DESPORTO 86 Figuras&Negócios - Nº 192 - MAIO 2018
FIGURAS António Félix felito344@yahoo.com.br DE JOGO A FIFA, A RÚSSIA E A ONU Acabei de ler e fiquei estarrecido com a narrativa, contida no livro " O Último Homem Soviético". Guardei o resumo para partilhar ideias no dia que o rei futebol não poderá "abafar" a actualidade, mas fi-lo orgulhosamente, nestes tempos em que a Rússia já anunciou que o seu "mundial", vai custar aos cofres do Estado 34.5 milhões de rublos (moeda local), cerca de 11.8 600 milhões de dólares norte- -americanos, segundo o Primeiro-Ministro daquele país que nunca venceu um "mundial", Medvedev. Quer dizer, o Estado como tal cederá uma parte para este orçamento, entrando também contribuições dos governos regionais (a Rússia é uma Federação) e de companhias privadas. À pala de ter gente acolhedora, a Rússia que enterrou o socialismo e mergulhada no antro do capitalismo, apregoa que tem esse é dinheiro suficiente para suportar as trinta e duas selecções que estarão espalhadas por onze cidades, onde se espera acarinhadas pelas suas populações e fãs. Há países que paga(va)m para colher "mundiais" e isto até a ONU condena. Eu pergunto, agora sem intenção: quanto é que a própria Federação Internacional de Futebol Associado vai embolsar e distribuir a todos os intervenientes? Esta questão foi levantada durante o último escândalo no seio desta organização que rege o futebol mundial, mas ainda está por ser respondida com precisão. Ela, a FIFA, timidamente só anunciou que tem para prémio disponível 791 milhões de dólares para pagar aos clubes que cederam jogadores e respectivos seguros, mais 400 milhões para cada uma das 32 selecções até às fases onde forem capazes de chegar. Este valor tem 40% a mais do que reservou para o último "mundial" disputado no Brasil. Dados mais recentes apontam que nos últimos cinco "mundiais", a FIFA incrementou o "cachet" de prémios; em 2002 (Japão e Coreia do Sul), o total foi de 154 milhões; em 2006(Alemanha), 262 milhões; em 2010 (África do Sul), 420 milhões; em 2014 (Brasil) 564 milhões. Praticamente começou o "mundial" da Rússia e as contas estão para se fazer. Todavia, a FIFA já anunciou que nos" mundiais" seguintes - falou até nos próximos quatro - vai aumentar em 85% o pacote de prémios. A FIFA não agiria assim se não fosse uma "máquina de gerar dinheiro na grande industria de futebol", um cenário onde cada vez mais estão viradas as atenções/vigilâncias de instituições de controlo, como as que já constaram actos de branqueamento e corrupção em: o Federal Bereau of Investigação (FBI) e a Central of Inteligence Agency (CIA) não sindicam agora a FIFA por acaso. A FIFA tem hoje 209 países filiados, mas a ONU tem apenas 193 membros. Só este simples detalhe permite aferir que a primeira gera mais milhões de dólares a nível mundial, dai a necessidade de estar "sob controlo". E, por esta razão, em vão não foi que, em 2015, a ONU e a FIFA partilharam o mundial e publicamente a necessidade de haver novas regras para que qualquer país que se candidatasse a ser sede do C<strong>amp</strong>eonato do Mundo deve respeitar os direitos humanos, de acordo com as directrizes que foram estabelecidos pela ONU. Figuras&Negócios - Nº 192 - MAIO 2018 87