27.11.2020 Views

PAGINAÇÃO 205

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

CULTURA

Figuras&Negócios (F&N):

Como encara a reabertura

das salas de espectáculos,

depois de

7 meses parados, e que

perspectivas se abrem

para os actores culturais?

Karina Barbosa (KB)- Bom, qualquer

medida é melhor do que medida

alguma... O nosso sector está paralisado

7 meses, portanto deve imaginar que

tem sido um ano bastante atípico e com

desafios enormes para mantermos as

nossas empresas, estando impedidos

de trabalhar... Por mais que as empresas

tenham um fundo de emergência,

7 meses sem facturar, e com todos os

custos fixos com funcionários, rendas

de instalações, impostos, despesas de

manutenção, internet, etc, etc é muito

duro para qualquer negócio!

F&N- Compensa ou nem por isso?

Fundamente, por favor.

KB- Cinquenta por cento da capacidade

seria bom, o problema é que tem

um limite máximo de 150 pessoas... Para

se fazer um evento há imensos custos de

produção, e com apenas 150 lugares para

se venderem bilhetes o custo do show

fica muito caro para o cliente! Imagine

que a produção do evento custa 10 milhões

de kwanzas, para uma sala de apenas

150 pessoas cada bilhete irá custar

aproximadamente 66.666 Kz, e este valor

por pessoa é muito elevado. Já o seria

nos anos anteriores, pior este ano com

esta aguda crise económico-financeira

que o país atravessa aliada à constante

desvalorização da moeda e à elevada taxa

de despedimentos e desemprego... Esta é

uma equação bastante difícil!

F&N- Acha que, por exemplo, com

50 % de lotação, os gastos de produção

possam vir a ser maior do que as

receitas?

KB- Obviamente que sim. 150 pessoas

de público é muito pouco a um valor

de bilheteira razoável que o público possa

pagar.

F&N- Qual seria a solução?

KB- Os eventos serem a 50% da capacidade

das salas como está a ser feito

nos outros países da Europa, América,

etc... Com distanciamento de 1 cadeira

entre as pessoas sim, com entrada faseada

por filas e todas as demais medidas de

bio-segurança.

A solução passa também pelo Governo

estruturar e implementar uma injecção

financeira ao sector para que ele se

possa reerguer tendo um fundo de maneio

para reiniciar as actividades, depois

de 7 meses paralisado durante os quais

esgotou os seus recursos de emergência

e quem sabe teve que recorrer empréstimos

para sobreviver.

Eu amo produzir

eventos e trabalhar com e

para o público, e é triste estarmos

impedidos de trabalhar

no que amamos

F&N- Como estão preparados para

voltar a entreter o público, sem deixar

de cumprir com as normas impostas?

KB- Estamos super preparados. Criar

as condições de bio-segurança é a parte

mais fácil. Difícil é superar esta aguda

crise financeira, as enormes quebras de

facturação que as empresas que normalmente

patrocinam eventos também sofreram

este ano e que condicionam o seu

apoio aos eventos e o público que está

com o poder de compra cada vez menor

devido à desvalorização da moeda, aumento

do custo de vida, despedimentos

e desemprego.

F&N- Qual é, nesta altura, a realidade

das empresas do sector do entretenimento?

KB- Este ano foi um grande desafio.

Felizmente eu em particular tenho outros

negócios e fontes de rendimento,

mas há projectos e eventos como shows,

galas e teatro que tive que parar porque

ficámos todos de mãos amarradas. A

peça que fiz dia 8 de Março, “Elas não

precisam de Homens?” que foi um enorme

êxito e que tinha já uma tour agendada

incluindo datas em Moçambique e

Portugal ficou sem efeito, o Moda Luanda

foi obrigado a reformular-se para

formato televisivo sem público, perdendo-se

partes importantes da experiência

que é o mesmo como a emoção

das entregas dos Troféus, a red carpet,

a imprensa, as celebridades e fashionistas

que anualmente marcam presença

no Moda Luanda, enfim... Tinha também

várias palestras aliadas ao lançamento

do meu livro “BOSSLady- step by step:

6 Passos Para Conquistares Sucesso e

Liberdade” que não se puderam realizar

com muita pena minha, e que poderiam

ajudar e impactar centenas de pessoas...

Eu amo produzir eventos e trabalhar

com e para o público, e é triste estarmos

impedidos de trabalhar no que

amamos. E muito triste foi também ver

tantos artistas, prestadores e serviços,

empresas de estruturas, palco, luz, som,

leds, modelos, protocolos, seguranças,

DJs, barmen, empresas de catering, de

decoração, de geradores, e tantas outras

empresas e profissionais sem trabalho,

sem cachets, sem agenda e a lutarem

para sobreviver... Muitos colegas com

as empresas falidas, outros forçados a

vender equipamentos para realizar liquidez,

os cantores em casa sem shows,

e muitos outros profissionais a abandonarem

o país porque não aguentaram

este forte embate e ficaram sem condições

de assegurar o pagamento das suas

contas e necessidades essenciais como

habitação, escola dos filhos e alimentação.

É lamentável vermos os sonhos das

pessoas a morrer e vê-las perder o que

levaram anos e até décadas a construir!

F&N- Há empresas falidas ou em

vias de decretar falência?

KB- Muitas!!! não só de eventos

como dos colegas da publicidade, aluguer

de estruturas, empresas de luz,

som e leds, empresas de segurança, discotecas

e bares, empresas de catering...

muito triste.

F&N- Quantos profissionais do

sector terão sido despedidos, por

causa dos constrangimentos da Covid-19

em Angola?

KB- Largas centenas com toda a certeza!!!

Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 51

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!