CULTURALigada ao show bizz emAngola há mais de 20 anos,por meio da promotora StepModels, Karina Barbosa fazuma abordagem sobre omundo do espectáculo emépoca de Convid-19 e apontacaminhos.Sete meses depois da suspensãodas actividades artísticasculturais face aos primeirosdois casos registados no país,o Governo mudou as regrase determinou a reaberturadas salas, no entanto, KarinaBarbosa avança, em entrevistaà Figuras&Negócios sernecessário a estruturação eimplementação de um pacotefinanceiro para que se possareerguer o sectorCOVID-19 DEIXOU DERASTOS SHOW BIZZ ANGOLA50 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020
CULTURAFiguras&Negócios (F&N):Como encara a reaberturadas salas de espectáculos,depois de7 meses parados, e queperspectivas se abrempara os actores culturais?Karina Barbosa (KB)- Bom, qualquermedida é melhor do que medidaalguma... O nosso sector está paralisado7 meses, portanto deve imaginar quetem sido um ano bastante atípico e comdesafios enormes para mantermos asnossas empresas, estando impedidosde trabalhar... Por mais que as empresastenham um fundo de emergência,7 meses sem facturar, e com todos oscustos fixos com funcionários, rendasde instalações, impostos, despesas demanutenção, internet, etc, etc é muitoduro para qualquer negócio!F&N- Compensa ou nem por isso?Fundamente, por favor.KB- Cinquenta por cento da capacidadeseria bom, o problema é que temum limite máximo de 150 pessoas... Parase fazer um evento há imensos custos deprodução, e com apenas 150 lugares parase venderem bilhetes o custo do showfica muito caro para o cliente! Imagineque a produção do evento custa 10 milhõesde kwanzas, para uma sala de apenas150 pessoas cada bilhete irá custaraproximadamente 66.666 Kz, e este valorpor pessoa é muito elevado. Já o serianos anos anteriores, pior este ano comesta aguda crise económico-financeiraque o país atravessa aliada à constantedesvalorização da moeda e à elevada taxade despedimentos e desemprego... Esta éuma equação bastante difícil!F&N- Acha que, por exemplo, com50 % de lotação, os gastos de produçãopossam vir a ser maior do que asreceitas?KB- Obviamente que sim. 150 pessoasde público é muito pouco a um valorde bilheteira razoável que o público possapagar.F&N- Qual seria a solução?KB- Os eventos serem a 50% da capacidadedas salas como está a ser feitonos outros países da Europa, América,etc... Com distanciamento de 1 cadeiraentre as pessoas sim, com entrada faseadapor filas e todas as demais medidas debio-segurança.A solução passa também pelo Governoestruturar e implementar uma injecçãofinanceira ao sector para que ele sepossa reerguer tendo um fundo de maneiopara reiniciar as actividades, depoisde 7 meses paralisado durante os quaisesgotou os seus recursos de emergênciae quem sabe teve que recorrer empréstimospara sobreviver.“Eu amo produzireventos e trabalhar com epara o público, e é triste estarmosimpedidos de trabalharno que amamos“F&N- Como estão preparados paravoltar a entreter o público, sem deixarde cumprir com as normas impostas?KB- Estamos super preparados. Criaras condições de bio-segurança é a partemais fácil. Difícil é superar esta agudacrise financeira, as enormes quebras defacturação que as empresas que normalmentepatrocinam eventos também sofrerameste ano e que condicionam o seuapoio aos eventos e o público que estácom o poder de compra cada vez menordevido à desvalorização da moeda, aumentodo custo de vida, despedimentose desemprego.F&N- Qual é, nesta altura, a realidadedas empresas do sector do entretenimento?KB- Este ano foi um grande desafio.Felizmente eu em particular tenho outrosnegócios e fontes de rendimento,mas há projectos e eventos como shows,galas e teatro que tive que parar porqueficámos todos de mãos amarradas. Apeça que fiz dia 8 de Março, “Elas nãoprecisam de Homens?” que foi um enormeêxito e que tinha já uma tour agendadaincluindo datas em Moçambique ePortugal ficou sem efeito, o Moda Luandafoi obrigado a reformular-se paraformato televisivo sem público, perdendo-separtes importantes da experiênciaque é o mesmo como a emoçãodas entregas dos Troféus, a red carpet,a imprensa, as celebridades e fashionistasque anualmente marcam presençano Moda Luanda, enfim... Tinha tambémvárias palestras aliadas ao lançamentodo meu livro “BOSSLady- step by step:6 Passos Para Conquistares Sucesso eLiberdade” que não se puderam realizarcom muita pena minha, e que poderiamajudar e impactar centenas de pessoas...Eu amo produzir eventos e trabalharcom e para o público, e é triste estarmosimpedidos de trabalhar no queamamos. E muito triste foi também vertantos artistas, prestadores e serviços,empresas de estruturas, palco, luz, som,leds, modelos, protocolos, seguranças,DJs, barmen, empresas de catering, dedecoração, de geradores, e tantas outrasempresas e profissionais sem trabalho,sem cachets, sem agenda e a lutarempara sobreviver... Muitos colegas comas empresas falidas, outros forçados avender equipamentos para realizar liquidez,os cantores em casa sem shows,e muitos outros profissionais a abandonaremo país porque não aguentarameste forte embate e ficaram sem condiçõesde assegurar o pagamento das suascontas e necessidades essenciais comohabitação, escola dos filhos e alimentação.É lamentável vermos os sonhos daspessoas a morrer e vê-las perder o quelevaram anos e até décadas a construir!F&N- Há empresas falidas ou emvias de decretar falência?KB- Muitas!!! não só de eventoscomo dos colegas da publicidade, aluguerde estruturas, empresas de luz,som e leds, empresas de segurança, discotecase bares, empresas de catering...muito triste.F&N- Quantos profissionais dosector terão sido despedidos, porcausa dos constrangimentos da Covid-19em Angola?KB- Largas centenas com toda a certeza!!!Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020 51