PAGINAÇÃO 205
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
RECADO
SOCIAL
Carlos Miranda
carlosimparcial@gmail.com.
COLAPSO GLOBAL E ANGÚSTIA GENERALIZADA
Não se sabe ao certo quando e como este
mundo poderá sair desta dramática
situação resultante da brutal existência
de um novo coronavírus, cuja capacidade
destruidora d’almas e das economias nacionais é,
definitivamente, tão ou mais forte que todas as guerras
comerciais registadas um pouco por todo o lado
entre estados, empresas e marcas, multinacionais e/
ou impérios industriais mundiais.
O SARS-COV 2 chegou à China nos finais do ano
passado, mas acabou por queimar, sucessivamente,
todas as linhas fronteiriças possíveis e imaginárias;
fintou as projecções científicas dos mais renomados
académicos, colocou as políticas dos principais
líderes mundiais completamente comprometidas e,
mais cedo do que tarde, chegará a altura em que as
agendas eleitorais da maior parte destes estadistas
não irão resistir diante deste ataque avassalador
de uma pandemia que já matou ou deixou marcas
terríveis em biliões de seres humanos.
Desde os fracos aos mais fortes, todos os
estados, sem excepção, estão a chegar ao ponto de
declarar falência dos seus sistemas de saúde, sejam
eles sustentados por políticas de esquerda ou de
direita. Todos estão a falhar ou simplesmente deixaram
de existir. Outros, que até serviram como arma
principal para a conquista ou preservação do poder
estão absolutamente mais fragilizados e prestes a
“dar o berro”.
Assim, o mundo avança quase às cegas para
defender-se de um “inimigo invisível e letal”; mas,
provavelmente, este “inimigo”, pela primeira vez,
terá sido capaz de reunir um universo de cientistas
de todas as geografias com o objectivo único de
descobrir, em tempo recorde, uma vacina. Contra
o novo coronavírus, está a ser possível existir uma
competição, cuja finalidade é a mesma: travar imediatamente
e a todo custo a pandemia, imunizar
centenas de milhões de pessoas e restabelecer a
vida normal no planeta Terra.
De uma maneira ou doutra, as sociedade humanas
continuam literalmente resignadas quanto
aos novos ataques da pandemia; estão também
expectantes, dependentes da evolução ou não das
estatísticas que ensombraram estes últimos meses
do ano. As cifras reveladas são, de todo, catastróficas
para as economias dos estados. Economias
e empresas que todos os dias fecham as portas e
colocam barreiras à entrada de novos empregados;
constatam que os governos estão cada vez
mais virados a imprimir medidas de contenção
da propagação do vírus, apertando nas regras de
restrição da circulação de pessoas e do comércio;
logo, na maior parte dos casos, elas sentem-se
abandonadas, ameaçadas, atiradas para segundo
plano. Então caem; fazem-se despedimentos em
massa; fecham-se as comportas de entrada do ar
para o desenvolvimento industrial, agro-pecuário e
pesqueiro, desportivo, cultural e até religioso.
Em vários estados considerados “civilizados e
democráticos q.b”, baixa-se os cassetetes e atiram-
-se bombas; prende-se milhares de manifestantes;
atiram para os esgotos da história as leis que há
centenas de anos tornaram mais humanas as
sociedades livres. Este é um dos resultados mais
duros da Covid 19: atacou a alma da democracia,
a liberdade dos homens, o direito de se respirar à
vontade! Enfim, não raras vezes, a imprensa internacional
noticia que, mesmo nos Estados Unidos
da América ou na Europa, já existem cenários
em que as autoridades queimam literalmente as
páginas mais nobres das respectivas leis constitucionais
ou legitimam acções de violência e corte
de direitos por forma a que não se veja o poder na
rua, estabelecido através de convulsões sociais,
manifestações desordenadas e o caos generalizado.
Isto é um retrocesso forçado por um “vírus
invisível”! Nota-se que o poder, hoje mais do que
nunca, foi entregue às autoridades policiais ou militares.
Entram em cena como se estivessem numa
guerra autêntica, onde a força impera e os direitos
à liberdade são bastas vezes espezinhados. Por seu
turno, os combatentes pelas causas mais nobres
vergam-se aos novos tempos. O seu sentimento de
revolta é razoavelmente entendível, mas sabem
que algumas restrições são impostas para defender
o bem VIDA, e, contra este facto, os defensores dos
direitos humanos, as organizações cívicas ou os
activistas sociais, poucos argumentos apresentam
para se saírem vitoriosos.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 81