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EFEITOS DO TABACO NA FECUNDIDADE E NA GRAVIDEZ* - BIPS

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página02<br />

Entrevista<br />

Prof. M. Pais Clemente<br />

Presidente do Conselho de Prevenção do Tabagismo<br />

Portugal ratificou em Novembro de 2005 a Convenção-Quadro<br />

para o Controlo do Tabaco (CQCT). Em resumo, o que é esta<br />

convenção?<br />

A ideia da Convenção-Quadro para o Controlo do Tabaco (CQCT) surgiu na<br />

48ª Assembleia Mundial da Organização Mundial da Saúde em 1995. No dia<br />

21 de Maio de 2003, os 192 Estados representados na 56ª Assembleia Mundial<br />

da Saúde aprovaram por unanimidade a Convenção-Quadro para o Controlo<br />

do Tabaco. Desenvolver, negociar e aprovar a Convenção demorou 8 anos.<br />

Este dado é, por si só, uma evidência da importância deste documento que<br />

ficará para a história como o primeiro tratado mundial no âmbito da saúde.<br />

Após a aprovação na Assembleia Mundial da OMS, no dia 30 de Novembro<br />

de 2004 o Peru foi o 40º país a ratificar a Convenção. Ficou assim cumprida a<br />

condição necessária para esta Convenção aceder ao estatuto de Lei<br />

Internacional. Portugal assinou a Convenção no dia 9 de Novembro de 2004<br />

e ratificou-a no dia 8 de Novembro de 2005.<br />

Para definir a Convenção em poucas palavras, podemos recorrer ao primeiro<br />

parágrafo do seu preâmbulo: “As partes que subscrevem esta Convenção estão<br />

determinadas a dar prioridade à protecção da Saúde Pública”. A finalidade da<br />

Convenção é harmonizar à escala mundial a luta contra o tabagismo que, nos<br />

termos da OMS, é a principal causa evitável de doença e morte.<br />

Que implicações terá a ratificação da CQCT para o controlo do<br />

tabagismo em Portugal?<br />

A primeira implicação é o reconhecimento do tabagismo como o principal<br />

flagelo para a Saúde Pública. O tabagismo causa, por ano, cerca de 500 mil<br />

mortes na UE e cerca de 10.000 em Portugal. O fumo do tabaco é também o<br />

principal agente poluidor de espaços fechados. Esperamos a curto prazo a<br />

publicação de uma nova Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo em Portugal<br />

que, à semelhança do que tem acontecido noutros países europeus,<br />

nomeadamente a Irlanda, a Itália e a Espanha, proíba o fumo do tabaco nos<br />

locais de trabalho e limite o seu uso nos espaços públicos.<br />

E que implicações terá para limitar as consequências do tabagismo<br />

na gravidez?<br />

A gravidez é a forma mais grave de tabagismo passivo. Aplica-se neste caso<br />

de forma inequívoca o conceito de tabagismo coercivo. Desde logo, o<br />

desenvolvimento do bebé é prejudicado pelo tabagismo activo ou passivo da<br />

mãe. Um estudo recente que realizámos em Portugal no âmbito do Projecto<br />

EURO-scip, um projecto europeu sobre o tabagismo na gravidez, indica que<br />

cerca de 50% das grávidas que trabalham estão expostas ao fumo ambiental<br />

de tabaco nos seus locais de trabalho. Face aos riscos conhecidos do tabagismo<br />

na gravidez, é inadmissível que metade das grávidas não possa evitar a<br />

exposição de si próprias e dos seus bebés à poluição do fumo ambiental do<br />

tabaco. A proibição de fumar nos locais de trabalho acabará com este atentado<br />

à saúde de todos, em especial à saúde dos nossos bebés!�<br />

(continuação página 1)<br />

O <strong>TABACO</strong> E O RECÉM-<strong>NA</strong>SCI<strong>DO</strong><br />

O tabaco é uma das causas de morte<br />

súbita do recém-nascido.<br />

Fumar durante a gravidez está associado<br />

a alterações do metabolismo das proteínas<br />

da actividade enzimática no sangue<br />

do cordão umbilical. A placenta perde<br />

a sua capacidade de inactivar os<br />

carcinogéneos e de regular o transporte<br />

de agentes tóxicos.<br />

A longo prazo verifica-se um aumento<br />

da morbilidade e mortalidade perinatal.<br />

Actualmente estão em curso estudos sobre<br />

os efeitos do tabaco no desenvolvimento<br />

intelectual dos filhos das mães<br />

fumadoras.<br />

O TRATAMENTO DAS<br />

GRÁVIDAS FUMA<strong>DO</strong>RAS<br />

Perguntar sempre às grávidas se fumam.<br />

Aconselhar as fumadoras a deixar totalmente<br />

de fumar. Ajudar se necessário<br />

com a prescrição de Bupropiona. Se for<br />

impossível a suspensão do uso do tabaco<br />

por causa do síndrome de abstinência<br />

é preferível usar pastilhas ou adesivos<br />

de nicotina. Evita-se assim o contacto<br />

com mais de 4000 substâncias nocivas<br />

que compõem o tabaco e que podem<br />

atravessar a placenta e causar efeitos<br />

nocivos no feto.<br />

É também indicado marcar consultas com<br />

frequência para monitorizar a suspensão<br />

de fumar e verificar o apoio imprescindível<br />

da família e amigos.<br />

EM RESUMO, FUMAR DURANTE A<br />

GRAVIDEZ ESTÁ ASSOCIA<strong>DO</strong> A:<br />

– Aborto espontâneo<br />

– Atraso do crescimento intra-uterino<br />

– Rotura prematura de membranas<br />

– Parto pré-termo<br />

– Descolamento da placenta �<br />

Sabia que?<br />

FUMAR DURANTE A<br />

GRAVIDEZ É UM FACTOR DE<br />

RISCO PARA A DEPENDÊNCIA<br />

DE NICOTI<strong>NA</strong> <strong>DO</strong>S FILHOS<br />

Os filhos de mães que fumaram 20<br />

ou mais cigarros durante a gravidez<br />

têm maior tendência para a<br />

dependência da nicotina ao longo da<br />

sua vida do que os filhos de mães<br />

que não fumaram durante a gravidez.<br />

Buka SL, Shenassa ED, Niaura R., Elevated risk of<br />

tobacco dependence among offspring of mothers who<br />

smoked during pregnancy: a 30-year prospective study,<br />

Am J Psychiatry, 2003 Nov; 160 (11): 1978-84

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