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Em condições anteriores de análise deste<br />
material os interesses se voltavam para os<br />
grandes nomes da música, seguindo um<br />
modelo que devota a todo o protagonismos<br />
da realização musical ao compositor e<br />
posteriormente ao intérprete, porém nos<br />
registros de interlocução da produção<br />
desses documentos, situam-se pelo menos<br />
quatro atores o compositor, o copista, o<br />
intérprete e o ouvinte ou receptor, sendo<br />
quase impossível entender a interface<br />
música e sociedade sem levá-los em<br />
consideração como rede social.<br />
O estudo desses documentos traz à tona<br />
práticas do escrito musical que destacam o<br />
copista como um sujeito se ocupa do<br />
registro musical, cumprindo um papel<br />
fundamental no quadrilátero compor,<br />
registrar, interpretar, ouvir.<br />
Um exemplo destes é o Copista Fructuoso<br />
Matos Couto, nascido em 1798, filho de<br />
Joaquina Allves de Oliveira, “crioula forra”<br />
conforme mencionado em seu Termo de<br />
Sacramento, sob a custódia do Arquivo<br />
Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana.<br />
Os mestres de música e outros ofícios do<br />
século XVIII e XIX teriam desenvolvido uma<br />
concepçãoprópria de aulas públicas que<br />
permaneceram correntes até o <strong>final</strong> do<br />
século XIX. Não cobrariam pelas aulas,<br />
mas, em troca, seus aprendizes cantariam<br />
nas missas e em comemorações em que o<br />
mestre fosse empregado, conforme nos<br />
informa o pesquisador Curt Lange em suas<br />
publicações.<br />
Foi comum que os copistas de música se<br />
responsabilizassem por outras ocupações<br />
que demandassem habilidades da escrita<br />
como foi o caso de Emilio Soares de<br />
Gouvêa Horta Junior (1839-1907) muito<br />
atuante em Itabira do Mato Dentro ( Hoje<br />
Itabira), Leôncio Francisco das Chagas<br />
(1848 -1912) atuante em Lamim e<br />
Itaverava e Frutuoso Matos Couto (1797-<br />
c.1857), do Inficionado de Santa Rita,<br />
Marina, nomes muito presentes no acervo<br />
do Museu da Música que além de músicos<br />
foram professores do primário, escritores, e<br />
no caso do próprio Frutuoso Matos Couto,<br />
conforme mencionado no campo ocupação<br />
das listas nominativas do século XIX,<br />
mencionado no trabalho Cópia Musical e<br />
Contexto Social na Música Mineira do<br />
Século XIX, escrito por Francisco de Assis<br />
Gonzaga da Silva para os anais no VI<br />
Encontro de Musicologia Histórica,<br />
Frutuoso Matos Couto foi Escrivão de paz<br />
da presidência da Junta Qualificadora da<br />
subdelegacia de Mariana.<br />
Dispomos como “fonte tridimensional”, da<br />
sua possível “batuta”, que, na verdade,<br />
parece-se muito com uma palmatória ou<br />
férula. Foi comum que o objeto fosse usado<br />
para cumprir o castigo na organização<br />
escolar. Esse caso demonstra que a<br />
aprendizagem da música e de outras<br />
disciplinas, como as primeiras letras,<br />
podem ter se mesclado, tornando-se quase<br />
indissociáveis à percepção do presente.<br />
Tendo em vista os gêneros e formas<br />
musicais que esses mestres copiavam, é<br />
possível que incorporou-se, naquelas<br />
comunidades incluindo-se as escolas, a<br />
prática interpretativa da música sacra,<br />
afrodescendente, marcial e de salão.<br />
Detalhe manuscrito - Vitor Gomes<br />
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