27.11.2020 Views

PAGINAÇÃO 205

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CULTURA

COVID-19 OBRIGA A

CRIATIVIDADE NO

MUNDO DAS ARTES

O artista plástico angolano

Álvaro Macieira destaca à

necessidade de os criadores

angolanos apostarem

na criatividade para contornar

os efeitos causados

pela pandemia da Covid-19

Em entrevista à

Figuras&Negócios Álvaro

Macieira faz uma abordagem

sobre a actualidade do

mundo das artes.

O artista avança que o

paradigma da sua inspiração

pictórica é a poesia, a

filosofia dos provérbios,

os contos, as histórias que

ouviu na sua infância rural,

o contacto com as artes e

as tradições africanas, as

viagens, os museus que

tem visitado pelo mundo e

os lugares e sítios de memória.

Textos: Venceslau Mateus

Fotos: Arquivo NET

Figuras&Negócios (F&N):

Álvaro Macieira, como é

fazer cultura em tempo

de Covid-19?

Álvaro Macieira

(AM)- A nossa economia,

de modo geral, esta em crise. Esse é

um problema que afecta grande parte

da humanidade, em luta pela sobrevivência,

perante um quadro tão duro e

dramático agravado com a pandemia

actual, que nos prejudica a todos. Os resultados

sociais, económicos e financeiros

da nossa vida artística e cultural em

Angola já vinha sendo difícil de suportar

nos últimos sete anos . Agora, essa

situação agravou-se, de tal forma, que

os resultados dramáticos são visíveis.

Estamos a viver momentos muito

duros, cujas consequências serão igualmente

difíceis de superar a curto prazo.

Teremos um futuro sombrio na Cultura,

e sobretudo entre os fazedores da arte,

em geral, e em todas as dimensões, se

não existir, para todos, uma política

concreta de gestão desta crise, cujos

contornos e resultados são, ou serão,

dramáticos e assustadores.

A crise pretende tirar-nos a alegria

. Nós, artistas, cultuamos a alegria.

Esse é o nosso papel e a nossa missão:

insuflar esperança, palavras de encorajamento,

poesia, literatura, luzes, cores

e formas tridimensionais, dança e música.

A crise pode trazer-nos a incerteza,

a falta de recursos para comprar

os remédios, a fome a afectar as nossas

crianças ou mesmo a indigência. É

preciso fazer alguma coisa para ultrapassar

estes momentos, com mais solidariedade,

inteligência e criatividade

para melhor distribuição dos poucos

recursos financeiros. Temos que ir ao

encontro das necessidades vitais do

artista e não deixar que as notícias tristes

nos roubem a pouca alegria que nos

resta. Esta é a verdadeira e inadiável

hora de se abrir "os cordões à bolsa"

para nos acudirem, como diz a sabedoria

popular.

F&N: Que futuro perspectiva

para a cultura angolana, de uma forma

geral, face ao actual cenário?

AM- Esta é a hora de resolver os

problemas, porque as necessidades

humanas, que não podem esperar,

clamam em cada um de nós. É hora

de agir, porque há fome. Então será a

hora para abrir o celeiro e distribuir

o trigo. Mas se não providenciamos? Se

não foi possível guardar nada, quando

46 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!