PAGINAÇÃO 205
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CULTURA
ral, face ao actual cenário?
AM- "Primeiro é o pão, para se
comer ". Depois é a arte. Foi o Bonga
que cantou esse pensamento. Os mais
velhos disseram, na sua ancestral sabedoria:
Um saco vazio não fica de pé.
O nosso saudoso primeiro presidente
Agostinho Neto poetizou e ensinou,
dentre outras coisas, que devemos
criar, criar amor com os olhos secos.
Devemos ter esperança e trabalhar
no futuro sem perder o norte, o prumo,
a orientação de onde nos vem a
sapiência, para melhorarmos e apoiamos
o desempenho e a argúcia da
nossa juventude nas artes. Os jovens
artistas precisam de ser apoiados. Mas
apoiados mesmo!...Não explorados, por
aqueles que encontram no seu labor
inicial, escassez de materiais e oporhavia
bonança? o que vamos fazer agora?
Interrogo-me eu próprio. Temos que
estar atentos ao que se passa com cada
um dos nossos colegas da arte e saber
do grau de ajuda que cada um de nós
pode precisar
F&N: Os criadores angolanos
estão em condições de aguentar os
efeitos provocados pela pandemia da
Covid-19?
AM- Temos que compreender que
se há crise económica nacional e internacional
e penúria financeira, para todos,
sem distinção, teremos que encontrar
soluções rápidas. Com o petróleo
existia a bonança, que hoje quase nos
tira a esperança.
Vivemos uma incomensurável penúria
financeira agravada com o deságio,
que corroeu em poucos anos as nossas
parcas poupanças.
E agora instalou-se a pandemia que
nos amedronta e nos impede de trabalhar
e produzir lives e alegres, estudar e
viajar, ir ao cinema, ao teatro, ao futebol,
aos espectáculos musicais e de danças,
enfim, as exposições de arte e de pintura.
Tudo se agravou. Essa é uma das
consequências da nossa própria visão.
Ou da nossa capacidade de prover e prever,
o que seria o nosso futuro. Ao longo
dos anos vivemos alegremente embalados
no baloiço confortável do petróleo.
Agora temos que aprender com os nossos
próprios erros e encontrar novas
fórmulas e formas de produzir alimentos
e riqueza. E sobreviver.
F&N: Que futuro perspectiva para
a cultura angolana, de uma forma ge-
Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 47