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QUANDO O MORTO É<br />
CHIQUE, A COMOÇÃO<br />
DO PÚBLICO É MAIOR<br />
No dia 7 de janeiro de 2015, há<br />
três anos, dois atiradores, Saïd e<br />
Chérif Kouachi, mataram 12 pessoas<br />
em Paris, incluindo parte da equipe<br />
do jornal Charlie Hebdo. Até aquele momento,<br />
aquele atentado foi considerado<br />
um dos piores que Paris havia presenciado<br />
e, imediatamente, uma gigantesca<br />
comoção mundial se fez. O clamor, a<br />
dor e a indignação tomaram conta das<br />
redes sociais. Orações de desespero,<br />
manifestações de solidariedade e empatia<br />
com a dor dos franceses que foi demonstrada<br />
nos milhões de perfis no<br />
mundo que passaram a estampar as cores<br />
da bandeira francesa com o lema solidário,<br />
“Je suis Charlie”.<br />
Agora, em 27 de janeiro de <strong>2018</strong>, um<br />
grupo armado metralhou um clube pobre<br />
da periferia da capital cearense, Fortaleza,<br />
e muito pouco se falou. Os mortos<br />
foram adolescentes, mulheres,<br />
alguns trabalhadores autônomos num<br />
forró. Ninguém mudou o perfil; tam-<br />
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MARÇO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR