PAGINAÇÃO 205
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Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 3
4 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
CARTA DO EDITOR
O
Presidente João Lourenço
participou em
vídeo conferência, em
Londres, do fórum
África 2020 e rearfirmou
a sua intenção de
combate à corrupção a alto nível em
Angola e o antigo primeiro-ministro
britânico,na organização do debate,
aplaudiu na certeza que Angola, banida
dos efeitos desse mal, vai caminhar
segura pelo desenvolvimento
sustentável. João Lourenço respondeu
a perguntas do moderador do
fórum afirmando nomeadamente que
o combate contra a pandemia do Covid
19 em África vem sido sucedido
mas alertou aos países para se organizarem
para dar respostas decisivas
na saúde, mormente formação de
quadros e aquisição de técnicas para
os hospitais públicos. E uma matéria
inserta não revista e o caro leitor não
perde o tempo para lê-la.
Mas curiosa está a entrevista de
Archer Mangueira como Governador
Provincial do Namibe onde diz
que os ensinamentos da população
incentiva-o para trabalhar mais. Um
reconhecimento responsável de um
dirigente que conhece agora os quês e
porquês de uma província de Angola.
Desde o relevo que damos nas
nossas páginas, passando nas makas
da Sonangol.
Onde reina (VA) alguma barafunda,
passamos o ferro.
De África, estivemos na Cote
d’Ivoire, Cabo Verde e África do Sul
que se registou no interior do Cabo,
um distúrbio rácico.
Enfim, as notícias e reportagens
do Desporto e da Moda e Cultura dão
ao nosso leitor um alento de boa disposição
nessa altura em que nos confrontamos
contra a pandemia do Covid
19.
Boa leitura
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 5
08
PÁGINA ABERTA
"A INTERACÇÃO DO POVO PERMITE-ME
TRABALHAR COM SATISFAÇÃO"
3. CARTA DO EDITOR
7. PONTO DE ORDEM
A MOBILIDADE, SENHORES!!!
12. PAÍS
"ESTOU CIENTE DA LUTA CONTRA
A CORRUPÇÃO VAI VINGAR”
60. MUNDO
66. ÁFRICA
COSTA DEMARFIM: RISE PÓS-ELEITORAL À VISTA
76. FIGURAS DE LÁ
15. CONTRIBUIÇÃO
16. LEITORES
18. COVID
28. FIGURAS DE CÁ
32. ECONOMIA & NEGÓCIOS
34. CULTURA
57. FIGURAS DE JOGO
58. SAÚDE E BEM-ESTAR
O COVID NA SAÚDE
ESTUDO REVELA IMPLICAÇÕES DA
COVID 19 NA SAÚDE MENTAL
36.
DOSSIER
CARREGAMENTO DE PETRÓLEO PARA SAM PÁ
PODEM COMPROMETER MANUEL VICENTE
6 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
Publicação mensal de economia,
negócios e sociedade
Ano 20 - n. º 205, Outubro – 2020
N. º de registo 13/B/97
Director Geral: Victor Aleixo
Redacção: Carlos Miranda,
Júlia Mbumba, Sebastião Félix,
Suzana Mendes e Venceslau Mateus
Fotografia: George Nsimba
e Adão Tenda
Colaboradores:
Édio Martins, Domingos Fragoso,
Juliana Evangelista, João Marcos,
João Barbosa (Portugal),
Manuel Muanza, Rita Simões,
54
Ana Kavungu, D.Dondo,
Wallace Nunes (Brasil),
Alírio Pina e Olavo Correia
(Cabo-Verde), Óscar Medeiros
(S.Tomé), Crisa Santos (Moda) e
Conceição Cachimbombo (Tradutora).
Design e Paginação: Humberto Zage
DESPORTO
e Sebastião Miguel
QUATRO 'GALOS' PARA APENAS UM 'POLEIRO' Capa: Bruno Senna
Publicidade: Paulo Medina (chefe),
Gabriel Capapinha
Tel: (+244) 937 465 000
Assinaturas (geral):
Katila Garcia
Revisão: Baptista Neto
Brasil:
Wallace Nunes
Móvel: (55 11) 9522-1373
e-mail: nunewallace@gmail.com
Inglaterra (Londres):
Diogo Júnior
12 - Ashburton Road Royal Docks
- London E16 1PD U.K
72.
Portugal:
Rita Simões
Rua Rosas do Pombal Nº15 2dto
2805-239
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Revista Figuras&Negócios Angola
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 7
79.
80.
8 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
Victor Aleixo
victoraleixo12@gmail.com
PONTO
DE ORDEM
A MOBILIDADE, SENHORES!!!
Os governantes não falam muito e a oposição acomoda-se com
o assunto e a população grita, implora, enfim... E o caso da
mobilidade, meus senhores.
Hoje, clama-se Diálogos entre a situação e a oposição, quer
dizer a reunião dos governantes e os políticos que dirigem
o governo com opositores e sociedade civil com o objectivo
de tracar rumos para Angola política, econômica e social mas acrescento que
tomemos decisões, e isso mesmo, tomemos decisões sobre a mobilidade em
Angola.
Parece que a mobilidade em Angola é parente pobre da dirigencia não
obstante a importância que assume para o país. Ouve-se receitas generosas
para a construção de escolas, hospitais, casas, enfim... as estradas primárias,
secundárias, terciárias como ingredientes da mobilidade ninguém, quer
governantes, como políticos da situação e da oposição, reivindica.
Os governantes tem a obrigação de fazer estradas como escolas, hospitais,
casas, pontes, viadutos... para o desenvolvimento de Angola e a sociedade e os
políticos apoiam ou reinvindicam mas agora comecemos a dialogar sobre a
mobilidade em Angola.
Discute-se futilidades sempre e sem soluções e daí, pretende-se associar
sinergias para o diálogo de todos para o todo do País.
Desde o início da nossa independência nacional, o governo não teve interesse
da opinião/sugestão popular porque não obstante ter o rótulo de “governo
do povo” não interessava ouvir,posteriormente com as eleições gerais, havia
suposição de os que mandam no governo em princípio contactavam a sociedade
civil e no parlamento, representantes partidários discutem a sua maneira, os
interesses e as necessidades do povo, mas, debalde!
A mobilidade em Angola não se discutiu nem um diálogo abrangente foi
realizado, daí a relevância do assunto.
Angola tem de começar de novo a sua largada como um país africano a
conquista do seu papel relevante do continente e vale dizer que a mobilidade
tem o condão de fazer o histórico do crescimento e desenvolvimento sustentável.
No momento em que se reclama a paz social e reconciliação nacional,o
tema Mobilidade em Angola é urgente e a governanacao deve assumir o papel
de charneira para o debate que obriga os dirigentes partidários, das igrejas,
organizações sociais participarem com a sociedade civil organizada.
Teremos um trunfo maior na organização e desenvolvimento sustentável
de Angola que infelizmente não nos organizamos desde a conquista da
independência nacional.
Como abri o meu Ponto de Ordem, sugiro mais uma vez o Diálogo sobre a
Mobilidade em Angola, meus senhores.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 9
PÁGINA ABERTA
Archer Mangueira assinalou
o primeiro ano da
governação provincial do
Namibe e deu uma entrevista
ao Figuras&Negócios
falando da sua gestão,o
contacto e a empatia dos
habitantes do Namibe.A
situação da economia na
província ,o turismo,a
agricultura e a pesca,entre
outros, foram questões
abordadas pelo Governador
do Namibe em entrevista
por e-mail.
Vamos ler a entrevista:
Figuras&Negócios (F&N)
- Quais os resultados do
plano de governação e o
que foi planificado?
Archer Mangueira
(AM) - O nosso Plano de
Governação tem um conjunto de objetivos
bem definidos, de acordo a visão de
desenvolvimento estabelecida do íncio
do nosso mandato.
O Plano traçou programas de Construção
e reabilitação de escolas, programa
de Saúde Pública e Construção
de Unidades de Saúde, Saneamento
básico, Construção e Reabilitação de
Estradas e Vias de acesso, Modernização
Urbana e das cidades, Potenciação
do Turismo, Potenciação da Cultura e
actividades Desportivas, Promoção do
investimento privado, Mitigação dos
efeitos da seca, a priorização da formação
técnico-profissional, da Investigação
Científica, do campus universitário
e outras acções para potenciar a Província
do Namibe.
Quanto aos resultados, estamos
satisfeitos com o que foi feito até aqui,
embora gostaria de ver o Plano da visão
de desenvolvimento da Província
melhor executado, o que entendo não
ter sido possível fundamentalmente
devido ao período de inatividade e
restrições causado pela Pandemia da
covid-19, e também por força da revisão
do Orçamento Geral do Estado que
adiou algumas acções inscritas no Plano.
Mas vamos continuar a trabalhar,
com fé e bastante optismismo para fazer
o Namibe acontecer!
F&N - Como anda o empreendimento
do Porto de Moçamêdes?
AM - O Projecto tem todas as condições
precedentes cumpridas. Ou seja,
financiamento garantido e empresas
contratadas. O concurso público
para o apuramento da empresa de fiscalização
também já foi lançado e em
breve a empresa será contratada.
O financiamento do projecto é suportado
pelo Banco de Desenvolvimento
do Japão, e estamos certos que
vai ser importante para o desenvolvimento
da Província, pela componente
de modernização e expansão do Porto,
que vai aumentar a capacidade de escoamento
dos produtos e melhorar a
interligação da região sul (Huíla, Namibe,
Cunene e Cuando-Cubango) de Angola
pela intercessão entre o Porto, vias
rodoviárias e os Caminhos de Ferro. É
um projecto estruturante que também
vai modernizar o terminal mineraleiro,
potenciando a indústria siderúrgica na
região. Será um factor de diversificação
económica de Angola e vai sem dúvidas
alavancar o sector produtivo e de serviços
na província, com destaque para a
criação do emprego.
Por tanto, está tudo pronto, e o lançamento
da primeira pedra ficou apenas
adiado por força da Covid-19.
F&N - O que foi feito para travar a
covid-19 durante esse tempo e o que
vai suceder agora que a província já
tem casos?
AM - Iniciamos em Fevereiro as acções
de Prevenção a Covid-19. Naquela
altura algumas vozes acusavam-nos
de estar a dramatizar, mas foram essas
acções de sensibilização e a elaboração
atempada de um Plano Provincial de
Contingência amplamente divulgado,
adaptado aos hábitos e costumes do
nosso povo, visando evitar a propaga-
ARCHER MANGUEIRA, GOVERNADOR PROVINCIAL DO NAMIBE
A INTERACÇÃO DO POVO PER
TRABALHAR COM SATISFAÇÃ
10 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
PÁGINA ABERTA
MITE-ME
O
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 11
PÁGINA ABERTA
ção da Covid-19.
Não estando isolados do resto do
País, era previsível que em algum momento
teríamos casos positivos, embora
importados, mas o que vamos fazer
agora é continuar a reforçar as medidas
de prevenção e chamar a responsabilidade
de todos para o cumprimento das
medidas e recomendações do Sector da
Saúde.
Continuamos o trabalho permanente
de sensibilização e mobilização
das pessoas para o combate à Covid-19,
com o engajamento de toda a sociedade
“
O Namibe é dos
maiores produtores de
tomate no País, e está
em curso um Projecto de
privatização para colocar
em funcionamento a
fábrica de transformação
de tomate instalada na
Província
“
civil e os órgãos de defesa e segurança.
Vamos também apostar na formação
dos nossos profissionais de saúde
e no asseguramento de meios de biossegurança.
F&N - Como vão os sectores das
pescas, agricultura e do turismo.
AM - O Sector Piscatório continuará
a ser determinante na economia da
Província. Nessa altura registram-se
baixas capturas de pescado, o que
abalou a cadeia produtiva do sector,
mas medidas estão a ser desenvolvidas
para redinamizar esse segmento
12 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
PÁGINA ABERTA
tão importante da economia local,
com destaque para as políticas do
Sector de tutela, visando a protecção
da biomassa. Aqui convém sublinhar
que complementarmente priorizamos
a definição da cadeia produtiva
da pesca artesanal e o reforço da
capacidade de fiscalização da nossa
costa.
Quanto a agricultura, tem dado sinais
bastante positivos. Para o anoagrícola
2020/2021, a Província tem
preparado para a sementeira cerca de
22.500 hectares de terras agrícolas.
Temos ideias claras em relação
a adopção de uma política de gestão
dasterras que permita dar a terra a
quem a quer cultivar, respeitando
alegislação, pagando impostos e criando
valor. Temos condições para
sermos autossuficientes nas mais
variadas culturas em muito pouco
tempo.
O Namibe é dos maiores produtores
de tomate no País, e está em
curso um Projecto de privatização
para colocar em funcionamento a fábrica
de transformação de tomate instalada
na Província.
“
Temos ideias claras
em relação a adopção de uma
política de gestão das terras
que permita dar a terra a
quem a quer cultivar, respeitando
alegislação, pagando
impostos e criando valor. Temos
condições para sermos
autossuficientes nas mais
variadas culturas em muito
pouco tempo
“
Relativamente ao Turismo, o Namibe
tem tudo. Tem o Mar, o deserto,
a terra, a biodiversidade e a cultura.
Mas entendemos que o potencialturístico
depende do homem para o seu
desenvolvimento, por isso, estamos
a fazer o Planeamento bem definido
das zonas turísticas, para desenvolver
infraestruturas adequadas a cada
tipo de turismo.
Defendemos a criação de modelo
que passa pela criação de sociedades
de desenvolvimento que possam
transformar essas zonas em verdadeiros
destinos turísticos e de exportação
de serviços.
A Biosiversidade deve o ponto
alto do turismo de angola. Um turismo
amigo do ambiente, que seja
baseado na protecção das espécies,
da fauna, da floresta, um turismo
azul, um turismo que exalte o nosso
botânico. Um turismo assente no desenvolvimento
sustentável da nossa
região.
Consideramos essas componentes
como cruciais para o desenvolvimento
do turismo na província. Sem nos
esquecer dos incentivos fiscais para
a atração de investidores, e já estamos
a trabalhar internamente numa
estratégia que crie a marca Namibe.
Queremos e podemos cria uma zona
franca na região sul de Angola.
F&N - Qual é o segredo da empatia
entre o governador Provincial e
os habitantes da província?
AM - Quando cheguei ao Namibe a
primeira acção foi ouvir as pessoas.
F&N - há rumores de que teria
sido castigado pelo pr baixando de
ministro influente para governador
de província e que o cenário da nomeação
seria apenas para gerir o
empreendimento japonês do porto
de moçâmedes.
AM - São rumores…Aceitei de bom
agrado e sem hesitar, o convite que o
Presidente da República me fez para
governar o Namibe. Vim ao Namibe
para continuar a servir o meu país, com
vontade de fazer acontecer.
F&N - O que falta para transformar
a província para o crescimento
e desenvolvimento?
AM - Falta implementar na sua plenitude
a Visão de Desenvolvimento do
Namibe.
F&N - Quais são as tarefas planificadas
para a sustentabilidade do
Namibe?
AM - *Pensamos que essas duas
questões ficam diluídas na resposta da
visão de desenvolvimento apresentada
na primeira questão*
F&N - Tem saudades da governação
ministerial?
AM - A função de Ministro ficou para
história. Tenho saudades das equipas
de jovens que formei e que hoje estão a
exercer cargos e responsabilidades não
só nas Finanças, mas em vários domínios
da gestão pública e privada do País.
Para mim, é um grande orgulho.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 13
PAÍS
PRESIDENTE JOÃO LOURENÇO NO FÓRUM ÁFRICA 2020
"ESTOU CIENTE
DA LUTA CONTRA A
CORRUPÇÃO VAI VINGAR”
O Presidente da República,
João Lourenço aposta numa
“verdadeira mudança estrutural
da economia”, Ele
falou em videoconferência no
Fórum “Africa-Debate 2020,
num painel dedicado ao investimento
em Angola.
Lourenço interagiu com o
antigo Primeiro Ministro
britânico, Tony Blair sob
moderação do economista
guineense, Carlos Lopes.
De salientar que o fórum
“África Debate 2020” e uma
organização da Invest África
como apoio do Instituto britânico
para a Mudança Global
e da Agência de Investimento
Privado e Promoção das Exportações
de Angola(AIPEX).
Apresentamos as declarações
do Presidente de Angola
respondendo ao moderador
Carlos Lopes
Carlos Lopes (CL) - Quais
são as principais reformas
econômicas e sócias
que o Governo está
a defender para fazer
de Angola um destino
de investimento emergente em África?
Presidente João Lourenço (PJL)
- Desde a nossa tomada de posse, em
finais de 2017, temos estado a imple-
mentar um conjunto importante de
reformas profundas com vista a melhoria
contínua do ambiente de negócios.
A prioridade é a promoção do sector
privado com vista a sua conversão em
motor do crescimento econômico em
Angola.
Estamos a trabalhar no sentido de
uma verdadeira mudança estrutural
da economia de Angola para que ela
se torne cada vez menos dependente
do petróleo. Por isso, precisamos de
instituições fortes e credíveis e de uma
economia de mercado dinâmica e eficiente.
Neste sentido,as reformas em curso
baseiam-se em dois pilares fundamentais:
a edificação de um verdadeiro
Estado de Direito para instaurar a confiança
nos investidores,quer nacionais
como estrangeiros, e a consolidação da
economia de mercado, baseada na sa
concorrência e total abertura do país
aos investidores.
Definimos o combate à corrupção
e à impunidade como uma das nossas
prioridades, com o apelo a sociedade
e as instituições para prevenir e combater
este fenômeno e, por essa via,
restaurar a confiança dos investidores.
Do ponto de vista da política macroeconômica,
o governo fez reformas
significativas a nível do sector fiscal,
com um processo de consolidação fiscal
que tem permitido reduzir e tornar
sustentável o processo de dívida
pública, a nível do sector cambial, com
uma grande reforma da Política Cambial,
que passou de uma taxa de câmbio
quase fixa para um regime cambial
mais flexível e ajustado as condições do
mercado. Este facto, combinado com a
abertura da conta de Capitais, que permite
a entrada e saída livre de capitais
do país sem prévia autorização do Banco
Central, permite uma maior atratividade
ao investimento estrangeiro.
Em relação ao sector real da economia,
o governo tem vindo a criar
medidas concretas tendentes a proporcionar
o crescimento econômico,
tendo aprovado e implementado diversos
instrumentos para fomentar a
produção nacional e a diversificação da
economia,como o PRODESI-Programa
de Apoio a Produção, Diversificação
das Exportações e Substituição das
Importações. Foram igualmente aprovados
um conjunto de medidas tributárias
para beneficiar os empresários que
investem em Angola,como é o caso da
redução do Imposto Industrial, de 30%
para 25%, e igual redução para o Sector
Agrícola e Similares, de 15% para 10%.
O governo criou e aprovou o Programa
de Privatizações, um processo
ambicioso e coerente de privatização
de mais de 195 empresas e Activos
públicos,o qual, por si só, constitui um
conjunto de oportunidades nos mais
variados sectores da economia, desde
a agropecuária, indústria, telecomunicações,
petróleo e o sector financeiro,
para aqueles que pretendem e decidam
investir no país.
Foram também alteradas as leis
de Investimento Privado e das Parcerias
Publico-Privadas (PPP) em 2018
e 2019, respectivamente, bem como
a criação da Autoridade Reguladora
da Concorrência e a adoção pela
primeira vez em Angola da Lei da
14 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
PAÍS
Concorrência,as quais esperamos venham
a contribuir significativamente
para a atração de investimento nos
mais diversos sectores da economia.
CL - A diversificação econômica
tem sido a chave para sua agenda de
desenvolvimento. Em quais sectores
o governo está planeando diversificar
e desenvolver e como pensa fazer isso
de maneira sustentável?
PJL - Como referi, Angola tem um
enorme potencial de recursos naturais
ainda pouco explorado. Este potencial estende-se
desde a agropecuária, a indústria
extractiva e transformadora,as pescas, o
turismo, a energia e águas, os transportes
e logística, a construção civil, entre outros
sectores.
Portanto, convidamos o sector privado
aqui presente a abraçar as oportunidades
de negócios que o nosso país oferece,
na realização de investimentos agropecuários,
nas pescas, instalação de fábricas
diversas,na construção e recuperação de
infraestruturas, como estradas, pontes,
aproveitamentos hidroelétricos, distribuição
de energia elétrica e rede de agua
canalizada, portos, aeroportos, estâncias
turísticas, estabelecimentos de ensino e
unidades hospitalares e que nos ajudem
a transformar Angola num país próspero
e moderno, capaz de proporcionar ao seu
povo e ao mundo as melhores condições
de vida.
CL- Com uma grande e crescente
população jovem, quais metas e estratégias
o governo está definindo e
implementando para trazer um desenvolvimento
econômico sustentável
inclusivo?
PJL - Angola tem uma população estimada
em cerca de 32 milhões de habitantes
e cuja maioria (cerca de 66%)
e jovem, com idade inferior a 25 anos.
A juventude constitui o maior patrimônio
de Angola. Daí a grande importância
que damos a investimentos em
domínios como a educação e o desenvolvimento
de competências através de
programas de formação profissional e de
bolsas de estudos.
Os níveis de desemprego relativamente
altos que Angola vive hoje, como
resultado da crise econômica e financeira
iniciada em 2014, afectam, sobretudo, a
juventude.
Por esta razão, os programas tendentes
a diversificar a economia vão contribuir
para o aumento do emprego e, por
conseguinte, dos níveis de rendimento
dos cidadãos nacionais, em particular da
juventude.
Com a aposta numa educação abrangente
e de qualidade e na diversificação
da economia do país, estaremos a aumentar
as oportunidades de emprego para os
jovens angolanos, ao mesmo tempo que
estaremos a criar as condições para um
desenvolvimento cada vez mais sustentável
e inclusivo. Estaremos a transformar o
nosso potencial de recursos humanos
em mão de obra qualificada, capaz
de enfrentar os desafios
do futuro
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 15
PAÍS
CL - Que garantias pode o Senhor
Presidente dar aos investidores que
tem interesse em actuar no seu país e
com que mais eles podem contar, do
ponto de vista dos incentivos?
PJL - Dou a garantia aos investidores
estrangeiros de que o ambiente de negócios
em Angola tende a melhorar dia após
dia. As reformas que demos início em
2017/2018 são para continuar, portanto
não é nada que foi feito pontualmente e
terminou, não! E um processo contínuo.
Todos os dias vamos descobrir pequenos
obstáculos que ainda existem, para que os
investidores se sintam mais confortáveis
e então, sempre que alertados, vamos tomar
as medidas que forem necessárias.
Se alguma legislação tiver de ser alterada
ou produzida de raiz para facilitar o
ambiente de negócios, vamos fazê-los. O
combate contra a corrupção a todos os níveis-desde
a grande corrupção a pequena
corrupção do dia a dia, do pequeno funcionário
ao balcão, no guichê é uma luta
para continuar, não vamos desistir.
E em termos de incentivos ao investimento,
também continuaremos a descobrir
cada dia novos incentivos para que os
investidores estrangeiros possam confiar
na nossa economia e apostar os seus recursos,
o seu capital, aqui na economia
angolana.
CL - Tal como o Senhor Presidente
referiu, Angola e um país de população
maioritariamente jovem, uma
grande vantagem, um grande activo
com que se pode e deve contar. Que
resposta está Angola a preparar para
a fase pos-Covid, o esforco de recuperação?
PJL - A nossa resposta pos-Covid será
procurar recuperar o tempo perdido durante
este longo período de pandemia,
tempo perdido em todos os domínios, é
uma vez que estamos a falar de investimento
estrangeiro privado, também neste
domínio do investimento privado.
O ambiente está a ser criado é tão
logo haja oportunidade de grandes investidores
virem para Angola, serão muito
bem-vindos, serão acolhidos de braços
abertos.
Falou no facto de Angola ter uma po-
“
cios com ideias, com projectos,que os
querem materializar em Angola? Por
onde devem começar?
PJL - Desde que este investimento
contribua para o aumento da produção
de bens e serviços, contribua para o aumento
da oferta de empregos, e sempre
bem-vindo. Portanto, é uma questão de
sermos, que nós vamos dar todas as facilidades
no sentido de esses projectos
serem exequíveis, se tornarem realidade.
CL - A aposta no digital está na
ordem do dia em todas economias.
Como está Angola a olhar para esse
campo?
PJL - Em breves palavras ,dizemos
que nós não descuramos essa necessi-
pulação essencialmente jovem. Isto é um
capital que joga a nosso favor e que nos
vamos procurar explorar o melhor possível.
Ter população jovem e bom,e força
de trabalho garantida, embora tenhamos
consciência de que precisamos de fazer
grandes investimentos nessa mesma juventude.
Ela tem de ser bem preparada
para enfrentar o mercado do emprego e
os próprios investidores,o proprio investimento
vai-nos ajudar a fazer isso.
A formação será dada não apenas
nos institutos, nas universidades,mas
será dada também “on Job”, como se diz,
estando já empregados, portanto. Os jovens
vão ser preparados para melhor
poderem servir as indústrias que os empregarão.
CL - Em concreto,o que pode dizer,
Senhor Presidente, aos investidores
interessados, aos homens de negó-
“
O combate contra a
corrupção a todos os níveis-
-desde a grande corrupção a
pequena corrupção do dia a
dia, do pequeno funcionário
ao balcão, no guichê é uma
luta para continuar, não vamos
desistir
dade de prestar maior atenção ao digital,
que não é só para o futuro, mas o
presente já e digital.
As economias mais dinâmicas
hoje,no mundo, são-no não apenas porque
tem quadros qualificados, mas porque
fizeram investimentos sérios nesta
área do digital. Portanto, em relação a
Angola não será diferente, nós estamos
atentos a necessidade de fazer muito
mais neste domínio do digital do que
já foi feito até aqui.
CL - Relativamente a actual pandemia
da Covid, qual entende, Senhor
Presidente, que esteja a ser a
lição que fica para a África?
PJL - Como sabe, África talvez seja
o continente em relação ao qual havia
maior pessimismo sobre as consequências
da COVID-19. Felizmente, esse
prognóstico muito pessimista, negativista,
em relação a capacidade de África
para enfrentar a pandemia acabou por
não se concretizar, ou seja, os níveis de
contaminação existentes não são tão
grandes assim.
África aprendeu a lição de que
precisa de investir mais na saúde, em
unidades hospitalares, formar mais
quadros do sector da saúde -médicos,
enfermeiros, pessoal técnico,...-investir
em laboratórios de análises porque, afinal
de contas, endemias e pandemias
no nosso continente não é apenas a
Covid 19 (a Covid é algo que teve uma
dimensão planetária universal, mas
nós temos tido aqui endemias que se
circunscrevem apenas ao nosso continente.
Estou a falar do Ebola,estou a falar
do marburg,que ceifam muitas vidas
no nosso continente.Nos, africanos,
estamos unidos nesta luta contra a CO-
VID-19, mas temos plena consciência de
que devemos nos preparar melhor para
as endemias e pandemias que naturalmente
virão daqui a alguns anos.Isto é
uma questão cíclica.
O mundo sabe que a COVID-19 não é
uma novidade. E mais uma entre as pandemias
que o planeta conheceu ao longo
dos séculos. Portanto, África tem de investir
para estar melhor preparada.
16 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
CONTRIBUIÇÃO
Por Sousa Jamba
DESORGANIZAÇÃO ÚTIL
Algumas meses atrás, eu estava num mercado popular no Huambo observando
atentamente o que estava passando. Isto era antes da pandemia
do Covid 19 e questões de saúde, por causa da falta de higiene naquela
localidade, estavam a preocupar bastante. A carne estava a ser vendida
numa bancada de cimento onde as moscas aterravam como jatos num
porta-aviões. Perto, havia pequenos córregos onde passava líquidos
malcheirosos e fétidos. Vender carne naquela localidade era completamente inaceitável.
Inquiri e soube que os vendedores do mercado pagavam uma taxa diária. Fiz os cálculos
e conclui que o mercado recebia mensalmente o equivalente de oitenta mil dólares.
Suspeito que a maior parte desta quantia desaparecia entre várias figuras poderosas á
quem melhorar as condições do mercado não importava tanto. Para eles, aquele caos
era altamente proveitoso.
Vivo na comuna do Chiumbo, entre Katchiungo e Bailundo. Um dos grandes problemas
por cá é a falta de combustível. Saio da Tchicala-Cholo-Hanga, passo pelo o
Katchiungo, depois Bailundo e não encontro uma unica gota de gasoil. A resposta é
sempre que no há combustível, ou o gerador não está funcionar etc. Descobri, porém,
que isto nem sempre corresponde à verdade; pagando alguém um dois mil Kwanzas ou
mais de repente tudo passa a funcionar perfeitamente. Há, também, a prática em que os
operadores das bombas dão o combustível á seus associados que revendem á um preço
elevadíssimo. Certamente há quem vai facturando desta desorganização.
Conheço uma jovem empresária que vai abrir uma loja no meio da cidade do Huambo
para vender vegetais. Ela me disse que notou que muita gente não gosta da experiência
de ir aos mercados populares — e também não pode com os elevadíssimos preços
dos supermercados. O plano desta jovem é transformar a experiência de fazer compras
mais agradável á um preço razoável. Segundo ela, a inspiração para este projecto veio de
um loja de vegetais que ela viu numa viajem pela a França.
A verdade é que a eficiência, á longo prazo, recompensa. Entre Chinguar a Bie, há um
mercado muito popular — especialmente entre motoristas; os produtos aí são baratíssimos.
Não gostei das experiências da última vez que la estive. Paramos e, do nada,
surgiram homens que insistiram em ser os nossos interlocutores com os vendedores. A
especialidade destes homens era nos bajular e insistir em certos preços dos produtos
que queríamos. Mesmo se o vendedor estivesse pronto a baixar o preço estes homens
iriam insistir até ao último momento no preço em que eles fariam lucros. Eles faziam
tudo para evitar qualquer rapprochement entre nós e os vendedores. O meu amigo comprou
um cabrito e perguntou se o vendedor tinha mais animais. A senhora disse que sim
tinha em casa que não era longe; estes interlocutores ficaram visivelmente zangados e
começaram a fazer ameaças á senhora. Para eles, levar os clientes para as casas não era
boa prática porque o excluía. Notei, depois, que estes homens trabalhavam com os chefes
do mercado — dividindo as “comissões” do que eles vendiam á um preço elevado.
Em termos práticos, estes “interlocutores” não aumentavam nenhum valor na qualidade
dos produtos que estavam a ser vendidos; eles estavam lá para tirarem vantagens do
caos. Este fenómeno não é só Angolano. Em Kinshasa, capital da República do Congo,
há pessoas cuja especialidade é “raptar” vendedores no Rio Congo que saem do interior
com produtos para vender. Estes “mouvancers,” como são conhecidos, fazem tudo para
vender os produtos a um preço elevado.
A desorganização, como a corrupção, beneficia um grupo restrito. Um mercado
limpo, onde todos requisitos de higiene são observados, iria atrair mais clientes e
beneficiar muita gente. Quando os operadores das bombas de gasolina operam na base
de vários esquemas, o público fica a perder e eles próprios, ao longo prazo, também vão
perder a fonte do seu sustento. Quando as instituições educacionais produzem alunos
com bases académicas suspeitas, muitos aspectos da nação ficam enfraquecidos. O grande
desafio é convencer á todos que a eficiência e transparência, ao longo preço, é mais
proveitosa...
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 17
LEITORES
A MAKA DA COVID 19
Acompanhei os diálogos
de um infectado
da Covid e com os
seus colegas e francamente
eu desejo que a
doença va embora da
nossa terra.O problema é que os cidadãos
de Luanda e de algumas províncias
são indisciplinados e não aceitam
as recomendações do nosso governo.
Recentemente, por exemplo,um
mais velho infectou toda família de
casa dele porque foi namorar com outra
mulher, irresponsável como ele.
TIRADAS DA IMPRENSA
"O sector produtivo de Angola precisa
de mais estradas e melhores ligações
de transporte, mais electricidade e
água em todos em todos lugares para
que a economia possa recuperar e
crescer de forma sustentável e inclusiva.”
- Representantes do FMI em
Angola in Jornal de Angola
Pergunto:não há sanções a aplicar
contra os violadores da pandemia?
Sou apologista de sanções judiciais
aos prevaricadores das medidas de
sanidade públicas que o ministério da
Saúde orienta.
Eu acompanho as conferências de
imprensa quer da Ministra da Saúde
quer por o doutor Franco Mussimba,
Secretário de Estado que ficou famoso
pela Covid 19 e recomendo aos cidadãos
do nosso país escutarem pelo
rádio e na televisão.
Isabel Clemente - Luanda
“Ao usarmos testes rápidos e estritas
medidas de observação,visamos limitar
a propagação da infecção através
da sua importação.” Christina Ramaphosa,
Presidente da África do Sul na
imprensa sul - africana
QUE HOTEL
EM LUANDA?
Estoura ouvir uma publicidade
do Santos Bikuko na TPA e não
sei se os responsáveis da TVC
verificam o que está publicitado.
A publicidade do tal grupo Santos
Bikuko,pelo menos para Luanda,e uma
mentira,não há qualquer hotel no Alvalade
desse senhor.Mesmo na Lunda Sul,os
citadinos de Saurimo tem a palavra.
Disseram-me que houve pretenções
de Santos Bikuko transformar um prédio
habitacional para hotel mas isso não se
concretizou.Os construtores chineses que
o senhor Bikuko contratou-os foram embora
para o país de origem.Portanto,não
há hotel Bikuko no Alvalade,o prédio está
inacabado e o Santos Bikuko está falido.
Está e a verdade e não o que está na publicidade.Faça-se
justiça.
Samuel Bernardo Ndala. Luanda
ELEIÇÕES NA FAF
Dos 174 clubes, mais de 30
não realizaram eleições e
estão como população votante.
Só para citar o Progresso
de Sambizanga. E
preciso pôr-se um travão. Onde anda
a senhora Ministra? O senhor Secretário
de Estado do Desporto?
Dentro de um mês vão se realizar
as eleições na FAF e as estatísticas
apontam Artur Almeida a ganhar... A
‘“Dedicar-me-ei a agricultura. Fico
a sonhar em ter piscinas de criação
de peixes. E, com certeza,terei outra
actividade que será partilhar com os
jovens a minha experiencia sindical
e em gestão pública” - Evo Morales,
ex Presidente da Bolívia depois do
exílio na Argentina
18 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
LEITORES
BOCAS SOLTAS
CARNE DE
PORCO ESTRAGADA
Comi carne de porco que disseram
que estava estragada.
Agora, pergunto eu como se
vê a carne de porco comprada
no supermercado?
Após consumir carne de porco na
feijoada,eu apanhei uma coceira no
corpo e a noite passou,porque dizem
que a carne de porco está estragada?
Acho que certas pessoas de Luanda
não aceitam o negócio dos estrangeiros
irmãos africanos que situaram-se em
Angola e espalham calúnias sobre eles..
Constantino Cardoso-Sambizanga
bufunfa da FIFA está a falar todas
as línguas, menos futebol.
O Artur fez campanha com o dinheiro
da FIFA, deu dinheiro,bolas
e equipamentos desportivos.
O nosso futebol está sem gente
com dignidade,s aúde e rumo! Esta
doente,e de mentira,c omo dizia
Geovety Barros. Por favor,não entreguem
o futebol a estás corjas
O.B
“Renunciamos hoje aos nossos cargos
porque os nossos companheiros foram
desqualificados pela Acção implacável
do governo central.” Representante
dos deputados da oposição em Hong
Kong.”
“Temos uma experiência inestimável acumulada.O governo central adoptou
uma estratégia de bloquear a propagação no epicentro,enquanto prática
métodos de prevenção em massa em outros lugares.(...)Está é a chave
para a nossa Victoria decisiva”-Zhong Nanshan,principal especialista em
doenças infecciosas na China
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“A nossa missão agora e construir um Zanzibar novo e próspero.Que cada um
de nós desempenhe o seu papel para a transformação do arquipélago.(…)Quero
um governo rigoroso e aplicado para emergência de um Zanzibar próspero”_Hussein
Ali Mwinyi ao tomar posse como oitavo Presidente do Zanzibar.
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“Essa questão da vacina é briga política com o Doria.O governo vai comprar a
vacina,lógico que vai.Já colocamos os recursos no Butantã para produzir essa
vacina.-Hamilton Mourão,vice Presidente do Brasil em entrevista à revista
Veja.
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A Covid 19 surgiu de repente na China mas estendeu-se pelo mundo.
Angola,como destacado País africano na parte austral do Continente,foi atacada
desde Março passado,entre a população uns foram infectados,mortos e
milhares estiveram internados nos diferentes hospitais provinciais.
Fizemos uma ronda pelo País e registamos alguns depoimentos de populares:
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“Não me lembro que em Angola teve uma pandemia fogosa como a Covid 19
mas,enfim,sobreviveremos todos.Agora,cada um de nós respeitemos as orientações
do governo sobre as medidas de segurança.”
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“Este Covid é teimoso,avisamos para não chatearmos e ...zás!Colocou famílias
inteiras com Positivo e outros morreram.Não se pode gozar os angolanos que
sofreram guerras e conflitos entre irmãos”.
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“Eu estou a cumprir as orientações da OMS e do nosso governo,de evitar a
concentração pública com muitas pessoas,lavar as mãos com água e sabão e
outras medidas.Olhe,eu estou de luto por causa do meu familiar que morreu na
clínica da Endiama.”
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“Na Europa e nos EUA morreram milhares de pessoas e ainda por cima,entrou
a segunda vaga e prevê-se uma tragedia.Na Espanha por exemplo,a situação
está feia.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 19
COVID
O SARS-COV 2 DE “A” a “Z”
A HUMANIDADE TORNA-SE REFÉM E VERGA-SE
DIANTE DO CORONAVÍRUS MAIS LETAL DE SEMPRE
A peça que se segue retrata o que se passa em termos globais
o que vai pelo mundo; um planeta que terá acordado
assustado, despreparado e com um futuro imprevisível
, desde que em finais do ano passado os chineses anunciaram
a existência do Covid 19, a doença causada pelo
coronavírus SARS-CoV-2, que rapidamente se propagou e
transformou os biliões de habitantes da Terra reféns
da provavelmente mais desejada vacina do século, capaz
de imunizá-los desta pandemia.
De A a Z, vamos ver como o nosso mundo se comportou,
até Setembro, diante deste “inimigo invisível, traiçoeiro
e letal” que colocou de sentido todos os líderes políticos
mundiais,religiosos, imensas figuras renomadas das
ciências, enfim, a inteligência humana juntou-se para
que, em diferentes trincheiras, se munisse de todas as
estratégias possíveis e imaginárias e, finalmente pudesse
lutar contra este novo corona vírus que já matou mais de
1 milhão de pessoas.
Por: Carlos Miranda / Fotos: Arquivo NET
A- ANGOLA - Numa altura
em que o continente
afrIcano alcançou
a cifra de mais de 1.4
milhões de infecções
confirmadas em todas
as suas regiões, e infelizmente registadas
mais de 35 000 mortes, Angola acaba
de se revelar como o sexto país da
SADC com maior número de casos de
Covid 19 ( mais de cinco mil), posicionando-se
na trigéssima sétima posição
em África.
Recorde-se que foi exactamente no
dia 21 de marco de 2020, que foram
anunciados os primeiros dois casos de
Covid-19 em Angola.
O país venceu barreiras enormes,
tem recebido o aplauso da comunidade
internacional médica pela forma como
soube travar a pandemia. Os primeiros
dois casos importados surgiram e rapidamente
o Governo decretou, pela pri-
20 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
COVID
meira vez na sua história, o Estado de
Emergência, sinalizando deste modo
que o quadro epidemiológico, mais tarde
ou mais cedo, mereceria a tomada de
medidas enérgicas,algumas das quais
claramente impopulares, no sentido de
conter o máximo possível a propagação
da doença, quer em Luanda como nas
restantes províncias. E, sempre nesse
sentido, o Estado fê-lo também com a
instauração do Estado de Clamidade
Pública, que, por seu turno, foi sendo
reforçado com medidas excepcionais,
umas mais ou menos rígidas que outras,
sempre com o intuito de se evitar
os estragos nefastos da doença.
Ao longo destes últimos sete meses,
o Estado foi obrigado a investir
tudo o que tem e não tem para que se
munisse de meios financeiros, recursos
humanos e materiais capazes de acompanhar
a evolução do quadro que, em
definitivo, colocou o país inteiro numa
situação económica e social deplorável,
principalmente a nível das populações
mais vulneráveis. Tudo isto aconteceu
num ambiente económico muito frágil
à escala mundial, principalmente no
que diz respeito ao continente africano
que era apontado como o território
mais fragilizado à escala planetária, já
que os seus sistemas nacionais de saúde
sempre exibiram sinais de ineficácia
gritantes.
Aliás,a primeira leitura pouco optimista
da OMS, considerada “desastrosa”
por muitos especialistas, previa,
para o caso de Angola, a existência de
números de casos infectados a raiar
os 45 mil. Ora, até Setembro, foram
registados apenas cerca de cinco mil
infectados. Segundo o África CDC, a
África Austral é a região do continente
que continuou a registar o maior número
de casos de infecção e de mortos.
Só na África do Sul, o país mais
afectado,foram nesta altura registados
674.339 casos e 16.734 mortos.
B.- BRASIL- Continua preocupante
o número de casos registados no país
irmão sul-americano, pois desde o início
da pandemia, em Dezembro do ano
passado, morreram mais de 150 mil
pessoas.O total acumulado de casos
confirmados no país, até 30 de Outubro,
estava quase a atingir a cifra dos
cinco milhões.Dados divulgados pelas
autoridades da Saúde, revelavam que
São Paulo, Bahia, Minas Gerais e Rio de
Janeiro são os estados que concentram
o maior número de casos positivos da
doença, com amostras de mais de 200
mil de pessoas afectadas pela doença
em cada um deles.
C- CORONAVÍRUS - A doença transmite-se
através de gotículas produzidas
nas vias respiratórias das pessoas
infectadas. Os sintomas mais comuns
são febre, tosse e dificuldade em respirar.
Foi em Wuhan,cidade localizada
no centro da China, que o novo coronavírus
terá sido detectado no final de
dezembro do ano passado. De lá para
cá, transformou-se numa pandemia
que já provocou mais de um milhão de
mortos e mais de 35 milhões de casos
de infecção em todo o mundo. Wuhan
é a capital e maior cidade da província
de Hubei na China e a cidade mais
populosa da China Central, com uma
população de mais de 10 milhões, a sétima
cidade mais populosa do país. De
acordo com a Wikipédia, actualmente,
Wuhan é considerada o centro político,
económico, financeiro, comercial, cultural
e educacional da China Central.
Devido ao seu papel fundamental no
transporte doméstico, Wuhan é às vezes
chamado de "Chicago da China" por
fontes estrangeiras.
D.- DONALD TRUMP - Acaba de bater
o record infeliz de cerca de 1 milhão
de mortos. E apesar destes números
dramáticos, prosseguia com um Presidente
que, inicialmente, transformou
numa piada o surgimento de mais e
mais casos da doença.
Um Presidente que acabou por
anunciar que ele mesmo estava infectado.
Entretanto, para trás ficava uma
atitude absolutamente “ irresponsável
e egoísta” face às leituras que o Chefe
de Estado mais poderoso do mundo fazia
sobre a situação epidemiológica do
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 21
COVID
seu país e dos concidadãos.
E.- ESTADOS UNIDOS – As Nações
Unidas adiantam que na questão
de casos da doença, os EUA lideram o
ranking, com mais de 7 milhões, seguidos
pela Índia ( mais de 6 milhões),
Brasil ( mais de 4 milhões ) e a Rússia
( mais de 1 milhão). Rezam as estatísticas
que, apesar de Nova Iorque não ser
mais o estado com maior número de
infecções, a verdade é que este centro
de negócios mais importante do mundo,
ainda é o que mais tem sofrido com
as estatísticas das mortes nos Estados
Unidos, com mais de 30 mil, muitas
mais que países como o Peru, França,
Portugal ou Espanha.
O Instituto de Métricas e Avaliações
de Saúde da Universidade de Washington
estimou, em Setembro, que nas
eleições presidenciais agendadas para
3 de Novembro, os Estados Unidos vão
chegar às 240 mil mortes e a 31 de dezembro
às 370 mil.
F. F.M.I. - Nem todos os gráficos
enumeram tragédias. Provavelmente
com um sorriso nos lábios, vários economistas
angolanos terão recebido esta
notícia: “FMI sobe ajuda a Angola para
4,5 mil milhões de dólares”. Parte deste
“bolo” será para dar continuidade aos
planos de contenção da propagação do
coronavírus no país, como é evidente.
Revelada no mês de Setembro, o
país sentiu um certo alívio, pois as suas
provisões financeiras eram já preocupantes
e foram gravemente afectadas
pela chegada da pandemia que “limpou”
praticamente os seus recursos no
tesouro terrivelmente desfalcado pelo
anterior regime.
A instituição financeira internacional
levou em consideração o facto de
"a economia de Angola ter sido duramente
atingida por um choque multifacetado
com origem na pandemia de
covid-19 e no declínio dos preços do
petróleo", reconhecendo que as autoridades
adoptaram medidas atempadas
para lidar com os desafios co-relacionados.
22 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
COVID
G.- GUERRA- Poder-se-ia colocar
em duas grandes aspas esta palavra,
mas o facto é que se começa a assistir
uma guerra autêntica entre os estados
quanto à descoberta, distribuição e/
ou comercialização da substância milagrosa
que vai tirar do susto global
todas as nações do mundo inteiro, sem
distinção de raças, religião, tribos ou
etnias. A vacina já terá sido descoberta,
dizem alguns; outros dizem ser detentoras
da mais eficaz e rápida; surgem
as indústrias farmacéuticas com o olho
posto no lucro …
Enfim, as guerras se acentuam de
Norte ao Sul, do Oriente ao Ocidente.
Mas, pela primeira vez na história das
ciências médicas, quase todas as academias
terão chegado a uma conclusão: é
uma boa guerra!.
H.- HOSPITAIS- Trata-se de uma
aposta colocada por cima da mesa logo
no início da instalação do novo coronavírus
no país e que, pelos vistos, terá
sido bem sucedida, pois o governo não
poupou recursos para levar adiante o
seu programa multisectorial de prevenção
e combate do Covid 19. Muitos
hospitais de campanha e unidades
consideradas de referência continuam
a ser erguidas para tratamento dos
milhares de casos positivos que foram
diagnosticados nas comunidades.
As unidades hospitalares erguidas
neste período, apresenta a sua “qualidade”
bem localizada em Luanda - o
“epicentro” da doença em Angola- logo,
o que absorve o maior número de
hospitais especializados para o tratamento
do novo coronavírus (mais de
5), destacando-se o que está plantado
na Zona Económica Especial (ZEE), no
município de Viana, numa área de oito
mil metros quadrados.
De acordo com o único jornal diário
do país, este hospital conta com mais
de 30 ventiladores e 140 camas para os
cuidados intensivos, um laboratório de
análises, monitores, bombas de perfusão
e infusão, máquinas de hemodiálise
e para raio x, bloco operatório, área de
esterilização, entre outros compartimentos
e serviços.
I.-ÍNDIA - É uma das dezenas potèncias
nucleares, mas, tal como todas
as outras, como o vizinho Paquistão,
por exemplo, com quem tem mantido
uma guerra secular, por vezes bastante
sangrenta, não consegue safar-se
da estatísticas elevadas de mortes em
consequência dos ataques do SarS CoV
2. Nos últimos dias, a segunda vaga de
ataques ultrapassou a fasquia das 550
mortes.As vítimas fatais ultrapassam
as 110 mil. Este enorme país superou
os 7,5 milhões de contágios desde o início
da pandemia, mantendo-se como o
segundo país no mundo mais afectado,
atrás dos Estados Unidos.
J.- JOÃO LOURENÇO- É uma figura
central que determinou imediatamente
a adopção de medidas para minimizar
os estragos do novo coronavírus, facto
que inclusive a comunidade internacional
reconheceu e apelou para que
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 23
COVID
vários estados do mundo, em dado
momento, seguisse o exemplo do país
africano.As estatísticas imaginadas
pela OMS apontavam que até setembro
Angola estaria a registar mais de quarenta
e cinco mil infecções. Todavia, foi
possível conter estes números, fruto da
declaração do Estado de Emergência e
posteriormente o Estado de Calamidade
Pública, decretadas pelo Presidente
João Lourenço, e todas as medidas envolventes
de prevenção e combate da
doença, a par da instalação de unidades
laboratoriais,de tratamento,centros de
quarentena e a importação de equipamentos,
bem como a ajuda internacional
em recursos humanos, materiais
e técnicos desde Março passado.
“ Logo depois de a OMS ter declarado
o surgimento do SARS-COV2 como
Emergência de Saúde Pública Global, o
Executivo angolano mobilizou-se rapidamente,
tendo criado a Comissão Multissectorial
para a Prevenção e Combate
à Covid-19 e elaborado um Plano de
Contingência com orientações precisas
sobre a resposta à pandemia, a fim de
se planificar, de modo eficiente, a mobilização
de recursos humanos, materiais
e financeiros adequados”, disse o Chefe
de Estado angolano.
L.- LUANDA - É o centro de todos os
males, pecados, privilégios; é o centro
de negócios, enfim, para o mal e para
o bem a capital do país tem o estatuto
de, a apartir dela, se sentir o “coração”
onde pulsam todas as sensações, boas
e más, de um país que gira à volta dela.
Foi aqui que o vírus começou a atacar…
Embora tivesse sido contido em cerca
de três meses através de uma apertada
cerca sanitária, o SarsCov 2 acabou
por se escapar, tomando conta do país.
Neste momento, Luanda sente-se de
certo modo “culpada” por ter estado a
registar mais de cem infecções diárias
e é a que mais enegrece as estatísticas.
M- MUNDO – O mundo superou nos
finais de Setembro a marca de 1 milhão
de mortes provocadas pelo novo coronavírus,
segundo dados da Universidade
Johns Hopkins. Esta academia
revela que “em nove meses de pandemia,
o mundo demorou seis meses para
atingir os primeiros 500 mil óbitos e
apenas outros três para contabilizar a
mesma quantidade, o que mostra que a
doença ainda está longe de ser controlada”.
Na Europa, regista-se uma nova
onda de ataque quase generalizado
do vírus e existem populações que se
enontram à beira do desespero por verem
as suas economias completamente
arrasadas, sem que se preveja a sua recuperação
num curto espaço de tempo.
N.- NÚMEROS - Tudo indica que até
finais de Outubro, teremos o alarmante
número de pessoas inectadas:40
milhões!E mais de 1 milhão e 500 mil
óbitos…Da maneira como estes são
díspares, em constante evolução para
um negativismo atroz,quer para a vida
das pessoas como para as economias
dos estados, os números continuam a
assustar-nos.
Os países com maior número de
casos no nosso continente são a África
do Sul, Egipto, Nigéria, Gana, Argélia,
Camarões, Marrocos, Côte d´Ivoire, Sudão
e República Democrática do Congo,
representando 81 por cento dos casos
continentais.
Os últimos dados chegados às redacções,
até Setembro, dão conta que
quanto aos mais de 7,24 milhões de testes
realizados no continente, a Região
Sul conta 39,3 por cento (2.845.048),
Norte 24,0 por cento (1.733.948), Leste
24 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
COVID
19,6 por cento (1.415.991), Oeste 13,8
por cento (1.000.473) e Centro 3,3 por
cento (243.885).
O.- ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES
UNIDAS - "O mundo atingiu uma marca
angustiante, a perda de um milhão
de vidas por causa do coronavírus. É
um número desconcertante, mas não
devemos nunca perder de vista uma
única vida sequer. Eram pais e mães,
esposas e maridos, irmãos e irmãs,
amigos e colegas. A dor foi multiplicada
pela ferocidade dessa doença", afirmou
o secretário-geral da Organização das
Nações Unidas (ONU), António Guterres.
ONU, que terá de exercer um papel
mais acutilante na distribuição das vacinas,
tendente a frenar as tentativas
das indústrias farmacéuticas monopolizarem
um negócio que se espera tremendamente
lucrativo.
Aliás, os países que se encontram
na linha da frente do “negócio” das descobertas
já se preparam para entrar
no mercado em força e geralmente estabelecem
as próprias regras, visando
unicamente o lucro ou a defesa intransigente
da hegemonia das marcas domésticas
dos medicamentos, com cada
um tentando declarar-se o “salvador”
da raça humana.
Guterres não tem dúvidas: diante
das expectativas de uma vacina, é preciso
deixar claro que “não há panaceia
numa pandemia”. Para ele, somente
essa alternativa não poderia, por si só,
resolver a crise no curto prazo.Para si,
qualquer futura vacina tem de ser vista
como “um bem público global, disponível
e acessível para todos, porque a Covid-19
não respeita fronteiras.”
P.- PRESIDENTE- Há que assinalar,
uma vez mais, o esforço pessoal evidenciado
pelo Presidente da República e o
executivo que lidera o combate à Covid
19, num momento em que o Sistema
Nacional de Saúde dava sinais claros
de absoluta decadência;as suas fragilidades
foram destapadas com a chegada
deste pandemia que não poupou
sequer outros sistemas nacionais de
saúde muito melhor apetrechados quer
em meios humanos como materiais. O
Presidente e sua equipa chamaram à
si a responsabilidade de construir , de
raiz, várias infra-estruturas sanitárias
em diversas.O Hospital localizado nos
arredores de Luanda, na ZEE, dispõe
de nove naves para mil camas é um
bom exemplo. A infra-estrutura sanitária,
orçada em mais de mil milhões
de Kwanzas, conta com serviços de
cuidados intensivos, intermédio e atendimento
geral, com médicos e paramédicos,
e está preparada para eventuais
surtos, como cólera, febre amarela e
marburg”.
De acordo com o J.A., este hospital
conta com mais de 30 ventiladores e
140 camas para os cuidados intensivos,
um laboratório de análises, monitores,
bombas de perfusão e infusão, máquinas
de hemodiálise e para raio x, bloco
operatório, área de esterilização, entre
outros compartimentos e serviços.
Q.- QUANTIDADE- Há quem comece
já a fazer um enorme estardalhaço
noticioso para que tome a dianteira
da liderança global do ataque ao tratamento
do coronavírus.Anunciam
quantidades astronómicas de meios
e equipamentos fabricados ou não internamente,
como é o caso da possibilidade
de se utilizar cerca de 10 mil
aviões para entregar vacinas por todo
o mundo.As estimativas da indústria
aeronáutica são animadoras.Pretende-
-se que naquela que é considerada a
“maior ponte aérea jamais realizada no
mundo”, se utilize o equivalente a 8.000
Boeing 747, disse, por exemplo, a International
Air Transport Association
(IATA), organização que representa as
companhias aéreas.Para tal, serão utilizados
centenas de aeroportos de grande
ou pequeno porte no mundo inteiro
e em diferentes condições climatéricas.
Por diversos fontes noticiosas sabe-
-se que esta, sim, será “a maior missão
do século para a indústria aérea de carga”,
tal é a quantidade de doses da vacina
que cada pessoa deverá levar para
que seja imunizada, a partir de 2021.
O transporte exigirá “precisão quase
militar” e instalações refrigeradas
numa rede de locais onde a vacina será
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 25
COVID
armazenada. Cerca de 140 vacinas estão
em desenvolvimento e cerca de
duas dúzias estão agora a ser testadas
em pessoas, destacam as fontes.
R.- RÚSSIA- O país liderado por Putin
é um dos que detém o mais elevado
índice de contágio do Covid 19 na Europa,
mas também é aquele que , segundo
os seus dirigentes, está mais adiantado
em termos de pesquisas e descobertas
científicas, numa altura em que todas
as potências industriais estão em competição
feroz para garantir a hegemonia
geo-política e económica. A Rússia
nada fica a dever às outras nesta corrida
e tudo indica que, apesar da desconfiança
dos seus “inimigos”, a sua
vacina está a ser levada muito à serio
em todos os pontos do mundo, incluindo
em países distantes da sua esfera de
“domínio” como a Índia ou o Brasil, que
já encomendaram milhares de doses
e colocaram à disposição um número
acentuado de nacionais para que sejam
submetidos a testes com a “Sputnik V”.
S.- SOLIDAREDADE ou a falta dela
é o “problema que estamos com ele”;
parece estar sempre a dizer o Director-
-Geral da Organização Mundial da Saúde,
Adhanom Ghebreyesus. “O que me
preocupa mais (nesta altura) é o que
tenho sempre dito: a falta de solidariedade.
Quando falta solidariedade e
estamos divididos é uma boa oportunidade
para o vírus e, por isso, continua
a espalhar-se. Precisamos de solidariedade
e liderança global, sobretudo
das maiores potências”, explicou recentemente
numa videoconferência de
imprensa. O Director-Geral da agência
revela haver demanda excessiva e competição
para fornecimento de futura
vacina; mas exige que os países mais
ricos metam mãos à bolsa para se conseguir
juntar cerca de US$ 31,3 bilhões.
O objectivo é fortalecer a aliança internacional
que possa garantir uma vacina
da Covid-19 para todos.
T.- TESTES- A urgência da feitura
de testes rápidos continua na ordem
do dia em todo o mundo e os estados
africanos são os que mais necessitam
deste instrumento imprescindível para
a prossecussão da luta contra o novo
coronavírus; uma luta que tem absorvido
grande parte dos orçamentos de
estados com reservas financeiras hoje
mais do que nunca afectadas.Enquanto
isso, noutro mundo, Donald Trump
recentemente anunciou um plano de
distribuição de 150 milhões de testes
rápidos da Covid-19 no país, onde há
mais de sete milhões de casos e de 200
mil mortes devido à pandemia.Outros
mundos, mesmo. Em África, todos os líderes
africanos juntos, não são capazes
de garantir uma coisa dessas…
De acordo com a imprensa estadunidense,
no final de Agosto, a Casa
Branca já tinha anunciado a aquisição
de 150 milhões de unidades de testes
rápidos de detecção do novo coronavírus
ao grupo farmacêutico Abbott, com
o propósito de apoiar a recuperação
económica do país.Nota: nesta altura,
o Presidente Dinald Trump nem sequer
pensava que poderia ser também ele
infectado pelo Covid 19…
U.-UNIÃO AFRICANA- A organização
continental africana peca por
estar geralmente ausente no centro da
tomada de decisões fundamentais relacionadas
com o estado da evolução da
26 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
COVID
pandemia do Covid 19. A sua liderança
tem tido, no mínimo, uma posição discreta
diante das graves adversidades
derivadas do estado económico e social
degradante de África. Por isso, vozes se
levantam pelo continente adentro pedindo
que a União Africana seja mais
proactiva nestes problemas ligados ao
novo coronavírus que piorou as economias
dos estados do continente-berço
da humanidade e colocou a vida de
milhões de pessoas em situação muito
pior do que estava antes deste ataque
sistemático do novo coronavírus e
mais: que os serviços de saúde sejam
urgentemente socorridos face a uma
ameaça de ruptura total que, aliás, já
mostrou as suas fraquezas mesmo em
certos países industrializados.
Entretanto, recentemente a organização
“acordou” e mereceu o aplauso
do continente. pois ela foi capaz de
pôr em marcha a operacionalização do
Fundo de Resposta à Covid-19, criada
com o objectivo de obter recursos para
fortalecer as defesas face à pandemia.
Angola reconhece este mecanismo
e considera até que parte deste Fundo
seja direccionada fundamentalmente
para reforçar as medidas adoptadas
pelos estados - membros.
V.- VACINA- No momento em que
escrevíamos estas linhas,a produção
industrial da "Sputnik V", estaria a
dar os primeiros passos na Rússia, depois
de Vladimir Putin, o Presidente, a
ter anunciado dois meses antes e tida
como eficaz para o tratamento.Segundo
o Kremlin, a vacina estará disponível
em Janeiro de 2021.
"Mais de um milhão de doses" já foram
pré-encomendadas por "20 países
estrangeiros" disse Kirill Dmitriev, presidente
do conselho de administração
do Russian Direct Investment, o fundo
soberano russo envolvido na investigação
científica e no financiamento das
pesquisas, revela-se na imprensa internacional.
A vacina contra o SARS CoV-2 desenvolvida
pelos cientistas russos
chama-se "Sputnik V", sendo que o
"V"; significa "vacina", em referência ao
satélite soviético, o primeiro aparelho
espacial a ser lançado para a órbita do
planeta Terra. Entretanto, outros países
já anunciaram a entrada em cena
de outras vacinas, nomeadamente a
Alemanha, os EUA, o Reino Unido ou
mesmo Cuba, Brasil ou a Índia. Muitos
anunciaram o início de testes a milhares
de pessoas, com vista a garantir a
maior campanha de vacinação da história,
maioritariamente a partir do próximo
ano.
X.- XI JIPING- Ao contrário do seu
homólogo estadunidense, o Presidente
da República da China parece continuar
a dormir descansado e tem repetido a
mesma fórmula de sempre: apenas faz
pronunciamentos públicos para anunciar
os sucessos atrás de sucessos da sua
liderança face à pandemia do momento,
assegurando que não quer nenhuma
guerra com os Estados Unidos.
Recentemente, o Chefe de Estado
chinês alertou : “a politização da pandemia
deve ser recusada e temos o imperativo
de criar uma visão aberta e inclusiva,
contra o proteccionismo e contra o
unilateralismo”, observou, salientando
que se deve também “repudiar as disputas
ideológicas, ultrapassar as armadilhas
do choque das civilizações e respeitar
mutuamente o caminho de cada
país”.
Em relação ao novo coronavírus, Xi
Jinping lembrou ainda que a resposta
à doença deve ser “guiada pela ciência”
e que deve ser dado um “papel-chave”
à Organização Mundial de Saúde, deu
conta o “ O Observador”.
Z.- ZARAGATOA - Na medicina, provavelmente
deve ser o instrumento de
que mais se fala, mas interessa saber o
que e realmente: Pois é: trata-se de um
“objecto que consistenuma esponja ou
numa porção de outro material absorvente
na extremidade de uma haste,
usado para aplicar medicamentos ou recolher
amostras para análise, geralmente
na zona da garganta e das fossas nasais”.
A definição é da Wikipédia, que destaca
quepara o diagnóstico da COVID-19 está
indicada a colheita de amostras do nariz
e garganta (trato respiratório superior),
Para o efeito, usa-se uma “espécie de cotonete”-
a zaragatoa.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 27
28 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 29
FIGURAS DE CÁ
Luther Rescova
MORTE
TRAIÇOEIRA
Jovem a palmilhar, passo a passo, o poder
governamental, Luther Rescova morreu
traiçoeiramente, como governador da
Provincia do Uíge, na Clínica Girassol,em
Luanda, vítima de doença. O País ficou
consternado com o passamento físico
dessa figura jovem tão talentosa, inspiradora
e com um enorme potencial para
fazer crescer o seu País e dignificar a
juventude angolana. Após uma brilhante
passagem pela JMPLA, Luther Rescova,
membro do Bureau Político do MPLA,
aceitou com coragem o convite feito por
João Lourenço, de governar a “desafiadora”
cidade de Luanda, tendo se destacado
como o primeiro governante mais jovem
e dinâmico na cidade que o viu crescer e,
inesperadamente, o fim da sua trajectória
como governador da província o viu nascer.
O malogrado deixa viúva e dois filhos.
País, familiares e amigos despedem-se de
um valoroso filho da pátria que descansa
em paz na glória de Deus.
Carvalho da Rocha
RECUPERADO
Carvalho da Rocha é o novo Governador
do Uíge e substituto do
malogrado Jovem Luther Rescova
que morreu de doença. Carvalho
da Rocha, habituado em telecomunicações,
vai dirigir a província
do Uíge que também tem problemas
com as telecomunicações
mas, tem muitos problemas mil
desde a economia da província,
do bem estar das populações e o
bem cultural.
30 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
FIGURAS DE CÁ
Síndica Dokolo
ACIDENTE
FATAL
Síndica Dokolo, empresário e
marido de Isabel dos Santos,
morreu no dia 28 de Outubro,
no Dubai, vítima de afogamento
enquanto fazia mergulho
de apeneia, uma actividade
que praticava com frequência,
segundo uma fonte familiar. Síndica
Dokolo, de 48 anos, nasceu
em Kinshasa, capital da RDC.
Casado com a filha do ex-Presidente
de Angola, José Eduardo
dos Santos, desde 2002, e pai de
quatro filhos fruto do casamento
com Isabel dos Santos. Na
sua conta no Twitter, Isabel dos
Santos publicou a foto abaixo do
casal sem qualquer legenda.
Jomo Fortunato
O "SUPER"
MINISTRO
Jomo Fortunato foi nomeado
pelo Presidente da República,
ministro da Cultura,Turismo
e Ambiente em substituição
de Adjany Freitas Costa que,
em apenas seis meses de
consulado como ministra mais
jovem do governo e, rendida
por "quesílias internas", foi
movida para presidência da
república onde terá a função
de Consultora do Chefe. Por
sua vez, Jomo, ex PCA do Memorial
Agostinho Neto, exonerado
antes mesmo de "aquecer
o banco", por alegada má
gestão e ter cometido erros de
palmatória, resurge em grande
como governante, no "super"
Ministério - Turismo, Cultura e
Ambiente - cujos pelouros ele
parece ser “peixe na água”.
Adjany da Costa
DESAFIOS
Dona de um brilhante currículo,
a jovem bióloga e conservacionista
Adjany da Silva Freitas
Costa é uma jovem de sucessos.
Destacou-se na arena internacional
com o prémio “ONU – Jovens
Campeões da Terra”, pelo seu desempenho
como coordenadora
do projecto “Okavango Wilderness
Project” que é um esforço
plurianual para se explorar a
bacia do rio Okavango em África.
Da ciência, chegou à política pelo
governo de João Lourenço como
Ministra da Cultura, Turismo e
Ambiente mas, agora, ocupará o
majestoso cargo de Consultora
do Presidente da República. Adjany
da Costa, identificada como
a Ministra mais jovem da história
de Angola, está a construir
a sua trajectória como cientista
e tecnocrata, caminhando na
linha da frente com vista ao bom
desempenho da governação de
João Lourenço.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 31
FIGURAS DE CÁ
Joana Lina
O PREÇO
DA GOVERNAÇÃO
Joana Lina está a experimentar o
preço da governação, agora em
Luanda, com uma manifestação
popular que descambou em arruaça,
promovida por organizações da
sociedade civil, contra o alto nível de
desemprego e a favor das eleições
autárquicas em 2021, com um saldo
negativo de vários detidos pelas
forças policiais, feridos e avultados
danos materiais públicos e privados.
Como governadora provincial de
Luanda ela apelou à disciplina e à
contenção dos actos mas os manifestantes
nem estavam na onda de
Joana Lina, pelo contrário, têm estado
a incentivar e a promover uma
nova manifestação para o dia 11 de
Novembro.
Manuel Vicente
CORRUPÇÃO
Fala-se que a corrupção na Sonangol aconteceu de
forma fulgurante no período da gestão de Manuel
Vicente, o amigo dos ex-dirigentes aclamados de
"gatunos". Tambem, a nível interno, responsáveis da
petrolífera acusados de corrupção e nepotismo estão
ligados àquele que no consulado de José Eduardo dos
Santos, tornou-se VPR (Vice-Presidente da República).
É, deveras, um peso angustiante para Manuel Vicente
que em 2022 termina, de acordo com a Constituição,
a sua imunidade como ex-VPR, ser colocado à disposição
da Justiça angolana para responder por presumíveis
crimes pelos quais está a ser arrolado pela PGR.
Elisa Gaspar
"BASTONARIZITE"
Os colegas da Ordem dos Médicos
de Angola, região norte, queriam
“despachar” Elisa Gaspar, Bastonaria,
para rua. O que se disse, alguns
ambiciosos, fizeram feio a tarefa e
afundaram-se pela "bastonarizite",
quer dizer, lutaram pelo cargo da
Bastonária. Resultado: zangaram-
-se os compadres, e a classe está
dividida.
32 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
FIGURAS DE CÁ
Manuel Rabelais
ENTREGUE À
JUSTIÇA
A Assembleia Nacional votou
por unanimidade a retirada
da imunidade parlamentar ao
deputado Manuel Rabelais para
que possa responder à Justiça,
como arguido, as acusações
que pesam sobre si de peculato,
nepotismo e branqueamento
de capitais, segundo acusação
do Ministério Público. Apesar
de ter tido vários bens arrestados
pela PGR, por essa altura, o
também veterano do jornalismo
angolano, goza da presunção
de inocência enquanto
decorrem os trâmites judiciais.
David Mendes
INTRIGAS
O deputado independente na bancada da Unita no parlamento anunciou a
sua desvinculação do partido, justificando essa decisão ao facto de a Direcção
do partido ter se mostrado indiferente às ameaças de morte de que foi alvo
por parte de um grupo de manifestantes pretensamente militantes do Galo
Negro residentes no exterior do País. Não bastasse ter "batido com a porta",
David Mendes foi mais longe, acusando o presidente do partido, Adalberto da
Costa Júnior, de estar a financiar grupos de agitadores contra o Governo nas
redes sociais. Tal e qual o velho adágio, “zangam-se os compadres, descobrem-se
as verdades”.
Arlete Chimbinda
"CANSADOS DE SANGUE"
Segundo fontes do Galo Negro,
Arlete Chimbinda terá colocado o
seu cargo, vice Presidente da Unita,
à disposição. O facto ocorrera na
sequência do (presumível) envolvimento
da UNITA nos actos de
vandalismo e distúrbios observados
durante a manifestação que
levou a detenção pela polícia de
vários participantes, inúmeros feridos
e danos materiais avultados. A
“mamã querida”, como é carinhosamente
tratada, mostrou-se indignada
pelo cenário que considerou
dramático e desesperador: "Eu não
quero mais sangue. De sangue estamos
todos cansados", lamentou.
"Penso que a direcção que estamos
a tomar é errada”, exteriorizou a
veterana da UNITA.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 33
ECONOMIA E NEGÓCIOS
O FUTURO DAS ECONOMIAS
AFRICANAS APÓS PANDEMIA MU
Texto: Juliana Evangelista Ferraz
Fotos: Arquivo NET
O
impacto
COVID-19,
violento do
choque externo causado
pela pandemia da
prevalece
e teima em alastrar
aos diversos sectores
socioeconómicos, porém, esta constatação
não nos deverá por de braços
cruzados, devemos antes lutar nas mais
diversas esferas para erradicar os efeitos
perniciosos que derivam desta pandemia.
Nesta perspectiva, um pouco por
todo mundo, os estados optaram pela
implementação de políticas expansionistas
com o objectivo de salvaguardar
essencialmente duas áreas fundamentais
- a saúde e a preservação do emprego.
De relembrar que a primeira década
do século XXI foi marcada por um crescimento
generalizado das principais
economias africanas incluindo a Angolana,
que reflectiu taxas crescimento
elevadas nunca antes alcançadas no
período pós-independência, e não é segredo
nenhum dizer que o crescimento
verificado em África, foi influenciado
sobretudo pela alta dos preços das commodities
e pelo aquecimento da economia
mundial, e sobretudo o aumento da
procura de matérias primas do gigante
a asiático.
34 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
ECONOMIA E NEGÓCIOS
NDIAL
O Futuro das Economias Africanas
após Pandemia Mundial
O impacto violento do choque externo
causado pela pandemia da CO-
VID-19, prevalece e teima em alastrar
aos diversos sectores socioeconómicos,
porém, esta constatação não nos deverá
por de braços cruzados, devemos antes
lutar nas mais diversas esferas para
erradicar os efeitos perniciosos que
derivam desta pandemia. Nesta perspectiva,
um pouco por todo mundo, os
estados optaram pela implementação
de políticas expansionistas com o objectivo
de salvaguardar essencialmente
duas áreas fundamentais - a saúde e a
preservação do emprego.
De relembrar que a primeira década
do século XXI foi marcada por um crescimento
generalizado das principais economias
africanas incluindo a Angolana,
que reflectiu taxas crescimento elevadas
nunca antes alcançadas no período pós-
-independência, e não é segredo nenhum
dizer que o crescimento verificado em
África, foi influenciado sobretudo pela
alta dos preços das commodities e pelo
aquecimento da economia mundial, e
sobretudo o aumento da procura de matérias
primas do gigante a asiático.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 35
ECONOMIA E NEGÓCIOS
REFINARIA DE CABINDA COM
MAIS DE 900 MILHÕES DE DÓLARES
A Sonangol anunciou a
imprensa,ter tomado,com
o grupo GEMCORP,a decisão
final de investimento
para a construção da Refinaria
de Cabinda,com as
despesas situadas em 920
milhões de dólares.
A
refinaria, construída na
planície de Malembo,
30 quilômetros a Norte
da capital de Cabinda, e
o primeiro investimento
privado desta natureza
em Angola,empregando a mais recente
tecnonologia norte-americana para o
desenho, operação e desenvolvimento
da empreitada em três fases.
Prevê-se que na primeira fase,o projecto
atinja uma capacidade de processamento
de 30 mil barris de petróleo
por dia,com a empreitada a incluir a
instalação de um dessalinizador, tratamento
de querosene e infra-estruturas
auxiliares,como um sistema de ancoragem
de boia convencional, oleodutos e
armazenamento para mais de 1,2 milhões
de barris, em despesas que totalizam
cerca de 220 milhões de dólares.
A segunda e terceira fases tornam
a unidade numa refinaria de
conversão total,com uma capacida-
36 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
ECONOMIA E NEGÓCIOS
de de refinação adicional de 30 mil
barris por dia e a instalação de equipamento
como um novo reformador
catalítico,hidrotratador e unidade de
craqueamento catalítico que deverão
totalizar outros 700 milhões de dólares.
O documento afirma que a construção
formal começou em março passado,
com a limpeza e preparação total
do terreno, obras concluídas em agosto,
dando lugar a vedação do local, de
313 hectares com os itens principais
de longo prazo a serem encomendados
no início de novembro próximo.
Espera-se que a Refinaria entre em
operação no primeiro trimestre de
2022.
O projecto cria cerca de dois mil
empregos directos e indirectos para a
comunidade, além de gerar oportunidades
de negócios locais e nacionais
nas áreas da construção, engenharia,
logística,segurança e administração,
reza o comunicado que realça que uma
vez operacional, a Refinaria também
contribuirá para a segurança energética
soberana de Angola, reduzindo a
dependência na importação de produtos
refinados bem como aumentando
as exportações.
O Presidente do Conselho de Administração
da Sonangol, Sebastião
Gaspar Martins escreve no comunicado
à imprensa que “esta decisão final
de investimento representa um dos
principais objectivos estratégicos do
Governo angolano” adiantando também
que as iniciativa privada apresenta
não só um grande contributo para
o desenvolvimento socio-economico
de Angola mas também um incentivo
ao aumento do investimento directo
estrangeiro no País.”
Por seu turno,o Presidente da
GEMCORP, Atana Bostandjiev considera
que o investimento privado da
Refinaria de Cabinda demonstra o
compromisso da companhia com o desenvolvimento
de Activos estratégicos
angolanos e a capacidade de entrega
da empresa nos momentos mais desafiadores.
De recordar que a GEMCORP, um
grupo sediado em Londres, foi seleccionado
para a construção e operação
da Refinaria de Cabinda em Janeiro
deste ano, tendo subscrito um contrato
em que entra com 90 porcento do
investimento, deixando o remanescente
das despesas com a Sonangol.
Em Junho, as partes concordaram
em adicionar um oleoduto ao projecto,
elevando os custos em 30 milhões de
dólares.
CONSULTA PÚBLICA
PARA LICENÇA
AMBIENTAL
O
estudo de impacto
ambiental e social da
Refinaria de Cabinda
foi submetido a consulta
pública no final
de Outubro,na cidade de Cabinda,
num procedimento do Ministério
da Cultura, Turismo e Ambiente
que aproxima o arranque da edificação
da destiladora de hidrocarbonetos.
Depois da consulta pública,o
passo seguinte do cronograma do
projecto é a obtenção do Licenciamento
Ambiental.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 37
DOSSIER
CARREGAMENTO DE
PETRÓLEO PARA SAM PÁ PODEM
COMPROMETER MANUEL VICENTE
Dois mil milhões e trezentos mil dólares e o montante
apurado pelos serviços de investigação da PGR de um
pagamento feito pela Sonangol a favor do empresário sinobritanico
Sam Pam, o principal rosto do CIF, China Internacional
Fund, detido em Pequim pelas autoridades de
segurança da China por alegados envolvimentos em escândalos
de corrupção em Angola e na Venezuela em 2013.
Esta operação, segundo
notícia o semanário português
Expresso,terá sido
sustentada com carregamento
de petróleo,o principal
suporte das relações
que,de forma nebulosa,envolveram a
Sonangol e a Sinopec, petrolífera chinesa
trazida para Angola por Sam Pá e
parceira da empresa então liderada por
Manuel Vicente na exploração do bloco
18.
As provas da transferência foram
exibidas no pretérito dia 16 aos generais
Helder Viera Dias “Kopelipa “,
antigo chefe da Casa Militar de José
Eduardo dos Santos e Leopoldina do
Nascimento “Dino”, antigo chefe das
comunicações da presidência, pelos
investigadores da Direcção Nacional de
Investigação e Accao Penal(DNIAP) no
âmbito de um alegado crime de corrupção,
peculato, branqueamento de capitais,
burla e falsificação que os generais
são acusados.
Na apresentação de provas,o general
Dino acompanhado do seu advogado,
Sérgio Raimundo, terá reagido com
perplexidade, alegando estar completamente
alheio a operação, visto não
ter pertencido aos quadros da Sonangol.
A descoberta desta operação está
agora a dar consistência as suspeitas
levantadas pelas autoridades judiciais
angolanas sobre a utilização indevida
de recursos da Sonangol para pagamento
de serviços que na perspectiva
dos investigadores da DNIAP se afigura
fraudulenta e altamente dos interesses
do Estado.
‘Não no Banco Nacional de Angola
nenhuma prova de entrada de fundos.
As mercadorias entraram pela porta de
cavalo, não pagaram os direitos alfandegários
e andaram a construir, a seu
bel-prazer, sem nunca se terem habilitado
ao direito de superfície, como se
fosse a casa de mãe Joana”. desabafou
ao Expresso uma fonte familiar da PGR.
Consumada a transferência ,as investigações
perseguem agora o rasto
da operação, visando apurar os eventuais
beneficiários em Angola. ”Há sus-
38 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
DOSSIER
peitas de que,entre beneficiários, possa
estar muita gente poderosa ligada a
Sonangol e ao poder político de época.
disse fonte judicial que acompanha o
processo.
Perante a nuvem de suspeitas
levantadas pelas autoridades, José
Eduardo dos Santos, a partir de Barcelona,
onde se encontra a receber tratamento
médico desde o ano passado,
apressou-se a telefonar para o Presidente
João Lourenço para sair em defesa
do general Dino.
“Remeteu para Manuel Vicente
toda responsabilidade por tudo que
passou a volta dos negócios que envolveram
a presença do CIF e de Sam Pá
em Angola” - revelou ao Expresso fonte
do Palácio da Cidade Alta.
Precisando tanto de dinheiro como
quem precisa de pão para a boca, João
Lourenço lançou o isco aqueles dois
antigos e poderosos colaboradores de
Eduardo dos Santos e obteve respostas
distintas.
A indisponibilidade manifestada
pelo general Dino durante a audiência
quando foi aventada a hipótese de restituir
recursos financeiros ao Estado,
foi interpretado pelos investigadores
da DNIAP, como brincadeira de mau
gosto. ”Não percebeu que tinha uma
oportunidade de ouro para colocar
a cereja em cima do bolo, mas agora
corre o risco de ver o Estado chamar
a si,sem pagar um tostão, as suas participações
societárias na Unitel e em
outros activos” - revelou fonte da maior
operadora móvel em Angola.
Em contraste com aquela posição,o
general Kopelipa, que manteve sempre
uma relação de grande conflitualidade
com Sam Pá, opondo-se a muitas das
suas operações, manifestou-se disponível
em colaborar com as autoridades
,prontificou-se a apoiar o Estado com
fundos próprios.Ausente de Angola, o
antigo presidente da Sonangol é agora
cada vez mais apontado como o verdadeiro
detentor da “chave” que pode
ajudar a descodificar todo o emalháramos
criado a volta deste complexo
processo.
Antes de viajar para o Dubai, onde
recebe tratamento médico,Manuel
Vicente, que goza de imunidades especiais
até 2022, fez chegar a PGR um
documento destinado a esclarecer as
suas muitas zonas cinzentas. Muito
longe de convencer as autoridades, o
documento, segundo apurou o jornal
Expresso, revelou-se uma desilusão.
”Mais uma vez não abriu o jogo e,em
vez disso, remeteu-nos uma folha
cheia de nada” - confidenciou uma
fonte governamental conhecedora do
processo.
A mesma fonte acrescenta que,
recebido por diversas vezes por João
Lourenço, este sempre esperou que
Manuel Vicente tomasse a iniciativa
de avançar com esclarecimento inequívoco.
"O Presidente cansou-se e,
se e verdade que Manuel Vicente sabe
onde “foram enterrados os corpos",
não sei se agora não estará também ele
próprio, a enterrar-se-“deixou escapar
fonte do Palácio.
Ao apontar o dedo a Sonangol,em
recente entrevista ao Wall Street Journal,
pelo desvio de 14 mil milhões de
dólares durante o consulado de Manuel
Vicente, para muitos observadores, o
Presidente não poderia ter sido mais
claro na escolha do alvo.
O Expresso tentou colher uma opinião
de Manuel Vicente, mas este manifestou-se
indisponível para prestar
declarações.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 39
DOSSIER
JUSTIÇA NEGA
LIBERTAÇÃO
DE SÃO VICENTE
A
prisão recente do em
presário Carlos São Vicente,
sob acusação de
peculato e lavagem de
capitais, e a decisão da
Procuradoria Geral da
Republica (PGR)de Angola de constituir
arguidos os generais Dino e Kopelipa,
no caso que envolve a construção de
imóveis por uma companhia chinesa,
tem merecido as mais diversas reações
no País.
De facto, a Justiça e a luta do Presidente
João Lourenço contra a corrupção
no “olho do furacão”. Analistas
defendem,no entanto, que a inocência
ou a culpa das figuras suspeitas de uso
indevido dos fundos públicos terá de
ser provada em tribunal e não por via
da imprensa, como foi o caso de Irene
Neto, esposa de Carlos São Vicente e filha
do primeiro Presidente da República,
Agostinho NetoEm carta distribuída
à imprensa recentemente ,Irene Neto
acusou as autoridades políticas e judiciais
de estarem a ‘alimentar” um circo
mediatico que representam o julgamento
e a condenação na praça pública
do marido. Carlos São Vicente está
detido preventivamente por suspeita
de crimes de peculato e lavagem de capitais,
acusação que Irene Neto nega.
Um observador do caso, discorda
de Irene e argumenta que a prisão
de São Vicente e outros, mormente de
gestores públicos, reside no facto de todos
actos lesivos ao Estado terem sido
praticados com base num pressuposto
legal criado pelo próprio governo, que
visava a acumulação primitiva de capitais.
Dentre outros, está o caso dos dois
generais Dino e Kopelipa respectivamente,
que foram ouvidos pela Direccao
Nacional de Investigação e Accao
Penal (DNIAP) da Procuradoria Geral
da República (PGR), por haver fortes
indícios de terem beneficiado dos negócios
que o Estado fez com a empresa
China International Found(CIF).
Inclusivamente, os dois generais
comprometeram-se colaborar com as
autoridades judiciais e entregaram
imóveis, fábricas, supermercados e
40 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
DOSSIER
bens activos que usaram a PGR que,
entretanto, aplaudiu o gesto mas disse
que não obsta o crime que estarão julgados
pelo tribunal.
Para já, os dois generais, como medida
de coação, estão interditados de
sair de Luanda.
De recordar que a PGR apreendeu
em Luanda duas torres, com cerca de
25 andares, propriedades da empresa
chinesa, de direito angolano, China
International Fund (CIF). Os edifícios
denominados CIF Luanda One e CIF
Luanda Two, foram confiscados no
âmbito da Lei sobre o Repatriamento
Coersivo e Perda Alargada de Bens e
da Lei Reguladora das Revistas, Buscas
e Apreensões. Igualmente, mais
de mil imóveis no Zango 0 e Kilamba,
construídos com fundos públicos e que
estavam na posse de entidades particulares,
também foram apreendidos.Um
comunicado da PGR publicado na ocasião
indicou que foram apreendidos24
edifícios, duas creches, dois clubes
náuticos, três estaleiros de obra e respetivos
terrenos adjacentes,numa área
total de 114 hectares localizados na
urbanização Vida Pacífica, no distrito
urbano do Zango, município de Viana ,
na província de Luanda e 1108 imóveis
inacabados, 31 bases de construção de
edifícios,194 bases para construção
de vivendas, um estaleiro e respetivos
terrenos adjacentes numa área total de
266 hectares localizados no distrito urbano
do Kilamba, município de Belas,
na província de Luanda.
A China International Fund é propriedade
quase que total da Dayuan
International Development, parte do
chamado 88 Quenssway Group, sendo
88 Queensway a morada onde estão sediadas
as diversas empresas do grupo.
As autoridades judiciais recusaram
um pedido de libertação imediata
(Habeas Corpus) do empresário Carlos
São Vicente. Um acórdão do Tribunal
Supremo, datado de 7 de Outubro, negou
provimento ao pedido de Habeas
Corpus por “falta de fundamentos, pelo
que o empresário continuará em prisão
preventiva.
O pedido de Habeas Corpus, para
a libertação de Carlos São Vicente foi
entregue a 28 de Setembro e, a 7 de Outubro,
a defesa do empresário apresentou
ainda um requerimento, dirigido
ao Juiz Presidente do Tribunal Supremo,
a pedir a junção ao processo de
um relatório da Direcção Nacional de
Investigação e Accao Penal da PGR.
O relatório, concluído a 7 de Agosto,
foi o documento que serviu de base a
resposta da Procuradoria-Geral da República
a uma carta rogatória das autoridades
suíças, e que concluía que, até
a data, em Angola não existiam “indícios
da prática de crimes de corrupção,
branqueamento de capitais, participação
econômica em negócios e qualquer
outros crimes em conexão com factos
constantes da carta rogatória(...) pelo
inquirido, Carlos Manuel São Vicente”.
Em causa,para a defesa de Carlos
São Vicente, estava uma contradição
entre a ordem de prisão preventiva do
empresário, decretada em Setembro,
com a resposta da PGR a uma carta rogatória
Suíça em Agosto, que dizia não
constar indícios de crime por parte do
empresário, que é agora suspeito de
ter desviado dinheiro da petrolífera
para a companhia AAA, que está também
a ser investigado na Suíça por peculato
e branqueamento de capitais.
O Serviço Nacional de Recuperação
de Ativos da PGR emitiu um comunicado
a anunciar a apreensão dos edifícios
AAA, dos hotéis IU e IKA, localizados
em todo território nacional e o edifício
IRCA,na Rua Amílcar Cabral, em Luanda.
Depois dos edifícios, o Serviço Nacional
de Recuperação de Activos da
PGR anunciou a apreensão da participação
social minoritária de 49% da
AAA Activos no standard Bank Angola,
onde o empresário é (ra)administrador
não-executivo ,tendo o mesmo solicitado
suspensão das funções enquanto
durar o processo.
A PGR pediu também o congelamento
de contas e apreensão de bens
de Irene Neto, mulher do empresário.
O AAA, liderado por Carlos São Vicente
,é um dos maiores grupos empresariais
angolanos, operando na área de
seguros e da hotelaria.
De recordar que o despacho que
ordena prisão refere que Carlos São
Vicente lesou a Sonangol em 763,6 milhões
de dólares.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 41
DOSSIER
EMPRESÁRIO EUROPEU DENÚNCIA
SUBORNO DE
FUNCIONÁRIOS
DA SONANGOL
Condenado, em Agosto, a
uma pena de 24 meses de
prisão pela justiça suíça,
ensino revelou meandros
dos acordos em Angola
para conseguir contratos.
O
empresário francês
Didier Henri Keller
confessou, em julgamento,
na Suíça, o suborno
a vários gestores
da Sonangol, entre
quais os antigos administradores Sianga
Abílio e Baptista Sumbe, num total
de 6,8 milhões, entre 2005 e 2006, para
conseguir vários contratos no País
Keller foi director-geral da SBM
Offshore, empresa de origem holandesa
que, em Angola, entre outros negócios,
detém 30% da Paenal (Porto
Amboim Estaleiros Navais Lda). Foi
condenado em Agosto e confessou-se
culpado do crime de corrupção a gestores
estrangeiros.
Sianga Abílio, que, à data dos factos,
era diretor das operações e membro
do conselho de administração da
Sonangol, era considerado “influente”
na petrolífera. De acordo com as revelações
do francês, Sianga Abílio, em
2005, popular 400 mil dólares, pago
em quatro prestações de 100 mil dólares,
cada uma, em diferentes contas
bancárias, entre as quais duas na Suíça.
Em causa, estava um contrato entre
a petrolífera BP e a SBM Offshore para
a construção de um sistema de exportação
de águas profundas.
Nos seus depoimentos Keller
enunciau Sianga Abílio com “poder de
impedir a celebração e execução do
contrato relativo”. Detentor de uma
maior visibilidade devido aos cargos
que exerceu, Sianga Abílio, entretanto,
não foi quem conferiu o maior valor
dos 6,8 milhões de dólares. Esta coube
a Baptista Sumbe, então PCA e CEO da
Sonangol USA. Recebeu pouco mais de
42 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
DOSSIER
4.661 milhões de dólares para a celebração
e execução dos contratos dos
navios FPSO Kuito, SANHA e Xikomba.
Do referido valor, 1,1 milhão de dólares
terá ficado com Ruben Monteiro
Costa, então chefe do departamento
de instalações da petrolífera pelo mesmo
negócio.
Por sua vez, Manuel Jesus Sardinha
de Sousa, à data dos factos responsável
de produção da Sonangol,
beneficiou de 600 mil dólares, pagos
em cinco prestações, para decidir a
favor da empresa em dois negócios,
um dos quais o mesmo em que estava
anterior Sianga Abílio e um segundo
relacionado com um contrato relativo
à construção e arrendamento para a
petrolífera Exxon Mobil de dois navios
FPSO no campo petrolífero Kizomba.
No entanto, além dos 6,8 milhões
de dólares denunciados no julgamento,
diversas investigações internacionais
fazem referência a valores muito
superiores que foram usados ??pela
SBM Offshore para subornar em Angola.
Segundo a sentença, os beneficiários
recebidos os valores através de
empresas com ligações como são os
casos da Mardrill (Baptista Sumbe)
e a Demógrafos África Lda (Sianga
Abílio). Também utilizaram contas de
familiares, como são os casos de Cristina
Santa Rodrigues Coelho de Sousa
(esposa de Manuel Jesus Sardinha de
Sousa) e Rosa Nuda de Lemos José
Maria Sumbe (esposa de Baptista
Muhongo Sumbe).
Didier Keller foi condenado a
pena de 24 meses de prisão, convertidos
em três anos de prisão de pena
suspensa. Foi ainda condenado a pagar
uma indemnização de 480,2 mil
dólares.
SBM distribuiu muito mais
milhões - Além dos 6,8 milhões de
dólares distribuídos entre 2005 e
2006, um fabricante holandesa de
equipamentos de perfuração offsho-
re de petróleo contínuo, entretanto,
a distribuir valores ilícitos aos seus
parceiros, de acordo com dados considerados
no julgamento. A acusação
faz referência, por exemplo, que, “em
Novembro de 2014, após investigação
interna e auto-denúncia, a SBM
Offshore” admitiu ao Ministério Público
da Holanda que, entre 2007 e
2011, pagou 240 milhões de dólares
em actos de corrupção de funcionários
públicos estrangeiros, particularmente
em Angola. Já em Novembro
de 2017, a subsidiária americana
SBM Offshore celebrou um acordo
com as autoridades judiciais norte-
-americanas, admitindo pagar 238
milhões de dólares por corrupção
a funcionários públicos angolanos
entre 1996 e 2012.Condenado, em
Agosto, a uma pena de 24 meses de
prisão pela justiça suíça, ensino revelou
meandros dos acordos em Angola
para conseguir contratos.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 43
DOSSIER
DINO E KOPELIPA
NA JUSTIÇA ANGOLANA
Os generais Kopelipa e
Dino,os poderosos no
consulado de Eduardo
dos Santos procederam a
entrega, a PGR,no dia 17
de Outubro, de bens de empresas constituídas
com fundos públicos. Segundo
um comunicado da PGR, os dois generais,
como representantes da empresa
China International Fund, Lda (CIF) e
Cochabamba SÁ, entregaram os bens
das fábricas de cimento(CIF Cement)’,
de montagem de veículos automoveis
(CIF SGS Automóveis), de cerveja (CIF
Lowenda Cervejas) e a CIF Logística,
incluindo todos os equipamentos e máquinas.
Helder Vieira Dias Kopelipa e Leopoldino
do Nascimento Dino entregaram,
igualmente, a totalidade das ações
que detinham na empresa Biocom-
-Companhia de Bioenergia de Angola,
Lda, através da Cochabamba SÁ,a rede
de supermercados Kero, através da cedência
de 90 porcento das participações
sociais do Grupo Zahara Comércio
SÃ e a empresa Damer Gráfica SÃ.
Os representantes da empresa CIF
fizeram também a transferência da titularidade
para a esfera patrimonial
do Estado dos bens apreendidos pelo
Serviço Nacional de Recuperação de
Activos (SNRA)da PGR,nos dias 11 e
17 de Fevereiro, nomeadamente 24
edificios, três creches,dois clubes náuticos
e quatro estaleiros, na Centralidade
do Zango Zero, também conhecida
por Vila Pacífica. Na Centralidade
do Kilamba KK 5800, foram apreendidos
271 edificios e 837 vivendas, em
diferentes níveis de construção e, na
cidade de Luanda, os edifícios CIF One
e CIF Two, incluindo todos os seus
equipamentos, bem como móveis localizados
na Avenida 1. Congresso do
MPLA, no distrito urbano da Ingombota.
A PGR esclarece que doravante todos
os bens atrás referidos passam a
integrar, de forma definitiva, a esfera
patrimonial do Estado,sublinhando
que esta transferência não obsta o
prosseguimento do processo crime
contra os dois generais.
44 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 45
CULTURA
COVID-19 OBRIGA A
CRIATIVIDADE NO
MUNDO DAS ARTES
O artista plástico angolano
Álvaro Macieira destaca à
necessidade de os criadores
angolanos apostarem
na criatividade para contornar
os efeitos causados
pela pandemia da Covid-19
Em entrevista à
Figuras&Negócios Álvaro
Macieira faz uma abordagem
sobre a actualidade do
mundo das artes.
O artista avança que o
paradigma da sua inspiração
pictórica é a poesia, a
filosofia dos provérbios,
os contos, as histórias que
ouviu na sua infância rural,
o contacto com as artes e
as tradições africanas, as
viagens, os museus que
tem visitado pelo mundo e
os lugares e sítios de memória.
Textos: Venceslau Mateus
Fotos: Arquivo NET
Figuras&Negócios (F&N):
Álvaro Macieira, como é
fazer cultura em tempo
de Covid-19?
Álvaro Macieira
(AM)- A nossa economia,
de modo geral, esta em crise. Esse é
um problema que afecta grande parte
da humanidade, em luta pela sobrevivência,
perante um quadro tão duro e
dramático agravado com a pandemia
actual, que nos prejudica a todos. Os resultados
sociais, económicos e financeiros
da nossa vida artística e cultural em
Angola já vinha sendo difícil de suportar
nos últimos sete anos . Agora, essa
situação agravou-se, de tal forma, que
os resultados dramáticos são visíveis.
Estamos a viver momentos muito
duros, cujas consequências serão igualmente
difíceis de superar a curto prazo.
Teremos um futuro sombrio na Cultura,
e sobretudo entre os fazedores da arte,
em geral, e em todas as dimensões, se
não existir, para todos, uma política
concreta de gestão desta crise, cujos
contornos e resultados são, ou serão,
dramáticos e assustadores.
A crise pretende tirar-nos a alegria
. Nós, artistas, cultuamos a alegria.
Esse é o nosso papel e a nossa missão:
insuflar esperança, palavras de encorajamento,
poesia, literatura, luzes, cores
e formas tridimensionais, dança e música.
A crise pode trazer-nos a incerteza,
a falta de recursos para comprar
os remédios, a fome a afectar as nossas
crianças ou mesmo a indigência. É
preciso fazer alguma coisa para ultrapassar
estes momentos, com mais solidariedade,
inteligência e criatividade
para melhor distribuição dos poucos
recursos financeiros. Temos que ir ao
encontro das necessidades vitais do
artista e não deixar que as notícias tristes
nos roubem a pouca alegria que nos
resta. Esta é a verdadeira e inadiável
hora de se abrir "os cordões à bolsa"
para nos acudirem, como diz a sabedoria
popular.
F&N: Que futuro perspectiva
para a cultura angolana, de uma forma
geral, face ao actual cenário?
AM- Esta é a hora de resolver os
problemas, porque as necessidades
humanas, que não podem esperar,
clamam em cada um de nós. É hora
de agir, porque há fome. Então será a
hora para abrir o celeiro e distribuir
o trigo. Mas se não providenciamos? Se
não foi possível guardar nada, quando
46 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
CULTURA
ral, face ao actual cenário?
AM- "Primeiro é o pão, para se
comer ". Depois é a arte. Foi o Bonga
que cantou esse pensamento. Os mais
velhos disseram, na sua ancestral sabedoria:
Um saco vazio não fica de pé.
O nosso saudoso primeiro presidente
Agostinho Neto poetizou e ensinou,
dentre outras coisas, que devemos
criar, criar amor com os olhos secos.
Devemos ter esperança e trabalhar
no futuro sem perder o norte, o prumo,
a orientação de onde nos vem a
sapiência, para melhorarmos e apoiamos
o desempenho e a argúcia da
nossa juventude nas artes. Os jovens
artistas precisam de ser apoiados. Mas
apoiados mesmo!...Não explorados, por
aqueles que encontram no seu labor
inicial, escassez de materiais e oporhavia
bonança? o que vamos fazer agora?
Interrogo-me eu próprio. Temos que
estar atentos ao que se passa com cada
um dos nossos colegas da arte e saber
do grau de ajuda que cada um de nós
pode precisar
F&N: Os criadores angolanos
estão em condições de aguentar os
efeitos provocados pela pandemia da
Covid-19?
AM- Temos que compreender que
se há crise económica nacional e internacional
e penúria financeira, para todos,
sem distinção, teremos que encontrar
soluções rápidas. Com o petróleo
existia a bonança, que hoje quase nos
tira a esperança.
Vivemos uma incomensurável penúria
financeira agravada com o deságio,
que corroeu em poucos anos as nossas
parcas poupanças.
E agora instalou-se a pandemia que
nos amedronta e nos impede de trabalhar
e produzir lives e alegres, estudar e
viajar, ir ao cinema, ao teatro, ao futebol,
aos espectáculos musicais e de danças,
enfim, as exposições de arte e de pintura.
Tudo se agravou. Essa é uma das
consequências da nossa própria visão.
Ou da nossa capacidade de prover e prever,
o que seria o nosso futuro. Ao longo
dos anos vivemos alegremente embalados
no baloiço confortável do petróleo.
Agora temos que aprender com os nossos
próprios erros e encontrar novas
fórmulas e formas de produzir alimentos
e riqueza. E sobreviver.
F&N: Que futuro perspectiva para
a cultura angolana, de uma forma ge-
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 47
CULTURA
tunidade, e até fragilidades e muitas
vezes mesmo, ingenuidade, própria
do percurso de cada adolescente ou jovem,
uma forma de lucrar facilmente
com o resultado do seu talento.
Auguro que esses jovens talentos
da actualidade, os que estão a sair das
escolas de arte, ou mesmo das oficinas
dos consagrados e mestres, esses artistas
que começam hoje o esforço e o
labor para concretizarem os seus sonhos,
se organizem convenientemente.
Assim, não viverão as mesmas crises,
as dificuldades e consequências que
nós os artistas mais antigos, de todas
as áreas da vida cultural nacional, vivemos
nos dias penosos, que transcorrem
ferozes e velozes.
F&N: As artes plásticas em Angola:
presente e futuro. Que analise
faz?
AM- Como se pode constatar, o
Nota Biográfica
Álvaro Macieira é jornalista,
escritor, artista plástico
e consultor cultural.
Nasceu a 13 de Maio de
1958, na vila de Sanza-Pombo, Município
do Pombo, na Província do
Uíge, Norte de Angola.
Foi Editor de Cultura na ANGOP.
Colaborou para a Rádio Nacional de
Angola, TPA - Televisão Pública de
Angola e Tribuna Cultural da BBC -
Londres, em Língua Portuguesa.
É membro da UEA - União dos Escritores
Angolanos e da UNAP - União
Nacional de Artistas Plásticos.
Publicou três livros:
“Castro Soromenho: Cinco Depoimentos”,
“Cantos de Amor” e Séculos
de Amor"
mercado cultural das artes está parado.
Vai levar tempo para se reerguer. Só
depois da pandemia passar. Acho que
é melhor deixar as artes e ir cultivar
qualquer coisa para sobreviver.
F&N: Aonde busca, nesta altura,
o material para o seu trabalho diário?
AM- Importava os materiais para a
arte sobretudo da Alemanha. As trocas
comercias estão paradas. A arte não é
prioridade. Antes da pandemia chegar,
íamos viajando para comprar os materiais.
Mesmo assim, faltavam-nos as
divisas. Na realidade, tudo para pintar
desde tintas, pincéis, telas, espátulas e
canetas, mesmo o papel, é importado.
Vamos levar tempo para nos reerguermos
das cinzas, tal como uma Fénix. Temos
esperanças num futuro melhor. É o
que nos resta.
F&N: O que o motiva diariamente.
Qual tem sido a fonte de inspiração
para o seu trabalho no mundo
das artes plásticas?
AM- As minhas fontes de inspiração,
para além do quotidiano, são a
poesia, a literatura oral e escrita, as lendas,
os contos, os provérbios, que são
prenhes de filosofia e de conhecimentos
extraordinários. Outras fontes de
inspiração: a arqueologia, as máscaras
antigas, as esculturas e as danças tradicionais,
a música, o meio geográfico, a
flora, a fauna, a visita aos museus e aos
lugares de memória. A própria pintura
antiga e contemporânea.
F&N: O que representa para si as
artes plásticas?
AM- As artes plásticas são para
mim, ou melhor "a pintura é o oásis de
todos os desertos". Porque? Porque ela
48 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
CULTURA
serve para divulgar o que de melhor
existe em nós, a alma do artista. A expressão
de pura alegria, de viver. Gosto
de pintar a esperança, a capacidade de
sobrevivência, a natureza, os nossos
mitos e as expressões únicas das tradições
angolanas e africanas.
F&N: Que análise faz, actualmente,
sobre o mundo das artes plásticas
angolanas?
AM- Para responder a essa pergunta
socorro-me de uma das frases mais
bonitas e poéticas que conheço de um
estadista africano de quem me lembro
muitas vezes. O presidente Samora Machel,
de Moçambique, definiu: " a Cultura
é o Sol que nunca desce". Por isso
o meu apelo: não deixem que esse sol
ardente de Angola se estinga, isto é: a
nossa Cultura e as estrelas que fazem
com que esse astro continue a irradiar
alegria e luz.
F&N: Expõe no Camões "Síntese-
Um Artista, Múltiplas Linguagens". O
que traz a público com esta exposição
e como se sente o artista sem a
possibilidade de manter um contacto
direito com o público?
AM- Trago quarenta obras, uma
selecção criteriosa de formas, cores e
técnicas que desenvolvi nestes últimos
vinte anos de actividade pictórica e cultural.
Esta exposição de pintura, com o
título "Síntese - um artista, múltiplas
linguagens", que decorrerá aqui no
Centro Cultural Camões, na Embaixada
de Portugal, até meados do mês de Setembro
de 2020, acontece para, exactamente,
suplantar o medo que tenta
apodera-se de nós.
Esta é uma exposição que estava
preparada logo no início deste ano
para ser inaugurada em Março, mas só
foi possível agora devido à propagação
mundial desta pandemia, que nos afecta
a todos.
Nestes cerca de seis meses, a Embaixada
de Portugal e o Centro Cultural
Camões de Luanda encontraram as
melhores formas de segurança e aperfeiçoaram
as formas tecnológicas de
divulgação.
PROJECTOS E EXPOSIÇÕES
“
África Mitológica”, onde o artista pesquisou as mitologias angolanas
e africanas, tendo realizado a sua primeira exposição no Instituto
Camões de Luanda
“ Terra Una” e Signos da Terra”, duas exposições e projectos que se
realizaram no Salão Internacional de Exposições do Museu de História
Natural, em Luanda, sustentando a ideia da unidade nacional
“Catanas da Paz”, instalação e exposição de pintura realizada em 2002,
simbolizando o primeiro 4 de Fevereiro (data do início da luta de libertação
nacional) vivido pelos angolanos, em paz e concórdia
“ Terra Azul”, exposição de pintura realizada em 2003 no átrio da sede do BPC
- Banco de Poupança e Crédito, em Luanda. As telas estão todas distribuídas
pelas dependências do Banco em todo o país
“Luanda, Kianda - Cores da Terra”, em 2009, patrocinada pela Sonangol e
realizada no seu novo edifício-sede na capital angolana, em homenagem à
cidade capital de Angol
Mabo-Meto, exposição itinerante com o pintor alemão Horst Poppe, falecido
há dois anos
África Yeto Kwuia, exposição em Luanda, 2010. Instituto Camões
Angola - Muxima Uami, - Angola, meu coracção... Exposição no Instituto
Camões, em Luanda, de 01 a 15 em Outubro de 2013
Angola – Ngassaqkidila - Exposição de Pintura no Memorial Agostinho Neto,
2016
ArtefactoParilhados. Exposição de pintura e instalação – Camões Centro
Cultural Português de Luanda. Com Paulo Amaral em Homenagem a Horst
Poppe. De 29 de Janeiro a 19 de Fevereiro 2016
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 49
CULTURA
Ligada ao show bizz em
Angola há mais de 20 anos,
por meio da promotora Step
Models, Karina Barbosa faz
uma abordagem sobre o
mundo do espectáculo em
época de Convid-19 e aponta
caminhos.
Sete meses depois da suspensão
das actividades artísticas
culturais face aos primeiros
dois casos registados no país,
o Governo mudou as regras
e determinou a reabertura
das salas, no entanto, Karina
Barbosa avança, em entrevista
à Figuras&Negócios ser
necessário a estruturação e
implementação de um pacote
financeiro para que se possa
reerguer o sector
COVID-19 DEIXOU DE
RASTOS SHOW BIZZ ANGOLA
50 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
CULTURA
Figuras&Negócios (F&N):
Como encara a reabertura
das salas de espectáculos,
depois de
7 meses parados, e que
perspectivas se abrem
para os actores culturais?
Karina Barbosa (KB)- Bom, qualquer
medida é melhor do que medida
alguma... O nosso sector está paralisado
7 meses, portanto deve imaginar que
tem sido um ano bastante atípico e com
desafios enormes para mantermos as
nossas empresas, estando impedidos
de trabalhar... Por mais que as empresas
tenham um fundo de emergência,
7 meses sem facturar, e com todos os
custos fixos com funcionários, rendas
de instalações, impostos, despesas de
manutenção, internet, etc, etc é muito
duro para qualquer negócio!
F&N- Compensa ou nem por isso?
Fundamente, por favor.
KB- Cinquenta por cento da capacidade
seria bom, o problema é que tem
um limite máximo de 150 pessoas... Para
se fazer um evento há imensos custos de
produção, e com apenas 150 lugares para
se venderem bilhetes o custo do show
fica muito caro para o cliente! Imagine
que a produção do evento custa 10 milhões
de kwanzas, para uma sala de apenas
150 pessoas cada bilhete irá custar
aproximadamente 66.666 Kz, e este valor
por pessoa é muito elevado. Já o seria
nos anos anteriores, pior este ano com
esta aguda crise económico-financeira
que o país atravessa aliada à constante
desvalorização da moeda e à elevada taxa
de despedimentos e desemprego... Esta é
uma equação bastante difícil!
F&N- Acha que, por exemplo, com
50 % de lotação, os gastos de produção
possam vir a ser maior do que as
receitas?
KB- Obviamente que sim. 150 pessoas
de público é muito pouco a um valor
de bilheteira razoável que o público possa
pagar.
F&N- Qual seria a solução?
KB- Os eventos serem a 50% da capacidade
das salas como está a ser feito
nos outros países da Europa, América,
etc... Com distanciamento de 1 cadeira
entre as pessoas sim, com entrada faseada
por filas e todas as demais medidas de
bio-segurança.
A solução passa também pelo Governo
estruturar e implementar uma injecção
financeira ao sector para que ele se
possa reerguer tendo um fundo de maneio
para reiniciar as actividades, depois
de 7 meses paralisado durante os quais
esgotou os seus recursos de emergência
e quem sabe teve que recorrer empréstimos
para sobreviver.
“
Eu amo produzir
eventos e trabalhar com e
para o público, e é triste estarmos
impedidos de trabalhar
no que amamos
“
F&N- Como estão preparados para
voltar a entreter o público, sem deixar
de cumprir com as normas impostas?
KB- Estamos super preparados. Criar
as condições de bio-segurança é a parte
mais fácil. Difícil é superar esta aguda
crise financeira, as enormes quebras de
facturação que as empresas que normalmente
patrocinam eventos também sofreram
este ano e que condicionam o seu
apoio aos eventos e o público que está
com o poder de compra cada vez menor
devido à desvalorização da moeda, aumento
do custo de vida, despedimentos
e desemprego.
F&N- Qual é, nesta altura, a realidade
das empresas do sector do entretenimento?
KB- Este ano foi um grande desafio.
Felizmente eu em particular tenho outros
negócios e fontes de rendimento,
mas há projectos e eventos como shows,
galas e teatro que tive que parar porque
ficámos todos de mãos amarradas. A
peça que fiz dia 8 de Março, “Elas não
precisam de Homens?” que foi um enorme
êxito e que tinha já uma tour agendada
incluindo datas em Moçambique e
Portugal ficou sem efeito, o Moda Luanda
foi obrigado a reformular-se para
formato televisivo sem público, perdendo-se
partes importantes da experiência
que é o mesmo como a emoção
das entregas dos Troféus, a red carpet,
a imprensa, as celebridades e fashionistas
que anualmente marcam presença
no Moda Luanda, enfim... Tinha também
várias palestras aliadas ao lançamento
do meu livro “BOSSLady- step by step:
6 Passos Para Conquistares Sucesso e
Liberdade” que não se puderam realizar
com muita pena minha, e que poderiam
ajudar e impactar centenas de pessoas...
Eu amo produzir eventos e trabalhar
com e para o público, e é triste estarmos
impedidos de trabalhar no que
amamos. E muito triste foi também ver
tantos artistas, prestadores e serviços,
empresas de estruturas, palco, luz, som,
leds, modelos, protocolos, seguranças,
DJs, barmen, empresas de catering, de
decoração, de geradores, e tantas outras
empresas e profissionais sem trabalho,
sem cachets, sem agenda e a lutarem
para sobreviver... Muitos colegas com
as empresas falidas, outros forçados a
vender equipamentos para realizar liquidez,
os cantores em casa sem shows,
e muitos outros profissionais a abandonarem
o país porque não aguentaram
este forte embate e ficaram sem condições
de assegurar o pagamento das suas
contas e necessidades essenciais como
habitação, escola dos filhos e alimentação.
É lamentável vermos os sonhos das
pessoas a morrer e vê-las perder o que
levaram anos e até décadas a construir!
F&N- Há empresas falidas ou em
vias de decretar falência?
KB- Muitas!!! não só de eventos
como dos colegas da publicidade, aluguer
de estruturas, empresas de luz,
som e leds, empresas de segurança, discotecas
e bares, empresas de catering...
muito triste.
F&N- Quantos profissionais do
sector terão sido despedidos, por
causa dos constrangimentos da Covid-19
em Angola?
KB- Largas centenas com toda a certeza!!!
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 51
CULTURA
BONGA:
A ESTRELA CINTILANTE
DA MÚSICA ANGOLANA
Com 78 anos de vida, 48 dos quais ligado a música, Bonga
Kuenda tem sido o principal embaixador da música angolana,
particularmente do estilo semba.
Textos: Venceslau Mateus
Fotos: Arquivo NET
Bonga, da geração dos
resistentes da sociocultura
musical angolana,
é um nome que traduz
um homem talentoso,
incansável e com uma
trajetória de vida digna de uma sequela
cinematográfica.
Com uma personalidade impar e
uma vitalidade criativa de fazer inveja
aos “candengues”, é um homem imparável
no palco, cativando todos os que
assistem aos seus espectáculos, com
um “arranhar” que caracteriza uma voz
poderosa que é imediatamente identificável.
Autor de relíquias musicais, onde
se destacam "Água Rara", "Kisselenguenha",
"Mona", "Diacandumba", "Camboborinho",
"Kuamakove", "Marimbondo",
"Homem do Saco", Odjo Maguado",
"Mukanje", "Frutas de Vontade", "Kanbua",
"Kabolobolo", "Mariquinha" e
"Sambila", que fazem do semba a bandeira
de Angola e referência de grandes
estrelas de cultura mundial, entre os
quais o norte-americano Will Smith,
Bonga é um nome que impõe respeito
no que a música angolana diz respeito.
Terceiro filho de uma família composta
por mais nove irmãos e com 32
álbuns gravados, Bonga tornou-se, ao
longo da sua carreira, num dos principais
divulgadores da imagem de Angola,
da vivência de Angola, da cultura e
dos musseques de Luanda.
52 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
CULTURA
Defensor da angolanidade, Bonga
Kuenda é referência para a nova geração,
mostrando-se sempre disponível
para dar um pouco de si em prol da cultura
angolana, ajudando e incentivando
os jovens para carreiras sólidas e com
os pés bem assentes no chão.
Bonga teve entrada fulgurante no
meio musical internacional, com vários
espectáculos, reedições, vídeos, discos
de ouro e platina, menções honrosas e
diversos prémios
Solicitado ainda hoje como no passado,
pisou vários palcos de prestígio
internacional, tais como De Doelen Rotterdam,
Olympia de Paris, Apollo Harlem
em Nova Iorque, Coliseu e Casino
Estoril em Lisboa.
Bonga tem o dom de cativar as várias
faixas etárias com o seu talento, e
a prova disso são as lotações esgotadas
em todos os seus espectáculos, que são
a autentica festa de reencontros do
multicolor lusófono, e não só.
No desporto - Bonga sempre se
sentiu atraído pelo atletismo. Tudo começou
ainda muito jovem quando revelou
perante os seus amigos do bairro
ser o mais rápido nas corridas e nas
fugas. Depois começou oficialmente a
correr no São Paulo do Bairro Operário,
rotulado pejorativamente como o "club
dos pretos". Ingressou no Clube Atlético
de Luanda.
Em 1966, com 23 anos de idade, depois
de ter alcançado os maiores títulos
de Angola em 100, 200, e 400m, a sua
entrada em Portugal dá-se aquando de
um convite do Sport Lisboa e Benfica,
que se deveu às suas múltiplas vitórias
nos campeonatos em Angola. O objectivo
deste convite é a prática semi-profissional
de atletismo. É entre 1966 e
1972 que Bonga atinge por sete vezes o
estatuto de campeão e permanente recordista
de atletismo: onze internacionalizações
nos 400 metros, nos 200 e
400 metros na taça da Europa de 1967,
nove nos 4 x 400 metros e seis nos 200
metros, além de várias vitórias em torneios,
tal como o prémio de Viseu em
1968 (400 metros), o Torneio Toddy
em 1969 (100 metros), o II Grande Prémio
das Festas de Santo António.
Carreira musical - Em 1972, na
Holanda lança o seu primeiro álbum
"Angola 72", onde canta a revolução e
o amor à pátria. É por esta altura que
Barceló de Carvalho passa a chamar-
-se Bonga Kuenda. Adopta um nome
africano que significa "aquele que vê,
aquele que está à frente e em constante
movimento".
Bonga actua pela primeira vez nos
Estados Unidos, em 1973, aquando da
celebração da independência da Guiné-
-Bissau, integrado num espectáculo
de homenagem à cultura lusófona. Em
Abril de 1974 Bonga lança "Angola 74".
Nos anos 80 torna-se no primeiro
artista africano a actuar a solo, dois
dias consecutivos no Coliseu dos Recreios
(Lisboa), símbolo da música portuguesa,
é o primeiro africano Disco de
Ouro e de Platina em Portugal.
O seu sucesso estende-se para lá
das fronteiras lusófonas e Bonga actua
no Apolo em Harlem, no S.O.B. de Nova
Iorque; no Olympia de Paris, na Suíça,
no Canadá, nas Antilhas e em Macau. O
seu sucesso é resultado de um trabalho
árduo, intensivo e metódico e de uma
imaginação criativa que caracteriza
toda a sua carreira.
A marca Bonga - Bonga cria uma
fusão entre a sua pessoa e a música de
Angola, tornando-as indissociáveis e
tendo como maior estandarte, o Semba,
um ritmo tradicional angolano correspondente
ao samba brasileiro, mas
precursor deste.
Bonga também interpretou géneros
musicais cabo-verdianos, sendo
responsável pela roupagem da coladeira
“Sodade” para uma morna, 18 anos
antes de Cesária Évora a tornar mundialmente
famosa.
Prémios - Bonga recebeu inúmeros
prémios de popularidade e homenagens
relativamente à sua obra, onde
conta com distinções várias, medalhas
e discos de ouro e de platina.
Tem manifestado inúmeras vezes
a sua solidariedade e altruísmo dando
concertos de beneficência para instituições
como a MRAR, a Amnistia Internacional,
FAO, ONU e UNICEF.
Para além disso tem participado em
CDs como por exemplo "Em Português
Vos Amamos" dedicado a Timor, "Paz
em Angola" ou ainda "Todos Diferentes,
Todos Iguais", um marco na luta contra
o racismo.
Tem mais de 300 composições da
sua autoria, 32 álbuns, 6 video-clips, 7
bandas sonoras de filmes, e álbuns com
inúmeras reedições em todo mundo.
Os seus temas têm sido interpretados
por ilustres artistas, entre os quais
Martinho da Vila, Alcione e Elsa Soares,
Mimi Lorca (França), Bovic Bondo Gala
(República Democrática do Congo), Heltor
Numa Morais (Uruguai) e muitos artistas
angolanos da nova vaga.
PERFIL
BONGA KUENDA
José Adelino Barceló de Carvalho
nasceu em, 1942, em Quipiri,
na província do Bengo, a
norte de Luanda, em Angola.
A família tratava-o carinhosamente
por Zeca. A sua infância foi passada
em bairros como os Coqueiros,
Imgombotas, Bairro Operário, Rangel,
e no Marçal. Aí vive-se um ambiente
intimista de preservação das
músicas e tradições angolanas, marginalizadas
pela dominação colonialista
presente na época.
O folclore dos musseques (bairros
pobres) cedo fascinou o pequeno
Zeca e por isso começou a frequentar
e a participar das turmas
dos bairros típicos de Angola, onde
iniciou a sua actividade musical. Foi
no bairro do Marçal onde fundou o
grupo Kissueia.
Bonga resolve criar o seu próprio
estilo musical, afirmando a
especificidade da cultura angolana,
numa época muito conturbada.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 53
CULTURA
FRANCISCO NETO
CONQUISTA PRÉMIO
SAGRADA ESPERANÇA
Com a obra "A Festa dos
Porcos", o escritor Francisco
Agostinho Dias
Neto foi distinguido, nesta
terça-feira, com o Prémio
Literário Sagrada Esperança,
edição 2018, numa promoção
do Instituto Nacional das Indústrias
Culturais e Criativas do Ministério da
Cultura, Turismo e Ambiente e a Fundação
Dr. António Agostinho Neto.
Como prémio tem direito a nove
milhões, 51 mil e 150 kwanzas e a edição
e publicação da obra.
A obra, com 200 páginas, constitui
uma ficção histórico-narrativa cativante
e lúdica, retratando a era colonial
em Angola com as suas humilhações e
injustiças, e por outro as tradições e as
crenças dos nativos.
A obra traz à tona assuntos que
deveriam ser estudados pelos historiadores
para o conhecimento geral, sobretudo
das gerações mais novas, não
pretendendo alimentar o ódio, mas faz
convicto de que é importante conhecer
o passado para se valorizar o presente
e melhor projectar o futuro.
O prémio Sagrada Esperança é organizado
em parceria pela Fundação
Dr. António Agostinho Neto e o Banco
Caixa Angola, que patrocina a iniciativa.
Constitui uma homenagem ao poeta
António Agostinho Neto e é dirigido
a autores angolanos, com ou sem obras
publicadas.
A iniciativa visa promover o enriquecimento
do universo simbólico e
do imaginário da língua portuguesa,
através do discurso literário, incentivar
a criação literária entre os autores
nacionais, bem como assegurar o surgimento
habitual e alargado de novas
obras editadas.
De periodicidade anual, o concurso
visa incentivar a criação literária entre
os autores nacionais e o surgimento de
mais obras editadas.
Criado em 1980 pelo Instituto Nacional
do Livro e do Disco (INALD),
agora convertido em Instituto Nacional
das Indústrias Culturais (INIC), o Prémio
foi ganho pela primeira vez pelo
escritor Manuel Rui, com “Quem Me
Dera Ser Onda”.
FUNDAÇÃO AGOSTINHO NETO LANÇA OBRAS LITERÁRIAS
As obras literárias intituladas
"Influências
do Neo-Realismo e da
Negritude na Poesia
de Agostinho Neto" e
"Farrapos de Memórias", dos autores
Akiz Neto e Antero Abreu, foram
lançadas no mercado pela Fundação
António Agostinho Neto.
O primeiro trata-se de um livro
de 147 páginas, onde o autor compila
diferentes poemas do primeiro
Presidente de Angola, que, na sua
opinião, deixam claro a existência de
uma fertilidade do escrito de várias
temáticas.
A obra mantém a originalidade da
maioria dos temas e comentários, tendo
sido apenas revista a questão da
linguagem e do enquadramento das
ideias, com vista a situar melhor a percepção
do conteúdo aos leitores.
Influências do Neo-Realismo e da
Negritude na Poesia de Neto tem uma
tiragem de 80 exemplares e está a ser
comercializado a quatro mil kwanzas.
Akiz Neto é mestre em língua portuguesa
e membro da União dos Escritores
Angolanos (UEA), tem, entre outras,
obras publicadas em poesia como
“Crivo do meu sonho”, “Trajectória da
Serpente”, “Cócegas e Despertar”, “ Horoscópio
de Fragmentação”.
Já a obra “Farrapos de Memória”
traduz-se na compilação de históricos
deixados por Antero Abreu (falecido)
editada pela Fundação Agostinho
Neto, de 112 páginas, e custa
igualmente quatro mil kwanzas.
Natural de Luanda, Antero Abreu
foi membro fundador da União dos
Escritores Angolanos em 1975 e
morreu a 15 de Março de 2017.
No âmbito do Dia do Herói Nacional,
a assinalar-se a 17 deste mês,
estão previstas várias actividades de
carácter sócio-cultural.
54 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
CULTURA
HONÓRIO QUIMBUARI VENCE
PRÉMIO IMPRENSA NACIONAL DE LITERATURA
O
angolano Honório Quimbuari venceu o
prémio Imprensa Nacional de Literatura,
com a obra "os heróis que não sabiam
voar".
O trabalho de Honório Quimbuari convenceu
o corpo de jurados liderado pelo académico Manuel
Muanza, num total de 70 obras concorrentes.
O aspirante a escritor foi contemplado com AKZ
1.000.000.00 e a publicação da obra laureada.
Os critérios para participar no Prémio Imprensa Nacional
de Literatura, que vai na sua 2ª edição, é que as
obras devem ser inéditas e com elevada qualidade em
termos literários nos domínios do conto, romance, poesia
e drama, escritas em língua portuguesa.
Podem também concorrer para o prémio os cidadãos
estrangeiros residentes em Angola há mais de três anos.
A 1ª edição, realizada em 2019, não contemplou nenhum
vencedor e nem menção honrosa, por os trabalhos
dos concorrentes não apresentarem os requisitos exigidos
pela organização.
O Prémio Imprensa Nacional de Literatura tem como
objectivo estimular a escrita, a criação literária e os hábitos
de leitura, valorizar o talento nacional, descobrir
e promover novos e desconhecidos autores no mercado
literário angolano e divulgar a sua obra.
O concurso foi lançado em 2019, por ocasião dos 174
anos da Imprensa Nacional – EP, que se comemoram a
13 de Setembro.
SALAS DE CINEMA
REABREM AO PÚBLICO
Seis meses depois do encerramento
forçado, devido à
pandemia da Covid-19, o Cinemax
reabriu as 23 salas ao
público, com rígidas medidas
de biossegurança.
Trata-se das salas do Kilamba, Talatona
e Nova Vida, que integram os seis
"Multiplexes de Cinemas", distribuídos
pelas províncias de Luanda, Benguela,
Huíla e Huambo.
Para marcar a reabertura das salas,
neste primeiro dia, a gestão levou
os jornalistas a uma visita guiada, para
aferir as condições criadas no âmbito
da prevenção e combate à pandemia.
Com capacidade de aproximadamente
150 lugares cada, as salas só deverão
albergar até 75 pessoas, em cumprimento
das regras do novo Decreto
Presidencial sobre a Situação de Calamidade
Pública, em vigor há dois dias.
Apesar das rígidas medidas impostas,
os usuários manifestam-se satisfeitos
com a reabertura das salas de
cinema.
Face ao novo contexto, a gestão do
espaço reforçou a limpeza das áreas
comuns, desinfestação das salas antes
de cada sessão e monitorização permanente
dos sistemas de ventilação e a
qualidade de renovação do ar.
Ao público é ainda disponibilizado
álcool em gel à entrada, sinalização nas
entradas e saídas nos diferenciados
acessos e uso obrigatório de máscara
pelos colaboradores e clientes.
No tocante ao distanciamento físico
e ao número de utentes das salas, apenas
estão disponibilizados lugares em
filas alternadas.
Existe espaçamento lateral de uma
em uma cadeira, com a ocupação a menos
de 50 por cento da lotação máxima
de cada sala.
Ainda no quadro das medidas de
biossegurança, foi reduzido o número
de sessões diárias por cada sala, de cinco
para três sessões, e o aumento de 30
minutos para uma hora deste o início
entre as mesmas, para facilitar a limpeza
e adequada higienização das salas.
As compras de bilhetes e produtos
podem ser feitas presencialmente com
respeito as novas regras e online pelo
site http://www.bilheteira.cinemax.
co.ao.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 55
DESPORTO
COMEÇOU A "CAÇA" AO VOTO NA FAF
QUATRO 'GALOS'
PARA APENAS UM 'POLEIRO'
Dos anteriores seis candidatos, seguem para a discussão
nas urnas pelo 'cadeirão' máximo da Federação Angolana
de Futebol (FAF) apenas quatro. Albina Guilhermina Luísa
e Norberto de Castro foram afastados da corrida, por
irregularidades
A
disputa pelo 'cadeirão'
máximo da Federação
Angolana de Futebol
(FAF) promete ser intensa.
As eleições estão
agendadas para dia 14
de Novembro próximo e os candidatos
esmeram-se em campanhas eleitorais,
para convencer o eleitorado, cada vez
mais exigente.
Desde a marcação do acto eleitoral,
feito em Assembleia Geral, até ao actual
momento, vésperas da ida às urnas, o
processo que visa a eleição do futuro
presidente da FAF, tendo em vista
o ciclo olímpico 2020-2024 tem sido
marcado por alguns factos dignos de
registo.
Naquela que é a mais concorrida
eleições de que temos memória no órgão
reitor do futebol do país, salta a vista
o facto de a Comissão Eleitoral (CE)
ter 'chumbado' dois candidatos, por
irregularidades.
A lista da candidata Albina Guilhermina
Luísa, antiga administradora do
Distrito Urbano do Kilamba Kiaxi e vice-presidente
cessante, cabeça de lista
do ex-candidato Dino Paulo, viu gorado
o sonho de alcançar a direcção da FAF,
por falta de registos criminais em mais
de quatro processos.
A CE aludiu como instrumento jurídico
o regulamento eleitoral, no seu
artigo 30º, com o título Fundamentos
Texto: António Félix / Fotos: Arquivo NET
para Rejeição das Listas. Na alínea g),
esclarece que a ausência de qualquer
documento referido no artigo 24º do
Regulamento Eleitoral serve de fundamento
legal para a rejeição da lista.
As listas foram abertas sob o olhar
atento do presidente da Comissão Eleitoral,
Gilberto Magalhães, do secretário
Domingos Torres “Didi” e da escrutinadora
Olinda França, bem como na presença
dos mandatários dos candidatos
à presidência da FAF.
Artur Almeida e Silva
Depois, foi a vez do candidato Norberto
de Castro ver cair por terra todas
as aspirações de se tornar, pela primeira
vez, presidente da FAF. A CE considerou
de inelegível a lista do 'boss' da escola
de formação com o seu nome, tendo sido
também ele afastado da corrida à liderança
da federação.
A decisão teve como fundamento um
documento proveniente da FAF, no qual
o citado manifesta indisponibilidade de
continuar a fazer parte do quadro federativo,
eleito em finais de 2016. Ou seja, o
facto de Norberto de Castro ter renunciado
ao cargo de vice-presidente no elenco
de Artur Almeida.
Em carta endereçada ao órgão reitor,
datada de 16 de Janeiro de 2017, o dono
do complexo desportivo e escolar “Norberto
de Castro” declarou não se rever
naquele elenco, liderado por Artur de
Almeida e Silva, por sentir-se marginalizado.
“Demito-me da sua equipa de direcção
da FAF, com efeito a partir de hoje, e
não me arrependo do contributo que dei
para que o triunfo da lista fosse possível”,
lê-se.
De acordo com o estipulado na lei das
associações desportivas, o membro que
tenha formalizado o pedido de demissão
de uma equipa de trabalho fica impedido
de concorrer nas eleições seguintes. Apesar
de ter recorrido, Norberto de Castro
não teve sucesso.
De igual modo, Norberto de Castro
entrou com um pedido de impugnação
junto a Comissão Eleitoral contra Artur
de Almeida e Silva, pelo facto de constar
no seu elenco, o ex-director Provincial
dos Desportos do Huambo, Bernardo
Suca, que havia sido condenado a quatro
anos de cadeia efectiva por crime de peculato,
no exercício das suas funções. A CE
56 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
DESPORTO
Fernandes (1990/1991).
O primeiro presidente eleito por via
do exercício democrático foi Armando
Machado (1992/1999), tendo sido rendido
por Justino Fernandes. O antigo defesa
do ASA ficou no órgão de 1999 a 2004 e
2004/2011, substituído por Pedro Neto
em eleições extraordinárias. Neto liderou
a FAF de 2011 a 2016.
Nando Jordão
Tony Estraga
julgou o pedido de improcedente.
Posto isto, a CE declarou elegível apenas
as lista -A, de Nando Jordão, (B) de
Artur Almeida e Silva, (C) de António Gomes
“Tony Estraga” e (D) de José Alberto
Macaia. Deste quarteto sairá o futuro presidente
da FAF.
A campanha eleitoral em curso decorre
até princípios de Novembro, vésperas
das eleições. Durante este período, os
quatro candidatos esmeram-se em campanha
eleitoral de 'caça' ao voto por todo
o país.
Artur Almeida e Silva, José Macaia e
Tony Estraga deram início as suas campanhas
em Luanda, enquanto Nando Jordão
fê-lo em Benguela.
A FAF teve como primeiro presidente
de direcção Eduardo Santos, que presidiu
de 1979 a 1984. Seguiram-se Luís Gomes
dos Santos (1984/1990) e José António
José Alberto Macaia
APOIO FINANCEIRO
CLUBES JÁ SONHAM COM OS MILHÕES DA FIFA
Dois meses depois desde o
anúncio em Agosto feito
pela Federação de Futebol
(FAF), sobre a recepção da
quantia de um milhão de dólares norte-
-americanos proveniente da Federação
Internacional de Futebol (FIFA), os clubes,
associações ainda aguardam pela
transferência do dinheiro para as suas
contas bancárias.
A quantia cedida pela FIFA com objectivo
de para o desenvolvimento da
modalidade, do sector feminino e mitigar
os efeitos da Covid-19, será repartida
entre os filiados, através de uma
instituição bancária, em dólares.
Além da verba do órgão reitor do
futebol mundial, a FAF aguarda ainda
pelos USD 300 mil a serem atribuídos
pela Confederação Africana (CAF), ainda
este ano, igualmente para mitigar os
efeitos da pandemia, além dos USD 500
mil da FIFA, a partir de Janeiro de 2021.
Recentemente, a federação divulgou
o cronograma de distribuição destes
valores, num total de USD 1,8 milhão,
que deverá abranger o futebol feminino
(500 mil dólares americanos), associações
provinciais (216 mil dólares), clubes
da primeira divisão que vão disputar
a época 2020/21 (256 mil dólares)
e clubes da segunda divisão (90 mil dólares).
Seguem-se as selecções nacionais
masculinas (235 mil dólares), outros
clubes e escolas de formação (248 mil
dólares), fundo de arbitragem para o
Girabola2020/21 (140 mil dólares) e
futebol de salão (cinco mil dólares).
O plano de distribuição abrange
ainda os campeonatos nacionais de
juniores e de juvenis (40 mil dólares),
futebol de praia (dois mil dólares),
equipamentos de biossegurança e
meios técnicos (37 mil dólares).
A FAF terá de justificar junto da
FIFA, mediante documentação dos
beneficiários, a forma como foram
gastos os valores desta primeira dotação,
sob risco de não receber a última
tranche.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 57
DESPORTO
ELEIÇÕES NA FEDERAÇÃO DE JUDO
MAKAS E INSÓLITO MANCHA
'COMBATE' PELA LIDERANÇA
A
crise instalada na Federação
Angolana de
Judo (FAJ) está longe
de conhecer um desfecho.
Desde a saída do
presidente destituído,
Paulo Nzinga “Apolo”, que não reina a
estabilidade no seio do órgão reitor da
modalidade.
Nem mesmo a busca de uma solução
para os problemas que vive a federação,
por meio da realização de eleições
ajudaram. Como prova disso, no
pleito eleitoral realizado recentemente,
houve o registo inédito de duas comissões
eleitorais, facto que pode forçar a
repetição das eleições ou a anulação de
um dos actos eleitorais.
O Ministério da Juventude e Desportos
reagiu ao caso insólito e as demais
anomalias verificadas nos actos
eleitorais com uma chamada de aten-
ção à responsabilidade dos associados
no processo.
Num comunicado, o órgão de tutela
reitera o seu papel fiscalizador e afirma
ser a resolução de eventuais problemas
de inteira responsabilidade dos associados,
bem como deixa claro que irá
analisar e aferir a legalidade dos actos e
processos eleitorais nos marcos da lei.
O Minjud assegurou, ainda, que os
parceiros que não realizaram os pleitos
eleitorais nos prazos estabelecidos
deixam de ser interlocutores válidos,
até à sua conformação à lei e que terão
ajuda apenas para questões pontuais
relacionadas com os compromissos
internacionais, a fim de salvaguardar o
interesse do Desporto Nacional.
Numa recente declaração à imprensa,
Pedro Junqueira, vogal da Comissão
de Gestão do Judo e treinador
do Interclube, esclareceu as causas das
desavenças: “Os associados suspeitam
que Casimiro Bento estava interessado
no manuseio do dinheiro que está na
conta da Federação na ordem de 21 milhões
de kwanzas”, disse.
Acrescentou que desde a ascensão
ao cargo, o presidente da Comissão de
Gestão diz que “nunca” teve acesso à
conta bancária. Durante o inventário
dos activos, os associados reprovaram
a sua proposta de elaborar o carimbo
e novo logótipo da instituição. Então,
solicitou a fabricação de um novo com
o mesmo teor. O anterior foi subtraído
pelo presidente cessante.
Uma das Comissão Eleitoral no
Judo foi eleita pelos associados das
províncias do Cuanza-Sul, Cuanza-Norte,
Luanda, Bié, Cuando Cubango, Huíla,
Benguela, Namibe, Huambo e Cabinda,
constituída por Domingos Pascoal, José
Bruno e Alberto Caxinda.
58 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
FIGURAS
António Félix
felito344@yahoo.com.br
DE JOGO
ARTUR SOMA E SEGUE
A
primeira vez em que
o actual presidente de
direcção da Federação
Angolana de Futebol,
Artur Almeida, fez-se
às eleições daquele
órgão, foi em 2011, tendo perdido
para Pedro Neto, que já estava no
"poleiro", a cantar de galo, fazia
dois mandatos.
Diante do triunfo deste, ouvi , no
rescaldo eleitoral, o coordenador da
Comissão Eleitoral, Rogério Silva, a
considerar que as eleições tinham
sido "justas, democráticas, participativas".
Reagindo à derrota, lembro-
-me, como hoje, ver no entanto,
Artur Almeida com uma "pitada" de
inconformismo, como que a denunciar
certo jogo baixo feito por quem
venceu.
"Infelizmente conhecemos o país
em que vivemos". Foram estas as
suas palavras de desabafo.
E depois acrescentou ainda que
" vamos criar o Observatório do
Futebol da Sociedade Civil para o
Futebol" para, em 2016, regressaremos
em grande, ganhar se houver
transparência.
Prometeu unidade da família do
futebol e não se coibiu de contar
figuras de proa da modalidade.
Aglutinou no seu elenco Norberto
de Castro, Nando Jordão e outros.
Todavia, um balde de água fria,
para muitos, viria a aparecer com a
aparição, a 16 de Janeiro de 2017,
de Norberto de Castro, , revelando
que não mais se revia já no elenco
liderado por Artur de Almeida e
Silva, por este, alegadamente, o ter
marginalizado. "Demito-me e não
me arrependo do contributo que dei
para que o triunfo da lista fosse possível"
lamentara, na altura Norberto
de Castro, prometendo lutar para,
neste ano de 2020, ver arredado
Artur Almeida do cadeirão de líder
da FAF.
Aqui chegados, não sei se Norberto
de Castro fez "erros de cálculo"
para apear Artur Almeida ou se
este saiu-me mais matreiro.
A verdade é que a lista do candidato
Norberto de Castro foi considerada
inelegível pela Comissão Nacional
para as Eleições na Federação
Angolana de Futebol (FAF), visando
o quadriénio 2020/24, o que certamente
faz o outro esfregara as mãos
de contente.
O sorriso é óbvio. Afinal, Norberto
era o "peso pesado" entre
os concorrentes. Claro que a Artur
Almeida sobra António Gomes, que
é o mais jovem e espera fazer sombra
para conquistar a simpatia dos
associados.
Este fora, não antevejo outra
disputa renhida. Na minha opinião, ,
dificilmente Fernando da Trindade
Jordão, José Alberto Macaia levarão
a melhor sobre aqueles dois. Essa é
a minha opinião.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 59
SAÚDE E BEM ESTAR
O COVID NA SAÚDE
ESTUDO REVELA
IMPLICAÇÕES DA
COVID 19 NA
SAÚDE MENTAL
Um em cada cinco doentes
com Covid foram
depois diagnosticados
com ansiedade, depressao
ou insônia,
revela um estudo da
Universidade de Oxford. Um dos autores
defende que a doença psiquiátrica devia
ser considerada factor de risco.
Investigadores da Universidade de
Oxford e do Centro de Investigação de
Saúde Biomédica NIHR concluíram, com
base em dados recolhidos nos Estados
Unidos, que um quinto dos pacientes
que sofreram de COVID-19 foram mais
tarde diagnosticados com um problema
de saúde mental.
Os pacientes sofreram de ansiedade
depressao ou insônia, num período de
três meses após terem testado positivo
ao novo coronavírus. Outra das descobertas
do estudo publicado na revista
científica Lancet Psychiatry é que pessoas
com um diagnóstico prévio na área
da saúde mental tem 65% mais probabilidade
de serem diagnosticados com
Covid -19. Isto mesmo descontando o
efeito de factores como a idade, o sexo,
a raça, entre outros.
Estas conclusões foram tiradas com
base em cerca de 70 milhões de registos
de saúde dos Estados Unidos, entre os
quais mais de 62000 casos de pacientes
que testaram positivo a COVID-19 mas
que não necessitaram de hospitalização.
A taxa de incidência de diagnósticos de
doença mental nos 14 a 90 dias depois
do diagnóstico de COVID-19 foi 18,1%,
dos quais corresponderam a um primeiro
diagnóstico deste tipo.
Os investigadores fizeram ainda
uma análise comparativa com outras
doenças, durante o mesmo período,
como a gripe e outras doenças respiratórias,
infecções na pele, cálculo biliar e
60 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
SAÚDE E BEM ESTAR
no trato urinário e fracturas de um osso
grande. A comparação mostrou que há
o dobro do risco no caso dos pacientes
que tinham contraído o novo coronavírus.
Ainda se descobriu neste mesmo
estudo que três meses após a testagem
positiva a COVID-19, os casos de demência
são o dobro do que quando se
revelam outras doenças.
“
Investigadores da
Universidade de Oxford e
do Centro de Investigação
de Saúde Biomédica NIHR
concluíram, com base em
dados recolhidos nos Estados
Unidos, que um quinto
dos pacientes que sofreram
de COVID-19 foram
mais tarde diagnosticados
com um problema de saúde
mental.
“
Ao Guardian, Máxime Taquet, um dos
autores da pesquisa,considerou as descobertas
“inesperadas” sublinhou a necessidade
de mais investigação mas não
deixou de concluir que “ter uma doença
psiquiátrica deve ser acrescentado a lista
de factores de risco da COVID-19”.
Por sua vez, Paul Harrison, também
desta equipa, sublinhou que será precisa
mais investigação para saber se um diagnóstico
de perturbação psiquiátrica pode
estar directamente ligado a ser contagiado
ou se o ambiente estressante da pandemia
está a ter influência, bem como
factores como o uso de drogas, de tabaco
e o estado social.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 61
MUNDO
A GRANDE REINICIALIZAÇÃO DISTÓPICA E A LUTA:
REDUÇÃO DA POPULAÇÃO E
ESPERANÇA PARA OS FILHOS DO
62 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
MUNDO
Texto: Joaquim Flores*/ Strategic Culture Foundation
S HOMENS
A Grande Restauração, a 4ª Revolução Industrial, a 4ª Virada,
o Grande Despertar e a Inteligência Artificial. Esses
são os temas reais que estão moldando a paisagem sociopolítica,
cultural e ideológica de nossas vidas em 2020.
O
impulso para o bloqueio
e a quarentena
em direção a uma
Grande Restauração
é cada vez mais entendido
pelos críticos
como um programa de escravidão em
massa e punição coletiva, redução da
população, apresentado dentro dos
pontos de discussão progressivos das
armadilhas. Em nosso último artigo
sobre a Grande Restauração, 'Whose
Great Reset? A Luta pelo Nosso Futuro
- Tecnocracia vs. República ', confrontamos
a natureza orwelliana do próprio
termo, mostrando que a nova proposta
aparentemente tecnocrática estava
sendo feita de uma forma que parece
abreviar os processos de tomada de decisão
dos Estados soberanos como bem
como processos democráticos dentro
das repúblicas.
Nas palavras eternas do autor irlandês
Oscar Wilde, “A vida imita a arte
muito mais do que a arte imita a vida”.
“Que vivemos em uma época em
que os planos da elite são mais abertamente
e mais descaradamente enunciados,
na ficção, na mitologia pública,
na cultura, e são fabricados de uma
forma inteiramente fora das mãos da
grande maioria das pessoas que vidas
serão mudadas para sempre, provavelmente
para pior, é sem dúvida a verdadeira
catástrofe do nosso tempo. ”
Há um fato estranho, embora pouco
conhecido, sobre a vida dos prisioneiros.
Agora que a humanidade enfrenta
a probabilidade real assustadora de
um regime de bloqueio sob o pretexto
frágil de um vírus com uma taxa de
sobrevivência de 99,9%, precisamos
entender algo sobre os prisioneiros
e o Grande Despertar. O Grande Despertar
é o produto de como as pessoas
realmente encarceradas respondem
ao encarceramento. Assim como uma
pessoa privada de visão desenvolve um
excelente olfato e audição, uma pessoa
privada de liberdade física desenvolve
uma liberdade espiritual ou sobrenatural
profunda e reificada, que é o despertar.
Em uma estranha reviravolta do
destino, quanto mais as pessoas estão
presas, mais elas acordam.
Estamos presos entre duas contradições
aparentes que de fato se reconciliam.
Por um lado entendemos que
tudo acontece por uma razão e que a
justiça sempre prevalece no final, e por
outro lado sabemos que o possível destino
que podemos ter só vem à custa de
uma luta tremenda, autodisciplina, moral
fortaleza e sacrifício. Essa é a mentalidade
do desperto, do soldado político,
no decorrer da luta contra o Grande
Despertar e na idade da 4ª Virada.
Fatos de censura, ficção de reificação
- No mês passado, o pai do
primeiro-ministro britânico Boris Johnson,
Stanley Johnson, foi pego pela
segunda vez em público, sem usar máscara
. Ele não sabia que existe uma pandemia
altamente contagiosa, que afeta
sua faixa etária em particular? Ele não
sabe o que está acontecendo no Reino
Unido e ao redor do mundo?
Ou ele sabe algo que o resto de nós
não sabemos? Por mais loucura que
seja, soube-se que foi Stanley Johnson
quem escreveu o romance de ficção distópico,
The Virus , que descreve muito
do que vivemos hoje. Ele também é o
autor de World Population and the United
Nations: Challenge and Response,
uma cartilha de não ficção sobre o assunto
descrito em seu título. No Vírus ,
Tanto no arco narrativo do romance
quanto em sua própria introdução,
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 63
MUNDO
Stanley Johnson expõe a necessidade
de um vírus aos olhos de uma elite insidiosa
para conter o crescimento populacional.
Esta coincidência com a atual
Agenda 21/2030 da ONU sobre controle
populacional e o compromisso
do defensor da vacina e beneficiário da
OMS, Bill Gates, de diminuir a população
mundial, é absolutamente desconcertante
e levanta questões sobre outras
coincidências que surgiram desde
então. Isso, é claro, inclui a posição que
Boris Johnson ocupa hoje no gerenciamento
da versão da vida real do vírus
na Grã-Bretanha hoje.
Mas isso é mera coincidência ou
não? Essa questão se tornou o assunto
de um debate vigoroso, com um lado
do debate argumentando que não é
uma coincidência ser tremendamente
censurado pelas redes sociais e efetivamente
impedido de dar o seu lado, e
o outro lado sendo a única voz que se
ouve e vê nas mídias sociais e legadas.
O fato dessa censura sobre essa
questão por si só parece dar crédito
aos que estão sendo censurados, como
muitas vezes é a consequência não intencional
da censura e talvez a última
esperança do homem.
Este é um exemplo surpreendente
de vida imitando a arte, e agora com
uma crescente consciência pública sobre
a relação entre vacinas e infertilidade,
chegamos ao predicado do filme
' Filhos dos Homens' .
Filhos dos Homens retrata um
mundo em caos global, guerra, conflito,
batalhas de rua abertas entre membros
de forças quase-governamentais
e vários cultos radicais e religiosos, um
esforço militar jihadista pelas ruas de
Paris, uma junta paramilitar, os efeitos
da migração em massa , prisões ao ar
livre e pior. Isso tomou conta da maior
parte da Europa e, provavelmente, do
mundo. Essa repartição parece ter sido
o produto de uma pandemia global de
infertilidade de origem desconhecida.
Um filme de 2008, qualquer pessoa que
visse o filme hoje reconheceria instantaneamente
as cenas como se fossem
imagens da vida real vistas nas notícias
do mundo de 2020.
A crise global de infertilidade cria
um sentimento generalizado de insegurança,
a impossibilidade de um mercado
de ações e um senso consciente de
destruição iminente e resposta niilista
por parte das elites.
Juntamente com ' O Vírus' de Johnson
, podemos fazer um palpite bem
fundamentado de como tal resultado
se manifestaria em uma realidade onde
a vida está imitando a arte: o vírus ou
a vacina criada para curar o vírus, na
verdade contribui para a infertilidade .
Não é difícil fazer tal palpite, pois,
dia a dia, vemos essa distopia se tornando
nossa realidade cotidiana. Tornou-se
uma questão de fato muito mais
do que de ficção.
Isso nos obriga a abordar, sobriamente,
uma reavaliação do conceito de
progresso e para onde ele leva.
Os temas de um vírus usado como
um predicado tanto para o controle
populacional quanto para uma transformação
social total, como escrevemos
em ' Whose Great Reset ', é aquele
que reflete os efeitos da guerra: tanto
em termos de um evento de baixas em
massa quanto da necessidade para 'reconstruir
melhor' depois de um aparente
colapso socioeconômico induzido
pela calamidade ou pela resposta
violenta do governo.
O Aparelho Ideológico de Estado
da Modernidade Tecnocrática - Por
vários anos, críticos sociais e filósofos
públicos levantaram preocupações
sobre a ascensão sem fim do culto
tecnocrático e futurista da modernidade
tardia. De muitas maneiras, isso
está relacionado com todo o projeto
ideológico de nossa época, já que uma
fachada de esquerda sobre um pensamento-estado-policial
tecnocrático foi
transformada em arma como o que
64 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
MUNDO
Louis Althusser chamou de Aparato
Ideológico de Estado (ISA) em seu texto
de referência com o mesmo nome,
“ Idéologie et appareils idéologiques
d'État (Notes pour une recherche) “.
Que vivemos em uma época em que
os planos da elite são mais abertamente
e mais descaradamente enunciados,
na ficção, na mitologia pública, na cultura,
e são fabricados de uma forma
inteiramente fora das mãos da grande
maioria das pessoas cujas vidas mudará
para sempre, provavelmente para
pior, é sem dúvida a verdadeira catástrofe
do nosso tempo.
Por gerações, os cidadãos foram
bombardeados com motivos futuristas
e tecnocráticos, onde as pessoas eram
encorajadas a projetar ingenuamente
sua própria bondade nos objetivos de
líderes políticos e corporativos e cientistas,
mesmo quando essa bondade
não tivesse sido provada ou estabelecida.
O jaleco branco tornou-se sinônimo
não apenas de confiança, mas de boas
intenções e, nesse sentido, substituiu o
hábito de padre e o manto preto. Isso
cultivou um solo fértil para gente como
o Dr. Anthony Fauci e sua laia. Isso culminou
na implementação agora aberta
da chamada ' 4ª Revolução Industrial',
uma estrutura progressista envolvida
na sociologia de Marx, mas ausente de
seu humanismo e componentes emancipatórios
- um 'marxismo tecnocrático
das elites'.
A igreja do mito do progresso caracterizou
muito do discurso sócio-político
do século passado. Ele preparou
várias gerações para aceitar os 'desafios
da mudança' como uma necessidade
perdida, em direção à construção
de um 'admirável mundo novo'. Ela tem
servido como o pressuposto subjacente
dos três a maioria das ideologias impactantes
da 20 ª século: o liberalismo,
o fascismo eo comunismo. Tantos carrinhos
de maçã foram virados ao longo
do caminho em direção a alguma combinação
dessas pontas, que hoje existem
centenas de milhões de pessoas
que nunca viram um carrinho de maçã
com seus próprios olhos.
O Aparelho Ideológico de Estado
proibiu que as críticas às políticas, planos
e compromissos reais existentes
no nível da ONU, como a Agenda 21
e a Agenda 2030, sejam censuradas
nas redes sociais. A própria censura
dá crédito ao lado "não coincidente"
do presente debate, porque o objetivo
da redução da população global não é
apenas explícito, mas central. O aparato
ideológico estabelecido proíbe que
questionar a agenda seja 'negação da
ciência' e 'conspiração de extrema direita',
que são o dobro do maucrimes de
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 65
MUNDO
pensamento de nossos dias. No centro
do aparato ideológico estavam os tropos
culturais e políticos que se encaixavam
tematicamente com a globalização
cultural e da linha de abastecimento
dentro da estrutura das economias baseadas
em serviços do primeiro mundo,
ela própria fundada na premissa da
obsolescência planejada.
A redução da população, no entanto,
é um objetivo aberto das elites e de
suas instituições de governança global,
e tudo o que é controverso é a ideia de
que os mesmos governos que mentiram
sobre os pretextos para as guerras
no Iraque e no Vietnã, que então assassinaram
milhões de pessoas inocentes ,
podem estar mentindo novamente hoje
sobre os métodos que podem usar para
esse fim.
E, no entanto, os métodos anteriores
de controle populacional, como
a guerra do tipo guerra total, são inaceitáveis
para as elites hoje em dia por
causa do espectro de um holocausto
nuclear que também contaminaria a
vida das próprias elites. Johnson não
está apenas ciente disso, mas é explícito
em sua introdução a ' The Virus '.
Também podemos incluir que a guerra
resultará em um lado ou outro sendo
culpado em um momento de grande
conluio entre as potências mundiais,
mas ainda uma pandemia global parece
ser um ato divino - quando na verdade
talvez seja o resultado de um homem
jogando em deus.
O Aparelho Ideológico de Estado
começou a sofrer mutações no final da
década de 1970, absorvendo, deformando
e depois projetando de volta na
sociedade uma forma mutante do mesmo
radicalismo de protesto que antes
desafiava o antigo Aparelho Ideológico
de Estado. Esta nova ISA foi caracterizada
por uma nova moralidade social,
que entregou o culto agora difundido
do politicamente correto. Esse autoritarismo
ideológico é aquele em que a
escravidão e a automutilação são sinais
de virtude, e essa mudança cultural
em direção à flagelação pública tornou
possível a ideia de que o bloqueio, a
quarentena e o uso de máscaras eram
um sinal de virtude mais do que de saúde.
Sem essa mudança no ISA nas últimas
décadas, nunca poderia ter havido
um novo normal.
Conclusão - À medida que expomos
a superfície do problema e
começamos a sugerir o curso necessário
das soluções, na Parte II nos
aprofundaremos no problema e definiremos
como seria uma ordem justa.
Na Parte II, examinaremos as origens
do contrato social e o problema dos
homens livres versus a crescente forma
burocrática na história. Isso nos
levará a ver por que, no nível filosófico,
nossas elites atuais pousaram na
misantropia e no genocídio como um
programa de redução da população
humana, como a melhor solução possível.
Finalmente, explicaremos que,
embora uma 4ª revolução industrial
venha de qualquer maneira, a redução
da população e a escravidão não
são um componente necessário dela.
Em vez disso, cabe aos homens livres
determinar como será a aparência e
esboçaremos suas funções reais.
* Formado na área de RI e IPE pela
California State University Los Angeles;
anteriormente atuou como agente
comercial e organizador do sindicato
SEIU; publicou internacionalmente sobre
assuntos de geopolítica, guerra e
diplomacia; atua como diretor do Center
for Syncretic Studies, com sede em
Belgrado, e é editor-chefe do Fort Russ
News.
66 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 67
ÁFRICA
COSTA DO MARFIM
CRISE PÓS-ELEITORAL À VISTA
Texto Manuel Muanza / Fotos DR
Contestado, Alassane Ouattara
resiste à pressão interna
e alinha para um terceiro
mandato. Rejeitadas as respectivas
candidaturas, líderes da
oposição batem-se pelo adiamento
do sufrágio previsto para 30 de
Outubro. A ala da Frente Patriótica
Ivoiriense (FPI) liderada por Pascal
Affi N´Guessan pugna pela anulação
pura e simples dos preparativos e
de todo o processo eleitoral. Gui-
llaume Soro, ex-presidente do parlamento,
propõe estratégias para a
mobilização contra as intenções de
Alassane Ouattara, apelando à “unidade
de acção”.Mas, uma frente anti-
-Alassane Ouattara ainda está longe
de desenhar-se, pois alguns partidos,
a exemplo de PDCI, de Henri Konan
Bedié, absteve-se a produzir uma posição
pública sobre o assunto. O FPI
escusa-se de abordar a questão de
uma aliança nacional. Em comunicado
conjunto, a organização regional
(CEDEAO), a União Africana e a ONU
concluíram haver falta de confiança
entre os actores políticos no país.
Eleito em 2010 em sufrágio tido
como livre, transparente e inclusivo,
o chefe de estado cessante da Costa
do Marfim, Alassane Ouattara, recusa-se
a desistir dum terceiro mandato
contestado.
Ouattara rejeita a ideia de um
adiamento das eleições previstas
para 31 de Outubro e diz-se, publicamente,
disposto a enfrentar o que
vier e acontecer, segundo noticiou a
rádio RFI.
Guillaume Soro, ex-presidente do
parlamento, solicitou os préstimos
da organização regional (CEDEAO),
da União Africana e da ONU com a intenção
de obter garantias para “eleições
democráticas e transparentes”.
68 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
ÁFRICA
O também ex-líder da rebelião propôs
aos outros partidos da oposição
a organizar um “bloco” anti-Ouattara.
Shirley Ayorkor Botchwey, chefe
da diplomacia do Ghana, chefiou
a missão conjunta da CEDEAO, UA
e ONU a Costa do Marfim, destinada
a procurar soluções para evitar
uma crise pós-eleitoral. Ladeava-a
Mohamed Chambas, representante
especial da ONU, e o general Francis
Behanzin, comissário da CEDEAO
para os assuntos políticos, paz e segurança.
Em comunicado emitido em
Abidjan, a missão, pela voz do general
Francis Behanzin, concluiu haver
“falta de confiança” entre os actores
políticos em cena. Indicou existirem
“actos de violência e discursos de
ódio susceptíveis de produzir impactos
negativos”, de acordo com os
termos reportados por Sidy Yansané,
correspondente da RFI.
A oposição a Alassane Ouattara
exige a reforma da Comissão Eleitoral
Independente (CEI) e o Conselho
Constitucional. A Frente Patriótica
Ivoiriense (FPI), de Pascal Aff
N´Guessan, pretende o adiamento do
sufrágio.
EXCLUSÃO DE OPOSITORES
Dos quarenta e quatro (44) candida
MOBILIZAÇÃO CONTRA OUATTARA
Face ao apego de Alassane Ouattara
a um terceiro mandato
presidencial, Guillaume Soro
deseja unir a oposição contra
o que considera usurpação do poder.
Em conferência de imprensa havida
na capital francesa, Soro lançou
uma antevisão dos resultados das
eleições, dizendo-se incrédulo que o
Conselho Constitucional venha a exprimir
a verdade sobre os resultados
do sufrágio, “já que validou a candidatura
de Ouattara, violando a constituição”.
Numa entrevista à estação de televisão
de Burkina Fasso (BF1), Soro
promete gizar uma acção “metódica e
eficaz” para travar Ouattara.
Durante a conversa, Soro disse
haver “ilegalidade” nos preparativos
para o escrutínio, de tal modo que as
eleições não se deverão realizar na
data prevista. Voltou a propor a dissolução
dos órgãos reitores do processo
eleitoral, nomeadamente a Comissão
Eleitoral Independente (CEI)
e o Conselho Constitucional.
Em relação à resistência de Alassane
Ouattara à pressão, o ex-presidente
do parlamento marfinense
entende que a oposição estava mobilizada
e pronta a agir contra o terceiro
mandato. “Não baixaremos a guarda.
Vamo-nos unir”, lançou citando
nomes de pares como Konan Bedié,
Mamadou Coulibaly, Laurent Gbagbo.
Disse haver unanimidade no que se
refere a uma acção conjunta.
Guillaume Soro espera conseguir
formar um comité de liderança . Isto
seria necessário para desencadear a
desobediência civil, pensa ele. Aliás, a
ideia de desobediência civil foi lançada
por Henri Konan Bedié. “Um povo
decidido faz a história do seu país. Os
ivoirienses são unânimes para dizer a
Ouattara a evitar um terceiro mandato”,
advertiu em entrevista à televisão
BF1.
Soro, ex-chefe da rebelião, deu
sinais de pugnar por meios pacíficos
para alcançar o poder supremo do
país. Dirigindo-se aos pares, afirmou:
“apelo a uma unidade de acção da
oposição para pararmos Ouattara por
meios legais e legítimas”.
“Juntos, devemos organizar a mobilização
de todo o povo ivoiriense nas
zonas rurais, nas cidades a fim de barrara
Ouattara o caminho para o terceiro
mandato inconstitucional”, disse.
A generalidade dos comentaristas
da imprensa ivoiriense suspeita haver
interesse de uma união da oposição.
Porém, os políticos mostram-se cautelosos
em relação às modalidades da
organização do pacto contra Ouattara.
O partido FPI, de Pascal Affi N´Guessi,
diz-se pronto a apoiar a iniciativa de
Soro com vista a evitar a crise pós-
-eleitoral. Segundo ele, o estado de
coisas desaconselhava a lógica eleitoral.
Contudo, o FPI evita referir-se
a uma aliança nacional anti-Ouattara.
O candidato Albert Toikeusse Mabri
pronunciou-se a favor da mobilização
dos opositores por propiciar a “paz e a
democracia”. O PDCI, de Henri Konan
Bedié, absteve-se a produzir uma posição
pública sobre o assunto.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 69
ÁFRICA
do respectivo nome na lista de candidatos
às presidenciais.
Em meados de Setembro, a CA-
DHP instou, de novo, a justiça marfinense
a levantar as medidas contra
Guillaume Soro, sem que estas tenham
sido executadas. A CADHP pediu
“a anulação imediata de todos os
obstáculos que impedem Guillaume
Soro de usufruir os direitos de eleger
e ser eleito”.
No momento da missão conjunta
da CEDEAO, UA e ONU treze (13) dos
dezanove (19) companheiros de Guillaume
Soro foram postos em liberdade.
Embora o representante especial
da ONU tenha sido citado pela
imprensa como tendo qualificado o
facto de “bom gesto”, tal não parece
ser indicativo de que o poder político
tenha intenção de dar passos para
permitir a participação de Soro nas
presidenciais.
Na corrida às eleições, Soro conta
com o apoio do chamado movimento
“Gerações e povos solidários” (GPS),
o qual o indicou, em Abidjan, na sua
ausência, pois está exilado em França.
O ex-chefe de estado, Laurent
Gbagbo, tem apoio da plataforma
EDS (Congregação para a Democracia
e Soberania, dirigida por Armand
Ouegnin).
tos às presidenciais apenas quatro
(4) foram admitidos à corrida eleitoral.
A classe política e a sociedade
civil ivoirienses invocam exclusão
premeditada dos adversários de Ouattara.
Entre os quatro aceites, além
do próprio Ouattara, consta o antigo
presidente da república Henri Konan
Bédié, Pascal Affi N´Guessan, ex-primeiro-ministro
(de Gbagbo), e o deputado
Kouadio Konan Bertin. Entre
os rejeitados pelo Conselho Constitucional
figura o ex-chefe de estado
Laurent Gbagbo e o antigo chefe rebelde
e ex-presidente do parlamento
Guillaume Soro.Referências como
Mamadou Koulibaly, Marcel Amon
Tanoh, Albert Toikeusse Mabri estão,
também, alistados como candidatos
afastados das presidenciais.
O caso de Guillaume Soro tem a
ver com uma decisão da corte ivoiriense
que o acusou e condenou em
2019 e é alvo de um mandato de captura.
Pesam sobre ele 20 anos de prisão
(condenado à revelia) por desvio
de fundos públicos. Os apoiantes de
Soro entendem ser infundada a condenação
do seu guia, a 28 de Abril, e
eivada de motivações políticas.
Além da condenação de Guillaume
Soro, à revelia, outros companheiros
seus, num total de 19, haviam
sido condenados e presos no país.
Guillaume Soro recorreu à Corte
Africana dos Direitos Humanos e dos
Povos (CADHP), procurando obter
o recuo da decisão das autoridades
marfinenses. Esta instância continental
solicitou a anulaçãoda pena
de Guillerme Soro e a reintrodução
70 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
ÁFRICA
Texto Alírio Dias de Pina / Fotos DR
CABO VERDE
ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS
COM RESTRIÇÕES
Pelo menos quatro partidos
políticos e onze grupos de independentes
concorrem às
eleições autárquicas de 25 de Outubro
em Cabo Verde. Apresentadas
que estão as candidaturas juntos dos
tribunais da Comarca em todo o país,
as formações concorrentes ultimam
agora os preparativos da campanha
eleitoral, que arranca, no dia 8, sem
o tradicional comício de massas e
contatos porta-a-porta com abraços
e apertos de mãos, isto devido às restrições
impostas pelas autoridades
sanitárias por causa da pandemia de
covid-19 que já causou cerca de 50
vítimas mortais no arquipélago.
Em disputas vão estão os órgãos
autárquicos dos 22 municípios cabo-
-verdianos, em que se prevê a luta
renhida sobretudo entre os dois
partidos do arco do poder (MpD,
no governo; PAICV, Oposição). Estes
concorrem em todos os concelhos
com candidatos próprios.
A fazer fé na afirmação do líder
do MpD, este partido no poder pretende
manter as atuais 18 câmaras
ou conquistar todas as 22 autarquias.
Uma possibilidade que parece
ser, segundo alguns analistas, pouco
provável. Isto diante dos desgastes
que o Movimento para Democracia
vem sofrendo face ao não cumprimento
das várias promessas feitas
aos eleitores nas eleições legislativas
e municipais de 2016. O partido liderado
pelo actual Primeiro-ministro
está, conforme observadores atentos,
na iminência de perder ou ficar
em maioria relativa em alguns municípios
importantes, como os das
cidades de São Filipe e do Mindelo.
Já o PAICV, cuja líder Janira Hopffer
Almada mantém um optimismo reservado,
almeja conservar as duas
câmaras que gere neste momento
(Santa Cruz em Santiago e Mosteiros
na ilha do Fogo) e recuperar entre
quatro e seis câmaras. Segundo previsões
de alguns dirigentes, as de São
Filipe, Brava, São Lourenço dos Órgãos,
Paul e Ribeira Grande de Santiago
(Cidade Velha) são as que estão
mais ao alcance do maior partido da
oposição – há várias outras que pode
disputar.
A nível da sociedade civil, o destaque
vai para pelo menos onze grupos
de cidadãos independentes que
anunciam concorrer a essas eleições
autárquicas: 4 em Santiago (Praia,
Assomada, Tarrafal, São Domingos),
dois em São Filipe do Fogo, um em
São Vicente, um no Sal, um na Tarrafal
de São Nicolau e um outro na
Ribeira Grande de Santo Antão.
Face às restrições impostas pelas
autoridades sanitárias devido à pandemia
de covid-19, a campanha eleitoral
deve arrancar no dia 8 e vai decorrer
sem os tradicionais comícios
de massas e contatos porta-a-porta
com apertos de mãos e abraços a
pessoas.
AComissão Nacional de Eleições
(CNE), citada pela Lusa, garante aos
eleitores “que tudo está ser feito e
preparado para que possam exercer
o seu direito de voto de forma segura
e com respeito por todas as normas
sanitárias em vigor”, mas admitindo
que estas eleições “são especiais”.
“Vão acontecer no contexto da
covid-19, o que desafia a Administração
Eleitoral a adequar alguns procedimentos
que integram o processo
eleitoral, tendo em vista garantir o
cumprimento das regras sanitárias
vigentes, a qualquer momento, designadamente
o respeito do distanciamento
físico, da higiene das mãos,
da etiqueta respiratória, do uso de
máscaras”, lê-se no comunicado.
A pensar nisso, a CNE de Cabo
Verde anunciou que vai iniciar este
mês a formação dos membros das
mesas eleitorais para estas autárquicas
de 25 de outubro, processo que
vai abranger cerca de 7.000 pessoas.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 71
ÁFRICA
ÁFRICA DO SUL
KGALEMA ALERTA
PARA PERIGO
DE GUERRA CIVIL
Face à violência racial na África
do Sul,o antigo Presidente do
País, Kgalema Motlanthe alertou,
no meio de Outubro,para o facto
poder desencadear instabilidade
no País. Kgalema,que serviu o País
como terceiro Presidente da África
do Sul,enfatizou que a situação social
e política actual “pode agravar-se ao
ponto de evoluir para uma guerra
civil,salientando que “os direitos dos
agricultores devem ser protegidos
,e a sua segurança também deve ser
garantida.
“Esses agricultores são ex-soldados
porque vieram de um passado
de colapso militar e podem estar ar
mados”,declarouKgalemaMotlanthe
ao canal de televisão por cabo sul-
-africano Newsroom África retomado
pela agência Reuters.O político
sul africano referia-se aos últimos
episódios de violência racial no País
após o brutal assassínio do jovem
agricultor branco,22 anos,BrendinH
orner,presumivelmente por dois homens
negros em Paul Roux,uma localidade
próxima de Senekal,no Estado
Livre,a mais de 200 kilometros
a sudoeste de Joanesburgo.
De acordo com um porta-voz da
Polícia,os dois homens,de 34 e 43
anos respetivamente,foram presos
no último 3 de Outubro,um dia depois
de o corpo do jovem agricultor
ter sido encontrado pela polícia
pendurado num poste de luz num
terreno próximo da fazenda agrícola
onde trabalhava como gerente.
O adiamento do julgamento,em
17 de Outubro,motivou manifestações
de centenas de agricultores
armados do Estado Livre,que
saíram à rua em protesto contra
o agravamento da violência
e criminalidade na área,a confrontar
a Polícia no Tribunal de
Senekal,invadindo a cela do tribunal
onde estavam os dois suspeitos
do homicídio do jovem agricultor.
Um dos homens suspeito do homicídio
de BrendinHorner já havia
sido detido por dezasseis vezes por
vários crimes,incluíndo roubo de
gado,tendo sido condenado a 18
meses de prisão num dos casos e a
12 meses noutro,segundo o Ministro
da Polícia,Bheki Cele.
O Presidente da África do
Sul,CyrilRamaphosa,apelou a calma
após episódios de violência
racial,afirmando que “as tensões
são uma triste memória de que a
África do Sul ainda está a recuperar
do regime do “apartheid””.
A mensagem do Chefe de Estado
surgiu após uma semana que
culminou com uma acusação de
terrorismo,apresentada pelo Ministério
Público sul-africano contra
um empresário local por alegadamente
liderar a manifestação de
agricultores brancos que incendiou
uma viatura da Polícia a porta do
tribunal onde os suspeitos negros
do assassinio do jovem agricultor
branco estavam a ser ouvidos.
O Presidente Ramaphosa sublinhou
que no contexto de alta criminalidade
que afecta o país,a maioria
das vítimas de crimes violentos
continua a ser negros e pobres.O
brutal assassinio deste jovem agricultor
branco,presumivelmente
por homens negros,seguido do espetáculo
de agricultores brancos
a invadir uma esquadra de Polícia
para atacar um suspeito negro,é
uma sequência que reabre feridas
que remontam a gerações atrás”..
afirmou o Chefe de Estado.
72 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
ÁFRICA
ÁFRICA DO SUL/MOÇAMBIQUE
MURO DE BETÃO
PARA DIVIDIR A
FRONTEIRA
A
África do Sul está a construí
um muro de betão de 1,5
metros de altura e 54 km de
cumprimento entre a fronteira com
o seu vizinho Moçambique como medida
de segurança para prevenir-se
do contrabando nas suas fronteiras.
Esta solução surge depois de
45 anos em que a África do Sul vem
tentando ver solução contra invasão
das suas fronteiras pelas diferentes
razões históricas.
Nopassado, ainda na época colonial,
as duas (regime do apartheid e
Portugal) procuravam controlar cidadãos
que circulavam de um lado
para fazer turismo ou a título de
visitar familiares do outro lado das
fronteiras, até que a África do Sul cobriu
estes corredores com a plantação
de sisal, mas que não deu certo
devido a circulação de elefantes que
pisavam a plantação. Aseguir, isto em
1975, investiram numa cerca elétrica
letal de alta voltagem, mas está
apenas operou no período do regime
do apartheid porque convinha para
desencorajar os combatentes do
ANC exilados em Moçambique que
entravam em território sul-africano
para ações de sabotagem econômica.
Com o fim do regime do apartheid, o
governo do ANC baixou a voltagem
dessa cerca elétrica (também conhecida
por “Serpente do Fogo” porque
algumas ONGs denunciavam que por
ano cerca de 200 pessoas morriam
electrocutados ao tentarem passar
as fronteiras, sobretudo cidadãos
moçambicanos que fugiam da situação
econômica e social do seu Pais.
Era um muro (cerca elétrica) que
ficou no top 10 dos muros mais perigosos
do mundo por ter levado a
morte mais pessoas que, por exemplo,
o muro de Berlim em 28 anos.
Agora como medida mais branda,
a África do Sul decidiu avançar com
a construção do muro de betão que
custará aos cofres do Estado cerca
de 5 milhões de dólares. O argumento
invocado pelas autoridades é de
que por ano estavam a ser roubados
cerca 360 viaturas que eram contrabandeadas
para Moçambique. O
segundo argumento é que as comunidades
sul-africanas tem reclamado
o aumento da criminalidade nestas
áreas fronteiriças. Nas suas reclamações
queixam-se que a polícia nada
tem feito.
Portanto, as autoridades decidiram
avançar com aquilo que chamam
de “Acção disciplinar: a construção
de um muro de betão entre os
dois países.
José Gama
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 73
CONFLITOS ENTRE AGÊNCIAS E MODELOS
DINHEIRO
NO CERNE
DA QUESTÃO
Enquanto as semanas de
moda acontecem em Nova
York, Londres, Milão e Paris,
centenas de modelos viajam
para as quatro capitais na esperança
de conseguir trabalho. Mas muitos
voltam para casa com menos dinheiro
do que quando chegaram.
Anna (nome fictício) trabalha
como modelo desde os 17 anos, já
desfilou para grifes como Prada, Mulberry,
Commedes Garçons e muitas
outras. Mas depois de três anos, ela
ainda não conseguiu pagar as 10 mil
libras que deve as agências de modelo.
”As minhas dívidas começaram
logo que comecei a trabalhar”-diz ela
a BBC.
A primeira agência com a qual
Anna assinou contrato, no seu país
natal, na Europa Ocidental, adiantou
350 libras para um ensaio fotográfico,
custo que foi adicionado a uma
prestação de contas em seu nome.
Mais tarde, ela foi levada de avião
para Londres para participar de um
processo de selecao, e essa despesa
também foi incluída na conta, assim
como gastos com acomodação e alimentação.
A quantia que ela devia
aumentou. ”Eles me perguntavam se
eu queria um motorista, sem deixar
claro que isso custa muito caro e que
eu teria que pagar”. revela.
O problema para os modelos é
que embora as agências normalmente
paguem antecipadamente por seus
voos, hospedagem e despesas, é prática
padrão do sector querer receber
o dinheiro de volta.
Portanto, se um modelo viajar
para a Semana de Moda de Londres
e não conseguir trabalho, ficará com
uma dívida com a agência no valor da
viagem.
Anna se viu diante deste problema
aos 18 anos, quando embarcou
para os Estados Unidos para participar
de seleções para desfiles da
Semana de Moda de Nova York, mas
acabou por não participar de nenhuma
porque ficou doente.
Por dois anos, ela disse que praticamente
não recebeu pagamento,
já que as as suas agências em Paris,
Londres e Nova York direcionavam
os seus honorários para pagar todo o
dinheiro que devia.
ASSUNTO AINDA É UM TABU
A modelo russa Ekaterina Ozhiganova,
que trabalha em Paris, diz acreditar
que é hora de encarar o problema
oculto das dívidas que modelos acumulam
ao tentar fazer carreira em
uma das profissões mais precárias do
mundo.
Ela é co-fundadora da Model Law,
a primeira associação francesa que
trabalha para proteger os direitos
modelos. ”Antes, a violência sexual
era tabu”. afirmou
74 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
MODA E BELEZA
“Agora todo mundo está a gritar
aos quatro cantos sobre a exploração
sexual, mas ninguém quer falar sobre
dinheiro. Todo mundo se cala sobre
isso”.
Como o sucesso no mundo da
moda é medido em parte pelo montante
que você ganha, modelos profissionais
raramente querem falar
abertamente sobre o problema.
Mas, nos bastidores, Ozhiganova
conta que a Model Law está a ajudar
diversos modelos a entender melhor
as suas financas. ”A falta de informação
é o principal problema. Os modelos
não sabem quanto deveriam
receber”.
Embora modelos dos quatro
cantos do mundo estejam sujeitos a
enfrentar dificuldades financeiras,
aqueles provenientes de países mais
pobres podem ser mais vulneráveis.
”E como qualquer trabalhador estrangeiro
que vai para uma economia
mais próspera” - compara Ozhiganova.
”Há uma grande dificuldade em
relação a língua, eles não conseguem
ler a papelada, o contrato. E um salto
no escuro. ”
TRABALHO ESCASSO
E SALÁRIOS BAIXOS
Para agravar a situação, a quantidade
de aspirantes a modelos é tão grande
que o trabalho é escasso e os salários
podem ser muito baixos.
Alguns trabalhos para revistas,
por exemplo, não são remunerados.
E os honorários podem variar de
100 dólares a 1000 dólares ou mais
para participar de um desfile durante
uma semana de moda ou centenas de
dólares para estrelar a campanha de
uma marca.
No entanto, a dívida dos modelos
não é uma dívida no sentido comum
do termo, diz John Horner, director
da British Fashion Models Association,
que representa as agências britânicas.
Se um jovem modelo não é bem
sucedido e deixa a indústria da moda,
ele não é perseguido para pagar o
dinheiro que “deve”, explica. Em vez
disso, a agência arca com o investimento
que fez. ”Nós assumimos a dívida”.
diz.
Ainda de acordo com Horner, a
maioria dos modelos de sucesso logo
paga o investimento inicial e começa
a ter lucro.
JOVENS E VULNERÁVEIS
Esther Kinnear-Derungs é cofundadora
da Linden Straub, uma pequena
agência criada há três anos em Londres,
para encontrar formas pioneiras
de tratar melhor os modelos.
Ela diz que avançar na carreira e
recuperar gastos faz parte da “natureza
do negócio”. O problema é que
os jovens são vistos como “descartáveis”
por muitas agências, acrescenta
ela. E não é segredo que, nas semanas
de moda, algumas grandes agências
adoptam a postura de que centenas
de novatos podem ser “jogados contra
a parede para ver se grudam”.
Segundo ela, os jovens da Europa
Oriental costumam ser os mais
vulneráveis. Os país ficam felizes em
manda-los para o exterior, acreditando
que é a “grande chance” da vida
deles, e não fazem perguntas suficientes.
Os próprios jovens não tem experiência
para gerenciar as suas próprias
financas ou carreira. ”Acreditamos
que temos a responsabilidade de
educar os modelos desde o primeiro
dia, independentemente de terem
sido descobertos na Sibéria, na África
ou em Londres”. afirma Kinnear-
-Derungs.
Candice (nome fictício) é umamodelo
francesa de ascendência africana.
Ela conta que, quando começou,
não tinha ideia que seria cobrada por
viagens e outras despesas.
“Quando você consegue o seu primeiro
trabalho, você percebe que não
era de graça. ”
‘“Você pergunta sobre o pagamento,
e eles dizem “você não vai receber
dinheiro porque está endividada. Ai,
você entende. - diz
Segundo ela, mesmo que agências
estejam, em última análise, arcando
com o risco financeiro, há uma pressão
psicológica sobre os modelos.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 75
MODA
HUILA FASHION WEEK
LIVE COM SHOW
E GLAMOUR
A20ª edição do Huila Fashion
Week teve como tema “Fashion
For Live” (Moda Pela Vida), um
tema bem pertinente por causa da actual
circunstância que o mundo está a
atravessar, do Covid 19 que assombra
todos nós. Mas, apesar dessa pandemia,
o Huíla Fashion teve o glamour,
o requinte e sofisticação que lhe são
habituais. Contou com uma passarela
de 18 metros de comprimento e 3
de largura, com uma super produção
como se fosse receber os mil convidados
que lhe são habituais. Só que não
teve nem um convidado, apenas as
equipas de produção da Victoria Models,
que produz o evento, da TPA e
da Platina Line, e, obviamente, os manequins
e estilistas cumprindo sempre
as medidas de biossegurança e o
distanciamento social impostas pelas
autoridades da saúde.
‘“Esses vinte anos do Huila
Fashion foram épicos porque o primeiro
evento de moda em formato
de Live em Angola, totalmente virtual
e pela primeira vez fora de sua terra
natal e sem um único convidado mas,
com uma produção brutal como se
fosse receber as centenas de convidados
que é característico”. - comentou
a empresária e consultora de imagem,
Victoria Garcia.
O Huíla Fashion teve a participação
de marcas e estilistas do melhor
que existe no nosso metiê: Ana Loyde,
Soraya da Piedade, Jofre Cardoso,
Sakola Mwambas, Sol da Savana e as
boutiques Dores Well e Arrazus.
Contou ainda com apresentações
brilhantes dos cantores e músicos
Alaim Iglesias, que abriu o show ao
som do seu Violoncelo, Ary, Sanguito,
Euclides Dalomba e Nabuco Fernandes
que nitidamente estava inspirado
tocando enquanto as manequins
desfilavam ao som do seu sax num
mix de afro-house executado pelo Dj
Ricardo Alves. Os manequins deram
um show à parte. De realçar a performance
da modelo Imanni da Silva que
teve a primazia de abrir e fechar está
vigésima edição do Huíla Fashion.
Feliz estava Victoria Garcia por
ter a sensação do dever cumprido. De
realçar que o evento foi com o carís
filantrópico, com o objectivo de se
angariarem fundos para o Lar Providência
Divina, no Hóquei, município
da Huila, da Irmã Donata.
76 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 77
FIGURAS DE LÁ
Pierre Buyoya
CONDENADO
As vezes, em África, os
políticos são gananciosos e
alguns tem o poder e não o
querem largar. Que o digam
os malianos, congoleses,
togoleses, enfim, o povo de
África, ávidos em golpes,
mudanças palacianas e
atritos políticos e sociais.
No Burundi, por exemplo,
Pierre Buyoya vai pagar
com os seus actos de fazer
um golpe de estado recentemente
e foi condenado
em prisão perpétua.
Zahira Virani
DESENVOLVIMENTO
ZahiraVirani é a coordenadora residente do
Sistema das Nações Unidas em Angola,veio
substituir o italiano PaolloBalateli,afirmou em
conferência de imprensa,que o nosso país pode
continuar com o apoio da ONU para atingir
as metas dos Objectivos de Desenvolvimento
Sustentavel(ODS). O ODS é a directiva que os
estados membros devem cumprir ,é constituído
por 17 princípios entre os quais a erradicação
da fome e pobreza.
Vladimir Putim
OBRIGAÇÃO
A Rússia de Putim quer guindar-se na lista de países com
relações econômicas e comerciais com Angola depois dos
laços de cooperação da antiga URSS.Parajá,para além de
ajudar com material de biossegurança,a Rússia de Putin
convidou o governo de Lourenço para construir em Luanda
uma fábrica de vacinas. Semdúvidas, uma proposta para
pegar e não largar.
78 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
FIGURAS DE LÁ
Filipe Nyusi
BARREIRAS
Na África do Sul comenta-se, a
média moçambicana também
deu pinceladas sobre a construção
de um muro de betão na
fronteira da África do Sul e Moçambique,
mandado construir
pelas autoridades sul africana
que argumenta prevenir o território
que atravessam milhares
de viaturas roubadas no país
para Moçambique. Do governo
de Nyusi nada de nada.!
Maria Carey
INOVAÇÕES
Papa Francisco
CASAMENTO
GAY, SIM!
O Papa Francisco disse, em
entrevista, que não condena o
casamento entre duas pessoas
do mesmo sexo (casamento gay).
Uma novidade que surpreendeu
milhares de fiéis católicos e
não só, atendendo a posição da
igreja católica que sempre foi
tida como radical durante a sua
gênese e, conservadora, na era
contemporânea. O Papa Francisco
vem, com esse pronunciamento,
quebrar o gelo da discriminação
e preconceito nas liberdades mas,
com esse raciocínio aparentemente
inovador, não conseguirá agradar
a gregos e troianos criando, assim,
um váuco para a contestação,
especulação e interpretações
ambíguas e surpreendentes por
parte dos seus fiéis, seguidores e
contestatários.
O debate está "acirrado"!
A cantora e compositora
Mariah Carey anunciou
este mês, que o seu disco
próximo, já em finalização,
vai ser feito com
muitos temas raros e outros
tidos como favoritos.
”Save The Day” é a canção
que vai abrir as portas
para a sonoridade do
álbum que tem a participação
vocal da cantora
Lauryn Hill, responsável
por um dos álbuns mais
conhecidos de hip hop
dos anos 90.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 79
DonaldTrumpe/Joe Bidem
CONHECER ÁFRICA
Trump e Biden estão a disputar a presidência do EUA
a partir de 2021 e os africanos, sobretudo os políticos,
analistas e jornalistas estão a acompanhar o processo
mas África é um assunto sério para os políticos americanos
porque eles vêem o continente africano como
verdadeiro laboratório cujas consequências habitam no
poder governamental americano. Dai Trump e Biden
“forçam” o andamento da eleição para o seu interesse e
veremos como estará as relações da EUA com a África.
Chico Lopes
DINHEIRO NAS CUECAS
Deputado no Brasil, Chico Lopes, amigo do Presidente
Jair Bolsonaro, foi apanhado pelas autoridades judicias
a esconder muito dinheiro nas cuecas fruto de pretensa
corrupção. Ele ainda não está preso mas os seus
colegas deputados dividem opiniões sobre o caso.
Ibrahim Boubacar Keila
REGRESSO
Ibrahim Boubacar Keita, antigo Presidente da Republicado
Mali deposto pelos militares com golpe de estado,
regressou a Bamako proveniente do Dubai após tratamento
médico aos Emirados Árabes Unidos.
Keita, 75 anos, foi detido por militares a 18 de agosto,
e renunciou à presidência algumas horas mais tarde.
Apos duas semanas, a Junta Militar o autorizou a viajar,
em 5 de setembro, para curar-se devido o AVC que
apanhou.
80 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
RECADO
SOCIAL
Carlos Miranda
carlosimparcial@gmail.com.
COLAPSO GLOBAL E ANGÚSTIA GENERALIZADA
Não se sabe ao certo quando e como este
mundo poderá sair desta dramática
situação resultante da brutal existência
de um novo coronavírus, cuja capacidade
destruidora d’almas e das economias nacionais é,
definitivamente, tão ou mais forte que todas as guerras
comerciais registadas um pouco por todo o lado
entre estados, empresas e marcas, multinacionais e/
ou impérios industriais mundiais.
O SARS-COV 2 chegou à China nos finais do ano
passado, mas acabou por queimar, sucessivamente,
todas as linhas fronteiriças possíveis e imaginárias;
fintou as projecções científicas dos mais renomados
académicos, colocou as políticas dos principais
líderes mundiais completamente comprometidas e,
mais cedo do que tarde, chegará a altura em que as
agendas eleitorais da maior parte destes estadistas
não irão resistir diante deste ataque avassalador
de uma pandemia que já matou ou deixou marcas
terríveis em biliões de seres humanos.
Desde os fracos aos mais fortes, todos os
estados, sem excepção, estão a chegar ao ponto de
declarar falência dos seus sistemas de saúde, sejam
eles sustentados por políticas de esquerda ou de
direita. Todos estão a falhar ou simplesmente deixaram
de existir. Outros, que até serviram como arma
principal para a conquista ou preservação do poder
estão absolutamente mais fragilizados e prestes a
“dar o berro”.
Assim, o mundo avança quase às cegas para
defender-se de um “inimigo invisível e letal”; mas,
provavelmente, este “inimigo”, pela primeira vez,
terá sido capaz de reunir um universo de cientistas
de todas as geografias com o objectivo único de
descobrir, em tempo recorde, uma vacina. Contra
o novo coronavírus, está a ser possível existir uma
competição, cuja finalidade é a mesma: travar imediatamente
e a todo custo a pandemia, imunizar
centenas de milhões de pessoas e restabelecer a
vida normal no planeta Terra.
De uma maneira ou doutra, as sociedade humanas
continuam literalmente resignadas quanto
aos novos ataques da pandemia; estão também
expectantes, dependentes da evolução ou não das
estatísticas que ensombraram estes últimos meses
do ano. As cifras reveladas são, de todo, catastróficas
para as economias dos estados. Economias
e empresas que todos os dias fecham as portas e
colocam barreiras à entrada de novos empregados;
constatam que os governos estão cada vez
mais virados a imprimir medidas de contenção
da propagação do vírus, apertando nas regras de
restrição da circulação de pessoas e do comércio;
logo, na maior parte dos casos, elas sentem-se
abandonadas, ameaçadas, atiradas para segundo
plano. Então caem; fazem-se despedimentos em
massa; fecham-se as comportas de entrada do ar
para o desenvolvimento industrial, agro-pecuário e
pesqueiro, desportivo, cultural e até religioso.
Em vários estados considerados “civilizados e
democráticos q.b”, baixa-se os cassetetes e atiram-
-se bombas; prende-se milhares de manifestantes;
atiram para os esgotos da história as leis que há
centenas de anos tornaram mais humanas as
sociedades livres. Este é um dos resultados mais
duros da Covid 19: atacou a alma da democracia,
a liberdade dos homens, o direito de se respirar à
vontade! Enfim, não raras vezes, a imprensa internacional
noticia que, mesmo nos Estados Unidos
da América ou na Europa, já existem cenários
em que as autoridades queimam literalmente as
páginas mais nobres das respectivas leis constitucionais
ou legitimam acções de violência e corte
de direitos por forma a que não se veja o poder na
rua, estabelecido através de convulsões sociais,
manifestações desordenadas e o caos generalizado.
Isto é um retrocesso forçado por um “vírus
invisível”! Nota-se que o poder, hoje mais do que
nunca, foi entregue às autoridades policiais ou militares.
Entram em cena como se estivessem numa
guerra autêntica, onde a força impera e os direitos
à liberdade são bastas vezes espezinhados. Por seu
turno, os combatentes pelas causas mais nobres
vergam-se aos novos tempos. O seu sentimento de
revolta é razoavelmente entendível, mas sabem
que algumas restrições são impostas para defender
o bem VIDA, e, contra este facto, os defensores dos
direitos humanos, as organizações cívicas ou os
activistas sociais, poucos argumentos apresentam
para se saírem vitoriosos.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 81
82
Publicação da Revista Figuras&Negócios
BALAIO•COMER BALAIO•ACTUAL& BEBER
XAVIER DE FIGUEIREDO LANÇA NOVO LIVRO
A VIDA INVULGAR
DO “PRÍNCIPE DO CONGO”
O
“Príncipe do Congo” é uma
obra do género narrativa
histórica, inteiramente baseada
na pesquisa. O título está inspirado na
figura de Nicolau de Água Rosada,
um dos filhos de Henrique II, rei do
Congo no período 1842/1857. A vida
A gravura da
capa é um retrato
seguramente fiel
do Príncipe do
Congo, personagem
do livro. É da
autoria do pintor
italiano radicado
em Lisboa,
Pedro Augusto
Guglielmi. Data
de 1845, ano da
chegada a Lisboa
de D. Nicolau.
absolutamente invulgar de D. Nicolau,
contada no livro, começou quando
seu pai o escolheu para em 1845 se
deslocar a Lisboa, por onde estanciou
durante mais de um ano, numa missão
com vários propósitos – um deles
relacionado com a questão do tráfico
de escravos. O estatuto social a que a
viagem ao “Puto” e a sua subsequente
radicação em Luanda, onde se ilustrou,
lhe deram acesso, viria a não ser
estranho à sua trágica morte, em 1860.
A turbamulta às mãos da qual sucumbiu
fê-lo com isso “pagar” por alegadas
cedências de seu pai a Portugal, de
que o consideravam cúmplice.
A amarga ironia da vingança é
que no momento em que ela ocorreu
andava foragido das autoridades
portuguesas, contra as quais se havia
publicamente rebelado, movido pela
rejeição que lhe mereceram coisas
para as quais olhara como planos de
avassalamento do Reino do Congo
impostos por Portugal a D. Pedro VI,
fraco sucessor de seu pai, ao qual
dava o tratamento de primo-irmão.
O Reino do Congo ainda é um
Estado praticamente autónomo. Os
últimos 15 anos da vida de D. Nicolau
coincidiram temporalmente com uma
época de grandes mudanças em
Angola, de que viria a ser testemunha.
O fim da era do tráfico de
escravos, lento e difícil, foi a mais
importante dessas mudanças. Até por
ter desencadeado muitas outras, em
cascata. Ao “nefando comércio ilícito”,
como uma nova moral, mais puritana,
passara a ver o tráfico negreiro, viria a
suceder uma nova economia, baseada
em novas actividades: a agricultura,
as minas, as pescas e a indústria. A
transição de uma realidade para a
outra, fértil em acontecimentos pouco
conhecidos, está contemplada no livro.
A autoria do prefácio é do Almirante
Silva Ribeiro.
COMPRAS SERVIÇOS BARES RESTAURANTES HOTÉIS PONTOS TURÍSTICOS
82 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
Ano 4 - Outubro 2020
BALAIO
83
ZAP VIVA LANÇA CNEF – QUEM SABE MAIS
CONCURSO PROMETE
MUDAR O FUTURO DO
JOVEM ANGOLANO
O
cocurso CNEF – QUEM SABE
MAIS nasce de uma parceria
entre o ZAP Viva e o Conselho
Nacional de Estabilidade Financeira
- CNEF, que se propõem a promover
a cultura financeira e familiarizar os
angolanos com conceitos económicos
imprescindíveis para o quotidiano. De
forma descontraída, os telespectadores
irão aprender sobre o que é o IVA,
como fazer poupanças ou como pedir
um empréstimo bancário, por exemplo.
Com prémios aliciantes em jogo,
a cada programa quatro estudantes
universitários testarão os seus
conhecimentos sobre o nosso sistema
financeiro. O vencedor de cada
edição ganha um prémio monetário
de 250.000 Kz, e os quatro melhores
classificados, irão garantir um lugar na
final e uma chance de levar para casa o
grande prémio que inclui:
• Estágio local de 6 semanas nas
novas instalações SAHAM ANGOLA
SEGUROS (nova sede);
• Treinamento internacional na
SAHAM em local de sua escolha. As
opções são Casablanca, Joanesburgo ou
Cidade do Cabo;
• Contrato de trabalho com a
SAHAM por tempo determinado, com a
possibilidade de renovação;
• Cheque de 1.000.000 Kz (1 milhão
de kwanzas) oferecido pela SAHAM.
A apresentação estará a cargo
do experiente Pedro Nzagi que, bem
ao seu estilo, promete aliviar a tensão
que certamente tomará conta dos
concorrentes que lutam pelo seu futuro.
O programa conta também, com
o importante apoio e patrocínio da
SAHAM - Angola Seguros e do banco
BFA que reconheceram na literacia
financeira uma causa merecedora dos
seus recursos. Os serões de quartafeira
agora estarão reservados para a
educação financeira em companhia do
ZAP Viva.
COMPRAS SERVIÇOS BARES RESTAURANTES HOTÉIS PONTOS TURÍSTICOS
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 83
84
Publicação da Revista Figuras&Negócios
BALAIO•COMER & BEBER
O FRANGO DO BIO’S
RECOMENDA-SE!
A
evolução urbanística do
Nova Vida faz deste um dos
projectos habitacionais mais
interessantes de Luanda, devido
a sua grande concentração de
supermercados, centros comerciais e,
cada vez mais, restaurantes.
O Frango do Bio’s, um espaço
jovem, moderno, alegre e vibrante, é
um bom exemplo disto. Caracteriza-se
pela sua comida de estilo fast food,
como os burgueres recheados, pizzas,
asinhas, barbecue ribs, e claro, o
churrasco. Mas é também conhecido
pelo seu ambiente descontraído,
pela decoração onde predomina a
madeira, pelos saborosos cocktails e
pelo atendimento simpático; é um lugar
onde sabe bem estar.
O QUE COMER
O menu do Frango do Bio’s está
dividido em várias secções, incluindo
as seguintes: petiscos, siders
(acompanhamentos), menu kids para
os pequeninos, grelhados, breads
(hambúrgueres e fahitas), pizzas e
sobremesas. Nos petiscos, o destaque
vai para as Asinhas do Bio’s e as
Asinhas BBQ; entre os grelhados, somos
fãs do frango, dos vários ribs (OutBack
e BarbieQ) e das codornizes. Entre
os hamburgueres, o grande destaque
vai para o hamburguer de picanha,
descrito como vários leitores nossos
como um dos melhores em Luanda;
nós também apreciamos o Double
Cheeseburger e o Burguer BBQ. Vale
muito a pena experimentar as pizzas,
especialment a Pizza Veggie e a Pizza
do Bio’s.
O QUE BEBER
Reparamos que o Bio’s tercerizou o
serviço de cocktails para uma empresa
cujo nome não nos lembramos, mas
que são muito bons no que fazem. Têm
barmen capacitados que produzem
COMPRAS SERVIÇOS BARES RESTAURANTES HOTÉIS PONTOS TURÍSTICOS
84 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
Ano 4 - Outubro 2020
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deliciosas caipirinhas, mojitos, sangrias,
daiquiris, gins e mais.
PREÇOS
Achamos que a relação preçoqualidade
é justa. Os petiscos variam
entre 1.800 - 2.800 AKZ, enquanto
que os burgers custam entre 2.500 a
4.800 AKZ; o meio-frango custa 2.500
AKZ e as pizzas começam nos 5.000
AKZ.
BIOSSEGURANÇA
Alcóol-gel na entrada, garçons com
máscaras, distanciamento entre
as mesas e desinfecção constante
nas mesmas... tudo como mandam
as recomendações dos órgãos
competentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para encontros com amigos num
ambiente descontraído mas com vibe,
em que a comida e a bebida valem a
pena, este é provavelmente o melhor
lugar na Urbanização Nova Vida.
CARACTERÍSTICAS
• Bom para comer sozinho
• Bom para grupos
• Bom para ver jogos
• Boys night out
• Esplanada
• Faz entregas
• Permitido fumar
COZINHAS
• Americana
• Fusão
PREÇOS
• Asinhas do Bio’s - Kz 1.800,00
• Meio Frango do Bio’s - Kz 2.500,00
• OutBack Ribs - Kz 5.400,00
• Double Cheese Burguer
- Kz 4.800,00
• Pizza Veggie - Kz 5.000,00
• Mojito - Kz 3.200,00
TURISM O • RE STAU RANTES • SNACK BARS • COM PRAS •SERVIÇOS • HOTÉIS
Suplemento da revista Figuras&Negócios
Propriedade: Etnia-Comunicação
Director: Victor Aleixo
Redacção: Ana Kavungo
Editor gráfico: Armindo Dalas
Secretariado: Yolanda Haitaleseni
Telef. 222 397 185 | 222 335 866
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www.figurasenegocios.co.ao
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BALAIO
Publicação da Revista Figuras&Negócios
BALAIO•COMER & BEBER
BICO DO SAPATO - FIEL AS REGRAS DE BIOSEGURAMÇA
SENTA-SE, SIRVA-SE
E SINTA-SE EM CASA
O
Bico do Sapato é neste
momento um dos melhores
restaurantes em Luanda
no que toca à qualidade
e diversidade da comida, consistência
da cozinha, velocidade e simpatia
no atendimento e a sua garrafeira.
Localizado na infraestrutura do Estádio
dos Coqueiros, um dos bairros mais
antigos de Luanda, o Bico do Sapato
é também ele um dos restaurantes
mais antigos da cidade em contínuo
funcionamento, tendo aberto as portas
em 2009.
A oferta gastronómica é focada
na cozinha portuguesa, com especial
realce para o peixe, os mariscos e o
fabuloso Leitão à Bairrada. O espaço
está divido numa sala de jantar
interior e uma esplanada devidamente
protegida da zona exterior do estádio;
está para breve a reabertura da zona
lounge, colada à esplanada.
O QUE COMER
O menu do Bico do Sapato está
dividido em várias secções: couvert,
sopas (quase todas elas vegetarianas),
uma seleção de carpaccios (garoupa,
vitela e polvo), entradas de peixe e
marisco, massas e risottos (destacase
aqui o Risotto de Leite de Coco,
Coentros e Lagosta Tempura), peixes
(a Tranche de garoupa com Trouxa
de Legumes e Batata Doce, o Lombo
de Bacalhau com Crosta de Broa e
Azeitona, e ainda a Espetada de
Cherne com Camarão acompanhada
de Batata Doce Cozida e Legumes
são os nossos preferidos), marisco
(destaque para as Gambas Tigre
Escaladas Aromatizadas com
Lima), carnes (o Leitão à Bairrada
mencionado anteriormente, as
Costeletas de Borrego com Legumes
Assadose e o Chateaubriand em
3 Pimentas para duas pessoas são
possivelmente as opções mais vistosas),
sobremesas (têm de provar a Delícia
de Abacate e Canela com Gelado de
Baunilha) e snacks para o lounge.
Descrevemos o menu com algum
detalhe, mas temos de realçar que
todas os dias o Bico do Sapato
tem ofertas diferentes que variam
consoante a disponibilidade dos
produtos no mercado. Neste menu
executivo há sempre uma opção
de peixe e outra de carne; o menu
inclui entrada, o prato principal e a
sobremesa. Exemplos recentes incluem
Rolinhos de peixe com legumes a vapor,
Vitela à moda de Lafões, e Favas
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BALAIO
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BALAIO
Publicação da Revista Figuras&Negócios
BALAIO•COMER & BEBER
Guisadas com Entrecosto e aromas
de coentros.
O QUE BEBER
A garrafeira do Bico do Sapato é
generosa e tem uma tendência clara
para vinhos das regiões do Douro e
do Alentejo. Há também uma pequena
mas muito boa seleção de champagnes
(Moët Chandon) e espumantes (Mateus
Rosé e Murganheira).
PREÇOS
Estão ao nível de um restaurante de
qualidade. Não é barato. As massas e
risottos custam cerca de 10.000 AKZ,
os pratos de peixe variam entre os
9.000 - 16.000 AKZ, e os pratos de
carne custam em média 9.000 - 11.000
AKZ.
PREVENÇÃO CONTRA
A COVID 19
Por motivos óbvios, não temos saído
para avaliar restaurantes com tanta
frequência. E pelos mesmos motivos,
a nova realidade nos restaurantes
– menos funcionários, horários
reduzidos, limitações diversas em
toda operação – implica que o
nosso método de avaliação também
passe por algumas mudanças.
Estamos agora mais focados na
oferta gastronómica em si e no
quão preparado está o restaurante
no que toca a biossegurança, tanto
para os seus funcionários como para
o público em geral. Considerações
como velocidade do atendimento,
quantidade de oferta, e outras
opiniões do género, estão em
segundo (ou terceiro) plano.
BIOSSEGURANÇA
Alcóol-gel na entrada, garçons com
máscaras, distanciamento entre as
mesas e desinfecção constante nas
mesmas, loiça entregue ainda coberta
com película aderente...tudo como
mandam as recomendações dos órgãos
competentes, e mais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando sabemos que queremos comer
gastronomia portuguesa de qualidade
com um bom vinho a acompanhar,
num ambiente acolhedor com bom
atendimento, é aqui que viemos.
CARACTERÍSTICAS
• Bom para comer sozinho
• Bom para grupos
• Esplanada
• Estacionamento
• Experiência Premium
• Faz entregas
• Jantar romântico
• Ocasiões especiais
• Permitido fumar
• Vegetariano
• Vinho a copo
• Cozinhas Portuguesa
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BALAIO 89
Ano 4 - Nº38 Outubro - Setembro 2020 2020 89
BALAIO•COVID 19
EXPOSIÇÃO “USAMASCARA”
EMBAIXADOR ELOGIA
ARTISTAS ANGOLANOS
O
embaixador de Portugal em
Angola, Pedro Pessoa e Costa
elogiou em Luanda, o acto de
cidadania e união demonstrado pelos
artistas plásticos angolanos que participam
da mostra colectiva denominada
“UsaMascara” que fica patente até 20
de Novembro,no Camões -Centro Cultural
Português, em Luanda.
Na abertura da exposição, de 33
obras de 30 artistas angolanos que têm
como temática transversal, a prevenção
e o combate à pandemia da Covid-19
no País, o embaixador felicitou o espírito
criativo e inovador dos artistas que
apresentaram trabalhos de muita boa
qualidade estética e com mensagens
fortes e impactantes sobre a importância
do uso e utilidade das máscaras na
preservação da vida, para se evitar a
propagação da pandemia.
A exposição é resultado de uma
iniciativa do Espaço Luanda Arte (ELA) e
da revista “40.ena!”, que em Março de
2020 convidaram os artistas angolanos
a participarem num novo projecto nacional
das artes intitulado “UsaMascara”.
A iniciativa conta com a parceria do
banco BFA, na atribuição dos prêmios
que, durante cinco meses, até Agosto
de 2020, e por meio das redes sociais,
artistas de todo País, sem restrições de
idade ou experiência, foram incentivados
a produzir obras inspiradas no actual
momento, destacando em especial a
utilização da máscara.
As escolhas do júri tiveram por base
critérios de técnica, composição, conteúdo
e narrativa ou mensagens. O Júri decidiu
ainda atribuir o prêmio Camões “Usa-
Mascara” à Jardel Selele, prêmio ELA
à Andréia Maia, ambos com direito a
organização de uma exposição individual
em 2021, prêmio BFA “UsaMascara”,
no valor de 500 mil Kwanza a Romulo
Rosa e à Pemba. À Fran dos Santos foi
atribuído o prêmio de 40 mil Kwanza.
Para a atribuição dos cinco prêmios,
a organização levou em consideração as
técnicas utilizadas; mensagens,montagens
e inovação das técnicas.
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Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 89
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Publicação da Revista Figuras&Negócios
BALAIO•RESTAURANTE
|Texto |Fotografias LNL . Arquivo F&N
Há algo de interessante que
acontece na Ilha do Cabo
em relação aos restaurantes
e bares. Na primeira metade da
Ilha, principalmente na Casa dos
Desportista e até à Floresta, a
vasta maioria dos restaurantes
são virados ao mar (apesar de
estarem localizados no outro lado
da estrada), são de fácil acesso
e interagem com o seu ambiente.
Alguns colocam mesmo as suas
mesas no passeio. Já na segunda
metade da Ilha, os restaurantes estão
virados para si mesmo e para o mar,
colados à praia e sem interação
com a envolvência. Notam-se os
muros, as paredes altas e uma certa
‘privatização’ da praia.
O Ceano faz parte do primeiro
grupo de restaurantes e, com a sua
RESTAURAMTE À ILHA DE LUANDA
CEANO UM AMBIENTE
ACOLHEDOR AO OCEANO
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localização na Casa dos Desportistas,
é um espaço virado ao mar (e por
conseguinte ao magnífico pôr do sol
da Ilha). É um espaço que conversa
com o seu meio ambiente e tem mesas
no passeio, o que dá uma sensação
de abertura. Tem um interior design
leve, elegante e de bom gosto,
perfeito para o tipo de ambiente
que quer transmitir. Talvez por isso é
actualmente um restaurante da moda
em Luanda, onde já se torna quase
impossível encontrar uma mesa a
partir do fim de tarde de uma sextafeira.
O QUE COMER
Este restaurante tem um menu variado
(alguns dos escritores cá no LNL
dizem ser grande demais) dividido
em pequeno-almoço, sandwiches e
tostas, sopas, saladas, entradas e
peticos, pratos principais, massas e
sobremesas. Há também um menu
semanal, com alternância dos pratos
do dia.
COMPRAS SERVIÇOS BARES RESTAURANTES HOTÉIS PONTOS TURÍSTICOS
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Publicação da Revista Figuras&Negócios
Nas nossas várias visitas ao
Ceano, há alguns pratos que
invariavelmente acabamos por
pedir. Entre as entradas e petiscos, o
fresco e saboroso Tataki de atum é
imprescendível. Mas também somos
fãs da Bruschetta al pomodoro, das
Asinhas de frango BBQ e do Ceviche
de garoupa. Há também saladas um
pouco acima da média comparado
com outros restaurantes luandenses; a
Salada do mar é a nossa preferida.
No que toca aos pratos principais,
pedimos com frequência o Caril de
camarão, os Ribs (da terra) e, quando
estamos em grupo e com vontade
de peixe e marisco, o Ceano Platter
para duas pessoas. Gostamos de
terminar com um crumble de maçã.
Quando estamos num mood
mais carnívoro, a opção é só uma:
o hambúrguer do Ceano. Vem com
bacon, queijo, cebola caramelizada,
tomate, rúcula (não alface!), e chips
de batata doce.
O BRUNCH
O brunch do Ceano chama-se Energia
Urbana e vem com ovo, bacon, cebola e
tomate grelhados, cogumelos salteados,
torradas, sumo natural, café ou chá.
Mas há mais opções para o pequenoalmoço,
incluindo ovos benedict, fruta,
taças de iogurte e tostas, tudo bem
confeccionado e saboroso. Felizmente,
o pequeno-almoço e brunch do Ceano
estão disponíveis todos os dias – não
tens de esperar pela preguiça do fim de
semana.
O QUE BEBER
Há cocktails, gin tónicos deliciosos,
sangrias divinais, vinhos e fino, claro.
E diversos sumos naturais dependendo
do dia.
PREÇOS
Achamos os preços do Ceano
um pouco acima da média, mas,
por outra, as porções são mesmo
generosas.
BIOSSEGURANÇA
O espaço tem alcóol-gel espalhado
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por vários pontos, garçons com
máscaras, distanciamento entre
as mesas e desinfecção constante
nas mesmas. Contudo, em dias
de enchente como sexta-feira,
o distanciamento encurta e o
restaurante fica mesmo concorrido.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As pessoas procuram o Ceano com
frequência pelo seu ambiente, pelos
cocktails, pela comida, e pelo brunch
aos fins de semana. É actualmente um
dos espaços mais concorridos da Ilha.
Às sextas, e às vezes ao domingo, as
enchentes fazem com que o serviço
sofra. Contudo, é um local de eleição
para apreciar a Ilha do Cabo.
CARACTERÍSTICAS
• Bom para comer sozinho
• Esplanada
• Faz entregas
• Local a beira-mar
• Permitido fumar
• Vegetariano
• Vinho a copo
• Vista bonita
COZINHAS
• Fusão
PREÇOS
ENTRADAS & PETISCOS
• Asinhas de fango - Kz 4.200,00
• Ceviche de garoupa
- Kz 6.500,00
PRATOS PRINCIPAIS
• Ceano platter p/2pax
- Kz 22.000,00
• Caril de camarão - Kz 8.350,00
• Ribs - Kz 7.150,00
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