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PAGINAÇÃO 205

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Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 3


4 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


CARTA DO EDITOR

O

Presidente João Lourenço

participou em

vídeo conferência, em

Londres, do fórum

África 2020 e rearfirmou

a sua intenção de

combate à corrupção a alto nível em

Angola e o antigo primeiro-ministro

britânico,na organização do debate,

aplaudiu na certeza que Angola, banida

dos efeitos desse mal, vai caminhar

segura pelo desenvolvimento

sustentável. João Lourenço respondeu

a perguntas do moderador do

fórum afirmando nomeadamente que

o combate contra a pandemia do Covid

19 em África vem sido sucedido

mas alertou aos países para se organizarem

para dar respostas decisivas

na saúde, mormente formação de

quadros e aquisição de técnicas para

os hospitais públicos. E uma matéria

inserta não revista e o caro leitor não

perde o tempo para lê-la.

Mas curiosa está a entrevista de

Archer Mangueira como Governador

Provincial do Namibe onde diz

que os ensinamentos da população

incentiva-o para trabalhar mais. Um

reconhecimento responsável de um

dirigente que conhece agora os quês e

porquês de uma província de Angola.

Desde o relevo que damos nas

nossas páginas, passando nas makas

da Sonangol.

Onde reina (VA) alguma barafunda,

passamos o ferro.

De África, estivemos na Cote

d’Ivoire, Cabo Verde e África do Sul

que se registou no interior do Cabo,

um distúrbio rácico.

Enfim, as notícias e reportagens

do Desporto e da Moda e Cultura dão

ao nosso leitor um alento de boa disposição

nessa altura em que nos confrontamos

contra a pandemia do Covid

19.

Boa leitura

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 5


08

PÁGINA ABERTA

"A INTERACÇÃO DO POVO PERMITE-ME

TRABALHAR COM SATISFAÇÃO"

3. CARTA DO EDITOR

7. PONTO DE ORDEM

A MOBILIDADE, SENHORES!!!

12. PAÍS

"ESTOU CIENTE DA LUTA CONTRA

A CORRUPÇÃO VAI VINGAR”

60. MUNDO

66. ÁFRICA

COSTA DEMARFIM: RISE PÓS-ELEITORAL À VISTA

76. FIGURAS DE LÁ

15. CONTRIBUIÇÃO

16. LEITORES

18. COVID

28. FIGURAS DE CÁ

32. ECONOMIA & NEGÓCIOS

34. CULTURA

57. FIGURAS DE JOGO

58. SAÚDE E BEM-ESTAR

O COVID NA SAÚDE

ESTUDO REVELA IMPLICAÇÕES DA

COVID 19 NA SAÚDE MENTAL

36.

DOSSIER

CARREGAMENTO DE PETRÓLEO PARA SAM PÁ

PODEM COMPROMETER MANUEL VICENTE

6 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


Publicação mensal de economia,

negócios e sociedade

Ano 20 - n. º 205, Outubro – 2020

N. º de registo 13/B/97

Director Geral: Victor Aleixo

Redacção: Carlos Miranda,

Júlia Mbumba, Sebastião Félix,

Suzana Mendes e Venceslau Mateus

Fotografia: George Nsimba

e Adão Tenda

Colaboradores:

Édio Martins, Domingos Fragoso,

Juliana Evangelista, João Marcos,

João Barbosa (Portugal),

Manuel Muanza, Rita Simões,

54

Ana Kavungu, D.Dondo,

Wallace Nunes (Brasil),

Alírio Pina e Olavo Correia

(Cabo-Verde), Óscar Medeiros

(S.Tomé), Crisa Santos (Moda) e

Conceição Cachimbombo (Tradutora).

Design e Paginação: Humberto Zage

DESPORTO

e Sebastião Miguel

QUATRO 'GALOS' PARA APENAS UM 'POLEIRO' Capa: Bruno Senna

Publicidade: Paulo Medina (chefe),

Gabriel Capapinha

Tel: (+244) 937 465 000

Assinaturas (geral):

Katila Garcia

Revisão: Baptista Neto

Brasil:

Wallace Nunes

Móvel: (55 11) 9522-1373

e-mail: nunewallace@gmail.com

Inglaterra (Londres):

Diogo Júnior

12 - Ashburton Road Royal Docks

- London E16 1PD U.K

72.

Portugal:

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Cor Acabada, Lda (Portugal)

Tiragem: 10.000 exemplares

DINHEIRO NO CERNE DA QUESTÃO

Direcção e Redacção:

Edifício Mutamba-Luanda

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Revista Figuras&Negócios Angola

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 7

79.

80.


8 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


Victor Aleixo

victoraleixo12@gmail.com

PONTO

DE ORDEM

A MOBILIDADE, SENHORES!!!

Os governantes não falam muito e a oposição acomoda-se com

o assunto e a população grita, implora, enfim... E o caso da

mobilidade, meus senhores.

Hoje, clama-se Diálogos entre a situação e a oposição, quer

dizer a reunião dos governantes e os políticos que dirigem

o governo com opositores e sociedade civil com o objectivo

de tracar rumos para Angola política, econômica e social mas acrescento que

tomemos decisões, e isso mesmo, tomemos decisões sobre a mobilidade em

Angola.

Parece que a mobilidade em Angola é parente pobre da dirigencia não

obstante a importância que assume para o país. Ouve-se receitas generosas

para a construção de escolas, hospitais, casas, enfim... as estradas primárias,

secundárias, terciárias como ingredientes da mobilidade ninguém, quer

governantes, como políticos da situação e da oposição, reivindica.

Os governantes tem a obrigação de fazer estradas como escolas, hospitais,

casas, pontes, viadutos... para o desenvolvimento de Angola e a sociedade e os

políticos apoiam ou reinvindicam mas agora comecemos a dialogar sobre a

mobilidade em Angola.

Discute-se futilidades sempre e sem soluções e daí, pretende-se associar

sinergias para o diálogo de todos para o todo do País.

Desde o início da nossa independência nacional, o governo não teve interesse

da opinião/sugestão popular porque não obstante ter o rótulo de “governo

do povo” não interessava ouvir,posteriormente com as eleições gerais, havia

suposição de os que mandam no governo em princípio contactavam a sociedade

civil e no parlamento, representantes partidários discutem a sua maneira, os

interesses e as necessidades do povo, mas, debalde!

A mobilidade em Angola não se discutiu nem um diálogo abrangente foi

realizado, daí a relevância do assunto.

Angola tem de começar de novo a sua largada como um país africano a

conquista do seu papel relevante do continente e vale dizer que a mobilidade

tem o condão de fazer o histórico do crescimento e desenvolvimento sustentável.

No momento em que se reclama a paz social e reconciliação nacional,o

tema Mobilidade em Angola é urgente e a governanacao deve assumir o papel

de charneira para o debate que obriga os dirigentes partidários, das igrejas,

organizações sociais participarem com a sociedade civil organizada.

Teremos um trunfo maior na organização e desenvolvimento sustentável

de Angola que infelizmente não nos organizamos desde a conquista da

independência nacional.

Como abri o meu Ponto de Ordem, sugiro mais uma vez o Diálogo sobre a

Mobilidade em Angola, meus senhores.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 9


PÁGINA ABERTA

Archer Mangueira assinalou

o primeiro ano da

governação provincial do

Namibe e deu uma entrevista

ao Figuras&Negócios

falando da sua gestão,o

contacto e a empatia dos

habitantes do Namibe.A

situação da economia na

província ,o turismo,a

agricultura e a pesca,entre

outros, foram questões

abordadas pelo Governador

do Namibe em entrevista

por e-mail.

Vamos ler a entrevista:

Figuras&Negócios (F&N)

- Quais os resultados do

plano de governação e o

que foi planificado?

Archer Mangueira

(AM) - O nosso Plano de

Governação tem um conjunto de objetivos

bem definidos, de acordo a visão de

desenvolvimento estabelecida do íncio

do nosso mandato.

O Plano traçou programas de Construção

e reabilitação de escolas, programa

de Saúde Pública e Construção

de Unidades de Saúde, Saneamento

básico, Construção e Reabilitação de

Estradas e Vias de acesso, Modernização

Urbana e das cidades, Potenciação

do Turismo, Potenciação da Cultura e

actividades Desportivas, Promoção do

investimento privado, Mitigação dos

efeitos da seca, a priorização da formação

técnico-profissional, da Investigação

Científica, do campus universitário

e outras acções para potenciar a Província

do Namibe.

Quanto aos resultados, estamos

satisfeitos com o que foi feito até aqui,

embora gostaria de ver o Plano da visão

de desenvolvimento da Província

melhor executado, o que entendo não

ter sido possível fundamentalmente

devido ao período de inatividade e

restrições causado pela Pandemia da

covid-19, e também por força da revisão

do Orçamento Geral do Estado que

adiou algumas acções inscritas no Plano.

Mas vamos continuar a trabalhar,

com fé e bastante optismismo para fazer

o Namibe acontecer!

F&N - Como anda o empreendimento

do Porto de Moçamêdes?

AM - O Projecto tem todas as condições

precedentes cumpridas. Ou seja,

financiamento garantido e empresas

contratadas. O concurso público

para o apuramento da empresa de fiscalização

também já foi lançado e em

breve a empresa será contratada.

O financiamento do projecto é suportado

pelo Banco de Desenvolvimento

do Japão, e estamos certos que

vai ser importante para o desenvolvimento

da Província, pela componente

de modernização e expansão do Porto,

que vai aumentar a capacidade de escoamento

dos produtos e melhorar a

interligação da região sul (Huíla, Namibe,

Cunene e Cuando-Cubango) de Angola

pela intercessão entre o Porto, vias

rodoviárias e os Caminhos de Ferro. É

um projecto estruturante que também

vai modernizar o terminal mineraleiro,

potenciando a indústria siderúrgica na

região. Será um factor de diversificação

económica de Angola e vai sem dúvidas

alavancar o sector produtivo e de serviços

na província, com destaque para a

criação do emprego.

Por tanto, está tudo pronto, e o lançamento

da primeira pedra ficou apenas

adiado por força da Covid-19.

F&N - O que foi feito para travar a

covid-19 durante esse tempo e o que

vai suceder agora que a província já

tem casos?

AM - Iniciamos em Fevereiro as acções

de Prevenção a Covid-19. Naquela

altura algumas vozes acusavam-nos

de estar a dramatizar, mas foram essas

acções de sensibilização e a elaboração

atempada de um Plano Provincial de

Contingência amplamente divulgado,

adaptado aos hábitos e costumes do

nosso povo, visando evitar a propaga-

ARCHER MANGUEIRA, GOVERNADOR PROVINCIAL DO NAMIBE

A INTERACÇÃO DO POVO PER

TRABALHAR COM SATISFAÇÃ

10 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


PÁGINA ABERTA

MITE-ME

O

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 11


PÁGINA ABERTA

ção da Covid-19.

Não estando isolados do resto do

País, era previsível que em algum momento

teríamos casos positivos, embora

importados, mas o que vamos fazer

agora é continuar a reforçar as medidas

de prevenção e chamar a responsabilidade

de todos para o cumprimento das

medidas e recomendações do Sector da

Saúde.

Continuamos o trabalho permanente

de sensibilização e mobilização

das pessoas para o combate à Covid-19,

com o engajamento de toda a sociedade

O Namibe é dos

maiores produtores de

tomate no País, e está

em curso um Projecto de

privatização para colocar

em funcionamento a

fábrica de transformação

de tomate instalada na

Província

civil e os órgãos de defesa e segurança.

Vamos também apostar na formação

dos nossos profissionais de saúde

e no asseguramento de meios de biossegurança.

F&N - Como vão os sectores das

pescas, agricultura e do turismo.

AM - O Sector Piscatório continuará

a ser determinante na economia da

Província. Nessa altura registram-se

baixas capturas de pescado, o que

abalou a cadeia produtiva do sector,

mas medidas estão a ser desenvolvidas

para redinamizar esse segmento

12 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


PÁGINA ABERTA

tão importante da economia local,

com destaque para as políticas do

Sector de tutela, visando a protecção

da biomassa. Aqui convém sublinhar

que complementarmente priorizamos

a definição da cadeia produtiva

da pesca artesanal e o reforço da

capacidade de fiscalização da nossa

costa.

Quanto a agricultura, tem dado sinais

bastante positivos. Para o anoagrícola

2020/2021, a Província tem

preparado para a sementeira cerca de

22.500 hectares de terras agrícolas.

Temos ideias claras em relação

a adopção de uma política de gestão

dasterras que permita dar a terra a

quem a quer cultivar, respeitando

alegislação, pagando impostos e criando

valor. Temos condições para

sermos autossuficientes nas mais

variadas culturas em muito pouco

tempo.

O Namibe é dos maiores produtores

de tomate no País, e está em

curso um Projecto de privatização

para colocar em funcionamento a fábrica

de transformação de tomate instalada

na Província.

Temos ideias claras

em relação a adopção de uma

política de gestão das terras

que permita dar a terra a

quem a quer cultivar, respeitando

alegislação, pagando

impostos e criando valor. Temos

condições para sermos

autossuficientes nas mais

variadas culturas em muito

pouco tempo

Relativamente ao Turismo, o Namibe

tem tudo. Tem o Mar, o deserto,

a terra, a biodiversidade e a cultura.

Mas entendemos que o potencialturístico

depende do homem para o seu

desenvolvimento, por isso, estamos

a fazer o Planeamento bem definido

das zonas turísticas, para desenvolver

infraestruturas adequadas a cada

tipo de turismo.

Defendemos a criação de modelo

que passa pela criação de sociedades

de desenvolvimento que possam

transformar essas zonas em verdadeiros

destinos turísticos e de exportação

de serviços.

A Biosiversidade deve o ponto

alto do turismo de angola. Um turismo

amigo do ambiente, que seja

baseado na protecção das espécies,

da fauna, da floresta, um turismo

azul, um turismo que exalte o nosso

botânico. Um turismo assente no desenvolvimento

sustentável da nossa

região.

Consideramos essas componentes

como cruciais para o desenvolvimento

do turismo na província. Sem nos

esquecer dos incentivos fiscais para

a atração de investidores, e já estamos

a trabalhar internamente numa

estratégia que crie a marca Namibe.

Queremos e podemos cria uma zona

franca na região sul de Angola.

F&N - Qual é o segredo da empatia

entre o governador Provincial e

os habitantes da província?

AM - Quando cheguei ao Namibe a

primeira acção foi ouvir as pessoas.

F&N - há rumores de que teria

sido castigado pelo pr baixando de

ministro influente para governador

de província e que o cenário da nomeação

seria apenas para gerir o

empreendimento japonês do porto

de moçâmedes.

AM - São rumores…Aceitei de bom

agrado e sem hesitar, o convite que o

Presidente da República me fez para

governar o Namibe. Vim ao Namibe

para continuar a servir o meu país, com

vontade de fazer acontecer.

F&N - O que falta para transformar

a província para o crescimento

e desenvolvimento?

AM - Falta implementar na sua plenitude

a Visão de Desenvolvimento do

Namibe.

F&N - Quais são as tarefas planificadas

para a sustentabilidade do

Namibe?

AM - *Pensamos que essas duas

questões ficam diluídas na resposta da

visão de desenvolvimento apresentada

na primeira questão*

F&N - Tem saudades da governação

ministerial?

AM - A função de Ministro ficou para

história. Tenho saudades das equipas

de jovens que formei e que hoje estão a

exercer cargos e responsabilidades não

só nas Finanças, mas em vários domínios

da gestão pública e privada do País.

Para mim, é um grande orgulho.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 13


PAÍS

PRESIDENTE JOÃO LOURENÇO NO FÓRUM ÁFRICA 2020

"ESTOU CIENTE

DA LUTA CONTRA A

CORRUPÇÃO VAI VINGAR”

O Presidente da República,

João Lourenço aposta numa

“verdadeira mudança estrutural

da economia”, Ele

falou em videoconferência no

Fórum “Africa-Debate 2020,

num painel dedicado ao investimento

em Angola.

Lourenço interagiu com o

antigo Primeiro Ministro

britânico, Tony Blair sob

moderação do economista

guineense, Carlos Lopes.

De salientar que o fórum

“África Debate 2020” e uma

organização da Invest África

como apoio do Instituto britânico

para a Mudança Global

e da Agência de Investimento

Privado e Promoção das Exportações

de Angola(AIPEX).

Apresentamos as declarações

do Presidente de Angola

respondendo ao moderador

Carlos Lopes

Carlos Lopes (CL) - Quais

são as principais reformas

econômicas e sócias

que o Governo está

a defender para fazer

de Angola um destino

de investimento emergente em África?

Presidente João Lourenço (PJL)

- Desde a nossa tomada de posse, em

finais de 2017, temos estado a imple-

mentar um conjunto importante de

reformas profundas com vista a melhoria

contínua do ambiente de negócios.

A prioridade é a promoção do sector

privado com vista a sua conversão em

motor do crescimento econômico em

Angola.

Estamos a trabalhar no sentido de

uma verdadeira mudança estrutural

da economia de Angola para que ela

se torne cada vez menos dependente

do petróleo. Por isso, precisamos de

instituições fortes e credíveis e de uma

economia de mercado dinâmica e eficiente.

Neste sentido,as reformas em curso

baseiam-se em dois pilares fundamentais:

a edificação de um verdadeiro

Estado de Direito para instaurar a confiança

nos investidores,quer nacionais

como estrangeiros, e a consolidação da

economia de mercado, baseada na sa

concorrência e total abertura do país

aos investidores.

Definimos o combate à corrupção

e à impunidade como uma das nossas

prioridades, com o apelo a sociedade

e as instituições para prevenir e combater

este fenômeno e, por essa via,

restaurar a confiança dos investidores.

Do ponto de vista da política macroeconômica,

o governo fez reformas

significativas a nível do sector fiscal,

com um processo de consolidação fiscal

que tem permitido reduzir e tornar

sustentável o processo de dívida

pública, a nível do sector cambial, com

uma grande reforma da Política Cambial,

que passou de uma taxa de câmbio

quase fixa para um regime cambial

mais flexível e ajustado as condições do

mercado. Este facto, combinado com a

abertura da conta de Capitais, que permite

a entrada e saída livre de capitais

do país sem prévia autorização do Banco

Central, permite uma maior atratividade

ao investimento estrangeiro.

Em relação ao sector real da economia,

o governo tem vindo a criar

medidas concretas tendentes a proporcionar

o crescimento econômico,

tendo aprovado e implementado diversos

instrumentos para fomentar a

produção nacional e a diversificação da

economia,como o PRODESI-Programa

de Apoio a Produção, Diversificação

das Exportações e Substituição das

Importações. Foram igualmente aprovados

um conjunto de medidas tributárias

para beneficiar os empresários que

investem em Angola,como é o caso da

redução do Imposto Industrial, de 30%

para 25%, e igual redução para o Sector

Agrícola e Similares, de 15% para 10%.

O governo criou e aprovou o Programa

de Privatizações, um processo

ambicioso e coerente de privatização

de mais de 195 empresas e Activos

públicos,o qual, por si só, constitui um

conjunto de oportunidades nos mais

variados sectores da economia, desde

a agropecuária, indústria, telecomunicações,

petróleo e o sector financeiro,

para aqueles que pretendem e decidam

investir no país.

Foram também alteradas as leis

de Investimento Privado e das Parcerias

Publico-Privadas (PPP) em 2018

e 2019, respectivamente, bem como

a criação da Autoridade Reguladora

da Concorrência e a adoção pela

primeira vez em Angola da Lei da

14 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


PAÍS

Concorrência,as quais esperamos venham

a contribuir significativamente

para a atração de investimento nos

mais diversos sectores da economia.

CL - A diversificação econômica

tem sido a chave para sua agenda de

desenvolvimento. Em quais sectores

o governo está planeando diversificar

e desenvolver e como pensa fazer isso

de maneira sustentável?

PJL - Como referi, Angola tem um

enorme potencial de recursos naturais

ainda pouco explorado. Este potencial estende-se

desde a agropecuária, a indústria

extractiva e transformadora,as pescas, o

turismo, a energia e águas, os transportes

e logística, a construção civil, entre outros

sectores.

Portanto, convidamos o sector privado

aqui presente a abraçar as oportunidades

de negócios que o nosso país oferece,

na realização de investimentos agropecuários,

nas pescas, instalação de fábricas

diversas,na construção e recuperação de

infraestruturas, como estradas, pontes,

aproveitamentos hidroelétricos, distribuição

de energia elétrica e rede de agua

canalizada, portos, aeroportos, estâncias

turísticas, estabelecimentos de ensino e

unidades hospitalares e que nos ajudem

a transformar Angola num país próspero

e moderno, capaz de proporcionar ao seu

povo e ao mundo as melhores condições

de vida.

CL- Com uma grande e crescente

população jovem, quais metas e estratégias

o governo está definindo e

implementando para trazer um desenvolvimento

econômico sustentável

inclusivo?

PJL - Angola tem uma população estimada

em cerca de 32 milhões de habitantes

e cuja maioria (cerca de 66%)

e jovem, com idade inferior a 25 anos.

A juventude constitui o maior patrimônio

de Angola. Daí a grande importância

que damos a investimentos em

domínios como a educação e o desenvolvimento

de competências através de

programas de formação profissional e de

bolsas de estudos.

Os níveis de desemprego relativamente

altos que Angola vive hoje, como

resultado da crise econômica e financeira

iniciada em 2014, afectam, sobretudo, a

juventude.

Por esta razão, os programas tendentes

a diversificar a economia vão contribuir

para o aumento do emprego e, por

conseguinte, dos níveis de rendimento

dos cidadãos nacionais, em particular da

juventude.

Com a aposta numa educação abrangente

e de qualidade e na diversificação

da economia do país, estaremos a aumentar

as oportunidades de emprego para os

jovens angolanos, ao mesmo tempo que

estaremos a criar as condições para um

desenvolvimento cada vez mais sustentável

e inclusivo. Estaremos a transformar o

nosso potencial de recursos humanos

em mão de obra qualificada, capaz

de enfrentar os desafios

do futuro

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 15


PAÍS

CL - Que garantias pode o Senhor

Presidente dar aos investidores que

tem interesse em actuar no seu país e

com que mais eles podem contar, do

ponto de vista dos incentivos?

PJL - Dou a garantia aos investidores

estrangeiros de que o ambiente de negócios

em Angola tende a melhorar dia após

dia. As reformas que demos início em

2017/2018 são para continuar, portanto

não é nada que foi feito pontualmente e

terminou, não! E um processo contínuo.

Todos os dias vamos descobrir pequenos

obstáculos que ainda existem, para que os

investidores se sintam mais confortáveis

e então, sempre que alertados, vamos tomar

as medidas que forem necessárias.

Se alguma legislação tiver de ser alterada

ou produzida de raiz para facilitar o

ambiente de negócios, vamos fazê-los. O

combate contra a corrupção a todos os níveis-desde

a grande corrupção a pequena

corrupção do dia a dia, do pequeno funcionário

ao balcão, no guichê é uma luta

para continuar, não vamos desistir.

E em termos de incentivos ao investimento,

também continuaremos a descobrir

cada dia novos incentivos para que os

investidores estrangeiros possam confiar

na nossa economia e apostar os seus recursos,

o seu capital, aqui na economia

angolana.

CL - Tal como o Senhor Presidente

referiu, Angola e um país de população

maioritariamente jovem, uma

grande vantagem, um grande activo

com que se pode e deve contar. Que

resposta está Angola a preparar para

a fase pos-Covid, o esforco de recuperação?

PJL - A nossa resposta pos-Covid será

procurar recuperar o tempo perdido durante

este longo período de pandemia,

tempo perdido em todos os domínios, é

uma vez que estamos a falar de investimento

estrangeiro privado, também neste

domínio do investimento privado.

O ambiente está a ser criado é tão

logo haja oportunidade de grandes investidores

virem para Angola, serão muito

bem-vindos, serão acolhidos de braços

abertos.

Falou no facto de Angola ter uma po-

cios com ideias, com projectos,que os

querem materializar em Angola? Por

onde devem começar?

PJL - Desde que este investimento

contribua para o aumento da produção

de bens e serviços, contribua para o aumento

da oferta de empregos, e sempre

bem-vindo. Portanto, é uma questão de

sermos, que nós vamos dar todas as facilidades

no sentido de esses projectos

serem exequíveis, se tornarem realidade.

CL - A aposta no digital está na

ordem do dia em todas economias.

Como está Angola a olhar para esse

campo?

PJL - Em breves palavras ,dizemos

que nós não descuramos essa necessi-

pulação essencialmente jovem. Isto é um

capital que joga a nosso favor e que nos

vamos procurar explorar o melhor possível.

Ter população jovem e bom,e força

de trabalho garantida, embora tenhamos

consciência de que precisamos de fazer

grandes investimentos nessa mesma juventude.

Ela tem de ser bem preparada

para enfrentar o mercado do emprego e

os próprios investidores,o proprio investimento

vai-nos ajudar a fazer isso.

A formação será dada não apenas

nos institutos, nas universidades,mas

será dada também “on Job”, como se diz,

estando já empregados, portanto. Os jovens

vão ser preparados para melhor

poderem servir as indústrias que os empregarão.

CL - Em concreto,o que pode dizer,

Senhor Presidente, aos investidores

interessados, aos homens de negó-

O combate contra a

corrupção a todos os níveis-

-desde a grande corrupção a

pequena corrupção do dia a

dia, do pequeno funcionário

ao balcão, no guichê é uma

luta para continuar, não vamos

desistir

dade de prestar maior atenção ao digital,

que não é só para o futuro, mas o

presente já e digital.

As economias mais dinâmicas

hoje,no mundo, são-no não apenas porque

tem quadros qualificados, mas porque

fizeram investimentos sérios nesta

área do digital. Portanto, em relação a

Angola não será diferente, nós estamos

atentos a necessidade de fazer muito

mais neste domínio do digital do que

já foi feito até aqui.

CL - Relativamente a actual pandemia

da Covid, qual entende, Senhor

Presidente, que esteja a ser a

lição que fica para a África?

PJL - Como sabe, África talvez seja

o continente em relação ao qual havia

maior pessimismo sobre as consequências

da COVID-19. Felizmente, esse

prognóstico muito pessimista, negativista,

em relação a capacidade de África

para enfrentar a pandemia acabou por

não se concretizar, ou seja, os níveis de

contaminação existentes não são tão

grandes assim.

África aprendeu a lição de que

precisa de investir mais na saúde, em

unidades hospitalares, formar mais

quadros do sector da saúde -médicos,

enfermeiros, pessoal técnico,...-investir

em laboratórios de análises porque, afinal

de contas, endemias e pandemias

no nosso continente não é apenas a

Covid 19 (a Covid é algo que teve uma

dimensão planetária universal, mas

nós temos tido aqui endemias que se

circunscrevem apenas ao nosso continente.

Estou a falar do Ebola,estou a falar

do marburg,que ceifam muitas vidas

no nosso continente.Nos, africanos,

estamos unidos nesta luta contra a CO-

VID-19, mas temos plena consciência de

que devemos nos preparar melhor para

as endemias e pandemias que naturalmente

virão daqui a alguns anos.Isto é

uma questão cíclica.

O mundo sabe que a COVID-19 não é

uma novidade. E mais uma entre as pandemias

que o planeta conheceu ao longo

dos séculos. Portanto, África tem de investir

para estar melhor preparada.

16 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


CONTRIBUIÇÃO

Por Sousa Jamba

DESORGANIZAÇÃO ÚTIL

Algumas meses atrás, eu estava num mercado popular no Huambo observando

atentamente o que estava passando. Isto era antes da pandemia

do Covid 19 e questões de saúde, por causa da falta de higiene naquela

localidade, estavam a preocupar bastante. A carne estava a ser vendida

numa bancada de cimento onde as moscas aterravam como jatos num

porta-aviões. Perto, havia pequenos córregos onde passava líquidos

malcheirosos e fétidos. Vender carne naquela localidade era completamente inaceitável.

Inquiri e soube que os vendedores do mercado pagavam uma taxa diária. Fiz os cálculos

e conclui que o mercado recebia mensalmente o equivalente de oitenta mil dólares.

Suspeito que a maior parte desta quantia desaparecia entre várias figuras poderosas á

quem melhorar as condições do mercado não importava tanto. Para eles, aquele caos

era altamente proveitoso.

Vivo na comuna do Chiumbo, entre Katchiungo e Bailundo. Um dos grandes problemas

por cá é a falta de combustível. Saio da Tchicala-Cholo-Hanga, passo pelo o

Katchiungo, depois Bailundo e não encontro uma unica gota de gasoil. A resposta é

sempre que no há combustível, ou o gerador não está funcionar etc. Descobri, porém,

que isto nem sempre corresponde à verdade; pagando alguém um dois mil Kwanzas ou

mais de repente tudo passa a funcionar perfeitamente. Há, também, a prática em que os

operadores das bombas dão o combustível á seus associados que revendem á um preço

elevadíssimo. Certamente há quem vai facturando desta desorganização.

Conheço uma jovem empresária que vai abrir uma loja no meio da cidade do Huambo

para vender vegetais. Ela me disse que notou que muita gente não gosta da experiência

de ir aos mercados populares — e também não pode com os elevadíssimos preços

dos supermercados. O plano desta jovem é transformar a experiência de fazer compras

mais agradável á um preço razoável. Segundo ela, a inspiração para este projecto veio de

um loja de vegetais que ela viu numa viajem pela a França.

A verdade é que a eficiência, á longo prazo, recompensa. Entre Chinguar a Bie, há um

mercado muito popular — especialmente entre motoristas; os produtos aí são baratíssimos.

Não gostei das experiências da última vez que la estive. Paramos e, do nada,

surgiram homens que insistiram em ser os nossos interlocutores com os vendedores. A

especialidade destes homens era nos bajular e insistir em certos preços dos produtos

que queríamos. Mesmo se o vendedor estivesse pronto a baixar o preço estes homens

iriam insistir até ao último momento no preço em que eles fariam lucros. Eles faziam

tudo para evitar qualquer rapprochement entre nós e os vendedores. O meu amigo comprou

um cabrito e perguntou se o vendedor tinha mais animais. A senhora disse que sim

tinha em casa que não era longe; estes interlocutores ficaram visivelmente zangados e

começaram a fazer ameaças á senhora. Para eles, levar os clientes para as casas não era

boa prática porque o excluía. Notei, depois, que estes homens trabalhavam com os chefes

do mercado — dividindo as “comissões” do que eles vendiam á um preço elevado.

Em termos práticos, estes “interlocutores” não aumentavam nenhum valor na qualidade

dos produtos que estavam a ser vendidos; eles estavam lá para tirarem vantagens do

caos. Este fenómeno não é só Angolano. Em Kinshasa, capital da República do Congo,

há pessoas cuja especialidade é “raptar” vendedores no Rio Congo que saem do interior

com produtos para vender. Estes “mouvancers,” como são conhecidos, fazem tudo para

vender os produtos a um preço elevado.

A desorganização, como a corrupção, beneficia um grupo restrito. Um mercado

limpo, onde todos requisitos de higiene são observados, iria atrair mais clientes e

beneficiar muita gente. Quando os operadores das bombas de gasolina operam na base

de vários esquemas, o público fica a perder e eles próprios, ao longo prazo, também vão

perder a fonte do seu sustento. Quando as instituições educacionais produzem alunos

com bases académicas suspeitas, muitos aspectos da nação ficam enfraquecidos. O grande

desafio é convencer á todos que a eficiência e transparência, ao longo preço, é mais

proveitosa...

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 17


LEITORES

A MAKA DA COVID 19

Acompanhei os diálogos

de um infectado

da Covid e com os

seus colegas e francamente

eu desejo que a

doença va embora da

nossa terra.O problema é que os cidadãos

de Luanda e de algumas províncias

são indisciplinados e não aceitam

as recomendações do nosso governo.

Recentemente, por exemplo,um

mais velho infectou toda família de

casa dele porque foi namorar com outra

mulher, irresponsável como ele.

TIRADAS DA IMPRENSA

"O sector produtivo de Angola precisa

de mais estradas e melhores ligações

de transporte, mais electricidade e

água em todos em todos lugares para

que a economia possa recuperar e

crescer de forma sustentável e inclusiva.”

- Representantes do FMI em

Angola in Jornal de Angola

Pergunto:não há sanções a aplicar

contra os violadores da pandemia?

Sou apologista de sanções judiciais

aos prevaricadores das medidas de

sanidade públicas que o ministério da

Saúde orienta.

Eu acompanho as conferências de

imprensa quer da Ministra da Saúde

quer por o doutor Franco Mussimba,

Secretário de Estado que ficou famoso

pela Covid 19 e recomendo aos cidadãos

do nosso país escutarem pelo

rádio e na televisão.

Isabel Clemente - Luanda

“Ao usarmos testes rápidos e estritas

medidas de observação,visamos limitar

a propagação da infecção através

da sua importação.” Christina Ramaphosa,

Presidente da África do Sul na

imprensa sul - africana

QUE HOTEL

EM LUANDA?

Estoura ouvir uma publicidade

do Santos Bikuko na TPA e não

sei se os responsáveis da TVC

verificam o que está publicitado.

A publicidade do tal grupo Santos

Bikuko,pelo menos para Luanda,e uma

mentira,não há qualquer hotel no Alvalade

desse senhor.Mesmo na Lunda Sul,os

citadinos de Saurimo tem a palavra.

Disseram-me que houve pretenções

de Santos Bikuko transformar um prédio

habitacional para hotel mas isso não se

concretizou.Os construtores chineses que

o senhor Bikuko contratou-os foram embora

para o país de origem.Portanto,não

há hotel Bikuko no Alvalade,o prédio está

inacabado e o Santos Bikuko está falido.

Está e a verdade e não o que está na publicidade.Faça-se

justiça.

Samuel Bernardo Ndala. Luanda

ELEIÇÕES NA FAF

Dos 174 clubes, mais de 30

não realizaram eleições e

estão como população votante.

Só para citar o Progresso

de Sambizanga. E

preciso pôr-se um travão. Onde anda

a senhora Ministra? O senhor Secretário

de Estado do Desporto?

Dentro de um mês vão se realizar

as eleições na FAF e as estatísticas

apontam Artur Almeida a ganhar... A

‘“Dedicar-me-ei a agricultura. Fico

a sonhar em ter piscinas de criação

de peixes. E, com certeza,terei outra

actividade que será partilhar com os

jovens a minha experiencia sindical

e em gestão pública” - Evo Morales,

ex Presidente da Bolívia depois do

exílio na Argentina

18 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


LEITORES

BOCAS SOLTAS

CARNE DE

PORCO ESTRAGADA

Comi carne de porco que disseram

que estava estragada.

Agora, pergunto eu como se

vê a carne de porco comprada

no supermercado?

Após consumir carne de porco na

feijoada,eu apanhei uma coceira no

corpo e a noite passou,porque dizem

que a carne de porco está estragada?

Acho que certas pessoas de Luanda

não aceitam o negócio dos estrangeiros

irmãos africanos que situaram-se em

Angola e espalham calúnias sobre eles..

Constantino Cardoso-Sambizanga

bufunfa da FIFA está a falar todas

as línguas, menos futebol.

O Artur fez campanha com o dinheiro

da FIFA, deu dinheiro,bolas

e equipamentos desportivos.

O nosso futebol está sem gente

com dignidade,s aúde e rumo! Esta

doente,e de mentira,c omo dizia

Geovety Barros. Por favor,não entreguem

o futebol a estás corjas

O.B

“Renunciamos hoje aos nossos cargos

porque os nossos companheiros foram

desqualificados pela Acção implacável

do governo central.” Representante

dos deputados da oposição em Hong

Kong.”

“Temos uma experiência inestimável acumulada.O governo central adoptou

uma estratégia de bloquear a propagação no epicentro,enquanto prática

métodos de prevenção em massa em outros lugares.(...)Está é a chave

para a nossa Victoria decisiva”-Zhong Nanshan,principal especialista em

doenças infecciosas na China

.......................................................

“A nossa missão agora e construir um Zanzibar novo e próspero.Que cada um

de nós desempenhe o seu papel para a transformação do arquipélago.(…)Quero

um governo rigoroso e aplicado para emergência de um Zanzibar próspero”_Hussein

Ali Mwinyi ao tomar posse como oitavo Presidente do Zanzibar.

.......................................................

“Essa questão da vacina é briga política com o Doria.O governo vai comprar a

vacina,lógico que vai.Já colocamos os recursos no Butantã para produzir essa

vacina.-Hamilton Mourão,vice Presidente do Brasil em entrevista à revista

Veja.

.......................................................

A Covid 19 surgiu de repente na China mas estendeu-se pelo mundo.

Angola,como destacado País africano na parte austral do Continente,foi atacada

desde Março passado,entre a população uns foram infectados,mortos e

milhares estiveram internados nos diferentes hospitais provinciais.

Fizemos uma ronda pelo País e registamos alguns depoimentos de populares:

.......................................................

“Não me lembro que em Angola teve uma pandemia fogosa como a Covid 19

mas,enfim,sobreviveremos todos.Agora,cada um de nós respeitemos as orientações

do governo sobre as medidas de segurança.”

.......................................................

“Este Covid é teimoso,avisamos para não chatearmos e ...zás!Colocou famílias

inteiras com Positivo e outros morreram.Não se pode gozar os angolanos que

sofreram guerras e conflitos entre irmãos”.

.......................................................

“Eu estou a cumprir as orientações da OMS e do nosso governo,de evitar a

concentração pública com muitas pessoas,lavar as mãos com água e sabão e

outras medidas.Olhe,eu estou de luto por causa do meu familiar que morreu na

clínica da Endiama.”

.......................................................

“Na Europa e nos EUA morreram milhares de pessoas e ainda por cima,entrou

a segunda vaga e prevê-se uma tragedia.Na Espanha por exemplo,a situação

está feia.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 19


COVID

O SARS-COV 2 DE “A” a “Z”

A HUMANIDADE TORNA-SE REFÉM E VERGA-SE

DIANTE DO CORONAVÍRUS MAIS LETAL DE SEMPRE

A peça que se segue retrata o que se passa em termos globais

o que vai pelo mundo; um planeta que terá acordado

assustado, despreparado e com um futuro imprevisível

, desde que em finais do ano passado os chineses anunciaram

a existência do Covid 19, a doença causada pelo

coronavírus SARS-CoV-2, que rapidamente se propagou e

transformou os biliões de habitantes da Terra reféns

da provavelmente mais desejada vacina do século, capaz

de imunizá-los desta pandemia.

De A a Z, vamos ver como o nosso mundo se comportou,

até Setembro, diante deste “inimigo invisível, traiçoeiro

e letal” que colocou de sentido todos os líderes políticos

mundiais,religiosos, imensas figuras renomadas das

ciências, enfim, a inteligência humana juntou-se para

que, em diferentes trincheiras, se munisse de todas as

estratégias possíveis e imaginárias e, finalmente pudesse

lutar contra este novo corona vírus que já matou mais de

1 milhão de pessoas.

Por: Carlos Miranda / Fotos: Arquivo NET

A- ANGOLA - Numa altura

em que o continente

afrIcano alcançou

a cifra de mais de 1.4

milhões de infecções

confirmadas em todas

as suas regiões, e infelizmente registadas

mais de 35 000 mortes, Angola acaba

de se revelar como o sexto país da

SADC com maior número de casos de

Covid 19 ( mais de cinco mil), posicionando-se

na trigéssima sétima posição

em África.

Recorde-se que foi exactamente no

dia 21 de marco de 2020, que foram

anunciados os primeiros dois casos de

Covid-19 em Angola.

O país venceu barreiras enormes,

tem recebido o aplauso da comunidade

internacional médica pela forma como

soube travar a pandemia. Os primeiros

dois casos importados surgiram e rapidamente

o Governo decretou, pela pri-

20 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


COVID

meira vez na sua história, o Estado de

Emergência, sinalizando deste modo

que o quadro epidemiológico, mais tarde

ou mais cedo, mereceria a tomada de

medidas enérgicas,algumas das quais

claramente impopulares, no sentido de

conter o máximo possível a propagação

da doença, quer em Luanda como nas

restantes províncias. E, sempre nesse

sentido, o Estado fê-lo também com a

instauração do Estado de Clamidade

Pública, que, por seu turno, foi sendo

reforçado com medidas excepcionais,

umas mais ou menos rígidas que outras,

sempre com o intuito de se evitar

os estragos nefastos da doença.

Ao longo destes últimos sete meses,

o Estado foi obrigado a investir

tudo o que tem e não tem para que se

munisse de meios financeiros, recursos

humanos e materiais capazes de acompanhar

a evolução do quadro que, em

definitivo, colocou o país inteiro numa

situação económica e social deplorável,

principalmente a nível das populações

mais vulneráveis. Tudo isto aconteceu

num ambiente económico muito frágil

à escala mundial, principalmente no

que diz respeito ao continente africano

que era apontado como o território

mais fragilizado à escala planetária, já

que os seus sistemas nacionais de saúde

sempre exibiram sinais de ineficácia

gritantes.

Aliás,a primeira leitura pouco optimista

da OMS, considerada “desastrosa”

por muitos especialistas, previa,

para o caso de Angola, a existência de

números de casos infectados a raiar

os 45 mil. Ora, até Setembro, foram

registados apenas cerca de cinco mil

infectados. Segundo o África CDC, a

África Austral é a região do continente

que continuou a registar o maior número

de casos de infecção e de mortos.

Só na África do Sul, o país mais

afectado,foram nesta altura registados

674.339 casos e 16.734 mortos.

B.- BRASIL- Continua preocupante

o número de casos registados no país

irmão sul-americano, pois desde o início

da pandemia, em Dezembro do ano

passado, morreram mais de 150 mil

pessoas.O total acumulado de casos

confirmados no país, até 30 de Outubro,

estava quase a atingir a cifra dos

cinco milhões.Dados divulgados pelas

autoridades da Saúde, revelavam que

São Paulo, Bahia, Minas Gerais e Rio de

Janeiro são os estados que concentram

o maior número de casos positivos da

doença, com amostras de mais de 200

mil de pessoas afectadas pela doença

em cada um deles.

C- CORONAVÍRUS - A doença transmite-se

através de gotículas produzidas

nas vias respiratórias das pessoas

infectadas. Os sintomas mais comuns

são febre, tosse e dificuldade em respirar.

Foi em Wuhan,cidade localizada

no centro da China, que o novo coronavírus

terá sido detectado no final de

dezembro do ano passado. De lá para

cá, transformou-se numa pandemia

que já provocou mais de um milhão de

mortos e mais de 35 milhões de casos

de infecção em todo o mundo. Wuhan

é a capital e maior cidade da província

de Hubei na China e a cidade mais

populosa da China Central, com uma

população de mais de 10 milhões, a sétima

cidade mais populosa do país. De

acordo com a Wikipédia, actualmente,

Wuhan é considerada o centro político,

económico, financeiro, comercial, cultural

e educacional da China Central.

Devido ao seu papel fundamental no

transporte doméstico, Wuhan é às vezes

chamado de "Chicago da China" por

fontes estrangeiras.

D.- DONALD TRUMP - Acaba de bater

o record infeliz de cerca de 1 milhão

de mortos. E apesar destes números

dramáticos, prosseguia com um Presidente

que, inicialmente, transformou

numa piada o surgimento de mais e

mais casos da doença.

Um Presidente que acabou por

anunciar que ele mesmo estava infectado.

Entretanto, para trás ficava uma

atitude absolutamente “ irresponsável

e egoísta” face às leituras que o Chefe

de Estado mais poderoso do mundo fazia

sobre a situação epidemiológica do

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 21


COVID

seu país e dos concidadãos.

E.- ESTADOS UNIDOS – As Nações

Unidas adiantam que na questão

de casos da doença, os EUA lideram o

ranking, com mais de 7 milhões, seguidos

pela Índia ( mais de 6 milhões),

Brasil ( mais de 4 milhões ) e a Rússia

( mais de 1 milhão). Rezam as estatísticas

que, apesar de Nova Iorque não ser

mais o estado com maior número de

infecções, a verdade é que este centro

de negócios mais importante do mundo,

ainda é o que mais tem sofrido com

as estatísticas das mortes nos Estados

Unidos, com mais de 30 mil, muitas

mais que países como o Peru, França,

Portugal ou Espanha.

O Instituto de Métricas e Avaliações

de Saúde da Universidade de Washington

estimou, em Setembro, que nas

eleições presidenciais agendadas para

3 de Novembro, os Estados Unidos vão

chegar às 240 mil mortes e a 31 de dezembro

às 370 mil.

F. F.M.I. - Nem todos os gráficos

enumeram tragédias. Provavelmente

com um sorriso nos lábios, vários economistas

angolanos terão recebido esta

notícia: “FMI sobe ajuda a Angola para

4,5 mil milhões de dólares”. Parte deste

“bolo” será para dar continuidade aos

planos de contenção da propagação do

coronavírus no país, como é evidente.

Revelada no mês de Setembro, o

país sentiu um certo alívio, pois as suas

provisões financeiras eram já preocupantes

e foram gravemente afectadas

pela chegada da pandemia que “limpou”

praticamente os seus recursos no

tesouro terrivelmente desfalcado pelo

anterior regime.

A instituição financeira internacional

levou em consideração o facto de

"a economia de Angola ter sido duramente

atingida por um choque multifacetado

com origem na pandemia de

covid-19 e no declínio dos preços do

petróleo", reconhecendo que as autoridades

adoptaram medidas atempadas

para lidar com os desafios co-relacionados.

22 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


COVID

G.- GUERRA- Poder-se-ia colocar

em duas grandes aspas esta palavra,

mas o facto é que se começa a assistir

uma guerra autêntica entre os estados

quanto à descoberta, distribuição e/

ou comercialização da substância milagrosa

que vai tirar do susto global

todas as nações do mundo inteiro, sem

distinção de raças, religião, tribos ou

etnias. A vacina já terá sido descoberta,

dizem alguns; outros dizem ser detentoras

da mais eficaz e rápida; surgem

as indústrias farmacéuticas com o olho

posto no lucro …

Enfim, as guerras se acentuam de

Norte ao Sul, do Oriente ao Ocidente.

Mas, pela primeira vez na história das

ciências médicas, quase todas as academias

terão chegado a uma conclusão: é

uma boa guerra!.

H.- HOSPITAIS- Trata-se de uma

aposta colocada por cima da mesa logo

no início da instalação do novo coronavírus

no país e que, pelos vistos, terá

sido bem sucedida, pois o governo não

poupou recursos para levar adiante o

seu programa multisectorial de prevenção

e combate do Covid 19. Muitos

hospitais de campanha e unidades

consideradas de referência continuam

a ser erguidas para tratamento dos

milhares de casos positivos que foram

diagnosticados nas comunidades.

As unidades hospitalares erguidas

neste período, apresenta a sua “qualidade”

bem localizada em Luanda - o

“epicentro” da doença em Angola- logo,

o que absorve o maior número de

hospitais especializados para o tratamento

do novo coronavírus (mais de

5), destacando-se o que está plantado

na Zona Económica Especial (ZEE), no

município de Viana, numa área de oito

mil metros quadrados.

De acordo com o único jornal diário

do país, este hospital conta com mais

de 30 ventiladores e 140 camas para os

cuidados intensivos, um laboratório de

análises, monitores, bombas de perfusão

e infusão, máquinas de hemodiálise

e para raio x, bloco operatório, área de

esterilização, entre outros compartimentos

e serviços.

I.-ÍNDIA - É uma das dezenas potèncias

nucleares, mas, tal como todas

as outras, como o vizinho Paquistão,

por exemplo, com quem tem mantido

uma guerra secular, por vezes bastante

sangrenta, não consegue safar-se

da estatísticas elevadas de mortes em

consequência dos ataques do SarS CoV

2. Nos últimos dias, a segunda vaga de

ataques ultrapassou a fasquia das 550

mortes.As vítimas fatais ultrapassam

as 110 mil. Este enorme país superou

os 7,5 milhões de contágios desde o início

da pandemia, mantendo-se como o

segundo país no mundo mais afectado,

atrás dos Estados Unidos.

J.- JOÃO LOURENÇO- É uma figura

central que determinou imediatamente

a adopção de medidas para minimizar

os estragos do novo coronavírus, facto

que inclusive a comunidade internacional

reconheceu e apelou para que

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 23


COVID

vários estados do mundo, em dado

momento, seguisse o exemplo do país

africano.As estatísticas imaginadas

pela OMS apontavam que até setembro

Angola estaria a registar mais de quarenta

e cinco mil infecções. Todavia, foi

possível conter estes números, fruto da

declaração do Estado de Emergência e

posteriormente o Estado de Calamidade

Pública, decretadas pelo Presidente

João Lourenço, e todas as medidas envolventes

de prevenção e combate da

doença, a par da instalação de unidades

laboratoriais,de tratamento,centros de

quarentena e a importação de equipamentos,

bem como a ajuda internacional

em recursos humanos, materiais

e técnicos desde Março passado.

“ Logo depois de a OMS ter declarado

o surgimento do SARS-COV2 como

Emergência de Saúde Pública Global, o

Executivo angolano mobilizou-se rapidamente,

tendo criado a Comissão Multissectorial

para a Prevenção e Combate

à Covid-19 e elaborado um Plano de

Contingência com orientações precisas

sobre a resposta à pandemia, a fim de

se planificar, de modo eficiente, a mobilização

de recursos humanos, materiais

e financeiros adequados”, disse o Chefe

de Estado angolano.

L.- LUANDA - É o centro de todos os

males, pecados, privilégios; é o centro

de negócios, enfim, para o mal e para

o bem a capital do país tem o estatuto

de, a apartir dela, se sentir o “coração”

onde pulsam todas as sensações, boas

e más, de um país que gira à volta dela.

Foi aqui que o vírus começou a atacar…

Embora tivesse sido contido em cerca

de três meses através de uma apertada

cerca sanitária, o SarsCov 2 acabou

por se escapar, tomando conta do país.

Neste momento, Luanda sente-se de

certo modo “culpada” por ter estado a

registar mais de cem infecções diárias

e é a que mais enegrece as estatísticas.

M- MUNDO – O mundo superou nos

finais de Setembro a marca de 1 milhão

de mortes provocadas pelo novo coronavírus,

segundo dados da Universidade

Johns Hopkins. Esta academia

revela que “em nove meses de pandemia,

o mundo demorou seis meses para

atingir os primeiros 500 mil óbitos e

apenas outros três para contabilizar a

mesma quantidade, o que mostra que a

doença ainda está longe de ser controlada”.

Na Europa, regista-se uma nova

onda de ataque quase generalizado

do vírus e existem populações que se

enontram à beira do desespero por verem

as suas economias completamente

arrasadas, sem que se preveja a sua recuperação

num curto espaço de tempo.

N.- NÚMEROS - Tudo indica que até

finais de Outubro, teremos o alarmante

número de pessoas inectadas:40

milhões!E mais de 1 milhão e 500 mil

óbitos…Da maneira como estes são

díspares, em constante evolução para

um negativismo atroz,quer para a vida

das pessoas como para as economias

dos estados, os números continuam a

assustar-nos.

Os países com maior número de

casos no nosso continente são a África

do Sul, Egipto, Nigéria, Gana, Argélia,

Camarões, Marrocos, Côte d´Ivoire, Sudão

e República Democrática do Congo,

representando 81 por cento dos casos

continentais.

Os últimos dados chegados às redacções,

até Setembro, dão conta que

quanto aos mais de 7,24 milhões de testes

realizados no continente, a Região

Sul conta 39,3 por cento (2.845.048),

Norte 24,0 por cento (1.733.948), Leste

24 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


COVID

19,6 por cento (1.415.991), Oeste 13,8

por cento (1.000.473) e Centro 3,3 por

cento (243.885).

O.- ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES

UNIDAS - "O mundo atingiu uma marca

angustiante, a perda de um milhão

de vidas por causa do coronavírus. É

um número desconcertante, mas não

devemos nunca perder de vista uma

única vida sequer. Eram pais e mães,

esposas e maridos, irmãos e irmãs,

amigos e colegas. A dor foi multiplicada

pela ferocidade dessa doença", afirmou

o secretário-geral da Organização das

Nações Unidas (ONU), António Guterres.

ONU, que terá de exercer um papel

mais acutilante na distribuição das vacinas,

tendente a frenar as tentativas

das indústrias farmacéuticas monopolizarem

um negócio que se espera tremendamente

lucrativo.

Aliás, os países que se encontram

na linha da frente do “negócio” das descobertas

já se preparam para entrar

no mercado em força e geralmente estabelecem

as próprias regras, visando

unicamente o lucro ou a defesa intransigente

da hegemonia das marcas domésticas

dos medicamentos, com cada

um tentando declarar-se o “salvador”

da raça humana.

Guterres não tem dúvidas: diante

das expectativas de uma vacina, é preciso

deixar claro que “não há panaceia

numa pandemia”. Para ele, somente

essa alternativa não poderia, por si só,

resolver a crise no curto prazo.Para si,

qualquer futura vacina tem de ser vista

como “um bem público global, disponível

e acessível para todos, porque a Covid-19

não respeita fronteiras.”

P.- PRESIDENTE- Há que assinalar,

uma vez mais, o esforço pessoal evidenciado

pelo Presidente da República e o

executivo que lidera o combate à Covid

19, num momento em que o Sistema

Nacional de Saúde dava sinais claros

de absoluta decadência;as suas fragilidades

foram destapadas com a chegada

deste pandemia que não poupou

sequer outros sistemas nacionais de

saúde muito melhor apetrechados quer

em meios humanos como materiais. O

Presidente e sua equipa chamaram à

si a responsabilidade de construir , de

raiz, várias infra-estruturas sanitárias

em diversas.O Hospital localizado nos

arredores de Luanda, na ZEE, dispõe

de nove naves para mil camas é um

bom exemplo. A infra-estrutura sanitária,

orçada em mais de mil milhões

de Kwanzas, conta com serviços de

cuidados intensivos, intermédio e atendimento

geral, com médicos e paramédicos,

e está preparada para eventuais

surtos, como cólera, febre amarela e

marburg”.

De acordo com o J.A., este hospital

conta com mais de 30 ventiladores e

140 camas para os cuidados intensivos,

um laboratório de análises, monitores,

bombas de perfusão e infusão, máquinas

de hemodiálise e para raio x, bloco

operatório, área de esterilização, entre

outros compartimentos e serviços.

Q.- QUANTIDADE- Há quem comece

já a fazer um enorme estardalhaço

noticioso para que tome a dianteira

da liderança global do ataque ao tratamento

do coronavírus.Anunciam

quantidades astronómicas de meios

e equipamentos fabricados ou não internamente,

como é o caso da possibilidade

de se utilizar cerca de 10 mil

aviões para entregar vacinas por todo

o mundo.As estimativas da indústria

aeronáutica são animadoras.Pretende-

-se que naquela que é considerada a

“maior ponte aérea jamais realizada no

mundo”, se utilize o equivalente a 8.000

Boeing 747, disse, por exemplo, a International

Air Transport Association

(IATA), organização que representa as

companhias aéreas.Para tal, serão utilizados

centenas de aeroportos de grande

ou pequeno porte no mundo inteiro

e em diferentes condições climatéricas.

Por diversos fontes noticiosas sabe-

-se que esta, sim, será “a maior missão

do século para a indústria aérea de carga”,

tal é a quantidade de doses da vacina

que cada pessoa deverá levar para

que seja imunizada, a partir de 2021.

O transporte exigirá “precisão quase

militar” e instalações refrigeradas

numa rede de locais onde a vacina será

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 25


COVID

armazenada. Cerca de 140 vacinas estão

em desenvolvimento e cerca de

duas dúzias estão agora a ser testadas

em pessoas, destacam as fontes.

R.- RÚSSIA- O país liderado por Putin

é um dos que detém o mais elevado

índice de contágio do Covid 19 na Europa,

mas também é aquele que , segundo

os seus dirigentes, está mais adiantado

em termos de pesquisas e descobertas

científicas, numa altura em que todas

as potências industriais estão em competição

feroz para garantir a hegemonia

geo-política e económica. A Rússia

nada fica a dever às outras nesta corrida

e tudo indica que, apesar da desconfiança

dos seus “inimigos”, a sua

vacina está a ser levada muito à serio

em todos os pontos do mundo, incluindo

em países distantes da sua esfera de

“domínio” como a Índia ou o Brasil, que

já encomendaram milhares de doses

e colocaram à disposição um número

acentuado de nacionais para que sejam

submetidos a testes com a “Sputnik V”.

S.- SOLIDAREDADE ou a falta dela

é o “problema que estamos com ele”;

parece estar sempre a dizer o Director-

-Geral da Organização Mundial da Saúde,

Adhanom Ghebreyesus. “O que me

preocupa mais (nesta altura) é o que

tenho sempre dito: a falta de solidariedade.

Quando falta solidariedade e

estamos divididos é uma boa oportunidade

para o vírus e, por isso, continua

a espalhar-se. Precisamos de solidariedade

e liderança global, sobretudo

das maiores potências”, explicou recentemente

numa videoconferência de

imprensa. O Director-Geral da agência

revela haver demanda excessiva e competição

para fornecimento de futura

vacina; mas exige que os países mais

ricos metam mãos à bolsa para se conseguir

juntar cerca de US$ 31,3 bilhões.

O objectivo é fortalecer a aliança internacional

que possa garantir uma vacina

da Covid-19 para todos.

T.- TESTES- A urgência da feitura

de testes rápidos continua na ordem

do dia em todo o mundo e os estados

africanos são os que mais necessitam

deste instrumento imprescindível para

a prossecussão da luta contra o novo

coronavírus; uma luta que tem absorvido

grande parte dos orçamentos de

estados com reservas financeiras hoje

mais do que nunca afectadas.Enquanto

isso, noutro mundo, Donald Trump

recentemente anunciou um plano de

distribuição de 150 milhões de testes

rápidos da Covid-19 no país, onde há

mais de sete milhões de casos e de 200

mil mortes devido à pandemia.Outros

mundos, mesmo. Em África, todos os líderes

africanos juntos, não são capazes

de garantir uma coisa dessas…

De acordo com a imprensa estadunidense,

no final de Agosto, a Casa

Branca já tinha anunciado a aquisição

de 150 milhões de unidades de testes

rápidos de detecção do novo coronavírus

ao grupo farmacêutico Abbott, com

o propósito de apoiar a recuperação

económica do país.Nota: nesta altura,

o Presidente Dinald Trump nem sequer

pensava que poderia ser também ele

infectado pelo Covid 19…

U.-UNIÃO AFRICANA- A organização

continental africana peca por

estar geralmente ausente no centro da

tomada de decisões fundamentais relacionadas

com o estado da evolução da

26 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


COVID

pandemia do Covid 19. A sua liderança

tem tido, no mínimo, uma posição discreta

diante das graves adversidades

derivadas do estado económico e social

degradante de África. Por isso, vozes se

levantam pelo continente adentro pedindo

que a União Africana seja mais

proactiva nestes problemas ligados ao

novo coronavírus que piorou as economias

dos estados do continente-berço

da humanidade e colocou a vida de

milhões de pessoas em situação muito

pior do que estava antes deste ataque

sistemático do novo coronavírus e

mais: que os serviços de saúde sejam

urgentemente socorridos face a uma

ameaça de ruptura total que, aliás, já

mostrou as suas fraquezas mesmo em

certos países industrializados.

Entretanto, recentemente a organização

“acordou” e mereceu o aplauso

do continente. pois ela foi capaz de

pôr em marcha a operacionalização do

Fundo de Resposta à Covid-19, criada

com o objectivo de obter recursos para

fortalecer as defesas face à pandemia.

Angola reconhece este mecanismo

e considera até que parte deste Fundo

seja direccionada fundamentalmente

para reforçar as medidas adoptadas

pelos estados - membros.

V.- VACINA- No momento em que

escrevíamos estas linhas,a produção

industrial da "Sputnik V", estaria a

dar os primeiros passos na Rússia, depois

de Vladimir Putin, o Presidente, a

ter anunciado dois meses antes e tida

como eficaz para o tratamento.Segundo

o Kremlin, a vacina estará disponível

em Janeiro de 2021.

"Mais de um milhão de doses" já foram

pré-encomendadas por "20 países

estrangeiros" disse Kirill Dmitriev, presidente

do conselho de administração

do Russian Direct Investment, o fundo

soberano russo envolvido na investigação

científica e no financiamento das

pesquisas, revela-se na imprensa internacional.

A vacina contra o SARS CoV-2 desenvolvida

pelos cientistas russos

chama-se "Sputnik V", sendo que o

"V"; significa "vacina", em referência ao

satélite soviético, o primeiro aparelho

espacial a ser lançado para a órbita do

planeta Terra. Entretanto, outros países

já anunciaram a entrada em cena

de outras vacinas, nomeadamente a

Alemanha, os EUA, o Reino Unido ou

mesmo Cuba, Brasil ou a Índia. Muitos

anunciaram o início de testes a milhares

de pessoas, com vista a garantir a

maior campanha de vacinação da história,

maioritariamente a partir do próximo

ano.

X.- XI JIPING- Ao contrário do seu

homólogo estadunidense, o Presidente

da República da China parece continuar

a dormir descansado e tem repetido a

mesma fórmula de sempre: apenas faz

pronunciamentos públicos para anunciar

os sucessos atrás de sucessos da sua

liderança face à pandemia do momento,

assegurando que não quer nenhuma

guerra com os Estados Unidos.

Recentemente, o Chefe de Estado

chinês alertou : “a politização da pandemia

deve ser recusada e temos o imperativo

de criar uma visão aberta e inclusiva,

contra o proteccionismo e contra o

unilateralismo”, observou, salientando

que se deve também “repudiar as disputas

ideológicas, ultrapassar as armadilhas

do choque das civilizações e respeitar

mutuamente o caminho de cada

país”.

Em relação ao novo coronavírus, Xi

Jinping lembrou ainda que a resposta

à doença deve ser “guiada pela ciência”

e que deve ser dado um “papel-chave”

à Organização Mundial de Saúde, deu

conta o “ O Observador”.

Z.- ZARAGATOA - Na medicina, provavelmente

deve ser o instrumento de

que mais se fala, mas interessa saber o

que e realmente: Pois é: trata-se de um

“objecto que consistenuma esponja ou

numa porção de outro material absorvente

na extremidade de uma haste,

usado para aplicar medicamentos ou recolher

amostras para análise, geralmente

na zona da garganta e das fossas nasais”.

A definição é da Wikipédia, que destaca

quepara o diagnóstico da COVID-19 está

indicada a colheita de amostras do nariz

e garganta (trato respiratório superior),

Para o efeito, usa-se uma “espécie de cotonete”-

a zaragatoa.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 27


28 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 29


FIGURAS DE CÁ

Luther Rescova

MORTE

TRAIÇOEIRA

Jovem a palmilhar, passo a passo, o poder

governamental, Luther Rescova morreu

traiçoeiramente, como governador da

Provincia do Uíge, na Clínica Girassol,em

Luanda, vítima de doença. O País ficou

consternado com o passamento físico

dessa figura jovem tão talentosa, inspiradora

e com um enorme potencial para

fazer crescer o seu País e dignificar a

juventude angolana. Após uma brilhante

passagem pela JMPLA, Luther Rescova,

membro do Bureau Político do MPLA,

aceitou com coragem o convite feito por

João Lourenço, de governar a “desafiadora”

cidade de Luanda, tendo se destacado

como o primeiro governante mais jovem

e dinâmico na cidade que o viu crescer e,

inesperadamente, o fim da sua trajectória

como governador da província o viu nascer.

O malogrado deixa viúva e dois filhos.

País, familiares e amigos despedem-se de

um valoroso filho da pátria que descansa

em paz na glória de Deus.

Carvalho da Rocha

RECUPERADO

Carvalho da Rocha é o novo Governador

do Uíge e substituto do

malogrado Jovem Luther Rescova

que morreu de doença. Carvalho

da Rocha, habituado em telecomunicações,

vai dirigir a província

do Uíge que também tem problemas

com as telecomunicações

mas, tem muitos problemas mil

desde a economia da província,

do bem estar das populações e o

bem cultural.

30 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


FIGURAS DE CÁ

Síndica Dokolo

ACIDENTE

FATAL

Síndica Dokolo, empresário e

marido de Isabel dos Santos,

morreu no dia 28 de Outubro,

no Dubai, vítima de afogamento

enquanto fazia mergulho

de apeneia, uma actividade

que praticava com frequência,

segundo uma fonte familiar. Síndica

Dokolo, de 48 anos, nasceu

em Kinshasa, capital da RDC.

Casado com a filha do ex-Presidente

de Angola, José Eduardo

dos Santos, desde 2002, e pai de

quatro filhos fruto do casamento

com Isabel dos Santos. Na

sua conta no Twitter, Isabel dos

Santos publicou a foto abaixo do

casal sem qualquer legenda.

Jomo Fortunato

O "SUPER"

MINISTRO

Jomo Fortunato foi nomeado

pelo Presidente da República,

ministro da Cultura,Turismo

e Ambiente em substituição

de Adjany Freitas Costa que,

em apenas seis meses de

consulado como ministra mais

jovem do governo e, rendida

por "quesílias internas", foi

movida para presidência da

república onde terá a função

de Consultora do Chefe. Por

sua vez, Jomo, ex PCA do Memorial

Agostinho Neto, exonerado

antes mesmo de "aquecer

o banco", por alegada má

gestão e ter cometido erros de

palmatória, resurge em grande

como governante, no "super"

Ministério - Turismo, Cultura e

Ambiente - cujos pelouros ele

parece ser “peixe na água”.

Adjany da Costa

DESAFIOS

Dona de um brilhante currículo,

a jovem bióloga e conservacionista

Adjany da Silva Freitas

Costa é uma jovem de sucessos.

Destacou-se na arena internacional

com o prémio “ONU – Jovens

Campeões da Terra”, pelo seu desempenho

como coordenadora

do projecto “Okavango Wilderness

Project” que é um esforço

plurianual para se explorar a

bacia do rio Okavango em África.

Da ciência, chegou à política pelo

governo de João Lourenço como

Ministra da Cultura, Turismo e

Ambiente mas, agora, ocupará o

majestoso cargo de Consultora

do Presidente da República. Adjany

da Costa, identificada como

a Ministra mais jovem da história

de Angola, está a construir

a sua trajectória como cientista

e tecnocrata, caminhando na

linha da frente com vista ao bom

desempenho da governação de

João Lourenço.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 31


FIGURAS DE CÁ

Joana Lina

O PREÇO

DA GOVERNAÇÃO

Joana Lina está a experimentar o

preço da governação, agora em

Luanda, com uma manifestação

popular que descambou em arruaça,

promovida por organizações da

sociedade civil, contra o alto nível de

desemprego e a favor das eleições

autárquicas em 2021, com um saldo

negativo de vários detidos pelas

forças policiais, feridos e avultados

danos materiais públicos e privados.

Como governadora provincial de

Luanda ela apelou à disciplina e à

contenção dos actos mas os manifestantes

nem estavam na onda de

Joana Lina, pelo contrário, têm estado

a incentivar e a promover uma

nova manifestação para o dia 11 de

Novembro.

Manuel Vicente

CORRUPÇÃO

Fala-se que a corrupção na Sonangol aconteceu de

forma fulgurante no período da gestão de Manuel

Vicente, o amigo dos ex-dirigentes aclamados de

"gatunos". Tambem, a nível interno, responsáveis da

petrolífera acusados de corrupção e nepotismo estão

ligados àquele que no consulado de José Eduardo dos

Santos, tornou-se VPR (Vice-Presidente da República).

É, deveras, um peso angustiante para Manuel Vicente

que em 2022 termina, de acordo com a Constituição,

a sua imunidade como ex-VPR, ser colocado à disposição

da Justiça angolana para responder por presumíveis

crimes pelos quais está a ser arrolado pela PGR.

Elisa Gaspar

"BASTONARIZITE"

Os colegas da Ordem dos Médicos

de Angola, região norte, queriam

“despachar” Elisa Gaspar, Bastonaria,

para rua. O que se disse, alguns

ambiciosos, fizeram feio a tarefa e

afundaram-se pela "bastonarizite",

quer dizer, lutaram pelo cargo da

Bastonária. Resultado: zangaram-

-se os compadres, e a classe está

dividida.

32 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


FIGURAS DE CÁ

Manuel Rabelais

ENTREGUE À

JUSTIÇA

A Assembleia Nacional votou

por unanimidade a retirada

da imunidade parlamentar ao

deputado Manuel Rabelais para

que possa responder à Justiça,

como arguido, as acusações

que pesam sobre si de peculato,

nepotismo e branqueamento

de capitais, segundo acusação

do Ministério Público. Apesar

de ter tido vários bens arrestados

pela PGR, por essa altura, o

também veterano do jornalismo

angolano, goza da presunção

de inocência enquanto

decorrem os trâmites judiciais.

David Mendes

INTRIGAS

O deputado independente na bancada da Unita no parlamento anunciou a

sua desvinculação do partido, justificando essa decisão ao facto de a Direcção

do partido ter se mostrado indiferente às ameaças de morte de que foi alvo

por parte de um grupo de manifestantes pretensamente militantes do Galo

Negro residentes no exterior do País. Não bastasse ter "batido com a porta",

David Mendes foi mais longe, acusando o presidente do partido, Adalberto da

Costa Júnior, de estar a financiar grupos de agitadores contra o Governo nas

redes sociais. Tal e qual o velho adágio, “zangam-se os compadres, descobrem-se

as verdades”.

Arlete Chimbinda

"CANSADOS DE SANGUE"

Segundo fontes do Galo Negro,

Arlete Chimbinda terá colocado o

seu cargo, vice Presidente da Unita,

à disposição. O facto ocorrera na

sequência do (presumível) envolvimento

da UNITA nos actos de

vandalismo e distúrbios observados

durante a manifestação que

levou a detenção pela polícia de

vários participantes, inúmeros feridos

e danos materiais avultados. A

“mamã querida”, como é carinhosamente

tratada, mostrou-se indignada

pelo cenário que considerou

dramático e desesperador: "Eu não

quero mais sangue. De sangue estamos

todos cansados", lamentou.

"Penso que a direcção que estamos

a tomar é errada”, exteriorizou a

veterana da UNITA.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 33


ECONOMIA E NEGÓCIOS

O FUTURO DAS ECONOMIAS

AFRICANAS APÓS PANDEMIA MU

Texto: Juliana Evangelista Ferraz

Fotos: Arquivo NET

O

impacto

COVID-19,

violento do

choque externo causado

pela pandemia da

prevalece

e teima em alastrar

aos diversos sectores

socioeconómicos, porém, esta constatação

não nos deverá por de braços

cruzados, devemos antes lutar nas mais

diversas esferas para erradicar os efeitos

perniciosos que derivam desta pandemia.

Nesta perspectiva, um pouco por

todo mundo, os estados optaram pela

implementação de políticas expansionistas

com o objectivo de salvaguardar

essencialmente duas áreas fundamentais

- a saúde e a preservação do emprego.

De relembrar que a primeira década

do século XXI foi marcada por um crescimento

generalizado das principais

economias africanas incluindo a Angolana,

que reflectiu taxas crescimento

elevadas nunca antes alcançadas no

período pós-independência, e não é segredo

nenhum dizer que o crescimento

verificado em África, foi influenciado

sobretudo pela alta dos preços das commodities

e pelo aquecimento da economia

mundial, e sobretudo o aumento da

procura de matérias primas do gigante

a asiático.

34 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


ECONOMIA E NEGÓCIOS

NDIAL

O Futuro das Economias Africanas

após Pandemia Mundial

O impacto violento do choque externo

causado pela pandemia da CO-

VID-19, prevalece e teima em alastrar

aos diversos sectores socioeconómicos,

porém, esta constatação não nos deverá

por de braços cruzados, devemos antes

lutar nas mais diversas esferas para

erradicar os efeitos perniciosos que

derivam desta pandemia. Nesta perspectiva,

um pouco por todo mundo, os

estados optaram pela implementação

de políticas expansionistas com o objectivo

de salvaguardar essencialmente

duas áreas fundamentais - a saúde e a

preservação do emprego.

De relembrar que a primeira década

do século XXI foi marcada por um crescimento

generalizado das principais economias

africanas incluindo a Angolana,

que reflectiu taxas crescimento elevadas

nunca antes alcançadas no período pós-

-independência, e não é segredo nenhum

dizer que o crescimento verificado em

África, foi influenciado sobretudo pela

alta dos preços das commodities e pelo

aquecimento da economia mundial, e

sobretudo o aumento da procura de matérias

primas do gigante a asiático.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 35


ECONOMIA E NEGÓCIOS

REFINARIA DE CABINDA COM

MAIS DE 900 MILHÕES DE DÓLARES

A Sonangol anunciou a

imprensa,ter tomado,com

o grupo GEMCORP,a decisão

final de investimento

para a construção da Refinaria

de Cabinda,com as

despesas situadas em 920

milhões de dólares.

A

refinaria, construída na

planície de Malembo,

30 quilômetros a Norte

da capital de Cabinda, e

o primeiro investimento

privado desta natureza

em Angola,empregando a mais recente

tecnonologia norte-americana para o

desenho, operação e desenvolvimento

da empreitada em três fases.

Prevê-se que na primeira fase,o projecto

atinja uma capacidade de processamento

de 30 mil barris de petróleo

por dia,com a empreitada a incluir a

instalação de um dessalinizador, tratamento

de querosene e infra-estruturas

auxiliares,como um sistema de ancoragem

de boia convencional, oleodutos e

armazenamento para mais de 1,2 milhões

de barris, em despesas que totalizam

cerca de 220 milhões de dólares.

A segunda e terceira fases tornam

a unidade numa refinaria de

conversão total,com uma capacida-

36 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


ECONOMIA E NEGÓCIOS

de de refinação adicional de 30 mil

barris por dia e a instalação de equipamento

como um novo reformador

catalítico,hidrotratador e unidade de

craqueamento catalítico que deverão

totalizar outros 700 milhões de dólares.

O documento afirma que a construção

formal começou em março passado,

com a limpeza e preparação total

do terreno, obras concluídas em agosto,

dando lugar a vedação do local, de

313 hectares com os itens principais

de longo prazo a serem encomendados

no início de novembro próximo.

Espera-se que a Refinaria entre em

operação no primeiro trimestre de

2022.

O projecto cria cerca de dois mil

empregos directos e indirectos para a

comunidade, além de gerar oportunidades

de negócios locais e nacionais

nas áreas da construção, engenharia,

logística,segurança e administração,

reza o comunicado que realça que uma

vez operacional, a Refinaria também

contribuirá para a segurança energética

soberana de Angola, reduzindo a

dependência na importação de produtos

refinados bem como aumentando

as exportações.

O Presidente do Conselho de Administração

da Sonangol, Sebastião

Gaspar Martins escreve no comunicado

à imprensa que “esta decisão final

de investimento representa um dos

principais objectivos estratégicos do

Governo angolano” adiantando também

que as iniciativa privada apresenta

não só um grande contributo para

o desenvolvimento socio-economico

de Angola mas também um incentivo

ao aumento do investimento directo

estrangeiro no País.”

Por seu turno,o Presidente da

GEMCORP, Atana Bostandjiev considera

que o investimento privado da

Refinaria de Cabinda demonstra o

compromisso da companhia com o desenvolvimento

de Activos estratégicos

angolanos e a capacidade de entrega

da empresa nos momentos mais desafiadores.

De recordar que a GEMCORP, um

grupo sediado em Londres, foi seleccionado

para a construção e operação

da Refinaria de Cabinda em Janeiro

deste ano, tendo subscrito um contrato

em que entra com 90 porcento do

investimento, deixando o remanescente

das despesas com a Sonangol.

Em Junho, as partes concordaram

em adicionar um oleoduto ao projecto,

elevando os custos em 30 milhões de

dólares.

CONSULTA PÚBLICA

PARA LICENÇA

AMBIENTAL

O

estudo de impacto

ambiental e social da

Refinaria de Cabinda

foi submetido a consulta

pública no final

de Outubro,na cidade de Cabinda,

num procedimento do Ministério

da Cultura, Turismo e Ambiente

que aproxima o arranque da edificação

da destiladora de hidrocarbonetos.

Depois da consulta pública,o

passo seguinte do cronograma do

projecto é a obtenção do Licenciamento

Ambiental.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 37


DOSSIER

CARREGAMENTO DE

PETRÓLEO PARA SAM PÁ PODEM

COMPROMETER MANUEL VICENTE

Dois mil milhões e trezentos mil dólares e o montante

apurado pelos serviços de investigação da PGR de um

pagamento feito pela Sonangol a favor do empresário sinobritanico

Sam Pam, o principal rosto do CIF, China Internacional

Fund, detido em Pequim pelas autoridades de

segurança da China por alegados envolvimentos em escândalos

de corrupção em Angola e na Venezuela em 2013.

Esta operação, segundo

notícia o semanário português

Expresso,terá sido

sustentada com carregamento

de petróleo,o principal

suporte das relações

que,de forma nebulosa,envolveram a

Sonangol e a Sinopec, petrolífera chinesa

trazida para Angola por Sam Pá e

parceira da empresa então liderada por

Manuel Vicente na exploração do bloco

18.

As provas da transferência foram

exibidas no pretérito dia 16 aos generais

Helder Viera Dias “Kopelipa “,

antigo chefe da Casa Militar de José

Eduardo dos Santos e Leopoldina do

Nascimento “Dino”, antigo chefe das

comunicações da presidência, pelos

investigadores da Direcção Nacional de

Investigação e Accao Penal(DNIAP) no

âmbito de um alegado crime de corrupção,

peculato, branqueamento de capitais,

burla e falsificação que os generais

são acusados.

Na apresentação de provas,o general

Dino acompanhado do seu advogado,

Sérgio Raimundo, terá reagido com

perplexidade, alegando estar completamente

alheio a operação, visto não

ter pertencido aos quadros da Sonangol.

A descoberta desta operação está

agora a dar consistência as suspeitas

levantadas pelas autoridades judiciais

angolanas sobre a utilização indevida

de recursos da Sonangol para pagamento

de serviços que na perspectiva

dos investigadores da DNIAP se afigura

fraudulenta e altamente dos interesses

do Estado.

‘Não no Banco Nacional de Angola

nenhuma prova de entrada de fundos.

As mercadorias entraram pela porta de

cavalo, não pagaram os direitos alfandegários

e andaram a construir, a seu

bel-prazer, sem nunca se terem habilitado

ao direito de superfície, como se

fosse a casa de mãe Joana”. desabafou

ao Expresso uma fonte familiar da PGR.

Consumada a transferência ,as investigações

perseguem agora o rasto

da operação, visando apurar os eventuais

beneficiários em Angola. ”Há sus-

38 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


DOSSIER

peitas de que,entre beneficiários, possa

estar muita gente poderosa ligada a

Sonangol e ao poder político de época.

disse fonte judicial que acompanha o

processo.

Perante a nuvem de suspeitas

levantadas pelas autoridades, José

Eduardo dos Santos, a partir de Barcelona,

onde se encontra a receber tratamento

médico desde o ano passado,

apressou-se a telefonar para o Presidente

João Lourenço para sair em defesa

do general Dino.

“Remeteu para Manuel Vicente

toda responsabilidade por tudo que

passou a volta dos negócios que envolveram

a presença do CIF e de Sam Pá

em Angola” - revelou ao Expresso fonte

do Palácio da Cidade Alta.

Precisando tanto de dinheiro como

quem precisa de pão para a boca, João

Lourenço lançou o isco aqueles dois

antigos e poderosos colaboradores de

Eduardo dos Santos e obteve respostas

distintas.

A indisponibilidade manifestada

pelo general Dino durante a audiência

quando foi aventada a hipótese de restituir

recursos financeiros ao Estado,

foi interpretado pelos investigadores

da DNIAP, como brincadeira de mau

gosto. ”Não percebeu que tinha uma

oportunidade de ouro para colocar

a cereja em cima do bolo, mas agora

corre o risco de ver o Estado chamar

a si,sem pagar um tostão, as suas participações

societárias na Unitel e em

outros activos” - revelou fonte da maior

operadora móvel em Angola.

Em contraste com aquela posição,o

general Kopelipa, que manteve sempre

uma relação de grande conflitualidade

com Sam Pá, opondo-se a muitas das

suas operações, manifestou-se disponível

em colaborar com as autoridades

,prontificou-se a apoiar o Estado com

fundos próprios.Ausente de Angola, o

antigo presidente da Sonangol é agora

cada vez mais apontado como o verdadeiro

detentor da “chave” que pode

ajudar a descodificar todo o emalháramos

criado a volta deste complexo

processo.

Antes de viajar para o Dubai, onde

recebe tratamento médico,Manuel

Vicente, que goza de imunidades especiais

até 2022, fez chegar a PGR um

documento destinado a esclarecer as

suas muitas zonas cinzentas. Muito

longe de convencer as autoridades, o

documento, segundo apurou o jornal

Expresso, revelou-se uma desilusão.

”Mais uma vez não abriu o jogo e,em

vez disso, remeteu-nos uma folha

cheia de nada” - confidenciou uma

fonte governamental conhecedora do

processo.

A mesma fonte acrescenta que,

recebido por diversas vezes por João

Lourenço, este sempre esperou que

Manuel Vicente tomasse a iniciativa

de avançar com esclarecimento inequívoco.

"O Presidente cansou-se e,

se e verdade que Manuel Vicente sabe

onde “foram enterrados os corpos",

não sei se agora não estará também ele

próprio, a enterrar-se-“deixou escapar

fonte do Palácio.

Ao apontar o dedo a Sonangol,em

recente entrevista ao Wall Street Journal,

pelo desvio de 14 mil milhões de

dólares durante o consulado de Manuel

Vicente, para muitos observadores, o

Presidente não poderia ter sido mais

claro na escolha do alvo.

O Expresso tentou colher uma opinião

de Manuel Vicente, mas este manifestou-se

indisponível para prestar

declarações.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 39


DOSSIER

JUSTIÇA NEGA

LIBERTAÇÃO

DE SÃO VICENTE

A

prisão recente do em

presário Carlos São Vicente,

sob acusação de

peculato e lavagem de

capitais, e a decisão da

Procuradoria Geral da

Republica (PGR)de Angola de constituir

arguidos os generais Dino e Kopelipa,

no caso que envolve a construção de

imóveis por uma companhia chinesa,

tem merecido as mais diversas reações

no País.

De facto, a Justiça e a luta do Presidente

João Lourenço contra a corrupção

no “olho do furacão”. Analistas

defendem,no entanto, que a inocência

ou a culpa das figuras suspeitas de uso

indevido dos fundos públicos terá de

ser provada em tribunal e não por via

da imprensa, como foi o caso de Irene

Neto, esposa de Carlos São Vicente e filha

do primeiro Presidente da República,

Agostinho NetoEm carta distribuída

à imprensa recentemente ,Irene Neto

acusou as autoridades políticas e judiciais

de estarem a ‘alimentar” um circo

mediatico que representam o julgamento

e a condenação na praça pública

do marido. Carlos São Vicente está

detido preventivamente por suspeita

de crimes de peculato e lavagem de capitais,

acusação que Irene Neto nega.

Um observador do caso, discorda

de Irene e argumenta que a prisão

de São Vicente e outros, mormente de

gestores públicos, reside no facto de todos

actos lesivos ao Estado terem sido

praticados com base num pressuposto

legal criado pelo próprio governo, que

visava a acumulação primitiva de capitais.

Dentre outros, está o caso dos dois

generais Dino e Kopelipa respectivamente,

que foram ouvidos pela Direccao

Nacional de Investigação e Accao

Penal (DNIAP) da Procuradoria Geral

da República (PGR), por haver fortes

indícios de terem beneficiado dos negócios

que o Estado fez com a empresa

China International Found(CIF).

Inclusivamente, os dois generais

comprometeram-se colaborar com as

autoridades judiciais e entregaram

imóveis, fábricas, supermercados e

40 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


DOSSIER

bens activos que usaram a PGR que,

entretanto, aplaudiu o gesto mas disse

que não obsta o crime que estarão julgados

pelo tribunal.

Para já, os dois generais, como medida

de coação, estão interditados de

sair de Luanda.

De recordar que a PGR apreendeu

em Luanda duas torres, com cerca de

25 andares, propriedades da empresa

chinesa, de direito angolano, China

International Fund (CIF). Os edifícios

denominados CIF Luanda One e CIF

Luanda Two, foram confiscados no

âmbito da Lei sobre o Repatriamento

Coersivo e Perda Alargada de Bens e

da Lei Reguladora das Revistas, Buscas

e Apreensões. Igualmente, mais

de mil imóveis no Zango 0 e Kilamba,

construídos com fundos públicos e que

estavam na posse de entidades particulares,

também foram apreendidos.Um

comunicado da PGR publicado na ocasião

indicou que foram apreendidos24

edifícios, duas creches, dois clubes

náuticos, três estaleiros de obra e respetivos

terrenos adjacentes,numa área

total de 114 hectares localizados na

urbanização Vida Pacífica, no distrito

urbano do Zango, município de Viana ,

na província de Luanda e 1108 imóveis

inacabados, 31 bases de construção de

edifícios,194 bases para construção

de vivendas, um estaleiro e respetivos

terrenos adjacentes numa área total de

266 hectares localizados no distrito urbano

do Kilamba, município de Belas,

na província de Luanda.

A China International Fund é propriedade

quase que total da Dayuan

International Development, parte do

chamado 88 Quenssway Group, sendo

88 Queensway a morada onde estão sediadas

as diversas empresas do grupo.

As autoridades judiciais recusaram

um pedido de libertação imediata

(Habeas Corpus) do empresário Carlos

São Vicente. Um acórdão do Tribunal

Supremo, datado de 7 de Outubro, negou

provimento ao pedido de Habeas

Corpus por “falta de fundamentos, pelo

que o empresário continuará em prisão

preventiva.

O pedido de Habeas Corpus, para

a libertação de Carlos São Vicente foi

entregue a 28 de Setembro e, a 7 de Outubro,

a defesa do empresário apresentou

ainda um requerimento, dirigido

ao Juiz Presidente do Tribunal Supremo,

a pedir a junção ao processo de

um relatório da Direcção Nacional de

Investigação e Accao Penal da PGR.

O relatório, concluído a 7 de Agosto,

foi o documento que serviu de base a

resposta da Procuradoria-Geral da República

a uma carta rogatória das autoridades

suíças, e que concluía que, até

a data, em Angola não existiam “indícios

da prática de crimes de corrupção,

branqueamento de capitais, participação

econômica em negócios e qualquer

outros crimes em conexão com factos

constantes da carta rogatória(...) pelo

inquirido, Carlos Manuel São Vicente”.

Em causa,para a defesa de Carlos

São Vicente, estava uma contradição

entre a ordem de prisão preventiva do

empresário, decretada em Setembro,

com a resposta da PGR a uma carta rogatória

Suíça em Agosto, que dizia não

constar indícios de crime por parte do

empresário, que é agora suspeito de

ter desviado dinheiro da petrolífera

para a companhia AAA, que está também

a ser investigado na Suíça por peculato

e branqueamento de capitais.

O Serviço Nacional de Recuperação

de Ativos da PGR emitiu um comunicado

a anunciar a apreensão dos edifícios

AAA, dos hotéis IU e IKA, localizados

em todo território nacional e o edifício

IRCA,na Rua Amílcar Cabral, em Luanda.

Depois dos edifícios, o Serviço Nacional

de Recuperação de Activos da

PGR anunciou a apreensão da participação

social minoritária de 49% da

AAA Activos no standard Bank Angola,

onde o empresário é (ra)administrador

não-executivo ,tendo o mesmo solicitado

suspensão das funções enquanto

durar o processo.

A PGR pediu também o congelamento

de contas e apreensão de bens

de Irene Neto, mulher do empresário.

O AAA, liderado por Carlos São Vicente

,é um dos maiores grupos empresariais

angolanos, operando na área de

seguros e da hotelaria.

De recordar que o despacho que

ordena prisão refere que Carlos São

Vicente lesou a Sonangol em 763,6 milhões

de dólares.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 41


DOSSIER

EMPRESÁRIO EUROPEU DENÚNCIA

SUBORNO DE

FUNCIONÁRIOS

DA SONANGOL

Condenado, em Agosto, a

uma pena de 24 meses de

prisão pela justiça suíça,

ensino revelou meandros

dos acordos em Angola

para conseguir contratos.

O

empresário francês

Didier Henri Keller

confessou, em julgamento,

na Suíça, o suborno

a vários gestores

da Sonangol, entre

quais os antigos administradores Sianga

Abílio e Baptista Sumbe, num total

de 6,8 milhões, entre 2005 e 2006, para

conseguir vários contratos no País

Keller foi director-geral da SBM

Offshore, empresa de origem holandesa

que, em Angola, entre outros negócios,

detém 30% da Paenal (Porto

Amboim Estaleiros Navais Lda). Foi

condenado em Agosto e confessou-se

culpado do crime de corrupção a gestores

estrangeiros.

Sianga Abílio, que, à data dos factos,

era diretor das operações e membro

do conselho de administração da

Sonangol, era considerado “influente”

na petrolífera. De acordo com as revelações

do francês, Sianga Abílio, em

2005, popular 400 mil dólares, pago

em quatro prestações de 100 mil dólares,

cada uma, em diferentes contas

bancárias, entre as quais duas na Suíça.

Em causa, estava um contrato entre

a petrolífera BP e a SBM Offshore para

a construção de um sistema de exportação

de águas profundas.

Nos seus depoimentos Keller

enunciau Sianga Abílio com “poder de

impedir a celebração e execução do

contrato relativo”. Detentor de uma

maior visibilidade devido aos cargos

que exerceu, Sianga Abílio, entretanto,

não foi quem conferiu o maior valor

dos 6,8 milhões de dólares. Esta coube

a Baptista Sumbe, então PCA e CEO da

Sonangol USA. Recebeu pouco mais de

42 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


DOSSIER

4.661 milhões de dólares para a celebração

e execução dos contratos dos

navios FPSO Kuito, SANHA e Xikomba.

Do referido valor, 1,1 milhão de dólares

terá ficado com Ruben Monteiro

Costa, então chefe do departamento

de instalações da petrolífera pelo mesmo

negócio.

Por sua vez, Manuel Jesus Sardinha

de Sousa, à data dos factos responsável

de produção da Sonangol,

beneficiou de 600 mil dólares, pagos

em cinco prestações, para decidir a

favor da empresa em dois negócios,

um dos quais o mesmo em que estava

anterior Sianga Abílio e um segundo

relacionado com um contrato relativo

à construção e arrendamento para a

petrolífera Exxon Mobil de dois navios

FPSO no campo petrolífero Kizomba.

No entanto, além dos 6,8 milhões

de dólares denunciados no julgamento,

diversas investigações internacionais

fazem referência a valores muito

superiores que foram usados ??pela

SBM Offshore para subornar em Angola.

Segundo a sentença, os beneficiários

recebidos os valores através de

empresas com ligações como são os

casos da Mardrill (Baptista Sumbe)

e a Demógrafos África Lda (Sianga

Abílio). Também utilizaram contas de

familiares, como são os casos de Cristina

Santa Rodrigues Coelho de Sousa

(esposa de Manuel Jesus Sardinha de

Sousa) e Rosa Nuda de Lemos José

Maria Sumbe (esposa de Baptista

Muhongo Sumbe).

Didier Keller foi condenado a

pena de 24 meses de prisão, convertidos

em três anos de prisão de pena

suspensa. Foi ainda condenado a pagar

uma indemnização de 480,2 mil

dólares.

SBM distribuiu muito mais

milhões - Além dos 6,8 milhões de

dólares distribuídos entre 2005 e

2006, um fabricante holandesa de

equipamentos de perfuração offsho-

re de petróleo contínuo, entretanto,

a distribuir valores ilícitos aos seus

parceiros, de acordo com dados considerados

no julgamento. A acusação

faz referência, por exemplo, que, “em

Novembro de 2014, após investigação

interna e auto-denúncia, a SBM

Offshore” admitiu ao Ministério Público

da Holanda que, entre 2007 e

2011, pagou 240 milhões de dólares

em actos de corrupção de funcionários

públicos estrangeiros, particularmente

em Angola. Já em Novembro

de 2017, a subsidiária americana

SBM Offshore celebrou um acordo

com as autoridades judiciais norte-

-americanas, admitindo pagar 238

milhões de dólares por corrupção

a funcionários públicos angolanos

entre 1996 e 2012.Condenado, em

Agosto, a uma pena de 24 meses de

prisão pela justiça suíça, ensino revelou

meandros dos acordos em Angola

para conseguir contratos.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 43


DOSSIER

DINO E KOPELIPA

NA JUSTIÇA ANGOLANA

Os generais Kopelipa e

Dino,os poderosos no

consulado de Eduardo

dos Santos procederam a

entrega, a PGR,no dia 17

de Outubro, de bens de empresas constituídas

com fundos públicos. Segundo

um comunicado da PGR, os dois generais,

como representantes da empresa

China International Fund, Lda (CIF) e

Cochabamba SÁ, entregaram os bens

das fábricas de cimento(CIF Cement)’,

de montagem de veículos automoveis

(CIF SGS Automóveis), de cerveja (CIF

Lowenda Cervejas) e a CIF Logística,

incluindo todos os equipamentos e máquinas.

Helder Vieira Dias Kopelipa e Leopoldino

do Nascimento Dino entregaram,

igualmente, a totalidade das ações

que detinham na empresa Biocom-

-Companhia de Bioenergia de Angola,

Lda, através da Cochabamba SÁ,a rede

de supermercados Kero, através da cedência

de 90 porcento das participações

sociais do Grupo Zahara Comércio

SÃ e a empresa Damer Gráfica SÃ.

Os representantes da empresa CIF

fizeram também a transferência da titularidade

para a esfera patrimonial

do Estado dos bens apreendidos pelo

Serviço Nacional de Recuperação de

Activos (SNRA)da PGR,nos dias 11 e

17 de Fevereiro, nomeadamente 24

edificios, três creches,dois clubes náuticos

e quatro estaleiros, na Centralidade

do Zango Zero, também conhecida

por Vila Pacífica. Na Centralidade

do Kilamba KK 5800, foram apreendidos

271 edificios e 837 vivendas, em

diferentes níveis de construção e, na

cidade de Luanda, os edifícios CIF One

e CIF Two, incluindo todos os seus

equipamentos, bem como móveis localizados

na Avenida 1. Congresso do

MPLA, no distrito urbano da Ingombota.

A PGR esclarece que doravante todos

os bens atrás referidos passam a

integrar, de forma definitiva, a esfera

patrimonial do Estado,sublinhando

que esta transferência não obsta o

prosseguimento do processo crime

contra os dois generais.

44 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 45


CULTURA

COVID-19 OBRIGA A

CRIATIVIDADE NO

MUNDO DAS ARTES

O artista plástico angolano

Álvaro Macieira destaca à

necessidade de os criadores

angolanos apostarem

na criatividade para contornar

os efeitos causados

pela pandemia da Covid-19

Em entrevista à

Figuras&Negócios Álvaro

Macieira faz uma abordagem

sobre a actualidade do

mundo das artes.

O artista avança que o

paradigma da sua inspiração

pictórica é a poesia, a

filosofia dos provérbios,

os contos, as histórias que

ouviu na sua infância rural,

o contacto com as artes e

as tradições africanas, as

viagens, os museus que

tem visitado pelo mundo e

os lugares e sítios de memória.

Textos: Venceslau Mateus

Fotos: Arquivo NET

Figuras&Negócios (F&N):

Álvaro Macieira, como é

fazer cultura em tempo

de Covid-19?

Álvaro Macieira

(AM)- A nossa economia,

de modo geral, esta em crise. Esse é

um problema que afecta grande parte

da humanidade, em luta pela sobrevivência,

perante um quadro tão duro e

dramático agravado com a pandemia

actual, que nos prejudica a todos. Os resultados

sociais, económicos e financeiros

da nossa vida artística e cultural em

Angola já vinha sendo difícil de suportar

nos últimos sete anos . Agora, essa

situação agravou-se, de tal forma, que

os resultados dramáticos são visíveis.

Estamos a viver momentos muito

duros, cujas consequências serão igualmente

difíceis de superar a curto prazo.

Teremos um futuro sombrio na Cultura,

e sobretudo entre os fazedores da arte,

em geral, e em todas as dimensões, se

não existir, para todos, uma política

concreta de gestão desta crise, cujos

contornos e resultados são, ou serão,

dramáticos e assustadores.

A crise pretende tirar-nos a alegria

. Nós, artistas, cultuamos a alegria.

Esse é o nosso papel e a nossa missão:

insuflar esperança, palavras de encorajamento,

poesia, literatura, luzes, cores

e formas tridimensionais, dança e música.

A crise pode trazer-nos a incerteza,

a falta de recursos para comprar

os remédios, a fome a afectar as nossas

crianças ou mesmo a indigência. É

preciso fazer alguma coisa para ultrapassar

estes momentos, com mais solidariedade,

inteligência e criatividade

para melhor distribuição dos poucos

recursos financeiros. Temos que ir ao

encontro das necessidades vitais do

artista e não deixar que as notícias tristes

nos roubem a pouca alegria que nos

resta. Esta é a verdadeira e inadiável

hora de se abrir "os cordões à bolsa"

para nos acudirem, como diz a sabedoria

popular.

F&N: Que futuro perspectiva

para a cultura angolana, de uma forma

geral, face ao actual cenário?

AM- Esta é a hora de resolver os

problemas, porque as necessidades

humanas, que não podem esperar,

clamam em cada um de nós. É hora

de agir, porque há fome. Então será a

hora para abrir o celeiro e distribuir

o trigo. Mas se não providenciamos? Se

não foi possível guardar nada, quando

46 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


CULTURA

ral, face ao actual cenário?

AM- "Primeiro é o pão, para se

comer ". Depois é a arte. Foi o Bonga

que cantou esse pensamento. Os mais

velhos disseram, na sua ancestral sabedoria:

Um saco vazio não fica de pé.

O nosso saudoso primeiro presidente

Agostinho Neto poetizou e ensinou,

dentre outras coisas, que devemos

criar, criar amor com os olhos secos.

Devemos ter esperança e trabalhar

no futuro sem perder o norte, o prumo,

a orientação de onde nos vem a

sapiência, para melhorarmos e apoiamos

o desempenho e a argúcia da

nossa juventude nas artes. Os jovens

artistas precisam de ser apoiados. Mas

apoiados mesmo!...Não explorados, por

aqueles que encontram no seu labor

inicial, escassez de materiais e oporhavia

bonança? o que vamos fazer agora?

Interrogo-me eu próprio. Temos que

estar atentos ao que se passa com cada

um dos nossos colegas da arte e saber

do grau de ajuda que cada um de nós

pode precisar

F&N: Os criadores angolanos

estão em condições de aguentar os

efeitos provocados pela pandemia da

Covid-19?

AM- Temos que compreender que

se há crise económica nacional e internacional

e penúria financeira, para todos,

sem distinção, teremos que encontrar

soluções rápidas. Com o petróleo

existia a bonança, que hoje quase nos

tira a esperança.

Vivemos uma incomensurável penúria

financeira agravada com o deságio,

que corroeu em poucos anos as nossas

parcas poupanças.

E agora instalou-se a pandemia que

nos amedronta e nos impede de trabalhar

e produzir lives e alegres, estudar e

viajar, ir ao cinema, ao teatro, ao futebol,

aos espectáculos musicais e de danças,

enfim, as exposições de arte e de pintura.

Tudo se agravou. Essa é uma das

consequências da nossa própria visão.

Ou da nossa capacidade de prover e prever,

o que seria o nosso futuro. Ao longo

dos anos vivemos alegremente embalados

no baloiço confortável do petróleo.

Agora temos que aprender com os nossos

próprios erros e encontrar novas

fórmulas e formas de produzir alimentos

e riqueza. E sobreviver.

F&N: Que futuro perspectiva para

a cultura angolana, de uma forma ge-

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 47


CULTURA

tunidade, e até fragilidades e muitas

vezes mesmo, ingenuidade, própria

do percurso de cada adolescente ou jovem,

uma forma de lucrar facilmente

com o resultado do seu talento.

Auguro que esses jovens talentos

da actualidade, os que estão a sair das

escolas de arte, ou mesmo das oficinas

dos consagrados e mestres, esses artistas

que começam hoje o esforço e o

labor para concretizarem os seus sonhos,

se organizem convenientemente.

Assim, não viverão as mesmas crises,

as dificuldades e consequências que

nós os artistas mais antigos, de todas

as áreas da vida cultural nacional, vivemos

nos dias penosos, que transcorrem

ferozes e velozes.

F&N: As artes plásticas em Angola:

presente e futuro. Que analise

faz?

AM- Como se pode constatar, o

Nota Biográfica

Álvaro Macieira é jornalista,

escritor, artista plástico

e consultor cultural.

Nasceu a 13 de Maio de

1958, na vila de Sanza-Pombo, Município

do Pombo, na Província do

Uíge, Norte de Angola.

Foi Editor de Cultura na ANGOP.

Colaborou para a Rádio Nacional de

Angola, TPA - Televisão Pública de

Angola e Tribuna Cultural da BBC -

Londres, em Língua Portuguesa.

É membro da UEA - União dos Escritores

Angolanos e da UNAP - União

Nacional de Artistas Plásticos.

Publicou três livros:

“Castro Soromenho: Cinco Depoimentos”,

“Cantos de Amor” e Séculos

de Amor"

mercado cultural das artes está parado.

Vai levar tempo para se reerguer. Só

depois da pandemia passar. Acho que

é melhor deixar as artes e ir cultivar

qualquer coisa para sobreviver.

F&N: Aonde busca, nesta altura,

o material para o seu trabalho diário?

AM- Importava os materiais para a

arte sobretudo da Alemanha. As trocas

comercias estão paradas. A arte não é

prioridade. Antes da pandemia chegar,

íamos viajando para comprar os materiais.

Mesmo assim, faltavam-nos as

divisas. Na realidade, tudo para pintar

desde tintas, pincéis, telas, espátulas e

canetas, mesmo o papel, é importado.

Vamos levar tempo para nos reerguermos

das cinzas, tal como uma Fénix. Temos

esperanças num futuro melhor. É o

que nos resta.

F&N: O que o motiva diariamente.

Qual tem sido a fonte de inspiração

para o seu trabalho no mundo

das artes plásticas?

AM- As minhas fontes de inspiração,

para além do quotidiano, são a

poesia, a literatura oral e escrita, as lendas,

os contos, os provérbios, que são

prenhes de filosofia e de conhecimentos

extraordinários. Outras fontes de

inspiração: a arqueologia, as máscaras

antigas, as esculturas e as danças tradicionais,

a música, o meio geográfico, a

flora, a fauna, a visita aos museus e aos

lugares de memória. A própria pintura

antiga e contemporânea.

F&N: O que representa para si as

artes plásticas?

AM- As artes plásticas são para

mim, ou melhor "a pintura é o oásis de

todos os desertos". Porque? Porque ela

48 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


CULTURA

serve para divulgar o que de melhor

existe em nós, a alma do artista. A expressão

de pura alegria, de viver. Gosto

de pintar a esperança, a capacidade de

sobrevivência, a natureza, os nossos

mitos e as expressões únicas das tradições

angolanas e africanas.

F&N: Que análise faz, actualmente,

sobre o mundo das artes plásticas

angolanas?

AM- Para responder a essa pergunta

socorro-me de uma das frases mais

bonitas e poéticas que conheço de um

estadista africano de quem me lembro

muitas vezes. O presidente Samora Machel,

de Moçambique, definiu: " a Cultura

é o Sol que nunca desce". Por isso

o meu apelo: não deixem que esse sol

ardente de Angola se estinga, isto é: a

nossa Cultura e as estrelas que fazem

com que esse astro continue a irradiar

alegria e luz.

F&N: Expõe no Camões "Síntese-

Um Artista, Múltiplas Linguagens". O

que traz a público com esta exposição

e como se sente o artista sem a

possibilidade de manter um contacto

direito com o público?

AM- Trago quarenta obras, uma

selecção criteriosa de formas, cores e

técnicas que desenvolvi nestes últimos

vinte anos de actividade pictórica e cultural.

Esta exposição de pintura, com o

título "Síntese - um artista, múltiplas

linguagens", que decorrerá aqui no

Centro Cultural Camões, na Embaixada

de Portugal, até meados do mês de Setembro

de 2020, acontece para, exactamente,

suplantar o medo que tenta

apodera-se de nós.

Esta é uma exposição que estava

preparada logo no início deste ano

para ser inaugurada em Março, mas só

foi possível agora devido à propagação

mundial desta pandemia, que nos afecta

a todos.

Nestes cerca de seis meses, a Embaixada

de Portugal e o Centro Cultural

Camões de Luanda encontraram as

melhores formas de segurança e aperfeiçoaram

as formas tecnológicas de

divulgação.

PROJECTOS E EXPOSIÇÕES

África Mitológica”, onde o artista pesquisou as mitologias angolanas

e africanas, tendo realizado a sua primeira exposição no Instituto

Camões de Luanda

“ Terra Una” e Signos da Terra”, duas exposições e projectos que se

realizaram no Salão Internacional de Exposições do Museu de História

Natural, em Luanda, sustentando a ideia da unidade nacional

“Catanas da Paz”, instalação e exposição de pintura realizada em 2002,

simbolizando o primeiro 4 de Fevereiro (data do início da luta de libertação

nacional) vivido pelos angolanos, em paz e concórdia

“ Terra Azul”, exposição de pintura realizada em 2003 no átrio da sede do BPC

- Banco de Poupança e Crédito, em Luanda. As telas estão todas distribuídas

pelas dependências do Banco em todo o país

“Luanda, Kianda - Cores da Terra”, em 2009, patrocinada pela Sonangol e

realizada no seu novo edifício-sede na capital angolana, em homenagem à

cidade capital de Angol

Mabo-Meto, exposição itinerante com o pintor alemão Horst Poppe, falecido

há dois anos

África Yeto Kwuia, exposição em Luanda, 2010. Instituto Camões

Angola - Muxima Uami, - Angola, meu coracção... Exposição no Instituto

Camões, em Luanda, de 01 a 15 em Outubro de 2013

Angola – Ngassaqkidila - Exposição de Pintura no Memorial Agostinho Neto,

2016

ArtefactoParilhados. Exposição de pintura e instalação – Camões Centro

Cultural Português de Luanda. Com Paulo Amaral em Homenagem a Horst

Poppe. De 29 de Janeiro a 19 de Fevereiro 2016

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 49


CULTURA

Ligada ao show bizz em

Angola há mais de 20 anos,

por meio da promotora Step

Models, Karina Barbosa faz

uma abordagem sobre o

mundo do espectáculo em

época de Convid-19 e aponta

caminhos.

Sete meses depois da suspensão

das actividades artísticas

culturais face aos primeiros

dois casos registados no país,

o Governo mudou as regras

e determinou a reabertura

das salas, no entanto, Karina

Barbosa avança, em entrevista

à Figuras&Negócios ser

necessário a estruturação e

implementação de um pacote

financeiro para que se possa

reerguer o sector

COVID-19 DEIXOU DE

RASTOS SHOW BIZZ ANGOLA

50 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


CULTURA

Figuras&Negócios (F&N):

Como encara a reabertura

das salas de espectáculos,

depois de

7 meses parados, e que

perspectivas se abrem

para os actores culturais?

Karina Barbosa (KB)- Bom, qualquer

medida é melhor do que medida

alguma... O nosso sector está paralisado

7 meses, portanto deve imaginar que

tem sido um ano bastante atípico e com

desafios enormes para mantermos as

nossas empresas, estando impedidos

de trabalhar... Por mais que as empresas

tenham um fundo de emergência,

7 meses sem facturar, e com todos os

custos fixos com funcionários, rendas

de instalações, impostos, despesas de

manutenção, internet, etc, etc é muito

duro para qualquer negócio!

F&N- Compensa ou nem por isso?

Fundamente, por favor.

KB- Cinquenta por cento da capacidade

seria bom, o problema é que tem

um limite máximo de 150 pessoas... Para

se fazer um evento há imensos custos de

produção, e com apenas 150 lugares para

se venderem bilhetes o custo do show

fica muito caro para o cliente! Imagine

que a produção do evento custa 10 milhões

de kwanzas, para uma sala de apenas

150 pessoas cada bilhete irá custar

aproximadamente 66.666 Kz, e este valor

por pessoa é muito elevado. Já o seria

nos anos anteriores, pior este ano com

esta aguda crise económico-financeira

que o país atravessa aliada à constante

desvalorização da moeda e à elevada taxa

de despedimentos e desemprego... Esta é

uma equação bastante difícil!

F&N- Acha que, por exemplo, com

50 % de lotação, os gastos de produção

possam vir a ser maior do que as

receitas?

KB- Obviamente que sim. 150 pessoas

de público é muito pouco a um valor

de bilheteira razoável que o público possa

pagar.

F&N- Qual seria a solução?

KB- Os eventos serem a 50% da capacidade

das salas como está a ser feito

nos outros países da Europa, América,

etc... Com distanciamento de 1 cadeira

entre as pessoas sim, com entrada faseada

por filas e todas as demais medidas de

bio-segurança.

A solução passa também pelo Governo

estruturar e implementar uma injecção

financeira ao sector para que ele se

possa reerguer tendo um fundo de maneio

para reiniciar as actividades, depois

de 7 meses paralisado durante os quais

esgotou os seus recursos de emergência

e quem sabe teve que recorrer empréstimos

para sobreviver.

Eu amo produzir

eventos e trabalhar com e

para o público, e é triste estarmos

impedidos de trabalhar

no que amamos

F&N- Como estão preparados para

voltar a entreter o público, sem deixar

de cumprir com as normas impostas?

KB- Estamos super preparados. Criar

as condições de bio-segurança é a parte

mais fácil. Difícil é superar esta aguda

crise financeira, as enormes quebras de

facturação que as empresas que normalmente

patrocinam eventos também sofreram

este ano e que condicionam o seu

apoio aos eventos e o público que está

com o poder de compra cada vez menor

devido à desvalorização da moeda, aumento

do custo de vida, despedimentos

e desemprego.

F&N- Qual é, nesta altura, a realidade

das empresas do sector do entretenimento?

KB- Este ano foi um grande desafio.

Felizmente eu em particular tenho outros

negócios e fontes de rendimento,

mas há projectos e eventos como shows,

galas e teatro que tive que parar porque

ficámos todos de mãos amarradas. A

peça que fiz dia 8 de Março, “Elas não

precisam de Homens?” que foi um enorme

êxito e que tinha já uma tour agendada

incluindo datas em Moçambique e

Portugal ficou sem efeito, o Moda Luanda

foi obrigado a reformular-se para

formato televisivo sem público, perdendo-se

partes importantes da experiência

que é o mesmo como a emoção

das entregas dos Troféus, a red carpet,

a imprensa, as celebridades e fashionistas

que anualmente marcam presença

no Moda Luanda, enfim... Tinha também

várias palestras aliadas ao lançamento

do meu livro “BOSSLady- step by step:

6 Passos Para Conquistares Sucesso e

Liberdade” que não se puderam realizar

com muita pena minha, e que poderiam

ajudar e impactar centenas de pessoas...

Eu amo produzir eventos e trabalhar

com e para o público, e é triste estarmos

impedidos de trabalhar no que

amamos. E muito triste foi também ver

tantos artistas, prestadores e serviços,

empresas de estruturas, palco, luz, som,

leds, modelos, protocolos, seguranças,

DJs, barmen, empresas de catering, de

decoração, de geradores, e tantas outras

empresas e profissionais sem trabalho,

sem cachets, sem agenda e a lutarem

para sobreviver... Muitos colegas com

as empresas falidas, outros forçados a

vender equipamentos para realizar liquidez,

os cantores em casa sem shows,

e muitos outros profissionais a abandonarem

o país porque não aguentaram

este forte embate e ficaram sem condições

de assegurar o pagamento das suas

contas e necessidades essenciais como

habitação, escola dos filhos e alimentação.

É lamentável vermos os sonhos das

pessoas a morrer e vê-las perder o que

levaram anos e até décadas a construir!

F&N- Há empresas falidas ou em

vias de decretar falência?

KB- Muitas!!! não só de eventos

como dos colegas da publicidade, aluguer

de estruturas, empresas de luz,

som e leds, empresas de segurança, discotecas

e bares, empresas de catering...

muito triste.

F&N- Quantos profissionais do

sector terão sido despedidos, por

causa dos constrangimentos da Covid-19

em Angola?

KB- Largas centenas com toda a certeza!!!

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 51


CULTURA

BONGA:

A ESTRELA CINTILANTE

DA MÚSICA ANGOLANA

Com 78 anos de vida, 48 dos quais ligado a música, Bonga

Kuenda tem sido o principal embaixador da música angolana,

particularmente do estilo semba.

Textos: Venceslau Mateus

Fotos: Arquivo NET

Bonga, da geração dos

resistentes da sociocultura

musical angolana,

é um nome que traduz

um homem talentoso,

incansável e com uma

trajetória de vida digna de uma sequela

cinematográfica.

Com uma personalidade impar e

uma vitalidade criativa de fazer inveja

aos “candengues”, é um homem imparável

no palco, cativando todos os que

assistem aos seus espectáculos, com

um “arranhar” que caracteriza uma voz

poderosa que é imediatamente identificável.

Autor de relíquias musicais, onde

se destacam "Água Rara", "Kisselenguenha",

"Mona", "Diacandumba", "Camboborinho",

"Kuamakove", "Marimbondo",

"Homem do Saco", Odjo Maguado",

"Mukanje", "Frutas de Vontade", "Kanbua",

"Kabolobolo", "Mariquinha" e

"Sambila", que fazem do semba a bandeira

de Angola e referência de grandes

estrelas de cultura mundial, entre os

quais o norte-americano Will Smith,

Bonga é um nome que impõe respeito

no que a música angolana diz respeito.

Terceiro filho de uma família composta

por mais nove irmãos e com 32

álbuns gravados, Bonga tornou-se, ao

longo da sua carreira, num dos principais

divulgadores da imagem de Angola,

da vivência de Angola, da cultura e

dos musseques de Luanda.

52 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


CULTURA

Defensor da angolanidade, Bonga

Kuenda é referência para a nova geração,

mostrando-se sempre disponível

para dar um pouco de si em prol da cultura

angolana, ajudando e incentivando

os jovens para carreiras sólidas e com

os pés bem assentes no chão.

Bonga teve entrada fulgurante no

meio musical internacional, com vários

espectáculos, reedições, vídeos, discos

de ouro e platina, menções honrosas e

diversos prémios

Solicitado ainda hoje como no passado,

pisou vários palcos de prestígio

internacional, tais como De Doelen Rotterdam,

Olympia de Paris, Apollo Harlem

em Nova Iorque, Coliseu e Casino

Estoril em Lisboa.

Bonga tem o dom de cativar as várias

faixas etárias com o seu talento, e

a prova disso são as lotações esgotadas

em todos os seus espectáculos, que são

a autentica festa de reencontros do

multicolor lusófono, e não só.

No desporto - Bonga sempre se

sentiu atraído pelo atletismo. Tudo começou

ainda muito jovem quando revelou

perante os seus amigos do bairro

ser o mais rápido nas corridas e nas

fugas. Depois começou oficialmente a

correr no São Paulo do Bairro Operário,

rotulado pejorativamente como o "club

dos pretos". Ingressou no Clube Atlético

de Luanda.

Em 1966, com 23 anos de idade, depois

de ter alcançado os maiores títulos

de Angola em 100, 200, e 400m, a sua

entrada em Portugal dá-se aquando de

um convite do Sport Lisboa e Benfica,

que se deveu às suas múltiplas vitórias

nos campeonatos em Angola. O objectivo

deste convite é a prática semi-profissional

de atletismo. É entre 1966 e

1972 que Bonga atinge por sete vezes o

estatuto de campeão e permanente recordista

de atletismo: onze internacionalizações

nos 400 metros, nos 200 e

400 metros na taça da Europa de 1967,

nove nos 4 x 400 metros e seis nos 200

metros, além de várias vitórias em torneios,

tal como o prémio de Viseu em

1968 (400 metros), o Torneio Toddy

em 1969 (100 metros), o II Grande Prémio

das Festas de Santo António.

Carreira musical - Em 1972, na

Holanda lança o seu primeiro álbum

"Angola 72", onde canta a revolução e

o amor à pátria. É por esta altura que

Barceló de Carvalho passa a chamar-

-se Bonga Kuenda. Adopta um nome

africano que significa "aquele que vê,

aquele que está à frente e em constante

movimento".

Bonga actua pela primeira vez nos

Estados Unidos, em 1973, aquando da

celebração da independência da Guiné-

-Bissau, integrado num espectáculo

de homenagem à cultura lusófona. Em

Abril de 1974 Bonga lança "Angola 74".

Nos anos 80 torna-se no primeiro

artista africano a actuar a solo, dois

dias consecutivos no Coliseu dos Recreios

(Lisboa), símbolo da música portuguesa,

é o primeiro africano Disco de

Ouro e de Platina em Portugal.

O seu sucesso estende-se para lá

das fronteiras lusófonas e Bonga actua

no Apolo em Harlem, no S.O.B. de Nova

Iorque; no Olympia de Paris, na Suíça,

no Canadá, nas Antilhas e em Macau. O

seu sucesso é resultado de um trabalho

árduo, intensivo e metódico e de uma

imaginação criativa que caracteriza

toda a sua carreira.

A marca Bonga - Bonga cria uma

fusão entre a sua pessoa e a música de

Angola, tornando-as indissociáveis e

tendo como maior estandarte, o Semba,

um ritmo tradicional angolano correspondente

ao samba brasileiro, mas

precursor deste.

Bonga também interpretou géneros

musicais cabo-verdianos, sendo

responsável pela roupagem da coladeira

“Sodade” para uma morna, 18 anos

antes de Cesária Évora a tornar mundialmente

famosa.

Prémios - Bonga recebeu inúmeros

prémios de popularidade e homenagens

relativamente à sua obra, onde

conta com distinções várias, medalhas

e discos de ouro e de platina.

Tem manifestado inúmeras vezes

a sua solidariedade e altruísmo dando

concertos de beneficência para instituições

como a MRAR, a Amnistia Internacional,

FAO, ONU e UNICEF.

Para além disso tem participado em

CDs como por exemplo "Em Português

Vos Amamos" dedicado a Timor, "Paz

em Angola" ou ainda "Todos Diferentes,

Todos Iguais", um marco na luta contra

o racismo.

Tem mais de 300 composições da

sua autoria, 32 álbuns, 6 video-clips, 7

bandas sonoras de filmes, e álbuns com

inúmeras reedições em todo mundo.

Os seus temas têm sido interpretados

por ilustres artistas, entre os quais

Martinho da Vila, Alcione e Elsa Soares,

Mimi Lorca (França), Bovic Bondo Gala

(República Democrática do Congo), Heltor

Numa Morais (Uruguai) e muitos artistas

angolanos da nova vaga.

PERFIL

BONGA KUENDA

José Adelino Barceló de Carvalho

nasceu em, 1942, em Quipiri,

na província do Bengo, a

norte de Luanda, em Angola.

A família tratava-o carinhosamente

por Zeca. A sua infância foi passada

em bairros como os Coqueiros,

Imgombotas, Bairro Operário, Rangel,

e no Marçal. Aí vive-se um ambiente

intimista de preservação das

músicas e tradições angolanas, marginalizadas

pela dominação colonialista

presente na época.

O folclore dos musseques (bairros

pobres) cedo fascinou o pequeno

Zeca e por isso começou a frequentar

e a participar das turmas

dos bairros típicos de Angola, onde

iniciou a sua actividade musical. Foi

no bairro do Marçal onde fundou o

grupo Kissueia.

Bonga resolve criar o seu próprio

estilo musical, afirmando a

especificidade da cultura angolana,

numa época muito conturbada.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 53


CULTURA

FRANCISCO NETO

CONQUISTA PRÉMIO

SAGRADA ESPERANÇA

Com a obra "A Festa dos

Porcos", o escritor Francisco

Agostinho Dias

Neto foi distinguido, nesta

terça-feira, com o Prémio

Literário Sagrada Esperança,

edição 2018, numa promoção

do Instituto Nacional das Indústrias

Culturais e Criativas do Ministério da

Cultura, Turismo e Ambiente e a Fundação

Dr. António Agostinho Neto.

Como prémio tem direito a nove

milhões, 51 mil e 150 kwanzas e a edição

e publicação da obra.

A obra, com 200 páginas, constitui

uma ficção histórico-narrativa cativante

e lúdica, retratando a era colonial

em Angola com as suas humilhações e

injustiças, e por outro as tradições e as

crenças dos nativos.

A obra traz à tona assuntos que

deveriam ser estudados pelos historiadores

para o conhecimento geral, sobretudo

das gerações mais novas, não

pretendendo alimentar o ódio, mas faz

convicto de que é importante conhecer

o passado para se valorizar o presente

e melhor projectar o futuro.

O prémio Sagrada Esperança é organizado

em parceria pela Fundação

Dr. António Agostinho Neto e o Banco

Caixa Angola, que patrocina a iniciativa.

Constitui uma homenagem ao poeta

António Agostinho Neto e é dirigido

a autores angolanos, com ou sem obras

publicadas.

A iniciativa visa promover o enriquecimento

do universo simbólico e

do imaginário da língua portuguesa,

através do discurso literário, incentivar

a criação literária entre os autores

nacionais, bem como assegurar o surgimento

habitual e alargado de novas

obras editadas.

De periodicidade anual, o concurso

visa incentivar a criação literária entre

os autores nacionais e o surgimento de

mais obras editadas.

Criado em 1980 pelo Instituto Nacional

do Livro e do Disco (INALD),

agora convertido em Instituto Nacional

das Indústrias Culturais (INIC), o Prémio

foi ganho pela primeira vez pelo

escritor Manuel Rui, com “Quem Me

Dera Ser Onda”.

FUNDAÇÃO AGOSTINHO NETO LANÇA OBRAS LITERÁRIAS

As obras literárias intituladas

"Influências

do Neo-Realismo e da

Negritude na Poesia

de Agostinho Neto" e

"Farrapos de Memórias", dos autores

Akiz Neto e Antero Abreu, foram

lançadas no mercado pela Fundação

António Agostinho Neto.

O primeiro trata-se de um livro

de 147 páginas, onde o autor compila

diferentes poemas do primeiro

Presidente de Angola, que, na sua

opinião, deixam claro a existência de

uma fertilidade do escrito de várias

temáticas.

A obra mantém a originalidade da

maioria dos temas e comentários, tendo

sido apenas revista a questão da

linguagem e do enquadramento das

ideias, com vista a situar melhor a percepção

do conteúdo aos leitores.

Influências do Neo-Realismo e da

Negritude na Poesia de Neto tem uma

tiragem de 80 exemplares e está a ser

comercializado a quatro mil kwanzas.

Akiz Neto é mestre em língua portuguesa

e membro da União dos Escritores

Angolanos (UEA), tem, entre outras,

obras publicadas em poesia como

“Crivo do meu sonho”, “Trajectória da

Serpente”, “Cócegas e Despertar”, “ Horoscópio

de Fragmentação”.

Já a obra “Farrapos de Memória”

traduz-se na compilação de históricos

deixados por Antero Abreu (falecido)

editada pela Fundação Agostinho

Neto, de 112 páginas, e custa

igualmente quatro mil kwanzas.

Natural de Luanda, Antero Abreu

foi membro fundador da União dos

Escritores Angolanos em 1975 e

morreu a 15 de Março de 2017.

No âmbito do Dia do Herói Nacional,

a assinalar-se a 17 deste mês,

estão previstas várias actividades de

carácter sócio-cultural.

54 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


CULTURA

HONÓRIO QUIMBUARI VENCE

PRÉMIO IMPRENSA NACIONAL DE LITERATURA

O

angolano Honório Quimbuari venceu o

prémio Imprensa Nacional de Literatura,

com a obra "os heróis que não sabiam

voar".

O trabalho de Honório Quimbuari convenceu

o corpo de jurados liderado pelo académico Manuel

Muanza, num total de 70 obras concorrentes.

O aspirante a escritor foi contemplado com AKZ

1.000.000.00 e a publicação da obra laureada.

Os critérios para participar no Prémio Imprensa Nacional

de Literatura, que vai na sua 2ª edição, é que as

obras devem ser inéditas e com elevada qualidade em

termos literários nos domínios do conto, romance, poesia

e drama, escritas em língua portuguesa.

Podem também concorrer para o prémio os cidadãos

estrangeiros residentes em Angola há mais de três anos.

A 1ª edição, realizada em 2019, não contemplou nenhum

vencedor e nem menção honrosa, por os trabalhos

dos concorrentes não apresentarem os requisitos exigidos

pela organização.

O Prémio Imprensa Nacional de Literatura tem como

objectivo estimular a escrita, a criação literária e os hábitos

de leitura, valorizar o talento nacional, descobrir

e promover novos e desconhecidos autores no mercado

literário angolano e divulgar a sua obra.

O concurso foi lançado em 2019, por ocasião dos 174

anos da Imprensa Nacional – EP, que se comemoram a

13 de Setembro.

SALAS DE CINEMA

REABREM AO PÚBLICO

Seis meses depois do encerramento

forçado, devido à

pandemia da Covid-19, o Cinemax

reabriu as 23 salas ao

público, com rígidas medidas

de biossegurança.

Trata-se das salas do Kilamba, Talatona

e Nova Vida, que integram os seis

"Multiplexes de Cinemas", distribuídos

pelas províncias de Luanda, Benguela,

Huíla e Huambo.

Para marcar a reabertura das salas,

neste primeiro dia, a gestão levou

os jornalistas a uma visita guiada, para

aferir as condições criadas no âmbito

da prevenção e combate à pandemia.

Com capacidade de aproximadamente

150 lugares cada, as salas só deverão

albergar até 75 pessoas, em cumprimento

das regras do novo Decreto

Presidencial sobre a Situação de Calamidade

Pública, em vigor há dois dias.

Apesar das rígidas medidas impostas,

os usuários manifestam-se satisfeitos

com a reabertura das salas de

cinema.

Face ao novo contexto, a gestão do

espaço reforçou a limpeza das áreas

comuns, desinfestação das salas antes

de cada sessão e monitorização permanente

dos sistemas de ventilação e a

qualidade de renovação do ar.

Ao público é ainda disponibilizado

álcool em gel à entrada, sinalização nas

entradas e saídas nos diferenciados

acessos e uso obrigatório de máscara

pelos colaboradores e clientes.

No tocante ao distanciamento físico

e ao número de utentes das salas, apenas

estão disponibilizados lugares em

filas alternadas.

Existe espaçamento lateral de uma

em uma cadeira, com a ocupação a menos

de 50 por cento da lotação máxima

de cada sala.

Ainda no quadro das medidas de

biossegurança, foi reduzido o número

de sessões diárias por cada sala, de cinco

para três sessões, e o aumento de 30

minutos para uma hora deste o início

entre as mesmas, para facilitar a limpeza

e adequada higienização das salas.

As compras de bilhetes e produtos

podem ser feitas presencialmente com

respeito as novas regras e online pelo

site http://www.bilheteira.cinemax.

co.ao.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 55


DESPORTO

COMEÇOU A "CAÇA" AO VOTO NA FAF

QUATRO 'GALOS'

PARA APENAS UM 'POLEIRO'

Dos anteriores seis candidatos, seguem para a discussão

nas urnas pelo 'cadeirão' máximo da Federação Angolana

de Futebol (FAF) apenas quatro. Albina Guilhermina Luísa

e Norberto de Castro foram afastados da corrida, por

irregularidades

A

disputa pelo 'cadeirão'

máximo da Federação

Angolana de Futebol

(FAF) promete ser intensa.

As eleições estão

agendadas para dia 14

de Novembro próximo e os candidatos

esmeram-se em campanhas eleitorais,

para convencer o eleitorado, cada vez

mais exigente.

Desde a marcação do acto eleitoral,

feito em Assembleia Geral, até ao actual

momento, vésperas da ida às urnas, o

processo que visa a eleição do futuro

presidente da FAF, tendo em vista

o ciclo olímpico 2020-2024 tem sido

marcado por alguns factos dignos de

registo.

Naquela que é a mais concorrida

eleições de que temos memória no órgão

reitor do futebol do país, salta a vista

o facto de a Comissão Eleitoral (CE)

ter 'chumbado' dois candidatos, por

irregularidades.

A lista da candidata Albina Guilhermina

Luísa, antiga administradora do

Distrito Urbano do Kilamba Kiaxi e vice-presidente

cessante, cabeça de lista

do ex-candidato Dino Paulo, viu gorado

o sonho de alcançar a direcção da FAF,

por falta de registos criminais em mais

de quatro processos.

A CE aludiu como instrumento jurídico

o regulamento eleitoral, no seu

artigo 30º, com o título Fundamentos

Texto: António Félix / Fotos: Arquivo NET

para Rejeição das Listas. Na alínea g),

esclarece que a ausência de qualquer

documento referido no artigo 24º do

Regulamento Eleitoral serve de fundamento

legal para a rejeição da lista.

As listas foram abertas sob o olhar

atento do presidente da Comissão Eleitoral,

Gilberto Magalhães, do secretário

Domingos Torres “Didi” e da escrutinadora

Olinda França, bem como na presença

dos mandatários dos candidatos

à presidência da FAF.

Artur Almeida e Silva

Depois, foi a vez do candidato Norberto

de Castro ver cair por terra todas

as aspirações de se tornar, pela primeira

vez, presidente da FAF. A CE considerou

de inelegível a lista do 'boss' da escola

de formação com o seu nome, tendo sido

também ele afastado da corrida à liderança

da federação.

A decisão teve como fundamento um

documento proveniente da FAF, no qual

o citado manifesta indisponibilidade de

continuar a fazer parte do quadro federativo,

eleito em finais de 2016. Ou seja, o

facto de Norberto de Castro ter renunciado

ao cargo de vice-presidente no elenco

de Artur Almeida.

Em carta endereçada ao órgão reitor,

datada de 16 de Janeiro de 2017, o dono

do complexo desportivo e escolar “Norberto

de Castro” declarou não se rever

naquele elenco, liderado por Artur de

Almeida e Silva, por sentir-se marginalizado.

“Demito-me da sua equipa de direcção

da FAF, com efeito a partir de hoje, e

não me arrependo do contributo que dei

para que o triunfo da lista fosse possível”,

lê-se.

De acordo com o estipulado na lei das

associações desportivas, o membro que

tenha formalizado o pedido de demissão

de uma equipa de trabalho fica impedido

de concorrer nas eleições seguintes. Apesar

de ter recorrido, Norberto de Castro

não teve sucesso.

De igual modo, Norberto de Castro

entrou com um pedido de impugnação

junto a Comissão Eleitoral contra Artur

de Almeida e Silva, pelo facto de constar

no seu elenco, o ex-director Provincial

dos Desportos do Huambo, Bernardo

Suca, que havia sido condenado a quatro

anos de cadeia efectiva por crime de peculato,

no exercício das suas funções. A CE

56 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


DESPORTO

Fernandes (1990/1991).

O primeiro presidente eleito por via

do exercício democrático foi Armando

Machado (1992/1999), tendo sido rendido

por Justino Fernandes. O antigo defesa

do ASA ficou no órgão de 1999 a 2004 e

2004/2011, substituído por Pedro Neto

em eleições extraordinárias. Neto liderou

a FAF de 2011 a 2016.

Nando Jordão

Tony Estraga

julgou o pedido de improcedente.

Posto isto, a CE declarou elegível apenas

as lista -A, de Nando Jordão, (B) de

Artur Almeida e Silva, (C) de António Gomes

“Tony Estraga” e (D) de José Alberto

Macaia. Deste quarteto sairá o futuro presidente

da FAF.

A campanha eleitoral em curso decorre

até princípios de Novembro, vésperas

das eleições. Durante este período, os

quatro candidatos esmeram-se em campanha

eleitoral de 'caça' ao voto por todo

o país.

Artur Almeida e Silva, José Macaia e

Tony Estraga deram início as suas campanhas

em Luanda, enquanto Nando Jordão

fê-lo em Benguela.

A FAF teve como primeiro presidente

de direcção Eduardo Santos, que presidiu

de 1979 a 1984. Seguiram-se Luís Gomes

dos Santos (1984/1990) e José António

José Alberto Macaia

APOIO FINANCEIRO

CLUBES JÁ SONHAM COM OS MILHÕES DA FIFA

Dois meses depois desde o

anúncio em Agosto feito

pela Federação de Futebol

(FAF), sobre a recepção da

quantia de um milhão de dólares norte-

-americanos proveniente da Federação

Internacional de Futebol (FIFA), os clubes,

associações ainda aguardam pela

transferência do dinheiro para as suas

contas bancárias.

A quantia cedida pela FIFA com objectivo

de para o desenvolvimento da

modalidade, do sector feminino e mitigar

os efeitos da Covid-19, será repartida

entre os filiados, através de uma

instituição bancária, em dólares.

Além da verba do órgão reitor do

futebol mundial, a FAF aguarda ainda

pelos USD 300 mil a serem atribuídos

pela Confederação Africana (CAF), ainda

este ano, igualmente para mitigar os

efeitos da pandemia, além dos USD 500

mil da FIFA, a partir de Janeiro de 2021.

Recentemente, a federação divulgou

o cronograma de distribuição destes

valores, num total de USD 1,8 milhão,

que deverá abranger o futebol feminino

(500 mil dólares americanos), associações

provinciais (216 mil dólares), clubes

da primeira divisão que vão disputar

a época 2020/21 (256 mil dólares)

e clubes da segunda divisão (90 mil dólares).

Seguem-se as selecções nacionais

masculinas (235 mil dólares), outros

clubes e escolas de formação (248 mil

dólares), fundo de arbitragem para o

Girabola2020/21 (140 mil dólares) e

futebol de salão (cinco mil dólares).

O plano de distribuição abrange

ainda os campeonatos nacionais de

juniores e de juvenis (40 mil dólares),

futebol de praia (dois mil dólares),

equipamentos de biossegurança e

meios técnicos (37 mil dólares).

A FAF terá de justificar junto da

FIFA, mediante documentação dos

beneficiários, a forma como foram

gastos os valores desta primeira dotação,

sob risco de não receber a última

tranche.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 57


DESPORTO

ELEIÇÕES NA FEDERAÇÃO DE JUDO

MAKAS E INSÓLITO MANCHA

'COMBATE' PELA LIDERANÇA

A

crise instalada na Federação

Angolana de

Judo (FAJ) está longe

de conhecer um desfecho.

Desde a saída do

presidente destituído,

Paulo Nzinga “Apolo”, que não reina a

estabilidade no seio do órgão reitor da

modalidade.

Nem mesmo a busca de uma solução

para os problemas que vive a federação,

por meio da realização de eleições

ajudaram. Como prova disso, no

pleito eleitoral realizado recentemente,

houve o registo inédito de duas comissões

eleitorais, facto que pode forçar a

repetição das eleições ou a anulação de

um dos actos eleitorais.

O Ministério da Juventude e Desportos

reagiu ao caso insólito e as demais

anomalias verificadas nos actos

eleitorais com uma chamada de aten-

ção à responsabilidade dos associados

no processo.

Num comunicado, o órgão de tutela

reitera o seu papel fiscalizador e afirma

ser a resolução de eventuais problemas

de inteira responsabilidade dos associados,

bem como deixa claro que irá

analisar e aferir a legalidade dos actos e

processos eleitorais nos marcos da lei.

O Minjud assegurou, ainda, que os

parceiros que não realizaram os pleitos

eleitorais nos prazos estabelecidos

deixam de ser interlocutores válidos,

até à sua conformação à lei e que terão

ajuda apenas para questões pontuais

relacionadas com os compromissos

internacionais, a fim de salvaguardar o

interesse do Desporto Nacional.

Numa recente declaração à imprensa,

Pedro Junqueira, vogal da Comissão

de Gestão do Judo e treinador

do Interclube, esclareceu as causas das

desavenças: “Os associados suspeitam

que Casimiro Bento estava interessado

no manuseio do dinheiro que está na

conta da Federação na ordem de 21 milhões

de kwanzas”, disse.

Acrescentou que desde a ascensão

ao cargo, o presidente da Comissão de

Gestão diz que “nunca” teve acesso à

conta bancária. Durante o inventário

dos activos, os associados reprovaram

a sua proposta de elaborar o carimbo

e novo logótipo da instituição. Então,

solicitou a fabricação de um novo com

o mesmo teor. O anterior foi subtraído

pelo presidente cessante.

Uma das Comissão Eleitoral no

Judo foi eleita pelos associados das

províncias do Cuanza-Sul, Cuanza-Norte,

Luanda, Bié, Cuando Cubango, Huíla,

Benguela, Namibe, Huambo e Cabinda,

constituída por Domingos Pascoal, José

Bruno e Alberto Caxinda.

58 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


FIGURAS

António Félix

felito344@yahoo.com.br

DE JOGO

ARTUR SOMA E SEGUE

A

primeira vez em que

o actual presidente de

direcção da Federação

Angolana de Futebol,

Artur Almeida, fez-se

às eleições daquele

órgão, foi em 2011, tendo perdido

para Pedro Neto, que já estava no

"poleiro", a cantar de galo, fazia

dois mandatos.

Diante do triunfo deste, ouvi , no

rescaldo eleitoral, o coordenador da

Comissão Eleitoral, Rogério Silva, a

considerar que as eleições tinham

sido "justas, democráticas, participativas".

Reagindo à derrota, lembro-

-me, como hoje, ver no entanto,

Artur Almeida com uma "pitada" de

inconformismo, como que a denunciar

certo jogo baixo feito por quem

venceu.

"Infelizmente conhecemos o país

em que vivemos". Foram estas as

suas palavras de desabafo.

E depois acrescentou ainda que

" vamos criar o Observatório do

Futebol da Sociedade Civil para o

Futebol" para, em 2016, regressaremos

em grande, ganhar se houver

transparência.

Prometeu unidade da família do

futebol e não se coibiu de contar

figuras de proa da modalidade.

Aglutinou no seu elenco Norberto

de Castro, Nando Jordão e outros.

Todavia, um balde de água fria,

para muitos, viria a aparecer com a

aparição, a 16 de Janeiro de 2017,

de Norberto de Castro, , revelando

que não mais se revia já no elenco

liderado por Artur de Almeida e

Silva, por este, alegadamente, o ter

marginalizado. "Demito-me e não

me arrependo do contributo que dei

para que o triunfo da lista fosse possível"

lamentara, na altura Norberto

de Castro, prometendo lutar para,

neste ano de 2020, ver arredado

Artur Almeida do cadeirão de líder

da FAF.

Aqui chegados, não sei se Norberto

de Castro fez "erros de cálculo"

para apear Artur Almeida ou se

este saiu-me mais matreiro.

A verdade é que a lista do candidato

Norberto de Castro foi considerada

inelegível pela Comissão Nacional

para as Eleições na Federação

Angolana de Futebol (FAF), visando

o quadriénio 2020/24, o que certamente

faz o outro esfregara as mãos

de contente.

O sorriso é óbvio. Afinal, Norberto

era o "peso pesado" entre

os concorrentes. Claro que a Artur

Almeida sobra António Gomes, que

é o mais jovem e espera fazer sombra

para conquistar a simpatia dos

associados.

Este fora, não antevejo outra

disputa renhida. Na minha opinião, ,

dificilmente Fernando da Trindade

Jordão, José Alberto Macaia levarão

a melhor sobre aqueles dois. Essa é

a minha opinião.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 59


SAÚDE E BEM ESTAR

O COVID NA SAÚDE

ESTUDO REVELA

IMPLICAÇÕES DA

COVID 19 NA

SAÚDE MENTAL

Um em cada cinco doentes

com Covid foram

depois diagnosticados

com ansiedade, depressao

ou insônia,

revela um estudo da

Universidade de Oxford. Um dos autores

defende que a doença psiquiátrica devia

ser considerada factor de risco.

Investigadores da Universidade de

Oxford e do Centro de Investigação de

Saúde Biomédica NIHR concluíram, com

base em dados recolhidos nos Estados

Unidos, que um quinto dos pacientes

que sofreram de COVID-19 foram mais

tarde diagnosticados com um problema

de saúde mental.

Os pacientes sofreram de ansiedade

depressao ou insônia, num período de

três meses após terem testado positivo

ao novo coronavírus. Outra das descobertas

do estudo publicado na revista

científica Lancet Psychiatry é que pessoas

com um diagnóstico prévio na área

da saúde mental tem 65% mais probabilidade

de serem diagnosticados com

Covid -19. Isto mesmo descontando o

efeito de factores como a idade, o sexo,

a raça, entre outros.

Estas conclusões foram tiradas com

base em cerca de 70 milhões de registos

de saúde dos Estados Unidos, entre os

quais mais de 62000 casos de pacientes

que testaram positivo a COVID-19 mas

que não necessitaram de hospitalização.

A taxa de incidência de diagnósticos de

doença mental nos 14 a 90 dias depois

do diagnóstico de COVID-19 foi 18,1%,

dos quais corresponderam a um primeiro

diagnóstico deste tipo.

Os investigadores fizeram ainda

uma análise comparativa com outras

doenças, durante o mesmo período,

como a gripe e outras doenças respiratórias,

infecções na pele, cálculo biliar e

60 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


SAÚDE E BEM ESTAR

no trato urinário e fracturas de um osso

grande. A comparação mostrou que há

o dobro do risco no caso dos pacientes

que tinham contraído o novo coronavírus.

Ainda se descobriu neste mesmo

estudo que três meses após a testagem

positiva a COVID-19, os casos de demência

são o dobro do que quando se

revelam outras doenças.

Investigadores da

Universidade de Oxford e

do Centro de Investigação

de Saúde Biomédica NIHR

concluíram, com base em

dados recolhidos nos Estados

Unidos, que um quinto

dos pacientes que sofreram

de COVID-19 foram

mais tarde diagnosticados

com um problema de saúde

mental.

Ao Guardian, Máxime Taquet, um dos

autores da pesquisa,considerou as descobertas

“inesperadas” sublinhou a necessidade

de mais investigação mas não

deixou de concluir que “ter uma doença

psiquiátrica deve ser acrescentado a lista

de factores de risco da COVID-19”.

Por sua vez, Paul Harrison, também

desta equipa, sublinhou que será precisa

mais investigação para saber se um diagnóstico

de perturbação psiquiátrica pode

estar directamente ligado a ser contagiado

ou se o ambiente estressante da pandemia

está a ter influência, bem como

factores como o uso de drogas, de tabaco

e o estado social.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 61


MUNDO

A GRANDE REINICIALIZAÇÃO DISTÓPICA E A LUTA:

REDUÇÃO DA POPULAÇÃO E

ESPERANÇA PARA OS FILHOS DO

62 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


MUNDO

Texto: Joaquim Flores*/ Strategic Culture Foundation

S HOMENS

A Grande Restauração, a 4ª Revolução Industrial, a 4ª Virada,

o Grande Despertar e a Inteligência Artificial. Esses

são os temas reais que estão moldando a paisagem sociopolítica,

cultural e ideológica de nossas vidas em 2020.

O

impulso para o bloqueio

e a quarentena

em direção a uma

Grande Restauração

é cada vez mais entendido

pelos críticos

como um programa de escravidão em

massa e punição coletiva, redução da

população, apresentado dentro dos

pontos de discussão progressivos das

armadilhas. Em nosso último artigo

sobre a Grande Restauração, 'Whose

Great Reset? A Luta pelo Nosso Futuro

- Tecnocracia vs. República ', confrontamos

a natureza orwelliana do próprio

termo, mostrando que a nova proposta

aparentemente tecnocrática estava

sendo feita de uma forma que parece

abreviar os processos de tomada de decisão

dos Estados soberanos como bem

como processos democráticos dentro

das repúblicas.

Nas palavras eternas do autor irlandês

Oscar Wilde, “A vida imita a arte

muito mais do que a arte imita a vida”.

“Que vivemos em uma época em

que os planos da elite são mais abertamente

e mais descaradamente enunciados,

na ficção, na mitologia pública,

na cultura, e são fabricados de uma

forma inteiramente fora das mãos da

grande maioria das pessoas que vidas

serão mudadas para sempre, provavelmente

para pior, é sem dúvida a verdadeira

catástrofe do nosso tempo. ”

Há um fato estranho, embora pouco

conhecido, sobre a vida dos prisioneiros.

Agora que a humanidade enfrenta

a probabilidade real assustadora de

um regime de bloqueio sob o pretexto

frágil de um vírus com uma taxa de

sobrevivência de 99,9%, precisamos

entender algo sobre os prisioneiros

e o Grande Despertar. O Grande Despertar

é o produto de como as pessoas

realmente encarceradas respondem

ao encarceramento. Assim como uma

pessoa privada de visão desenvolve um

excelente olfato e audição, uma pessoa

privada de liberdade física desenvolve

uma liberdade espiritual ou sobrenatural

profunda e reificada, que é o despertar.

Em uma estranha reviravolta do

destino, quanto mais as pessoas estão

presas, mais elas acordam.

Estamos presos entre duas contradições

aparentes que de fato se reconciliam.

Por um lado entendemos que

tudo acontece por uma razão e que a

justiça sempre prevalece no final, e por

outro lado sabemos que o possível destino

que podemos ter só vem à custa de

uma luta tremenda, autodisciplina, moral

fortaleza e sacrifício. Essa é a mentalidade

do desperto, do soldado político,

no decorrer da luta contra o Grande

Despertar e na idade da 4ª Virada.

Fatos de censura, ficção de reificação

- No mês passado, o pai do

primeiro-ministro britânico Boris Johnson,

Stanley Johnson, foi pego pela

segunda vez em público, sem usar máscara

. Ele não sabia que existe uma pandemia

altamente contagiosa, que afeta

sua faixa etária em particular? Ele não

sabe o que está acontecendo no Reino

Unido e ao redor do mundo?

Ou ele sabe algo que o resto de nós

não sabemos? Por mais loucura que

seja, soube-se que foi Stanley Johnson

quem escreveu o romance de ficção distópico,

The Virus , que descreve muito

do que vivemos hoje. Ele também é o

autor de World Population and the United

Nations: Challenge and Response,

uma cartilha de não ficção sobre o assunto

descrito em seu título. No Vírus ,

Tanto no arco narrativo do romance

quanto em sua própria introdução,

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 63


MUNDO

Stanley Johnson expõe a necessidade

de um vírus aos olhos de uma elite insidiosa

para conter o crescimento populacional.

Esta coincidência com a atual

Agenda 21/2030 da ONU sobre controle

populacional e o compromisso

do defensor da vacina e beneficiário da

OMS, Bill Gates, de diminuir a população

mundial, é absolutamente desconcertante

e levanta questões sobre outras

coincidências que surgiram desde

então. Isso, é claro, inclui a posição que

Boris Johnson ocupa hoje no gerenciamento

da versão da vida real do vírus

na Grã-Bretanha hoje.

Mas isso é mera coincidência ou

não? Essa questão se tornou o assunto

de um debate vigoroso, com um lado

do debate argumentando que não é

uma coincidência ser tremendamente

censurado pelas redes sociais e efetivamente

impedido de dar o seu lado, e

o outro lado sendo a única voz que se

ouve e vê nas mídias sociais e legadas.

O fato dessa censura sobre essa

questão por si só parece dar crédito

aos que estão sendo censurados, como

muitas vezes é a consequência não intencional

da censura e talvez a última

esperança do homem.

Este é um exemplo surpreendente

de vida imitando a arte, e agora com

uma crescente consciência pública sobre

a relação entre vacinas e infertilidade,

chegamos ao predicado do filme

' Filhos dos Homens' .

Filhos dos Homens retrata um

mundo em caos global, guerra, conflito,

batalhas de rua abertas entre membros

de forças quase-governamentais

e vários cultos radicais e religiosos, um

esforço militar jihadista pelas ruas de

Paris, uma junta paramilitar, os efeitos

da migração em massa , prisões ao ar

livre e pior. Isso tomou conta da maior

parte da Europa e, provavelmente, do

mundo. Essa repartição parece ter sido

o produto de uma pandemia global de

infertilidade de origem desconhecida.

Um filme de 2008, qualquer pessoa que

visse o filme hoje reconheceria instantaneamente

as cenas como se fossem

imagens da vida real vistas nas notícias

do mundo de 2020.

A crise global de infertilidade cria

um sentimento generalizado de insegurança,

a impossibilidade de um mercado

de ações e um senso consciente de

destruição iminente e resposta niilista

por parte das elites.

Juntamente com ' O Vírus' de Johnson

, podemos fazer um palpite bem

fundamentado de como tal resultado

se manifestaria em uma realidade onde

a vida está imitando a arte: o vírus ou

a vacina criada para curar o vírus, na

verdade contribui para a infertilidade .

Não é difícil fazer tal palpite, pois,

dia a dia, vemos essa distopia se tornando

nossa realidade cotidiana. Tornou-se

uma questão de fato muito mais

do que de ficção.

Isso nos obriga a abordar, sobriamente,

uma reavaliação do conceito de

progresso e para onde ele leva.

Os temas de um vírus usado como

um predicado tanto para o controle

populacional quanto para uma transformação

social total, como escrevemos

em ' Whose Great Reset ', é aquele

que reflete os efeitos da guerra: tanto

em termos de um evento de baixas em

massa quanto da necessidade para 'reconstruir

melhor' depois de um aparente

colapso socioeconômico induzido

pela calamidade ou pela resposta

violenta do governo.

O Aparelho Ideológico de Estado

da Modernidade Tecnocrática - Por

vários anos, críticos sociais e filósofos

públicos levantaram preocupações

sobre a ascensão sem fim do culto

tecnocrático e futurista da modernidade

tardia. De muitas maneiras, isso

está relacionado com todo o projeto

ideológico de nossa época, já que uma

fachada de esquerda sobre um pensamento-estado-policial

tecnocrático foi

transformada em arma como o que

64 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


MUNDO

Louis Althusser chamou de Aparato

Ideológico de Estado (ISA) em seu texto

de referência com o mesmo nome,

“ Idéologie et appareils idéologiques

d'État (Notes pour une recherche) “.

Que vivemos em uma época em que

os planos da elite são mais abertamente

e mais descaradamente enunciados,

na ficção, na mitologia pública, na cultura,

e são fabricados de uma forma

inteiramente fora das mãos da grande

maioria das pessoas cujas vidas mudará

para sempre, provavelmente para

pior, é sem dúvida a verdadeira catástrofe

do nosso tempo.

Por gerações, os cidadãos foram

bombardeados com motivos futuristas

e tecnocráticos, onde as pessoas eram

encorajadas a projetar ingenuamente

sua própria bondade nos objetivos de

líderes políticos e corporativos e cientistas,

mesmo quando essa bondade

não tivesse sido provada ou estabelecida.

O jaleco branco tornou-se sinônimo

não apenas de confiança, mas de boas

intenções e, nesse sentido, substituiu o

hábito de padre e o manto preto. Isso

cultivou um solo fértil para gente como

o Dr. Anthony Fauci e sua laia. Isso culminou

na implementação agora aberta

da chamada ' 4ª Revolução Industrial',

uma estrutura progressista envolvida

na sociologia de Marx, mas ausente de

seu humanismo e componentes emancipatórios

- um 'marxismo tecnocrático

das elites'.

A igreja do mito do progresso caracterizou

muito do discurso sócio-político

do século passado. Ele preparou

várias gerações para aceitar os 'desafios

da mudança' como uma necessidade

perdida, em direção à construção

de um 'admirável mundo novo'. Ela tem

servido como o pressuposto subjacente

dos três a maioria das ideologias impactantes

da 20 ª século: o liberalismo,

o fascismo eo comunismo. Tantos carrinhos

de maçã foram virados ao longo

do caminho em direção a alguma combinação

dessas pontas, que hoje existem

centenas de milhões de pessoas

que nunca viram um carrinho de maçã

com seus próprios olhos.

O Aparelho Ideológico de Estado

proibiu que as críticas às políticas, planos

e compromissos reais existentes

no nível da ONU, como a Agenda 21

e a Agenda 2030, sejam censuradas

nas redes sociais. A própria censura

dá crédito ao lado "não coincidente"

do presente debate, porque o objetivo

da redução da população global não é

apenas explícito, mas central. O aparato

ideológico estabelecido proíbe que

questionar a agenda seja 'negação da

ciência' e 'conspiração de extrema direita',

que são o dobro do maucrimes de

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 65


MUNDO

pensamento de nossos dias. No centro

do aparato ideológico estavam os tropos

culturais e políticos que se encaixavam

tematicamente com a globalização

cultural e da linha de abastecimento

dentro da estrutura das economias baseadas

em serviços do primeiro mundo,

ela própria fundada na premissa da

obsolescência planejada.

A redução da população, no entanto,

é um objetivo aberto das elites e de

suas instituições de governança global,

e tudo o que é controverso é a ideia de

que os mesmos governos que mentiram

sobre os pretextos para as guerras

no Iraque e no Vietnã, que então assassinaram

milhões de pessoas inocentes ,

podem estar mentindo novamente hoje

sobre os métodos que podem usar para

esse fim.

E, no entanto, os métodos anteriores

de controle populacional, como

a guerra do tipo guerra total, são inaceitáveis

​para as elites hoje em dia por

causa do espectro de um holocausto

nuclear que também contaminaria a

vida das próprias elites. Johnson não

está apenas ciente disso, mas é explícito

em sua introdução a ' The Virus '.

Também podemos incluir que a guerra

resultará em um lado ou outro sendo

culpado em um momento de grande

conluio entre as potências mundiais,

mas ainda uma pandemia global parece

ser um ato divino - quando na verdade

talvez seja o resultado de um homem

jogando em deus.

O Aparelho Ideológico de Estado

começou a sofrer mutações no final da

década de 1970, absorvendo, deformando

e depois projetando de volta na

sociedade uma forma mutante do mesmo

radicalismo de protesto que antes

desafiava o antigo Aparelho Ideológico

de Estado. Esta nova ISA foi caracterizada

por uma nova moralidade social,

que entregou o culto agora difundido

do politicamente correto. Esse autoritarismo

ideológico é aquele em que a

escravidão e a automutilação são sinais

de virtude, e essa mudança cultural

em direção à flagelação pública tornou

possível a ideia de que o bloqueio, a

quarentena e o uso de máscaras eram

um sinal de virtude mais do que de saúde.

Sem essa mudança no ISA nas últimas

décadas, nunca poderia ter havido

um novo normal.

Conclusão - À medida que expomos

a superfície do problema e

começamos a sugerir o curso necessário

das soluções, na Parte II nos

aprofundaremos no problema e definiremos

como seria uma ordem justa.

Na Parte II, examinaremos as origens

do contrato social e o problema dos

homens livres versus a crescente forma

burocrática na história. Isso nos

levará a ver por que, no nível filosófico,

nossas elites atuais pousaram na

misantropia e no genocídio como um

programa de redução da população

humana, como a melhor solução possível.

Finalmente, explicaremos que,

embora uma 4ª revolução industrial

venha de qualquer maneira, a redução

da população e a escravidão não

são um componente necessário dela.

Em vez disso, cabe aos homens livres

determinar como será a aparência e

esboçaremos suas funções reais.

* Formado na área de RI e IPE pela

California State University Los Angeles;

anteriormente atuou como agente

comercial e organizador do sindicato

SEIU; publicou internacionalmente sobre

assuntos de geopolítica, guerra e

diplomacia; atua como diretor do Center

for Syncretic Studies, com sede em

Belgrado, e é editor-chefe do Fort Russ

News.

66 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 67


ÁFRICA

COSTA DO MARFIM

CRISE PÓS-ELEITORAL À VISTA

Texto Manuel Muanza / Fotos DR

Contestado, Alassane Ouattara

resiste à pressão interna

e alinha para um terceiro

mandato. Rejeitadas as respectivas

candidaturas, líderes da

oposição batem-se pelo adiamento

do sufrágio previsto para 30 de

Outubro. A ala da Frente Patriótica

Ivoiriense (FPI) liderada por Pascal

Affi N´Guessan pugna pela anulação

pura e simples dos preparativos e

de todo o processo eleitoral. Gui-

llaume Soro, ex-presidente do parlamento,

propõe estratégias para a

mobilização contra as intenções de

Alassane Ouattara, apelando à “unidade

de acção”.Mas, uma frente anti-

-Alassane Ouattara ainda está longe

de desenhar-se, pois alguns partidos,

a exemplo de PDCI, de Henri Konan

Bedié, absteve-se a produzir uma posição

pública sobre o assunto. O FPI

escusa-se de abordar a questão de

uma aliança nacional. Em comunicado

conjunto, a organização regional

(CEDEAO), a União Africana e a ONU

concluíram haver falta de confiança

entre os actores políticos no país.

Eleito em 2010 em sufrágio tido

como livre, transparente e inclusivo,

o chefe de estado cessante da Costa

do Marfim, Alassane Ouattara, recusa-se

a desistir dum terceiro mandato

contestado.

Ouattara rejeita a ideia de um

adiamento das eleições previstas

para 31 de Outubro e diz-se, publicamente,

disposto a enfrentar o que

vier e acontecer, segundo noticiou a

rádio RFI.

Guillaume Soro, ex-presidente do

parlamento, solicitou os préstimos

da organização regional (CEDEAO),

da União Africana e da ONU com a intenção

de obter garantias para “eleições

democráticas e transparentes”.

68 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


ÁFRICA

O também ex-líder da rebelião propôs

aos outros partidos da oposição

a organizar um “bloco” anti-Ouattara.

Shirley Ayorkor Botchwey, chefe

da diplomacia do Ghana, chefiou

a missão conjunta da CEDEAO, UA

e ONU a Costa do Marfim, destinada

a procurar soluções para evitar

uma crise pós-eleitoral. Ladeava-a

Mohamed Chambas, representante

especial da ONU, e o general Francis

Behanzin, comissário da CEDEAO

para os assuntos políticos, paz e segurança.

Em comunicado emitido em

Abidjan, a missão, pela voz do general

Francis Behanzin, concluiu haver

“falta de confiança” entre os actores

políticos em cena. Indicou existirem

“actos de violência e discursos de

ódio susceptíveis de produzir impactos

negativos”, de acordo com os

termos reportados por Sidy Yansané,

correspondente da RFI.

A oposição a Alassane Ouattara

exige a reforma da Comissão Eleitoral

Independente (CEI) e o Conselho

Constitucional. A Frente Patriótica

Ivoiriense (FPI), de Pascal Aff

N´Guessan, pretende o adiamento do

sufrágio.

EXCLUSÃO DE OPOSITORES

Dos quarenta e quatro (44) candida

MOBILIZAÇÃO CONTRA OUATTARA

Face ao apego de Alassane Ouattara

a um terceiro mandato

presidencial, Guillaume Soro

deseja unir a oposição contra

o que considera usurpação do poder.

Em conferência de imprensa havida

na capital francesa, Soro lançou

uma antevisão dos resultados das

eleições, dizendo-se incrédulo que o

Conselho Constitucional venha a exprimir

a verdade sobre os resultados

do sufrágio, “já que validou a candidatura

de Ouattara, violando a constituição”.

Numa entrevista à estação de televisão

de Burkina Fasso (BF1), Soro

promete gizar uma acção “metódica e

eficaz” para travar Ouattara.

Durante a conversa, Soro disse

haver “ilegalidade” nos preparativos

para o escrutínio, de tal modo que as

eleições não se deverão realizar na

data prevista. Voltou a propor a dissolução

dos órgãos reitores do processo

eleitoral, nomeadamente a Comissão

Eleitoral Independente (CEI)

e o Conselho Constitucional.

Em relação à resistência de Alassane

Ouattara à pressão, o ex-presidente

do parlamento marfinense

entende que a oposição estava mobilizada

e pronta a agir contra o terceiro

mandato. “Não baixaremos a guarda.

Vamo-nos unir”, lançou citando

nomes de pares como Konan Bedié,

Mamadou Coulibaly, Laurent Gbagbo.

Disse haver unanimidade no que se

refere a uma acção conjunta.

Guillaume Soro espera conseguir

formar um comité de liderança . Isto

seria necessário para desencadear a

desobediência civil, pensa ele. Aliás, a

ideia de desobediência civil foi lançada

por Henri Konan Bedié. “Um povo

decidido faz a história do seu país. Os

ivoirienses são unânimes para dizer a

Ouattara a evitar um terceiro mandato”,

advertiu em entrevista à televisão

BF1.

Soro, ex-chefe da rebelião, deu

sinais de pugnar por meios pacíficos

para alcançar o poder supremo do

país. Dirigindo-se aos pares, afirmou:

“apelo a uma unidade de acção da

oposição para pararmos Ouattara por

meios legais e legítimas”.

“Juntos, devemos organizar a mobilização

de todo o povo ivoiriense nas

zonas rurais, nas cidades a fim de barrara

Ouattara o caminho para o terceiro

mandato inconstitucional”, disse.

A generalidade dos comentaristas

da imprensa ivoiriense suspeita haver

interesse de uma união da oposição.

Porém, os políticos mostram-se cautelosos

em relação às modalidades da

organização do pacto contra Ouattara.

O partido FPI, de Pascal Affi N´Guessi,

diz-se pronto a apoiar a iniciativa de

Soro com vista a evitar a crise pós-

-eleitoral. Segundo ele, o estado de

coisas desaconselhava a lógica eleitoral.

Contudo, o FPI evita referir-se

a uma aliança nacional anti-Ouattara.

O candidato Albert Toikeusse Mabri

pronunciou-se a favor da mobilização

dos opositores por propiciar a “paz e a

democracia”. O PDCI, de Henri Konan

Bedié, absteve-se a produzir uma posição

pública sobre o assunto.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 69


ÁFRICA

do respectivo nome na lista de candidatos

às presidenciais.

Em meados de Setembro, a CA-

DHP instou, de novo, a justiça marfinense

a levantar as medidas contra

Guillaume Soro, sem que estas tenham

sido executadas. A CADHP pediu

“a anulação imediata de todos os

obstáculos que impedem Guillaume

Soro de usufruir os direitos de eleger

e ser eleito”.

No momento da missão conjunta

da CEDEAO, UA e ONU treze (13) dos

dezanove (19) companheiros de Guillaume

Soro foram postos em liberdade.

Embora o representante especial

da ONU tenha sido citado pela

imprensa como tendo qualificado o

facto de “bom gesto”, tal não parece

ser indicativo de que o poder político

tenha intenção de dar passos para

permitir a participação de Soro nas

presidenciais.

Na corrida às eleições, Soro conta

com o apoio do chamado movimento

“Gerações e povos solidários” (GPS),

o qual o indicou, em Abidjan, na sua

ausência, pois está exilado em França.

O ex-chefe de estado, Laurent

Gbagbo, tem apoio da plataforma

EDS (Congregação para a Democracia

e Soberania, dirigida por Armand

Ouegnin).

tos às presidenciais apenas quatro

(4) foram admitidos à corrida eleitoral.

A classe política e a sociedade

civil ivoirienses invocam exclusão

premeditada dos adversários de Ouattara.

Entre os quatro aceites, além

do próprio Ouattara, consta o antigo

presidente da república Henri Konan

Bédié, Pascal Affi N´Guessan, ex-primeiro-ministro

(de Gbagbo), e o deputado

Kouadio Konan Bertin. Entre

os rejeitados pelo Conselho Constitucional

figura o ex-chefe de estado

Laurent Gbagbo e o antigo chefe rebelde

e ex-presidente do parlamento

Guillaume Soro.Referências como

Mamadou Koulibaly, Marcel Amon

Tanoh, Albert Toikeusse Mabri estão,

também, alistados como candidatos

afastados das presidenciais.

O caso de Guillaume Soro tem a

ver com uma decisão da corte ivoiriense

que o acusou e condenou em

2019 e é alvo de um mandato de captura.

Pesam sobre ele 20 anos de prisão

(condenado à revelia) por desvio

de fundos públicos. Os apoiantes de

Soro entendem ser infundada a condenação

do seu guia, a 28 de Abril, e

eivada de motivações políticas.

Além da condenação de Guillaume

Soro, à revelia, outros companheiros

seus, num total de 19, haviam

sido condenados e presos no país.

Guillaume Soro recorreu à Corte

Africana dos Direitos Humanos e dos

Povos (CADHP), procurando obter

o recuo da decisão das autoridades

marfinenses. Esta instância continental

solicitou a anulaçãoda pena

de Guillerme Soro e a reintrodução

70 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


ÁFRICA

Texto Alírio Dias de Pina / Fotos DR

CABO VERDE

ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS

COM RESTRIÇÕES

Pelo menos quatro partidos

políticos e onze grupos de independentes

concorrem às

eleições autárquicas de 25 de Outubro

em Cabo Verde. Apresentadas

que estão as candidaturas juntos dos

tribunais da Comarca em todo o país,

as formações concorrentes ultimam

agora os preparativos da campanha

eleitoral, que arranca, no dia 8, sem

o tradicional comício de massas e

contatos porta-a-porta com abraços

e apertos de mãos, isto devido às restrições

impostas pelas autoridades

sanitárias por causa da pandemia de

covid-19 que já causou cerca de 50

vítimas mortais no arquipélago.

Em disputas vão estão os órgãos

autárquicos dos 22 municípios cabo-

-verdianos, em que se prevê a luta

renhida sobretudo entre os dois

partidos do arco do poder (MpD,

no governo; PAICV, Oposição). Estes

concorrem em todos os concelhos

com candidatos próprios.

A fazer fé na afirmação do líder

do MpD, este partido no poder pretende

manter as atuais 18 câmaras

ou conquistar todas as 22 autarquias.

Uma possibilidade que parece

ser, segundo alguns analistas, pouco

provável. Isto diante dos desgastes

que o Movimento para Democracia

vem sofrendo face ao não cumprimento

das várias promessas feitas

aos eleitores nas eleições legislativas

e municipais de 2016. O partido liderado

pelo actual Primeiro-ministro

está, conforme observadores atentos,

na iminência de perder ou ficar

em maioria relativa em alguns municípios

importantes, como os das

cidades de São Filipe e do Mindelo.

Já o PAICV, cuja líder Janira Hopffer

Almada mantém um optimismo reservado,

almeja conservar as duas

câmaras que gere neste momento

(Santa Cruz em Santiago e Mosteiros

na ilha do Fogo) e recuperar entre

quatro e seis câmaras. Segundo previsões

de alguns dirigentes, as de São

Filipe, Brava, São Lourenço dos Órgãos,

Paul e Ribeira Grande de Santiago

(Cidade Velha) são as que estão

mais ao alcance do maior partido da

oposição – há várias outras que pode

disputar.

A nível da sociedade civil, o destaque

vai para pelo menos onze grupos

de cidadãos independentes que

anunciam concorrer a essas eleições

autárquicas: 4 em Santiago (Praia,

Assomada, Tarrafal, São Domingos),

dois em São Filipe do Fogo, um em

São Vicente, um no Sal, um na Tarrafal

de São Nicolau e um outro na

Ribeira Grande de Santo Antão.

Face às restrições impostas pelas

autoridades sanitárias devido à pandemia

de covid-19, a campanha eleitoral

deve arrancar no dia 8 e vai decorrer

sem os tradicionais comícios

de massas e contatos porta-a-porta

com apertos de mãos e abraços a

pessoas.

AComissão Nacional de Eleições

(CNE), citada pela Lusa, garante aos

eleitores “que tudo está ser feito e

preparado para que possam exercer

o seu direito de voto de forma segura

e com respeito por todas as normas

sanitárias em vigor”, mas admitindo

que estas eleições “são especiais”.

“Vão acontecer no contexto da

covid-19, o que desafia a Administração

Eleitoral a adequar alguns procedimentos

que integram o processo

eleitoral, tendo em vista garantir o

cumprimento das regras sanitárias

vigentes, a qualquer momento, designadamente

o respeito do distanciamento

físico, da higiene das mãos,

da etiqueta respiratória, do uso de

máscaras”, lê-se no comunicado.

A pensar nisso, a CNE de Cabo

Verde anunciou que vai iniciar este

mês a formação dos membros das

mesas eleitorais para estas autárquicas

de 25 de outubro, processo que

vai abranger cerca de 7.000 pessoas.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 71


ÁFRICA

ÁFRICA DO SUL

KGALEMA ALERTA

PARA PERIGO

DE GUERRA CIVIL

Face à violência racial na África

do Sul,o antigo Presidente do

País, Kgalema Motlanthe alertou,

no meio de Outubro,para o facto

poder desencadear instabilidade

no País. Kgalema,que serviu o País

como terceiro Presidente da África

do Sul,enfatizou que a situação social

e política actual “pode agravar-se ao

ponto de evoluir para uma guerra

civil,salientando que “os direitos dos

agricultores devem ser protegidos

,e a sua segurança também deve ser

garantida.

“Esses agricultores são ex-soldados

porque vieram de um passado

de colapso militar e podem estar ar

mados”,declarouKgalemaMotlanthe

ao canal de televisão por cabo sul-

-africano Newsroom África retomado

pela agência Reuters.O político

sul africano referia-se aos últimos

episódios de violência racial no País

após o brutal assassínio do jovem

agricultor branco,22 anos,BrendinH

orner,presumivelmente por dois homens

negros em Paul Roux,uma localidade

próxima de Senekal,no Estado

Livre,a mais de 200 kilometros

a sudoeste de Joanesburgo.

De acordo com um porta-voz da

Polícia,os dois homens,de 34 e 43

anos respetivamente,foram presos

no último 3 de Outubro,um dia depois

de o corpo do jovem agricultor

ter sido encontrado pela polícia

pendurado num poste de luz num

terreno próximo da fazenda agrícola

onde trabalhava como gerente.

O adiamento do julgamento,em

17 de Outubro,motivou manifestações

de centenas de agricultores

armados do Estado Livre,que

saíram à rua em protesto contra

o agravamento da violência

e criminalidade na área,a confrontar

a Polícia no Tribunal de

Senekal,invadindo a cela do tribunal

onde estavam os dois suspeitos

do homicídio do jovem agricultor.

Um dos homens suspeito do homicídio

de BrendinHorner já havia

sido detido por dezasseis vezes por

vários crimes,incluíndo roubo de

gado,tendo sido condenado a 18

meses de prisão num dos casos e a

12 meses noutro,segundo o Ministro

da Polícia,Bheki Cele.

O Presidente da África do

Sul,CyrilRamaphosa,apelou a calma

após episódios de violência

racial,afirmando que “as tensões

são uma triste memória de que a

África do Sul ainda está a recuperar

do regime do “apartheid””.

A mensagem do Chefe de Estado

surgiu após uma semana que

culminou com uma acusação de

terrorismo,apresentada pelo Ministério

Público sul-africano contra

um empresário local por alegadamente

liderar a manifestação de

agricultores brancos que incendiou

uma viatura da Polícia a porta do

tribunal onde os suspeitos negros

do assassinio do jovem agricultor

branco estavam a ser ouvidos.

O Presidente Ramaphosa sublinhou

que no contexto de alta criminalidade

que afecta o país,a maioria

das vítimas de crimes violentos

continua a ser negros e pobres.O

brutal assassinio deste jovem agricultor

branco,presumivelmente

por homens negros,seguido do espetáculo

de agricultores brancos

a invadir uma esquadra de Polícia

para atacar um suspeito negro,é

uma sequência que reabre feridas

que remontam a gerações atrás”..

afirmou o Chefe de Estado.

72 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


ÁFRICA

ÁFRICA DO SUL/MOÇAMBIQUE

MURO DE BETÃO

PARA DIVIDIR A

FRONTEIRA

A

África do Sul está a construí

um muro de betão de 1,5

metros de altura e 54 km de

cumprimento entre a fronteira com

o seu vizinho Moçambique como medida

de segurança para prevenir-se

do contrabando nas suas fronteiras.

Esta solução surge depois de

45 anos em que a África do Sul vem

tentando ver solução contra invasão

das suas fronteiras pelas diferentes

razões históricas.

Nopassado, ainda na época colonial,

as duas (regime do apartheid e

Portugal) procuravam controlar cidadãos

que circulavam de um lado

para fazer turismo ou a título de

visitar familiares do outro lado das

fronteiras, até que a África do Sul cobriu

estes corredores com a plantação

de sisal, mas que não deu certo

devido a circulação de elefantes que

pisavam a plantação. Aseguir, isto em

1975, investiram numa cerca elétrica

letal de alta voltagem, mas está

apenas operou no período do regime

do apartheid porque convinha para

desencorajar os combatentes do

ANC exilados em Moçambique que

entravam em território sul-africano

para ações de sabotagem econômica.

Com o fim do regime do apartheid, o

governo do ANC baixou a voltagem

dessa cerca elétrica (também conhecida

por “Serpente do Fogo” porque

algumas ONGs denunciavam que por

ano cerca de 200 pessoas morriam

electrocutados ao tentarem passar

as fronteiras, sobretudo cidadãos

moçambicanos que fugiam da situação

econômica e social do seu Pais.

Era um muro (cerca elétrica) que

ficou no top 10 dos muros mais perigosos

do mundo por ter levado a

morte mais pessoas que, por exemplo,

o muro de Berlim em 28 anos.

Agora como medida mais branda,

a África do Sul decidiu avançar com

a construção do muro de betão que

custará aos cofres do Estado cerca

de 5 milhões de dólares. O argumento

invocado pelas autoridades é de

que por ano estavam a ser roubados

cerca 360 viaturas que eram contrabandeadas

para Moçambique. O

segundo argumento é que as comunidades

sul-africanas tem reclamado

o aumento da criminalidade nestas

áreas fronteiriças. Nas suas reclamações

queixam-se que a polícia nada

tem feito.

Portanto, as autoridades decidiram

avançar com aquilo que chamam

de “Acção disciplinar: a construção

de um muro de betão entre os

dois países.

José Gama

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 73


CONFLITOS ENTRE AGÊNCIAS E MODELOS

DINHEIRO

NO CERNE

DA QUESTÃO

Enquanto as semanas de

moda acontecem em Nova

York, Londres, Milão e Paris,

centenas de modelos viajam

para as quatro capitais na esperança

de conseguir trabalho. Mas muitos

voltam para casa com menos dinheiro

do que quando chegaram.

Anna (nome fictício) trabalha

como modelo desde os 17 anos, já

desfilou para grifes como Prada, Mulberry,

Commedes Garçons e muitas

outras. Mas depois de três anos, ela

ainda não conseguiu pagar as 10 mil

libras que deve as agências de modelo.

”As minhas dívidas começaram

logo que comecei a trabalhar”-diz ela

a BBC.

A primeira agência com a qual

Anna assinou contrato, no seu país

natal, na Europa Ocidental, adiantou

350 libras para um ensaio fotográfico,

custo que foi adicionado a uma

prestação de contas em seu nome.

Mais tarde, ela foi levada de avião

para Londres para participar de um

processo de selecao, e essa despesa

também foi incluída na conta, assim

como gastos com acomodação e alimentação.

A quantia que ela devia

aumentou. ”Eles me perguntavam se

eu queria um motorista, sem deixar

claro que isso custa muito caro e que

eu teria que pagar”. revela.

O problema para os modelos é

que embora as agências normalmente

paguem antecipadamente por seus

voos, hospedagem e despesas, é prática

padrão do sector querer receber

o dinheiro de volta.

Portanto, se um modelo viajar

para a Semana de Moda de Londres

e não conseguir trabalho, ficará com

uma dívida com a agência no valor da

viagem.

Anna se viu diante deste problema

aos 18 anos, quando embarcou

para os Estados Unidos para participar

de seleções para desfiles da

Semana de Moda de Nova York, mas

acabou por não participar de nenhuma

porque ficou doente.

Por dois anos, ela disse que praticamente

não recebeu pagamento,

já que as as suas agências em Paris,

Londres e Nova York direcionavam

os seus honorários para pagar todo o

dinheiro que devia.

ASSUNTO AINDA É UM TABU

A modelo russa Ekaterina Ozhiganova,

que trabalha em Paris, diz acreditar

que é hora de encarar o problema

oculto das dívidas que modelos acumulam

ao tentar fazer carreira em

uma das profissões mais precárias do

mundo.

Ela é co-fundadora da Model Law,

a primeira associação francesa que

trabalha para proteger os direitos

modelos. ”Antes, a violência sexual

era tabu”. afirmou

74 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


MODA E BELEZA

“Agora todo mundo está a gritar

aos quatro cantos sobre a exploração

sexual, mas ninguém quer falar sobre

dinheiro. Todo mundo se cala sobre

isso”.

Como o sucesso no mundo da

moda é medido em parte pelo montante

que você ganha, modelos profissionais

raramente querem falar

abertamente sobre o problema.

Mas, nos bastidores, Ozhiganova

conta que a Model Law está a ajudar

diversos modelos a entender melhor

as suas financas. ”A falta de informação

é o principal problema. Os modelos

não sabem quanto deveriam

receber”.

Embora modelos dos quatro

cantos do mundo estejam sujeitos a

enfrentar dificuldades financeiras,

aqueles provenientes de países mais

pobres podem ser mais vulneráveis.

”E como qualquer trabalhador estrangeiro

que vai para uma economia

mais próspera” - compara Ozhiganova.

”Há uma grande dificuldade em

relação a língua, eles não conseguem

ler a papelada, o contrato. E um salto

no escuro. ”

TRABALHO ESCASSO

E SALÁRIOS BAIXOS

Para agravar a situação, a quantidade

de aspirantes a modelos é tão grande

que o trabalho é escasso e os salários

podem ser muito baixos.

Alguns trabalhos para revistas,

por exemplo, não são remunerados.

E os honorários podem variar de

100 dólares a 1000 dólares ou mais

para participar de um desfile durante

uma semana de moda ou centenas de

dólares para estrelar a campanha de

uma marca.

No entanto, a dívida dos modelos

não é uma dívida no sentido comum

do termo, diz John Horner, director

da British Fashion Models Association,

que representa as agências britânicas.

Se um jovem modelo não é bem

sucedido e deixa a indústria da moda,

ele não é perseguido para pagar o

dinheiro que “deve”, explica. Em vez

disso, a agência arca com o investimento

que fez. ”Nós assumimos a dívida”.

diz.

Ainda de acordo com Horner, a

maioria dos modelos de sucesso logo

paga o investimento inicial e começa

a ter lucro.

JOVENS E VULNERÁVEIS

Esther Kinnear-Derungs é cofundadora

da Linden Straub, uma pequena

agência criada há três anos em Londres,

para encontrar formas pioneiras

de tratar melhor os modelos.

Ela diz que avançar na carreira e

recuperar gastos faz parte da “natureza

do negócio”. O problema é que

os jovens são vistos como “descartáveis”

por muitas agências, acrescenta

ela. E não é segredo que, nas semanas

de moda, algumas grandes agências

adoptam a postura de que centenas

de novatos podem ser “jogados contra

a parede para ver se grudam”.

Segundo ela, os jovens da Europa

Oriental costumam ser os mais

vulneráveis. Os país ficam felizes em

manda-los para o exterior, acreditando

que é a “grande chance” da vida

deles, e não fazem perguntas suficientes.

Os próprios jovens não tem experiência

para gerenciar as suas próprias

financas ou carreira. ”Acreditamos

que temos a responsabilidade de

educar os modelos desde o primeiro

dia, independentemente de terem

sido descobertos na Sibéria, na África

ou em Londres”. afirma Kinnear-

-Derungs.

Candice (nome fictício) é umamodelo

francesa de ascendência africana.

Ela conta que, quando começou,

não tinha ideia que seria cobrada por

viagens e outras despesas.

“Quando você consegue o seu primeiro

trabalho, você percebe que não

era de graça. ”

‘“Você pergunta sobre o pagamento,

e eles dizem “você não vai receber

dinheiro porque está endividada. Ai,

você entende. - diz

Segundo ela, mesmo que agências

estejam, em última análise, arcando

com o risco financeiro, há uma pressão

psicológica sobre os modelos.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 75


MODA

HUILA FASHION WEEK

LIVE COM SHOW

E GLAMOUR

A20ª edição do Huila Fashion

Week teve como tema “Fashion

For Live” (Moda Pela Vida), um

tema bem pertinente por causa da actual

circunstância que o mundo está a

atravessar, do Covid 19 que assombra

todos nós. Mas, apesar dessa pandemia,

o Huíla Fashion teve o glamour,

o requinte e sofisticação que lhe são

habituais. Contou com uma passarela

de 18 metros de comprimento e 3

de largura, com uma super produção

como se fosse receber os mil convidados

que lhe são habituais. Só que não

teve nem um convidado, apenas as

equipas de produção da Victoria Models,

que produz o evento, da TPA e

da Platina Line, e, obviamente, os manequins

e estilistas cumprindo sempre

as medidas de biossegurança e o

distanciamento social impostas pelas

autoridades da saúde.

‘“Esses vinte anos do Huila

Fashion foram épicos porque o primeiro

evento de moda em formato

de Live em Angola, totalmente virtual

e pela primeira vez fora de sua terra

natal e sem um único convidado mas,

com uma produção brutal como se

fosse receber as centenas de convidados

que é característico”. - comentou

a empresária e consultora de imagem,

Victoria Garcia.

O Huíla Fashion teve a participação

de marcas e estilistas do melhor

que existe no nosso metiê: Ana Loyde,

Soraya da Piedade, Jofre Cardoso,

Sakola Mwambas, Sol da Savana e as

boutiques Dores Well e Arrazus.

Contou ainda com apresentações

brilhantes dos cantores e músicos

Alaim Iglesias, que abriu o show ao

som do seu Violoncelo, Ary, Sanguito,

Euclides Dalomba e Nabuco Fernandes

que nitidamente estava inspirado

tocando enquanto as manequins

desfilavam ao som do seu sax num

mix de afro-house executado pelo Dj

Ricardo Alves. Os manequins deram

um show à parte. De realçar a performance

da modelo Imanni da Silva que

teve a primazia de abrir e fechar está

vigésima edição do Huíla Fashion.

Feliz estava Victoria Garcia por

ter a sensação do dever cumprido. De

realçar que o evento foi com o carís

filantrópico, com o objectivo de se

angariarem fundos para o Lar Providência

Divina, no Hóquei, município

da Huila, da Irmã Donata.

76 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 77


FIGURAS DE LÁ

Pierre Buyoya

CONDENADO

As vezes, em África, os

políticos são gananciosos e

alguns tem o poder e não o

querem largar. Que o digam

os malianos, congoleses,

togoleses, enfim, o povo de

África, ávidos em golpes,

mudanças palacianas e

atritos políticos e sociais.

No Burundi, por exemplo,

Pierre Buyoya vai pagar

com os seus actos de fazer

um golpe de estado recentemente

e foi condenado

em prisão perpétua.

Zahira Virani

DESENVOLVIMENTO

ZahiraVirani é a coordenadora residente do

Sistema das Nações Unidas em Angola,veio

substituir o italiano PaolloBalateli,afirmou em

conferência de imprensa,que o nosso país pode

continuar com o apoio da ONU para atingir

as metas dos Objectivos de Desenvolvimento

Sustentavel(ODS). O ODS é a directiva que os

estados membros devem cumprir ,é constituído

por 17 princípios entre os quais a erradicação

da fome e pobreza.

Vladimir Putim

OBRIGAÇÃO

A Rússia de Putim quer guindar-se na lista de países com

relações econômicas e comerciais com Angola depois dos

laços de cooperação da antiga URSS.Parajá,para além de

ajudar com material de biossegurança,a Rússia de Putin

convidou o governo de Lourenço para construir em Luanda

uma fábrica de vacinas. Semdúvidas, uma proposta para

pegar e não largar.

78 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


FIGURAS DE LÁ

Filipe Nyusi

BARREIRAS

Na África do Sul comenta-se, a

média moçambicana também

deu pinceladas sobre a construção

de um muro de betão na

fronteira da África do Sul e Moçambique,

mandado construir

pelas autoridades sul africana

que argumenta prevenir o território

que atravessam milhares

de viaturas roubadas no país

para Moçambique. Do governo

de Nyusi nada de nada.!

Maria Carey

INOVAÇÕES

Papa Francisco

CASAMENTO

GAY, SIM!

O Papa Francisco disse, em

entrevista, que não condena o

casamento entre duas pessoas

do mesmo sexo (casamento gay).

Uma novidade que surpreendeu

milhares de fiéis católicos e

não só, atendendo a posição da

igreja católica que sempre foi

tida como radical durante a sua

gênese e, conservadora, na era

contemporânea. O Papa Francisco

vem, com esse pronunciamento,

quebrar o gelo da discriminação

e preconceito nas liberdades mas,

com esse raciocínio aparentemente

inovador, não conseguirá agradar

a gregos e troianos criando, assim,

um váuco para a contestação,

especulação e interpretações

ambíguas e surpreendentes por

parte dos seus fiéis, seguidores e

contestatários.

O debate está "acirrado"!

A cantora e compositora

Mariah Carey anunciou

este mês, que o seu disco

próximo, já em finalização,

vai ser feito com

muitos temas raros e outros

tidos como favoritos.

”Save The Day” é a canção

que vai abrir as portas

para a sonoridade do

álbum que tem a participação

vocal da cantora

Lauryn Hill, responsável

por um dos álbuns mais

conhecidos de hip hop

dos anos 90.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 79


DonaldTrumpe/Joe Bidem

CONHECER ÁFRICA

Trump e Biden estão a disputar a presidência do EUA

a partir de 2021 e os africanos, sobretudo os políticos,

analistas e jornalistas estão a acompanhar o processo

mas África é um assunto sério para os políticos americanos

porque eles vêem o continente africano como

verdadeiro laboratório cujas consequências habitam no

poder governamental americano. Dai Trump e Biden

“forçam” o andamento da eleição para o seu interesse e

veremos como estará as relações da EUA com a África.

Chico Lopes

DINHEIRO NAS CUECAS

Deputado no Brasil, Chico Lopes, amigo do Presidente

Jair Bolsonaro, foi apanhado pelas autoridades judicias

a esconder muito dinheiro nas cuecas fruto de pretensa

corrupção. Ele ainda não está preso mas os seus

colegas deputados dividem opiniões sobre o caso.

Ibrahim Boubacar Keila

REGRESSO

Ibrahim Boubacar Keita, antigo Presidente da Republicado

Mali deposto pelos militares com golpe de estado,

regressou a Bamako proveniente do Dubai após tratamento

médico aos Emirados Árabes Unidos.

Keita, 75 anos, foi detido por militares a 18 de agosto,

e renunciou à presidência algumas horas mais tarde.

Apos duas semanas, a Junta Militar o autorizou a viajar,

em 5 de setembro, para curar-se devido o AVC que

apanhou.

80 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


RECADO

SOCIAL

Carlos Miranda

carlosimparcial@gmail.com.

COLAPSO GLOBAL E ANGÚSTIA GENERALIZADA

Não se sabe ao certo quando e como este

mundo poderá sair desta dramática

situação resultante da brutal existência

de um novo coronavírus, cuja capacidade

destruidora d’almas e das economias nacionais é,

definitivamente, tão ou mais forte que todas as guerras

comerciais registadas um pouco por todo o lado

entre estados, empresas e marcas, multinacionais e/

ou impérios industriais mundiais.

O SARS-COV 2 chegou à China nos finais do ano

passado, mas acabou por queimar, sucessivamente,

todas as linhas fronteiriças possíveis e imaginárias;

fintou as projecções científicas dos mais renomados

académicos, colocou as políticas dos principais

líderes mundiais completamente comprometidas e,

mais cedo do que tarde, chegará a altura em que as

agendas eleitorais da maior parte destes estadistas

não irão resistir diante deste ataque avassalador

de uma pandemia que já matou ou deixou marcas

terríveis em biliões de seres humanos.

Desde os fracos aos mais fortes, todos os

estados, sem excepção, estão a chegar ao ponto de

declarar falência dos seus sistemas de saúde, sejam

eles sustentados por políticas de esquerda ou de

direita. Todos estão a falhar ou simplesmente deixaram

de existir. Outros, que até serviram como arma

principal para a conquista ou preservação do poder

estão absolutamente mais fragilizados e prestes a

“dar o berro”.

Assim, o mundo avança quase às cegas para

defender-se de um “inimigo invisível e letal”; mas,

provavelmente, este “inimigo”, pela primeira vez,

terá sido capaz de reunir um universo de cientistas

de todas as geografias com o objectivo único de

descobrir, em tempo recorde, uma vacina. Contra

o novo coronavírus, está a ser possível existir uma

competição, cuja finalidade é a mesma: travar imediatamente

e a todo custo a pandemia, imunizar

centenas de milhões de pessoas e restabelecer a

vida normal no planeta Terra.

De uma maneira ou doutra, as sociedade humanas

continuam literalmente resignadas quanto

aos novos ataques da pandemia; estão também

expectantes, dependentes da evolução ou não das

estatísticas que ensombraram estes últimos meses

do ano. As cifras reveladas são, de todo, catastróficas

para as economias dos estados. Economias

e empresas que todos os dias fecham as portas e

colocam barreiras à entrada de novos empregados;

constatam que os governos estão cada vez

mais virados a imprimir medidas de contenção

da propagação do vírus, apertando nas regras de

restrição da circulação de pessoas e do comércio;

logo, na maior parte dos casos, elas sentem-se

abandonadas, ameaçadas, atiradas para segundo

plano. Então caem; fazem-se despedimentos em

massa; fecham-se as comportas de entrada do ar

para o desenvolvimento industrial, agro-pecuário e

pesqueiro, desportivo, cultural e até religioso.

Em vários estados considerados “civilizados e

democráticos q.b”, baixa-se os cassetetes e atiram-

-se bombas; prende-se milhares de manifestantes;

atiram para os esgotos da história as leis que há

centenas de anos tornaram mais humanas as

sociedades livres. Este é um dos resultados mais

duros da Covid 19: atacou a alma da democracia,

a liberdade dos homens, o direito de se respirar à

vontade! Enfim, não raras vezes, a imprensa internacional

noticia que, mesmo nos Estados Unidos

da América ou na Europa, já existem cenários

em que as autoridades queimam literalmente as

páginas mais nobres das respectivas leis constitucionais

ou legitimam acções de violência e corte

de direitos por forma a que não se veja o poder na

rua, estabelecido através de convulsões sociais,

manifestações desordenadas e o caos generalizado.

Isto é um retrocesso forçado por um “vírus

invisível”! Nota-se que o poder, hoje mais do que

nunca, foi entregue às autoridades policiais ou militares.

Entram em cena como se estivessem numa

guerra autêntica, onde a força impera e os direitos

à liberdade são bastas vezes espezinhados. Por seu

turno, os combatentes pelas causas mais nobres

vergam-se aos novos tempos. O seu sentimento de

revolta é razoavelmente entendível, mas sabem

que algumas restrições são impostas para defender

o bem VIDA, e, contra este facto, os defensores dos

direitos humanos, as organizações cívicas ou os

activistas sociais, poucos argumentos apresentam

para se saírem vitoriosos.

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 81


82

Publicação da Revista Figuras&Negócios

BALAIO•COMER BALAIO•ACTUAL& BEBER

XAVIER DE FIGUEIREDO LANÇA NOVO LIVRO

A VIDA INVULGAR

DO “PRÍNCIPE DO CONGO”

O

“Príncipe do Congo” é uma

obra do género narrativa

histórica, inteiramente baseada

na pesquisa. O título está inspirado na

figura de Nicolau de Água Rosada,

um dos filhos de Henrique II, rei do

Congo no período 1842/1857. A vida

A gravura da

capa é um retrato

seguramente fiel

do Príncipe do

Congo, personagem

do livro. É da

autoria do pintor

italiano radicado

em Lisboa,

Pedro Augusto

Guglielmi. Data

de 1845, ano da

chegada a Lisboa

de D. Nicolau.

absolutamente invulgar de D. Nicolau,

contada no livro, começou quando

seu pai o escolheu para em 1845 se

deslocar a Lisboa, por onde estanciou

durante mais de um ano, numa missão

com vários propósitos – um deles

relacionado com a questão do tráfico

de escravos. O estatuto social a que a

viagem ao “Puto” e a sua subsequente

radicação em Luanda, onde se ilustrou,

lhe deram acesso, viria a não ser

estranho à sua trágica morte, em 1860.

A turbamulta às mãos da qual sucumbiu

fê-lo com isso “pagar” por alegadas

cedências de seu pai a Portugal, de

que o consideravam cúmplice.

A amarga ironia da vingança é

que no momento em que ela ocorreu

andava foragido das autoridades

portuguesas, contra as quais se havia

publicamente rebelado, movido pela

rejeição que lhe mereceram coisas

para as quais olhara como planos de

avassalamento do Reino do Congo

impostos por Portugal a D. Pedro VI,

fraco sucessor de seu pai, ao qual

dava o tratamento de primo-irmão.

O Reino do Congo ainda é um

Estado praticamente autónomo. Os

últimos 15 anos da vida de D. Nicolau

coincidiram temporalmente com uma

época de grandes mudanças em

Angola, de que viria a ser testemunha.

O fim da era do tráfico de

escravos, lento e difícil, foi a mais

importante dessas mudanças. Até por

ter desencadeado muitas outras, em

cascata. Ao “nefando comércio ilícito”,

como uma nova moral, mais puritana,

passara a ver o tráfico negreiro, viria a

suceder uma nova economia, baseada

em novas actividades: a agricultura,

as minas, as pescas e a indústria. A

transição de uma realidade para a

outra, fértil em acontecimentos pouco

conhecidos, está contemplada no livro.

A autoria do prefácio é do Almirante

Silva Ribeiro.

COMPRAS SERVIÇOS BARES RESTAURANTES HOTÉIS PONTOS TURÍSTICOS

82 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


Ano 4 - Outubro 2020

BALAIO

83

ZAP VIVA LANÇA CNEF – QUEM SABE MAIS

CONCURSO PROMETE

MUDAR O FUTURO DO

JOVEM ANGOLANO

O

cocurso CNEF – QUEM SABE

MAIS nasce de uma parceria

entre o ZAP Viva e o Conselho

Nacional de Estabilidade Financeira

- CNEF, que se propõem a promover

a cultura financeira e familiarizar os

angolanos com conceitos económicos

imprescindíveis para o quotidiano. De

forma descontraída, os telespectadores

irão aprender sobre o que é o IVA,

como fazer poupanças ou como pedir

um empréstimo bancário, por exemplo.

Com prémios aliciantes em jogo,

a cada programa quatro estudantes

universitários testarão os seus

conhecimentos sobre o nosso sistema

financeiro. O vencedor de cada

edição ganha um prémio monetário

de 250.000 Kz, e os quatro melhores

classificados, irão garantir um lugar na

final e uma chance de levar para casa o

grande prémio que inclui:

• Estágio local de 6 semanas nas

novas instalações SAHAM ANGOLA

SEGUROS (nova sede);

• Treinamento internacional na

SAHAM em local de sua escolha. As

opções são Casablanca, Joanesburgo ou

Cidade do Cabo;

• Contrato de trabalho com a

SAHAM por tempo determinado, com a

possibilidade de renovação;

• Cheque de 1.000.000 Kz (1 milhão

de kwanzas) oferecido pela SAHAM.

A apresentação estará a cargo

do experiente Pedro Nzagi que, bem

ao seu estilo, promete aliviar a tensão

que certamente tomará conta dos

concorrentes que lutam pelo seu futuro.

O programa conta também, com

o importante apoio e patrocínio da

SAHAM - Angola Seguros e do banco

BFA que reconheceram na literacia

financeira uma causa merecedora dos

seus recursos. Os serões de quartafeira

agora estarão reservados para a

educação financeira em companhia do

ZAP Viva.

COMPRAS SERVIÇOS BARES RESTAURANTES HOTÉIS PONTOS TURÍSTICOS

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 83


84

Publicação da Revista Figuras&Negócios

BALAIO•COMER & BEBER

O FRANGO DO BIO’S

RECOMENDA-SE!

A

evolução urbanística do

Nova Vida faz deste um dos

projectos habitacionais mais

interessantes de Luanda, devido

a sua grande concentração de

supermercados, centros comerciais e,

cada vez mais, restaurantes.

O Frango do Bio’s, um espaço

jovem, moderno, alegre e vibrante, é

um bom exemplo disto. Caracteriza-se

pela sua comida de estilo fast food,

como os burgueres recheados, pizzas,

asinhas, barbecue ribs, e claro, o

churrasco. Mas é também conhecido

pelo seu ambiente descontraído,

pela decoração onde predomina a

madeira, pelos saborosos cocktails e

pelo atendimento simpático; é um lugar

onde sabe bem estar.

O QUE COMER

O menu do Frango do Bio’s está

dividido em várias secções, incluindo

as seguintes: petiscos, siders

(acompanhamentos), menu kids para

os pequeninos, grelhados, breads

(hambúrgueres e fahitas), pizzas e

sobremesas. Nos petiscos, o destaque

vai para as Asinhas do Bio’s e as

Asinhas BBQ; entre os grelhados, somos

fãs do frango, dos vários ribs (OutBack

e BarbieQ) e das codornizes. Entre

os hamburgueres, o grande destaque

vai para o hamburguer de picanha,

descrito como vários leitores nossos

como um dos melhores em Luanda;

nós também apreciamos o Double

Cheeseburger e o Burguer BBQ. Vale

muito a pena experimentar as pizzas,

especialment a Pizza Veggie e a Pizza

do Bio’s.

O QUE BEBER

Reparamos que o Bio’s tercerizou o

serviço de cocktails para uma empresa

cujo nome não nos lembramos, mas

que são muito bons no que fazem. Têm

barmen capacitados que produzem

COMPRAS SERVIÇOS BARES RESTAURANTES HOTÉIS PONTOS TURÍSTICOS

84 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020


Ano 4 - Outubro 2020

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deliciosas caipirinhas, mojitos, sangrias,

daiquiris, gins e mais.

PREÇOS

Achamos que a relação preçoqualidade

é justa. Os petiscos variam

entre 1.800 - 2.800 AKZ, enquanto

que os burgers custam entre 2.500 a

4.800 AKZ; o meio-frango custa 2.500

AKZ e as pizzas começam nos 5.000

AKZ.

BIOSSEGURANÇA

Alcóol-gel na entrada, garçons com

máscaras, distanciamento entre

as mesas e desinfecção constante

nas mesmas... tudo como mandam

as recomendações dos órgãos

competentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para encontros com amigos num

ambiente descontraído mas com vibe,

em que a comida e a bebida valem a

pena, este é provavelmente o melhor

lugar na Urbanização Nova Vida.

CARACTERÍSTICAS

• Bom para comer sozinho

• Bom para grupos

• Bom para ver jogos

• Boys night out

• Esplanada

• Faz entregas

• Permitido fumar

COZINHAS

• Americana

• Fusão

PREÇOS

• Asinhas do Bio’s - Kz 1.800,00

• Meio Frango do Bio’s - Kz 2.500,00

• OutBack Ribs - Kz 5.400,00

• Double Cheese Burguer

- Kz 4.800,00

• Pizza Veggie - Kz 5.000,00

• Mojito - Kz 3.200,00

TURISM O • RE STAU RANTES • SNACK BARS • COM PRAS •SERVIÇOS • HOTÉIS

Suplemento da revista Figuras&Negócios

Propriedade: Etnia-Comunicação

Director: Victor Aleixo

Redacção: Ana Kavungo

Editor gráfico: Armindo Dalas

Secretariado: Yolanda Haitaleseni

Telef. 222 397 185 | 222 335 866

comercial@etniacomunicacao.co.ao

www.figurasenegocios.co.ao

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BALAIO

Publicação da Revista Figuras&Negócios

BALAIO•COMER & BEBER

BICO DO SAPATO - FIEL AS REGRAS DE BIOSEGURAMÇA

SENTA-SE, SIRVA-SE

E SINTA-SE EM CASA

O

Bico do Sapato é neste

momento um dos melhores

restaurantes em Luanda

no que toca à qualidade

e diversidade da comida, consistência

da cozinha, velocidade e simpatia

no atendimento e a sua garrafeira.

Localizado na infraestrutura do Estádio

dos Coqueiros, um dos bairros mais

antigos de Luanda, o Bico do Sapato

é também ele um dos restaurantes

mais antigos da cidade em contínuo

funcionamento, tendo aberto as portas

em 2009.

A oferta gastronómica é focada

na cozinha portuguesa, com especial

realce para o peixe, os mariscos e o

fabuloso Leitão à Bairrada. O espaço

está divido numa sala de jantar

interior e uma esplanada devidamente

protegida da zona exterior do estádio;

está para breve a reabertura da zona

lounge, colada à esplanada.

O QUE COMER

O menu do Bico do Sapato está

dividido em várias secções: couvert,

sopas (quase todas elas vegetarianas),

uma seleção de carpaccios (garoupa,

vitela e polvo), entradas de peixe e

marisco, massas e risottos (destacase

aqui o Risotto de Leite de Coco,

Coentros e Lagosta Tempura), peixes

(a Tranche de garoupa com Trouxa

de Legumes e Batata Doce, o Lombo

de Bacalhau com Crosta de Broa e

Azeitona, e ainda a Espetada de

Cherne com Camarão acompanhada

de Batata Doce Cozida e Legumes

são os nossos preferidos), marisco

(destaque para as Gambas Tigre

Escaladas Aromatizadas com

Lima), carnes (o Leitão à Bairrada

mencionado anteriormente, as

Costeletas de Borrego com Legumes

Assadose e o Chateaubriand em

3 Pimentas para duas pessoas são

possivelmente as opções mais vistosas),

sobremesas (têm de provar a Delícia

de Abacate e Canela com Gelado de

Baunilha) e snacks para o lounge.

Descrevemos o menu com algum

detalhe, mas temos de realçar que

todas os dias o Bico do Sapato

tem ofertas diferentes que variam

consoante a disponibilidade dos

produtos no mercado. Neste menu

executivo há sempre uma opção

de peixe e outra de carne; o menu

inclui entrada, o prato principal e a

sobremesa. Exemplos recentes incluem

Rolinhos de peixe com legumes a vapor,

Vitela à moda de Lafões, e Favas

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BALAIO

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BALAIO

Publicação da Revista Figuras&Negócios

BALAIO•COMER & BEBER

Guisadas com Entrecosto e aromas

de coentros.

O QUE BEBER

A garrafeira do Bico do Sapato é

generosa e tem uma tendência clara

para vinhos das regiões do Douro e

do Alentejo. Há também uma pequena

mas muito boa seleção de champagnes

(Moët Chandon) e espumantes (Mateus

Rosé e Murganheira).

PREÇOS

Estão ao nível de um restaurante de

qualidade. Não é barato. As massas e

risottos custam cerca de 10.000 AKZ,

os pratos de peixe variam entre os

9.000 - 16.000 AKZ, e os pratos de

carne custam em média 9.000 - 11.000

AKZ.

PREVENÇÃO CONTRA

A COVID 19

Por motivos óbvios, não temos saído

para avaliar restaurantes com tanta

frequência. E pelos mesmos motivos,

a nova realidade nos restaurantes

– menos funcionários, horários

reduzidos, limitações diversas em

toda operação – implica que o

nosso método de avaliação também

passe por algumas mudanças.

Estamos agora mais focados na

oferta gastronómica em si e no

quão preparado está o restaurante

no que toca a biossegurança, tanto

para os seus funcionários como para

o público em geral. Considerações

como velocidade do atendimento,

quantidade de oferta, e outras

opiniões do género, estão em

segundo (ou terceiro) plano.

BIOSSEGURANÇA

Alcóol-gel na entrada, garçons com

máscaras, distanciamento entre as

mesas e desinfecção constante nas

mesmas, loiça entregue ainda coberta

com película aderente...tudo como

mandam as recomendações dos órgãos

competentes, e mais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando sabemos que queremos comer

gastronomia portuguesa de qualidade

com um bom vinho a acompanhar,

num ambiente acolhedor com bom

atendimento, é aqui que viemos.

CARACTERÍSTICAS

• Bom para comer sozinho

• Bom para grupos

• Esplanada

• Estacionamento

• Experiência Premium

• Faz entregas

• Jantar romântico

• Ocasiões especiais

• Permitido fumar

• Vegetariano

• Vinho a copo

• Cozinhas Portuguesa

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BALAIO 89

Ano 4 - Nº38 Outubro - Setembro 2020 2020 89

BALAIO•COVID 19

EXPOSIÇÃO “USAMASCARA”

EMBAIXADOR ELOGIA

ARTISTAS ANGOLANOS

O

embaixador de Portugal em

Angola, Pedro Pessoa e Costa

elogiou em Luanda, o acto de

cidadania e união demonstrado pelos

artistas plásticos angolanos que participam

da mostra colectiva denominada

“UsaMascara” que fica patente até 20

de Novembro,no Camões -Centro Cultural

Português, em Luanda.

Na abertura da exposição, de 33

obras de 30 artistas angolanos que têm

como temática transversal, a prevenção

e o combate à pandemia da Covid-19

no País, o embaixador felicitou o espírito

criativo e inovador dos artistas que

apresentaram trabalhos de muita boa

qualidade estética e com mensagens

fortes e impactantes sobre a importância

do uso e utilidade das máscaras na

preservação da vida, para se evitar a

propagação da pandemia.

A exposição é resultado de uma

iniciativa do Espaço Luanda Arte (ELA) e

da revista “40.ena!”, que em Março de

2020 convidaram os artistas angolanos

a participarem num novo projecto nacional

das artes intitulado “UsaMascara”.

A iniciativa conta com a parceria do

banco BFA, na atribuição dos prêmios

que, durante cinco meses, até Agosto

de 2020, e por meio das redes sociais,

artistas de todo País, sem restrições de

idade ou experiência, foram incentivados

a produzir obras inspiradas no actual

momento, destacando em especial a

utilização da máscara.

As escolhas do júri tiveram por base

critérios de técnica, composição, conteúdo

e narrativa ou mensagens. O Júri decidiu

ainda atribuir o prêmio Camões “Usa-

Mascara” à Jardel Selele, prêmio ELA

à Andréia Maia, ambos com direito a

organização de uma exposição individual

em 2021, prêmio BFA “UsaMascara”,

no valor de 500 mil Kwanza a Romulo

Rosa e à Pemba. À Fran dos Santos foi

atribuído o prêmio de 40 mil Kwanza.

Para a atribuição dos cinco prêmios,

a organização levou em consideração as

técnicas utilizadas; mensagens,montagens

e inovação das técnicas.

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Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 89


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Publicação da Revista Figuras&Negócios

BALAIO•RESTAURANTE

|Texto |Fotografias LNL . Arquivo F&N

Há algo de interessante que

acontece na Ilha do Cabo

em relação aos restaurantes

e bares. Na primeira metade da

Ilha, principalmente na Casa dos

Desportista e até à Floresta, a

vasta maioria dos restaurantes

são virados ao mar (apesar de

estarem localizados no outro lado

da estrada), são de fácil acesso

e interagem com o seu ambiente.

Alguns colocam mesmo as suas

mesas no passeio. Já na segunda

metade da Ilha, os restaurantes estão

virados para si mesmo e para o mar,

colados à praia e sem interação

com a envolvência. Notam-se os

muros, as paredes altas e uma certa

‘privatização’ da praia.

O Ceano faz parte do primeiro

grupo de restaurantes e, com a sua

RESTAURAMTE À ILHA DE LUANDA

CEANO UM AMBIENTE

ACOLHEDOR AO OCEANO

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localização na Casa dos Desportistas,

é um espaço virado ao mar (e por

conseguinte ao magnífico pôr do sol

da Ilha). É um espaço que conversa

com o seu meio ambiente e tem mesas

no passeio, o que dá uma sensação

de abertura. Tem um interior design

leve, elegante e de bom gosto,

perfeito para o tipo de ambiente

que quer transmitir. Talvez por isso é

actualmente um restaurante da moda

em Luanda, onde já se torna quase

impossível encontrar uma mesa a

partir do fim de tarde de uma sextafeira.

O QUE COMER

Este restaurante tem um menu variado

(alguns dos escritores cá no LNL

dizem ser grande demais) dividido

em pequeno-almoço, sandwiches e

tostas, sopas, saladas, entradas e

peticos, pratos principais, massas e

sobremesas. Há também um menu

semanal, com alternância dos pratos

do dia.

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Publicação da Revista Figuras&Negócios

Nas nossas várias visitas ao

Ceano, há alguns pratos que

invariavelmente acabamos por

pedir. Entre as entradas e petiscos, o

fresco e saboroso Tataki de atum é

imprescendível. Mas também somos

fãs da Bruschetta al pomodoro, das

Asinhas de frango BBQ e do Ceviche

de garoupa. Há também saladas um

pouco acima da média comparado

com outros restaurantes luandenses; a

Salada do mar é a nossa preferida.

No que toca aos pratos principais,

pedimos com frequência o Caril de

camarão, os Ribs (da terra) e, quando

estamos em grupo e com vontade

de peixe e marisco, o Ceano Platter

para duas pessoas. Gostamos de

terminar com um crumble de maçã.

Quando estamos num mood

mais carnívoro, a opção é só uma:

o hambúrguer do Ceano. Vem com

bacon, queijo, cebola caramelizada,

tomate, rúcula (não alface!), e chips

de batata doce.

O BRUNCH

O brunch do Ceano chama-se Energia

Urbana e vem com ovo, bacon, cebola e

tomate grelhados, cogumelos salteados,

torradas, sumo natural, café ou chá.

Mas há mais opções para o pequenoalmoço,

incluindo ovos benedict, fruta,

taças de iogurte e tostas, tudo bem

confeccionado e saboroso. Felizmente,

o pequeno-almoço e brunch do Ceano

estão disponíveis todos os dias – não

tens de esperar pela preguiça do fim de

semana.

O QUE BEBER

Há cocktails, gin tónicos deliciosos,

sangrias divinais, vinhos e fino, claro.

E diversos sumos naturais dependendo

do dia.

PREÇOS

Achamos os preços do Ceano

um pouco acima da média, mas,

por outra, as porções são mesmo

generosas.

BIOSSEGURANÇA

O espaço tem alcóol-gel espalhado

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por vários pontos, garçons com

máscaras, distanciamento entre

as mesas e desinfecção constante

nas mesmas. Contudo, em dias

de enchente como sexta-feira,

o distanciamento encurta e o

restaurante fica mesmo concorrido.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As pessoas procuram o Ceano com

frequência pelo seu ambiente, pelos

cocktails, pela comida, e pelo brunch

aos fins de semana. É actualmente um

dos espaços mais concorridos da Ilha.

Às sextas, e às vezes ao domingo, as

enchentes fazem com que o serviço

sofra. Contudo, é um local de eleição

para apreciar a Ilha do Cabo.

CARACTERÍSTICAS

• Bom para comer sozinho

• Esplanada

• Faz entregas

• Local a beira-mar

• Permitido fumar

• Vegetariano

• Vinho a copo

• Vista bonita

COZINHAS

• Fusão

PREÇOS

ENTRADAS & PETISCOS

• Asinhas de fango - Kz 4.200,00

• Ceviche de garoupa

- Kz 6.500,00

PRATOS PRINCIPAIS

• Ceano platter p/2pax

- Kz 22.000,00

• Caril de camarão - Kz 8.350,00

• Ribs - Kz 7.150,00

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