PAGINAÇÃO 205
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ÁFRICA
ÁFRICA DO SUL
KGALEMA ALERTA
PARA PERIGO
DE GUERRA CIVIL
Face à violência racial na África
do Sul,o antigo Presidente do
País, Kgalema Motlanthe alertou,
no meio de Outubro,para o facto
poder desencadear instabilidade
no País. Kgalema,que serviu o País
como terceiro Presidente da África
do Sul,enfatizou que a situação social
e política actual “pode agravar-se ao
ponto de evoluir para uma guerra
civil,salientando que “os direitos dos
agricultores devem ser protegidos
,e a sua segurança também deve ser
garantida.
“Esses agricultores são ex-soldados
porque vieram de um passado
de colapso militar e podem estar ar
mados”,declarouKgalemaMotlanthe
ao canal de televisão por cabo sul-
-africano Newsroom África retomado
pela agência Reuters.O político
sul africano referia-se aos últimos
episódios de violência racial no País
após o brutal assassínio do jovem
agricultor branco,22 anos,BrendinH
orner,presumivelmente por dois homens
negros em Paul Roux,uma localidade
próxima de Senekal,no Estado
Livre,a mais de 200 kilometros
a sudoeste de Joanesburgo.
De acordo com um porta-voz da
Polícia,os dois homens,de 34 e 43
anos respetivamente,foram presos
no último 3 de Outubro,um dia depois
de o corpo do jovem agricultor
ter sido encontrado pela polícia
pendurado num poste de luz num
terreno próximo da fazenda agrícola
onde trabalhava como gerente.
O adiamento do julgamento,em
17 de Outubro,motivou manifestações
de centenas de agricultores
armados do Estado Livre,que
saíram à rua em protesto contra
o agravamento da violência
e criminalidade na área,a confrontar
a Polícia no Tribunal de
Senekal,invadindo a cela do tribunal
onde estavam os dois suspeitos
do homicídio do jovem agricultor.
Um dos homens suspeito do homicídio
de BrendinHorner já havia
sido detido por dezasseis vezes por
vários crimes,incluíndo roubo de
gado,tendo sido condenado a 18
meses de prisão num dos casos e a
12 meses noutro,segundo o Ministro
da Polícia,Bheki Cele.
O Presidente da África do
Sul,CyrilRamaphosa,apelou a calma
após episódios de violência
racial,afirmando que “as tensões
são uma triste memória de que a
África do Sul ainda está a recuperar
do regime do “apartheid””.
A mensagem do Chefe de Estado
surgiu após uma semana que
culminou com uma acusação de
terrorismo,apresentada pelo Ministério
Público sul-africano contra
um empresário local por alegadamente
liderar a manifestação de
agricultores brancos que incendiou
uma viatura da Polícia a porta do
tribunal onde os suspeitos negros
do assassinio do jovem agricultor
branco estavam a ser ouvidos.
O Presidente Ramaphosa sublinhou
que no contexto de alta criminalidade
que afecta o país,a maioria
das vítimas de crimes violentos
continua a ser negros e pobres.O
brutal assassinio deste jovem agricultor
branco,presumivelmente
por homens negros,seguido do espetáculo
de agricultores brancos
a invadir uma esquadra de Polícia
para atacar um suspeito negro,é
uma sequência que reabre feridas
que remontam a gerações atrás”..
afirmou o Chefe de Estado.
72 Figuras&Negócios - Nº 205 - OUTUBRO 2020