RCIA - ED. 157 - AGOSTO 2018
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
“A gente tinha o hábito de ir à<br />
matiné aos domingos, passando<br />
pela Rua 2, entre a Avenida<br />
Osório e Barroso. Ali era um<br />
sobradinho. Ouvi um barulho de<br />
música; era uma bateria e de<br />
vez em quando o som de uma<br />
guitarra bem destonada. Algum<br />
tempo depois fui ver que era um<br />
pessoal que morava alí e onde<br />
mais tarde virou uma choperia<br />
(Bilica); antes, um depósito,<br />
extensão da antiga Casa Costa”<br />
O engenheiro<br />
civil Vilcides<br />
Pedro, em sua<br />
casa na Vila<br />
Xavier<br />
É assim que Vilcides J. A. Pedro,<br />
um dos integrantes do The Snakes começa<br />
a narrar a história de fundação<br />
do grupo musical que abalou a cidade<br />
no início dos anos 60. Araraquara,<br />
emergente para os padrões da época<br />
com seus 60 mil habitantes, já estava<br />
configurada como verdadeiro centro<br />
de talentos artísticos.<br />
Vilcides lembra que naquele local<br />
morava a família do Cláudio de Almeida,<br />
além do velho Caiuby. Foi lá que<br />
ele bateu e disse ao Cláudio, o primeiro<br />
a sair: “Sou músico e gostaria<br />
de ouvir o que vocês estão tocando”.<br />
Ele diz que o Cláudio pediu para<br />
entrar, onde então encontra Luiz Antônio<br />
Pavan com uma guitarra caseira,<br />
molecote mas dedicado ao extremo<br />
no estudo, não falhando em nenhuma<br />
nota muical. No primeiro contato com<br />
o grupo, Vilcides observou um saxofone<br />
- quem tocava era um garoto chamado<br />
Paulo - tinha o Wilson Orselli,<br />
que cantava no programa do Denisar<br />
Alves, na Rádio A Voz da Araraquarense.<br />
Entre uma lembrança e outra,<br />
pois são 55 anos, ele se recorda de<br />
Djalma do Carmo Ferreira, colega de<br />
Engenharia, também cantor no grupo.<br />
Naquela rodinha de amigos formados<br />
em tão pouco tempo, estava José Carlos<br />
Terezani, o contra-baixista.<br />
Nessa história toda eu cheguei<br />
com o trumpete (piston), argumenta<br />
Vilcides, declarando estar constituído<br />
o conjunto The Snakes que foi fazer<br />
sua primeira apresentação em junho<br />
na quadra do Colégio São Bento, em<br />
uma festa junina. Era o Baile The Winter<br />
Bossa Nova Day (Bossa Nova em<br />
dia de inverno), organizado por José<br />
Ignácio Pizanni, aluno do São Bento<br />
(hoje dono da TV Clube em Ribeirão).<br />
Logo após sua estreia o conjunto<br />
teve sua primeira baixa: a saída de<br />
Paulo, que tocava sax. O grupo passou<br />
a se apresentar com cinco elementos,<br />
recorda Vilcides.<br />
As dificuldades enfrentadas nos<br />
meses seguintes não chegaram a desestruturar<br />
“os cobras”, pois sendo<br />
menores, chegou a hora do alistamento<br />
militar: primeiro o Wilson Orselli,<br />
depois o Pavan, em seguida o<br />
Vilcides e o Cláudio: “Não tinha jeito<br />
de fugir e fomos nós para o Tiro, ali na<br />
Rua Expedicionários do Brasil. Uma<br />
ou outra apresentação só mesmo no<br />
meio de semana pois fatalmente as<br />
instruções militares aconteciam aos<br />
sábados e domingos.<br />
À esquerda, o cartaz<br />
mostrando The Snakes; à<br />
direita, o compacto duplo<br />
gravado em 1967<br />
|78