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Boletim BioPESB 2015 - Edição 19

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<strong>Boletim</strong> Biopesb<br />

Ciência, meio ambiente e cidadania em suas mãos ISSN - 2316-6649 - Ano 5 - Nº <strong>19</strong> - <strong>2015</strong><br />

ação comunitária ensina professores e alunos a<br />

abraçar e proteger as matas<br />

Uma das estratégias<br />

de proteção à<br />

natureza é a conscientização.<br />

Foi pensando<br />

nisso que a equipe do<br />

Parque Estadual Serra<br />

do Brigadeiro realizou<br />

a Ação Comunitária<br />

Ambiental do Previncêndio.<br />

Professores e<br />

alunos da rede municipal<br />

e estadual do<br />

distrito de Belisário puderam<br />

aprender mais<br />

sobre as consequências<br />

de incêndios na<br />

mata e foram conscientizados<br />

sobre a importância<br />

do Parque.<br />

Debates, dinâmicas<br />

e atividades de<br />

lazer alertaram os participantes<br />

sobre o atual<br />

cenário do meio ambiente<br />

que os cerca. Além<br />

disso, foram distribuídos<br />

Boletins <strong>BioPESB</strong><br />

e o livro “Cairara da<br />

Serra do Brigadeiro”.<br />

Participaram<br />

da organização das<br />

atividades membros da<br />

Brigada e funcionários<br />

do Parque Estadual<br />

Serra do Brigadeiro.<br />

Confira na página 8<br />

como foi a Ação.<br />

museus da ufv<br />

A Univerisdade Federal de Viçosa possui oito<br />

museus e espaços de ciência, um deles é o<br />

Museu de Ciências da Terra Alexis Doroffef.<br />

Uma das atividades realizadas por ele é o<br />

Programa Novos Talentos.<br />

Saiba mais nas páginas 2 e 3<br />

trinca-ferro<br />

Também chamado de<br />

bico-de-ferro, temperaviola,<br />

pixarro, pipirão,<br />

estevo e papa-banana,<br />

ele encanta a todos por<br />

sua beleza e canto.<br />

Confira na página 7<br />

popularização da ciência<br />

Levar as descobertas científicas<br />

para a sociedade é de extrema<br />

importância para a comunidade<br />

acadêmica. Existem<br />

muitos espaços que disseminam<br />

essa popularização.<br />

Confira nas páginas 4 e 5<br />

entrevista<br />

O Manuel é zelador do PESB, entende tudo de<br />

plantas medicinais, gosta de plantar em suas terras,<br />

tem experiência como peão, e diz que faz de tudo<br />

um pouco. A equipe <strong>BioPESB</strong> soube que o Manuel<br />

dos Santos Leite também é parteiro de vacas, e foi<br />

entrevistá-lo.<br />

Confira a entrevista na página 6<br />

PROGRAMA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA MEC/SESu


MeioAmbiente<br />

Museu da UFV é referência em<br />

popularização de conhecimento<br />

Iorrana Vieira<br />

Paula Sudré<br />

Além do objetivo<br />

de preservar a memória<br />

e cultura de um povo, os<br />

museus são também espaços<br />

de convívio e interação,<br />

de construção<br />

de conhecimentos. O<br />

Museu de Ciências da<br />

Terra Alexis Dorofeef<br />

(MCTAD), ligado ao Departamento<br />

de Solos<br />

da Univerdidade Federal<br />

de Viçosa, procura<br />

despertar a curiosidade<br />

e o interesse das pessoas<br />

pelo que existe e<br />

acontece em nosso planeta,<br />

tendo como principais<br />

elementos os solos,<br />

as rochas e os minerais.<br />

Para a curadora<br />

do museu, Professora<br />

Cristine Muggler, a<br />

prática pedagógica do<br />

MCTAD é diferenciada,<br />

pois “busca a construção<br />

do conhecimento por<br />

meio do diálogo e da<br />

troca de saberes e experiências”.<br />

Mas grande<br />

parte das atividades do<br />

museu são desenvolvidas<br />

fora do seu espaço físico.<br />

Todos os anos, oficinas e<br />

cursos de temas ligados<br />

às Ciências da Terra são<br />

oferecidos para diferentes<br />

públicos em eventos<br />

e encontros científicos<br />

em Viçosa e outras cidades.<br />

Além disso, as<br />

exposições itinerantes<br />

do museu promovem<br />

ações educativas e de<br />

divulgação científica em<br />

diferentes lugares.<br />

A professora conta,<br />

ainda, que foi criado<br />

o Programa de Educação<br />

em Solos e Meio<br />

Ambiente (PES), que vem<br />

sendo desenvolvido junto<br />

ao Departamento de Solos,<br />

na Universidade Federal<br />

de Viçosa. O PES<br />

é um programa interdisciplinar<br />

que envolve<br />

estudantes, professores<br />

e técnicos de diferentes<br />

áreas do conhecimento<br />

da UFV, com o objetivo<br />

de trabalhar temas de<br />

Solos e Meio Ambiente<br />

no contexto da educação<br />

formal e informal.<br />

O programa desenvolve<br />

um conjunto de<br />

ações que garantem uma<br />

boa atuação no processo<br />

de desenvolvimento<br />

da educação científica<br />

e ambiental em Viçosa<br />

e suas redondezas.<br />

Ano 5, n°<strong>19</strong> - Pág 2<br />

Editorial<br />

<strong>Boletim</strong> Biopesb<br />

Redação: Alunos do PET- Bioquímica da UFV<br />

(Danilo Santos, Graziela Paulino, Helaindo<br />

Júnior, Higor Pereira, Iorrana Vieira, Isabella<br />

Costa, Isabela Paes, Isabella Britto, Laisse<br />

Lourenço, Joana Marchiori, Paula Sudré,<br />

Renato Senra e Thaís Martins).<br />

Projeto Gráfico : Thamara Pereira<br />

Diagramação: Ana Paula Abreu<br />

Revisão: Joana Marchiori<br />

www.biopesb.ufv.br<br />

Editor-Chefe: João Paulo Viana Leite<br />

Telefone: (31) 3899-3044<br />

E-mail: biopesbufv@gmail.com<br />

Endereço: Departamento de Bioquímica e<br />

Biologia Molecular - UFV<br />

CEP 36570-900, Viçosa - MG - Brasil<br />

Tiragem: 1.000 exemplares<br />

Apoio: Pró-Reitoria de Extensão e Cultura<br />

(PIBEX)-UFV<br />

Apoio: Programa de Extensão Universitária<br />

MEC/SESu - PROEXT


Imagem: reprodução<br />

MeioAmbiente<br />

Iorrana Vieira<br />

Paula Sudré<br />

Pelo Programa<br />

Novos Talentos da UFV,<br />

do Ministério da Educação,<br />

a equipe do<br />

Museu tem contribuído<br />

para a qualificação e<br />

fortalecimento da educação<br />

básica na Zona<br />

da Mata de Minas<br />

Gerais. Isso é realizado<br />

através da promoção<br />

e criação de ambientes<br />

interativos entre<br />

a educação superior<br />

e a educação básica.<br />

O Programa é<br />

dividido em quatro subprojetos,<br />

dentre eles<br />

está inserido o seguinte<br />

subprojeto “Solos e<br />

agroecologia: transversalidade<br />

e abordagem<br />

socioambiental nas<br />

ciências da natureza”,<br />

um curso presencial de<br />

40 horas que promove<br />

a troca de saberes com<br />

professores, abrangendo<br />

as áreas de solos e<br />

agroecologia. Ao abordar<br />

esses temas, o grupo<br />

almeja o fortalecimento<br />

e a promoção da<br />

prática agroecológica<br />

em suas dimensões sociais,<br />

culturais e políticas,<br />

propagando a prática<br />

da agroecologia como<br />

alternativa ao predominante<br />

modelo de<br />

agronegócio dos dias<br />

atuais. As atividades<br />

propostas pelo primeiro<br />

curso em 2014 foram<br />

estruturadas em oito<br />

módulos e contou com<br />

a participação de seis<br />

municípios da Zona da<br />

Mata Mineira: Arapon-<br />

Ano 5, n°<strong>19</strong> - Pág 3<br />

Programa Novos Talentos, desenvolvido pelo Museu,<br />

ajuda a capacitar professores da região<br />

ga, Cajuri, Canaã,<br />

Coimbra, São Miguel<br />

do Anta e Teixeiras.<br />

A Educação em Solos<br />

busca conscientizar as<br />

pessoas sobre a importância<br />

do solo em<br />

sua vida. Tal elemento<br />

é entendido como componente<br />

essencial do<br />

meio ambiente, fundamental<br />

à vida, que deve<br />

ser conservado e protegido<br />

da degradação.<br />

Nesse quesito,<br />

Uma das dinâmicas realizadas no Programa Novos Talentos na edição de 2014<br />

Nos dias do curso, os participantes realizam várias atividades<br />

a educação tem como<br />

objetivo geral sensibilizar<br />

a todos em relação<br />

ao solo e promover o interesse<br />

para sua conservação.<br />

Com esse projeto,<br />

buscou-se construir a<br />

maior compreensão do<br />

solo como componente<br />

essencial do meio ambiente;<br />

atentar as pessoas<br />

para a degradação do<br />

solo, desenvolvendo a<br />

conscientização e, acima<br />

de tudo, popularizar o<br />

conhecimento científico<br />

a respeito do assunto.<br />

Nas imagens do<br />

curso em 2014, é possível<br />

perceber a variedade<br />

de atividades<br />

realizadas pelos participantes<br />

do evento,<br />

como dinâmicas,<br />

caminhadas e visitas.<br />

Para saber mais<br />

sobre o Museu<br />

de Ciências da Terra<br />

Alexis Dorofeef,<br />

acesse:<br />

www.mctad.ufv.br<br />

Imagem: reprodução


Ciência<br />

Ano 5, n°<strong>19</strong> - Pág 4<br />

Espaços de popularização da ciência levam<br />

as descobertas científicas para a sociedade<br />

Higor Pereira<br />

Isabela Paes<br />

Isabella Britto<br />

Thaís Martins<br />

Como surgiu a<br />

vida no planeta? Por<br />

que os dinossauros desapareceram?<br />

Por que<br />

esta espécie não existe<br />

mais? Desde criança, a<br />

curiosidade é jorrada<br />

em várias dúvidas que<br />

podem despertar o desejo<br />

pela descoberta<br />

científica. E para colaborar<br />

nas respostas de<br />

pais e professores, os<br />

espaços de ciência são<br />

ótimas opções de lazer<br />

e de entretenimento.<br />

Com o crescente<br />

avanço tecnológico, a<br />

Ciência e a Tecnologia<br />

passaram a determinar,<br />

diretamente, o desenvolvimento<br />

econômico e<br />

social de um país. Dado<br />

este fato, a disseminação<br />

do conhecimento é<br />

essencial e a popularização<br />

da ciência é a<br />

conexão entre as pesquisas<br />

e a população.<br />

com vulgarização da<br />

ciência ou alfabetização<br />

científica, a Popularização<br />

da Ciência teve origem<br />

na França, no século<br />

XIX e consiste em levar<br />

o conhecimento científico<br />

de maneira dinâmica e<br />

didática para parte da<br />

população que dificilmente<br />

teria acesso a ele.<br />

Em <strong>19</strong>90, foi criada,<br />

nos países latinoamericanos<br />

e caribenhos,<br />

a Rede de Popularização<br />

da Ciência e da Tecnologia<br />

(Rede-POP), reafirmando,<br />

assim, a relevância<br />

dada ao assunto<br />

nesta região. No Brasil,<br />

o Ministério da Ciência<br />

e Tecnologia tem como<br />

meta o investimento em<br />

políticas e implementação<br />

de programas<br />

que facilitem a disseminação<br />

do tema.<br />

Diante do processo<br />

de democratização,<br />

novos questionamentos<br />

relativos à responsabilidade<br />

social do conhecimento<br />

e à conquista da<br />

cidadania são cada vez<br />

mais debatidos, de modo<br />

que os indivíduos desenvolvam<br />

maior consciência<br />

e responsabilidade pelos<br />

seus atos. O desenvolvimento<br />

científico e tecnológico<br />

atinge, assim, o<br />

cidadão comum, que muitas<br />

vezes está longe do<br />

mercado técnico-científico,<br />

mas que deve possuir<br />

um pensamento crítico e<br />

reflexivo para se posicionar<br />

diante dos pro-<br />

blemas que o rodeiam.<br />

Dentre os diversos<br />

tipos de museus de<br />

ciências e tecnologias,<br />

enquadram-se os de<br />

história natural e ciências<br />

naturais, jardins botânicos,<br />

zoológicos e aquários.<br />

Você sabe quais<br />

são as principais funções<br />

assumidas pelos museus<br />

perante a sociedade?<br />

Confira:<br />

Preservação<br />

do patrimônio<br />

Serviços à<br />

comunidade<br />

Reforço à<br />

identidade<br />

Investigação<br />

Promoção<br />

da cultura científica<br />

Mas o que é<br />

Popularização<br />

da Ciência?<br />

Muitas vezes, conceitualmente<br />

confundido<br />

Apoio<br />

ao ensino<br />

Educação<br />

Ambiental


Ciência<br />

Ano 5, n°<strong>19</strong> - Pág 5<br />

Imagem: reprodução<br />

Visitas a centros de popularização da ciência podem ser<br />

opções de lazer para as férias ou excurções<br />

No Brasil, existem vários<br />

espaços destinados<br />

a popularização da ciência,<br />

muitos desses vinculados<br />

a universidades,<br />

como ocorre na Universidade<br />

Federal de Minas<br />

Gerais, que mantém o<br />

Museu de História Natural<br />

e o Jardim Botânico,<br />

que concilia o espaço<br />

natural (trilhas, fauna,<br />

O Espaço Cultural e<br />

Educacional Museu Catavento,<br />

na cidade de São<br />

Paulo, é outro exemplo<br />

de espaço interativo que<br />

flora, viveiros de mudas<br />

e estufas, lagos e nascentes)<br />

com pesquisa<br />

(arqueologia histórica<br />

e Pré-histórica, minerologia,<br />

botânica, plantas<br />

medicinais, cartografia<br />

e arte ambiental), assim<br />

como espaços artístico-<br />

-culturais, disponibilizando<br />

todo o acervo de conhecimento<br />

ao público.<br />

Uma das salas interativas do Espaço Cultural e Educacional<br />

Museu Catavento em São Paulo<br />

Para mais informações, acesse www.semec.ufv.br<br />

Estudantes visitam o Museu de História Natural - UFMG (Belo Horizonte)<br />

apresenta ciência de forma<br />

instigante para crianças<br />

e adultos, atingindo<br />

dois milhões de visitantes,<br />

sendo o museu mais visitado<br />

do estado de São<br />

Paulo por três anos consecutivos.<br />

Para maiores informações<br />

sobre o projeto<br />

acesse o site no link: www.<br />

cataventocultural.org.br.<br />

E em Viçosa?<br />

Na região da Zona da<br />

Mata mineira, o circuito de<br />

museus da UFV também se<br />

destaca como referência<br />

na popularização da ciência.<br />

A UFV conta com oito<br />

museus e espaços de ciência:<br />

Bromeliário (UPCB/<br />

PIB), Casa Arthur Bernardes,<br />

Museu da Comunicação,<br />

Museu de Ciências<br />

da Terra Alexis Dorofeef,<br />

Museu de Zoologia João<br />

Moojen, Museu Histórico<br />

da UFV, Pinacoteca da<br />

UFV e Sala Mendeleev.<br />

Estes espaços desenvolvem<br />

e realizam exposições permanentes<br />

e itinerantes, oficinas,<br />

minicursos e eventos<br />

culturais e de divulgação<br />

e popularização da ciência.<br />

São espaços abertos à<br />

visitação pública, proporcionando<br />

à comunidade o<br />

contato com várias temáticas<br />

e tipos de acervos.<br />

Todos estão integrados na<br />

Secretaria de Museus e Espaços<br />

de Ciência da UFV<br />

(SEMEC) que consolida os<br />

interesses dos espaços e<br />

estrutura ações em conjunto.<br />

Através da SEMEC, os<br />

espaços compõem o Circuito<br />

de Museus que busca<br />

a interação e a popularização<br />

da cultura, arte, conhecimento<br />

e ciência junto<br />

a comunidade de Viçosa e<br />

região.<br />

Imagem: reprodução


Entrevista<br />

nas tradições e costumes da serra do brigadeiro,<br />

parteiro de vaca conta sobre sua experiência de ofício<br />

Danilo Santos<br />

Graziela Paulino<br />

Manuel dos Santos Leite<br />

A Serra do Brigadeiro<br />

é território de<br />

várias culturas e tradições,<br />

que ainda hoje se mantém<br />

por seus moradores.<br />

Na entrevista dessa e-<br />

dição, o <strong>Boletim</strong> <strong>BioPESB</strong><br />

quis conhecer um pouco<br />

mais sobre os partos de<br />

vaca realizados na zona<br />

rural. Para isto, conversamos<br />

com um experiente do<br />

assunto, o Senhor Manuel<br />

dos Santos Leite, morador<br />

da comunidade do Bom<br />

Jesus do Madeiro, que<br />

fica no entorno do PESB.<br />

O Sr. Manuel trabalha na<br />

região e já realizou muitos<br />

partos em vaca. Em encontro<br />

realizado na sede<br />

do PESB, o entrevistado<br />

nos conta um pouco da sua<br />

trajetória de vida e profissional<br />

e como os partos<br />

de vacas são realizados.<br />

Senhor Manuel, como o<br />

Senhor começou a tra-<br />

balhar com parto de vaca?<br />

Sr. Manuel: Eu trabalhava<br />

e morava na fazenda com<br />

outros vaqueiros. Morei<br />

aqui desde os 4 anos e<br />

aos 11 anos fui acompanhar<br />

o circo. Nesse tempo<br />

trabalhei como peão e de<br />

vez em quando aparecia<br />

algum trabalho com vacas.<br />

Com o passar do tempo<br />

fui adquirindo experiência<br />

com bezerros e até<br />

mesmo partos. O primeiro<br />

parto de vaca que eu fiz<br />

já era tarde e chovia. O<br />

bezerro veio em posição<br />

contrária, só o rabo saiu.<br />

Eu chequei e percebi<br />

que ele estava morto.<br />

Qual foi o parto mais<br />

difícil?<br />

Sr. M.: Foram vários partos<br />

difíceis. Certa vez me<br />

chamaram quando já não<br />

tinha jeito; a vaca já estava<br />

mal, porque não<br />

conseguia ter o bezerro.<br />

Demorou muito, aí o útero<br />

dela foi fechando e o<br />

bezerro morreu e inchou.<br />

E tudo que incha é difícil<br />

de arrancar, tem que ter<br />

preparo. Eu dizia para<br />

a dona da vaca para<br />

arrancar o bezerro em<br />

pedaços, porque se puxasse<br />

machucaria muito<br />

a vaca e ela iria morrer.<br />

Como o Senhor sabe se<br />

a vaca precisa de ajuda?<br />

Sr. M .: O bezerro sempre<br />

vem com as pernas<br />

para fora, e, caso ele<br />

não consiga sair, a vaca<br />

vira para um lado e para<br />

outro tentando fazer com<br />

que ele saia. Isso acontece<br />

porque o bezerro entestou,<br />

então é preciso ajudar,<br />

nisso eu entro com minha<br />

parte técnica. O parto<br />

demora em média meia<br />

hora se ocorrer tudo bem.<br />

Quais são os preparativos<br />

para o parto?<br />

Sr. M .: Eu pergunto ao<br />

dono se ela está vacinada.<br />

Alguns mentem, dizendo<br />

que a vaca está vacinada,<br />

quando, na verdade, não<br />

está. Mas dá para saber,<br />

porque quando a vaca<br />

está vacinada, possui uma<br />

marca verde na cabeça.<br />

Eu acompanho a gestação,<br />

e não uso luva para fazer<br />

o parto, mas eu tenho os<br />

meus preparos. Coloco<br />

óleo e enfio a minha mão<br />

cheia de óleo na vagina<br />

da vaca e aí está controlado.<br />

Mas o ideal é usar<br />

luvas sempre. Há poucos<br />

dias eu fiz um curso<br />

técnico em veterinária.<br />

“<br />

Eu sou de<br />

família<br />

humilde e a<br />

minha mãe me<br />

ensinou muita<br />

coisa, mas bati<br />

a cabeça pela<br />

escola do<br />

mundo e fui<br />

aprendendo<br />

Ano 5, n°<strong>19</strong> - Pág 6<br />

Em que o senhor trabalha<br />

além do parto?<br />

Sr. M .: Tem dezoito anos<br />

que eu trabalho no PESB<br />

como zelador, mas trabalho<br />

também com o público,<br />

os turistas. Se perguntar<br />

sobre planta medicinal,<br />

tenho tudo na mente. Faço<br />

outras coisas, tiro leite, estou<br />

tentando criar uns animais<br />

em meu pedacinho<br />

de terra. Eu cobro em torno<br />

de R$ 150 e 200 para<br />

realizar partos de vacas.<br />

O que o Senhor mais<br />

gosta de fazer?<br />

Sr. M .: Gosto mais de trabalhar<br />

aqui na sede, mexer<br />

com o público. Gosto<br />

de cuidar das plantas que<br />

tenho, o meu pomar de<br />

laranja, plantio de café,<br />

criação de bois, plantação<br />

de mandioca, inhame,<br />

bananeira, essas coisas.<br />

Mensagem do Senhor<br />

Manuel para a equipe<br />

<strong>BioPESB</strong>:<br />

Eu sou de família humilde<br />

e a minha mãe me ensinou<br />

muita coisa, mas bati<br />

a cabeça pela escola do<br />

mundo e fui aprendendo.<br />

Eu agradeço a vocês que<br />

vieram de Viçosa, da<br />

Universidade Federal de<br />

Viçosa, me procuraram.<br />

Vocês dão importância<br />

para a gente e o nosso<br />

trabalho. Agradeço a<br />

gerência do PESB que sempre<br />

nos trata muito bem.


Serra do Brigadeiro Ano 5, n°<strong>19</strong> - Pág 7<br />

beleza e canto do<br />

trinca-ferro encantam<br />

Joana Marchiori<br />

Helaindo Júnior<br />

Renato Senra<br />

Trinca-ferro é o<br />

nome popular da espécie<br />

de ave conhecida<br />

pelo nome científico<br />

Saltator similis. A penagem<br />

de cor olivácea reveste<br />

o seu corpo, que<br />

possui cerca de 20 cm de<br />

comprimento e peso de<br />

50 gramas. Apresenta<br />

a cabeça acinzentada e<br />

algumas partes em ocre.<br />

Seu bico enérgico e fortificado<br />

é bem característico,<br />

dando referência<br />

para o nome popular.<br />

A ave distribui-se<br />

principalmente na parte<br />

central do território<br />

brasileiro, abrangendo<br />

principalmente as regiões<br />

sul e sudeste, além de<br />

fronteiras vizinhas internacionais<br />

como Argentina,<br />

Bolívia, Paraguai e<br />

Uruguai. Devido a essa<br />

grande distribuição em<br />

áreas bem diferentes, o<br />

trinca-ferro é encontrado<br />

em cerca de oito formas<br />

de pássaros do gênero<br />

Saltator. Vivem preferencialmente<br />

em capoeiras,<br />

bordas de matas e clareiras,<br />

ocupando o estrato<br />

médio e superior. Dificilmente<br />

é encontrada em<br />

regiões de mata fechada.<br />

A ave é extremamente<br />

territorialista, e o<br />

macho, através de seu<br />

canto extremamente alto,<br />

tenta manter afastado<br />

outros machos que tentam<br />

adentrar seu domínio.<br />

Não há distinção física<br />

entre o macho e a fêmea,<br />

porém apenas o macho<br />

canta. Sua alimentação<br />

é de um típico onívoro,<br />

alimentando-se de frutos,<br />

insetos, sementes,<br />

folhas, flores (como as<br />

do ipê) e frutos, sendo<br />

costume do macho trazer<br />

alimento para sua fêmea.<br />

Ao contrário do<br />

que alguns pensam, o<br />

trinca-ferro pode ser<br />

criado em viveiros. Para<br />

isso, é necessário seguir a<br />

lei, tornando-se um “Criador<br />

Amadorista de aves”<br />

como é chamado o criador<br />

legalizado pelo IBAMA.<br />

Os perigos do<br />

tráfico de animais<br />

silvestres<br />

O tráfico de animais<br />

silvestres é uma<br />

atividade que movimenta<br />

muito dinheiro no mundo,<br />

ficando em terceiro lugar,<br />

perdendo somente para<br />

o tráfico de drogas e de<br />

armas. O trinca-ferro,<br />

devido ao seu canto e<br />

beleza, é uma ave muito<br />

valorizada por criadores,<br />

sendo alvo constante<br />

de contrabandistas de<br />

animais silvestres inclusive<br />

na região da Serra<br />

do Brigadeiro. Muitos<br />

animais acabam morrendo<br />

ao longo do percurso<br />

do contrabando.<br />

Ação da Polícia Militar de Meio Ambiente na zona rural de<br />

Carangola – MG, onde foram apreendidos 4 trinca-ferros<br />

Segundo uma matéria<br />

publicada no site do Museu<br />

de Zoologia João<br />

Moojen, da Universidade<br />

Federal de Viçosa, sobre<br />

a ave, “estudos têm classificado<br />

o estado de conservação<br />

do trinca-ferroverdadeiro<br />

na região<br />

de Viçosa como vulnerável,<br />

principalmente<br />

devido à captura ilegal<br />

para criação como animal<br />

de estimação. Como<br />

em outros estados do<br />

sudeste brasileiro, esta<br />

atividade já levou algumas<br />

espécies de aves da<br />

região à extinção, como<br />

o curió e o azulão. Se<br />

não houver uma conscientização<br />

sobre a criação<br />

de aves silvestres<br />

em cativeiro, o canto do<br />

trinca-ferro corre o risco<br />

de não ser mais ouvido<br />

nas matas de Viçosa”.<br />

Confira a matéria<br />

completa no link:<br />

www.museudezoologia.ufv.br/bichodavez/edicao04.htm<br />

.


Serra do Brigadeiro<br />

Ano 5, n°<strong>19</strong> - Pág 8<br />

Ação Comunitária Ambiental do previncêndio leva<br />

às escolas de Belisário discussão sobre a preservação da mata<br />

Isabella Alves<br />

Laísse Lourenço<br />

Entre os dias 18<br />

e 20 de agosto de <strong>2015</strong><br />

foi realizada, no entorno<br />

do PESB, a “Ação<br />

Comunitária Ambiental<br />

do PREVINCÊNDIO”<br />

(ACAP). O evento foi<br />

organizado pelo líder<br />

de Brigada, brigadistas,<br />

funcionários e gerente<br />

do Parque, tendo como<br />

objetivo conscientizar<br />

alunos e professores da<br />

rede municipal e estadual<br />

do distrito de Belisário<br />

(município de Muriaé)<br />

sobre a consequência<br />

de incêndios na mata e<br />

a conscientização sobre<br />

Em algumas escolas,<br />

as atividades são<br />

divididas entre o período<br />

matutino e vespertino envolvendo<br />

alunos do 1º ao<br />

9º ano e ensino médio. Em<br />

meio a crianças e jovens já<br />

envolvidos com a discussão<br />

sobre o futuro da conservação<br />

da biodiversidade<br />

local e da sustentabilidade<br />

do planeta, a jornada tem<br />

a importância do PESB.<br />

Dentre as atividades, foi<br />

realizado debate sobre<br />

o tema “FOGO X ÁGUA”.<br />

Houve também oficinas<br />

de pintura orgânica realizadas<br />

a partir da<br />

colheita de verduras da<br />

horta, com o intuito de<br />

apresentação de sua<br />

biodiversidade, além da<br />

exibição de vários vídeos<br />

e documentários mostrando<br />

a realidade das<br />

matas de Minas Gerais.<br />

Nas escolas municipais<br />

Nossa Senhora Aparecida<br />

e Santa Lúcia foram<br />

feitas introduções do assunto<br />

com a música tema<br />

do ACAP <strong>2015</strong>, uma<br />

apresentação do vídeo<br />

“Fogo e Lixo” da WWF,<br />

início com palestra sobre<br />

a ACAP, seguido de exposição<br />

de vídeo documentário<br />

sobre o meio<br />

ambiente. Em seguida, os<br />

estudantes expressam suas<br />

opiniões e anseios em oficinas,<br />

dinâmicas em grupo,<br />

atividades de construção<br />

de fábula e círculo de debate.<br />

Ao final, é escolhido<br />

um relator de cada grupo<br />

para apresentação dos<br />

resultados das discussões.<br />

Finalizando as atividades,<br />

foram distribuídos<br />

aos autores das fábulas<br />

materiais didáticos como<br />

as revistas MG Biota, o <strong>Boletim</strong><br />

<strong>BioPESB</strong>, livro de educação<br />

ambiental “Cairara<br />

seguidos de um debate<br />

entre alunos e coordenadores<br />

sobre o atual<br />

cenário do meio ambiente.<br />

Além da pintura realizada<br />

pelas crianças com<br />

tintas extraídas de beterraba,<br />

cenoura, couve,<br />

urucum e pó de café usado,<br />

elas também levaram<br />

da Serra do Brigadeiro”<br />

e volante sobre incêndios<br />

florestais, para que sejam<br />

trabalhados dentro de sala<br />

de aula pelos professores.<br />

Segundo avaliação<br />

da ACAP, esses encontros<br />

possibilitam o aprendizado<br />

tanto aos alunos quanto<br />

aos professores. Ensinar o<br />

sementes de urucum para<br />

plantar. Isso teve como<br />

objetivo o resgate de culturas<br />

do povo indígena.<br />

Para concluir a ação nas<br />

duas escolas, foram distribuídos<br />

brindes através<br />

de perguntas e respostas<br />

de acordo com o<br />

tema tratado no dia.<br />

Atividade da Ação Comunitária Ambiental do Previcêndio<br />

Livro “Cairara da Serra do Brigadeiro” e <strong>Boletim</strong> <strong>BioPESB</strong> são distribuídos<br />

em oficinas da ACAP nas escolas<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>BioPESB</strong> foi<br />

distribuído aos alunos<br />

Alunos do 4º e 5º ano escrevendo a fábula sobre incêndios<br />

amor pela natureza é algo<br />

essencial e que deve ser<br />

ensinado a todos para que<br />

assim se possa preservá-<br />

-la e ter um futuro melhor.<br />

Fonte: Gerência do<br />

Parque Estadual Serra do<br />

Brigadeiro

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