br />
livro didáctico, essencialmente<br />
político, que explica<br />
reformas e que tem a ambição<br />
de contribuir para o debate sobre os novos<br />
modelos de solidariedade". É assim que Correia<br />
de Campos define o seu livro, "Reformas da<br />
Saúde - O Fio Condutor". Durante a primeira<br />
sessão de apresentação, dia 24 de Setembro,<br />
em Coimbra, Correia de Campos afirmou que<br />
quando assumiu o cargo ministerial não sabia se<br />
se o Serviço Nacional de Saúde (SNS) era sustentável<br />
"porque a espiral de crescimento da despesa<br />
era muito alta em Portugal", disse. Agora,<br />
assumindo que a "situação da despesa pública na<br />
saúde era insustentável", o ex-ministro defende<br />
que a experiência comprovou que foi possível fazer<br />
mais e melhor com os recursos de que dispunha.<br />
No que diz respeito à contestação pública<br />
da sua política de Saúde, Correia de Campos,<br />
nega que a reforma tenha sido precipitada. Disse<br />
---<br />
1<br />
Cargos<br />
governamentais<br />
1. Ministro da Saúde do XVII Governo<br />
Constitucional de 2005 a <strong>2008</strong><br />
2. Ministro da Saúde do XIV Governo<br />
Constitucional de 2001 a 2002<br />
3. Secretário de Estado da Saúde do V<br />
Governo Constitucional em 1979<br />
4. Secretário de Estado do Abastecimento<br />
do V Governo Provisório em 1975<br />
- --<br />
1<br />
'<br />
a propósito que dos 16 municípios onde havia<br />
problemas fez protocolos escritos com 14, cuja<br />
situação é "hoje exactamente a mesma" sem, no<br />
entanto, haver qualquer contestação.<br />
Impopulares mas necessárias<br />
Ministro da Saúde durante três anos, de 2005<br />
a <strong>2008</strong>, Correia de Campos revela agora, ao<br />
tos do seu governo que, segundo o próprio,<br />
de Saúde", bem como um exercício de prestaimplicaram"<br />
decisões difíceis, impopulares, mas<br />
necessárias". Entre elas a polémica questão do<br />
aumento das taxas moderadoras. ''A razão m.ais<br />
importante para o alargamento das taxas moderadoras<br />
ao internamento e à cirurgia do ambulatório<br />
não foi nem o objectivo moderador, nem<br />
o objectivo financiador mas sim uma preparação<br />
da opinião pública para a eventualidade de todo o<br />
sistema de financiamento ter de ser alterado, caso<br />
as medidas de boa gestão que tínhamos adoptado<br />
no Serviço Nacional de Saúde não se revelassem<br />
suficientes para garantir a sustentabilidade financeira<br />
do sistema'', explica Correia de Campos.<br />
Vital Moreira, constitucionalista, quem apresentou<br />
a obra no espaço da Livraria Almedina<br />
Estádio, afirmou que as reformas do exministro<br />
tornaram possível obter "ganhos de<br />
eficiência, aumentar os cuidados prestados e<br />
longo de mais de 300 páginas, alguns aspecmais<br />
qualidade". Segundo o catedrático, "as<br />
reformas permitiram abranger mais gente,<br />
com mais cuidados e mais qualidade. Correia<br />
de Campos conseguiu as três coisas".<br />
Revitalização do SNS<br />
Na opinião de Vital Moreira, o livro "Reformas<br />
da Saúde - O Fio Condutor" representa<br />
um "louvor e uma aposta no Serviço Nacional<br />
ção de contas do ex-ministro que, deste modo,<br />
"explica as suas opções políticas, decisões e<br />
dificuldades, como todos os políticos deviam<br />
fazer no fim do mandato". Segundo o académico,<br />
o Serviço Nacional de Saúde apresentava<br />
índices preocupantes de insuficiências que o<br />
ameaçavam na sua abrangência, os quais foram<br />
invertidos no mandato de Correia de Campos.<br />
Elogiando o desempenho do ex-ministro, Vital<br />
Moreira, sublinha que este conseguiu "obter<br />
ganhos de eficiência, aumenrar a coberrura e<br />
a capacidade de resposta em áreas onde o SNS<br />
nunca tinha respondido correctamente".<br />
Por outro lado, o constitucionalista sublinha<br />
que "a publicação não questiona o modelo do<br />
Serviço Nacional de Saúde, nem a sua criação,<br />
em 1979" mas antes dá as respostas para a sua<br />
reforma e revitalização". rilD<br />
; As explicações<br />
, de Correia de Campos<br />
"Nos média e na opinião pública publicada<br />
eu era uma figura politicamente exausta. Era<br />
absolutamente necessário sair porque uma<br />
reforma só se faz se houver uma relação de<br />
confiança muito grande entre o líder da reforma<br />
e os seus beneficiários, os cidadãos".<br />
ln Público 18. 09.<strong>2008</strong><br />
primários demora 20 anos a fazer e em<br />
três anos fez-se isto"<br />
ln Público 18. 09.<strong>2008</strong><br />
"As PPP tinham que ser revistas e têm que<br />
ser revistas. Não é uma inversão completa<br />
do caminho. Não fui eu o autor da junção<br />
da gestão clínica com a construção. Mas<br />
"Há 150 Unidades de Saúde Familiar achei que valia a pena fazer a experiênciá'.<br />
a funcionar. Uma reforma de cuidados ln Público 18.09.<strong>2008</strong><br />
Percurso<br />
• Nasceu no dia 14 de Dezembro de<br />
1942, em Torredeita, Viseu.<br />
•Licenciado em Direito pela Universida.de<br />
de Coimbra<br />
• Administrador <strong>Hospitalar</strong> pela École<br />
de Rennes, França<br />
• Mestre em Saúde Pública pela Universidade<br />
de Johns Hopkins, EUA<br />
• Professor Auxiliar, Associado e Catedrático<br />
pela Escola Nacional de Saúde<br />
Pública, da Universidade Nova de Lisboa<br />
• Professor Catedrático da Escola Nacional<br />
de Saúde, Pública (ENSP)<br />
•Presidente do Conselho Científico da<br />
ENSP (desde Junho 2002)<br />
• Presidente do Instituto Nacional de<br />
Administração Qaneiro 1997 a Junho<br />
2001)<br />
• Presidente do Conselho Científico do<br />
Instituto Europeu de Administração<br />
Pública, de Maastricht (2000 a 2001)<br />
• Presidente da Comissão do Livro Branco<br />
da Segurança Social (1996-1998)<br />
•Especialista Senior do Banco Mundi-<br />
J al sobre Administração de Saúde ( 1992<br />
1 a 1995)<br />
• Director de Programas da Fundação<br />
Luso-Americana para o Desenvolvimento<br />
(1986 a 1989)<br />
• Dirigente da Administração Pública<br />
(entre 1970 e 1980)<br />
•Deputado à AR (em 1991e1992)<br />
• Especialista em economia da saúde,<br />
cuidados de saúde a idosos, política<br />
de saúde e equidade, segurança social<br />
e administração pública, sendo, nestas<br />
áreas único autor de cinco livros e editor<br />
de outros três e autor de cerca de<br />
cem artigos científicos em revistas nacionais<br />
e estrangeiras<br />
1<br />
1<br />
32<br />
33
A Pfizer dedica toda a sua pesq~ i~a à saúde.<br />
Dos que ainda não nasceram ate as pessoas<br />
idade mais avançada. Sabemos que cada<br />
?e de ode ter problemas específicos mas que<br />
id~oda~ as idades é comum o desejo de uma<br />
ª .d longa saudável e plena. Por isso. estamos<br />
v1 a • - · ·d· a<br />
van uarda da investigaçao b1om~ ic '<br />
na n~1ndo e tratando cada vez mais doenças.<br />
· preve . . d as<br />
Muitos sucessos foram 1a alcança os, n:i -<br />
muitos outros necessitam da nossa ded1c~~~o<br />
esforço. Para que as doenças faça~ pa<br />
e do e não do nosso futuro. Este e o nosso<br />
~~~;romi sso consigo; juntos faremos o futuro.<br />
DIÁRIO DA REPÚBLICA<br />
A GH destaca a Legislação mais relevante publicada em Diário da República entre 19 de Agosto e 29 de<br />
Setembro.<br />
34<br />
Presidência do Conselho de Ministros<br />
Ministérios da Economia e da Inovação e da<br />
Resolução do Conselho de Ministros n. 0 140/<strong>2008</strong>, de 17 Saúde<br />
de Setembro Portaria n. 0 1016-AJ<strong>2008</strong>, de 08 de Setembro<br />
Aprova o calendário de subscrição faseada de dotações de capital es- Reduz os preços máximos de venda ao público dos medica-<br />
mentos genéricos<br />
tamtário relativamente ao Hospital de Faro, E. P. E., aos Hospitais<br />
da Universidade de Coimbra, E. P. E., ao Centro <strong>Hospitalar</strong> Póvoa<br />
de Varzim/Vila do Conde, E. P. E., à Unidade Local de Saúde do<br />
Alto Minho, E. P. E., à Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo,<br />
E. P. E., e à Unidade Local de Saúde da Guarda, E. P. E.<br />
Ministério da Saúde<br />
Portaria n. 0 951/<strong>2008</strong>, de 21 de Agosto<br />
Homologa os contratos públicos de aprovisionamento que<br />
estabelecem as condições de fornecimento ao Estado de vacinas<br />
contra infecções por vírus do papiloma humano (HPV)<br />
Decreto-Lei n. 0 180/<strong>2008</strong>, de 26 de Agosto<br />
Cria o Hospital de Faro, E. P E. , os Hospitais da Universidade<br />
de Coimbra, E. P E. , e o Centro <strong>Hospitalar</strong> Póvoa de Varzim/<br />
Vila do Conde, E. P E. , e aprova os respectivos estatutos<br />
Decreto-Lei n. 0 183/<strong>2008</strong>, de 04 de Setembro<br />
Cria a Unidade Local de Saúde do Alto Minho, E. P. E.,<br />
a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo, E. P. E., e a<br />
Unidade Local de Saúde da Guarda, E. P. E., e aprova os<br />
respecttvos esta tu tos<br />
Decreto-Lei n. 0 184/<strong>2008</strong>, de 05 de Setembro<br />
Procede à primeira alteração ao Decreto-Lei n. 0 65/2007, de<br />
14 de M arço, que estabelece o regime de formação do preço<br />
dos medicamentos sujeitos a receita médica e dos medicamentos<br />
não suj eitos a receita médica comparticipados<br />
Decreto-Lei n. 0 189/<strong>2008</strong>, de 24 de Setembro<br />
Estabelece o regime jurídico dos produtos cosméticos e de higiene<br />
corporal, transpondo para a ordem jurídica nacional as Directivas<br />
n.os 2007 /53/CE, da Comissão, de 29 de Agosto, 2007 /54/CE,<br />
da Comissão, de 29 de Agosto, 2007/67/CE, da Comissão, de 22<br />
de Novembro, <strong>2008</strong>/14/CE, da Comissão, de 15 de Fevereiro, e<br />
<strong>2008</strong>/42/CE, da Comissão, de 3 de Abril, que alteram a Directiva<br />
n. 0 76/768/CE, do Conselho, relativa aos produtos cosméticos, a<br />
fim de adaptar os seus anexos II, III e VI ao progresso técnico<br />
Ministérios da Administração Interna e da<br />
Saúde<br />
Portaria n. 0 1042/<strong>2008</strong>, de 15 de Setembro<br />
Estabelece os termos e as garantias do acesso dos requerentes<br />
de asilo e respectivos membros da família ao Serviço Nacional<br />
de Saúde<br />
Ministério das Finanças e da Administração<br />
Pública<br />
Decreto-Lei n. 0 170/<strong>2008</strong>, de 26 de Agosto<br />
Estabelece o regime jurídico do parque de veículos do Estado<br />
Portaria n. 0 1084/<strong>2008</strong>, de 25 de Setembro<br />
Aprova o Regulamento de Inscrição de Beneficiários dos<br />
Serviços Sociais da Administração Pública<br />
Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Su-<br />
.<br />
penar<br />
Portaria n. 0 1024/<strong>2008</strong>, de 1 O de Setembro<br />
Cria o curso de pós-licenciatura de especialização em Enfermagem<br />
de Saúde Materna e Obstetrícia na Escola Superior<br />
de Saúde do Instituto Politécnico de Leiria<br />
Assembleia da República<br />
Lei n. 0 57 /<strong>2008</strong>, de 04 de Setembro<br />
Cria a O rdem dos Psicólogos Portugueses e aprova o seu Estatuto<br />
Lei n. 0 58/<strong>2008</strong>, de 09 de Setembro<br />
Estatuto Disciplinar dos Trabalhadores Que Exercem Funções<br />
Públicas<br />
ESCOLA NACIONAL DE<br />
SAÚDE PUBLICA<br />
Lei n. 0 59/<strong>2008</strong>, de 11 de Set :cmbro<br />
Aprova o Regime do Contra () de Trabalho em Funçõe<br />
Públicas<br />
/J.ffJ: ot<br />
/1<br />
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