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PAGINAÇÃO 205

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CONFLITOS ENTRE AGÊNCIAS E MODELOS

DINHEIRO

NO CERNE

DA QUESTÃO

Enquanto as semanas de

moda acontecem em Nova

York, Londres, Milão e Paris,

centenas de modelos viajam

para as quatro capitais na esperança

de conseguir trabalho. Mas muitos

voltam para casa com menos dinheiro

do que quando chegaram.

Anna (nome fictício) trabalha

como modelo desde os 17 anos, já

desfilou para grifes como Prada, Mulberry,

Commedes Garçons e muitas

outras. Mas depois de três anos, ela

ainda não conseguiu pagar as 10 mil

libras que deve as agências de modelo.

”As minhas dívidas começaram

logo que comecei a trabalhar”-diz ela

a BBC.

A primeira agência com a qual

Anna assinou contrato, no seu país

natal, na Europa Ocidental, adiantou

350 libras para um ensaio fotográfico,

custo que foi adicionado a uma

prestação de contas em seu nome.

Mais tarde, ela foi levada de avião

para Londres para participar de um

processo de selecao, e essa despesa

também foi incluída na conta, assim

como gastos com acomodação e alimentação.

A quantia que ela devia

aumentou. ”Eles me perguntavam se

eu queria um motorista, sem deixar

claro que isso custa muito caro e que

eu teria que pagar”. revela.

O problema para os modelos é

que embora as agências normalmente

paguem antecipadamente por seus

voos, hospedagem e despesas, é prática

padrão do sector querer receber

o dinheiro de volta.

Portanto, se um modelo viajar

para a Semana de Moda de Londres

e não conseguir trabalho, ficará com

uma dívida com a agência no valor da

viagem.

Anna se viu diante deste problema

aos 18 anos, quando embarcou

para os Estados Unidos para participar

de seleções para desfiles da

Semana de Moda de Nova York, mas

acabou por não participar de nenhuma

porque ficou doente.

Por dois anos, ela disse que praticamente

não recebeu pagamento,

já que as as suas agências em Paris,

Londres e Nova York direcionavam

os seus honorários para pagar todo o

dinheiro que devia.

ASSUNTO AINDA É UM TABU

A modelo russa Ekaterina Ozhiganova,

que trabalha em Paris, diz acreditar

que é hora de encarar o problema

oculto das dívidas que modelos acumulam

ao tentar fazer carreira em

uma das profissões mais precárias do

mundo.

Ela é co-fundadora da Model Law,

a primeira associação francesa que

trabalha para proteger os direitos

modelos. ”Antes, a violência sexual

era tabu”. afirmou

74 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020

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