Gestão Hospitalar N.º42 2009
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04 Editorial<br />
Nesta edição da GH, Pedro Lopes, presidente da APAH, analisa<br />
o protocolo entre o Ministério da Saúde e a Organização<br />
Mundial de Saúde, que consiste no desenvolvimento<br />
de um processo de avaliação do Sistema de Saúde e do Plano<br />
Nacional de Saúde. Uma equipa de peritos internacionais<br />
deslocou-se a Portugal e deu uma nota de relevância<br />
à importância que este grupo de trabalho dá às opiniões<br />
manifestadas pela APAH, sobre matérias relevantes<br />
no panorama da Saúde em Portu gal.<br />
12 Entrevista<br />
o Serviço Nacional de Saúde nasceu há trinta anos.<br />
O "pai" foi, como todos sabem, o ad vogado de Coimbra<br />
e ex-ministro socialista, António Arnaut. A GH não podia<br />
deixar passar o ano comemorativo da data sem dar voz<br />
ao principal responsável pela transformação nacional<br />
que se registou na Saúde. Se alguma coisa mudou<br />
em Portugal ao longo destas três décadas,<br />
foi a acessibilidade dos cidadãos aos Serviços de Saúde.<br />
20 lnovacão ,<br />
A Conferência Apifarma <strong>2009</strong>, que teve lugar no centro<br />
de Congressos de Lisboa, juntou médicos, investigadores,<br />
economistas, políticos e farmacêuticos para debater<br />
as temáticas ligadas ao papel central da inovação ao serviço<br />
da saúde dos doentes. A importância da indústria farmacêutica,<br />
relativamente ao aumento da qualidade e da esperança<br />
de vida das pessoas, foi um dos aspectos abordados durante<br />
o encontro.<br />
22 Indústria<br />
Francisco Braz de Castro, presidente do Conselho<br />
de Administração da Fresenius Kabi e da Labesfal,<br />
faz o balanço da empresa num ano de crise económica<br />
internacional e alerta para a grave situação do sector<br />
farmacêutico que se vê a braços, novamente,<br />
com o incumprimento de pagamentos por parte dos hospitais<br />
e a desci da do preço dos genéricos .<br />
30 Op . n ~OLA NACION/i,L d'~ p)<br />
so da doença Hepática", em Portugal é um trabalho<br />
SAÚDE PÚBLICA que ~ economista José Gíria, da Direcção Geral da Saúde,<br />
nos 1 presenta neste número da GH. Segundo o autor<br />
há ( 3 masiado impacto negativo, na Saúde Pública, devido<br />
à de e nça hepática e, como tal, há medidas que é necessário<br />
6~k<br />
tom ~ r , com urgência.<br />
.<br />
BIBLIOTECA<br />
3
Sopra<br />
uma boa nova.<br />
A avaliação<br />
dos Serviços de Saúde<br />
Pedro Lopes<br />
Presidente da APAH<br />
"Fica reconhecido<br />
o papel desta<br />
Associação<br />
claramente<br />
entrosada nas<br />
questões da saúde<br />
e particularmente<br />
naquelas que dizem<br />
respeito à gestão<br />
na saúde."<br />
O<br />
Ministério da Saúde e a Organização<br />
Mundial da Saúde estabeleceram<br />
um protocolo, no qual consta,<br />
entre outros propósitos, o desenvolvimento<br />
de um processo de avaliação do Sistema<br />
de Saúde e do Plano Nacional da Saúde.<br />
Para o efeito, deslocou-se a Portugal uma equipa<br />
de peritos internacionais, concretamente a gestora<br />
do Projecto de Avaliação Dr.ª Elke Jakubowsky<br />
(consultora) e o Dr. Jeffrey Lozon (Presidente do<br />
Conselho de Administração do St. Michael' s<br />
Hospital, Toronto, Canadá e consultor).<br />
Esta equipa de peritos identificou vários intervenientes<br />
e observadores do sistema de saúde português<br />
e solicitou à nossa Associação um encontro<br />
para obter informações sobre a própria Associação<br />
e a avaliação que a mesma faz sobre o Sistema de<br />
Saúde Português e o respectivo Plano de Saúde.<br />
A equipa fez-se acompanhar pelo Dr. Paulo Nicola,<br />
membro do Grupo de Coordenação Nacional<br />
do Projecto de Avaliação do PNS/SS.<br />
A primeira nota de relevância deste contacto é,<br />
sem dúvida, a importância que o Grupo de Coordenação<br />
Nacional do Projecto de Avaliação do<br />
PNS/SS dá às opiniões manifestadas pela nossa<br />
Associação, sobre matérias de tanta relevância no<br />
panorama da saúde em Portugal.<br />
Mais uma vez, fica reconhecido o papel desta<br />
Associação claramente entrosada nas questões da<br />
saúde e particularmente naquelas que dizem respeito<br />
à gestão na saúde.<br />
O momento foi, ainda, oportuno para referir<br />
uma das maiores reformas levadas a cabo no país,<br />
a criação do Serviço Nacional de Saúde que comemora<br />
30 anos de existência.<br />
Recentrando o tema, um dos pontos abordados<br />
foi a actual reforma na área hospitalar.<br />
Mencionamos a nova lei de gestão hospitalar e o<br />
respectivo enquadramento jurídico dos hospitais<br />
que permitiu a criação dos Hospitais Sociedades<br />
Anónimas com as consequentes alterações, particularmente,<br />
no recrutamento de recursos humanos<br />
e aquisição de materiais.<br />
A empresarialização dos hospitais, a adopção de<br />
regras comuns da gestão privada e a criação de<br />
uma nova cultura de gestão foram outros dados<br />
transmitidos aos nossos interlocutores.<br />
O financiamento, assente em orçamentos de<br />
base prospectiva, onde a capacidade instalada<br />
e a procura são as principais determinantes da<br />
negociação, em contraponto aos orçamentos de<br />
base retrospectiva, assentes na despesa efectuada e<br />
obrigando a recorrentes rectificações orçamentais<br />
para conseguir um aceitável equilíbrio financeiro<br />
foi outra das matérias abordadas.<br />
A contratualização, permitindo uma verdadeira<br />
expressão de necessidades pelos hospitais, nem<br />
sempre acolhidas pelo contratante, tendo como<br />
contraponto a responsabilização da respectiva<br />
Administração, foi outro tema em análise.<br />
Outras questões foram abordadas que não cabe<br />
. .<br />
aqm mencionar.<br />
O outro ponto abordado foi o Plano Nacional de<br />
Saúde e a sua avaliação.<br />
Consideramos tratar-se de um documento bem<br />
elaborado, fundamental, estratégico e com uma<br />
característica particular, a de ter sido adaptado<br />
durante todo o seu período de vida por vários<br />
governos e eqmpas mm1stena1s.<br />
Valorizamos, ainda, a forma como foi participado<br />
através de um longo período de apresentações<br />
e discussão.<br />
Apenas um reparo, consideramos tratar-se de um<br />
documento muito ambicioso e com metas pouco<br />
definidas, o que poderá prejudicar a sua realização<br />
e os respectivos resultados.<br />
Finalmente queremos referir o términus da fase<br />
III, última fase do desenvolvimento do Plano em<br />
201 O e a necessidade de o avaliar e preparar um<br />
novo Plano.<br />
o . ••<br />
-- ...<br />
Aliámos a experiência e solidez de um grupo internacional,<br />
líder na sua área, ao maior e mais moderno complexo industrial<br />
farmacêutico português.<br />
Escolhemos Portugal para ser o centro mundial de desenvolvimento<br />
e produção de medicamentos injectáveis da Fresenius Kabi.<br />
Apostámos na qualidade, competência e formação dos nossos<br />
profissionais.<br />
Acreditámos no seu apoio.<br />
Em Portugal, com portugueses, para o mundo.<br />
~ Fresenius<br />
LABESFAL<br />
Kabi<br />
4<br />
Caring for Life
--- --... - - ~-~--~ -~~ ·--- - ----- . -·--·---- - -<br />
6<br />
3900 medicamentos mais baratos<br />
Poupança pode ultrapassar 75 milhões<br />
N<br />
o passado dia 1 de Abril, entraram<br />
em vigor os preços mais baixos de<br />
3900 medicamentos que, de acordo com<br />
o Governo, permitirá ao Estado uma poupança<br />
de 75 milhões de euros e aos utentes<br />
de cerca de 20 milhões. Mas a Apifarma<br />
já reagiu e alerta que, no contexto da acrual<br />
crise económica mundial, as empresas<br />
farmacêuticas irão ser castigadas.<br />
Esta foi a terceira fase da revisão transitória<br />
dos preços dos medicamentos, e segundo<br />
esta legislação (aprovada em 2007) os<br />
preços aplicados em Portugal passaram a ser<br />
calculados com base na média dos valores<br />
praticados nos chamados quatro países de<br />
referência: Espanha, Grécia, Itália e França.<br />
Conforme afirma a Apifarma em comunicado,<br />
desde 2007 já baixaram de preço mais<br />
de 5600 medicamentos, entre inovadores<br />
e genéricos. Foi apenas em 1999 que se<br />
verificou, pela última vez, um aumento nos<br />
preços dos medicamentos em Portugal.<br />
Parceria<br />
Para a associação, há que reconhecer "a<br />
importância da baixa de preços" que "assume<br />
particular relevância face ao contexto<br />
de crise que se vive acrualmente, e que<br />
não pode deixar de ser considerada como<br />
um importante contributo da Indústria<br />
Farmacêutica Portuguesa para o apoio às<br />
famílias e doentes em Portugal".<br />
No entanto, alerra para a "situação difícil<br />
que toda a cadeia do medicamento atravessa<br />
motivada por um contexto económico adverso<br />
que tem implicado decréscimos no<br />
mercado sem precedentes, sendo que estas<br />
baixas de preços implicam um esforço redobrado<br />
das empresas que inevitavelmente<br />
contribuirá para o agravar da situação".<br />
No total são 3900 apresentações de medicamentos,<br />
de marca e genéricos, cujos preços<br />
descem até 52,4%.<br />
No que diz respeito aos medicamentos de<br />
marca, foram reduzidos os preços em 1435<br />
apresentações, com um impacto no PVP<br />
que poderá atingir os 68.251.142 Euros,<br />
tendo também por referência as vendas de<br />
2008. Nos medicamentos genéricos, reduzem-se<br />
os preços a 16 substâncias activas,<br />
que correspondem a 2465 apresentações. O<br />
impacto na redução dos PVP poderá ser de<br />
6.973.581 Euros. am<br />
Apifarma dá formação a associados<br />
A Associação Portuguesa da Indústria<br />
Farmacêutica (Apifarma) desenvolveu<br />
recentemente um plano de formação destinado<br />
aos colaboradores das empresas associadas,<br />
em conjunto com diversas entidades públicas<br />
e privadas, como, por exemplo, o Infarmed,<br />
a Direcção Geral das Actividades Económicas<br />
e a Faculdade de Medicina da Universidade<br />
de Lisboa.<br />
A iniciativa tem por objectivo o reforço da<br />
qualificação dos Recursos Humanos da Indústria<br />
Farmacêutica através do desenvolvimento e<br />
implementação de um programa temático que<br />
abrange todas as áreas de actuação das empresas<br />
farmacêuticas. Desta forma, a Apifarma dá<br />
sequência ao Plano de Formação iniciado em<br />
2008, o qual contou com a participação de<br />
mais de 300 profissionais do sector.<br />
O programa de formação vai estender-se até<br />
Novembro e incluirá acções de formação<br />
contínua e whorkshops. De acordo com Rui<br />
Santos Ivo, director executivo da Apifarma, "a<br />
formação e qualificação dos Recursos Humanos<br />
é um dos eixos da orientação estratégica<br />
definida pela actual direcção. Foi neste sentido<br />
que, em 2008, implementámos um programa<br />
de formação que prosseguimos agora em <strong>2009</strong><br />
de forma melhorada e com a introdução de<br />
novas temáticas. Para além da valorização dos<br />
profissionais do sector, acreditamos que desta<br />
forma podemos também contribuir para uma<br />
maior notoriedade e valorização da indústria<br />
farmacêutica em Portugal".<br />
O programa para <strong>2009</strong> foi enriquecido com<br />
o alargamento das áreas de intervenção, designadamente,<br />
através de formações como "Finanças<br />
para não Financeiros", "Modelos de<br />
Avaliação Económica" e o desenvolvimento de<br />
cursos avançados como resposta à necessidade<br />
de aprofundamento de conhecimentos. Foram<br />
ainda reforçadas as vertentes técnicas ligadas à<br />
Qualidade e contempladas as áreas relacionadas<br />
com a gestão de Recursos Humanos.<br />
Ao nível da Formação Contínua, o programa<br />
contempla mais de 20 cursos que vão desde a<br />
Farmacoeconomia, Farmacoviligância, Auditoria<br />
e Sistemas de Qualidade, Boas Práticas de<br />
Fabrico, até ao Media Training ou <strong>Gestão</strong> de<br />
Crise Mediática. O direito da Concorrência,<br />
Metodologia e Revisão de Preços, Concursos<br />
Públicos, Regras deontológicas da Indústria<br />
Farmacêutica ou Propriedade Industrial são<br />
alguns dos temas dos workshops que fazem<br />
também parte do plano de formação. am<br />
Consumo de álcool<br />
"Binge drinking" é nova<br />
tendência entre os jovens<br />
E<br />
m Portugal, está a crescer uma nova<br />
tendência entre os jovens no que diz respeito<br />
ao consumo do álcool. É o "binge drinking",<br />
ou seja, o consumo esporádico mas excessivo<br />
de bebidas alcoólicas. 48,3% dos jovens,<br />
entre 15 e 24 anos, bebeu de 4 a 6 ou mais<br />
bebidas numa só ocasião, pelo menos urna vez,<br />
no último ano. Os dados constam do Plano<br />
Nacional para Redução dos Problemas Ligados<br />
ao Álcool e foram apresentados no 26. 0 Encontro<br />
de Nacional de Clínica Geral.<br />
O Plano aponta ainda que o consumo de bebidas<br />
alcoólicas entre os jovens de 15 e os 17 anos<br />
aumentou para os 40% em 2007, face aos 30%<br />
de 2001 . Os resultados dos estudos nacionais e<br />
europeus evidenciam que os padrões de consumo<br />
de risco e nocivo estão a aumentar entre<br />
as mulheres jovens na maioria dos Estados<br />
-Membros, nomeadamente, em Portugal.<br />
De acordo com Cristina Ribeiro, médica de<br />
família e assessora para os assuntos do álcool<br />
soluções ajustadas para cada contexto'', esclado<br />
Instituto da Droga e Toxicodependência,<br />
"apesar da região centro e norte do país terem<br />
uma maior prevalência de consumo excessivo<br />
frequente, a nova tendência de "binge drinking'<br />
não se delimita a uma região mas antes a pólos<br />
estudantis, caso das escolas e universidades''.<br />
Para esta médica, "os clínicos dos Cuidados<br />
de Saúde Primários, nomeadamente os médicos<br />
de família, têm um papel determinante<br />
na detecção, acompanhamento e encaminhamento<br />
dos problemas associados ao álcool.<br />
A proximidade destes profissionais com esta<br />
realidade permite uma melhor identificação<br />
das repercussões físicas, psicológicas e sociais<br />
ligadas ao consumo excessivo desde de uma<br />
idade precoce.<br />
"Os médicos de família são também agentes<br />
privilegiados na prevenção através da divulgação<br />
e sensibilização para os consumos de<br />
risco e as suas consequências, tendo ao dispor<br />
a implementação de boas práticas e propondo<br />
rece Cristina Ribeiro. lllD<br />
um simpósio subordinado ao tema "Novos<br />
Medicamentos Manipulados e Novos Sistemas<br />
Terapêuticos".<br />
O objectivo é analisar as últimas novidades na<br />
área, uma vez que o "estado da arte tem sofrido<br />
uma constante evolução, havendo cada<br />
vez mais alternativas para a personalização dos<br />
medicamentos", explica a comissão organizadora<br />
da iniciativa.<br />
"A crescente necessidade de novas respostas tera-<br />
Simpósio<br />
Universidade debate novos<br />
medicamentos manipulados<br />
Universidade Fernando Pessoa organiza, pêuticas, mais seguras e eficazes, tem levado por<br />
A no próximo dia 24 de Abril, no Porto, parte da indústria farmacêutica ao desenvolvimento<br />
de novos sistemas terapêuticos capazes<br />
de aumentar o efeito terapêutico e diminuir os<br />
efeitos secundários dos medicamentos", explicam<br />
ainda os organizadores. lllD<br />
7
Quase 12 % dos portugueses com doença<br />
''A<br />
•<br />
etes é um ts unami''<br />
Foram divulgados<br />
os resultados do Estudo<br />
da Prevalência da Diabetes<br />
em Portugal. De acordo<br />
com o documento, 11,7%<br />
da população portuguesa<br />
é diabética. Mais 5,2%<br />
do que em 2006. O cenário<br />
fica ainda mais preocupante<br />
quando a estes números<br />
se juntam os pré-diabéticos.<br />
''Adiabetes é<br />
mau José<br />
presidente<br />
um tsunami», afir<br />
Manuel Boavida,<br />
da Sociedade Portuguesa<br />
de Diabetologia, relativamente ao<br />
constante aumento da diabetes, salientando<br />
que «para além da mortalidade que esta doença<br />
pode causar, há uma grande morbilidade,<br />
como a cegueira e amputações. A!ém<br />
disso, a doença é a primeira causa de ins~ficiência<br />
renal, causando inúmeros gastos na<br />
saúde».<br />
Segundo Luís Gardete Correia, presidente<br />
da Associação Protectora dos Diabéticos<br />
de Portugal, o objectivo deste estudo<br />
foi «determinar a prevalência de Diabetes<br />
Mellitus tipo 2, a anomalia de glicemia em<br />
jejum e a tolerância diminuída à glucose<br />
na população portuguesa, entre os 20 e os<br />
79 anos».<br />
No estudo, desenvolvido entre Janeiro de<br />
2008 e Janeiro de <strong>2009</strong>, foram seleccionadas<br />
aleatoriamente 122 unidades de saúde<br />
em 93 concelhos. Depois foram identifidistribuídas<br />
por ambos os sexos e grupos<br />
etários. De um total de 12.200 convocatórias,<br />
foram devolvidas 4.060, e das 8.140<br />
convocatórias recepcionadas foram obtidas<br />
respostas por parte de 5. 167, o que corresponde<br />
a uma taxa de resposta de 63,5%.<br />
A esta população foi fornecida informação<br />
prévia e esclarecimento sobre o que se pretendia<br />
(referindo-se ser necessária a manutenção<br />
de hábitos alimentares e exercício físico<br />
nos 3 dias anteriores ao teste bem como<br />
um jejum de pelo menos 12 horas antes do<br />
mesmo, sendo permitido beber água).<br />
«Estima-se que em Portugal 7,7% dos hocados<br />
os residentes na área escolhida em mens tem a doença diagnosticada e 6,5%<br />
cada unidade, através do cartão de utente, ainda por diagnosticar. Nas mulheres, o vaenviada<br />
uma convocatória a uma amostra<br />
lar é de 5,6% no que se refere ao diagnósaleatória<br />
de 100 pessoas por cada unidade,<br />
tico e 3,9% com a doença por diagnosticar.<br />
No total, 11, 7% da população portuguesa<br />
é diabética», referiu Luís Gardete Correia.<br />
Este estudo estendeu-se também à análise<br />
da prevalência da pré-diabetes em Portugal.<br />
23,2% é a percentagem da população nesta<br />
situação, o que significa que um milhão e<br />
oitocentas mil pessoas estão, neste momento,<br />
em risco de vir a sofrer de Diabetes. Em<br />
números totais o estudo aponta para a existência<br />
de 905.035 portugueses entre os 20 e<br />
os 79 anos .com diabetes, dos quais 395.134<br />
não sabem que são portadores desta doença<br />
crónica.<br />
Os Açores aparecem com os valores regionais<br />
mais elevados do país com uma prevalência<br />
de 14,3%. O desafio agora é perceber<br />
as causas que levam a esta disparidade.<br />
«Este é um trabalho de grande mérito. É<br />
importante ter este tipo de traballio não só<br />
para a Diabetes como para outras doenças»,<br />
afirmou Francisco George, director-geral<br />
da Saúde, presente no encontro com os<br />
jornalistas, acrescentando que «este é um<br />
elemento essencial no quadro das iniciativas<br />
que o Programa Nacional de Prevenção<br />
e Controlo da Diabetes prevê. Prevenção e<br />
controlo porque estamos convencidos que<br />
há medidas que podem reduzir a curva ascendente<br />
que esta doença prevê».<br />
Francisco George reforçou que «com o<br />
crescimento descontrolado que a epidemia<br />
apresenta temos que unir esforços. É preciso<br />
alargar este trabalho a outros extractos da<br />
população, não só a médicos e enfermeiros.<br />
Temos que trabalhar com estruturas de sociedade<br />
civil. Um terço da população entre<br />
os 20 e os 79 é diabética ou pré-diabética.<br />
São percentagens preocupantes e a Direcção<br />
Geral de Saúde tem que apoiar o desenvolvimento<br />
deste estudo».<br />
Francisco Ramos, secretário de Estado Adjunto<br />
e da Saúde, também esteve presente,<br />
tendo salientado que «a diabetes é um problema<br />
do nosso país e de todo o mundo. A<br />
diabetes está associada a estilos de vida; é,<br />
provavelmente, a epidemia do século XXI e<br />
um grave problema de saúde pública».<br />
Para Francisco Ramos, «é possível trabalharmos<br />
em conjunto. Para melhor desenhar<br />
estratégias é preciso conhecer a doença.<br />
Neste momento temos um problema,<br />
que é o aumento desta patologia na população<br />
portuguesa. E o que vamos fazer?<br />
Reforçar e melhorar a capacidade do tratamento,<br />
dar melhores condições para que os<br />
doentes sejam tratados e seguidos e, ainda,<br />
minorar as complicações derivadas da diabetes.<br />
É preciso insistir na prevenção», afirmou<br />
Francisco Ramos. Este responsável na<br />
área da Saúde salientou ainda que «temos<br />
o programa necessário para recomendar<br />
as melhores estratégias e para colocar em<br />
prática as melhores estratégias. Temos que<br />
transformar o conhecimento em estratégias<br />
de intervenção». Dlll Ana Cruz<br />
O autocarro da mudanca<br />
.:><br />
O Changing Diabetes bus passou recentemente por Portugal -<br />
esteve em Lisboa (21 e 22 de Março), Coimbra (24), Porto (26<br />
e 27) e Tomar (28). Inserido numa campanha mundial, promovida<br />
pela empresa farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, o<br />
autocarro disponibilizou às populações locais informação sobre<br />
como prevenir a diabetes, doença que afecta mais de 246 milhões<br />
de pessoas. Consciencializar para os perigos e alertar para<br />
as consequências sociais, humanas e econ6micas desta enfermidade<br />
são os objectivos desta acção de sensibilização. Dividida<br />
em quatro áreas temáticas - Sobre a diabetes; Mudar a diabetes;<br />
Mudar o futuro da diabechãriQing<br />
diabetes<br />
WorldTour<br />
tes; e A diabetes em crianças e jovens-, a informação contida<br />
no autocarro permitiu aos largos milhares de pessoas que, no<br />
nosso país, o visitaram saber mais acerca da doença. No lançamento<br />
da campanha, junto ao Centro Cultural de Belém (Lisboa),<br />
estiveram presentes os especialistas Luís Gardete (APDP)<br />
e José Manuel Boavida (SPD). Em cada paragem, a população<br />
tinha acesso a três tendas de actividades - Espaço alimentação<br />
saudável, Mini-ginásio e Espaço criança.<br />
O autocarro, na estrada desde Setembro de 2006, realiza uma volta<br />
ao mundo e espera contribuir, no que à prevalência da diabetes diz<br />
-<br />
l . ,,,<br />
respeito, para um futuro mais saudável.<br />
Um estudo da lnternational Diabetes<br />
~ ,<br />
Federation (2006) estima que, se a<br />
evolução da doença continuar ao<br />
ritmo actual, haverá 380 milhões<br />
de diabéticos em 2025,<br />
dando corpo a uma das piores<br />
epidemias mundiais. Para inverter<br />
essa assustadora.tendência<br />
há que operar uma profunda<br />
mudança de hábitos e adoptar um<br />
estilo de vida saudável, a começar<br />
pela alimentação equilibrada e<br />
pela prática de exercício físico.<br />
8<br />
9
Ministra da Saúde no Curry Cabral<br />
Inauguração garante Autonomia<br />
A ministra da Saúde, Ana Jorge, visitou as Unidades<br />
de Cuidados Intensivos:, Transplante Hepático e Cuidados<br />
Ventilados do Hospital Curry Cabral, em Lisboa.<br />
Esta visita serviu para dar a conhecer um novo espaço<br />
para os doentes ventilados crónicos, que funciona<br />
na<br />
''<br />
Unidade<br />
o<br />
de Cuidados Intensivos e que é único no país.<br />
s<br />
Cuidados Intensivos do<br />
Hospital Curry Cabral têm<br />
novos eqmpamentos, que<br />
receberam através do mecenato de diversas<br />
entidades. Ao mesmo tempo, o hospital tem<br />
feito um trabalho muito elevado ao nível do<br />
transplante hepático e renal. Esta pequena<br />
experiência, única no nosso país, vai ajudar a<br />
gerir melhor os doentes ventilados crónicos.<br />
Pretende-se multiplicar estas unidades por<br />
todo o país, de forma a libertar os Cuidados<br />
Intensivos e melhorar a qualidade de vida destes<br />
doentes». Foi com estas palavras que Ana<br />
Jorge, ministra da Saúde, deu a qmhecer aos<br />
jornalistas e a todos os profissionais de Saúde<br />
presentes as melhorias registadas no Curry<br />
Cabral, no domínio em causa, deixando<br />
também perceber que o Curry Cabral tem pés<br />
para continuar a sua caminhada.<br />
A ministra deixou bem claro que, «apesar de<br />
existir a necessidade de criar mais unidades<br />
idênticas a esta, não têm de existir em todos<br />
os hospitais. É necessário ver em quantos e<br />
quais". Depois explicou porquê: "Para criar<br />
estas pequenas experiências há que analisar<br />
muitas questões, entre as quais a situação do<br />
doente e dos profissionais de saúde, sem esquecer<br />
os recursos humanos».<br />
A ministra da Saúde aproveitou para falar sobre<br />
a reorganização do parque hospitalar de Lisboa<br />
e salientou que algumas das áreas de grande diferenciação<br />
técnica vão passar para o Hospital<br />
de Todos os Santos, num futuro próximo.<br />
«Algumas das especialidades do Hospital Curry<br />
Cabral vão passar para o novo Hospital de Todos<br />
os Santos. No entanto, as Urgências vão manter<br />
-se, pelo menos até à entrada em funcionamento<br />
daquela unidade hospitalar», referiu Ana Jorge.<br />
A responsável pela pasta da Saúde garantiu<br />
que as medidas para preparar a reorganização<br />
do parque hospitalar estão em curso, mas não<br />
quis avançar pormenores, já que os dois novos<br />
hospitais só abrem dentro de quatro a cinco<br />
anos. «Estamos a preparar a ligação deste hospital<br />
com os outros, porque sabemos que vão<br />
aparecer novos recursos de fora e esta casa tem<br />
de repensar a sua existência de forma articulada.<br />
Até lá, a qualidade de funcionamento é<br />
para manter» disse Ana Jorge. 11111 Ana Cruz<br />
«0 hospital Curry<br />
Cabral tem feito<br />
um trabalho muito<br />
elevado ao nível do<br />
transplante hepático<br />
e renal, mas<br />
sobretudo hepático"<br />
II
António Arnaut e o SNS em <strong>2009</strong>:<br />
"A maior parte dos<br />
seguros são uma fraude"<br />
O Serviço Nacional de Saúde nasceu há trinta anos. O 11 pai" foi, como todos sabem, o advogado de<br />
Coimbra e ex-ministro socialista, António Arnaut. A GH não podia deixar passar o ano de <strong>2009</strong> - em<br />
que se comemora a efeméride - sem dar voz ao principal responsável pela transformação nacional que<br />
se registou na Saúde. De facto, se alguma coisa mudou em Portugal ao longo destas três décadas, foi a<br />
acessibilidade dos cidadãos aos serviços de Saúde. Foi esta mudança que deu origem a uma alteração<br />
radical na forma de olhar e de viver o sector. Na entrevista, referiu que por duas vezes teve medo que se<br />
estivesse a caminhar para o fim do SNS e deixa, ainda, recados ao sector privado. Muitos ...<br />
<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> - Passaram 30 anos<br />
sobre a criação do SNS. Quando delineou<br />
as bases do Serviço Nacional de Saúde<br />
esperava que, três décadas depois, ele<br />
estaria no caminho que está? Porquê?<br />
António Arnaut -<br />
A criação do SNS foi<br />
inscrita, como ponto de honra, no programa<br />
do II Governo Constitucional presidido por<br />
Mário Soares, no qual me coube a pasta dos<br />
Assuntos Sociais (Saúde e Segurança Social).<br />
A sua apresentação foi feita na Assembleia da<br />
República em 9 de Fevereiro de 1978. Nessa<br />
altura eu acreditava, ingenuamente, que<br />
todos os partidos apoiariam o SNS, porque<br />
todos tinham votado o art. 64° da Constituição<br />
que previa a sua criação. Enganei-me,<br />
pois logo surgiram dificuldades e entraves<br />
por parte das forças de direita, especialmente<br />
do CDS, nosso parceiro no Governo. O<br />
Governo acabou por cair antes de aprovar a<br />
lei instituidora e, por isso, logo que regressei<br />
>>> "O sector privado deve ter um papel<br />
complementar do sector público. Deve ser<br />
fiscalizado pelo Estado e articulado com o SNS".<br />
à Assembleia da República apresentei ali o<br />
projecto em nome do Partido Socialista. O<br />
Parlamento aprovou-o e a respectiva lei, nº<br />
56/79, foi publicada no Diário da República<br />
em 15 de Setembro de 1979.<br />
Trinta anos depois e apesar de algumas malfeitorias<br />
de que foi vítima, o SNS impôs-se<br />
ao apreço dos portugueses, e até os partidos<br />
de direita dizem apoiá-lo. Foi uma grande<br />
conquista social, a maior reforma do século<br />
XX português. Se compararmos os índices<br />
sanitários de há 30 anos com os de hoje<br />
compreenderemos como melhorou a qualidade<br />
de vida dos portugueses.<br />
GH - O que sente quando dizem que o é o<br />
" . d SNS"?<br />
pai o .<br />
AA - Assumo patrioticamente a responsabilidade<br />
política pela criação do SNS. Mas a<br />
responsabilidade técnica do articulado legal<br />
é, sobretudo, dos Professores e médicos Mário<br />
Mendes, então Secretário de Estado da<br />
Saúde e Gonçalves Ferreira, o grande reformador<br />
do sector, que começou a delinear ou<br />
a esboçar o SNS com a criação dos Centros<br />
de Saúde em 1971.<br />
GH - É possível continuar a manter um<br />
SNS para todos e tendencialmente gratuito,<br />
ou as regras do jogo vão alterar-se tão profundamente,<br />
nos próximos anos, que vai ser<br />
impossível manter esta pretensão?<br />
AA -<br />
É possível e desejável, desde que<br />
continuemos a considerar o direito à saúde<br />
como um verdadeiro direito de personalidade.<br />
Desta concepção humanista, perfilhada<br />
pela Constituição de República,<br />
deriva a obrigação do Estado de garantir,<br />
efectivamente, as correspondentes prestações<br />
de saúde. Porém, o SNS não é gratuito,<br />
porque é pago com os nossos impostos.<br />
Os que mais têm, pagam para os que mais<br />
precisam. É esta cadeia de solidariedade<br />
que caracteriza e sustenta o SNS como um<br />
verdadeiro imperativo moral. Ninguém<br />
deve ser afectado por carência económica,<br />
no exercício de direito tão essencial, que<br />
respeita à própria dignidade humana. Se a<br />
igualdade é um valor ético-constitucional,<br />
é em situações de fragilidade, como a doença,<br />
que esse valor é mais imperioso e<br />
indeclinável. O SNS é a trave-mestra do<br />
Estado Social.<br />
13
vêm a terreiro defender as carreiras profissionais,<br />
eu dou-lhes razão. A recente reforma da<br />
função pública acabou, praticamente, com as<br />
carreiras, precarizando e até proletarizando médicos<br />
e enfermeiros. Ora, as carreiras são um<br />
dos pilares do SNS. Sem estabilidade, reconhecimento<br />
do mérito e remuneração condigna de<br />
todos os profissionais, o SNS corre grave perigo<br />
de degradação.<br />
GH - Ao longo destes 30 anos, houve algum<br />
período em que teve medo que o SNS<br />
não fosse sobreviver? Quando e porquê?<br />
AA - Em 1982, quando o Governo de Pinto<br />
Balsemão publicou um Decreto revogando,<br />
praticamente, a Lei 56/79. Valeu então<br />
o Tribunal Constitucional que impediu esse<br />
grave atropelo à Constituição da República.<br />
Outra arremetida foi cometida pela Lei<br />
48/90, do Governo de Cavaco Silva, por<br />
substituir a lei instituidora do SNS e alterar<br />
a sua filosofia. Contudo, o SNS já estava<br />
implantado tanto em todo o país, como no<br />
coração dos portugueses, e conseguiu resistir<br />
ao assédio dos seus adversários, que o<br />
queriam destruir para abrir espaço às multinacionais,<br />
aos negociantes da saúde.<br />
do SNS devem ser vistos como um todo<br />
complementar e funcionar articuladamente.<br />
Esta é a chave para tornar o SNS mais<br />
eficiente e humanizado. Contudo, os Cuidados<br />
Primários devem merecer uma atenção<br />
especial, como está a acontecer, porque<br />
respondem a 80% das necessidades em saúde.<br />
Os Cuidados Continuados, criados pelo<br />
actual Governo, representam um salto qualitativo,<br />
que deve ser valorizado.<br />
GH - Que análise faz ao crescimento do<br />
sector privado da Saúde? Acha que os actuais<br />
grupos se vão manter?<br />
AA - O sector privado deve ter um papel<br />
complementar do sector público. Deve ser<br />
fiscalizado pelo Estado e articulado com o<br />
SNS, segundo a própria Constituição.<br />
A verdade é que nos últimos anos verificou<br />
-se um alargamento do sector privado à<br />
custa do SNS. Este governo também contribuiu<br />
para tal situação ao contratar com<br />
grupos privados os tratamentos hospitalares<br />
dos funcionários públicos (ADSE), em vez<br />
de o fazer com o SNS. Aliás, em bom rigor,<br />
não se compreende a existência de sub-sistemas<br />
públicos de saúde.<br />
As continuadas tentativas de descaracterizar<br />
e debilitar o SNS são inspiradas pelo sector<br />
privado. Quanto pior funcionar o SNS mais<br />
"clientes" procurarão esse sector. Estão em<br />
jogo largos milhões de euros, pois o SNS<br />
absorve 1/6 do Orçamento do Estado (OE).<br />
Eu não sou contra as actividades privadas<br />
e até reconheço que podem ter um papel<br />
social, se elas se pautarem por certas regras.<br />
Porém, a sua motivação é o lucro. O lucro<br />
a qualquer preço. Ora, o nosso dever patriótico<br />
é defender o sector público, ou seja, o<br />
SNS, porque só ele pode garantir o direito<br />
fundamental à saúde de todos os portugueses.<br />
Não é uma questão ideológica. É uma<br />
questão moral e de cidadania. De defesa da<br />
d ignidade humana.<br />
Quanto à última parte da pergunta responderei:<br />
alguns grupos privados vão manter-<br />
"Assumo patrioticamente a responsabilidade<br />
política pela criação do SNS.<br />
Mas a responsabilidade técnica do articulado<br />
legal é, sobretudo, dos Professores e Médicos<br />
Mário Mendes, então Secretário de Estado<br />
da Saúde e Gonçalves Ferreira, o grande<br />
reformador do sector"<br />
GH - Os actores do sector da Saúde são<br />
muitos e há, em cada grupo, vontades e<br />
intenções diferentes. Acha que o corporativismo<br />
dos diferentes grupos é negativo ou<br />
positivo para o SNS?<br />
AA - O corporativismo, entendido aqui como<br />
a defesa egoísta do interesse dos diversos grupos<br />
profissionais, é negativo para o SNS. Mas<br />
eu, sinceramente, não vejo que esses profissionais<br />
queiram prejudicar o SNS. Pelo contrário,<br />
penso que a grande maioria deseja defendê-lo e<br />
dignificá-lo. Quando a Ordem e os Sindicatos<br />
GH - Se lhe pedissem para reformular o actual<br />
SNS quais as principais medidas que tomava?<br />
AA- O SNS foi pensado para uma determinada<br />
conjuntura e a Lei 56/79 limitou-se, no<br />
essencial, a corporizar o modelo consagrado<br />
na Constituição. Os tempos e as circunstâncias<br />
são outros e o SNS tem que acompanhar<br />
e responder às novas necessidades e às novas<br />
técnicas. Eu, porém, não discuto o aspecto<br />
técnico do SNS porque não sou especialista<br />
nessa matéria. Defendo os seus princípios<br />
fundamentais, no plano ético-jurídico: o SNS<br />
deve conservar a sua marca matricial e ser universal,<br />
geral e gratuito, isto é, deve prestar a<br />
todos, sem discriminação e em tempo útil, o<br />
mesmo tipo de cuidados de saúde, sem qualquer<br />
pagamento directo do utente, salvo as<br />
taxas moderadoras para os não isentos.<br />
GH - Acha que a chave para a reforma está<br />
nos Cuidados Primários e nos Cuidados Continuados?<br />
AA - As diferentes valências e patamares
-se e não vejo mal nisso, embora tenha que<br />
dizer que a maior parte dos seguros - e há<br />
hoje cerca de 2 milhões de apólices - são<br />
uma fraude. O que qualquer português<br />
sensível e solidário não pode admitir é que<br />
esses grupos prosperem à custa do definhamento<br />
do SNS. Mas isso não vai acontecer.<br />
As ideias justas e generosas acabam sempre<br />
por resistir e triunfar.<br />
GH - O crescente peso dos economistas e<br />
dos gestores na Saúde é positivo ou negativo?<br />
AA - A Saúde tem de ser bem gerida, porque<br />
é paga com os nossos impostos. Uma<br />
boa medida de gestão seria, desde já, tentar<br />
evitar o desperdício de 25% do seu orçamento,<br />
conforme verificou recentemente o<br />
Tribunal de Contas.<br />
Outra medida a pôr em prática passaria por<br />
obrigar todos os profissionais a cumprir o<br />
seu horário e a rentabilizar os equipamentos,<br />
evitando, por exemplo, que alguns blocos<br />
operatórios estejam a trabalhar a um<br />
terço da sua capacidade .. .<br />
É também preciso saber que gerir o SNS<br />
não é uma econometria, mas um humanismo.<br />
Por isso, não deve ser administrado<br />
apenas por economistas, mas também pelos<br />
seus profissionais. Sobretudo, tem de ser gerido<br />
por pessoas que o defendam e não por<br />
quem o queira destruir.<br />
GH - Há quem diga que este SNS só sobrevive<br />
se houver uma classe média disposta a<br />
aguentar o sistema. Concorda?<br />
AA - O SNS consome hoje mais de 10% do<br />
PIB, o que o coloca, neste campo, acima da<br />
média europeia. No entanto, a nossa despesa<br />
em saúde, per capita, é das mais baixas<br />
da Europa. Isro significa que precisamos de<br />
produzir mais para termos melhor saúde,<br />
pois o orçamento do SNS deve corresponder<br />
a uma justa repartição dos nossos meios<br />
financeiros, tendo em conta as necessidades<br />
de outros sectores, como a Educação e a Segurança<br />
Social.<br />
Neste sentido, é a classe média que dá o<br />
maior contributo para a sua sustentabilidade.<br />
Mas poderá ser necessário lançar um<br />
imposto especial~nsignado ao SNS sobre<br />
Precisamos de<br />
produzir mais para<br />
termos melhor<br />
saúde, pois o<br />
orçamento do SNS<br />
deve corresponder a<br />
uma justa repartição<br />
dos nossos meios<br />
financeiros"<br />
rendimentos superiores a certo montante. É<br />
o princípio elementar da solidariedade: dos<br />
que mais podem aos que precisam.<br />
GH - Acha que o SNS é o reflexo do país<br />
actual?<br />
AA - O SNS dignifica o país, porque, apesar<br />
de algumas deficiências, é o melhor serviço<br />
público português. Compare-o com a<br />
Educação ou a Justiça ...<br />
Tendo em conta a filosofia humanista que<br />
o inspira e o seu contributo para a qualidade<br />
de vida, é mais do que um "reflexo" do<br />
Portugal moderno. É um "amplexo" do 25<br />
de Abril.<br />
GH - Que recado deixa para quem hoje dirige<br />
o sector da Saúde?<br />
AA - As minhas recomendações estão implícitas<br />
nas respostas anteriores. Em todo<br />
o caso, espero que o Partido Socialista, autor<br />
do SNS, não deixe tocar no art. 64° da<br />
Constituição da República. llD<br />
>>>O SNS impôs-se ao apreço dos portugueses,<br />
e até os partidos de direita dizem apoiá-lo.<br />
Eu não sou contra as actividades privadas<br />
e até reconheço que podem ter um papel social, se<br />
elas se pautarem por certas regras. Porém,<br />
a sua motivação é o lucro. O lucro a qualquer preço.
-- -- -- ------------ ~·<br />
18<br />
Colóquio em Lisboa<br />
Avaliação do Dese<br />
A «Avaliação do Desempenho<br />
<strong>Hospitalar</strong>» foi o tema<br />
do colóquio organizado pela<br />
lnformation Builders, líder<br />
em sistemas operacionais<br />
de business intelLigence (BI).<br />
O evento, realizado em Lisboa,<br />
teve como intuito fazer uma<br />
reflexão sobre a importância<br />
das avaliações de desempenho<br />
das unidades de saúde<br />
e hospitais assim como<br />
uma análise sobre a utilização<br />
de software específico<br />
para este sector.<br />
C C A s<br />
organizações de Saúde, em<br />
particular os hospitais, são<br />
diferentes das restantes? Sim,<br />
porque têm um sistema de valores muito<br />
próprio, com uma relação de confiança muito<br />
forte entre a instituição, os seus agentes<br />
e os cliences. Actuam num cenário de alguma<br />
instabilidade, de elevada complexidade<br />
e diversificação», começou por referir José<br />
Miguel Boquinhas, administrador da empresa<br />
Hospitais Privados de Portugal (HPP),<br />
saliencando seguidamente que «OS hospitais<br />
funcionam num mercado muito específico,<br />
de modelo tradicional, no que diz respeito à<br />
estrutura; à natureza da procura; à ausência<br />
de soberania no que diz respeito ao preço e<br />
ao aumento da procura perante mais oferta.<br />
Os hospitais têm uma dupla estrutura de<br />
autoridade, técnico-profissional e gestionária<br />
formal e de responsabilidade perance a<br />
organização e os doentes».<br />
Para o amigo secretário de Estado da Saúde,<br />
a estrutura organizacional tem grande<br />
influência na performance dos hospitais.<br />
>>>«Os hospitais têm uma dupla estrutura de autoridade, técnico-profissional e gestionária formal<br />
e de responsabilidade perante a organização e os doentes» salientou José Miguel Boquinhas<br />
Assim, «o grau de performance parece ser<br />
inversamente proporcional ao grau de complexidade<br />
operacional dos hospitais. O modelo<br />
deve ser baseado em departamentos,<br />
como unidades de organização e administração<br />
de cuidados baseados no trabalho<br />
pluridisciplinar».<br />
Para este médico nefrologista, «os centros<br />
de responsabilidade/ centros de resultados,<br />
numa lógica de controlo e fiscalização da<br />
gestão com objectivos bem definidos - orçamentos,<br />
mapas de pessoal e prestação de<br />
contas - são fundamentais na organização<br />
estrutural dos hospitais, sem esquecer de<br />
unir o conceito de departamento ao de<br />
centro de responsabilidade, pois ele permite<br />
associar, na mesma pessoa ou na mesma<br />
equipa de gestão, o responsável técnico com<br />
o responsável pela gestão».<br />
Para este especialista, a importância da<br />
definição de objectivos, comparáveis com<br />
outros hospitais, remete-se para a definição<br />
de objectivos - individuais, sectoriais e<br />
globais - a avaliação do cumprimento e o<br />
estabelecimento de novos e mais ambiciosos<br />
objectivos». Para medir a performance da<br />
organização e para que esta seja organizada<br />
por objectivos «é fundamental existir perspectiva<br />
financeira, capacidade de aprendizagem<br />
e de crescimento ou inovação, processo<br />
interno de produção e não deixar passar em<br />
claro a perspectiva dos clientes. É necessário<br />
medir os resultados criados por estas perspectivas<br />
. A identificação das unidades de<br />
medida deve ser feita por quem conhece internamente<br />
a organização», informou José<br />
Miguel Boquinhas.<br />
Na Saúde, a especificidade no mercado fez<br />
com q ue a capacidade das escolhas e a competição<br />
estejam muito atenuadas, particularmence<br />
no sector público. A avaliação de<br />
desempenho nos hospitais é analisada através<br />
de diversos factores - externamente com<br />
a análise do mercado, de agentes económi-<br />
r<br />
cos (clientes, fornecedores, etc.), do estado<br />
I accionistas e a associação de consumidores/<br />
doentes; internamente com análise no<br />
e informação dos doentes e suas famílias».<br />
órgão de gestão e dos profissionais.<br />
O administrador da HPP Saúde referiu que<br />
existem razões para a avaliação do desempenho<br />
nos hospitais, entre as quais «a promoção<br />
da eficiência e contenção de custos,<br />
cultura de prestação de contas em crescendo,<br />
maior controlo por parte das entidades<br />
tem alcançar resultados positivos nesta área.<br />
financiadoras - quer em relação à produção,<br />
quer à realidade dos cuidados de saúde - aumento<br />
do grau de responsabilização dos profissionais<br />
e das instituições (civil, criminal<br />
e disciplinar), maior grau de exigência por<br />
Na sua apresentação, José Miguel Boquinhas fez referências<br />
especiais à forma como deve ser feita a avaliação do desempenho<br />
hospitalar em quatro vertentes específicas. Assim, e<br />
segundo o responsável, a avaliação do desempenho hospitalar<br />
é feita tendo em conta quatro áreas específicas: o internamento;<br />
o hospital de dia; a urgência e a consulta externa. Em cada<br />
um destes aspectos é necessário analisar os indicadores de actividade<br />
e os indicadores de produtividade. Os indicadores<br />
de actividade referentes ao internamento são os custos com<br />
pessoal médico por médico equivalente; custos com pessoal<br />
l<br />
de enfermagem por enfermeiro equivalente; custo médio por<br />
doente saído ajustado ao Índice de Case Mix (ICM); proveito<br />
)<br />
médio por doente saído ao l.C.M. e, ainda, a margem líquida<br />
parte dos gestores e maior consciencialização<br />
No encontro esteve também presente Dave<br />
Fuld, Decision Support Director do Hospital<br />
do Monte Sinai que apresentou diversos case<br />
study demostrando que a utilização do software<br />
adequado de business intelligence e as<br />
soluções de integração de informação, permi<br />
São várias as soluções e ferramentas direccionadas<br />
para o sector da Saúde que têm<br />
como finalidade uma optimização da gestão<br />
do desempenho da organização. Para Dave<br />
Fuld, «soluções como o Performance Management<br />
Framework (PMF) são ferramentas<br />
que permitem a definição da estratégia<br />
de negócio, articulada com indicadores de<br />
desempenho (KPls) e medidas de desempenho<br />
(PM).» «A plataforma de business inteliggence<br />
WebFOCUS e o PMF permitem<br />
o acesso à informação necessária num formato<br />
simples e direccionado a cada função,<br />
dentro da organização de Saúde, desde os<br />
administradores aos médicos e analistas.<br />
Desta forma, é possível o fornecimento de<br />
uma única plataforma de reporting da empresa<br />
que abarque todas as necessidades de<br />
informação destes intervenientes da área da<br />
Saúde facilitando e agilizando todo o processo<br />
interno de gestão e comunicação» destacou<br />
Dave Fuld, concluindo que, «num cenário<br />
competitivo e cada vez mais exigente,<br />
é necessário procurar soluções que permitam<br />
uma análise integrada das fomes de informação<br />
da própria organização, de forma a<br />
aumentar a sua rentabilidade». mo Ana Cruz<br />
Avaliação do desempenho hospitalar<br />
do internamento. Os indicadores de produtividade são analisados<br />
através da taxa de ocupação, duração média, doentes<br />
saídos por causa ajustada ao l.C.M. e doentes saídos por<br />
méd ico equivalente ajustados ao l.C.M.<br />
No Hospital de Dia, os indicadores de actividade referem-se<br />
a os custos com p essoal médico equivalente; custos com pessoal<br />
de enfermagem por enfermeiro equivalente, custo meio<br />
por sessão de tratamento, proveito médio por sessão de tratamento<br />
e a margem líquida do hospital. Os indicadores de<br />
produtividade analisam o número médio diário de sessões de<br />
tratamento, o número diário de sessões de tratamento por<br />
médico por médico equivalente e a taxa de aproveitamento de<br />
capacidade instalada.<br />
Na urgência os indicadores de actividade são os custos com<br />
pessoal médico por médico equivalente, os custos com pessoal<br />
de enfermagem por enfermeiro equivalente, o custo médio<br />
por atendimento na urgência, o proveito médio por atendimento<br />
na urgência e a margem liquida na urgência. No que se<br />
refere aos indicadores de produtividade, estes são verificados<br />
através do número médio diário d e atendimentos na urgência<br />
e o número médio diário de atendimentos na urgência por<br />
médico equivalente.<br />
Na consulta externa os indicadores de actividade referem-se a<br />
os custos com pessoal médico equivalente; os custos com pessoal<br />
de enfermagem por enfermeiro equivalente; custo médio<br />
por consulta e a margem líquida de consulta. Os indicadores<br />
de produtividade são analisados através do número médio<br />
diário de consultas; o número diário de consultas por m édico<br />
equivalente; o tempo médio de consulta; a percentagem de<br />
primeiras consultas e a taxa de aproveitamento da capacidade<br />
instalada.<br />
19
Conferência Apifarma <strong>2009</strong><br />
A inovação ao serviço da Saúde e do doente<br />
A importância da indústria<br />
farmacêutica, relativamente<br />
ao aumento da qualidade<br />
e da esperança de vida<br />
das pessoas, foi um dos<br />
aspectos abordados durante<br />
a Conferência Apifrma <strong>2009</strong>,<br />
realizada no Centro de<br />
Congressos de Lisboa. Médicos,<br />
investigadores, economistas,<br />
políticos e farmacêuticos<br />
debateram as temáticas<br />
ligadas ao papel central<br />
da Inovação ao serviço<br />
da<br />
''<br />
Saúde<br />
e<br />
dos doentes.<br />
erca<br />
de 24% da despesa<br />
total da Saúde é hoje paga<br />
pelos cidadãos ao seccor<br />
privado, quando apenas 15 % é suportado<br />
pelos utentes directamente ao SNS, através<br />
das taxas moderadoras», referiu Jorge Sampaio,<br />
ex-presidente da República e Enviado<br />
Especial das Nações Unidas para a Luta<br />
contra a Tuberculose, na sessão de abertura<br />
da Conferência Apifarma <strong>2009</strong>.<br />
Para Jorge Sampaio, «a Saúde é para codos<br />
e esta é uma das metas de desenvolvimento<br />
do milénio, que constitui uma espécie de<br />
agenda da realização das condições básicas<br />
de uma vida humana digna à escala mundial<br />
e que pressupõe o combate á tuberculose,<br />
VIH/Sida e malária, as três grandes pandemias<br />
corri dimensão global deste século».<br />
«Vale a pena lembrar o compromisso assumido,<br />
na Organização Mundial de Saúde,<br />
no sentido de reduzir para metade a prevalência<br />
e a taxa de mortalidade da tuberculose<br />
até 2015, bem como a elaboração de um<br />
plano mundial - Stop TB - que contém as<br />
orientações estratégicas que os países devem<br />
operacionalizar para alcançar esse ob"jectivo».<br />
«O interesse dos cidadãos exige uma intervenção<br />
preventiva e uma acção real dos<br />
mecanismos de regulação, pelo que é de<br />
extrema utilidade começar a discussão sobre<br />
a Entidade Reguladora da Saúde (ERS)<br />
- discussão que não tem sido feita e que é<br />
essencial que se faça», reforçou o Enviado<br />
Especial das Nações Unidas para a Luta<br />
contra a Tuberculose.<br />
Ana Jorge, ministra da Saúde, presente<br />
também na sessão de abertura da Conferência<br />
Apifarma <strong>2009</strong>, afirmou que «O investimento<br />
em medicamentos não pode ser<br />
visto como um cusco. Considero o acesso à<br />
inovação terapêutica como um investimenco<br />
fundamental na Saúde e nas sociedades.<br />
Não há progresso possível nesta área sem a<br />
indústria farmacêutica".<br />
A titular da pasta da Saúde mostrou-se satisfeita<br />
com o facco de serem hoje escassos<br />
os problemas clínicos para os quais não<br />
há resposta em Portugal, referindo que tal<br />
se deve à boa colaboração e à partilha de<br />
objectivos com a Indústria Farmacêutica.<br />
Ana Jorge disse ainda ser importante não<br />
esquecer "a excelência de alguns projectos<br />
de sucesso em inovação terapêutica desenvolvidos<br />
em Portugal por empresas portuguesas.<br />
É preciso salientar a necessidade de<br />
se prosseguir nesta via com um apurado<br />
sentido ético, que coloque os cidadãos no<br />
centro das decisões sobre o acesso aos medicamentos.<br />
Temos de nos esforçar para ir<br />
mais longe, pois continua a haver milhões<br />
de crianças em todo o mundo sem acesso a<br />
vacinas ou a qualquer tipo de tratamento».<br />
Acesso e sustentabilidade<br />
A sessão dedicada ao «Acesso ao Medicamento<br />
e Sustentabilidade do Sistema de<br />
Saúde» abordou perspectivas sobre a complexa<br />
questão de procurar assegurar o acesso<br />
aos melhores medicamentos numa situação<br />
de escassez de meios por parte dos financiadores<br />
do sistema. Isco quando se sabe que a<br />
inovação é fundamental para o desenvolvimento<br />
das terapêuticas, mas é também geradora<br />
de maiores gastos.<br />
Ricardo Luz, presidente da Sociedade Portuguesa<br />
de Oncologia, refere que «O acesso<br />
ao medicamento não é ter codos os medicamentos<br />
disponíveis para todos, mas sim ter<br />
um medicamento para quem efectivamente<br />
necessita dele. Por isso, é preciso um maior<br />
rigor dos médicos na utilização dos recursos<br />
que tem à sua disposição».<br />
Para este oncologista, "é preciso ter total<br />
transparência nas decisões sem esquecer de<br />
garantir uma correcta avaliação clínica e<br />
económica de todas as moléculas que sejam<br />
consideradas adequadas, ultrapassando-se<br />
assim a possibilidade de que algumas venham<br />
a ser abandonadas por meras razões<br />
de ordem financeira».<br />
Na opinião do economista Carlos Gouveia<br />
Pinto, professor do ISEG, «O facro de Portugal<br />
ter uma despesa per capita em medicamentos<br />
semelhante à média da OCDE<br />
não significa um igual nível de acesso dos<br />
doentes aos medicamentos. Todos conhecemos<br />
os constrangimentos do nosso sistema<br />
e é por isso imperioso cornar o acesso aos<br />
medicamencos e aos cuidados de saúde mais<br />
equilibrado». 1111 Ana Cruz<br />
20<br />
21
Francisco Braz de Castro faz análise:<br />
A crise e a 1 n ustr1a<br />
, .<br />
Em 2005, a Fresenius<br />
comprou a Labesfal. Quatro<br />
anos depois, o presidente<br />
do Conselho de Administração<br />
da Fresenius Kabi e da<br />
Labesfal, Francisco Fraz<br />
de Castro faz à G_H o balanço<br />
da empresa num ano de crise<br />
económica internacional.<br />
E alerta para a grave situação<br />
do sector farmacêuticoque<br />
se vê a braços, novamente,<br />
com o incumprimento<br />
de pagamentos por parte<br />
dos hospitais e a descida<br />
do preç'O dos genéricos.<br />
Farmacêutica<br />
medidas anti-crise, reconhece o presidente<br />
do Conselho de Administração.<br />
Na área da Labesfal Genéricos procedeu-se<br />
a uma reestruturação da equipa comercial,<br />
que incluiu a dispensa de 11 quadros. "Foi<br />
uma decisão que foi imediatamente tomada,<br />
como forma de mostrar ao mercado que esta<br />
é uma área estratégica para nós e que tomaremos<br />
as medidas necessárias, até porque são as<br />
nossas fábricas aqui em Portugal que produzem<br />
a maior parte destes produtos".<br />
Já na área hospitalar, as medidas são "uma<br />
forte contenção de custos", revelou Braz<br />
de Castro. Não houve lugar a mexidas nos<br />
quadros mas sim "a apertar uns furos no<br />
cinto", reduzindo "os custos de funcionamento<br />
o mais possível, sem pôr em causa o<br />
esse mesmo funcionamento".<br />
Os soros não são um mercado em crise, reconhece<br />
o dirigente da Labesfal, mas é um<br />
mercado em que não existe crescimento. "A<br />
quantidade de soro fisiológico que se vende<br />
é a mesma que se vendia há dois ou três anos<br />
atrás e o preço é mais baixo, o que se aplica<br />
às centenas de produtos da área hospitalar".<br />
Ao mesmo tempo que existe menos dinheiro<br />
apara investir, exis te também um grande<br />
esforço financeiro, já que a Labesfal está a<br />
"investir no parque tecnológico da fábrica,<br />
para produzir outros produtos não só para<br />
o mercado português mas também para o<br />
mercado internacional", revela.<br />
Genéricos complicam contas<br />
Mas na situação do sector farmacêutico em<br />
Portugal há ainda que ponderar um outro<br />
facror para além da crise: o preço dos genéricos,<br />
cuja redução poderá contribuir para a<br />
diminuição dos postos de trabalho no sector.<br />
Verifica-se "um decréscimo significativo do<br />
número de embalagens de genéricos colocado<br />
no mercado, ou seja, o consumo diminuiu".<br />
Mesmo considerando que o consumo fosse<br />
estável, uma redução de 30% nos preços é<br />
uma redução cujo "impacto é directamente<br />
D<br />
e acordo com Francisco Braz de<br />
Castro, quatro anos após a aquisição<br />
pela Fresenius, a Labesfal<br />
"está estável" e a seguir o projecto que foi<br />
inicialmente concebido em 2005. Um dos<br />
principais objectivos está em marcha plena:<br />
está feita a expansão da unidade de produção<br />
para suportar o crescimento internacional<br />
dos produtos, especialm ente dentro dos<br />
antibióticos. Falta ainda a finalização do<br />
processo de aprovação, a nível comunitário,<br />
dos AIM, dos registos dos produtos em outros<br />
países.<br />
Também a "área de negócios em Portugal,<br />
que é a Labesfal Genéricos, está a seguir o<br />
seu caminho como estava previsto", afirma<br />
Braz de Castro, revelando que está programado<br />
o lançamento de novos produtos.<br />
Na área hospitalar e na sequência da aquisição<br />
da empresa Dabur, existe agora uma área<br />
oncológica "em que temos o controlo da produção<br />
e o controlo da matéria-prima" e que é<br />
"uma área claramente em desenvolvimento".<br />
Ainda na área hospitalar, o presidente do CA<br />
revela que existem "projectos para crescer"<br />
envolvendo várias entidades, que serão publicamente<br />
revelados dentro de dois a três<br />
meses, e escusa-se a revelar m ais pormenores.<br />
Crise e Desemprego<br />
A actual situação mundial de cnse financeira<br />
e económica afecta também o sector<br />
farmacêutico e em Portugal irá traduzir-se<br />
na perda de postos de trabalho revelou um<br />
recente estudo da IMS H ealth. Uma avaliação<br />
que recolh e a apoio do dirigente da<br />
Labesfal. "N ão sei se serão 1500, dois mil<br />
ou 2.500", mas "concordo que aquilo que<br />
temos estado a ver nos últimos tempos na<br />
indústria farmacêutica configura um cenário<br />
de, pelo menos, um risco grande no próprio<br />
desenvolvimento da actividade".<br />
Francisco Braz de Castro aponta, como<br />
exemplo, a sequência de "mega fusões" entre<br />
as grandes companhias farmacêuticas<br />
como a Wyeth e a Pfizer.<br />
As fusões, aponta, permitem não só a reorganização<br />
de recursos como "permitem às<br />
empresas terem uma massa crítica de funcionamento<br />
que dite a sua sobrevivência".<br />
E dá como exemplo o esforço que o lançamento<br />
de um novo produto implica em<br />
termos de investimento para cada empresa.<br />
"A dimensão da investigação faz com que<br />
seja necessária uma maior massa crítica da<br />
em presa para a sustentar."<br />
Também a Labesfal tem vindo a adaptar<br />
22<br />
23
sentido no resultado das empresas".<br />
"A maior parte das empresas entrou em ruptu<br />
que "nem metade das empresas estarão em<br />
equilíbrio financeiro, nesce momento".<br />
mantém estável e os hospitais são os mesmos.<br />
A questão do crescimento dos gascos hos<br />
'.<br />
Medicamentos inovadores<br />
É precisamente a área dos medicamentos<br />
ra, o que as obrigou a fazer correcções de mercado",<br />
sublinha Braz de Casem. Sabe-se hoje,<br />
acrescenta, que "há empresas que já fecharam,<br />
Tectos para gastos<br />
com medicamentos<br />
pitalares levanta-se com os medicamentos<br />
inovadores para terapêuricas específicas<br />
como a oncologia e o VIH/Sida.<br />
oncológicos - genéricos e inovadores - que<br />
a Labesfal se prepara para desenvolver, em<br />
consequência da compra da Dabur. No<br />
que há empresas que muito provavelmente<br />
Na opinião de Braz de Castro, "nos últimos<br />
Braz de Castro chama a atenção para o facco<br />
entanto, na área de produtos inovadores,<br />
irão ter de fechar porque não têm viabilida<br />
anos, a evolução da despesa hospitalar com<br />
destes serem "produtos cada vez mais ino<br />
a empresa tem uma posição de cautela. "É<br />
de financeira e remos o próprio mercado e as<br />
medicamentos está perfeitamente controla<br />
vadores, mais caros, com uma tecnologia<br />
necessário ter em conta a forma .como o<br />
próprias farmácias que ainda não têm regula<br />
da". E esta só irá aumentar na mesma me<br />
mais aperfeiçoada, em que os tratamentos<br />
mercado está organizado e quando tivermos<br />
rizados os seus créditos e débitos".<br />
dida em que aumente a incidência de novos<br />
se tornam cada vez mais caros e, ao mesmo<br />
os primeiros registos de alguns produtos de<br />
"Tudo isto criou uma instabilidade tremenda<br />
no mercado ao nível da própria viabi<br />
casos de patologias cujo tratamenco é caro.<br />
Acrualmente, existe um conjunco de produ<br />
tempo, em que está também a aumentar a<br />
incidência destes casos". E a "facrura tam<br />
inovação - a nível europeu, em alguns locais,<br />
já estão atribuídos - essa entrada vai<br />
lidade das empresas e da sua estruturação<br />
que vai cer impaccos na concinuidade deste<br />
tos - como o paraceramol, o antibiótico ou<br />
o soro fisiológico - que tem sofrido "uma<br />
bém vai chegar aos hospitais".<br />
"O aumento da despesa hospitalar depende hoje<br />
ser dependente das regras existentes".<br />
Conforme revela Braz de Castro, será durante<br />
negócio", frisa o presidente do conselho de<br />
adminiscração da Fresenius Kabi.<br />
degradação sucessiva do preço" e em que a<br />
despesa não aumenta, já que a população se<br />
claramente mais da incidência de novos casos de<br />
patologias cujo tratamento é caro", frisa.<br />
o corrente ano ou, até do próximo, que se fará<br />
a discussão interna sobre a introdução ou não<br />
Se as quantidades vendidas tivessem au<br />
desses medicamentos, através da Fresenius<br />
mencado, "poderiam ter minimizado o impacco<br />
do preço", afirma.<br />
Braz de Castro defende que "as reduções a<br />
serem feitas para normalizar os resultados<br />
Pagamentos atrasados de novo<br />
Biotech. "O produto existe, se vai vender em<br />
Portugal ou não é uma questão a ver", frisa.<br />
A responsabilidade pelo arraso na incrodução<br />
destes medicamentos no mercado nacional<br />
deveriam ser progressivas ou directamente<br />
A contribuir para a situação difícil que o sector farmacêutico está a atravessar em<br />
não pode ser totalmente assacada ao Infar<br />
proporcionais às medidas que fossem feitas<br />
Portugal está o atraso dos pagamentos por parte dos hospitais que, apesar do plano<br />
med, aponta. "É indiscutível que, de facto,<br />
para incentivar este mercado dos genéricos<br />
e o que aconteceu foi uma redução abrupta<br />
governamental de pagamento de dívidas, ainda se mantém e se perspectiva que possa<br />
vir a aumentar.<br />
tem havido um arraso de novos medicamentos<br />
no mercado mas esse atraso deve-se, pelo<br />
de preço, sem nenhuma razão aparente ex<br />
De acordo com Braz de Castro, presidente do Conselho de Administração da Labesfal<br />
que percebi, à falta de recursos do Infarmed<br />
peccável, sem nenhuma oucra medida feita<br />
na altura que pudesse fazer essa compensação<br />
de unidades e que trouxe um grande<br />
desequilíbrio às empresas".<br />
e da Fresenius Kabi, "relativamente ao final do mês de Março, não é verdade que<br />
todos os hospitais tenham pago as suas dívidas". "Há alguns - bastantes - que o fizeram,<br />
mas há também alguns - bastantes também que não o fizeram", revela.<br />
"O prazo de pagamento hospitalar que nós temos hoje é na base dos 200 dias, o que<br />
i<br />
para seguir o processo que foi montado".<br />
"Quem, de facto, atrasou a entrada dos medicamentos",<br />
sublinha, "foi o Ministério da Saúde ao<br />
criar uma lei, ao criar uma exigência adicional<br />
"Não há capacidade de reacção possível a<br />
este ripo de situação", sublinha.<br />
Este corte de preços trouxe ainda como<br />
está claramente fora do objectivo do plano que era chegar aos 90 dias", diz Braz de<br />
Castro. E frisa : "nestes primeiros dois meses, tivemos também indicadores de hospitais<br />
que até pagaram as suas dívidas até final do ano que deixaram de pagar no início<br />
1<br />
aos produtos inovadores, exigência essa que o<br />
Infarmed não tinha meios para fazer cumprir".<br />
E esta é uma situação que influi directamente no<br />
consequência que "haja alguns producos<br />
deste ano também".<br />
acesso que os portugueses têm aos medicamen<br />
cuja margem deixou de ser interessance para<br />
Para Braz de Castro, a explicação prende-se com a falha da resolução do problema<br />
tos inovadores. Como país pequeno que somos,<br />
trabalhar e que apenas existem por questões<br />
de portofolio", afirma ainda Braz de Castro.<br />
estrutural que levou às dívidas em primeiro lugar. "Estamos, mais uma vez, a começar<br />
a aumentar os prazos médios de pagamento. Em Outubro, Novembro do ano pas<br />
temos um consumo reduzido o que pode não<br />
ser compensatório para as grandes empresas far<br />
É o caso de alguns produtos para diabéticos<br />
"que deixam de ter interesse comercial<br />
sado, atingimos os 350, 365 dias de atraso nos pagamentos, tivemos uma diminuição<br />
que nos levou até aos 200 dias, deu-nos a sensação que estancou ali e que agora vai<br />
macêuticas. "Porque é que vou lançar um produto<br />
em Portugal, que me vai obrigar a perder<br />
do ponto de vista dos genéricos e que têm<br />
margens perfeitamente desprezíveis ou ne<br />
começar a aumentar outra vez".<br />
"Parece-me que foi dado um balão de oxigénio mas a situação de base que leva os<br />
mais tempo, a gastar mais recursos, para vender<br />
mil unidades por ano, com um preço que tem<br />
gativas". O dirigente da Labesfal aponta<br />
ainda um estudo recente da APOGEN que<br />
hospitais a não pagar, aparentemente, não está resolvidá', sustenta.<br />
"Se tivesse de fazer futurologia, parece que daqui a sete ou oito meses, vamos estar<br />
de ser 5, 10, 20 % mais barato, quando posso<br />
fazê-lo na Alemanha, onde vendo 50 mil unida<br />
revela que a maior parte das moléculas já<br />
numa situação idêntica à que estávamos há um ano atrás".<br />
des e com menos restrições".<br />
está abaixo do preço médio europeu.<br />
O dirigente da Labesfal explica ainda que a média de 200 dias não é uniforme em<br />
Este é o principal raciocínio das grandes com<br />
"Muitas empresas da área dos genéricos es<br />
todos os hospitais: "significa que tenho hospitais que me pagam até sete dias, outros<br />
panhias que leva a que, muitas vezes, os ges<br />
tão obviamente em risco" e das cerca de 60<br />
que pagam a 15 ou 30 dias, portanto, tenho um conjunto de hospitais que são cum<br />
tores portugueses tenham de se bater com as<br />
que actualmente existem, 15 a 20 poderão<br />
pridores e, depois, tenho um conjunto de hospitais que não são cumpridores, com<br />
casas-mãe para " garantir que Portugal esteja<br />
fechar porcas no próximo ano, ano meio,<br />
alerta Braz de Castro, que está convicto de<br />
números que vão aos 500 ou 600 dias".<br />
1<br />
na primeira ou segunda vaga de registos ou<br />
comercialização de medicamentos". llD
Comparação<br />
e<br />
om a entrada de novos países para<br />
a União Europeia (EU) o número<br />
de sistemas de saúde em vigor na<br />
UE multiplicou. As discrepâncias são substanciais,<br />
acentuando as diferenças entre os<br />
recém-chegados Países de Leste e os restantes<br />
Estados-membros. As características do<br />
financiamento, da cobertura da população<br />
e da forma de gestão são apenas alguns dos<br />
pontos em que os mais novos e os mais antigos<br />
membros divergem, diferenças ditadas<br />
até pela própria dimensão dos países.<br />
A GH vai apresentar, durante os seus próximos<br />
números, uma comparação entre<br />
alguns dos principais pontos dos vários<br />
sistemas de saúde em vigor nos 27 Estados<br />
-membros da EU, como o financiamento, a<br />
gestão, o número de profissionais de saúde,<br />
o número de hospitais.<br />
Os dados foram compilados pela HOPE -<br />
European Hospital and H ealthcare Federation.<br />
N esta edição, apresenta-se a comparação<br />
entre Portugal, Espanha, França, Grécia e<br />
Eslovénia. mo<br />
,<br />
au • • • na uro<br />
Países<br />
Portugal<br />
Espanha<br />
Sistemas<br />
10.6 milhões de habitantes 44.1 milhões de habitantes<br />
% de financiamento 69.7% 71.9%<br />
público<br />
Financiamento Impostos, a segurança social financia apenas Impostos<br />
público<br />
uma pequena parte<br />
Cobertura Desde 1989, a gratituidade dos cuidados depende 99,7% da população coberta pelo Serviço Nacional<br />
da população da capacidade financeira do indivíduo de Saúde. 13,5% também subscreve seguros de saúde<br />
Público/Privado Coexistência de hospitais públicos, privados Coexistência de hospitais públicos, privados sem fins<br />
sem fins lucrativos e privados com fins lucrativos<br />
lucrativos e privados com fins lucrativos<br />
N° de hospitais 209 hospitais, dos quais 170 de cuidados agudos 741 hospitais, dos quais 545 de cuidados agudos<br />
N° de camas 32 400 camas de cuidados agudos 11 5 600 camas de cuidados agudos<br />
Camas 74,8% camas públicas; 25,2% camas privadas 66,2% camas públicas; 33,8% camas privadas<br />
públicas/ privadas<br />
Duração da estadia 7 dias 6.9 dias<br />
Listas de espera Negligenciáveis Notáveis<br />
Os hospitais públicos são propriedade do Estado.<br />
Os hospitais públicos são geridos por departamentos<br />
Administração Dispõe de relativa autonomia financeira e administrativa. de saúde das comunidades autónomas, com diversos<br />
e gestão dos hospitais Desde 1990 que a gestão pode ser delegada ao sector m odelos de gestão<br />
privado através de contratos. Em 2002, 40% dos hospitais<br />
públ icos fo ram transformados em emp resas públicas<br />
Os orçamentos dos hospitais são estabelecidos<br />
O s hospitais públicos são financiados pelas<br />
Entidades e alocados pelo Ministério da Saúde. Os fundos comunidades autónomas. Os hospitais privados podem<br />
financiadoras são distribuídos pelas regiões de saúde. ser contratualizados pelas comunidades autónomas,<br />
Os hospitais recebem também taxas moderadoras<br />
para suprir falhas do Serviço Nacional<br />
dos doentes<br />
Despesas hospitalares s.d. 540 dólares por habitante, 25,9% do total<br />
(públicas e privadas)<br />
das despesas de saúde<br />
Profissionais de Saúde 142 300, dos quais 112 500 no sector hospitalar 790 700, dos quais 421 300 no sector hospitalar<br />
e Acção social<br />
M édicos hospitalares 26 000 médicos hospitalares s.d.<br />
Remuneração e estatuto O s médicos dos hospitais públicos são empregados A maioria dos médicos é equiparada a funcionários<br />
dos médicos hospitalares e pagos pelo Serviço Nacional de Saúde<br />
públicos, pagos pelo Estado<br />
N° de equipamentos MRI: 3.9 MRI: 7.7<br />
por milhão de habitantes Radioterapia: 3.3 Radioterapia: 3.9<br />
Scanners: 12.8 Scanners: 13.3<br />
s.d. - sem dados<br />
27
Países<br />
Sistemas<br />
França Grécia Eslovénia<br />
63.2 milhões de habitantes 11.1 milhões de habitantes 2 milhões de habitantes<br />
% de financiamento 76.5% 51.7% 77.2%<br />
público<br />
Financiamento Descontos de trabalhadores Segurança social obrigatória<br />
público e empregadores; impostos; e impostos<br />
Orçamento de Estado e outras fontes<br />
O regime geral cobre a população Quase totalidade da população Cobertura universal baseada<br />
Cobertura assalariada. Uma centena abrangida por seguros independentes, no local de residência<br />
da população de sub-sistemas especiais e específicos subsistemas complementares<br />
abrange vários grupos profissionais<br />
Coexistência de hospitais públicos, Coexistência de hospitais públicos, Coexistência de hospitais públicos<br />
Público/Privado ·privados sem fins lucrativos e privados das seguradoras e privados e privados, embora estes sejam<br />
com fins lucrativos<br />
umammona<br />
N° de hospitais 2 890 hospitais, dos quais 319 hospitais, dos quais 29 hospitais, dos quais<br />
1 599de cuidados agudos 268 de cuidados agudos 20 de cuidados agudos<br />
N° de camas 225 900 camas de cuidados agudos 42 mil camas de cuidados agudos 7 700 camas de cuidados agudos<br />
Camas 65,5% camas públicas; 72% camas públicas; 99,1 % camas públicas;<br />
públicas/ privadas 34,5% camas privadas 28% camas privadas 0,9% camas privadas<br />
Duração da estadia 6 dias 6,3 dias 6.2 dias<br />
Listas de espera Negligenciáveis Notáveis Notáveis, até 18 meses<br />
de espera em algumas patologias<br />
Os hospitais públicos são autónomos Os hospitais públicos funcionam Todos os hospitais propriedade<br />
Administração jurídica e financeiramente, sob a tutela como unidades independentes, do estado<br />
e gestão dos hospitais do Estado geridas por gestores por um prazo<br />
de cinco anos.<br />
Os hospitais públicos e os privados Os hospitais públicos são O seguro de saúde negoceia,<br />
convencionados são pagos sobretudo reembolsados pelas seguradoras. anualmente, os contratos com cada<br />
Entidades financiadoras por um seguro de saúde obrigatório, O Estado assegura, na prática, hospital com metas precisas para<br />
cujo pla.fand provisional é votado o pagamento dos salários actividades e tecto de despesa.<br />
anualmente pelo Parlamento<br />
Despesas hospitalares 1 070 dólares por habitante, s.d. s.d.<br />
(públicas e privadas)<br />
33,8% do total despesas de saúde<br />
Profissionais de Saúde 1.9 milhões, dos quais 163 700, dos quais s.d.<br />
e Acção social 1,2 milhões no sector hospitalar 107 800 no sector hospitalar<br />
Médicos hospitalares 59 O 1 O médicos hospitalares s.d. 2 630 médicos hospitalares<br />
Remuneração e estatuto Os médicos dos hospitais públicos Salários dos médicos dos hospitais Os médicos hospitalares têm o estatuto<br />
dos médicos hospitalares podem igualmente trabalhar no privado públicos variam em função de funcionários públicos. O salário é<br />
da qualificação e experiência<br />
N° de equipamentos MRI: 3.2 MRI: 2.6 s.d.<br />
por milhão Radioterapia: 6 Radioterapia: 2. 7<br />
de habitantes Scanners: 7.5 Scanners: 6.8<br />
-~<br />
-<br />
s.d. - sem dados<br />
fixado por um acordo colectivo
Direcção Geral da Saúde<br />
A GH apresenta nesta edição<br />
um trabalho do economista<br />
José Gíria, da Direcção Geral<br />
da Saúde, sobre "O peso da<br />
eso<br />
doença Hepática" em Portugal.<br />
Os dados apresentados<br />
abaixo, bem como os custos<br />
directos da doença, fazem-nos<br />
pensar. Segundo o autor há<br />
demasiado impacto negativo,<br />
na Saúde Pública, devido à<br />
doença hepática e, como tal,<br />
há medidas que é necessário<br />
tomar, com urgência.<br />
O<br />
objectivo deste artigo é o de tentar<br />
estimar o peso da Doença Hepática<br />
(DH), no território Continental,<br />
usando para tal, um conjunto de indicadores<br />
que se encontram disponíveis e que se<br />
referem aos seguintes aspectos:<br />
- Mortalidade precoce;<br />
- Caracterização epidemiológica da morbilidade<br />
dos internamentos do Continente;<br />
- Peso financeiro dos internamentos em termos<br />
de custos directos hospitalares;<br />
- O consumo de álcool, como factor de agravamento<br />
do peso daquela doença.<br />
Material e métodos<br />
As fontes para a construção dos indicadores<br />
apresentados neste estudo descritivo e retrospectivo<br />
foram as estatísticas de mortalidade do<br />
ano de 2005 apresentadas na publicação Risco<br />
oen<br />
de Morrer - 2005, da Direcção-Geral da Saúde;<br />
a morbilidade dos internamentos nos hospitais<br />
públicos de 2007, constantes da base de<br />
dados dos grupos de diagnóstico homogéneos,<br />
disponibilizada pela Administração Central<br />
do Sistema de Saúde - ACSS, sendo os códigos<br />
das patologias definidos de acordo com a<br />
Classificação Internacional de Doenças com a<br />
modificação clínica - CID-9-MC.<br />
Resultados - Mortalidade precoce<br />
De acordo com a tabela 1, a doença hepática<br />
ocupa o quinto lugar no conjunto das dez<br />
principais patologias em termos de anos potenciais<br />
de vida perdidos aos 70 anos. Conjugando<br />
este lugar da DH com o valor da sua<br />
taxa especifica de mortalidade por 100 000<br />
habitantes (14.2), percebe-se a importância<br />
desta doença em termos de morte precoce,<br />
uma vez q\le tanto na doença isquémica cardíaca,<br />
na doença cerebro-vascular e no tumor<br />
maligno do pulmão, aquelas taxas específicas<br />
são muito mais elevados. Atente-se no que<br />
acontece com os acidentes rodoviários que<br />
com a taxa específica mais baixa suplanta largamente<br />
os anos potenciais de vida perdidos<br />
aos 70 anos.<br />
Caracterização epidemiológica<br />
da morbilidade dos internamentos<br />
do Continente<br />
No conjunto das patologias que englobam a<br />
doença hepática e para as quais, na tabela 2 se<br />
apresentam os respectivos códigos de acordo<br />
com a Classificação Internacional de Doenças,<br />
na versão modificação clínica CID - 9 - MC,<br />
em 2007, cifrou-se num total de 10731, o número<br />
de doentes saídos nos internamentos em<br />
hospitais públicos, ocupando o primeiro lugar<br />
os internamentos por doença hepática crónica<br />
- cirrose com 6 822 doentes saídos. Bastante<br />
ática<br />
Tabela 1 - As dez principais patologias em termos de anos potenciais de vida perdidos<br />
(APVP} aos 70 anos e respectivas taxas especificas de mortalidade (TEM} por 100.000<br />
habitantes em 2005.<br />
Causa do óbito APVP TEM/100.000 hab<br />
Acidentes rodoviários 33 337.0 12.6<br />
Doença isq uémica cardíaca 18 112.5 80.1<br />
Doença cerebro-vascular 17 777.5 155.7<br />
Tumor Maligno do pulmão<br />
-<br />
17 01 7.5 30.1<br />
Doença crónica do fígado e cirrose 14510.0 14.2<br />
Suicídios 12 61 7.5 26.0<br />
TM estômago 11 160.0 23.3<br />
TM mama feminina 10 205.0 26.9<br />
TM cólon 7 195.0 23.2<br />
Pneumonia 6 619.0 42.7<br />
Fonte: Risco de Morrer-2005, da Direcção-Geral da Saúde.<br />
Tabela 2 - Doença Hepática - Doentes saídos por patologias, nos Hospitais Públicos<br />
do Continente em 2007<br />
Patologias CID9MC Doentes Saídos<br />
Doença Hepática Crónica-Cirrose 571 6.822<br />
Carcinoma Hepatocelular 1550 912<br />
Hepatite Viral 70 811<br />
Coma Hepático 5722 782<br />
Hepatite não especificada 5733 408<br />
Colangiocarcinoma 1551<br />
- -<br />
DH Fulminante 570<br />
Hipertensão Portal 5723<br />
Sequelas de DC 5728 996<br />
Síndrome Hepato Renal 5724<br />
Varizes Esofágicas 456.0.1.2<br />
Outras Doenças do fígado 5738<br />
Doenças não especificadas 5739<br />
Total 10 731<br />
Fonte: Direcção-Geral da Saúde.<br />
mais abaixo surge o carcinoma hepatocelular,<br />
a hepatite viral, o coma hepático com, respectivamente,<br />
912, 811 e 782 doentes saídos em<br />
igual período de tempo.<br />
No conjunto dos internamentos, nos hospitais<br />
públicos do Continente em 2007 (955<br />
878 doentes saídos), a doença hepática representou<br />
cerca de 1 % dos doentes saídos.<br />
Para situar a ordem de grandeza dos doentes<br />
saídos pela doença hepática, refira-se que<br />
para o tumor maligno colorectal, diabetes<br />
mellitus, enfarte agudo do miocárdio, doença<br />
pulmonar crónica obstrutiva e fractura do<br />
fémur, as respectivas percentagens foram de<br />
0.9%, 1.8%, 1.3%, 1.1 % e 1.2%.<br />
A variável sexo apresenta diferenças consideráveis,<br />
pois, de acordo com a figura 1 e<br />
para o global da doença hepática, a razão é<br />
de 1 internamento de mulheres para 2.1 de<br />
homens. Para as três principais patologias,<br />
Carcinoma Hepatocelular - CHC, Doença<br />
Hepática Crónica-Cirrose - DHCEC e Hepatite<br />
Viral- HV, aquelas razões variam para<br />
respectivamente, 3.1 , 2.7 e 2.5.<br />
A distribuição por grupos etários também<br />
revela diferenças. Assim, e conforme a figura<br />
2, o total dos doentes saídos do grupo etário<br />
45-64 anos apresenta o maior número de doentes<br />
saídos. A média das idades situa-se no<br />
grupo etário de 60 a 64 anos.<br />
De acordo com a figura 3, conclui-se que o número<br />
de dias de internamento (64585), consumidos<br />
pelo grupo etário dos doentes saídos dos<br />
20 aos 64 anos, isto é, em plena idade activa<br />
e considerando que os indivíduos se encontrariam<br />
ao trabalho, representariam baixas ao<br />
trabalho e consequentemente perdas de produtividade<br />
nas empresas onde prestam trabalho.<br />
A demora média, conforme a figura 4, situa<br />
-se em 9.7 dias acima dos 6.4 dias de demora<br />
méd ia para o conjunto dos internamentos no<br />
Continente em 2007. Trata-se portanto de<br />
uma doença com internamentos de demora<br />
média elevada e portanto pesados em termos<br />
de consumo de dias de internamento.<br />
As três principais patologias, CHC, DH<br />
CEC e HV, apresencam demoras médias<br />
respectivamente de 9.2, 10.5, e 4.5 dias de<br />
internamento.<br />
Outro indicador de importância para anali-<br />
30<br />
31
4959<br />
7503<br />
CHC OHCEC HV OUTRAS Total<br />
1 a Homens •Mulheres 1<br />
Figura 1 - Doença Hepática - Doentes saídos por sexo, nos hospitais públicos,<br />
no Continente em 2007. Fonte - Direcção-Geral da Saúde<br />
1837<br />
4903<br />
3681<br />
148 162<br />
9.2<br />
-<br />
CHC<br />
10.5<br />
-<br />
OHCEC<br />
4.5<br />
-<br />
HV<br />
9.2<br />
-<br />
OUTRAS<br />
9.7<br />
,---,-..-<br />
Total OH<br />
6.4<br />
-<br />
Todas<br />
patologias<br />
Figura 4- Doença Hepática - Demora média, nos hospitais públicos, discriminada por<br />
patologias, no Continente em 2007. Fonte - Direcção-Geral da Saúde<br />
24.1<br />
14.0<br />
2.2<br />
13.1 13.8<br />
0-19 20-44 45-64 65-84 >=85<br />
CHC OHCEC HV OUTRAS Total OH Todas<br />
patologias<br />
Figura 2 - Doença Hepática - Doentes saídos por grupos etários, nos hospitais<br />
públicos, no Continente em 2007. Fonte - Direcção-Geral da Saúde<br />
171<br />
15114<br />
49471<br />
3&437<br />
2030<br />
0-19 20-44 115-14 >=15<br />
Figura 3 - Doença Hepática - Dias de internamento,<br />
nos hospitais públicos, por grupos etários, no Continente<br />
em 2007. Fonte - Direcção-Geral da Saúde<br />
sar o peso da doença em termos de internamento<br />
é a taxa de letalidade intrahospitalar,<br />
ou seja a percentagem de óbitos face aos<br />
doentes saídos nessa patologia. A figura 5,<br />
permite concluir que no caso da OH, aquela<br />
percentagem atinge 13.8% contra 4,5% para<br />
o conjunto do Continente. O valor máximo<br />
desta taxa refere-se ao CHC com 24.1 %.<br />
Peso financeiro dos<br />
internamentos em termos<br />
de custos directos hospitalares<br />
Utilizando a recente portaria 132/<strong>2009</strong>, que<br />
regulamenta os preços a facturar pelos hospitais<br />
públicos e dado não haver contabilidade<br />
analítica por grupos de diagnóstico homogéneos<br />
estimaram-se os custos totais e médios<br />
do doente saído e do dia de internamento,<br />
que se apresentam na tabela 3.<br />
Assim, em 2007 os custos totais directos do<br />
internamento dos doentes saídos por doença<br />
hepática totalizaram cerca de sessenta<br />
milhóes de euros. Para as diversas patologias<br />
que integram a doença hepática os custos<br />
médios por doente saído variaram entre<br />
8845 e 3540 euros. Do mesmo modo os cusros<br />
médios do dia de internamento orçaram<br />
entre 965 e 434 euros.<br />
No conjunto destes custos e pela importância<br />
que o transplante hepático tem no<br />
Figura 5 - Doença Hepática - Percentagem de óbitos, nos hospitais públicos, discriminada<br />
por patologias, no Continente em 2007. Fonte - Direcção-Geral da Saúde<br />
4.5<br />
tratamento da doença hepática e de acordo<br />
com a mesma metodologia o custo total<br />
do transplante hepático nestes doentes<br />
atingiu o valor de cerca de treze milhões<br />
de euros ou seja 22% do custo total dos<br />
referidos doentes. De notar que os transplantes<br />
hepáticos efectuados como terapia<br />
para a doença hepática cresceram de 2000<br />
para 2007 em 19%.<br />
É portanto de concluir que os internamentos<br />
por doença hepática são pesados em termos<br />
financeiros. Para se ter alguma noção desse<br />
peso, refira-se que os internamentos por<br />
diabetes mellitus e por HIV, se cifraram, em<br />
cerca de metade ou seja à volta de trinta milhões<br />
de euros.<br />
O consumo de álcool, como factor de agravamento<br />
do peso daquela doença<br />
Ao fazer abordagem do peso da doença<br />
hepática, não pode deixar de se referir, a<br />
importância, que o elevado consumo de<br />
álcool, apresenta, como um factor de risco<br />
determinante no agravamento do peso daquela<br />
doença.<br />
Assim e para o ano de 2007, procedeu-se<br />
à discriminação dos internamentos por<br />
doença hepática, ou seja aqueles em que é<br />
referido a existência de consumo d.e álcool,<br />
tendo resultado dessa análise as seguintes<br />
conclusões:<br />
- O número de doenres saídos representa<br />
51 % quando é referido o consumo de álcool;<br />
-A razão M/H, é mais elevada, 3,4 para 2.3,<br />
isto é 1 internamento de mulher para 3.4 de<br />
homens na doença hepática com consumo<br />
de álcool e 2.3 na doença hepática, globalmente<br />
considerada;<br />
- A demora média é mais elevada - 10.7<br />
contra 9.7;<br />
- Taxa de letalidade intrahospitalar mais alta<br />
14.5 contra 13.8;<br />
- Percentagem de doentes saídos, no GE 20-<br />
64 mais elevada - 68,0 para 63.0;<br />
- Percentagem de dias de internamento, no<br />
GE 20-64 é mais elevada - de 69% para 62 %;<br />
- Os internamentos com complicação majores,<br />
representam 41 % para a doença hepática<br />
com consumo de álcool e apenas 29% para o<br />
conjunto da totalidade da doença hepática;<br />
- O cusro total do doentes saídos em 2007<br />
na doença hepática com consumo de álcool<br />
atingiu cerca de 31 milhões de euros ou seja<br />
mais de metade do custo total dos doentes<br />
saídos por doença hepática com e sem consumo<br />
de álcool;<br />
- A percentagem do custo total dos internamentos<br />
com complicação major atingem,<br />
quando há consumo de álcool o valor de 5 - O grupo etário 20-64 anos, gerou 61 %<br />
55% para 40% no caso da doença hepática dos internamentos e no caso do álcool 68%;<br />
considerada na sua globalidade.<br />
É, pois, notório como o consumo de álcool<br />
torna a doença hepática mais agressiva<br />
tendo como consequência o agravamento<br />
do seu peso em termos de custos directos<br />
hospitalares e também em termos de custos<br />
indirectos sociais, nomeadamente perdas<br />
de produtividade na aplicação dos recursos<br />
humanos, uma vez que a doença apresenta<br />
complicações em plena idade produtiva dos<br />
cidadãos.<br />
Discussão e Conclusões<br />
Para reforçar as conclusões deste trabalho<br />
seria interessante avaliar em termos de série<br />
cronológica como se tem caracterizado a situação<br />
nos últimos 1 O anos e isso seria possível,<br />
uma vez que existem indicadores para<br />
analisar e estimar as tendências do peso desta<br />
patologia.<br />
A doença hepática tem elevado impacto negativo<br />
em termos de saúde pública, pelas seguintes<br />
razões:<br />
1 - Elevado nº de mortes prematuras;<br />
2 - Elevado peso comparativo dos internamentos<br />
hospitalares, agravado com o factor<br />
de risco - consumo de álcool;<br />
3 - Demoras médias e taxas de letalidade intra-hospitalar<br />
superiores ás médias do Continente,<br />
mais agravados nos casos de consumo<br />
de álcool;<br />
4 - Razão H/M é de 2.3 agravada para 3.4<br />
nas situaçóes de consumo de álcool;<br />
Tabela 2 - Doença Hepática - Doentes Saídos por patologias, nos Hospitais Públicos<br />
do Continente em 2007<br />
Patologias<br />
Custo Total<br />
CHC 8 066 698 €<br />
DHCEC 40 731 334 €<br />
HV 2 870 831 €<br />
OUTRAS 8758169€<br />
Total 60 427 033 €<br />
Fonte: Direcção-Geral da Saúde.<br />
Custo médio do DS<br />
8 845 €<br />
5 971 €<br />
3 540 €<br />
4 006€<br />
5 631 €<br />
Custo médio do DI<br />
965 €<br />
568 €<br />
793 €<br />
434€<br />
581 €<br />
6 - Os internamentos geraram facturação no<br />
valor de 60 milhóes de€, dos quais 22% fo-<br />
ram para transplante hepático;<br />
7 - A DH com consumo de álcool, gerou<br />
facturação - 31 milhões de€ - 52%;<br />
8 - A DH alcoólica gerou 41 % de internamentos<br />
com complicação major.<br />
9 - É uma patologia prevalente e incidente<br />
em idades de maior valor produtivo, gerando<br />
portanto elevados custos indirectos<br />
sociais, nomeadamente perdas de produtividade<br />
que não se encontram devidamente<br />
avaliadas.<br />
Para controlar o impacto negativo da DH<br />
há que implementar de futuro acções com<br />
o objectivo de:<br />
- Alterar o padrão de consumo de bebidas<br />
alcoólicas;<br />
- Promover o melhor conhecimento da epidemiologia<br />
e impacto da DH com vista à<br />
melhoria no diagnóstico, tratamento e prevenção<br />
desta doença nas populações, sendo<br />
necessário para este objectivo criar bases de<br />
dados populacionais, nomeadamente registos<br />
nac10na1s;<br />
- Monitorizar as acções com vista à medição<br />
dos impactos da D H em termos de ganhos<br />
em saúde;<br />
- Difundir aquele melhor conhecimento em<br />
termos de opinião pública, criando para o<br />
efeico, se necessário grupos de pressão;<br />
- Elaborar de acordo com os resultados daqueles<br />
programas informação sistematizada<br />
no sentido de influenciar os centros decisores<br />
para uma mais conecta distribuição<br />
de recursos, tornando-a mais equitativa ao<br />
nível das diversas patologias com peso elevado,<br />
nomeadamente as patologias do foro<br />
cardio-vascular e neoplasias malignas. am<br />
José Giria - Economista - Direcção-Geral da<br />
Saúde. E-mail - jgiria@dgs.pt<br />
Referências<br />
Burden of Liver Disease in the United States:<br />
Summary of a Workshop - W Ray Kim, 1 Robert<br />
S. Brown, Jr.,2 Norah A. Terrault,3 and<br />
Hashem El-Serag4 - Hepatology, July 2002.<br />
32<br />
33
.-.<br />
DR<br />
.<br />
A Pfizer dedica toda a sua pesq~i:a à saúde.<br />
Dos que ainda não nasceram ate as pesso~s<br />
idade mais avançada. Sabemos que ca a<br />
?e d de ter problemas específicos mas que<br />
ida e po<br />
· d uma<br />
as idades é comum o dese10 e<br />
~i~~dl~~ga , saudável e plen~. P~r is~º ·. estamos<br />
van uarda da investigaçao b1om~d1ca,<br />
na ~ do e tratando cada vez mais doenças.<br />
prevenm d s<br />
Muitos sucessos foram já alcança os, ri:'ª -<br />
muitos outros necessitam da nossa ded1c~~~o<br />
esforço. Para que as doenças façan: pa<br />
e do e não do nosso futuro. Este e o nosso<br />
~~~;remisso consigo; juntos faremos o futuro.<br />
DIÁRIO DA REPÚBLICA<br />
A GH apresenta a legislação mais relevante publicada em Diário da República entre 09 de Fevereiro e 23<br />
de Março.<br />
Presidência do Conselho de Ministros<br />
flexíveis e a dotação máxima de chefes de equipas multidisci-<br />
Declaração de Rectificação n. 0 11/<strong>2009</strong>, de 10 de Feve- plinares da Direcção-Geral da Saúde<br />
reiro<br />
Rectifica a Portaria n. 0<br />
1529/2008, de 26 de Dezembro, do<br />
Ministério da Saúde, que fixa os tempos máximos de resposta<br />
garantidos (TMRG) para o acesso a cuidados de saúde<br />
para os vários tipos de prestações sem carácter de urgência<br />
e publica a Carta dos Direitos de Acesso aos Cuidados de<br />
Saúde pelos Utentes do Serviço Nacional de Saúde, publicada<br />
no Diário da República, l.ª série, n. 0<br />
Dezembro de 2008<br />
Ministério da Saúde<br />
Portaria n. 0 154/<strong>2009</strong>, de 09 de Fevereiro<br />
249, de 26 de<br />
Aprova a tabela de preços para tratamentos de procriação<br />
medicamente assistida<br />
Portaria n. 0<br />
157/<strong>2009</strong>, 10 de Fevereiro<br />
Aprova o Regulamento do Conselho Nacional da Publicidade<br />
de Medicamentos e revoga a Portaria n. 0<br />
10 de Março<br />
Decreto-Lei n. 0<br />
58/<strong>2009</strong>, de 03 de Março<br />
257/2006, de<br />
Assegura a execução e garante o cumprimento, na ordem<br />
jurídica interna, das obrigações decorrentes para o Estado<br />
Português do n. 0 1 do artigo 49. 0 do Regulamento (CE) n. 0<br />
190112006, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de<br />
Dezembro, alterado pelo Regulamento (CE) n. 0 1902/2006,<br />
do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de Dezembro,<br />
relativo a medicamentos de uso pediátrico<br />
Ministérios das Financas<br />
e da Administracão Publica e da Saúde<br />
,<br />
Portaria n.º 155/<strong>2009</strong>, de 10 de Fevereiro<br />
' ~<br />
Ministério da Ciência, Tecnologia<br />
e Ensino Superior<br />
Portaria n. 0 244/<strong>2009</strong>, OS de Março<br />
Autoriza o funcionamento do curso de pós-licenciatura de<br />
especialização em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria<br />
na Escola Superior de Enfermagem S. Francisco das Misericórdias<br />
e aprova o respectivo plano de estudos<br />
Portaria n. 0<br />
245/<strong>2009</strong>, de 06 de Março<br />
Cria o curso de pós-licenciatura de especialização em Enfermagem<br />
Comunitária na Escola Superior de Saúde do Instituto<br />
Politécnico de Santarém e aprova o respectivo plano de<br />
estudos<br />
Presidência do Conselho de Ministros<br />
e Ministérios das Financas ,<br />
e da Administracão , Pública e da Saúde<br />
Portaria n. 0 272/<strong>2009</strong>, de 18 de Março<br />
Cria vários agrupamentos de centros de saúde (ACES), integrados<br />
na Administração Regional de Saúde do Algarve, I. P.<br />
Portaria n. 0<br />
273/<strong>2009</strong>, de 18 de Março<br />
Cria vários agrupamentos de centros de saúde (ACES), integrados<br />
na Administração Regional de Saúde do Norte, I. P.<br />
Portaria n. 0<br />
274/<strong>2009</strong>, de 18 de Março<br />
Cria vários agrupamentos de centros de saúde (ACES), integrados<br />
na Administração Regional de Saúde do Centro, I. P.<br />
Portaria n. 0 275/<strong>2009</strong>, de 18 de Março<br />
Cria vários agrupamentos de centros de saúde (ACES), inte<br />
Altera as Portarias n. ºs 644/2007, de 30 de Maio, que esta- grados na Administração Regional de Saúde do Alentejo, I. P.<br />
belece a estrutura nuclear da Direcção-Geral da Saúde e as<br />
competências das respectivas unidades orgânicas, 646/2007,<br />
de 30 de Maio, que aprova os Estatutos da Administração<br />
Central do Sistema de Saúde, 1. P., e 66012007, de 30 de<br />
Maio, que fixa o número máximo de unidades orgânicas<br />
Portaria n. 0 276/<strong>2009</strong>, de 18 de 6@0LA NACIONAL DE<br />
Cria vários agrupamentos de centr 1 s de Sãá,W R\.~ -' !CJ.{hegrados<br />
na Administração Regional e Saúde de Lisboa e Vale<br />
do Tejo, I. P. cJ q -() '-(_ O 1<br />
VÁLIDOATt·<br />
SER OUEAf So<br />
EDESCOBR U<br />
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de Companhia de Cuidados de Saúde.<br />
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