Boletim BioPESB 2018 - Edição 31
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Boletim Biopesb
Ciência, meio meio ambiente e e cidadania em em suas suas mãos
ISSN - 2316-6649 - Ano 8 - Nº 31 - 2018
~ ,
Educacao , cientifica
e ambiental nas escolas
Esta edição faz parte de uma iniciativa
do BioPESB que visa divulgar e estimular
iniciativas pedagógicas que buscam o interesse
dos estudantes pela ciência para a solução de
problemas ambientais.
Sementes do
amanha ~
Escola Municipal Maria Auxiliadora G. B.
Bonato desenvolve projeto de reciclagem em
Rosário da Limeira.
Página 3
Instituto
pagus
Organização sem fins lucrativos desenvolve
projeto de ecologia, cultura e cidadnia em
Simonésia.
Página 4 e 5
horta na
escola
Recurso educacional e
financeiro utilizado pela
EE São Pedro do Glória
em Fervedouro.
, ConVida e
arvore dos
sonhos
Escola Municipal
Coronel João Vieira em São
Sebastião da Vargem Alegre
junta sonhos e sensibilização
ambiental
Viagem ,
pedagogica
ao pesb
EFA Puris, em Araponga,
leva seus alunos a
desvendarem uma das
trilhas do PESB
Página 6 Página 7 Página 8
FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
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EscolasNoPESB Ano 8, n°31 - Pág 2
João Paulo Viana Leite
Vivemos atualmente a
sociedade do conhecimento,
onde as descobertas
nas áreas de ciência
e tecnologia apesar de
serem promissoras para a
melhoria da humanidade,
também podem causar
danos ao meio ambiente
e propiciar maior exclusão
social. Esta visão reforça a
importância da educação
científica já nos primeiros
anos das escolas, de forma
a contribuir para a formação
de um cidadão participante
e bem informado
sobre os impactos da
ciência no seu meio. Neste
contexto, a popularização
e democratização da ciência
atuam como mecanismo
de participação social,
exercendo a orientação
do cidadão quanto às suas
opções morais e políticas
decorrentes dos impactos
da ciência e tecnologia em
sua vida.
A precária educação
científica detectada nos
países em desenvolvimento,
como o Brasil, vem comprometendo
ainda mais a
desigualdade social e a
deterioração ambiental.
Segundo a Declaração de
Budapeste sobre a Ciência,
a UNESCO enfatiza que
“a distância entre pobres
e ricos não se deve meramente
ao fato dos pobres
possuírem menos bens, mas
também de eles serem, em
boa parte, excluídos da
criação e dos benefícios
A educação científica nas escolas:
inovar para transformar
Boletim Biopesb
Redação: Baeta Neves, Jéssica Silva,
João Paulo Viana Leite,
Rafael Mendes Teixeira
Produção: Rafael Mendes Teixeira
Diagramação: Jéssica Silva
www.biopesb.ufv.br
do conhecimento científico”.
Este quadro se agrava
quando levamos em consideração
o ensino de ciência
nas escolas brasileiras.
Pelo último Programa Internacional
de Avaliação de
Estudantes (PISA), realizado
com jovens de 15 e 16
anos em 70 países, o Brasil
alcançou 63ª posição no
conhecimento de ciência.
Em territórios de rica biodiversidade
como da Serra
do Brigadeiro, as escolas
representam o eixo central
para a busca de um
meio ambiente sustentável
e de desenvolvimento social
e econômico para a
região, pois constituem a
base para a construção do
conhecimento dos seus moradores.
Neste contexto,
foi pensado e estruturado
esta edição do BioPESB. De
acordo com a educadora
Glaci Zancan, “o ensino
de ciência deve cultivar a
imaginação e criatividade
de forma a propor novos
paradigmas para a uma
educação transformadora”.
Nesta edição, você estará
conhecendo exemplos
de práticas educacionais,
onde o ensino de ciência
deixa ser meramente informativo
para ser criativo
e transformador. Por trás
desses projetos estão educadores
que propuseram
novas experiências pedagógicas
aos seus alunos
e que podem servir de inspiração
para outros(as)
professores(as) da região.
Dessa forma, o BioPESB dá
mais um importante passo
para impulsionar debates
sobre a forma que se
pratica a educação científica
nas escolas da região,
de forma a motivar também
na formação de novos
pesquisadores locais.
Esta prática complementa
a de popularização da
ciência já implementada
pelo Boletim BioPESB, auxiliando
o cidadão a julgar
a pertinência dos projetos
de pesquisa e impactos
tecnológicos ocorrentes na
região.
Se você educador(a) também
desenvolve alguma
prática inovadora na educação
científica, entre em
contato conosco. A sua
iniciativa pode servir de
inspiração para outros colegas.
Editores-Chefes: João Paulo Viana Leite e
Tiago Antônio de Oliveira Mendes
Telefone: (31) 3899-3044
E-mail: biopesbufv@gmail.com
Endereço: Departamento de Bioquímica e
Biologia Molecular - UFV
CEP 36570-900, Viçosa - MG - Brasil
Tiragem: 1.000 exemplares
Apoio: Projeto financiado pelo Edital de
Popularização da Ciência, da Tecnologia e
da Inovação da Fapemig
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EscolasNoPESB
Jéssica Silva
Sementes do Amanhã
um projeto que une o conhecimento e a
preservação ambiental
Ano 8, n°31- Pág 3
Ao ir no mercado, você
já deve ter reparado na
enorme quantidade de
produtos cuja embalagem
é feita em alumínio. São
bebidas, molhos, conservas
e diversos outros produtos
que são armazenados
nessas embalagens. Para
termos uma ideia, em média,
o brasileiro chega a
consumir 117 latinhas de
alumínio para bebidas por
ano, número bem abaixo
das 375 consumidas pelos
americanos, segundo a
Associação Brasileira de
Alumínio (ABAL). Com esse
enorme número de material
sendo jogado fora, a
reciclagem torna-se nossa
melhor amiga no combate
desse lixo.
Para estimular a reciclagem
do material na cidade
de Rosário da Limeira, localizada
no território rural
da Serra do Brigadeiro, a
Escola Municipal Maria
Auxiliadora G. B. Bonato,
em 2017, criou o Projeto
“Sementes do Amanhã”,
coordenado por José Víctor
Arêdes Façanha e
Simone Vicente Santos,
voltado para a temática
da sustentabilidade, envolvendo
professores e
alunos. Cada professor
desenvolve dentro de sua
própria disciplina temas
que envolvam assuntos
como impacto na natureza
Imagem: reprodução
Imagem: reprodução
do descarte inadequado,
composições químicas dos
produtos, lucros e prejuízos
da produção e reciclagem
das latas.
A fim de deixar ainda
mais prático, uma gincana
foi promovida entre
os alunos do 5º ao 9º do
Ensino Fundamental, onde
confeccionaram um Robô
chamado ECO para ser o
mascote e uma moeda do
projeto, a ECOMOEDA.
A cada 70 latinhas que a
sala entregasse ao posto
de coleta, a mesma recebia
uma moeda simbólica.
A sala que mais arrecadou
latinhas ganhou um jantar
dançante com churrasco,
sobremesas e discoteca
com drinks sem álcool.
Todas os lacres foram
doados ao Lions Clube
para aquisição de cadeiras
de roda e as latinhas
vendidas para arrecadar
recurso para a escola. Com
o dinheiro, foi possível criar
uma sala de jogos na Escola,
composta por 2 totós, 1
tênis de mesa, mesa para
jogos de cartas e tabuleiro,
mesa de futebol de
botão e alguns brinquedos.
Para aprimorar o projeto,
abrangendo a importância
da preservação e cuidado
com o meio ambiente,
os professores montaram
uma oficina de brinquedos
a partir de material
reciclável. Assim, o trabalho
de sensibilização foi e
continua sendo realizado
com sucesso. Agora a escola
se encontra mais limpa
e com pouco lixo espalhado
pelas áreas comuns. Os
professores acreditam que
a sementinha plantada e
bem cuidada, gera frutos
que alimentam os alunos
com conhecimento e respeito
ao próximo e ao
meio ambiente.
Saiba mais
Responsável: Prof. José
Victor Aredes
Endereço: R. Cônego
Américo Duarte - Vital,
Rosário da Limeira - MG,
Contato:
(32) 3723-1294
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EscolasNoPESB
Prof. Baeta Neves
Ano 8 n°31 - Pág 4
Instituto Pagus: ecologia, cultura e
cidadania
O
termo “Pagus” é de
origem latina e significa:
natureza, campo.
Era o local habitado e
venerado pelos Druidas,
povos de origem indo-européia.
Os Druidas acreditavam
na sacralidade da
natureza e de todas as
formas de vida. Hoje, o
maior papel de um Druida
é transformar e interagir
com o mundo para que ele
seja um lugar mais equilibra,
mais puro e respeitado.
Como um antigo sábio,
Druida cuida de seu mundo,
seu lar na natureza e
sua cone-xão com o conhecimento
e a cura do nosso
planeta.
Os fundadores e colaboradores
do Instituto Pagus:
ecologia, cultura e
cidadania - têm como principal
missão a valorização
da vida por meio do
desenvolvimento de atividades
de ensino, pesquisa
e extensão.
Sediada em Simonésia
(MG), o instituto Pagus (IP)
é uma organização nãogovernamental
sem fins lucrativos.
O IP nasceu informalmente
no ano de 1998,
quando um grupo de professores
começou a se reunir
e realizar atividades
voltadas para educação
ambiental. Durante este
período foram realizados
dois fóruns, o I Fórum de
Interpretação Ambiental
em Unidades de Conservação
(2005) e o II Fórum
de Discussão em Unidades
de Conservação: educação
ambiental e cidadania
(2008).
A formalização do Instituto
Pagus ocorreu em agosto
de 2010. Os trabalhos
realizados na área de divulgação
científica, cultural
e em educação ambiental
contribuíram para que o IP,
ainda no primeiro ano de
funcionamento, obtivesse o
reconhecimento da comunidade
simonesiense como
entidade pública municipal
e estadual.
Desde a sua fundação, o
Instituto Pagus já realizou
oito mostras de divulgação
científica (MOSIT/SSIMCT-
2011 a 2017), oficinas
de carnaval ecológico
Imagem: reprodução
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EscolasNoPESB
Ano 8, n°31- Pág 5
(2011), um passeio ciclístico
(2012), trabalhos de
educação ambiental para
comunidades e professores
sobre o corredor
ecológico Sossego-Caratinga
(2012/ 2015/2016)
e a criação de uma biblioteca
comunitária (BCP)
com mais de 370 leitores
inscritos. Organizou também
atividades de campo
para docentes e discentes
em áreas de preservação
no município e caravanas
para exposição em Belo
Horizonte, São Luís e Recife.
Além disso, o IP realiza
consultorias ambientais,
recuperação de áreas
degradadas, estudos e
relatórios de impacto
ambiental, cursos de capacitação
para empresas,
prefeituras e instituições
de ensino (educação ambiental,
marketing verde,
formação de educadores),
entre outros.
Através dessas ações, o
Instituto Pagus vem obtendo
resultados significativos,
pois pode-se observar
uma participação da
população nos projetos
ecológicos. Percebe-se
um incentivo e inclusão
de estudantes e professores
no processo contínuo
de envolvimento com
a ciência no município
de Simonésia e adjacências.
Observa-se assim,
uma conscientização de
jovens, adultos e crianças
a buscar uma melhor
qualidade de vida para
o município.
Imagem: reprodução
Saiba mais
Endereço: Av. Gov.
Valadares, 108 -
Centro, Simonésia
- MG
Contato:
(33) 3336-1429
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EscolasNoPESB
Jéssica Silva
Horta como recurso
educacional e financeiro
Ano 8, n°31 - Pág 6
Horta é um local onde
são cultivados legumes
e hortaliças, podendo
ser encontrada em
espaços abertos, prédios
ou até mesmo em residências.
Geralmente, utilizada
como um recurso econômico,
sustentável e saudável,
quem opta por cultivar
esse espaço, tem como objetivo
a colheita de frutas e
legumes frescos e orgânicos
no quintal de casa durante
o ano todo. Alface,
cogumelo, mandioquinha,
pêssegos e tomate cereja
são alguns dos possíveis
alimentos encontrados em
uma horta.
Com o objetivo de driblar
dificuldades no abastecimento
de alimentos, a
Escola Estadual São Pedro
do Glória, localizada
no distrito homônimo do
município de Fervedouro,
Minas Gerais, optou pela
criação e cultivo da horta
em seus ambientes escolares.
O projeto faz parte
de uma iniciativa de educação
ambiental, desenvolvimento
sustentável e
economia solidária para
os alunos da Educação
Integral e integrada, que
abrange crianças e adolescentes
dos 7 aos 14
anos, compreendendo o
Ensino Fundamental I e II.
Atualmente, a escola possui
três hortas: uma localizada
em sua sede e outra
em um ambiente externo,
ambas no distrito de São
Pedro do Glória. A terceira
horta encontra-se no
distrito de Samambaia.
Orientada e sob responsabilidade
de todo o corpo
docente escolar, as hortas
têm como finalidade manter
alimentos saudáveis na
merenda escolar, enquanto
sensibiliza alunos acerca
da importância de se consumir
produtos sem adição
de compostos químicos. O
projeto também oferta oficinas
com acompanhamento
pedagógico, sempre
preocupados em atender
as necessidades e realidades
de seus alunos, que
são da zona rural.
Há 11 anos com o projeto
de pé, crianças e adolescentes
da região saem
das ruas e permanecem
no ambiente escolar por
períodos integrais, tendo a
oportunidade de aprender
de maneira diversificada e
atrativa. Elas estão envolvidas
em todo o processo
de cultivo, desde o preparo
do terreno ao plantio
e manuseio dos alimentos
colhidos.
Assim, a Escola Estadual
de São Pedro do Glória
encontrou uma maneira de
amenizar as dificuldades
financeiras, enfrentadas
devido a problemas no
repasse de verbas, enquanto
permanece firme
no seu papel de formação
intelectual e moral dos cidadãos.
Saiba mais
Responsável: Prof. Joana
Paula
Endereço: Pça Silvino
Nazaré, 71 - Centro -
Fervedouro - MG
Contato:
(32) 3742-2040
Imagem: reprodução
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EscolasNoPESB Ano 8, n°31 - Pág 7
ConVida e a árvore dos sonhos
Jéssica Silva
Rafael Mendes
Em São Sebastião da
Vargem Alegre, município
da Zona da Mata
mineira, com uma população
residente de cerca
de três mil habitantes, conversamos
com a Professora
Rafaela Fonseca, que faz
parte da equipe docente
da Escola Municipal Coronel
João Vieira. Rafaela
nos contou sobre a proposta
educacional que busca
difundir e trabalhar com os
alunos. O projeto visado na
educação ambiental recebeu
o nome “ConVida”, a
fim de dar vida a escola e
convidar a comunidade local
a se juntar a esse ambiente.
Rafaela Fonseca e Carla
Massi, ambas professoras
da área de Ciências, tomaram
a frente do projeto que
começou dentro da sala
de aula. O assunto da importância
da preservação
do meio ambiente sempre
esteve em pauta e para a
primeira atividade, os alunos
precisaram entrevistar
toda a comunidade escolar,
incluindo professores,
funcionários da limpeza e
cozinha, secretários e os
demais alunos. Baseados
nessa atividade prática,
os alunos montaram uma
“árvore dos sonhos”, que
continha sonhos de todos
aqueles que participaram
da pesquisa. A partir
desse compilado de desejos,
as professoras fizeram
um levantamento daquelas
que seriam possíveis de se
concretizar.
Limpeza, cor e vida eram
os sonhos mais frequentes
pelas crianças, por isso
a escola foi em busca de
ajuda para alcançá-los.
Fizeram uma gincana para
a coleta de material para
limpar o muro e pintá-lo,
mudas para o cultivo de
um jardim e plantio de
árvores na escola e no entorno.
Toda as ações envolveram
alunos, professores
e funcionários, permitindo
que todos se unissem em
prol de uma única causa.
Com essa iniciativa, foi
possível alimentar uma
consciência ambiental nos
alunos que hoje se dedicam
aos cuidados do jardim
e das árvores. Para o segundo
semestre, o projeto
implantará uma composteira,
um rico ecossistema
que possibilita reutilizar os
nutrientes contidos nos materiais
orgânicos descartados
para formar adubo, o
qual permite uma destinação
mais adequada e útil
dos resíduos orgânicos que
utilizamos. Assim, os alunos
poderão aprender a como
separar os resíduos produzidos
na escola, em seco e
úmido, além de saberem
a razão e a importância
da tarefa de separar os
materiais orgânicos, como
cascas de frutas, verduras
e outros rejeitos alimentares,
como por exemplo
o pó de café, sachês de
chá, casca de banana e
cascas de mandioca de
outros tipos de resíduos
que produzimos. Com essa
iniciativa, alunos e demais
envolvidos farão uma destinação
e descarte mais
consciente dos resíduos que
produzem diariamente,
além de contribuir para a
diminuição do acúmulo de
materiais descartados em
aterros e ajuda a reduzir
os resíduos e emissões de
gases do efeito.
Saiba mais
Responsáveis: Prof. Carla
Cristina Massi e Rafaela
Fonseca da Silva
Endereço: R. Salvador José
Massi, s/n - São Sebastião
da Vargem Alegre - MG
Contato:
(32) 3426-7165
Imagem: reprodução
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EscolasNoPESB
Viagem Pedagógica ao PESB
Jéssica Silva
Rafael Mendes
A
Trilha do Carvão,
situada no Parque
Estadual da Serra do Brigadeiro
entre os municípios
de Araponga e Fervedouro,
tem aproximadamente
7km de extensão
com caminhada de aproximadamente
uma hora, sem
presença de grandes obstáculos
ou subidas acentuadas.
O percurso é rodeado
pela vegetação de Mata
Atlântica abundante que
proporciona boa sombra
aos visitantes. Durante o
percurso é possível observar
a maior espécie existente
de plantas vasculares
sem sementes (Pteridófitas),
a Samambaiaçu ou
Xaxim; aves raras como a
Araponga e o Trinca-ferro
e, em determinado momento
da trilha, pode-se
avistar a Serra das Cabeças
ao longe.
Além da biodiversidade,
o que chama a atenção
no local é seu contexto
histórico que vem antes
mesmo do Parque ter sido
estabelecido e que dá
nome a atração. A trilha
recebeu o nome de Trilha
do Carvão devido a empresas
que transformaram
a floresta original em
carvão, sendo a floresta
atual, na verdade, uma
mata secundária. A Companhia
Belgo Mineira explorava
madeira naquelas
terras e transitava transportando
lenha e carvão
com caminhões pela atual
EFA Puris na Trilha do Carvão
trilha. Assim, existem ruínas
de fornos de carvoaria e
um chassi de carreta abandonado,
em bom estado
de conservação, o qual
foi deixado durante uma
fuga, na época em que
a extração de madeira
tornou-se ilegal. Agora, a
carcaça do caminhão causa
um contraste com toda
aquela densa mata a sua
volta.
Devido aos diversos fatores
biológicos e históricos
da trilha, ela atrai
diversos turistas e escolas
da região. Uma delas é a
Escola Família Agrícola,
ou EFA, escola de zona rural
que funciona na comunidade
de São Joaquim no
bairro de Novo Horizonte,
no município de Araponga.
Dedicada a receber alunos
que vivem e trabalham
no campo e nas terras de
suas famílias, adotou a estratégia
da Pedagogia da
alternância de Paulo Freire
para proporcionar uma
possibilidade de que todos
consigam conciliar os estudos
com suas tarefas.
Dentro do Projeto Político
Pedagógico (PPP) da
escola, surgiu a Trilha do
Carvão, atividade em que
alunos se aventuram pela
trilha. Toda a escola assume
a responsabilidade
pelas saídas, incluindo os
professores, que preferem
se autointitular monitores,
uma vez que seguem o
ideal da escola, onde todos
aprendem de forma
conjunta, compartilhando
saberes. Assim, não reforçam
a figura de um professor
como detentor único do
conhecimento.
Apesar da escola contar
com poucos recursos,
os monitores acreditam
em uma escola da vida, a
qual vai além da sala de
aula, onde é importante
o “Conhecer para aprender”,
sendo os mais diversos
ambientes considerados
espaços pedagógicos.
Além dessa atividade da
disciplina de Turismo Rural,
todas as outras se empenham
em tentar realizar
Ano 8, n°31 - Pág 8
atividades semelhantes. As
disciplinas procuram trabalhar
de forma conjunta
para a realização das visitas,
assumindo um pensamento
comum de que esse
tipo de ação contribui muito
para a formação dos
estudantes.
Segundo a monitora
Ivanete: “Quando os estudantes
conhecem esses locais,
eles adquirem outra
visão, outra perspectiva
de entendimento e um
sentimento em relação a
história, as pessoas e o ambiente
daquele local. São
assuntos e discussões que
não aparecem nos livros
didáticos”.
Saiba mais
Responsáveis: Prof.
Ivanete Maceto Freitas
Endereço: Comunidade
Novo Horizonte - São
Joaquim -Zona Rural de
Araponga, MG
Contato:
(31) 3894-1190
Imagem: reprodução
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