PAGINAÇÃO 205
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
ÁFRICA
O também ex-líder da rebelião propôs
aos outros partidos da oposição
a organizar um “bloco” anti-Ouattara.
Shirley Ayorkor Botchwey, chefe
da diplomacia do Ghana, chefiou
a missão conjunta da CEDEAO, UA
e ONU a Costa do Marfim, destinada
a procurar soluções para evitar
uma crise pós-eleitoral. Ladeava-a
Mohamed Chambas, representante
especial da ONU, e o general Francis
Behanzin, comissário da CEDEAO
para os assuntos políticos, paz e segurança.
Em comunicado emitido em
Abidjan, a missão, pela voz do general
Francis Behanzin, concluiu haver
“falta de confiança” entre os actores
políticos em cena. Indicou existirem
“actos de violência e discursos de
ódio susceptíveis de produzir impactos
negativos”, de acordo com os
termos reportados por Sidy Yansané,
correspondente da RFI.
A oposição a Alassane Ouattara
exige a reforma da Comissão Eleitoral
Independente (CEI) e o Conselho
Constitucional. A Frente Patriótica
Ivoiriense (FPI), de Pascal Aff
N´Guessan, pretende o adiamento do
sufrágio.
EXCLUSÃO DE OPOSITORES
Dos quarenta e quatro (44) candida
MOBILIZAÇÃO CONTRA OUATTARA
Face ao apego de Alassane Ouattara
a um terceiro mandato
presidencial, Guillaume Soro
deseja unir a oposição contra
o que considera usurpação do poder.
Em conferência de imprensa havida
na capital francesa, Soro lançou
uma antevisão dos resultados das
eleições, dizendo-se incrédulo que o
Conselho Constitucional venha a exprimir
a verdade sobre os resultados
do sufrágio, “já que validou a candidatura
de Ouattara, violando a constituição”.
Numa entrevista à estação de televisão
de Burkina Fasso (BF1), Soro
promete gizar uma acção “metódica e
eficaz” para travar Ouattara.
Durante a conversa, Soro disse
haver “ilegalidade” nos preparativos
para o escrutínio, de tal modo que as
eleições não se deverão realizar na
data prevista. Voltou a propor a dissolução
dos órgãos reitores do processo
eleitoral, nomeadamente a Comissão
Eleitoral Independente (CEI)
e o Conselho Constitucional.
Em relação à resistência de Alassane
Ouattara à pressão, o ex-presidente
do parlamento marfinense
entende que a oposição estava mobilizada
e pronta a agir contra o terceiro
mandato. “Não baixaremos a guarda.
Vamo-nos unir”, lançou citando
nomes de pares como Konan Bedié,
Mamadou Coulibaly, Laurent Gbagbo.
Disse haver unanimidade no que se
refere a uma acção conjunta.
Guillaume Soro espera conseguir
formar um comité de liderança . Isto
seria necessário para desencadear a
desobediência civil, pensa ele. Aliás, a
ideia de desobediência civil foi lançada
por Henri Konan Bedié. “Um povo
decidido faz a história do seu país. Os
ivoirienses são unânimes para dizer a
Ouattara a evitar um terceiro mandato”,
advertiu em entrevista à televisão
BF1.
Soro, ex-chefe da rebelião, deu
sinais de pugnar por meios pacíficos
para alcançar o poder supremo do
país. Dirigindo-se aos pares, afirmou:
“apelo a uma unidade de acção da
oposição para pararmos Ouattara por
meios legais e legítimas”.
“Juntos, devemos organizar a mobilização
de todo o povo ivoiriense nas
zonas rurais, nas cidades a fim de barrara
Ouattara o caminho para o terceiro
mandato inconstitucional”, disse.
A generalidade dos comentaristas
da imprensa ivoiriense suspeita haver
interesse de uma união da oposição.
Porém, os políticos mostram-se cautelosos
em relação às modalidades da
organização do pacto contra Ouattara.
O partido FPI, de Pascal Affi N´Guessi,
diz-se pronto a apoiar a iniciativa de
Soro com vista a evitar a crise pós-
-eleitoral. Segundo ele, o estado de
coisas desaconselhava a lógica eleitoral.
Contudo, o FPI evita referir-se
a uma aliança nacional anti-Ouattara.
O candidato Albert Toikeusse Mabri
pronunciou-se a favor da mobilização
dos opositores por propiciar a “paz e a
democracia”. O PDCI, de Henri Konan
Bedié, absteve-se a produzir uma posição
pública sobre o assunto.
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 69